MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEP - DEE - DEPA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR SITUAÇÃO VACINAL DOS ALUNOS DO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO NO ANO DE 2008: IDENTIFICAÇÃO DA CONFORMIDADE COM O PRECONIZADO PELO EXÉRCITO BRASILEIRO. Salvador 2008 MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEP - DEE - DEPA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR 1º Ten Al Ana Emilia Oliveira dos Santos Ferreira da Rocha SITUAÇÃO VACINAL DOS ALUNOS DO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO NO ANO DE 2008: IDENTIFICAÇÃO DA CONFORMIDADE COM O PRECONIZADO PELO EXÉRCITO BRASILEIRO. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação da Divisão de Ensino da Escola de Administração do Exército, como exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientadora: Cap QCO Anaditália Pinheiro Viana Araújo. Salvador 2008 Situação vacinal dos alunos do Curso de Formação de Oficiais da Escola de Administração do Exército no ano de 2008: Identificação da conformidade com o preconizado pelo Exército Brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação da Divisão de Ensino da Escola de Administração do Exército, como exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientador: Cap QCO Anaditália Pinheiro Viana Araújo Aprovada em _____/_____/__________. BANCA EXAMINADORA: ____________________________________________________ Cap QCO Anaditália (orientadora) EsAEx ____________________________________________________ Membro 2 ____________________________________________________ Membro 3 CONCEITO FINAL: ____________________ RESUMO O objetivo deste estudo é avaliar o perfil vacinal dos oficiais alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar (CFO/QC) do Exército Brasileiro, no ano de 2008, a fim de correlacionar com o preconizado pelo Ministério da Defesa. Representa um estudo descritivo de cunho exploratório, realizado entre os dias 24 e 25 de julho de 2008, com aplicação de um questionário, contendo 17 perguntas fechadas e 5 perguntas abertas, a todos os alunos do CFO/QC, com dados de identificação e profissionais, história vacinal pregressa e opinião dos sujeitos acerca da importância da vacinação como medida de segurança para o desenvolvimento de atividades práticas durante o curso. Após obtenção do consentimento, 45 alunos responderam ao questionário, 51% de origem militar e 49% de origem civil. Dentre os de origem militar 74% revelaram ter sido vacinado nas suas Organizações Militares de origem. Com relação ao esquema completo de vacinação, somente 36% dos alunos possuíam a vacina contra hepatite B; 40% possuíam o registro da vacina contra difteria e tétano; 56% da vacina contra rubéola e sarampo; e 76% da vacina contra febre amarela. Todos os sujeitos reconhecem a importância da vacinação como medida preventiva eficaz contra os riscos da atividade militar. Os resultados deste estudo salientam a vulnerabilidade dos alunos, uma vez que uma grande parte destes encontra-se com os esquemas vacinais incompletos ou não iniciados antes do início do curso. Visando minimizar o risco, as vacinas foram administradas aos alunos após a execução de exercício militar de acampamento no 19º Batalhão de Caçadores. No entanto, tal medida foi realizada num tempo inadequado para o desenvolvimento de uma resposta imunológica eficaz. Conclui-se que Inspeção de Saúde é um delimitador importante para se tomar medidas pró-ativas, onde se pode identificar os alunos que possuem esquema vacinal incompleto e programar a vacinação como medida profilática obrigatória na prática militar. Palavras chave: Vacinação. Curso de Formação de Oficiais. Riscos ocupacionais. ABSTRACT The purpose of this study is to assess the immunization profile of the officer students from “Curso de Formação de Oficiais (CFO)” of the “Quadro Complementar de Oficiais (QCO)” in the Brazilian Army, in the year 2008, in order to relate it to the “Ministério da Desfesa” recommendations. It is a descriptive study of exploratory stamp, held between 24 and July 25, 2008, with implementation of a questionnaire, containing 17 questions and 5 closed questions open to all students from the CFO / QC, containing identification and professional data, vaccination history and the subjects’ point of view on the importance of vaccination as a security measure to the development of practical activities during the course. After obtaining the consent, 45 students responded to the questionnaire, 51% of military origin and 49% of civil origin. Among the ones with military, 74% revealed that have been vaccinated in their Military Organizations of origin. As for the complete schedule of vaccination, only 36% of the students had the vaccine against hepatitis B, 40% had the record of vaccine against diphtheria and tetanus, 56% of vaccine against rubella and measles, and 76% of the vaccine against yellow fever. All subjects recognized the importance of vaccination as a preventive and effective measure against the risks of military activity. The results of this study highlighted the vulnerability of students since a large part of those have the vaccine schemes incomplete or not started before beginning the course. To minimize the risk, the vaccines were administered to pupils after the execution of military camp in “19º Batalhão de Caçadores”. However, this measure was held in an inappropriate time for the development of an effective immune response. Inspection of health is an important mark to take pro-active procedures when you can identify students who have incomplete vaccination scheme and plan prophylactic vaccination which are compulsory in military practice. Key words: Vaccination. “Curso de Formação de Oficiais”. Occupational risks. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................8 2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................12 2.1 GENERALIDADES SOBRE VACINA............................................................................12 2.2 VACINAÇÃO NO BRASIL: DIFICULDADES E SUPERAÇÕES................................14 2.3 VACINAÇÃO NO EXÉRCITO BRASILEIRO................................................................18 2.4 VACINAS DE USO OBRIGATÓRIO 2.4.1 Vacina Dupla Adulto - dT (contra o Tétano e difteria).................................21 2.4.2 Vacina contra Febre Amarela..........................................................................26 2.4.3 Vacina contra Hepatite B.................................................................................30 2.4.4 Vacina Dupla Viral (contra sarampo e rubéola)............................................32 2.5 RISCO OCUPACIONAL DOS ALUNOS DO CFO/QC DURANTE AS ATIVIDADES MILITARES.............................................................................................................................37 3 METODOLOGIA...........................................................................................................40 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................42 5 CONCLUSÃO.................................................................................................................50 REFERÊNCIAS......................................................................................................................52 ANEXOS Anexo 1: Termo de consentimento livre e esclarecido...................................................56 Anexo 2: Questionário....................................................................................................57 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende identificar o perfil vacinal dos oficiais alunos do Curso de Formação de Oficiais do Quadro Complementar (CFO/QC) do Exército Brasileiro (EB) do ano de 2008, a fim de correlacionar com o preconizado pelo Ministério da Defesa. O perfil vacinal será estabelecido pela avaliação do registro das vacinas realizadas pelos alunos antes do início do curso, tendo como fundamento as vacinas estabelecidas como de uso obrigatório para os militares no serviço ativo e para os alunos de estabelecimentos de ensino do EB, realizando cursos de formação militar. As vacinas obrigatórias, de acordo com o preconizado pelo EB (BRASIL, 2003a) são as seguintes: vacina dupla adulto - tétano e difteria; vacina contra febre amarela; e vacina contra a hepatite B. As integrantes do sexo feminino, em idade fértil, devem ser vacinadas contra o sarampo e a rubéola. O Quadro Complementar de Oficiais (QCO) foi criado pela Lei nº 7831, de 2 de outubro de 1989, com o objetivo de suprir as necessidades do Exército em pessoal de nível superior para ocupação de cargos e funções de natureza complementar. Entende-se como complementar “os cargos e funções cujas atividades não estão relacionadas diretamente com as operações militares e exijam, para o seu desempenho, pessoal com formação superior específica, não existente nos Quadros, Armas e Serviços do Ministério do Exército” (BRASIL, 1989, p.1). A Escola de Administração do Exército (EsAEx) é um estabelecimento de ensino (EE) de formação do QCO, diretamente subordinado à Diretoria de Especialização Extensão (DEE), situada na cidade de Salvador, que tem como funções: a) formar oficiais habilitando-os para o exercício de cargos e funções de natureza complementar, cujas áreas e subáreas são definidas pelo Estado-Maior do Exército (EME); b) realizar os concursos para o ingresso no QCO; c) ministrar estágios sobre assuntos peculiares à EsAEx; e d) realizar pesquisa na área de sua competência, inclusive, se necessário com a participação de instituições congêneres (BRASIL, 1989, p.3). O CFO/QC do EB compreende uma série de atividades de cunho teórico e práticooperacional, que exigem tanto a exposição dos alunos às intempéries relacionadas às atividades de instrução individual para o combate quanto o deslocamento por estados da Federação durante e após a conclusão do curso. Nos diferentes estados brasileiros, existem necessidades imunopreveníveis adversas às que apresentavam em seu estado de origem, sendo necessária a vacinação específica de acordo com o perfil epidemiológico estabelecido. A partir desses dados foi identificada a necessidade de avaliar o estado vacinal dos oficiais alunos CFO/2008. Mediante estas observações, optou-se por desenvolver um trabalho de cunho científico, identificando-se como problema: Os oficiais alunos apresentam situação vacinal compatível com o preconizado pelo Exército Brasileiro? Para tentar responder a esta indagação traçaram-se os seguintes objetivos específicos: identificar o perfil de imunização dos alunos do CFO/QC de 2008; correlacionar o perfil com o preconizado pelo EB e verificar a opinião dos alunos acerca da importância da vacinação para o desempenho das atividades no período de formação militar. A prática vacinal deve permear toda atividade de risco, uma vez que a vacinação propicia o controle para a transmissão de doenças imunopreveníveis, tais como, o tétano e a hepatite B. Sendo assim, a verificação do esquema vacinal dos oficiais alunos, em momento propício, é necessária para que seja realizada a vacinação em tempo hábil e ocorra a imunização desejada antes de se iniciar as atividades consideradas de risco para a saúde. Segundo o Centro Latino-Americano de Perinatologia e Desenvolvimento Humano risco é entendido como “a probabilidade de ocorrência de um resultado desfavorável, de um dano ou de um fenômeno indesejado; e considera-se fator de risco de um dano toda característica ou circunstância que acompanha um aumento de probabilidade de ocorrência do fato indesejado, sem que o dito fator tenha de intervir necessariamente, em sua causalidade” (CLAP-OPAS/OMS, 1988, p.346). A exposição a fatores de risco durante a execução das atividades práticas militares, tais como, contato com o solo, lama, águas não tratadas e insetos (exposição ambiental), associado com possível contato com excrementos de animais, sangue humano e outros fluídos potencialmente contaminados (exposição biológica) torna necessária a adoção de medidas profiláticas, a fim de minimizar ou excluir os riscos potenciais. Dentre as medidas profiláticas, a vacinação tem grande vulto, por garantir a quebra da cadeia de transmissão da doença, de forma específica, impedindo o adoecimento e a manutenção