( ÍNDICE VOUJME58· " SE~1INA.RlO CONCÓRDIA Diretor Paulo Moisés Nerbas Professores Acir Raymann, Ely Prieto, Gerson Luís Linden, Leopoldo Heimann, Norherto Heine (CAAPP), Orlando N. Ott, Paulo Gerhard Pietzsch, Paulo Moisés Nerhas, Vilson Scholz. Professores emédtos Amaldo J. Schrnidt, Donaldo Schueler, Johannes ti. Rottmann, Martim C. Warth ii.;nEJA. ~.•••• fi_ ~_ ~~ LU~T~RANA _••• FÓRUM Trapalhadas em final de séculc AcruzdaIELB . ARTIGOS Sugestão de método para esn.:ic.: Vílson Scholz . ISSN 0103-779X Revista semestral de Teologia publicada em junho a novembro pela Faculdade de Teologia do Seminário Concórdia, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. "Pericopite" Acir Raymann (editor), Vilson Scholz Assistência Administrativa Rafael Juliano Nerbas e Or!,_~··:.:' Elementos Janisse M. Schindler de umaeclesio1cgi::: Igreja e sacramentos A Revista Igreja Luterana está indexada em Bibliografia Bíblica Latino-Americana - Old Testament Abstracts . Os originais dos artigos serão devolvidos '\ 'Ne request exchange " '::i~rbitten Austaus~ I / Correspondência Rev'..staIGREJALUTERANA Seminário Concórdia Caixa Postal 202 93.00 1-970 - São Leopoldo, RS ~- .c-",:: em \Volr,.:::-- Manfred Krespsky Zeuch ..... AUXÍLIOS HOMILÉTICOS ., DEVOÇÕES ".,' de envelope com endereço e selado. / ~ Solicita-se permuta - I . Considerações da ética cristã qc:.c...:-:::; técnica de reprodução humana 2.2:.: Conselho Editorial quando acompanhados i_ e sua cura: análisõ' Vílson Scholz . ~:-.-- ÍNDICE IGREJA LUTERANA 58 - NOVEMBRO 1999 - NÚMERO 2 VOLUME ?ietzsch, FÓRUM Trapalhadas em final de século A cruz da IELB o ••••• o o •••• o •••••••••• o •• o •••••• o 149 151 ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• ARTIGOS Sugestão de método para estudar as parábolas Vílson Scholz ubro pela .angélica .~J.o "Pericopite" o o ••••••••• o 153 •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• e sua cura: análise da narrativa Vílson Scholz .... o 161 •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Brasil. Considerações da ética cristã quanto ao uso da fertilização técnica de reprodução humana in vitro como assistida Rafael Juliano Nerbas e Orlando Nestor Ou 167 Elementos de uma ec1esiologia luterana contemporânea: Igreja e sacramentos em Wolfhart Pannenberg :::'U[ICa Manfred Krespsky Zeuch 181 AUXÍLIOS HOMILÉTICOS 202 DEVOÇÕES 296 147 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 fÓRUM TRAPALHADAS EM FINAL DE SÉCULO 1999 foi um ano de muitas trapalhadas entre os "profetas" da destruição. Houve quem anunciasse a destruição de Paris, com milhões de mortos em uma catástrofe nuclear. Até em fim do mundo se falou. Talvez estes movimentos escatológicos, próprios de um final de século e milênio (independente da questão se o milênio de fato começa em 2000 ou 2001), poderiam ser vistos com uma visão positiva. Afinal, permitiram um campo para anúncio da visão bíblica sobre o fim. No entanto, há aspectos preocupantes para os quais, penso, deveríamos estar atentos, como pastores e líderes na Igreja. o que acontecerá diante da frustração havida ante as falsas profecias? Impossível responder com segurança. Já houve, na história não tão distante, situações em que falsas profecias sobre as coisas do fim serviram para, com certas adaptações, institucionalizar o erro. Exemplo 1- as expectativas geradas pelos discursos de William Miller, que calculou a vinda de Jesus para 22 de outubro de 1844. Seu erro acabou sendo reinterpretado, viabilizando o início do Adventismo do Sétimo Dia. Exemplo 2- semelhante ao anterior, agora com Charles T. Russel, que anunciou o fim do mundo para 1914. Apesar do engano, vem dele a seita "Testemunhas de Jeová." Falsas profecias podem, quem sabe, seguir o roteiro destas citadas e gerar novos grupos escatológicos, a engrossar as fileiras dos já existentes. Segundo o Instituto Millennium Watch, que pesquisa os fanáticos milenaristas, há cerca de 1200 "profetas" nos Estados Unidos, declarando serem Cristo. (Revista Isto É 04/08/ 99, p. 110) Outra reação possível diante da falta do cumprimento das "profecias" citadas é a conclusão, pelo mundo, de que a mensagem dos religiosos é engano e superstição. Esta seria uma generalização ampla, para o que deveria ser aplicado aos milenaristas. Para alguns pode parecer que os "cristãos" estão por aí, com Bíblias debaixo do braço, anunciando catástrofes, que falham! É muito fácil, para o mundo, colocar os religiosos no mesmo bolo. O antropólogo Ari Pedro Oro, da Universidade Federal do RS, faz a análise: "Quando as sociedades parecem ter chegado a uma encruzilhada, é comum a população olhar para o céu esperando que um fato sobrenatural substitua este mundo por um melhor." (Zero Hora 08/08/99,p.36) Faz-se necessária uma contínua e profunda ênfase no ensino bíblico da Escatologia, e seu testemunho fiel ao mundo. A IELB dedicou boa parte do tempo de suas atividades nacionais e regionais em 1999 para o estudo das coisas do fim. 149 Igreja Luterana - N° 2 . 1999 É preciso manter o ensino equilibrado, sóbrio e claro da Escritura sobre este assunto cativante e tantas vezes abordado com sensacionalismo. Sem negar a realidade da Lei, que anuncia condenação aos descrentes, é preciso continuar enfatizando a centralidade do Evangelho, também no ensino da Escatologia. Afinal, a Lei é anunciada para que haja arrependimento e, pelo Evangelho, salvação. Corno Igreja, não estamos aí simplesmente esperando um fim, mas a revelação plena do reino do Senhor Jesus Cristo, o que aguardamos com alegria e esperança. Escatologia é mensagem de esperança e consolo. "As quatro atividades da inumerável companhia dos salvos, nas celebradas palavras finais de A Cidade de Deus [de Agostinho] recapitulam temas centrais na escatologia bíblica. "Paz" descreve o repouso perfeito em Deus daqueles que no tempo terreno foram justificados por graça, por causa de Cristo, mediante a fé. "Visão" denota o cumprimento do intelecto humano no seu observar a verdade, que é o próprio Deus. "Amor" que brota de Deus, para encher Seu povo, e voltar a Ele, satisfaz o coração e a vontade de homens e mulheres, feitos para a comunhão pessoal com seu Criador e uns com os outros. "Louvor" é tanto a resposta da criatura à misericórdia divina, que de boa vontade rende a Deus o que é dele, como também a voz de Cristo em nós, falando ao Pai ..... O antigo testemunho do bispo de Hipona, no 5° século, permanece atual até hoje, visto que o mistério de Deus em Cristo é e permanecerá eterna fonte de vida: Lá nós teremos paz e veremos; veremos e amaremos; amaremos e louvaremos. Vede o que será no fim, que não tem fim! Pois qual é o nosso fim, senão chegar àquele reino que não tem fim?" (JohnR. Stephenson, EscathoZogy - ConfessionaZ Lutheran Dogmatics - voZ. XIII, editor: Robert D. Preus, Fort Wayne, The Luther Academy, 1993, Como anda a cruz da lEI..:: - por esse vasto território "iel- ~ andei refletindo sobre ela e '--_:-' leitores alguns pensament.:, Esta logomarca já está ~: se avaliar a sua validade:',: ~.~ 1991) aprovou a "Cruz da lEI..:: Convenção Nacional (1986 cação fácil para as congre;~, - . lançamento, ficou claro c c.:: IELB é própria para utiliz::, ~. :néis (placas de identificaç':' sageiro Luterano, julho de _c ~. p.132,3). Já se passaram quase ée: _ vários tamanhos e nos m~> Gerson Luis Linden explicação: "L" para Lute:.:.: veja outras explicações p:-.:. c Lutero! A cri atividade é gr.:.~._, explicações. Mas qual é o ponto? A '--:.._ que sim. Hoje essa logoma:- '--c : (e ainda ajuda) na divulgaç::'_ Para explicar o meu p:~.:: mencionei que a cruz da lEI..:: variados e inusitados lugc:' Tenho observado que '.: C'-c seu primeiro propósito - i,jetem sido grande. Já se pode : paramentos do altar e do da Santa Ceia. Quem sabe ,e :: IELB = "litúrgico"? 150 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 . - ::::'::1 tura sobre este assunto negar a realidade da :ontinuar enfatizando a .~::l.Afinal, a Lei é anunci.. ação. Como Igreja, não c :; ia plena do reino do Se: c: :',ça . 3cffi .-\5 quatro atividades da -::s finais de A Cidade de ,::iogia bíblica. "Paz" des- - : terreno foram justifica~,-" denota o cumprimento ::5prio Deus. "Amor" que .,,:'az o coração e a vontade ::m seu Criador e uns com - c::.::órdia divina, que de boa , -j;;: Cristo em nós, falando - '~ século, permanece atual : o-:nanecerá eterna fonte de _'0::'105; amaremos e louvare__:, o nosso fim, senão chegar c - Confessional Lutheran The Luther Academy, 1993, Gerson Luis Linden A CRUZ DA IElB Como anda a cruz daIELB? Pelo visto ela anda bem, obrigado! Basta andarmos por esse vasto território "ielbiano" para constatarmos essa verdade. Pois esses dias andei refletindo sobre ela e quero aproveitar esse espaço para partilhar com os leitores alguns pensamentos. Esta logomarca já está conosco desde 1991. Creio que é um tempo razoável para se avaliar a sua validade ou não. Quando o Conselho Diretor (23-26 de maio de 1991) aprovou a "Cruz daIELB", estava na verdade cumprindo uma resolução da 50" Convenção Nacional (1986), a qual havia determinado que se criasse uma identificação fácil para as congregações da Igreja Evangélica Luterana do Brasil. No seu lançamento, ficou claro o que significava essa identificação fácil. A logomarca da IELB é própria para utilização em papelaria (papel ofício, envelopes, cartões), painéis (placas de identificação, out-doors), trabalhos em escultura e outros (cf. Mensageiro Luterano, julho de 1991, p.5). Já se passaram quase dez anos, e a cruz da IELB está aí. Podemos vê-Ia em vários tamanhos e nos mais variados e inusitados lugares. Além da tradicional explicação: "L" para Luterana e o "B" estilizado, sugerindo do Brasil. Já há quem veja outras explicações para a mesma. O "1" para Igreja e o "M e L" de Martinho Lutero! A cri atividade é grande e certamente seremos surpreendidos com outras explicações. Mas qual é o ponto? A cruz da IELB não cumpriu o seu papel? Sim. Certamente que sim. Hoje essa logomarca é sinônimo de IELB. Ninguém duvida que ela ajudou (e ainda ajuda) na divulgação do nome da igreja e também na sua identificação. Para explicar o meu ponto, quero retomar uma frase colocada acima, quando mencionei que a cruz da IELB pode ser vista "em vários tamanhos e nos mais variados e inusitados lugares". Tenho observado que no afã de se utilizar a cruz da IELB, se perdeu de vista o seu primeiro propósito - identificar a instituição. E nesse particular, a cri atividade tem sido grande. Já se pode ver a "cruz da IELB" encimando altares de igrejas, nos paramentos do altar e do púlpito, em estolas pastorais e até gravadas em utensílios da Santa Ceia. Quem sabe se tenha dado um novo significado ao "L" da cruz da IELB = "litúrgico"? 