do ciclo patogênico para outros indivíduos susceptíveis. Quando uma pessoa torna-se imunizada, ocorre a resistência do organismo contra a invasão ou a multiplicação do microrganismo invasor, diminuindo assim a quantidade de patógenos no meio, que poderia ser transmitido para outro hospedeiro suscetível (ABBAS; LICHTMAN, 2005). No entanto, para cada infecção existe uma janela imunológica que se refere ao período que o organismo leva para produzir anticorpos detectáveis por exames laboratoriais; varia de acordo com o tipo de infecção. Como exemplo, vale citar o teste do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), onde o período para detecção de imunoglobulinas anti-HIV dura de duas a doze semanas. Este dado é de extrema relevância tanto para doação de sangue quanto para vacinação com imunobiológicos. Uma vez que há possibilidade de ocultação do resultado do exame, no primeiro caso, e a falta de resposta imunológica (produção efetiva de anticorpos circulantes) eficaz, no segundo caso (BRASIL, 2004a). Por este motivo, a vacinação deve ser feita respeitando o intervalo de tempo entre a administração do imunobiológico e a resposta imunológica do organismo, logo não há uma relação imediatista nesta ação. Reiterando o risco de acidentes, é imperativa a descrição daqueles associados a manipulação de sangue e outros fluídos potencialmente contaminados, devendo ser tratados como emergência médica, uma vez que para atingir maior eficácia, as intervenções para a profilaxia da infecção do HIV e da hepatite B necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente. A conduta deve estar orientada na análise da condição do acidente, do oficial aluno que se acidentou e da pessoa fonte. Deve-se considerar, ainda, de forma decisiva, o contexto epidemiológico mais amplo em que se deu o acidente no sentido de se avaliar mais precisamente os potenciais riscos (BRASIL, 2002b). No entanto, é importante ressaltar que as medidas pós-exposição não são totalmente eficazes por terem risco residual. É necessária a manutenção de ações educativas permanentes, incentivando a alta cobertura vacinal entre todos os militares, particularmente, os oficiais alunos, vislumbrando a imunização como barreira eficaz contra as doenças imunopreveníveis. A partir do exposto, questões foram formuladas para servirem como pilar para o estudo, tais como: (i) Os candidatos foram averiguados, durante a Inspeção de Saúde na Guarnição de origem e/ou na EsAEx, quanto a vacinação? (ii) Qual o perfil dos oficiais alunos que realizaram e que não realizaram o esquema vacinal? (iii) Na EsAEx, houve vacinação, em momento oportuno, dos alunos que estavam com esquema incompleto? (iv) Os alunos reconhecem a importância das vacinas como medida de segurança para o desenvolvimento de atividades práticas durante o curso de formação? Numa tentativa de elucidar provisoriamente o problema de pesquisa “Os oficiais alunos apresentam situação vacinal compatível com o preconizado pelo Exército Brasileiro?” traçaram-se as seguintes hipóteses: 1) Não houve averiguação, durante a Inspeção de Saúde na Guarnição de Origem e/ou na EsAEx, quanto a vacinação dos candidatos; 2) O oficial aluno de origem militar possui esquema vacinal completo, uma vez que, a vacinação é obrigatória aos militares no serviço ativo em sua Organização Militar (OM); 3) O oficial aluno de origem civil possui esquema vacinal incompleto; 4) A vacinação dos alunos na EsAEx não foi realizada em momento oportuno, já que ocorreu após uma atividade militar de cunho prático (exercício no terreno do 19º Batalhão de Caçadores); 5) Os alunos reconhecem a importância da vacinação como medida de segurança para o desenvolvimento das atividades prática do curso de formação. O estudo em questão pretende ampliar o cabedal de conhecimento teórico, prático, social e institucional. Teoricamente, está pautado na possibilidade de identificar o perfil do público alvo “Oficiais alunos” correlacionado aos condicionantes que propiciam ou não a vacinação durante a vida militar e assim compreender as relações que envolvem este grupo específico. A relevância prática visa identificar falhas na condução da Inspeção de Saúde, momento ímpar de identificação dos esquemas incompletos e da implementação da vacinação como medida profilática obrigatória na prática militar. Sob a ótica social, contribuirá para ampliar a população de imunizados, minimizando a transmissão de doenças preveníveis, servindo como exemplo para a população civil, que vê no militar uma figura de prestígio e reconhecimento. Para a instituição, dará maior credibilidade científica, tornando possível agregar informações que justifiquem a exigência do esquema vacinal completo como requisito básico para Inspeção de Saúde no momento da admissão ao CFO. Visando orientar o rumo da pesquisa em direção à resolução do problema e engrandecer a discussão dos resultados, no próximo capítulo será disponibilizado o referencial teórico. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Generalidades sobre vacina Vacina é uma substância capaz de imunizar pessoas ou animais contra doenças infecciosas causadas por bactérias ou vírus. As vacinas são culturas desses microrganismos que, mortos ou atenuados, perdem a capacidade de causar a doença (patogenicidade), mas conservam a propriedade de induzir o organismo a produzir anticorpos contra o agente agressor. Quando os linfócitos B são estimulados, passam a produzir anticorpos, tornando se sensíveis ao agente infeccioso e respondendo a novas investidas com produção de mais anticorpos, restabelecendo assim a resposta imunológica. Esse mecanismo de defesa constituiu a base teórica para a criação da imunização ativa, mediante a administração de vacinas (ABBAS; LICHTMAN, 2005). A primeira vacina foi criada em 1798 pelo britânico Edward Jenner, que observou a proteção duradoura contra a varíola humana produzida pelo vírus da varíola bovina inoculado em pessoas. Em 1881, Pasteur demonstrou ser possível produzir imunidade contra o antraz ou carbúnculo, mediante a injeção de uma cultura atenuada do bacilo causador da doença, comparativamente inofensiva. Quatro anos depois, Pasteur produziu a vacina contra a raiva. Seguiu-se então uma pesquisa ampla e exaustiva de novas vacinas, que conseguiram controlar antigas pestes (FERNANDES, 1999). A varíola, por exemplo, foi erradicada mundialmente na década de 80, após um amplo programa de vacinação. Já as vacinas contra a poliomielite, a difteria, a coqueluche, o sarampo e a rubéola encontram-se controladas nos países desenvolvidos e em alguns países em desenvolvimento (op. cit., 1999). No fim do século XX, novos tipos de vacinas foram criadas com ajuda de avançadas técnicas de laboratório. No caso de um agente infeccioso, os pesquisadores puderam identificar os componentes bioquímicos que estimulam a resposta imunológica do organismo agredido. Esses componentes bioquímicos podem então ser sintetizados em laboratório e depois administrados a seres humanos, nos quais atuam como qualquer outro tipo de vacina (ROITT, 1999). A tecnologia do Ácido desoxirribonucléico (ADN) recombinante representou um grande avanço para esse método, pois permite inserir no ADN de um dado microrganismo o gene que codifica a produção do componente bioquímico causador da imunidade de outro microrganismo. Desta forma, o vírus geneticamente alterado pode então ser injetado em seres humanos e estimular a produção de anticorpos contra ele mesmo e contra o agente infeccioso cujo gene foi a ele incorporado (ROITT, 1999). A primeira vacinação contra uma doença (vacinação primária) realiza-se quase sempre com a dose total, em duas ou três frações, o que visa reforçar o poder antigênico. Geralmente, o efeito imunizante da vacinação primária entra em declínio ao fim de algum tempo. Uma pequena dose de reforço da vacina, ministrada nessa ocasião, eleva rapidamente a taxa de anticorpos (ROITT, 1999). O feto recebe pela placenta os anticorpos maternos, que fornece ao recém-nascido resistência a certas doenças. Neste caso, o organismo não produziu seus próprios anticorpos (resposta ativa), mas adquire de sua mãe os anticorpos já produzidos (resposta passiva), logo não haverá uma memória nas células responsáveis pela imunização do recém-nascido, levando a uma resposta pouco duradoura (ABBAS; LICHTMAN, 2005). 2.2 Vacinação no Brasil: dificuldades e superações A vacina tem acumulado defensores entre a maioria dos médicos, cientistas e autoridades que atuam na esfera da saúde coletiva, bem como uma quantidade significativa de ferrenhos adversários que a acusam de gerar um mal maior do que os benefícios que proporcionaria. No Brasil, a vacinação foi introduzida em 1804, pelo Marechal Caldeira Brand Pontes (Marquês de Barbacena), que enviou à Lisboa alguns escravos e um especialista, a fim de que a vacina antivariólica fosse transmitida de braço a braço até a Bahia, de onde foi da mesma forma trazida para o Rio de Janeiro, ainda em 1804. Nesta época, a vacinação era praticada de forma irregular e precária, levando à rejeição da população, que não podia imputar inferências contrárias ao ato praticado deliberadamente pelo colonizador (FERNANDES, 1999). Por não abranger toda a população e pela irregularidade atribuída ao processo de vacinar, os surtos epidêmicos continuaram a ocorrer no século XIX e a vacinação só se tornou efetiva após a introdução de uma campanha, que teve início na cidade do Rio de Janeiro, por Oswaldo Cruz (FILHO, 1999). A miséria e a pobreza em que sempre havia vivido a maior parte da população do Rio de Janeiro favoreciam as epidemias, que passaram a se alastrar com o crescimento da cidade, provocada pela industrialização e pelo êxodo rural. As principais doenças eram a peste bubônica, a febre amarela e a varíola (VICENTINO; DORIGO, 1998). Para combater essas epidemias, Oswaldo Cruz, sanitarista do governo de Rodrigues Alves (1902-1906), solicitou ao Congresso Nacional a obrigatoriedade da vacinação contra varíola. No dia 31 de outubro de 1904, a aprovação da lei gerou revolta, desconfiança e medo na população, principalmente da classe menos favorecida, que não conhecera a composição e qualidade da vacina. Os métodos utilizados eram violentos, as casas eram invadidas e as moças eram obrigadas a mostrar os ombros a um desconhecido, fato este incompatível com a cultura da época (VICENTINO; DORIGO, 1998). Toda essa movimentação em torno das vacinas tem início na segunda metade do século XX, período que pode ser caracterizado como marcadamente importante para a história da saúde e da utilização de imunobiológicos no país e no mundo. Impulsionadas pelos progressivos sucessos da Campanha Mundial de Erradicação da Varíola e pelos avanços no campo de desenvolvimento e produção de imunizantes, essas décadas assistem a uma proliferação do uso de vacinas jamais vista até então (MOREIRA, 2002). É também nesse período que a vacina se torna, paulatinamente, um negócio interessante para empresas multinacionais. De fato, o que se verifica é que a crescente demanda, associada aos investimentos na criação e ao aprimoramento dessa linha de produtos, tem aberto novas perspectivas de lucros e atraído a atenção de grandes conglomerados empresariais, que, desde a década de 1970, vêm ampliando sua participação no campo de desenvolvimento, produção e comercialização de vacinas (MOREIRA, 2002). Nesse sentido, os últimos trinta anos do século XX são particularmente importantes no que concerne à estruturação de um aparato público voltado para a implementação de políticas de imunizações que dessem conta de todo o território. São desse período, entre outros acontecimentos relevantes, a notificação do último caso de varíola, em 1971, a implantação dos dias nacionais de vacinação, a partir de 1980, e a erradicação da poliomielite, em 1992. No âmbito institucional, é possível verificar uma série de modificações na estrutura governamental de atenção à saúde, com a constituição de vários órgãos e programas de ação. Datam dessas décadas, por exemplo, a criação da Superintendência de Campanhas de Saúde (Sucam), em 1970; o início das atividades da Central de Medicamentos (Ceme), em 1971, cujos propósitos iniciais incluíam o apoio à produção de vacinas e medicamentos; a institucionalização do Programa Nacional de Imunizações, em 1973; a criação do Ministério da Previdência e Assistência Social, em 1974; e a primeira tentativa de constituição de um Sistema Nacional de Saúde, em 1975, que nunca chegou a funcionar realmente como um sistema na acepção correta do termo. Destacam-se ainda a revitalização da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a partir da segunda metade da década de 1970; o surgimento de BioManguinhos enquanto unidade integrante do Complexo Fiocruz, em 1976; a criação do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), em 1981; o lançamento do Programa de Auto-Suficiência Nacional de Imunobiológicos (Pasni), em 1985; e a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), que vem sendo implementado no país a partir das possibilidades abertas pela Constituição de 1988, que consagrou a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado (BRASIL, 1998a, p. 17-32). Com tudo isso, estudos realizados no final da década de 90, revelaram uma realidade ainda pouco favorável. Segundo Silva (1999), em uma localidade urbana do nordeste brasileiro, em 1994, as taxas de cobertura vacinal em menores de um ano de idade foram baixas: 72,4% para BCG1 (vacina contra tuberculose), 59,9% para 3 doses da vacina contra poliomielite, 57% para 3 doses de vacina DPT2 (difteria, coqueluche e tétano) e 54,7% para a vacina anti-sarampo. Considerando a vacina contra poliomielite como a de maior divulgação 1 2 BCG a sigla significa Bacilo de Calmette e Guerin, nome referente aos descobridores deste bacilo. DPT a sigla significa Difteria, Pertussis e Tétano; Bordetella pertussis bactéria responsável pela coqueluche. nacional pelos meios de comunicação em massa, passa a ser conflitante os dados da cobertura vacinal real e a esperada. A dificuldade de vacinar relatada por este estudo conduz a reflexão: mesmo existindo informação sobre a vacina pelos meios de comunicação, isto não é suficiente para aumentar a cobertura vacinal. Existem outros problemas que devem ser enfrentados: a falta de recursos financeiros e humanos, a diversidade cultural e a dificuldade logística, considerando a amplidão territorial do país. Os obstáculos elencados acima somados com a lembrança traumática da revolta da vacina pareciam ser insuperáveis. No entanto, a vacinação vem ocupando um lugar de inegável destaque entre os instrumentos de saúde pública colocados à disposição dos governos e autoridades sanitárias, sendo considerada, por muitos, responsável por salvar inúmeras vidas e evitar a propagação de uma série de doenças (PONTE, 2003, p.621). Em 2003, o PNI completou três décadas de implantação e atuação no cenário imunológico do Brasil, onde vitórias devem ser vislumbradas. Num país de dimensões continentais e quase 180 milhões de habitantes, erradicar ou manter sob controle todas as doenças que podem ser erradicadas ou mantidas sob controle por meio de vacinas é uma missão que dignifica o programa. Também, como ação de governo, este programa encontra-se associado à inclusão social, na medida em que assiste a todas as pessoas, em todos os recantos do País, sem distinção de qualquer natureza. O brasileiro, hoje, sabe que pode contar com vacina de boa qualidade, em todos os momentos de sua vida, sem pagar nada por isso (BRASIL, 2003b). Os adultos, inclusive os idosos, reconhecem a importância real da imunização, entretanto, associam, muitas vezes, a vacinação como um procedimento necessário apenas na infância. Isto ocorre pela ação desenvolvida pela comunicação social que através das propagandas de âmbito nacional, preocupa-se com o resultado do esforço em convocar pais e responsáveis por crianças menores de cinco anos. Para isso, foi criada uma marca que simbolizava, inicialmente, o compromisso com a erradicação da poliomielite e, posteriormente, com todas as vacinas previstas para o primeiro ano de vida. Foi o marco da comunicação que buscava dar unidade a esse processo sem perder as características regionalizadas. O Zé Gotinha é, até hoje, símbolo de vacina. Para além da polêmica sobre se campanha educa ou deseduca, fica o saldo positivo de uma experiência e a certeza de que é preciso buscar os motivos, continuar pesquisando, identificando metodologias e técnicas de maior aproximação com a população para que ela perceba a oferta de serviços e ações de saúde como direito de cidadania (ROCHA, 2003). A vacinação para idosos teve um grande avanço com a divulgação da campanha contra a gripe, no ano de 1999. Algumas dificuldades ocorreram por ser o ano de implantação. Além disso, espalhou-se um informe de que o Governo Federal tinha intenção de “matar os velinhos” com tal vacina, para resolver o problema de caixa da Previdência Social, sendo necessária a argumentação pró-vacina e deixar evidente a inverdade do informe (BRASIL, 2003b). Esta “propaganda negativa” certamente dificultou a vacinação dos idosos, uma vez que, ampliou a mistificação que os adultos apresentam sobre o processo vacinal, contribuindo para a não adesão ao processo. A partir de dados epidemiológicos dos idosos vacinados, comprovando a boa procedência da vacina contra a gripe e a eficácia da vacinação, houve um aumento da cobertura vacinal. Foi registrada a maior cobertura desde sua implantação 87%, 7% a mais do que era previsto; isso significa que a população da terceira idade confia e adere à estratégia adotada pelo governo para a prevenção de casos e óbitos por gripe (AGÊNCIA BRASILEIRA, 2008). O incentivo para vacinar deve coexistir em todos os momentos, cada um tem a responsabilidade pelo aumento da cobertura vacinal, principalmente profissionais de saúde, lembrando que não se deve vacinar porque é obrigatório, mas porque é importante para não adoecer. Esta é a principal propaganda. 2.3 Vacinação no Exército Brasileiro Com objetivo de conhecer a estrutura do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro, deve-se remontar à época de sua criação. Dom João VI chegando ao Brasil, assina o Decreto Regencial de 09 de fevereiro de 1808, com o objetivo de organizar, coordenar e uniformizar os serviços dos cirurgiões e físicos (médicos) do Exército e Armada Reais. Para tanto, nomeou frei Custódio de Campos e Oliveira como Cirurgião-Mór dos Exércitos e Armadas Reais em todos os domínios ultramarinos e, por conseqüência, criou a Repartição do Cirurgião-Mór, embrião da hoje denominada Diretoria de Saúde do Exército (BRASIL, 2008b). A Diretoria de Saúde (Repartição do Cirurgião-Mór do Exército/1808) vinculada ao Departamento Geral do Pessoal (DGP) é o Órgão Técnico-Normativo Central do Serviço de Saúde do Exército. Tem como órgãos executores de suas ações, em todo o território nacional, os Hospitais Militares, as Policlínicas Militares, os Postos Médicos de Guarnição e as Seções de Saúde das Organizações Militares (op. cit., 2008b). O Serviço de Saúde preocupa-se com a higidez dos militares do Exército, seja em tempo de paz ou de guerra. As organizações militares possuem uma Seção de Saúde, com médicos, dentistas e sargento de saúde, onde tem início o apoio médico-odontológico. Os hospitais gerais e os de guarnição acolhem os enfermos mais graves, dando prosseguimento à sua recuperação e evacuação, até ao Hospital Central do Exército (op. cit., 2008b). A seção de saúde da EsAEx e do Colégio Militar de Salvador (CMS) está alocada na área interna da escola, realizando atendimento médico-odontológico para uma gama de usuários: alunos do CFO/QC; alunos do CMS; militares que servem na OM e seus dependentes; professores e servidores civis. O atendimento é por livre demanda, respeitando a ordem de prioridade de acordo com a gravidade dos casos. Caso a gravidade exceda o nível de complexidade da unidade, deverá ser encaminhado para o Hospital Geral de Salvador, ou outra unidade correlata. O quadro de profissionais que compõem a seção de saúde é constituído por dois oficiais médicos, dois oficiais dentistas, três sargentos de saúde, um cabo, três soldados e uma funcionária civil. O Serviço de Saúde do Exército, responsável por prover assistência médicohospitalar a militares e seus dependentes, também possui como encargos a seleção dos que vão compor o corpo de médicos, odontólogos e farmacêuticos; e a manutenção do material de saúde e a medicina preventiva para seus beneficiários. É estruturado em 545 seções de Saúde instaladas em OM da Força; 23 postos médicos de Guarnição; quatro policlínicas militares; 15 hospitais de Guarnição; 11 hospitais-gerais e ainda o Hospital Central do Exército (op. cit., 2008b). A estrutura é complementada pelo Fundo de Saúde do Exército (FUSEx), que efetiva contratos e credenciamentos com Organizações Civis de Saúde (OCS) e Profissionais de Saúde Autônomos (PSA) da área de Saúde (op. cit., 2008b). Há que se destacar a parceria eficiente e sólida entre os integrantes do Serviço de Saúde do Exército e os órgãos vinculados ao Ministério da Saúde, para a efetivação de importantes programas, entre os quais se salienta o Programa Nacional de Imunização (PNI), fundamental para a erradicação de graves doenças e a melhoria da qualidade de vida da população brasileira (op. cit., 2008b). Mediante o exposto, o DGP aprovou, através de portaria, as Normas Técnicas sobre Vacinação e Uso de Imunobiológicos no Exército. Os conceitos e procedimentos técnicos adotados nestas normas encontram-se em consonância com o preconizado pelo Ministério da Saúde. Deve ser aplicada aos militares no serviço ativo e aos alunos de estabelecimento de ensino do Exército, realizando cursos de formação militar (BRASIL, 2003a). Esse último grupo o qual se trata a portaria representa o objeto da pesquisa, ou seja, aquele que está exposto aos fatores de riscos e à injúria, por isso deve ser imunizado. A Portaria nº 069 – DGP, no artigo 5º do capítulo II, enumera as vacinas de uso obrigatório; cabendo à Diretoria de Saúde (DSau) normatizar o emprego de outras vacinas para ocasiões específicas, de acordo com o risco da atividade a ser desenvolvida pelo militar, considerando a situação epidemiológica da área de atuação; além de utilizar o calendário básico de vacinação preconizado pelo Ministério da Saúde, encontrado como anexo na portaria (BRASIL, 2003a). Vale ressaltar que a citada Portaria atribui como responsabilidade dos comandantes, chefes e diretores de OM as providências para que todo o pessoal subordinado seja vacinado conforme o previsto na Norma Técnica aprovada pelo DGP. Será necessário o preenchimento do Cartão de Vacinação e do campo VACINAÇÃO da Ficha Médica dos Militares vacinados. No Boletim Interno, será publicada a relação de militares vacinados, constando a data da vacinação, o posto/graduação e o nome do militar, a dose e o tipo de vacina empregada (BRASIL, 2003a). Estas medidas que foram listadas visam a garantir a obrigatoriedade e lisura do processo, contribuindo para que um maior número de pessoas seja vacinado. No entanto, propicia a falta de iniciativa do indivíduo, que muitas vezes se acomoda e não assume a co-responsabilidade pelo processo. 