151 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Aqui há que se fazer uma distinção. A logomarca da IELB é um símbolo da instituição. Seu papel é identificar e divulgar a denominação. É uma cruz, é verdade, mas é uma marca de identificação da IELB. Isso não quer dizer que ela não pode estar presente nos templos da IELB (especialmente nos cartazes de divulgação das ênfases anuais da igreja), mas jamais deveria tomar o lugar do crucifixo! e dos símbolos Iitúrgicos da igreja cristã, os quais são universais e pertencem à Igreja de todos os tempos e épocas. Vinculado a isso, gostaria ainda de chamar atenção para os destaques e ênfases anuais daIELB. A cada ano a igreja propõe uma temática, e sugere que a mesma seja estudada nos grupos do PEM, nos estudos bíblicos e utilizada como tema de sermões dominicais. Aqui há que se cuidar para que o texto do Domingo não se torne um pretexto para se falar do destaque do ano. Cada texto proposto pela Série Trienal tem o seu próprio destaque, bem como de resto todo o domingo do Ano Eclesiástico. A série de leituras foi elaborada com muito cuidado, pois não busca somente o interrelacionamento dos textos, mas procura refletir todo o desígnio de Deus (Atos 20.27) e quer manter um ano Iitúrgico Cristocêntrico. Não quero dizer com isso que os destaques anuais da IELB não devam ser estudados ou mesmo anunciados do púlpito. Neste caso, o bom senso deve imperar. Quando o texto do domingo oportunizar pregar sobre referido destaque, que assim seja feito. Agindo assim, o "Cristo para Todos" (e os destaques anuais) certamente não irá soar apenas como um lema ielbiano, mas com certeza como um lema bíblico e altamente relevante. A cruz da IELB está aí. E parece que veio para ficar. O seu valor, ninguém questiona. O que se espera é que ela seja de fato utilizada para o fim a que foi destinada - identificar a IELB! Tendo dito isso, espero ter contribuído para que seu uso na IELB seja feito de forma adequada e coerente, bem como seu lema e destaques anuars. ARTIGOS SUGESfÀC ESTUDAJ Nenhum método, nem m~o-::-quada compreensão de um l~ -= hermenêutica ou exegese a;:,:,oc- procura entender um texto. princípios é este: a gente r:~: contrário, a gente segue os rr teórico da hermenêutica, o 0_ - ~intepretativo, existe uma t.;;~,·~__ - = receptor ou intérprete, expIe .. A sugestão de método q_~ :, se, entender as parábolas. ?::. e ainda assim ficar sem ent:,,": _cA estrutura do método co'':' :-_ I. G?~~ ElyPrieto 1. Segmentação do DisClU' diferentes edições da E::- Títulos em Bíblias tcr..:.~Ia. Por outro lado, os tf,'.:: _c - o mais importante ornamento do altar é o crucifixo. O crucifixo enfatiza a humanação de Cristo e seu sacrifício perdoador. Uma cruz lisa e vazia carece dessa ênfase. Todavia há quem afirme que a cruz vazia representa a ressurreição. Particularmente, creio que a cruz vazia apenas lembra que Cristo foi tirado dela - ainda morto I Se queremos falar de símbolo da ressurreição, teremos que inevitavelmente apontar para a tumba vazia (Cf. Lc 24.1-12). Em contraposição àqueles que querem ver um Cristo espiritualizado, a Igreja Luterana crê e confessa que "à parte desse homem não há Deus" (PC, DS - Da Pessoa de Cristo, Vll1, 81). Sendo assim, o crucifixo pode tornar-se matéria confessional. A tradição luterana prefere o crucifixo à cruz vazia. Todavia, é possível utilizar o crucifixo em cima do altar e a cruz (vazia) por detrás da mesa-fixa ou suspensa. 152 DI: Vilson Scholz é Professor de Te.ologi" ,.. Tradução da Sociedcld" = 1 Lonergan, 2 Method I!: :;própria. Lategan, "Hermeneut:~: -, Horízons: Part 1 . Pc.:. Papers, Number 8. p :: - Igreja Luterana - N" 2 - 1999 ~~ =ELB é um símbolo da É uma cruz, é verdade, c dizer que ela não pode _:,::a.zes de divulgação das _<;ar do crucifixo I e dos _, e pertencem à Igreja de ARTIGOS SUGESTÃO DE MÉTODO PARA ESTUDAR AS PARÁBOLAS ~:-:los destaques e ênfases __ e sugere que a mesma seja _:,lZada como tema de serDomingo não se torne :::oposto pela Série Trienal _::"1Íngo do Ano Eclesiásti::<)isnão busca somente o :: JO _ J desígnio de Deus (Atos '_- quero dizer com isso que ::u mesmo anunciados do ::--do o texto do domingo feito. Agindo assim, o :cão irá soar apenas como e altamente relevante. ;e-a O seu valor, ninguém :::lda para o fim a que foi c":ontribuído para que seu - e:::,como seu lema e desta- Vílson Scholz Estudo apresentado no Oitavo Simpósio Teológico do Concordia Seminary, St. Louis, USA, em maio de 1998. Nenhum método, nem mesmo o mais abrangente e complexo, pode garantir a adequada compreensão de um texto. Bernard J. F. Lonergan explica que "princípios de hermenêutica ou exegese apresentam os tópicos que vale a pena considerar quando se procura entender um texto. (...) No entanto, o ponto fundamental acerca de todos esses princípios é este: a gente não entende o texto porque seguiu os princípios, mas, ao contrário, a gente segue os princípios para chegar à compreensão do texto. 1" Outro teórico da hennenêutica, o sul-africano Bernard C. Lategan, explica que, no processo intepretativo, existe uma tensão entre o dinâmico e o estático. Do ponto de vista do receptor ou intérprete, explicar é o aspecto estático; entender, o dinâmic02. - _ :el'. A sugestão de método- que segue quer ajudar o leitor a explicar e, assim esperase, entender as parábolas. Mas fica o aviso que é possível seguir todos os passos e ainda assim ficar sem entender. A estrutura do método está baseada no trivium medieval: gramática, lógica, retórica_ ElyPrieto I. GRAMÁTICA(: Texto) 1. Segmentação do Discurso (Os contornos da perícope no LeGionário e em diferentes edições da Bt'blia.) Títulos em Bíblias tendem a revelar como os tradutores e editores lêem a parábola. Por outro lado, os títulos formam uma moldura interpretativa. Exemplo: Lucas --'.\J enfatiza a humanação de ~"ssa énfase.Todavia há quem é~;--,ente, creio que a cruz vazia : - ~ueremos falar de símbolo da _~-~} vazia (Cr Lc 24.1-12). Em ___cada, a Igreja Luterana crê e - ::Ja Pessoa de Cristo, V1I1, 81). A tradição Iuterana prefere o __. :::(-] em cima do altar e a cruz Dr. Vilson Scholz é professor de exegese do Novo Testamento no Seminário Concórdia, Professor de Teologia na Universidade Luterana do Brasil e membro da Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica do Brasil I Lonergan, Method in Theology. New York: Herder and Herder, 1972, p_ 159. Tradução própria. 2 Lategan, "Hermeneutics: Discovering the Dynamics of the Text", Expanding Homiletical Horizons: Part 1 - Reaching into the Text. Concordia Seminary Publications. Symposiul11 Papers, Number 8, p. 33-34. 153 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 15.11-32 seria "O Filho Pródigo" (ARA), "O Pai Amoroso" (J. Jeremias), "O Pai Compassivo e o Irmão Irado" (Peter R. Jones), "Dois Filhos" (Contemporary English Version), ou "Uma Família Desajustada e seus Vizinhos" (Richard L. Rohrbaugh)? Poderia ser tudo isso ao mesmo tempo? Outra questão: Será que tanto Mt 18.10-14 quanto Lc 15.1-7 são "A Parábola da Ovelha Perdida", como aparece no The Greek New Testament?, ou seria Mt 18 muito mais "A Parábola da Ovelha Desgarrada"? 2. Crítica Textual (Podemos até concordar com os editores do texto grego, mas temos o direito de saber que opções eles tinham.) Aqui o exegeta se pergunta: Que "versão" está sendo lida como texto? Existe alguma variante? O que explica o surgimento da( s) variante(s)? Faz alguma diferença? Mesmo que não se esteja disposto ou capacitado a discordar dos editores do texto grego, o exame das variantes textuais ajuda pelo menos a perceber o que é inusitado ou difícil, o que incomodou os leitores do texto no passado. No entanto, a questão fundamental é sempre esta: Que diferença faz? Como seria o texto se adotássemos a variante? É claro que, se o exegeta não consegue ver a diferença entre texto e variante, terá de suprimir este passo. 3. Textura (A parábola como obra de arte ou vitral.) "Textura" e "texto" têm muito em comum, a começar pela mesma raiz latina. Um texto é uma seleção de signos lingüísticos, que são tecidos ou entrelaçados numa teia ou rede de relações. Aqui, pois, cabe ver o padrão que resulta da combinação dos diferentes elementos ou signos. Infelizmente, no passado as parábolas foram vistas antes de tudo como janelas através das quais se pode enxergar algo diferente, seja o conceito "reino de Deus", seja a pregação do assim-chamado Jesus histórico, seja o contexto eclesiástico do evangelista. Em tempos recentes, no entanto, depois do que Bernard C. Lategan chama de "Onda Estruturalista", as parábolas passaram a ser vistas como vitrais que têm sua beleza própria. Atentar para a textura do texto, contemplar a beleza do vitral, implica evitar a atitude do tipo "eu já sei o sentido, por que me preocupar com os detalhes da parábola?". Cumpre perguntar: Em que sentido este texto é singular ou único? Nunca é demais atentar para termos raros, conexões, padrões que surgem, etc. Aqui também cabe ir das partes para o todo, e voltar do todo para as partes. Igualmente interessante é observar o "tempo" ou aspecto verbal. As parábolas são narrativas que têm um "tempo" ou aspecto verbal básico, geralmente aoristo ou presente. Qualquer alteração no "tempo" ou aspecto, como, por exemplo, a passagem do aoristo para o presente, pode ser significativa em termos de confirmação do "ponto" da parábola. Aliás, em estudos recentes sobre o aspecto verbal da língua grega passou-se a falar em "planos de discurso". Seriam três planos: "pano-de-fundo" (Background), "realce" (Foreground), e "destaque" (Frontground).3 O "pano-de- fundo" é o aspecto prirr:i.-: presente serve para dar "'c .'.'.. dar "destaque". Exemp li:-::. c ça no aspecto presente.:'. :'e:. "tinha"). No v. 7, passa-s:-" '. respondendo diz (ÀÉYEL :2::"':':- _ traduzido por "disse". A;::.:: _ :-.:.c~ ao que é dito. Em outras f':':' parece ser confirmado cautela, para não querer e".::' =. ria ser baseada unicame:,::- -. "interpretações do aspe::: claramente apoiadas pele::--:: Outra coisa que se ped-: -:..- . to se sabe, foi formulada v- >.': - _prefiram o termo "extra' . .:.;:..-_ a) Exagero ou hipérbole: t ::: --:-contraste para apresentar " :.. vencionais. Huffman con::'. :_:para revelar que a vinda c.: -:4. Gênero ou Forma Uri?!'â~= _ É sabido que oNovo T:,:,.=--:-:--: sentido amplo ou genéri:: .. : . os (Lc 4.23), ditos sapienci.::: embora íTapaf3oÀ~ apare~c. :significa que existem 50 parábolas não aparecem id-::.:- _ Ao se querer defini: f:' Aristóteles (Topica, VIII. ~ _:-: _:- : formuladas. James W. Yc':-.c não-literais destinadas a e:.' definição, "história temer::. :. colocá-Ia de ponta cabe;::: teITena". Isto é assim pCl':_= antes, e só então se formul:e..: mação" da história terrena ~.~. 4 5 fi J Stanley E. Porter, ldioms of the Greek New Testament, Sheffield Academic 154 Press, 1996, p. 23. 