2.4 Vacinas de uso obrigatório para o EB 2.4.1. Vacina Dupla Adulto - dT (contra o Tétano e a Difteria) Desde sua descoberta, em 1923, a vacina antitetânica ou anatoxina tetânica foi objeto de aperfeiçoamentos, principalmente no que concerne à purificação, concentração e antigenicidade (VERONESI, 2002, p. 930). Estas vacinas são formadas por subunidades purificadas de antígeno, denominados toxóides, que são inativados, mas que mantém a imunogenicidade (capacidade de ativar a resposta imunológica), induzindo fortes respostas de anticorpos por meio de uma sensibilização de resposta celular pelas células T, o que desencadeia uma inflamação leve no local da administração, potencializando a resposta imunológica inata local (ABBAS; LICHTMAN, 2002, p.360-361). A potencialização da produção de anticorpos ocorre por conta de uma substância adicionada ou emulsificada com um antígeno chamada de adjuvantes e resulta, principalmente, de duas atividades: a concentração de antígeno em local onde os linfócitos possam encontrá-lo (efeito “depósito”) e a indução de citocinas que regulam a função linfocitária (ROITT; RABSON, 1999, p. 264). Outra característica do toxóide tetânico citado por Roitt e Rabson (1999, p. 265) é o fato de esse ser um instrumento útil como “carregador” para outras vacinas, o que lhe confere a possibilidade de conjugação satisfatória. O autor garante que este procedimento dá bons resultados, porque uma vez vacinado contra o tétano, o indivíduo possui células T de memória que reconhecem a toxina. Assim sendo, a conjugação do toxóide tetânico e o diftérico foi uma medida extremamente válida, além do que confere imunidade para ambas as patologias de uma só vez. Abbas e Lichtman (2002, p.362) alerta que a proteção induzida por estas vacinas é limitada, sendo eficaz por apenas curto período de tempo, e por isso é importante à administração do esquema básico e a dose de reforço. A vacina contra difteria e tétano é apresentada sob a forma líquida, em ampola com dose única ou em frasco-ampola com múltiplas doses, devendo ser administrada em adultos, por via intramuscular profunda, preferencialmente, no músculo deltóide. Há dois tipos de vacina dupla: vacina dupla do tipo infantil (DT) e a vacina dupla do tipo adulto (dT). A DT contém a mesma concentração de toxóide diftérico e de toxóide tetânico presente na DPT, enquanto a dT contém um décimo da quantidade de toxóide diftérico (LEÃO et al., 1989, p.68). A DT é indicada para crianças com menos de sete anos de idade para as quais haja contra-indicação de receberem a vacina contra a coqueluche (componente pertussis = P) da vacina tríplice DTP. O esquema de administração é o mesmo utilizado para a vacina tríplice DTP. Já a vacina dT é indicada a partir de sete anos de idade a pessoas que não receberam nenhuma dose da vacina tríplice DTP ou da vacina dupla - DT, ou não completaram o esquema básico com uma dessas vacinas, ou cujo estado vacinal não seja conhecido. É ainda empregada como reforço da vacinação efetuada com a tríplice DTP ou com a dupla - DT (BRASIL, 2001). O esquema básico de vacinação adotado pelo EB é o mesmo utilizado pelo Ministério da Saúde: três doses, com intervalo de vinte e oito dias entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a segunda e a terceira dose. O intervalo entre a segunda e a terceira dose pode ser reduzido para três meses. Na gestante, iniciar a vacinação o mais precoce possível e aplicar as doses até vinte dias, no máximo, antes da data provável do parto. As doses que faltarem devem ser aprazadas para depois do parto, na oportunidade em que se vacinará também o bebê. A dose de reforço deve ser ministrada a cada dez anos após a terceira dose. Este reforço deve ser antecipado para cinco anos em caso de gestação ou acidentes graves com risco de tétano acidental. O Ministério da Saúde indica que o intervalo entre as doses não deve ser inferior a 28 dias (BRASIL, 2001; 2003a). Ao verificar o esquema vacinal do militar deve-se atentar que o aumento do intervalo entre as doses não invalida as anteriores e, portanto, não exige que se reinicie o esquema, além disso, consideram-se válidas as doses de vacina tríplice DPT ou da vacina dupla DT aplicadas anteriormente (BRASIL, 2001). Segundo o Manual de Vigilância Epidemiológica dos Eventos Adversos pósvacinação, a vacina contra tétano e difteria é, habitualmente, pouco reatogênica, se utilizada de acordo com as recomendações, nas suas apresentações dupla tipo infantil e dupla tipo adulto. A incidência e a gravidade, particularmente das reações locais, podem ser influenciadas pelo número anterior de doses aplicadas, concentração do toxóide, presença e quantidade do adjuvante, via e método de administração e presença de outros antígenos na preparação escolhida (1998a, p.26-27). As mais importantes reações adversas são as que ocorrem no local de aplicação. Diversos estudos correlacionam o aumento de incidência de reações locais com o número de doses. Em geral, 50 a 85% dos receptores de doses de reforço apresentam dor no local da vacina e em 25 a 30% pode ocorrer edema e eritema. Reações locais mais significativas, tais como edema acentuado, são encontradas em menos de 2% dos vacinados (op. cit., p.27). Outro fator que contribui para o aparecimento de reação adversa é a administração na via errada, percebido pelo aumento de reações locais quando administrada por via subcutânea, em comparação a via intramuscular profunda. Injeções subcutâneas de toxóides contendo adjuvante com alumínio podem induzir ao aparecimento de abscessos estéreis no local em que a vacina foi aplicada (op. cit., p.27). Quanto às reações sistêmicas, a febre pode acompanhar as reações locais, particularmente se acentuadas, ou ainda quando os níveis de antitoxina estão elevados. Doses de reforço de dT associam-se com febre em 0,5 a 7% dos casos, sendo raramente observadas temperaturas superiores a 39ºC. Dor de cabeça ou mal-estar geral pode ocorrer, embora com pequena freqüência. Normalmente, os indivíduos que receberam dose de reforço só apresentam reações sistêmicas (febre alta e mal estar geral) quando associado às reações locais intensas (op. cit., p.28). Outras reações como as de hipersensibilidade do tipo I (reação anafilática) ao toxóide tetânico parecem ser raras 1: 100.000, assim como as do tipo II (a doença do sono) e a compatível com a reação do tipo Arthus (reação local grave). Linfadenomegalia pode ocorrer após a administração de toxóide tetânico, em qualquer das suas apresentações. As manifestações neurológicas, como a neuropatia periférica, podem ocorrer, raramente, de horas a semanas depois da administração do toxóide tetânico; estando relacionado com a aplicação de doses repetidas do toxóide tetânico (op.cit., p.28-29). O militar terá a vacinação contra difteria e tétano contra-indicada nas seguintes situações: 1) Reação anafilática sistêmica grave decorrente de aplicação de dose anterior; 2) Síndrome de Guillain-Barré nas seis semanas após a vacinação contra difteria e/ou tétano anterior; 3) Reação de hipersensibilidade local, tipo fenômeno de Arthus, após dose anterior de vacina contendo toxóide tetânico (BRASIL, 2001, p.32). É importante salientar que o militar que tiver desenvolvido hipersensibilidade local, como o fenômeno de Arthus, após dose anterior de vacina contendo toxóide tetânico (DT, dT ou toxóide tetânico - TT), usualmente, apresenta altos níveis séricos de antitoxina e não deve receber doses de emergência do DT ou dT antes de decorridos dez anos, mesmo que tenham sofrido ferimento que não seja limpo ou superficial. Nestes casos, deve receber somente imunização passiva - soro ou imunoglobulina humana antitetânica (op.cit., p.32). Para conservação e validade da vacina dupla adulto é preconizado que esta seja conservada entre 2°C e 8°C, não podendo ser congelada. Depois de aberto o frasco-ampola de múltiplas doses, a vacina poderá ser utilizada até o final do prazo de validade, desde que tenha sido manipulada com técnicas corretas de assepsia (BRASIL, 2003c). A vacina dT é de extrema importância epidemiológica para os militares do EB pois evita a infecção pela bactéria tetânica e pela bactéria diftérica de uma só vez. Para se ter um melhor entendimento, é necessário conhecer um pouco sobre o tétano acidental e a difteria. O tétano é uma toxinfecção grave causada pela toxina do bacilo tetânico, introduzido no organismo através de ferimentos ou lesões de pele (tétano acidental) ou através da contaminação do coto umbilical do recém-nascido, decorrente de cuidados inadequados tétano neonatal (LEÃO et al., 1989). Uma vez que o público alvo da pesquisa são os alunos do CFO, será abordado para fim desse, o tétano acidental. Clinicamente, o tétano acidental manifesta se por: hipertonia mantida dos músculos masseteres (trismo e riso sardônico) e dos músculos do pescoço (rigidez de nuca), ocasionando dificuldade de deglutição (disfagia), que pode chegar à contratura muscular generalizada (opistótono); rigidez muscular progressiva, atingindo os músculos retoabdominais (abdome em tábua) e o diafragma, levando à insuficiência respiratória; e crises de contraturas, geralmente desencadeadas por estímulos luminosos, sonoros ou manipulação do doente (BRASIL, 1998c). A transmissão ocorre pela introdução dos esporos em uma solução de continuidade (ferimento), geralmente do tipo perfurante, contaminado com terra, poeira, fezes de animais ou humanas. Queimaduras podem ser a porta de entrada devido à desvitalização dos tecidos. A presença de tecidos necrosados favorece ao desenvolvimento do agente anaeróbico. Não é doença contagiosa. Portanto, não é transmitida de um indivíduo a outro (op.cit., 1998c). Devido à gravidade da doença tetânica e o modo de transmissão é necessário que os militares sejam vacinados antes da execução de atividades práticas que podem propiciar o contato dos esporos com qualquer tipo de ferimento. A difteria é uma doença bacteriana aguda, cujas lesões características são membranas branco-acinzentadas aderentes, circundadas por processo inflamatório que invade as estruturas vizinhas, localizadas mais freqüentemente nas amígdalas (angina diftérica), laringe (laringite diftérica) e nariz (rinite diftérica) e, ocasionalmente, na pele, conjuntivas ou mucosas genitais. Compromete o estado geral do paciente, que se apresenta febril (37,5°C a 38,5°C), prostrado e pálido. A dor de garganta é discreta, independente da localização ou do número de placas existentes. Casos graves apresentam edema intenso do pescoço, aumento de gânglios linfáticos dessa região (pescoço taurino). Pode ocorrer asfixia mecânica aguda no paciente, em conseqüência de obstrução pela placa. Os casos graves e intensamente tóxicos são denominados de difteria hipertóxica (maligna) e apresentam, desde o início, importante comprometimento do estado geral, placas com aspecto necrótico e pescoço taurino (BRASIL, 1998c, p.55). A transmissão da difteria dá se pelo contato direto com doentes ou portadores, a medida de controle mais segura e efetiva é a imunização adequada da população com toxóide diftérico. Vale ressaltar, que a doença não confere imunidade e todos os casos devem ser vacinados de acordo com os esquemas padronizados após a alta (op. cit.1998c). 2.4.2. Vacina contra Febre Amarela A vacina contra febre amarela é constituída de vírus vivos atenuados, apresentada sob a forma liofilizada em frasco de múltiplas doses, acompanhada de diluente (soro fisiológico); devendo ser aplicada por via subcutânea. A idade de aplicação varia de acordo com a área onde se encontra o indivíduo. Nas áreas endêmicas (onde há casos humanos), o esquema pode ser iniciado a partir de seis meses de idade. Já nas regiões onde há casos de febre amarela entre macacos (áreas enzoóticas ou epizoóticas), mas não em seres humanos, a vacina é utilizada a partir dos nove meses (BRASIL, 2001b, p.47). Na figura abaixo, verifica-se a situação da febre amarela no Brasil, prevalecendo às regiões com maior aporte de zonas rurais, regiões de cerrado e florestas (CARTIÑEIRAS; MARTINS, 2008). Deve-se abordar o risco de se contrair a febre amarela em viagens internacionais para países da América do Sul, América Central e África (vide tabela abaixo); em razão da presença de vetores e reservatórios animais que permitem a manutenção do ciclo silvestre. Já a transmissão urbana pode, eventualmente, ocorrer em qualquer país onde esteja presente o Aëdes aegypti. Na Europa Oriental, Ásia e Oceania existe risco de malária, mas não de febre amarela. Em todos os países que há risco de febre amarela, também pode ocorrer transmissão da malária. Angola Argentina Benin Bolívia Brasil Burkina Faso Burundi Camarões Chade Colômbia Congo Costa do Marfim Djibouti Equador Etiópia Gabão Gâmbia Gana Guiana Guiana Francesa Guiné Guiné Equatorial Guiné-Bissau Libéria Mali Mauritânia Níger Nigéria Panamá Paraguai Peru Quênia Rep. Democrática do Congo República Centro-Africana Ruanda São Tomé e Príncipe Senegal Serra Leoa Somália Sudão Suriname Tanzânia Togo Trinidad e Tobago Uganda Venezuela Zâmbia Fontes: CDC & OMS, 2008 O esquema de vacinação é de dose única, com reforço a cada dez anos. A vacina contra febre amarela deve ser aplicada simultaneamente ou com intervalo de duas semanas para as outras vacinas virais vivas. Excetua-se a vacina oral contra poliomielite, que pode ser aplicada simultaneamente ou com qualquer intervalo. Os eventos adversos mais comuns são dor local, cefaléia e febre. É contra-indicada aos indivíduos com alergia anafilática ao ovo ou com reação alérgica em dose