7 Silva, Explorations in E:'."l. Book House, 1996, p. 7'; Norrnan Huffrnan, "Atypl~": ;=,: 97 (1978), 207-220. Paul Ricoeur, "Biblical :-:'o~~-, James W. Voelz, Whar D.,,: :- _ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 , ., (1. Jeremias), "O Pai : s" (Contemporary English Rohrbaugh)? Richard ~~~áque tanto Mt 18.10-14 : : mo aparece no The Greek ,~ da Ovelha Desgarrada"? L , ,'i:tores do texto grego, mas ,C:.::: lida como texto? Existe ::I~(S)? Faz alguma diferen_ . .:.discordar dos editores do ',lenos a perceber o que é I.I no passado. No entanto, ,_ :::7.: Como seria o texto se = 'consegue ver a diferença fundo" é o aspecto primário, que tende a ser expresso pelo aoristo. A inserção de um presente serve para dar "realce". Já o perfeito, por ser menos freqüente, é usado para dar "destaque". Exemplifiquemos com a Figueira Estéril (Lc 13.6-9). A história começa no aspecto presente, ou seja, dois imperfeitos no v. 6 (fAEYEV, "dizia", e EIXElJ, "tinha"). No v. 7, passa-se para o aoristo (EL-1TflJ, "disse"). A surpresa vem no v. 8: "E respondendo diz (AÉYEL) para ele n." Este "diz" cert<l111enteé um presente histórico, traduzido por "disse". Agora, a passagem do aoristo ao presente ajuda a dar "realce" ao que é dito. Em outras palavras, o clímax ou ponto da parábola está no v.8, o que parece ser confirmado pelo contexto e pelo "conteúdo" da parábola. Aliás, é preciso cautela, para não querer extrair demais do aspecto verbal. Nenhuma conclusão deveria ser baseada unicamente no aspecto verbal. Moisés Silva nos lembra de que "interpretações do aspecto verbal têm pouco ou nenhum valor a menos que sejam claramente apoiadas pelo contexto"4. Outra coisa que se pode fazer é notar elementos atípicos. Esta expressão, quanto se sabe, foi formulada por Norman A. Huffman5, embora outros, como Paul Ricoeur, prefiram o termo "extravagância"6. Huffman lista os seguintes elementos atípicos: a) Exagero ou hipérbole; b) elementos muito pouco freqüentes; c) uso de acentuado contraste para apresentar os dois lados de uma situação; d) conclusões não-convencionais. Huffman conclui que Jesus geralmente se vale desses elementosatípicos para revelar que a vinda do reino de Deus não é um fenômeno deste mundo . . _:: :ela mesma raiz latina. Um ',: Idos ou entrelaçados numa =: .:;ueresulta da combinação - - : J.ssado as parábolas foram _: ::de enxergar algo diferen:>sim-chamado Jesus histó:::- ::mpos recentes, no entanto, -, =s:ruturalista", as parábolas ::: ::ópria. . , ::: do vitral, implica evitar a :-:curar com os detalhes da , " I~XWé singular ou único? : :::::3es que surgem, etc. Aqui :: ?a~a as partes. :<~cto verbal. As parábolas -- .. : .:.sico,geralmente aoristo ou . :::::. por exemplo, a passagem :-::.:5 de confirmação do "pon:- :~cto verbal da língua grega _o; s planos: "pano-de-fundo" ::C::,ntground).3 O "pano-de- 4. Gênero ou Forma Literária (Como sabemos que é uma parábola?) É sabido que o Novo Testamento emprega o termo TTa:pa:f30À~ ("parábola") num sentido amplo ou genérico, incluindo não somente parábolas mas também provérbios (Lc 4.23), ditos sapienciais (Mc 7.15,17), e até símbolos (Hb 9.9; 11.19). Assim, embora TTa:pa:f30À~ apareça exatamente 50 vezes no Novo Testamento, isto não significa que existem 50 parábolas no sentido estrito do termo. Ademais, muitas parábolas não aparecem identificadas como "parábolas" . Ao se querer definir "parábola", quase somos levados a concordar com Aristóteles (Topica, VIII.5) de que definições são mais facilmente refutadas do que formuladas. James W. Voelz oferece a seguinte definição: "Parábolas são histórias não-literais destinadas a ensinar uma verdade ou lição"7 Que dizer da surrada definição, "história terrena com sentido celestial"? Não é má, embora seria melhor colocá-Ia de ponta cabeça: "uma mensagem celestial na forma de uma história terrena". Isto é assim porque o "sentido celestial", aquilo que se quer dizer, vem antes, e só então se formula a história terrena. Disso resulta, por vezes, uma "deformação" da história terrena, algo que acima foi descrito como "elementos atípicos". 4 5 6 -::old Academic Press, 1996, p. 23. 7 Silva, Explorations in Exegetical Method: Galatians as a Test Case, Grand Rapids, Baker Book House, 1996, p. 79. Norman Huffman, "Atypical Features in the Parables of Jesus", Journal of BibUcal Literature 97 (1978), 207-220. Paul Ricoeur, "Biblical Hermeneutics", Semeia 4 (1975), 114-118. James W. Voe1z, What Does This Mean? St. Louis, Concordia, 1997, p. 303. 155 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Existem, nos Evangelhos, três tipos de parábolas: "7TapapoAaL-símile" (em número de doze, segundo Madeleine Boucher8); "7TapapoA1XÍ-parábola" (em número (em número de quatro, de dezesseis, segundo Boucher); e "7TapapoAaí-ilustrações" todas em Lucas). Esta classificação remonta, no mínimo, a Adolf Jü1icher, cuja obra publicada em 1899 teve grande influência na interpretação das parábolas no século XX. Jülicher popularizou a diferença entre "Gleichnisse" (símiles), "Parabeln" (parábolas), e "Beispielerzahlungen" (ilustrações). Para Jülicher, o bom samaritano (Lc 10), o rico insensato (Lc 12), o rico e Lázaro (Lc 16), e o fariseu e o publicano (Lc 18) são ilustrações. Parábolas envolvem comparação entre dois planos ("o reino dc Deus é semelhante a ...."). Uma ilustração não envolve comparação, pois apenas excmplifica um princípio ou um valor (o amor ao próximo, por exemplo). As 7TapapoAaí-parábola, que são parábolas narrativas, tendem a seguir algumas das "leis" que norteiam narrativas populares: a. concisão; b. ponto de vista unitário; c. o caráter dos personagens é revelado pelo modo de agir (e não por meio de descrição); d. pouca ênfase nas emoções; e. ênfase nos personagens principais; f. não-revelação do que levou a determinado modo de agir; g. omissão de conclusões óbvias ou irrelevantes; h. linguagem concreta; i. discurso direto e monólogo; j. repetição; l. clímax no final. 5. Traduções (Não precisamos fazer de conta que o texto nunca foi traduzido.) Nenhuma tradução substitui o original, e raramente uma só tradução consegue reproduzir toda a beleza do texto. Por isso, quanto mais versões do texto se puder ler, melhor. n. LÓGICA (= História e Teologia) 6. Contexto Literário (Onde aparece a nossa parábola no contexto amplo da narrativa?) Este passo parece tão óbvio, mas não é. Em geral se ignora ou manipula o CJntexto literário. Procede-se corno se as parábolas tivessem vida independente, formando um "quinto evangelho". Para os críticos, então, o contexto é meramente redacional e precisa ser substituído pelo "contexto vivencial" (Sitz im Leben) original. Em anos recentes, no entanto, voltou-se a valorizar o contexto canônic09. Por que existe essa tendência de ignorar o contexto literário? Talvez porque essa moldura literária contribui significativamente para o seguinte dado estatístico: 75% das parábolas de Jesus aparecem interpretadas nos Evangelhos! Para propor interpretação diferente, é preciso em boa parte desprezar esse contexto. , Madeleine L Boucher, The Parables. Wilmington, Michael Glazier, 1983. v Um exemplo disso é o livro de John Drury, The Parables flI the Cospels (New York, Crossroad, 1989). Leva em conta o contexto literário, embora esteja por demais preocupado com a assim,chamada "crítica da redação" 156 Ao se levar o conte':': "histórias dentro da histÓ"c. Aí é preciso ver se existe, :~. narrativa menor) e do e\c.~.~:: parábola do Filho Pródi; atitude o filho mais velhc " = na narrativa maior, que o L:-.: .. .: o pai (que representa Je5,:; 7. Contexto Histórico f C-, . Uma parábola, por HEi, , não pode ser isolada de sc;,- , convencionou chamar de <:i:, Para este passo, graç CiS c.: -:: exemplo é o popularíssimc tamente nas informações de -.c.'_ = Aqui cabe perguntar se : .: _= tem algo a contribuir para.,. -., Ia tem algo a contribuir p2Ic. ' .: um exemplo típico. Consti,.> o valor relativo do denáric trabalhador do campo na Fc..::;. É preciso cautela par:: c.: Isto acontece particularme::::c ::" histórico-crítico, e se con ,_,: qual se enxerga o contex:e::.c. = Jesus. O mesmo vale paE., ::-.e através da parábola para e:.:.: acima (ou abaixo) do tex:e. ,c, -_ dor de vidraça", tornandc :, c :c .-.: Outro perigo é tentar ["<.:e reconstrução do contexto _ Baileyl! por vezes desrespe::c. : o texto deve moldar o mél'::. Joachim Jeremias, As Pc: . " Kenneth Bailey, A Poesi;; título: As Parábolas de '-. 10 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 .30ídxí-símile" (em nú.-::<lrábola" (em número _é' . i em número de quatro, .ê.dolfJü1icher, cuja obra :ias parábolas no século omiles), "Parabeln" (pa·.er.o bom samaritano (Lc -:..:-::'eue o publicano (Lc 18) - c J"is planos ("o reino de é ~zmparação, pois apenas ~Jr exemplo). .endem a seguir algumas _,ão; b. ponto de vista - :i,z,de agir (e não por meio -.'ê nos personagens pnnCl_:ic' de agir; g. omissão de - _~eta; i. discurso direto e ;f:rto nunca foi traduzido.) - 'é.;ma só tradução consegue versões do texto se puder o -.::0[" no contexto amplo da =c: .01 se ignora ou manipula o ',-essem vida independente, c:.':'.O. o contexto é meramente c-.::i,;\" (5itz im Leben) origiz=o~ o contexto canônicoY• :.:: literário? Talvez porque - :..::,J seguinte dado estatístico: -s Evangelhos! Para propor -'c zar esse contexto. - Glazier, 1983. Cospels (New York, Crossroad, por demais preocupado com a Ao se levar o contexto literário a sério, é bom lembrar que as parábolas são "histórias dentro da história", ou seja, nmTativas menores dentro da narrativa maior. Aí é preciso ver se existe conexão entre o enredo e os personagens da parábola (a nan'ativa menor) e do evangelho (a narrativa maior). Por exemplo, é sabido que a parábola do Filho Pródigo (Lc 15) termina em aberto, ou seja, não nos é dito que atitude o filho mais velho tomou. Já houve quem sugerisse, à luz do que acontece na narrativa maior, que o filho mais velho (que representa escribas e fariseus) matou o pai (que representa Jesus)! 7. Contexto Histórico e Cultural Uma parábola, por mais que se acentue a importância dos elementos textuais, não pode ser isolada de seu contexto cultural. Fazê-lo seria incorrer no que se convencionou chamar de "falácia poética". Para este passo, graças ao método histórico, não nos faltam recursos. Um exemplo é o popularíssimo livro de Joachim JeremiaslO, cujo valor maior reside exatamente nas informações de natureza histórico-cultural. Aqui cabe perguntar se o que se conhece do contexto, a partir de outras fontes, tem algo a contribuir para a nossa compreensão da parábola. Por outro, se a parábola tem algo a contribuir para o conhecimento do contexto cultural. Mateus 20.1-16 é um exemplo típico. Constitui-se, até prova em contrário, na única fonte para afirmar o valor relativo do denário (moeda romana de prata): era o salário pago por dia a um trabalhador do campo na Palestina do primeiro século. É preciso cautela para não se acabar fazendo o papel de "limpador de vidraças". Isto acontece particularmente em círculos onde se faz aplicação rigorosa do método histórico-crítico, e se considera a parábola como uma espécie de vidraça através da qual se enxerga o contexto da igreja do evangelista e/ou o contexto do ministério de Jesus. O mesmo vale para o método alegórico de interpretação, que também olha através da parábola para aquilo que supostamente Deus está dizendo por trás ou acima (ou abaixo) do texto. A função do intérprete, neste caso, é a de mero "limpador de vidraça", tornando a parábola mais transparente. Outro perigo é tentar rescrever a parábola e o contexto literário em nome de uma reconstrução do contexto cultural. Por exemplo, a "exegese oriental" de Kenneth Baileyll por vezes desrespeita o texto em nome do contexto cultural. Como sempre, o texto deve moldm' o método, e não o contrário. 