anterior, crianças com menos de 5 meses (risco de encefalite), gestantes e imunodeficientes. A vacina contra febre amarela deve ser conservada entre 2°C e 8°C. Após a diluição, utilizar no prazo máximo de quatro horas, mantendo-se a conservação na temperatura entre 2°C e 8°C (BRASIL, 2001b; 2003a). A febre amarela é uma infecção viral, de gravidade variável, cujo quadro típico tem evolução bifásica (período de infecção e de localização). O início é repentino com febre, calafrios, cefaléia, mialgias, prostação, náuseas e vômitos, durando cerca de 3 dias; após os quais, observa-se remissão da febre e melhora dos sintomas, dando sensação de bem-estar aos pacientes durante algumas horas ou, no máximo, dois dias. O período de localização caracteriza-se pela instalação de insuficiência hepática e renal. Surgem icterícia, manifestações hemorrágicas (hematêmese, melena, epistaxe, sangramento vestibular e da cavidade oral, entre outras), oligúria, hematúria, albuminúria e prostração intensa. O pulso se torna lento, apesar da temperatura elevada (sinal de Faget). As formas leves e moderadas se confundem com outras viroses e são de difícil diagnóstico, necessitando-se de um estudo da história epidemiológica para a suspeita diagnóstica (BRASIL, 1998c, p.77). A transmissão da febre amarela dá-se através da picada do Aedes aegypti ou de mosquitos silvestres do gênero Haemagoguse Sabethes, onde o mosquito se comporta como vetor, que ao picar um indivíduo doente se infecta e ao picar um indivíduo susceptível transmite o vírus para este. O sangue dos doentes é infectante 24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após. O período de incubação no Aedes aegypti, que se mantém infectado por toda a vida, é de 9 a 12 dias (op. cit., 1998, p.77) Febre amarela é uma doença de notificação compulsória internacional (deve ser comunicada imediatamente, pela via mais rápida, às autoridades sanitárias) e que impõe a investigação epidemiológica de todos os casos (BRASIL, 1998b). A principal medida de controle é a vacinação que confere proteção próxima a 100%. É administrada em dose única, com reforço a cada 10 anos, a partir dos seis meses de idade, nas áreas endêmicas e para todas as pessoas que se deslocam para essas áreas. Com a infestação do Aedes aegypti em grande parte dos municípios brasileiros, foi ampliada a área em que a vacina anti-amarílica está sendo administrada, na rotina do Programa Nacional de Imunização (todos os municípios que pertencem às áreas enzoóticas e epizoóticas da infecção). O combate ao Aedes aegypti, através de ações de saneamento básico (principalmente coleta e destino do lixo e aporte de água) e de educação em saúde (redução dos criadouros dos mosquitos dispostos no meio ambiente: vasos, pneus, vasilhas descartáveis, etc.), constitui-se medida eficiente na redução do risco de urbanização do vírus (op. cit., 1998b). Desta forma, ao entender melhor a forma de transmissão da doença, fica mais fácil saber que a vacinação dos militares antes de ir para área de risco (endêmica) é de extrema importância para quebra do ciclo vital da febre amarela, mantendo saudável o militar que poderá exercer suas atividades sem comprometimento pela infecção viral. 2.4.3 Vacina contra Hepatite B Há dois tipos de vacina contra hepatite B: a de primeira geração contém partículas virais obtidas do plasma de doadores do vírus, inativadas pelo formol; a de segunda geração é preparada por método de engenharia genética e obtida por tecnologia de recombinação do ADN (ácido desoxirribonucleico) (BRASIL, 1998c). As duas vacinas utilizam hidróxido de alumínio como adjuvante e o timerosal como conservante. O PNI recomenda atualmente apenas o uso da vacina recombinante, isto é, a obtida por engenharia genética (BRASIL, 2001b). As vacinas recombinantes licenciadas, atualmente, são produzidas a partir de leveduras (levedura de padeiro), nas quais se introduziu um plasmídio contendo o gene AgHBs. Contêm de cinco a 40mg/ml de antígeno (AgHBs), adsorvidos em hidróxido de alumínio, utilizando-se o timerosal como conservante. Três doses dessa vacina, aplicadas por via intramuscular, induzem títulos protetores (>10mUI/ml) em mais de 90% dos receptores adultos sadios e em mais de 95% dos lactentes, crianças e adolescentes de até 19 anos de idade. Idosos, dialisados e imunodeficientes apresentam resposta imunológica mais baixa (op. cit., 2001b). A vacina contra hepatite B é apresentada sob a forma líquida, em ampolas individuais ou frascos-ampola com múltiplas doses. A vacinação deve ser iniciada, preferencialmente, logo após o nascimento, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão vertical. Caso isso não tenha sido possível, iniciar o mais precocemente possível, na unidade neonatal ou na primeira visita ao Posto de Saúde. A vacina contra hepatite B pode ser administrada em qualquer idade e simultaneamente com outras vacinas do calendário. A via de administração é a intramuscular profunda, no vasto lateral da coxa; em crianças com mais de dois anos de idade, pode ser aplicada na região deltóide. Não deve ser aplicada na região glútea, pois a adoção desse procedimento se associa com menor produção de anticorpos, pelo menos em adultos (op. cit., 2001b). As duas primeiras doses devem ser aplicadas com intervalo de um mês e a terceira seis meses após a primeira (esquema 0,1,6); o intervalo entre a segunda e a terceira doses deve ser de, no mínimo, dois meses, e caso o intervalo entre as doses tenha sido ultrapassado, não há necessidade de recomeçar o esquema, apenas completá-lo. Logo, para concluir o esquema vacinal é necessário pelo menos 3 meses. (op. cit., 2001b). Com relação aos volumes e doses, depende de situações individuais específicas. Devese seguir a orientação do fabricante, a ser referendada por informe técnico do PNI. Dor no local da injeção e febre baixa são os eventos adversos mais freqüentemente observados em crianças e adultos, ocorrendo em 1% a 6% dos vacinados. Mal-estar, cefaléia e fadiga podem ocorrer. Há ocorrência, muito rara, de reação anafilática sistêmica seguindo-se à aplicação de dose anterior (op. cit., 2001b). Deve ser conservada entre +2°C e +8ºC. O congelamento inativa a vacina. Depois de aberto o frasco-ampola de múltiplas doses, a vacina poderá ser utilizada até o final do prazo de validade, desde que tenha sido manipulada com técnicas corretas de assepsia. O prazo de validade é indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente (BRASIL, 2003c). Doença viral aguda com infecções assintomáticas, sintomáticas e formas graves fulminantes. As formas anictéricas correspondem a 50% das infecções. As agudas sintomáticas são caracterizadas por mal-estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náuseas, vômitos, dor abdominal e aversão a alguns alimentos e cigarro. Surge icterícia quando a febre desaparece, precedida por colúria e fezes acólicas. Pode aparecer hepatomegalia ou hepatoesplenomegalia. Os sintomas vão desaparecendo paulatinamente. Alguns indivíduos desenvolvem a forma crônica, caracterizada por um processo inflamatório contínuo do fígado, causado pelo vírus B, com duração superior a seis meses. Pode ter início abrupto ou insidioso, fígado aumentado, com consistência endurecida (BRASIL, 1998c). O sexo masculino é mais propenso a ter a infecção crônica (portador do vírus). A transmissão ocorre através de solução de continuidade (pele e mucosas); relações sexuais; via parenteral (agulhas contaminadas: tatuagens, perfuração de orelha, injeção); transfusão de sangue e derivados; procedimentos odontológicos, cirúrgicos e de hemodiálise; transmissão vertical (op. cit., 1998c). A vacina é indicada para todos os indivíduos suscetíveis, independente da idade, principalmente para aqueles que residem ou deslocam-se para áreas hiperendêmicas. São grupos prioritários para vacinação: profissionais de saúde, usuários de droga negativos; indivíduos que usam sangue e hemoderivados, presidiários, residentes em hospitais psiquiátricos, homossexuais masculinos e profissionais do sexo. O esquema básico de vacinação é de 1ml, em adultos, e 0,5ml, em crianças menores que 11 anos (op. cit., 1998c). 2.4.4 Vacina Dupla Viral (contra sarampo e rubéola) Vacina combinada de vírus vivos atenuados contra o sarampo e a rubéola (SR, dupla viral), apresentada sob a forma liofilizada, em frasco-ampola com uma ou múltiplas doses. Podendo ser aplicada a partir dos 12 meses de idade, por via subcutânea; sob esquema de dose única (BRASIL, 2001b). Está indicada para todas as integrantes do segmento feminino em idade fértil; e para os demais militares, sempre que houver uma situação de aparecimento de casos de sarampo no território nacional ou em países que façam fronteira com o Brasil (BRASIL, 2003a). Os eventos adversos mais comuns são a febre e a erupção cutânea de curta duração, ocorrendo habitualmente entre o 5º e o 10º dias depois da vacinação; também podem ocorrer artralgias e artrites, mais freqüentes nas mulheres adultas (BRASIL, 2001b). Para esta vacina existem algumas contra-indicações, tais como: a) antecedente de reação anafilática sistêmica após a ingestão de ovo de galinha. Entende-se por reação anafilática sistêmica a reação imediata (urticária generalizada, dificuldade respiratória, edema de glote, hipotensão ou choque) que se instala, habitualmente, na primeira hora após o estímulo do alérgeno (ingestão de ovo de galinha, por exemplo); b) gravidez; c) administração de imunoglobulina humana normal (gamaglobulina), sangue total ou plasma nos três meses anteriores (op. cit., 2001b). Não são contra-indicações a vacinação recente contra a poliomielite, exposição recente ao sarampo ou rubéola, história anterior de sarampo ou rubéola e alergia a ovo que não tenha sido de natureza anafilática (op. cit., 2001). No caso de ocorrer à administração de imunoglobulina humana normal, sangue total ou plasma nos 14 dias que se seguem à vacinação, deve-se revacinar três meses depois. As mulheres vacinadas deverão evitar a gravidez por 30 dias após a aplicação (BRASIL, 2003c; 2001b). A vacina dupla viral deve ser conservada em geladeira, entre +2ºC e +8ºC. Após a diluição, mantida nas condições mencionadas, deve ser aplicada no prazo máximo de oito horas. O prazo de validade é indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente (BRASIL, 2001b). Visando entender melhor a necessidade de se vacinar será realizada uma breve citação das doenças preveníveis pela vacina dupla viral. A rubéola é uma doença exantemática viral aguda, caracterizada por exantema máculo-papular, que se inicia na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se para o tronco e membros. Apresenta febre baixa e linfadenopatia generalizada, principalmente subocciptal, pós-auricular e cervical posterior, geralmente precedendo o exantema, em 5 a 10 dias. Adolescentes e adultos podem apresentar poliartralgia, poliartrite, conjuntivite, coriza e tosse (BRASIL, 1998c). A transmissão ocorre por contato direto, através das secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas e também pela transmissão vertical, isto é, de mãe para filho, por via transplacentária (op. cit., 1998c). O período de incubação é de 14 a 21 dias, com duração média de 17 dias, podendo variar de 12 a 23 dias. Já o período de transmissibilidade é de 5 a 7 dias antes do início do exantema e de 5 a 7 dias após (BRASIL, 2001b). Após o desenvolvimento da doença não existe um tratamento específico, sendo tratada apenas de forma paliativa e sintomática. A doença tem uma distribuição universal, com maior freqüência no final do inverno e início da primavera. Observa-se a ocorrência de epidemias cíclicas, a depender da existência de suscetíveis. Nas populações não imunizadas, a rubéola pós-natal ocorre com freqüência em crianças de 5 a 9 anos, sendo uma doença benigna e com baixa letalidade, atingindo também adolescentes e adultos. Esta doença é classificada como sendo de notificação compulsória e de investigação obrigatória (BRASIL, 1998b). Para diminuir a circulação do vírus da rubéola e, conseqüentemente, a prevenção adequada da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), devem ser mantidas altas coberturas vacinais homogêneas com a vacina tríplice viral: a) Esquema vacinal básico: a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) está recomendada na rotina, a partir dos 12 meses de idade. b) Vacinação de bloqueio: apesar da vacinação de exposto ao risco não prevenir a doença, recomenda-se vacinação seletiva com o objetivo de aproveitar a oportunidade para vacinar os contatos suscetíveis. c) Comunicantes: gestantes expostas devem ser avaliadas sorologicamente, acompanhadas e orientadas, quando necessário. d) Isolamento: crianças e adultos com rubéola pós-natal devem ser afastados de atividades habituais durante o período de transmissibilidade (op. cit., 1998b). Gestantes suscetíveis devem ser afastadas do contato com casos e comunicantes, durante o período de transmissibilidade e de incubação da doença. Para as pessoas hospitalizadas, deve-se providenciar o isolamento de contato (op. cit., 1998b). O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, transmissível e extremamente contagiosa, muito comum na infância. A viremia decorrente da infecção provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas. A evolução apresenta três períodos bem definidos: a) período prodrômico ou catarral: tem duração de 6 dias; no início da doença surge febre, acompanhada de tosse produtiva, corrimento seromucoso do nariz e dor nos olhos, conjuntivite e fotofobia. Os linfonodos estão pouco aumentados na região cervical e, algumas vezes, os intraabdominais dão reações dolorosas no abdome. Nas últimas 24 horas do período, surge na altura dos pré-molares, na região gemiana, o sinal de Koplik - pequenas manchas brancas com haloeritematoso, consideradas sinal patognomônico do sarampo. b) período exantemático: ocorre a acentuação de todos os sintomas já descritos, com prostração importante do paciente e surgimento do exantema característico. O “rash” exantemático é máculo-papular, de cor avermelhada, com distribuição em sentido céfalo-caudal. No 1º dia, surge na região retroarticular e face: no tronco, no 2º dia e no 3º dia, nas extremidades, persistindo por 5 a 6 dias. c) período de convalescença ou de descamação furfurácea: as manchas tornam-se escurecidas e surge descamação fina, lembrando farinha, daí o nome furfurácea (BRASIL, 1998c). A doença é transmitida diretamente de pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas, expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. O período de incubação, geralmente, dura 10 dias (variando de 7 a 18 dias), desde a data da exposição até o aparecimento da febre, e cerca de 14 dias, até o início do exantema (op. cit., 1998c). O período de transmissibilidade é de 4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema, até 4 dias após. O período de maior transmissibilidade ocorre 2 dias antes e 2 dias após o início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível (op. cit., 1998c). Doença de distribuição universal, endêmica nos grandes conglomerados urbanos e com epidemias a cada 2 ou 4 anos, quando a cobertura vacinal é baixa. A distribuição geográfica do sarampo depende da relação do grau de imunidade e suscetibilidade da população e da circulação do vírus na área. Atualmente, no Brasil, a incidência encontra-se bastante reduzida em virtude das atividades do Programa de Erradicação dessa doença. Em 1991, foram notificados 42.532 casos, representando um coeficiente de incidência de 29,1 por 100 mil habitantes. Em 1992, com a implantação do referido Programa, duas estratégias foram priorizadas: a realização da Campanha Nacional de Vacinação Contra o Sarampo e a implementação das ações de Vigilância Epidemiológica. Com isso, ocorreu significativa redução do número de notificações (7.934 casos). No ano de 1993, a doença permaneceu sobre controle, tendo sido notificados 6.814 casos. Em 1994, foram notificados 4.934 casos e 4.792 e 4.786, em 1995 e 1996, respectivamente. O sarampo recrudesceu em 1997, praticamente em todo o país, sobretudo em São Paulo e algumas cidades do Nordeste. Desde então, a intensificação das ações de controle (vacinações de bloqueio, implantação da segunda dose da vacina, expansão da população alvo) ocasionou a queda do número de casos e, desde 2001, a interrupção da transmissão autóctone do sarampo. O último caso de transmissão autóctone, não relacionada a casos importados, foi registrado em Mato Grosso do Sul, em novembro de 2000. Entre 2001 e 2005, foram registrados nove casos de sarampo, todos relacionados a viajantes que adquiriram a infecção em outros países, tais como: Japão, Alemanha e Ilhas Maldivas (CASTIÑEIRAS; PEDRO; MARTINS, 2008). Esta doença é classificada como sendo de notificação compulsória nacional e de investigação epidemiológica obrigatória imediata. Todos os países das Américas estão desenvolvendo ações no sentido de erradicar esta virose. As principais atividades são: a) Vacinação: é a principal medida de controle do sarampo. Esquema básico: uma dose da vacina anti-sarampo a partir dos 9 meses, dose adicional a partir dos 12 meses (preferencialmente aos 15 meses, junto com o reforço da tríplice bacteriana (DTP) e da Sabin ou com a tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba), também aos 15 meses. Em situação com alto risco de infecção (suspeita de surtos ou contatos intra-familiares com caso suspeito), a vacina deverá ser administrada em todas as faixas etárias. Via de administração: a vacina contra o sarampo é administrada por via sub-cutânea, de preferência na face externa da parte superior do braço (região deltóide), podendo também ser administrada na região glútea (quadrante superior externo). Falsas contra-indicações: não constituem contra-indicações à vacinação de Sarampo: alergia e intolerância, que não sejam de natureza anafilática à ingestão de ovo; contato íntimo com pacientes imunodeprimidos; vacinação recente com a vacina oral contra a poliomielite; exposição recente ao sarampo. Situações em que se recomenda o adiamento da vacinação: tratamento com imunodepressores (corticoterapia, quimioterapia, radioterapia, etc.). Adiar até 3 meses após a suspensão de seu uso, pela possível inadequação da resposta; vigência de doença aguda febril grave, atribuída ou confundida com possíveis efeitos adversos da vacina (BRASIL, 1998b). b) Investigação epidemiológica: a investigação dos casos suspeitos de sarampo tem como objetivo: obter informações detalhadas e uniformes para todos os casos, através do preenchimento da ficha epidemiológica; visitar imediatamente o domicílio para coleta de sangue e complementar dados da ficha; identificar outros possíveis casos suspeitos realizando extensa busca ativa; aprazar e realizar a revisita para avaliar a evolução do caso; classificar o caso conforme os critérios estabelecidos; e avaliar a cobertura vacinal e desencadear imediatamente as ações de controle. A vacinação de bloqueio será realizada em todos os casos suspeitos, abrangendo as pessoas do mesmo domicílio, vizinhos, creches, salas de aula, alojamentos, sala de trabalho e aqueles que mantiveram um contato longo e prolongado com o indivíduo. Quando o caso for confirmado será realizada uma vacinação ampliada, abrangendo a vizinhança, bairro ou até município conforme avaliação realizada (operação limpeza). Tanto para o bloqueio, como para a operação limpeza, a faixa etária prioritária para a sua realização deverá ser de 6 meses a 39 anos de idade. Outra medida é o isolamento de casos no domicílio ou no hospital a fim de diminuir a intensidade dos contágios. Deve-se evitar, principalmente, a freqüência a escolas ou creches, agrupamentos, ou qualquer contato com pessoas suscetíveis, até 4 dias após o início do período exantemático, entretanto, deve haver a vigilância dos contatos por um período de 7 a 18 dias (op. cit., 1998b). 2.5. Risco ocupacional dos alunos do CFO/QC durante as atividades militares No decorrer da carreira, o militar convive com risco. Seja nos treinamentos, na sua vida diária ou na guerra, a possibilidade iminente de um dano físico ou da morte é um fato permanente de sua profissão. O exercício da atividade militar, por natureza, exige o comprometimento da própria vida (NEVES, 2007). Durante o Curso de Formação os alunos são submetidos a uma gama de atividades que exigem muito da parte física, intelectual e psicológica. Diariamente estão presentes os encargos e deveres, as condições de disciplina e a exposição aos riscos do treinamento militar. Para alguns destes, existem medidas preventivas que possibilitam a sua redução ou impedem a ocorrência tanto do ponto de vista individual quanto do coletivo. Na busca da prevenção de agravos e doenças, é necessário vislumbrar as necessidades básicas que garantam, em circunstâncias especiais, como por exemplo, na guerra ou em atividades de treinamento militar, uma melhor qualidade de vida para o aluno no desenvolvimento de suas atribuições. Nas últimas décadas, principalmente na América do Norte e nos países da Europa, tem havido uma mudança substancial no enfoque dos profissionais que convivem diariamente com os riscos em seus locais de trabalho. Em vez de sistemas compensatórios e de fim de linha, busca-se enfatizar mais o aspecto preventivo, ou seja, atuar no controle e eliminação dos riscos na fonte, e não após a ocorrência de acidentes e doenças. A organização do trabalho e as práticas gerenciais passaram a ser reconhecidas como importante foco de análise, seja como causadoras de acidentes, doenças e sofrimento, ou como integrantes fundamentais das políticas de segurança e saúde nas instituições (NEVES, 2007). No ambiente militar, são comuns as extensas jornadas de trabalho, problemas ergonômicos, exposição a agentes químicos, físicos e biológicos que, reconhecidamente, são considerados fatores de risco ocupacional para o trabalhador (op. cit., 2007). Mesmo durante o curso de formação o aluno realiza atividades que o põe no mesmo patamar de risco dos militares da ativa. Desta forma, é necessário que as medidas preventivas sejam implementadas, igualmente, levando-se em conta a pouca habilidade na execução das atribuições, o que pode resultar numa maior probabilidade de ocorrer algum acidente. Os riscos biológicos são aqueles que melhor se adéqua ao estudo em questão, por estar intimamente relacionado aos agravos/doenças causadas por meio de microorganismos. No caso das patologias imunopreveníveis, a adoção da vacinação é de extrema importância para diminuição do número de doentes. O adoecimento de um militar pode ser preocupante do ponto de vista estratégico, principalmente na realização das missões ou até mesmo na guerra (ALCÂNTARA et al., 2003) Das doenças abordadas no capítulo anterior, o tétano acidental é a única que o fator ambiente influencia na aquisição da patologia pelo indivíduo. A exposição dos militares ao microrganismo dá-se durante a manipulação de materiais oxidados tais como: armamento, munição, ferramentas de construção etc. devido ao desgaste e/ou má conservação; somado ao contato com lama, poeira, animais, entre outros. Tal circunstância pode ser programada, anteriormente, para favorecer a vacinação dos alunos antes da execução das atividades de risco. A vacinação deverá seguir o preconizado pelo DGP em consonância com o intervalo entre as doses descrito pelo MS. Com relação à Febre Amarela, deve-se definir o local que será realizado a atividade militar. Caso seja considerado endêmico, o indivíduo que não tiver com seu esquema vacinal completo (última dose a menos de 10 anos) deverá ser vacinado com antecedência de no mínimo de 10 dias (BRASIL, 2001b). Já no caso da vacinação contra a Hepatite B, o risco está associado ao contato com o sangue ou secreções contaminadas. Durante a realização das atividades militares a probabilidade de alguém se ferir é real. Desta forma, caso o indivíduo não tenha se vacinado em momento oportuno, correrá o risco de contrair a infecção. O uso de equipamento de proteção individual (EPI) não deverá ser negligenciado durante a manipulação com material biológico, como por exemplo, o uso de luvas, máscara, óculos e avental (ALCÂNTARA et al., 2003) No tocante a vacina dupla viral, a preocupação não está voltada, diretamente, para as atividades militares práticas, mas para a prevenção da rubéola congênita, uma vez que tal doença possui maior gravidade nos recém – nascidos. No entanto, esta vacinação não deve ser deixada em último plano, com o inconveniente