10 11 Joachim Jeremias, As Parábolas de Jesus. São Paulo, Paulinas, 1977. Kenneth Bailey, A Poesia e o Camponês. São Paulo. Edições Vida Nova. título: As Parábolas de Lucas. Reeditado sob novo 157 Igreja Luterana . N° 2 • 1999 8. lntertextualidade (todo texto é, num certo sentido, afusão de textos anteriores.) Que textos estão refletidos ou ecoam na parábola? Em geral, a lista de passagens paralelas não é tão extensa assim, nem mesmo numa edição Nestle-Aland. Nem sempre todas as passagens pertinentes são citadas. Por exemplo, a parábola do semeador já foi descrita como "um midraxe de 1saías 55". No entanto, NestleAland não apresenta 1s 55.10-11 como paralelo. Também cabe perguntar se há algum "tema parabólico". Temas parabólicos são palavras ou conceitos que, por sua freqüência (no AT e nas parábolas), acabam virando tema. Rei, dono de casa, semeador, vinha, são exemplos de temas parabólicos. Outra questão a investigar é se a parábola pode ser descrita como parábola do Reino. Caso afirmativo, qual a relação? Não faltam estudos das parábolas em que se procura relacionar todas elas com o reino de Deus, mesmo aquelas em que tal conexão não é tornada explícita. Neste caso, algumas tratam da vinda do Reino agora, outras falam da consumação do Reino, outras falam do Deus do Reino, da graça do Reino, das pessoas do Reino, etc. Uma questão interessante, neste particular, é se devemos privilegiar o método dedutivo ou o indutivo. Em outras palavras, devemos formular uma teologia do reino a partir dos evangelhos como um todo e aplicar isto às parábolas (dedutivo), ou devemos partir das parábolas e entender o conceito de reino de Deus a partir delas? Talvez tenhamos que fazer as duas coisas. No entanto, a hermenêutica luterana, adotando o princípio de que as passagens mais claras (neste caso, nãofiguradas) devem iluminar as menos claras (no caso, as parábolas), dá preferência ao método dedutivo. Ainda neste passo, cabe fazer uma comparação sinótica (sempre que houver um paralelo em outro evangelho). No entanto, à luz da recente ênfase nos evangelhos como narrativas ("Narrative Criticism"), passou-se a preferir a leitura sintagmática (o lugar da parábola na narrativa maior) à leitura paradigmática (as semelhanças e diferenças da parábola em relação à versão paralela em outro sinótico). lU. 9. A Mensagem RETÓRICA (= Impacto Long12• Mais recente:T:~~~:é. ~. A imagem usada é :l d~ _ simplesmente reduzi~ :: ::_~~ninguém questionou:, é" quanto a que vamos j"'~~z.::.: b. Quantos pontos-de<ter? A maioria dos e5é'..'::: do, que a pergunta e<· :.: tertium ou ponto-de-:::-:~ coro com Adolf Jüliche: __é Aristóteles, insistiu n: _ questionado, passand:~se ~ ~:ponto. Craig L. Blombe:; .: - ~ ou ponto por person::;~ comparationisl4• Om::' ::.:z.::: pontos-de-comparaçfi:. -;afirmar que o método de ~:..".:era na verdade melhor d: .: problema de Agostinh: :~: do código errado. Nfi: fossem história da igre' :::.~ 10. O Propósito e o ImpCic coisas". ]ohn L. Austin Mais uma vez cabe f:lz~~ a. A quem Jesus se diri;~ b. Qual o propósito da Segundo Jacques Dut=.:~: truir pontes" que penE:::-, ~- _ rios para o ponto de í"is:: .: _ a cruzar a ponte, mas e-:: :::..:c. Por que, humanamen:e -:. d. Dá para saber como e5::::' .::: _ pelos Pais da igreja an:;_ - e Aplicação) da Parábola Aqui cabe fazer uma série de perguntas: Thomas G. Long, Prec,_" O termo latino tertium qcc: entre os dois outros: a :"i.cio comparação". 14 Craig L. Blomberg, lnter.15 Jacques Dupont, Por qZit 12 a. As parábolas transmitem uma mensagem, que precisa ser destilada das mesmas, ou seriam elas próprias a mensagem? Tradicionalmente se tem visto a parábola como trazendo uma mensagem. Neste caso ela pode ser comparada a um "código" ou "vasilha", para ficar com a terminologia empregada por Thomas G. 158 13 Igreja Luterana - N" 2 - 1999 .~fusão de textos anteriores.) , Em geral, a lista de passa,cuma edição Nestle-Aland. _':'~5 Por exemplo, a parábola -',:3555". No entanto, Nestle- - ' :::0". Temas parabólicos são -"~T e nas parábolas), acabam ; ~: exemplos de temas parabó- ,: '~r descrita como parábola do -, ~5tudos das parábolas em que :: , ~o. mesmo aquelas em que tal _'.2S tratam da vinda do Reino . _, :'.llam do Deus do Reino, da ., :~\emos privilegiar o método ,-:',::'S formular uma teologia do . .'::isto às parábolas (dedutivo), .~·:o de reino de Deus a partir ::\0 entanto, a hermenêutica , :-'eaisclaras (neste caso, não'. 2S parábolas), dá preferência :.,5tiea (sempre que houver um :~:ente ênfase nos evangelhos , :, C'referir a leitura sintagmática . :,,~digmática (as semelhanças e , :~:n outro sinótieo). Longl2. Mais recentemente se passou a enfatizar que a parábola é a mensagem. A imagem usada é a de uma "obra de arte". Posto em outros termos, pode-se simplesmente reduzir a parábola a uma "verdade central"? Por muito tempo ninguém questionou a legitimidade de tal procedimento, mas fica a pergunta quanto a que vamos pregar: a parábola oua verdade central da mesma? b. Quantos pontos-de-comparação (terÚa comparationis) pode uma parábola ter? A maioria dos estudiosos vai responder, quase que por reflexo condicionado, que a pergunta está mal formulada, pois uma parábola tem apenas um tertium ou ponto-de-comparação1J. Nisto, mesmo sem saber, estão fazendo coro com Adolf Jü1icher, que, opondo-se ao método alegórico e recolTendo a Aristóteles, insistiu no "um só ponto". Nos últimos anos também isto tem sido questionado, passando-se a admitir que uma parábola pode ter mais do que um ponto. Craig L. Blomberg, por exemplo, defende a tese de que existe um tertium ou ponto por personagem, o que geralmente resulta em três tertia comparationisl4. Outros argumentam que é impossível limitar o número de pontos-de-comparação, pois varia de parábola a parábola. Blomberg chega a afirmar que o método de Agostinho (i.e. alegórico, com pluralidade de pontos) era na verdade melhor do que o de Jü1icher (não-alegórico, com um só ponto). O problema de Agostinho foi decifrar detalhes que não são relevantes e valer-se do código eITado. Não raras vezes Agostinho explica as parábolas como se fossem história da igreja e teologia em código. 10. O Propósito e o Impacto da Parábola ("Palavras são usadas para fazer coisas", lohn L. Austin) Mais uma vez cabe fazer uma série de perguntas: a. A quem Jesus se dirige, aos discípulos, à multidão, ou a seus adversários? b. Qual o propósito da parábola, ou seja, que quer Jesus alcançar com a mesma') Segundo Jacques Dupontl5, Jesus contou parábolas com o intuito de "construir pontes" que permitissem a passagem do ponto-de-vista dos seus adversários para o ponto de vista que ele trazia. A parábola não era apenas um convite a cruzar a ponte, mas era a própria ponte . c. Por que, humanamente falando, esta parábola está na Bíblia? d. Dá para saber como esta parábola foi lida ao longo dos tempos, especialmente pelos Pais da igreja antiga? :.::cto e Aplicação) . - --::isa ser destilada das mesmas, ::,:mente se tem visto a parábola -:'2 pode ser comparada a um , , : ;:ia empregada por Thomas G. " Thomas G. Long, Preaching and lhe Lilerary Forms of lhe Bible, Fortress Press, 1989. 13 O termo latino lerriwn quer dizer "terceiro". Designa o terceiro elemento, que faz a ligação entre os dois outros: a imagem ou figura e o assunto de que se fala. Equivale a "ponto-decomparação" . 14 Craig L. Blomberg, Inlerpreling lhe Parables InterVarsity Press, 1990. 15 Jaeques Dupont, Por que parábolas? Petrópolis, Vozes, 1980. 159 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 e. A parábola teve alguma influência na formulação de alguma doutrina? Ainda se aplica o princípio theologia parabolica /10/1argume/1tativa est (que equivale a dizer que parábolas não podem ser usadas para fundamentar doutrinas)? O exemplo clássico neste caso é o uso que Agostinho fez da parábola do joio (Mt 13.24-30), em sua luta contra os donatistas. Segundo Agostinho, a parábola ensina que a igreja é um corpus mixtum, incluindo bons e maus. Acontece que a parábola deixa claro que o campo é o mundo, não a igreja! Outro exemplo é tirado de Craig Blomberg, que apela para Mt 20 como "uma das mais claras passagens didáticas da Escritura contra a noção de que existem graus de glória no CéUI6". Dum ponto-de-vista luterano, é questionável basear tal afirmação unicamente numa parábola. f. Que podemos aprender de nossos contemporâneos, especialmente outros pregadores? g. De que modo Deus nos fala nesta parábola em lei e evangelho? h. O que é "relevante" em nosso contexto (se é que nos cabe decidir o que é relevante) ? 1. Qual o contexto litúrgico da parábola? j. Como posso pregar o evangelho a partir desse texto? A última pergunta já nos encaminha para a homilética, que é a arte de pregar as parábolas. Mas isto é outro departamento. Igrejas cristãs, em eSf'e::~ _ seus cultos, correm o risc.~·éc : apenas perícopes ou pcqc:e-.l- _ todo. Currículos de esccl:e -. mal. Um certo número de :..,:~:que vida própria. As h;,,~ salvação (que é narrativa e'se estudar o Bom Sam3r:::::-. levar em conta que, em Lc.: •.• efeito dessa justaposição e _ ~próximo (Bom Samaritan: Uma outra maneira deie:,::-c para tomar emprestado um: narrativa, mas por diversas :-2.2 -'0 dc verdades teológicas qc:e:=-:-e:: Método Dogmático, de tamento, o Método Hist6:-:: - < XVIII, não representou "é'~:.. :-:'-lidos em seus próprios te~: para a reconstrução do (,'::-':0 texto tende a ser visto:::' pode contemplar uma 1'e::::::_:.o Mais recentemente. _ -: Unidos, o que se conh~:. -_~ palavra "crítica" soa pc:- :.~se da leitura das nalTat:·..c, ~- 16 160 Craig L. Blomberg, 1997, p. 302. Df: Vilson Scho/z é p!'c"o Jeslls and lhe Cospe/s. Nashville. Broadman and Holman Publishers, Professor de Teolog'.~ Tradução da Socied:;:='êE Igreja Luterana - N° 2 - 1999 ~~ :.lzuma doutrina? Ainda se .,.'itCltiva est (que equivale a ..:1damentar doutrinas)? O , ='ez da parábola do joio (Mt , ,; .,:~doAgostinho, a parábola , =='nse maus. Acontece que , ~ = 3. igreja! Outro exemplo é : Jmo "uma das mais claras =~:;ue existem graus de glória ., 'nável basear tal afirmação "PERICOPITE" E SUA CURA.: ANÁLISE DA NARRATIVA VílsOI1Scholz s. especialmente outros preevangelho? ~ :·.:.e nos cabe decidir o que é ~: ·e ~ ,~tQ? .~:ica, que é a arte de pregar as Igrejas cristãs, em especial aquelas que adotam um sistema de perícopes em seus cultos, COlTemo risco de sofrer de "pericopite". Este mal consiste em enxergar apenas perícopes ou pequenas unidades, sem levar em conta a nalTativa como um todo. CUlTículos de escola bíblica ou escola dominical são acometidos do mesmo mal. Um certo número de histórias bíblicas, tiradas de seu contexto, assumem como que vida própria. As histórias são removidas do contexto maior da história da salvação (que é narrativa) e podem facilmente ser moralizadas. Por exemplo, podese estudar o Bom Samaritano num dia e a história de Marta e Maria noutro, sem se levar em conta que, em Lueas, a segunda aparece imediatamente após a primeira. O efeito dessa justaposição é algo que valeria a pena explorar em termos de amor ao próximo (Bom Samaritano) e amor a Deus (Marta e Maria). Uma outra maneira de descrever a situação é falar do eclipse da narrati va bíblica, para tomar emprestado uma expressão de Hans Frei. A Bíblia é essencialmente narrativa, mas por diversas razões, foi, por muito tempo, vista apenas como repositório de verdades teológicas que precisam ser extraídas, interpretadas e aplicadas. Se o Método Dogmático, de longa tradição na igreja, tem culpa no cartório neste departamento, o Método Histórico-Crítico, que é filho do Iluminismo e surgiu no século XVIII. não representou nenhum progresso. Também aqui os textos bíblicos não são lidos em seus próprios termos. Ao contrário, são vistos primariamente como fontes para a reconstrução do contexto do autor ou do contexto dos leitores originais. O texto tende a ser visto como meio para outro fim, como janela através da qual se pode contemplar uma realidade diferente da realidade do próprio texto. Mais recentemente, a partir de meados da década de 70, surgiu, nos Estados Unidos, o que se conhece por "Crítica da Narrativa" (Nanative Criticism). Se a palavra "crítica" soa por demais negativa, a opção é "Análise da Narrativa", Tratase da leitura das nalTativas bíblicas (livros inteiros ou até um conjunto de livros) à :. Broadman and Holman Publishers. DI: Vi/son ScllOlz é professor de exegese do Novo Testamento no Seminário Concórdia, Professor de Teologia na Universidade Luterana do Brasil e membro da Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica do Brasil 161 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 luz de conceitos tirados da moderna crítica literária. Como não existe a teoria literária, mas diferentes métodos e sistemas, adota-se em geral uma postura eclética, ou seja, toma-se emprestado de diferentes enfoques ou linhas. Privilegia-se, no entanto, o valor estético da Bíblia. Os textos são vistos como vitrais, belos em si, e não mais como simples janelas que pennitem ver outra realidade. entra, não apenas o que se :'.c: (idéias). O enredo é a es:=-.:=__-' colocando-os numa seqiEr:_ " rativo, que interpretam se'..: mesma história, mas o er:rei .. __ anúncio do nascimento de I: 5. - - i:; A Crítica ou Análise da Narrativa apresenta três características básicas: 1. O texto bíblico é visto como um fim em si, e não como um meio para outros fins. É vitral e não janela. 