de causar o adoecimento dos indivíduos (BRASIL, 2001). Ao profissional responsável pela saúde dos oficiais-alunos, cabe uma importante parcela da ação preventiva; da decisão técnica e da ação educativa. O sucesso da prevenção depende da concepção do comandante da OM quanto à importância da vacinação, para isso é necessário o assessoramento dos especialistas. Desta forma será possível o estabelecimento de um instrumento regulador para as ações de promoção da saúde em situação de treinamento e/ou atividade real, tornando homogenia as atividades comuns de prevenção. O caráter educativo desenvolvido pelos profissionais responsáveis pela missão visa a desenvolver no aluno a conscientização de que suas ações são importantes para garantir a sua saúde, envolvendo-o no processo. Para que a promoção seja eficaz, é necessário ter conhecimento dos múltiplos fatores relacionados com o agente, o suscetível e o meio ambiente, e com a evolução da doença ao acometido (ROUQUAYROL; NAOMAR FILHO, 2003). Para atender a este pressuposto é necessário elaborar medidas de prevenção primária específica através da vacinação dos indivíduos susceptíveis antes da exposição aos agentes patogênicos. Deve-se realizar as vacinas consideradas obrigatórias para o uso no Exército Brasileiro (BRASIL, 2003); além de propor outras vacinas que abranjam outras doenças de importância epidemiológica para o local onde serão classificados os alunos ao término do curso, quando poderão seguir para qualquer região do território brasileiro, ou até mesmo serem convocados para missão de paz em outros países. Para atingir este objetivo, deve ser feita uma pesquisa nos sites da OMS (Organização Mundial de Saúde) e do MS (Ministério da Saúde), correlacionando as regiões geográficas com as doenças infecciosas de maior prevalência, a fim de estabelecer o esquema vacinal mais eficaz e compatível com as necessidades da região de destino. No entanto, tal análise deve se ater ao dinamismo das doenças, sendo usado apenas como fonte de consulta, não excluindo a verificação do panorama epidemiológico do local de destino, para interpolar com maior precisão as medidas preventivas. As doenças infecciosas têm, normalmente, o poder de vitimar vários indivíduos em curto espaço de tempo, o que seria catastrófico para qualquer operação militar, pois o número de baixas cresceria exponencialmente. Neste sentido, é que se faz necessária a realização da vacinação como forma de prevenir e garantir o bem estar do aluno. No capítulo seguinte será realizada uma descrição das concepções teóricas e metodológicas, a fim de ordenar o pensamento com vista ao alcance dos objetivos. 3 METODOLOGIA Neste capítulo, será abordada a trajetória desenvolvida para desvendar o problema de pesquisa, visando responder as questões norteadoras descritas na introdução do trabalho. Para solucionar o problema de pesquisa que se propõe investigar optou-se por uma pesquisa de abordagem quantitativa. O estudo será complementado apoiando-se no método descritivo que é um importante auxílio para a investigação em ciências sociais. Uma vez que, como afirma Gil (1999, p.35), caracteriza-se por um razoável grau de precisão, o que torna bastante aceito por parte dos pesquisadores com preocupações de ordem quantitativa, vindo reforçar a escolha por tal método. Para Ribas (2004, p.23), a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno e/ou o estabelecimento de relações entre variáveis, com grande aplicação em estudo de variáveis relacionadas à conduta humana. Como é o caso do processo de vacinação entre os oficiais alunos do CFO/QC. A pesquisa descritiva pode assumir diversas formas, aquela que melhor se enquadra no trabalho realizado é o estudo exploratório. Este estudo leva ao conhecimento de variáveis importantes de um dado problema. Sendo o seu objetivo tornar familiar o fenômeno ou obter nova percepção dele a fim de descobrir novas idéias. Desta forma, o produto final passa a ser um problema mais esclarecido (RIBAS, 2004, p.23). Para realização da pesquisa adotou-se como campo de estudo a EsAEx, localizada no bairro da Pituba, na cidade de Salvador, Bahia. O campo em questão trata-se de uma instituição de ensino militar para a formação de Oficiais de carreira do Quadro Complementar do EB. Foram tomados como sujeitos do estudo os alunos do CFO/QC que estão matriculados e realizando o curso no ano de 2008; quantificando um universo de 53 alunos, onde um total de 45 alunos (85% da população total) respondeu o instrumento de pesquisa, participando efetivamente da mesma. Os alunos que participaram da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 2), documento obrigatório para realização de pesquisa que envolva seres humanos. Foi valorizado o discurso do sujeito no que se refere às informações fornecidas quanto ao esquema vacinal feito antes do ingresso na EsAEx, nos casos em que os alunos não dispusessem consigo do registro que comprovasse a vacinação. Todos os alunos do CFO/QC 2008 (53 alunos) receberam um questionário (anexo 3) contendo 10 itens, composto de 17 perguntas fechadas e 5 perguntas abertas; que foram distribuídos no dia 24 de julho de 2008 e preenchidos por escrito, sem a presença do entrevistador. No entanto, antes de sua entrega algumas dúvidas foram esclarecidas, tais como: 1) necessidade de ler e assinar o termo de consentimento, que estava anexado aos questionários; 2) as questões que envolveram o esquema vacinal estavam relacionadas com a vacinação antes do ingresso na EsAEx; 3) não havia a necessidade de ter comprovante para responder as questões do esquema vacinal, bastava ter certeza das vacinas que havia recebido; e 4) qualquer dúvida no preenchimento seria esclarecida pelo pesquisador, de forma imparcial. Os questionários preenchidos (total: 45) foram devolvidos pelos alunos no dia seguinte, 25 de julho de 2008, para a pesquisadora. Os dados serão apresentados a seguir por tabelas e gráficos. Assim, a interpretação dos dados da pesquisa será facilitada, uma vez que, os procedimentos estatísticos realizados com as variáveis, e a determinação das relações possíveis associados aos conhecimentos teóricos, a fim de comprovar as relações dos fenômenos entre si ou para obter generalizações sobre a natureza, a ocorrência ou o significado (RIBAS, 2004, p.20). 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados estão apresentados de acordo com os objetivos propostos. Inicialmente serão apontados os dados que caracterizam o perfil de imunização dos alunos do CFO/QC de 2008. A seguir, a correlação do perfil com o preconizado pelo EB, tendo como desfecho a opinião dos alunos quanto à importância da vacinação para o desempenho das atividades do curso de formação militar. Fizeram parte do estudo 45 oficiais alunos do CFO/QC de 2008, da EsAEx, com limite de idade variando entre 24 e 37 anos; limite máximo de acordo com o preconizado pelo Manual do Candidato de 2007. A variável idade tem importância para análise dos dados quando relacionada ao sexo feminino, pois se trata de um delimitador para a realização da vacinação. No caso do grupo avaliado todas as alunas estão em idade fértil, ou seja, tem entre 12 a 39 anos, sendo obrigatória a realização da vacina dupla viral, a fim de, impedir a transmissão da rubéola congênita por via vertical (BRASIL, 2001b). Com relação ao sexo dos oficiais alunos participantes, foi verificado que 18 % são do sexo feminino e 82% do sexo masculino. Outro dado pesquisado foi referente à origem do aluno. Mais da metade da turma (51%) é de origem militar. Este dado é de extrema importância, pois parte-se do pressuposto que todos aqueles que serviram ou estavam servindo as Forças Armadas ou à Força auxiliar, têm o dever de ter o esquema vacinal completo, de acordo com o preconizado pela DGP (BRASIL, 2003a). Já aqueles de origem civil, não possuem o dever de se vacinar, no entanto, algumas vacinas são oferecidas pelos postos de saúde e hospitais municipais, tais como: Febre Amarela para aqueles que vivem em áreas endêmicas ou vão para estas áreas, devendo ser ministrado com pelo menos 10 dias de antecipação; hepatite B para os indivíduos da área de saúde ou que venham a realizar atividade de risco potencial de contato com sangue ou outras secreções ou excreções; difteria e tétano para todos os indivíduos, independente, da faixa etária; dupla viral para todas as mulheres em idade fértil (19 aos 45 anos) que não estejam grávidas, etc. O direito de ser vacinado pelos órgãos públicos competentes está assegurado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) respaldado na Constituição Federal de 1988, que em seu art. 196 diz: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 2001a). Para aumentar a relevância da questão exposta no parágrafo anterior, dos 33 alunos de origem militar, 74% revelaram terem sido vacinados em sua OM de origem; este dado é significativo, no entanto, considerando que a vacinação é obrigatória para todos os militares, seria esperado que a totalidade fosse vacinada, o que reflete na falta de comprometimento do militar e/ou a não fiscalização da OM. Segundo Silva (1999), existem fatores tais como a baixa renda, pouca escolaridade e faixa etária diminuída que podem influenciar negativamente na adesão da população alvo ao programa de imunização; entende-se, no entanto, que estes fatores não são inerentes ao grupo estudado. Os sujeitos da pesquisa possuem renda superior a 10 salários mínimos; possuem terceiro grau completo (requisito básico para realizarem o concurso: ser graduado na área solicitada); e 86% possuem mais de 26 anos de idade; contradizendo os dados expostos anteriormente. O mesmo autor também coloca a orientação como fator contribuinte no processo de vacinar. Compartilhando do mesmo argumento, White, Rubino e Lorey (1976, p.35) afirmam que o êxito na interação depende do conhecimento dos mecanismos básicos de comunicação, bem como a habilidade de utilizá-lo com eficácia, baseados no seu “bom-senso de dialogar”, enfatizando o interesse, a participação e o benefício daquilo que lhe está sendo comunicado. Verificando as Normas para Inspeção de Saúde dos Candidatos à Matrícula nos Estabelecimentos de Ensino Subordinados ao DEP e nas OM que recebem orientação técnicopedagógica (BRASIL, 2008) não existe a obrigatoriedade de apresentar comprovante de vacinação no momento da Inspeção de Saúde (IS); havendo apenas, no manual do candidato, uma solicitação para que o candidato leve a carteira de vacinação caso a possuir. De acordo com o Manual do candidato (2007), serão submetidos à IS os candidatos relacionados como aprovados no concurso de admissão e classificados dentro do número de vagas fixadas pelo Estado-Maior do Exército (EME), bem como os aprovados e relacionados na majoração. Os candidatos convocados realizarão a IS em locais designados pelas guarnições de exame, obedecendo rigorosamente ao prazo estipulado no Calendário Anual do Processo Seletivo, que ocorre, normalmente, na última quinzena de dezembro e a primeira quinzena de janeiro. Com intuito de averiguar se os candidatos tiveram a carteira de vacinação solicitada pela Junta de Inspeção de Saúde durante a IS na guarnição de origem do candidato, foi realizada esta indagação no questionário, e 87% dos alunos disseram que não tiveram suas carteiras de vacinação averiguadas. Quando a questão abordou a IS realizada na EsAEx, o índice permaneceu elevado (89%); o que demonstra a falta da abordagem do tema junto aos candidatos, num momento que seria propício para orientação. De acordo com o Manual do candidato (2007) e o Plano Geral de Ensino (PGE), o tempo existente entre a IS (17 de dezembro à 11 de janeiro) e o início da atividade física militar realizada no acampamento do 19º Batalhão de Caçadores (12 à 16 de maio) é de aproximadamente 4 meses, tempo este suficiente para que o candidato que não tenha realizado nenhuma vacinação possa iniciar e finalizar o esquema vacinal citado como obrigatório para o EB. Segundo o MS (2001), a vacina contra hepatite, composta por três doses, pode ser realizada em até 3 meses, com relação a vacina contra difteria e tétano (dT), esquema completo de três doses e um reforço a cada 10 anos por toda vida, as três doses podem ser aplicadas com intervalo de no mínimo um mês entre as doses; já a vacina contra febre amarela e a vacina contra sarampo e rubéola (dupla viral) necessita de apenas uma dose para conclusão do esquema vacinal. Observa-se no gráfico 1 que 44% dos alunos não foram vacinados contra a hepatite B, dentre estes mais da metade (65%) é de origem civil; dos que possuem o esquema vacinal completo, 36% do total de alunos, mais da metade são de origem militar (62%). Desta forma, pode-se afirmar que 64% dos alunos não possuem seu esquema vacinal completo contra hepatite B, logo não estão imunizados contra esta patologia, sendo susceptíveis a este vírus durante o contato com solução de continuidade (Ex. ferimento) com o sangue do indivíduo contaminado; fato este não incomum de ocorrer durante uma atividade prática militar. Gráfico 1: Distribuição da vacina contra Hepatite B entre oficiais alunos do CFO/QC de origem militar e civil. Salvador, 2008 Militar Civil Total 44% 36% 13 10 18% 6 5 7 3 1 Apenas a 1º dose Fonte: elaborado pela autora. 