2. O objeto de análise é o texto em sua forma finaL Pouco imp0l1a como o texto veio a existir, se o autor real se valeu de fontes ou não, etc. O que importa é o produto acabado. Neste sentido, o enfoque é sincrônico, em contraposição ao aspecto diacrônico que é privilegiado pelo Método Histórico. 3. Enfatiza-se a unidade do texto como um todo. Leva-se em conta toda a narrativa, e não apenas um ou dois parágrafos. Este método tem sido aplicado a ambos os testamentos. Afinal, mais de uma terça parte da Bíblia é narrativa. No Novo Testamento, os quatro evangelhos e o livro de Atos são os que mais se prestam à análise da narrativa. Dentre as obras mais conhecidas estão Matthew as Story (Mateus como História), de Jack D. Kingsbury, publicada em 1986; The Narrative Unity ofLuke-Acts (A Unidade Narrativa de Lucas-Atos), de Robert C. Tannehill, publicada em 1986; e Anatomy ofthe Fourth Cospel (Anatomia do Quarto Evangelho), de R. Alan Culpepper, publicada em 1983. Além disso, existe um grande número de artigos e ensaios tratando do assunto. Salvo equívoco, pouco ou nada desse material é acessível ao leitor de língua portuguesa. A exceção é o Guia Literário da Bíblia, uma tradução do original inglês The Literary Cuide to the Bible (1987), publicado em 1997 pela Editora Unesp, de São Paulo. Esse Guia é uma coletânea de quarenta ensaios, escritos por autores protestantes, católicos e judeus, a maior parte deles tratando de um livro ou conjunto de livros bíblicos. O enfoque é literário, ou seja, é mais amplo do que a análise da narrativa. Assim sendo, inclui ensaios sobre literatura sapiencial (Provérbios e Eclesiastes) e epístolas, que não se prestam muito a uma análise de narrativa no sentido estrito do termo. O grande número de autores, cada um com sua idiossincrasia, contribui para a impressão de que se trata de um "saco de gatos". Mesmo assim, este volumoso Guia, de 725 páginas, merece ser examinado, entre outras coisas por ser o único em português. Para benefício dos não-iniciados, apresentamos alguns dos conceitos empregados pela Análise da Nanativa. Antes de tudo, fala-se muito de narrativa. Nanativa é toda obra literária que conta uma história. Por vezes se distingue entre a história da nanativa, o assunto ou aquilo que é nanado, e o discurso da narrativa, a retórica ou como o assunto é nanado. Uma mesma história pode ser narrada de formas diferentes, com discursos diferentes. É o que acontece com os Evangelhos. Uma narrativa é feita de eventos, que são os acontecimentos da história. Aqui 162 Um enredo geralmence :r. __ idéias, vontades. O conL:. _ pontos de vista conflitar:e; autOlidades, bem como c::~.:-·- . que o conflito não é resol \jj. feliz. A Parábola do Filho 2r C.c _ pai e o filho mais velho este':: =-e' 16.8, tem um final "trágico" negação, fuga) ainda não fê: -e oráculo de salvação, tem tir",-lr Ligado à noção de conr; '. e.. é o conjunto de padrões pe >:: .c_ eventos, e personagens da h.:s:_,' .: vista diferentes. Nos EVQn;:e to. Jesus representa este p,::"':: .ce autoridades representam o ~. r.. __ pensamentos são "pensame",:' ; dois pontos de vista anteri::-:" 16.17 -17) é capaz de ex pr;:,; :.' Os atores da história. 2':; ' parte do enredo, são os pe",: nanador diz como eles são :~\:: . >' o . ,~ o nanador apresenta o pe:;: -,';: - : características do mesmo. C, e preferem mostrar a descre,;;:: ':.:. da história (maior), é mui:o ::-' Personagens têm traço'5 . .-= nos (com características pre' :.;: de características potene121·"'.er.e _: racterística marcante que 3.i=2-e.: __ gem estereotipada. Os Hd;:;-e i:e teso No Evangelho de ;"12r::; incompreensão é consiste:,-e (Lc 8.10) e baixos (Le 9 ...;....:.-_~ obra de ficção moderna. - s e .c- ;; mento ou O mundo inter::- Igreja Luterana - N° 2 - 1999 =:mo não existe a teoria literá;~ral uma postura eclética, ou -_nas. Privilegia-se, no entan. _:mo vitrais, belos em si, e não -o:e:idade. c ~ entra, não apenas o que se faz (ações), mas também o que se diz (discursos) e pensa (idéias). O enredo é a estrutura dos eventos. O enredo interpreta os eventos, colocando-os numa seqüência (temporal e causal), num contexto, num mundo narrativo, que interpretam seu significado. Cada evangelista conta basicamente a mesma história, mas? enredo de cada um deles é diferente. Lucas começa com o anúncio do nascimento de João Batista. João começa "no princípio". _, : :uacterísticas básicas: - : :mo um meio para outros fins. importa como o texto veio e:c. O que importa é o produto :::mcontraposição ao aspecto - ::1CO. 3. Enfatiza-se a unidade :, ,: nalTativa, e não apenas um ou .= -'JCO Um enredo geralmente inclui o elemento de conflito. Este é o choque de ações, idéias, vontades. O conflito se dá, em geral, entre personagens que expressam pontos de vista conflitantes. Nos Evangelhos, existe conflito entre Jesus e as autoridades, bem como conflito entre Jesus e seus discípulos. Há momentos em que o conflito não é resolvido. Neste caso tem-se um final "trágico" ou final nãofeliz. A Parábola do Filho Pródigo (Lc 15.11-32) termina sem que o conflito entre o pai e o filho mais velho esteja resolvido. O Evangelho de Marcos, terminando em 16.8, tem um final "trágico", pois o conflito entre Jesus e seus discípulos (traição, negação, fuga) ainda não foi resolvido. O livro de Amós, que termina com um oráculo de salvação, tem um final "cômico", ou seja, um final feliz. c:· :ementos. Afinal, mais de uma eDto, os quatro evangelhos e o o ja narrativa. Dentre as obras é _, como História), de Jack D. - "lfLuke-Acts (A Unidade Nar- _-c:ida em 1986; e Anatomy ofthe :e R. Alan Culpepper, publicada :e artigos e ensaios tratando do -::}terial é acessível ao leitor de : _.3:0 lia, uma tradução do original - _ - : :e"-o em 1997 pela Editora Unesp, .'0: -a ensaios, escritos por autores _: ::'atando de um livro ou conjun_ :: 'nais amplo do que a análise da é:',lLurasapiencial (Provérbios e _ -: a uma análise de narrativa no :::: 2,utores, cada um com sua -o 5~ trata de um "saco de gatos". - _::.:::5. merece ser examinado, entre _ --C-, : 5 alguns dos conceitos emprega- ':. >5e muito de narrativa. Narrativa - .. ~zes se distingue entre a história o : jiscurso da narrativa, a retórica <ria pode ser nalTada de formas _: : "ltece com os Evangelhos. " acontecimentos da história. Aqui Ligado à noção de conflito está o conceito de ponto de vista. O ponto de vista é o conjunto de padrões pelos quais os leitores são levados a avaliar os cenários, eventos, e personagens da história. O conflito resulta da existência de pontos de vista diferentes. Nos Evangelhos, o ponto de vista de Deus é verdadeiro e correto. Jesus representa este ponto de vista. O leitor se identifica com o mesmo. As autoridades representam o ponto de vista contrário e se opõem a Jesus. Seus pensamentos são "pensamentos de homens". Já os discípulos oscilam entre os dois pontos de vista anteriores. O mesmo Pedro que faz a grande confissão (Mt 16.17-17) é capaz de expressar os pensamentos dos homens (Mt 16.22-23). Os atores da história, aqueles que executam as diferentes atividades que fazem parte do enredo, são os personagens. Personagens podem ser descritos, isto é, o nalTador diz como eles são (Mt 1.19; Lc 1.6). Podem também ser mostrados, ou seja, o narrador apresenta o personagem em ação e cabe ao leitor decidir quanto às características do mesmo. Os evange1istas preferem o segundo método, ou seja, preferem mostrar a descrever. Nas parábolas, que são histórias (mais breves) dentro da história (maior), é muito raro o personagem que é descrito. Personagens têm traços ou características. Dependendo disso podem ser planos (com características previsíveis e consistentes), redondos (com uma variedade de características potencialmente conflitantes), e estereotipados (com uma só característica marcante que aparece de forma consistente). A viúva pobre é personagem estereotipada. Os líderes religiosos são planos, isto é, previsíveis e consistentes. No Evangelho de Marcos, os discípulos de Jesus tendem a ser planos, pois sua incompreensão é consistente. Já em Lucas os discípulos são redondos, com altos (Lc 8.10) e baixos (Lc 9.44-45). No entanto, é bom lembrar que, diferentemente da obra de ficção moderna, os evangelistas não estão preocupados com o desenvolvimento ou o mundo interior dos personagens. ~._- .• 163 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Vale a pena mencionar mais dois conceitos: autor implícito (ou autor modelo) e leitor implícito (ou leitor modelo). O autor implícito é o retrato do autor real que emerge do texto. É, como se diz, um epifenômeno do texto. É o autor que o leitor reconstrói a partir do texto. Está implícito, ou seja, seu perfil e ponto-de-vista pode ser determinado apenas a partir do texto. Esta noção de autor implícito permite afirmar, por exemplo, que os livros dos profctas menores, embora escritos por autores reais, autores de carne e osso, diferentes, revelam um autor implícito semelhante. O ponto de vista expresso e o autor implícito que emerge é quase o mesmo em todos eles. Por outro lado, um mesmo autor real pode escrever obras diferentes, cada uma delas com um autor implícito diferente. Há quem argumente que isto explica as diferenças entre, digamos, 1 Timóteo e Romanos. Ambas foram escritas pelo mesmo autor real, Paulo, mas o autor implícito que emerge das duas epístolas é diferente. Também obras formalmente anônimas, como a carta aos Hebreus, têm um autor implícito. Já o leitor implícito (ou modelo) é o leitor que o texto ou seu autor implícito pressupõe c que pode ser reconstruído a partir do próprio texto. O autor de Hebreus, por exemplo, "constrói" o seu leitor em termos de alguém que conhece (e conhece relativamente bem) a língua grega, é cristão, tem interesse em personagens e instituições do Antigo Testamento, etc. Outro exemplo é o evangelho de João. Discute-se, principalmente à base de Jo 20.31, se o evangelho foi escrito para evangelizar não· cristãos ou para fortalecer a fé daqueles que já crêem. Em outras palavras, quem são os primeiros leitores reais do evangelho: cristãos ou não-cristãos? Em parte o argumento depende da questão textual, a opção entre o aoristo e o presente do verbo crer. Pode parecer uma picuinha, mas é uma interessante questão histórica. Se João foi originalmente escrito para evangclizar, então é talvez o único livro do Novo Testamento escrito expressamente para tal finalidade. No entanto, outra leitura é possível. Culpepper, em Anatomy of the Fourth Gospel, valendo-se do conceito do leitor implícito, chega à conclusão de que o evangelista se dirige a cristãos. Isto porque, entre outras coisas, o autor pressupõe que o leitor conheça a maioria dos personagens, não espera que ele esteja familiarizado com os ritos de purificação, etc. Antes de concluir com algumas palavras de avaliação, seria interessante mos· trar como essa análise da narrativa funciona na prática. Para tanto, reproduzo trechos da leitura que Mark A. Powell faz de Lucas 3.1-20, no ensaio que integra a obra Hearing the New Testament, p. 248-253. Em primeiro lugar, Powell examina como o trecho se relaciona com a narrativa em seu todo. Observa que o leitor de Lucas teve um encontro anterior com João Batista, no capítulo primeiro (vv. 5-25, 57-80). Muitas das expectativas ali expressas se cumprem agora. O leitor ouvira que João seria profeta (1.76), e isto se confirma em Lc 3.2. João prepararia o caminho do Senhor (1.76), e agora o nanador cita Isaías para mostrar que este é, de fato, o caso (3.4). João daria ao seu povo "conhecimento da salvação, no redimi-Io dos seus pecados" (1.77) e, de fato, João agora prepara o 164 povo para a salvação ck D,.: remissão de pecados" 13.3 Mark Powell também :==-:-. _ de Lc 3.1-20 dentro do me o':", .-. plano divino de levar sa>.::~:'.· falsa confiança ou autojus::;:: :: da salvação que Deus ore:::,:: (5.30-32; 7.29-30; 18.9: "t:oé:' Lucas 3, na afirmação de '. _. estranha admoestação de J: :'.. por pai a Abraão" (3.8), apr-:.:: ::'-'':: __ essa admoestação parece T:". medida que a história se de s e:-. o que viria a ser um impore::;-', Pode-se perceber que :~:,Cperícope em particular, mas r-::::. ~. :. Isto contraria nossa tradiçâ: Dito isto, cabem mais é basicamente a leitura Enfatiza aqueles aspectcs leitor "marinheiro de prirr:e '. preciso desacelerar e ate:-.i::: palavras). Por outro lade texto bíblico como mera ,';-. 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Também obras forn1al-, ]'Jtor implícito. é :: êexto ou seu autor implícito , ~- próprio texto. O autor de ',:Tnos de alguém que conhece , : -:tão, tem interesse em perso=)utro exemplo é o evangelho = .. 31, se o evangelho foi escrito :' .:. :'é daqueles que já crêem. Em ~]:5 do evangelho: cristãos ou .:..:.::'Jestão textual, a opção entre :~.. uma picuinha, mas é uma :t' ~i1teescrito para evangelizar, : <rito expressamente para tal ~,:lpepper, em Anatom)' ofthe :::::lícito, chega à conclusão de .:_~. entre outras coisas, o autor ::o~::nagens, não espera que ele :.ação, seria interessante mos_ ~-:'.tica. Para tanto, reproduzo .'.: -: 1-20, no ensaio que integra a , ce relaciona com a narrativa em _:::, encontro anterior com João '.:.' das expectativas ali expressas Ce:1 (1.76), e isto se confirma em e agora o narrador cita Isaías .:.:,~iaao seu povo "conhecimento - - ~. de fato, João agora prepara o • povo para a salvação de Deus (3.6), "pregando batismo de arrependimento remissão de pecados" (3.3). para Mark Powell também tem um parágrafo sobre o enredo de Lucas-Atos e o papel de Lc 3.1-20 dentro do mesmo. Afirma que o enredo de Lucas-Atos gira em torno do plano divino de levar salvação a todos os povos. O maior obstáculo a tal plano é a falsa confiança ou autojustiça dos líderes religiosos, que julgam não necessitarem da salvação que Deus oferece, e não querem que a mesma seja oferecida a outros (5,30-32; 7.29-30; 18.9). Este tema de Lucas-Atos já vem expresso claramente em Lucas 3, na afirmação de que "toda a carne verá a salvação de Deus" (3.6). A estranha admoestação de João, "Não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão" (3.8), aponta para um conflito em potencial. No contexto imediato, essa admoestação parece gratuita, pois ninguém está dizendo tal coisa. Mas, à medida que a história se desenvolve, o leitor percebe que lá no início João percebeu o que viria a ser um importante conflito ao longo da narrativa. Pode-se perceber que na Crítica da Narrativa a ênfase recai, não tanto sobre a perícope em particular, mas na forma como se relaciona com a narrativa em seu todo. Isto contraria nossa tradição, que tende para a "pericopite". Dito isto, cabem mais algumas palavras de avaliação. A Crítica da Narrativa a leitura do texto nos termos propostos pelo próprio texto. Enfatiza aqueles aspectos do processo de leitura levados em conta por um leitor "marinheiro de primeira viagem", aquele a quem ainda não se disse que é preciso desacelerar e atentar para as pequenas unidades (parágrafos, frases, palavras). Por outro lado, a Crítica da Narrativa oferece o risco de se tratar o texto bíblico como mera ficção. Para evitar a assim-chamada "falácia referencial" (que só se interessa por aquilo a que o texto se refere) incorre-se na "falácia estruturalista". Tudo que interessa é o mundo do texto. Verdade é que a Crítica da Narrativa é aplicada antes de tudo a obras de ficção, mas deduzir daí que nanativa é sinônimo de ficção resulta mais da agenda hermenêutica dos críticos do que do método em si. Em resumo, a narrativa bíblica é referencia!, isto é, refere-se a algo que está fora do mundo do texto, mas nem por isso deixa de ser narrativa. Quemjá abriu mão da dimensão histórica da fé bíblica tem aí a sua grande chance. Mas, como sempre, o abuso não impede o uso. é basicamente Se se perguntar pela aplicabilidade desse enfoque, uma das respostas é que o mesmo tem muito a ver com a técnica de "contar histórias" (Story Telling), que é uma das ênfases da assim-chamada "Nova Homilética". Contar histórias não é simplesmente ilustrar as idéias da pregação por meio de histórias, mas é pregar contando uma ou várias histórias. Richard A. Jensen (Telling Luke's Story), além de lembrar que as histórias bíblicas são poderosas em e de si mesmas, argumenta que Lucas prega contando histórias. Lucas explica uma história contando outras histórias. Assim, se um texto não faz sentido, melhor do que consultar o dicionário teológico é continuar lendo Lucas. E a pergunta que Jensen nos deixa é esta: se Lucas prega assim, por que não podemos nós fazer o mesmo? 165 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Bibliografia: Robert Alter e Frank Kermode, Unesp, 1997. Guia Literário da Bíblia. São Paulo, Editora CONSIDERAÇÕES Richard A. Jensen, "Telling Luke's Story: A Narrative Approach to Preaching on the Third Gospel". Currents in TheologyandMission 21 (1994),444-451. DA USO DA FERTIL.r; TÉCNICA DE REPROr Walter C. Kaiser e Moisés Silva, An lntroduction to Biblical Hermeneutics. Grand Rapids, Zondervan, 1994. William W. Klein, Craig L. Blombefg, Robert L. Hubbard, lntroduction to Biblical Interpretation. Dallas, Word, 1993. A técnica de fertilização mente nos grandes centros '.Ir::::~sonho da paternidade biológ:, 2. r:_':: Mark Allan Powell, What is Narrative Criticism? Minneapo1is, Fortress Press, o crescente uso da técnic" .~. _.__ sem preocupação com as q'.Ies:~ e da escolha deste tema para :0:::: _ r·C' 1990. Mark Allan Powel, "Narrati ve Criticism", in H earing the New Testament: Strategies for Interpretation. Editado por Joel B. Green. Grand Rapids, Eerdmans, 1995, p. 239-255. Nosso objetivo não é tra;:, fertilização in vitro, nem nos, ,;_ ou dos problemas sociais (':3.;::22 vista teológico o uso da té::-, _ ajudar casais cristãos infértei:::: _;: formas através das quais SU:l _ -,:: A fertilização in vitroj é:.;:': .. siste na fertilização de um óV'..:.: como um recipiente de vidro. gerar bebês de proveta. o percentual de sucesso d" sucedida não passa de vinte;::: de quinze por cento.2 :_ Hoje, estima-se que exista:":.r:::... Brasil, sendo que o custo aprox ,., Rev. RafaeL JuLiano Nerbas é ::_. professor de TeoLogia Prei::,'.C' BrasiL. Este artigo é wnCi primeiro em 1998 e orien :.-'-.- ~, I 2 3 166 Doravanle FIV VIDAL, Macarena. I998, pAG. IÔ. Ibiô., p. 42-3. De Lc~:,c c _ Igreja Luterana - N" 2 - 1999 :.: Bíblia. São Paulo, Editora CONSIDERAÇÕES _ - ~:: .. ;ê Approach to Preaching on DA ÉTICA CRISTà QUANTO AO USO DA FERTILIZAÇÃO IN VITRO COMO on 21 (1994),444-451. TÉCNICA DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA 3'blical Hermeneutics. Grand _ .-:..'~bard, lntroduction to Biblical \1inneapolis, Fortress Press, ,-'!le New Testament: Strategies ~:-'-2dRapids, Eerdmans,1995, p. Rafael Juliano Nerbas e Orlando Nestor Ott A técnica de fertilização in vitro tem se tornado cada vez mais comum, especialmente nos grandes centros urbanos, como um grande avanço científico em prol do sonho da paternidade biológica para casais inférteis. o crescente uso da técnica de fertilização in vitro por casais cristãos e luteranos sem preocupação com as questões éticas levantadas por tal técnica foi a motivação da escolha deste tema para nossa pesquisa. Nosso objetivo não é traçar normas definitivas que proíbam ou não o uso da fertilização in vitro, nem nos ocuparemos com as questões éticas a partir da ciência ou dos problemas sociais causados. Nossa preocupação é analisar do ponto de vista teológico o uso da técnica e apontar orientações importantes que possam ajudar casais cristãos inférteis a julgar se é conveniente utilizá-Ia ou buscar outras formas através das quais sua união seja manifesta e frutífera. o QUE É FERTIUZAÇÃO IN VITRO? A fertilização in vitrol é uma técnica de reprodução humana assistida que consiste na fertilização de um óvulo fora do corpo humano, num ambiente artificial, tal como um recipiente de vidro. É popularmente conhecida como a técnica para se gerar bebês de proveta. o percentual de sucesso da técnica varia muito, mas a média de gravidez bem sucedida não passa de vinte por cento dos casos, e de nascimento de bebês vivos de quinze por cento.2 Hoje, estima-se que existam mais de sessenta clínicas de reprodução assistida no Brasil, sendo que o custo aproximado do uso da FIV está entre quatro e seis mil reais. ) Rev. Rafael Juliano Nerbas é pastor em Parobé, RS Rev. Proi Orlando Nestor Ott é professor de Teologia Prática no Seminário Concórdia e na Universidade Luterana do Brasil. Este artigo é uma síntese da monografia de conclusão de curso escrita pelo primeiro em 1998 e orientada pelo segundo. I Doravante 2 3 FIV VIDAL. Macarena. 1998, pAO. Id. Ibid., p. 42-3. De Louise a Dolly, 20 anos de avanços. Zero Hora, Porto Alegre, 2S jul. 167 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 PRINCIPAIS VARIAçõES E APERFEIÇOAMENTOS DA TÉCNICA DE fERllUZAÇÃO IN V17RO Fecundação In Vitro Homóloga - este é o procedimento em que o sêmen usado na inseminação é proveniente do marido e os óvulos que serão fecundados foram extraídos da esposa, sem a participação de terceiros no processo. Fertilização In Vitro Heteróloga - neste caso, há a utilização de sêmen ou óvulos extraídos de um ou mais doadores. Pode ocorrer também de o embrião fecun- Refletindo sobre ess2. '::.:0 usados ao longo da históri.:: '::=--os hebreus, impressionaj-; '. filho, usaram uma pala\T3.:·'::: impressionados com o dê'c· geração e decadência, ch3.:--.2.~r modernismo, impressionad __ :-. "procriação". O mundo de larga escala, emprega a meti:' :rr : dado e implantado na esposa ser resultado da fusão de ambos, sêmen e óvulos, provenientes de doadores. Mãe-de-aluguelnesta variação da técnica, uma mulher voluntária ou contratada submete-se a ter os óvulos fecundados in vitro implantados em seu corpo, comprometendo-se a entregar a criança, ao final da gravidez, ao casal que contratou o uso da técnica. Criogenia - na maioria dos casos, quando se procede a FIV, não se fecunda um óvulo de cada vez, mas um certo número deles, já que o percentual de sucesso no processo de implantação é limitado, sendo assim mais econômico e prático para o casal. Para conservação dos embriões fecundados in vitro, eles são congelados e podem ser usados no caso de fracasso no processo de implantação ou numa futura tentativa de FIV para uma nova gravidez. Banco de Sêmen, Óvulos e Embriões - tanto sêmen como óvulos, bem como embriões já fecundados e congelados, provenientes de doadores anônimos remunerados, podem ser escolhidos e/ou adquiridos junto a clínicas de reprodução assistida, abrindo possibilidades novas não apenas para casais inférteis, mas também para solteiros terem filhos, bem como casais homossexuais. Biópsia de Embriões - com o auxílio de um microscópio, numa análise feita no segundo ou terceiro dia de vida do embrião, é possível detectar doenças cromossômicas, tais como a Síndrome de Down, possibilitando a eliminação de embriões indesejáveis, Clonagem. esta é uma possibilidade ainda não concretizada em seres humanos, mas muito discutida a partir do nascimento da ovelha Dolly, em fevereiro de 1997, clonada a partir de uma célula mamária de outra ovelha adulta. PROCRIAÇÃO OU REPRODUÇÃO? o CONCEITO A questão então é definir: . _- _:: com o uso moderno do terr:-_='0 usadas no processo de FI\'. Helmut Thielicke posi:i: c.c capítulos de Gênesis, no est3.:::.:'. do-se efetiva quando os prime:: . de serem uma só carne (Gn 1.::- - -"Sede fecundos, multiplica>.: A Comissão de Teologi2. :: :: _ Synod afirma que dentro de L" pre vinculada ao amor mútuc r r : A paternidade humana ei;- .. ação (Gn 1.28). Assim, sexu3.