0 2% 1º e 2º doses 1º , 2º e 3º doses Não vacinado Os dados expostos no gráfico 2 referem-se a distribuição de alunos que foram vacinados contra difteria e tétano; os dados apontam que 40% dos indivíduos apresentam esquema vacinal completo, sendo considerados imunizados contra os toxóides diftérico e tetânico; destes, mais da metade (56%) são de origem militar. No entanto, um grande número de alunos está susceptível à infecção (60%). Este fato é alarmante, uma vez que muitos dos alunos de origem militar que deveriam ser vacinados não o foram, perfazendo um total de 13 alunos num universo de 23 alunos (56%), o que remonta ao não cumprimento da obrigatoriedade da vacinação contra difteria e tétano neste grupo (BRASIL, 2003a). Entre os de origem civil, a freqüência de vacinados é muito baixa, num universo de 22 alunos, 14 não estão imunizados (65%). Para o esquema ser completo, são necessárias 3 doses do imunobiológico. Logo, a orientação para vacinação deve ser iniciada ainda na fase da Inspeção de Saúde, para propiciar a todos, segurança no desenvolvimento das atividades práticas militares, principalmente as realizadas nos acampamentos, onde o risco de se contaminar pela toxina do bacilo tetânico é elevado. Fonte: elaborado pela autora De acordo com os dados ilustrados no gráfico 3 observa-se que 76% dos alunos encontram-se vacinados contra a febre amarela, a maior cobertura apresentada dentre as vacinas que tem interesse para esta pesquisa. Este fato pode ser atribuído à propagação de notícias pela mídia sobre o aumento do número de casos de febre amarela silvestre no Brasil. Tal fato encontra ressonância com a divulgação feita pelo Ministério da Saúde no site da instituição com intuito de informar e tirar dúvidas da população sobre febre amarela. Dentre os dados de relevância, encontra-se o fato de não ter nenhum registro de febre amarela urbana desde 1942; entretanto, no início de janeiro de 2008, cerca de 24 casos suspeitos de febre amarela silvestre foram notificados no país, sendo um caso fatal. São pessoas não vacinadas, que estiveram em áreas de florestas ou de mata de regiões consideradas de risco. No mesmo período houve um aumento do número de mortes de macacos em matas próximos de cidades, fazendo com que as autoridades municipais, estaduais e federais acionassem os órgãos de vigilância em saúde. A preocupação é com o possível aumento do vírus circulante da doença nas florestas ou cerrado (MS on line, 2008). Corrobora com o aumento da preocupação o exposto pelo renomado infectologista Amato Neto (2008), ao levantar a questão da infestação do mosquito Aedes aegypti (vetor que transmite dengue e febre amarela) em áreas urbanas do país, o que pode facilitar o aparecimento de casos de febre amarela urbana. Diante de todas as informações divulgadas, houve uma intensificação da vacinação das pessoas que iriam entrar em contato com áreas de matas, florestas ou cerrado (áreas endêmicas). No entanto, com o relato de um possível surto na população, muitas pessoas resolveram se vacinar, levando ao grande aumento da demanda. Esta situação foi tão alarmante que levou a triplicar a produção do imunobiológico para período descrito (AMATO NETO, 2008). Desta forma, associando a região de realização do curso CFO/QC (região nordeste) com o período de convocação (início de 2008), pode-se tentar traçar uma correlação de causaefeito entre a cobertura vacinal elevada dos alunos contra febre amarela e as informações divulgadas pela mídia. No entanto, não há evidência na pesquisa que fundamente esta relação. Gráfico 3: Distribuição da vacina contra Febre Amarela entre oficiais alunos. Salvador, 2008 dose > 10 anos 2% dose < 10 anos 22% não vacinado 76% Fonte: elaborado pela autora De acordo com o gráfico 4, considerando que o esquema vacinal para dupla viral é de uma dose, pode-se concluir que 56% dos alunos encontram-se imunizados, ou seja, apresentam 1 ou mais doses da vacina. Esta cobertura está aquém do desejável, uma vez que a maioria dos não vacinados é de origem militar. Dado a importância da vacinação contra a rubéola, o MS lançou uma campanha em 9 de agosto de 2008, com intuito de vacinar homens e mulheres com idade entre 20 e 39 anos, mesmo que já tenham sido imunizados contra a rubéola. Nos estados do Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Mato Grosso a idade é entre 12 e 39anos (FARIAS, 2008). Desta forma, seria relevante que os alunos fossem imunizados, pois se encontram na faixa etária preconizada, visto que a idade varia de 24 a 37 anos. A obrigatoriedade prevista pela norma do DGP que restringe a vacinação para o sexo feminino deve ser revista, pois estudos recentes apontam que a incidência de homens que adquiriram a rubéola tem aumentado em detrimento das mulheres. De acordo com os dados do MS, no ano de 2007, dos 8.683 casos da doença registrados no país, 70% é do sexo masculino. Os homens têm importante papel na transmissão de rubéola para gestantes susceptíveis, e conseqüentemente para o feto, culminando na rubéola congênita, devendo ser vacinados tanto quanto as mulheres (op. cit., 2008). Gráfico 4 : Distribuição da vacina contra sarampo e rubéola entre oficiais alunos de origem militar e de origem civil da EsAEx. Salvador, 2008 25 20 15 10 5 0 Militar Uma dose Duas ou mais doses Não vacinado Civil Militar 6 3 14 Total Civil 7 9 6 Total 13 12 20 Fonte: elaborado pela autora Com intuito de conhecer o grau de envolvimento dos oficiais alunos com o ato de vacinar-se, foram realizadas algumas indagações no instrumento de coleta de dados. Ao serem questionados se lembravam do período em que foi realizada a vacinação, 90% dos alunos responderam afirmativamente. No entanto, destes apenas 40% souberam informar corretamente o momento que foi realizado o evento. Este dado expõe certa incoerência entre dados que se completam, podendo caracterizar a falta de uma ação educativa que permita o engrandecimento cultural do público estudado. Quando questionados se a vacinação ocorreu em momento oportuno, 54 % respondeu positivamente, o que revela o pouco conhecimento sobre o assunto, uma vez que a vacinação foi realizada após o acampamento do 19º BC. E uma semana antes do estágio na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). De acordo com o referenciado pelo Ministério da Saúde, o tempo foi insuficiente para o desenvolvimento de uma resposta imunológica eficaz contra os agentes causadores das doenças imunopreveníveis. De acordo com os dados, todos os alunos disseram reconhecer a importância das vacinas como medida de segurança para o desenvolvimento de atividades práticas durante o curso de formação. No entanto, fica claro que tal afirmação não encontra ressonância com os dados apresentados durante o percurso desta análise. O que se observa é a falta de conhecimento dos alunos com a temática abordada, levando a uma cobertura vacinal deficiente e um abismo entre a “fala” e a ação dos oficias alunos. A elevação do grau de saúde do indivíduo depende, indiscutivelmente, de sua capacidade de entender o grau de importância dos cuidados e das precauções que deve tomar durante a execução das atividades diárias. A divulgação da informação por si só não é garantia de elevação da cobertura vacinal. Para que isso ocorra, é necessária a conscientização do indivíduo. Conscientização é o processo de fazer com que o indivíduo conheça os seus direitos e deveres, praticando-os em sua plenitude (SILVA, 1996); somente desta forma, os alunos estarão realmente envolvidos e comprometidos com o processo. 5 CONCLUSÃO Os resultados deste estudo tornam evidentes as vulnerabilidades da maioria dos alunos do CFO/QC para algumas doenças imunopreveníveis. Esta afirmação pode ser constatada pela baixa cobertura vacinal dos alunos. Quando se considera que as vacinas dT, hepatite B e dupla viral são oferecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para todos os brasileiros, sejam civis ou militares, e que também são listadas como obrigatórias pelo Exército Brasileiro, espera-se que todos os alunos de origem militar estejam vacinados. No entanto, esta hipótese foi refutada. Observa-se que o esquema vacinal destes alunos está incompleto. A vacina contra febre amarela foi exceção à regra, uma vez que a maioria dos alunos encontrava-se vacinada contra esta doença, provavelmente pela divulgação na mídia de casos da doença entre a população não vacinada em áreas endêmicas. Considerando a proximidade da escola a estas áreas, os candidatos foram motivados a se vacinarem antes de iniciar o curso. Como apresentado na análise dos dados, evidenciou-se que, em mais de 80% dos casos, não houve averiguação da carteira de vacinação dos candidatos durante a Inspeção de Saúde na Guarnição de Origem e/ou na EsAEx. Suscita-se o pouco interesse pela temática pelos avaliadores e a não obrigatoriedade da apresentação do comprovante de vacinação pelos candidatos. Isso acarretando a perda de um momento propício para orientar os candidatos sobre a importância da vacinação como forma de se resguardar contra doenças passíveis de imunização e que podem ser contraídas durante as atividades práticas exercidas durante o curso de formação, principalmente àquelas desenvolvidas por ocasião dos acampamentos. Na tentativa de salvaguardar os candidatos, foi realizada uma vacinação em todos os alunos que não tinham como comprovar vacinação anterior contra difteria e tétano, dupla viral, hepatite B e febre amarela. Entretanto, a imunização não foi realizada em momento oportuno, já que ocorreu após uma atividade militar de cunho prático (exercício no terreno na área do 19º Batalhão de Caçadores). Os alunos reconhecem a importância da vacinação como medida de segurança para o desenvolvimento das atividades práticas do curso de formação. No entanto, não existe uma relação entre o discurso e a ação, o que evidencia a falta de conscientização dos alunos para que os mesmos possam tomar as decisões mais corretas, aumentando a cobertura vacinal. Os resultados deste estudo fortalecem a premissa que a Inspeção de Saúde é um delimitador importante para adoção de medidas pró-ativas, onde se pode identificar os alunos que possuem esquema vacinal incompleto e programar a vacinação como medida profilática obrigatória na prática militar. Espera-se que haja uma modificação da condução da Inspeção de Saúde, tornando-se obrigatória a apresentação da carteira de vacinação ou registro equivalente pelos candidatos e a orientação da vacinação ao candidato pela equipe de saúde, visando à realização da vacinação antes do início do curso, a fim de garantir tempo hábil para completar o esquema vacinal e propiciar resposta imunológica adequada aos agentes patogênicos preveníveis. Além disso, seria de grande valia a implementação da cobertura vacinal como indicador de saúde, integrando o Sistema de Excelência Gerencial de todas as OM. REFERÊNCIAS ABBAS, A. K., LICHTMAN, A. H. Imunologia celular e molecular. 5. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, 4.reimp. AGÊNCIA BRASILEIRA. Número de idosos vacinados contra a gripe supera meta de campanha. Jornal Correio do Brasil, 30 de agosto 2008. Disponível em: <http://correiodobrasil.ig.com.br/noticia.asp?c=141523.htm>. Acesso em: 8 set. 2008. ALCÂNTARA, C. C. S. de et al. 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