}:'::':. sexo, a comunicação do aTIlGc::: Isto não significa que to de verdadeiro: toda procriação ec.... De acordo com a descriç 3.: : "Sede fecundos, multiplicai-,- :: apenas ao relacionamento dê ::;::-... _ tão completa e única encarr:2. 2._ 4 5 6 Estes dois termos, procriação e reprodução, aparentemente podem parecer referir-se ao mesmo evento: a gênesis da vida humana, o surgimento de uma nova vida. E muitas vezes são empregados como sinônimos, sem se preservar a distinção necessária quanto ao que significa e envolve a aplicação de um ou de outro. 168 !=<t 7 R KASS, Leon apud Rumo}: ec':. THEOLOGY ANO CHURCi-i c-= SYNODJ. p. 37. THIELlCKE, Helmut. Theo« . p. 251. Ruman Sexuulity: A Theoic'c._. ANDERSON, J. Kerby. "A:-::r .. _ bsLbible.org/galaxie/jouma:' ,-Christiuns Procreutive O:' THEOLOGY AND CHURC--; SYNODJ, p. 26. Igreja Luterana - N" 2 - 1999 F":illIÇOAMENTOS ;:'!..:ÃO IN VImO ,~nto em que o sêmen usado . j'je serão fecundados foram . _ . :. processo. ~.:ia utilização de sêmen ou :-:-õ~ também de o embrião fecun: je ambos, sêmen e óvulos, Refletindo sobre essa diferenciação, o teólogo Leon Kass analisa os termos usados ao longo da história para descrever a origem da vida humana. Ele afirma que os hebreus, impressionados com o fenômeno da transmissão da vida de pai para filho, usaram uma palavra que hoje traduzimos por "gerar" ou "procriar". Os gregos, impressionados com o desenvolvimento de uma nova vida no processo cíclico de geração e decadência, chamaram isto de "gênesis", significando o "vir a ser". O prémodernismo, impressionado com o mundo, uma dádiva do Criador, usou o termo "procriação". O mundo de hoje, impressionado com a máquina e com a produção em larga escala, emprega a metáfora da fábrica: "reprodução".4 o CONCEITO BÍBLICO DE PROCRIAÇÃO _ :-:êulhervoluntária ou contrataimplantados em seu corpo, .idez, ao casal que contratou · :.~de a FIV, não se fecunda um :. jje o percentual de sucesso no :'.s econômico e prático para o : ',itro, eles são congelados e ~~ implantação ou numa futura '~:-:-iencomo óvulos, bem como A questão então é definir o conceito bíblico de procriação, para então comparar com o uso moderno do termo reprodução, especialmente em relação às técnicas usadas no processo de FIV. Belmut Thielicke posiciona o termo procriação no contexto dos dois primeiros capítulos de Gênesis, no estabelecimento da ordem divina do matrimônio, tornando-se efetiva quando os primeiros seres humanos são criados um para o outro a fim de serem uma só carne (Gn 1.27; 2.23-24). Nesta união seria então cumprida a ordem: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a" (Gn 1.28).5 A Comissão de Teologia e Relações Ec1esiais da Lutheran Church-Missouri Synod afirma que dentro de uma perspectiva cristã, a procriação humana está sempre vinculada ao amor mútuo na aliança do matrimônio.6 : ':'e doadores anônimos remu.:1IO a clínicas de reprodução . .c.. ::::ra casais inférteis, mas tam· :":;ossexuais. - . :~:.scópio, numa análise feita no ~ possível detectar doenças - :::.ssihilitando a eliminação de • · :.ncretizada em seres humanos, c.Dolly, em fevereiro de 1997, õiha adulta. A paternidade humana envolve estas duas esferas: a união (Gn 2.24) e a procriação (Gn 1.28). Assim, sexualidade, amor e procriação estão vinculados. O prazer do sexo, a comunicação do amor e o desejo de ter filhos estão conectados num só ato. Isto não significa que todo o ato sexual deve ser procriativo, mas o inverso é verdadeiro: toda procriação envolve um relacionamento sexuaI.7 De acordo com a descrição bíblica do que é procriação, no mandamento divino "Sede fecundos, multiplicai-vos" (Gn 2.24), a união de uma só carne não se refere apenas ao relacionamento de esposo e esposa, mas também ao filho que de maneira tão completa e única encarna a união de uma só carne entre os cônjuges.8 0. ;~ODUÇÃO? 4 5 6 _. :"::õ:--;temente podem parecer refe: surgimento de uma nova vida. >em se preservar a distinção c.cão de um ou de outro. -< 7 8 KASS. Leon apud Human Sexuality: A Theological Perspective. (COMISSION ON THEOLOGY AND CHURCH RELATlONS OF THE LUTHERAN CHURCH-MISSOURI SYNOD), p. 37. THlELlCKE, Helmut. Theological Ethics - Sex. Grand Rapids, William B. Eerdmans, 1979, p. 251. Human Sexuality: A Theological Perspective, op. ciL, p. 37. ANDERSON, J. Kerby. "Artificial Reproduction: Biblical Appraisal", julho 1998. <<http:// bsf bible. org/galaxie/j ournals/sample/bibsac/8594/86a.6.htm» (10/07/98). Christians Procreative C/lOices - How do God's Chosen Choose? (COMISSION ON THEOLOGY AND CHURCH RELATlONS OF THE LUTHERAN CHURCH-MISSOURI SYNOD), p. 26. 169 Igreja Luterana - N° 2 . 1999 Assim sendo, o mistério da união de uma só carne entre homem e mulher estabelecidos por Deus dentro do matrimônio, é tornada física e representada no filho como resultado do poder criativo do próprio Deus.9 Assim, a criança gere:. -o entre marido e esposa. r:'':~.::, comodidade a ser buscacL -:-c . É neste contexto de amor e união abençoada por Deus que a procriação verdadeira acontece, sendo que a criança gerada, e não produzida, incorpora a união de seu pai e sua mãe. Não é mera reprodução, causa e efeito, mas a criança é fruto de um amor que superou a separação entre eles e os uniu em 'uma só carne', que os guiou para fora de si mesmos e na direção um do outro. Sua doação de amor resultou em doação de vida."lO Estando a procriação inserida no contexto da união de uma só carne dentro do matrimônio instituído por Deus, e uma vez que esta união torna-se frutífera pela ação do poder criativo do mesmo Deus, pois é ele quem proporciona a origem de uma nova vida, pode-se então afirmar que a concepção está nas mãos de Deus, ou seja, o gerar uma nova vida, procriar, é antes de tudo uma prerrogativa divina.11 CRÍTICAAO CONCeITO Gilbert Meilander aincL .c:r~ está se determinando seu que todo o casal que utiliz:: e = ~ suficientes para temer que c-re::: mum, esteja-se definindo e realização em detrimento dc::re o perigo então é fazer d:: rr' ção, removendo-a do contex: :. amor mútuo doado dentro de ::.:' -. ~. realização dos pais imposs:bi:._l:.' ~. A PARTICIPAÇÃO DE Ti HUMANAATRAVES D DE REPRODUÇÃO o simples uso da técnica científica ou de métodos artificiais não pode ser razão de opor-se a um procedimento médico, mas no caso da reprodução, a FIV invade um campo perigoso que é a manipulação da vida humana na busca de um produto. 12 A técnica da FIV e tode c' .. _- . participação de terceiros na rerr' bem como doadores de óvu]:' A geração de um filho é uma doação de Deus para os pais (SI 127.3). A paternidade biológica não implica a posse da criança, mas confere uma tarefa histórica, dada por Deus, de criar, nutrir e educar a geração seguinte.13 Estas possibilidades espec:::_:' divina da procriação dentro d:: "r. condenável pela ética cristã .. o Dr. Martim Warth reafirma esta visão bíblica de que os filhos são uma dádiva de Deus dentro de uma família onde a procriação e o nascimento são frutos de uma união em que o casal se serve, apóia e realiza em amor sexual diante Deus.14 Em vista disso, a técnica de :-" . substitutiva (mãe-de-aluguel :: ::. A procriação ordenada por Deus acontece então no matrimônio através de outra doação também - a doação de amor entre pai e mãe. Os filhos são o sim de Deus a essa mútua doação. Ao se gerar um filho, dá·se de si mesmo e assim forma-se um novo ser que, embora outro, compartilha da mesma natureza e é igual aos pais em A partir do ponto de vista c'r' .. : da mãe-de-aluguel ainda é que,-::' humano para a satisfação de C:.::r r ~ ça um objeto e umamercadori:: ..:, dade de procriar instrumemc' ::: . dignidade.15 Human Sexuality: A Theological Perspective, op. cit, p. 18. MEILANDER, Gilbert. Bioética - um Guia para os Cristãos. São Paulo, Vida Nova, 1997. p. 29-30. 11 KLOTZ, John W. A Christian vtew Df Abortioil. Saint Louis, Concordia, 1973, p. 34. 12 MEILAENDER, op. cit, p. 26. 13 Id. Ibid., p. 29. 14 WARTH. Martim Carlos. Mãe de AlugueL Revista Mensageiro Luterano, Porto Alegre, 73 (11) :5-8, novo 1990, p. 7. 15 MEILANDER, op. cit, p. 29. -=- 9 10 " WEISE, Robert W. Begot:ç~ ,'.. :6-9, jun. 1997, p. 9. 17 MEILANDER, op. cit, p. ::5 18 In- Vitro Fertilization. (Dil';si.: '. s.d.). p. 31. 19 20 170 :: Christians Procreative MEILANDER, op. cit., Ch" __, p :' Igreja Luterana - N° 2 - 1999 ~-' : ::-'-3 homem e mulher estabeuoi.::ae representada no filho Assim, a criança gerada pela obra de Deus através do compartilhar do amor entre marido e esposa, nunca é um produto nem um projeto, muito menos uma comodidade a ser buscada, um fim que justifique todo e qualquer meio. 16 , - . :-Seus que a procriação verda_ :-:-~j uzida, incorpora a união de c, ::. mas a criança é fruto de um Jma só carne', que os guiou joação de amor resultou em Gilbert Meilander ainda acrescenta que, se um filho é produzido em laboratório, está se determinando seu significado e utilização futura. Meilander não quer afirn1ar que todo o casal que utiliza a FIV assume este pensamento, mas ele vê motivos suficientes para temer que aceitando-se esta prática como algo corriqueiro e comum, esteja-se definindo o valor humano como algo a ser alcançado para autorealização em detrimento do direito intrínseco de cada criança. I? _-"..::' de uma só carne dentro do .c.lnião torna-se frutífera pela o perigo então é fazer da procriação um mero procedimento técnico, reprodução, removendo-a do contexto de doação da parte de Deus ao casal, bem como do amor mútuo doado dentro do casamento, para apenas satisfazer um desejo de autorealização dos pais impossibilitados de procriar naturalmente . .::_em proporciona a origem de . ~:-.::".J está nas mãos de Deus, ou _.::_,;ma prerrogativa divina.ll A PARTICIPAÇÃO DE TERCEIROS NA REPRODUÇÃO HUMANA ATRAVÉS DA FERTIUZAÇÃO l'N VITRO : REPRODUÇÃO . .::::' artificiais não pode ser razão ~2. reprodução, aFIV invade um '::-,'::na busca de um produto.12 A técnica da FIV e todo o seu aperfeiçoamento permite hoje a possibilidade da participação de terceiros na reprodução humana, tanto como doadores de esperma, bem como doadores de óvulos. ...::: os pais (SI 127.3). A paterni--c., .::onfere uma tarefa histórica, Estas possibilidades específicas de FIV entram em choque direto com a ordem divina da procriação dentro da união de uma só carne no casamento, sendo por isto condenável pela ética cristã.18 .: zuinte.13 ~: que os filhos são uma dádiva .::: nascimento são frutos de uma ~ ,,:-:',Jf sexual diante Deus.14 _:.J matrimônio através de outra ".e Os filhos são o sim de Deus a _: ,i mesmo e assim forma-se um . .::natureza e é igual aos pais em Em vista disso, a técnica de FIV com posterior gestação de aluguel por uma mãe substitutiva (mãe-de-aluguel) é condenável da mesma forma. 19 A partir do ponto de vista bíblico da doação que existe na procriação, a questão da mãe-de-aluguel ainda é questionável pelo fato de que alguém concebe um ser humano para a satisfação de outra pessoa que deseja um filho, tornando-se a criança um objeto e uma mercadoria. A mãe-de-aluguel faz de seu corpo e de sua capacidade de procriar instrumentos da vontade alheia e não uma relação de doação.20 ~ 18. _ -.:-:Üos. São Paulo, Vida Nova, 1997, WEISE, Robert W. Begotten, not Made. Revista The Lutheran Witness, Saint Louis, \16 (6) :6-9, jun. 1997, p. 9. 17 MEILANDER, op. ciL, p. 35. 18 In- Vitro Fertilization. (Division of Theological Studies of the Lutheran Council in the USA, s.d.), p. 3 I. l' Christians Procreative Choices - How do God's Chosen Choose?, op. ciL, p. 18. 20 MEILANDER, op. cit., p. 39. 16 -- _ouis, Concordia, "':sageiru Luterano, 1973, p. 34. Porto Alegre, 73 171 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 A REPRODUÇÃO HUMANA ATRAVÉS DA FERllUZAÇÃO MANDAMENTO o Dr. Warth acreSCCIT:.:: _. haver filhos no casam ente ::::.=-:. IN VITROÀ lUZ DO PRIMEIRO A explicação de Martinho Lutero do primeiro mandamento sintetiza a obediência ao mesmo a: "temer e amar a Deus e confiar nele acima de todas as coisas."21 A procriação é um dos =:.=' de ser de uma união de am., ê =ê total e suficientemente sigr.: ~ , mem e mulher no casament.: '.:r.. :' , Certamente, os casais cristãos impossibilitados de conceber um filho pelos meios naturais devem respeito e obediência para com o que Deus ordenou neste mandamento. A partir desta conclusão, e tendo em vista que a reprodução humana através da FIV distorce o sentido bíblico de reprodução e coloca a concepção de uma criança fora do contexto da união de uma só carne ordenada por Deus, torna-se necessário questionar o uso de tal técnica como sendo uma possível idolatria - um filho a qualquer preço, não uma dádiva de Deus."" Usar de quaisquer meios para obter um fim desejado é questionáveI ainda que este fim seja o desejo de conceber um filho. Isto vale tanto para a ciência no seu intuito de assistir os casais inférteis, bem como para os próprios casais que buscam a FIV Imaginar que devemos fazer tudo o que é necessário para realizar mesmo o mais digno dos desejos é começar a pensar que somos deuses, criadores do mundo, responsáveis pela vitória do bem contra o mal, sendo esta uma responsabilidade que compete unicamente a Deus.23 Lutero adverte os homens afogados em sua cegueira espiritual, que usam de todos os bens e dons de Deus unicamente para a sua soberba, avareza, prazer e diversão, sem atentar em Deus, para agradecer-lhe e reconhecê-lo como Senhor e Criador."24 A Comissão de Teologia e Relações Ec1esiais da Lutheran Church- Missouri Synod compara o convite do diabo no momento da tentação em Gênesis 3.1: "É assim que Deus disse ...?", com o convite à razão humana para abandonar a confiança plena em Deus e em sua Palavra a respeito da vida humana e substituir por meios supostamente wperiores à Palavra de Deus na busca pelo objetivo a ser alcançado.25 Diante desta tensão entre os meios de reprodução assistida oferecidos pela ciência e medicina através da FIV e a orientação da Palavra de Deus quanto à procriação humana, Gilbert Meilander afirma que o casa! incapacitado de ter filhos pode e deve encontrar outras maneiras por meio das quais sua união seja manifesta e frutífera.26 Entre as diversas mane:r::, ê' infértil está inserida, certarne r.... É digno de nota que a criança fora do contexto pr= c =' união de uma só carne no m::':::r:EMBRIÃO OU PRE-€ MANIPU~}~ Pré-embrião é uma class' .. aproximadamente quatorze ire.: ê dado na parede uterina, quar;j. c.:.':: Tal classificação pressup:= humano, mas de uma assim um potencial para a vida. Christians Procreative Choices - How do God's Chosen Choose 1, op. cit., p. 4. " MEILANDER, op. cit., p. 41. A partir desta definição. :. - . manipulação, pesquisa e eEmi- =-= ~ liares ao processo de FIV __. fecundação, o que existe é ARGUMENTOS~ AOCONCEITC o Dr. Jérôme Lejeune. g=_.::::' descoberta do cromossomo C.C, ê :: . cia a veracidade da classific::=~' . faz sentido cientificamente. p:'s .' esperma, e a menos que opinião do Dr. Lejeune, o em=r:.".- . 27 WARTH, op. cit., p. 7. 31 Human Sexuality: A Theo '. 5,,-Christians Procreative Ch .':, o' _ LEJEUNE, Jérôme. The C.:."-Christians Procreative Ch.- 12 LEJEUNE, 18 29 30 15 172 ::_. c.,. _" "Cm I, 2. " MEILANDER, op. cit., p. 40. 23 ln Vitro Fertilizatioll, op. cit., p. 21. 24 CM I, 21. :.J op. cit., p. lI. Igreja Luterana "'~s DA FERTILIZAÇÃO ~:"' . ANDAMENTO ::,:"ento sintetiza a obediênde todas as coisas."21 , _..::r:1a nceber um filho pelos mei..:~e Deus ordenou neste man- c _ ' - N° 2 - 1999 o Df. Warth acrescenta que a infertilidade não é uma doença, nem é necessário haver filhos no casamento para haver um casal cristão felizY A procriação é um dos objetivos do casamento, mas não é o único nem a razão de ser de uma união de amor e bênção diante de Deus. A união de uma só carne é total e suficientemente significativa em si mesma, não devendo ser a união de homem e mulher no casamento unicamente um meio de procriação.28 Entre as diversas maneiras em que Deus pode abençoar a relação de um casal infértil está inserida, certamente, a possibilidade da adoção. , :"~:'odução humana através da . .:.concepção de uma criança ,:_ -:r Deus, torna-se necessário : ' ósível idolatria - um filho a É digno de nota que a prática da adoção não envolve a opção de conceber uma criança fora do contexto prescrito por Deus para a procriação humana, ou seja, a união de uma só carne no matrimônio.29 EMBRIÃO OU PRÉ-EMBRIÃO - PRESERVAR OU MANIPULARA VIDA HUMANA? :,:.jo é questionável ainda que :.e tanto para a ciência no seu • s próprios casais que buscam ,_ eósário para realizar mesmo o , s deuses, criadores do mundo, - ::'0 esta uma responsabilidade ; _::~.:espiritual, que usam de todos "vareza, prazer e diversão, sem "'.::'Senhor e Criador."24 :"~:heran Church-Missouri Synod _..:.'.:em Gênesis 3.1: "E assim que .:.oandonar a confiança plena em : ..:"::stituirpor meios supostamente " ser alcançado.25 :j~ão assistida oferecidos pela . ',: da Palavra de Deus quanto à • :asal incapacitado de ter filhos :.:.s quais sua união seja manifesta Pré-embrião é uma classificação científica adotada para definir o período de aproximadamente quatorze dias entre a fecundação e a fixação de um óvulo fecundado na parede uterina, quando aparecem as primeiras células diferentes. 30 Tal classificação pressupõe que o status deste pré-embrião não é de um ser humano, mas de uma assim chamada entidade humana, que simplesmente possui um potencial para a vida. A partir desta definição, torna-se aparentemente justificável, ética e legal, a manipulação, pesquisa e eliminação de pré-embriões em certas circunstâncias peculiares ao processo de FIV, visto que até aproximadamente quatorze dias após a fecundação, o que existe é algo subumano ou potencialmente humano.31 ARGUMENTOS CIeNTÍfIcos CONTRÁRIos AO CONCEITO DE PRÉ-EMBRIÃO o Dr. J érôme Lejeune, geneticista mundialmente conhecido, especialmente pela descoberta do cromos somo base do mongolismo, o trissoma 21, nega com veemência a veracidade da classificação científica de pré-embrião. Para ele, este termo não faz sentido cientificamente, pois antes de um embrião existem apenas um óvulo e um esperma, e a menos que haja fertilização, nenhum novo ser existe. Portanto, na opinião do Df. Lejeune, o embrião é a primeira forma de vida humana.32 27 28 29 30 '~.'r Choose?, op. cit., p. 4. 31 32 WARTH, op. cit., p. 7. Human Sexuality: A Theological Perspective, op. cit., p. 18. Christians Procreative Choices - How do God's Chosen Choose?, op. cit., p. 33. LEJEUNE, Jérôme. The Concentration Cano San Francisco, Ignatius, 1992, p. 149. Christians Procreative Choices - How Do God's Chosen Choose?, op. cit., p. 36. LEJEUNE, op. cit., p. 11. 173 Igreja Luterana - N° 2 . 1999 A Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Lutheran Church-Missouri Synod, em seu parecer sobre o aborto, também posiciona-se a favor do momento da fertilização como o início do desenvolvimento de um novo ser individual, uma célula totalmente nova que carrega as características genéticas de pai e mãe e que estabelece muitas características de um novo ser humano.33 A Fórmula de Concórdi3.. ~.: a favor do momento da cone,,: : ': Salmo 51: "Deus não cria !1:':-' ainda hoje cria e faz nos hom~:-. minosa, pela concepção e na,<:~-.c-: Se do ponto de vista científico não há necessidade para se criar o termo préembrião, por que então ele existe? Em relação à encamação de T~.' __ "se tomou homem, foi concebidpecado, a fim de que fosse Senhe: .' : te com o ser humano, Jesus foi CO",. homem desde o momento de SU3.: A manipulação da linguagem científica para justificar procedimentos técnicos questionáveis do ponto de vista ético não é novidade. o mesmo parecer sobre a questão do aborto, citado anteriormente, afirma que na época do aparecimento do Dispositivo Intra-Uterino (DIU) no mercado, este era conhecido como método contraceptivo. A partir do momento em que o DIU foi reconhecido como abortivo e a questão ética começou a ser questionada, a Academia Americana de Obstetras e Ginecologistas mudou em seus documentos oficiais a definição de gravidez, que anteriormente era "o período de tempo entre a concepção e o parto", para "o período desde a implantação até o parto". De acordo com a nova definição, os efeitos do DIU ocorrem antes do início da gravidez, tentando justificar assim seu USO.34 Quanto ao fato de se definir a pessoalidade ou ausência da mesma baseado nas potencialidades humanas, como no caso do pré-embrião, Gilbert Meilaender afirma que este critério não enquadra todos os seres humanos vivos como pessoas, pois não leva em conta que nossa história pessoal não exige a presença permanente de nossas capacidades pessoais, pois esta história pessoal começa com dependência, no útero matemo e depois como recém-nascidos, e muitas vezes termina na dependência da velhice e na perda das capacidades que se possuía anteriormente.35 ARGUMENTOS TEOLÓGICOS coNTRÁRIos À MANIPULAÇÃO DE EMBRIÕeS O momento da fecundação (concepção) é o início de uma nova vida humana, como demonstra o Dr. John Klotz em sua obra sobre o aborto, onde ele cita duas passagens bíblicas: Jó 10.10-12 e também o Salmo 51.5. Com base nestas duas passagens, fica claro ser o momento da concepção o início da vida humana, visto que Davi refere-se a si mesmo como pessoa desde o momento da concepção, e Jó descreve claramente seu desenvolvimento embriônico.36 O Dr. Martim Warth, num 3.~ ". posição luterana baseada na Esc=-:._ O Dr. Warth usa como argum~r. _. também o texto de Lucas 1.3; c:-:ligada ao nome de Jesus com: - c. Derek Kidner, em seu Corr,,,.-enfatiza a formação divina da '. :::3. - _ ao ser humano, mesmo sendo,,". _:-:Outra passagem marcante é :~::c ::.: a palavra hebraica dly para des::~ conseqüência da briga entre de:s Em um artigo muito interess::.:-.Russel FulIer afirma que este tc=: aplicado também a recém-nasc:.:: __ Gênesis 21.15, referindo-se a Is:--_ conclusão de FulIer ressalta qUê' .:.:= os de desenvolvimento da vida ~._ ção diante de Deus do embri;;: c 3.O momento do encontro e:-.::-= Evangelho de Lucas (Lc ].41 Isabel. O mais interessante, no ~:-.:.' fJpÉcpoç para registrar a referên::.: :'c 37 FC DS t. 7. "CM " Abortion in Perspective. (COMISSION ON THEOLOGY AND CHURCH THE LUTHERAN CHURCH-MISSOURI SYNOD), p. 7. 34 KOOP, C. Everett apud Abortiol1 in Perspective, op. cit., p. 10-1. 35 MEILAENDER, op. cit., p. 19-20. " KLOTZ, op. cit., p. 48. 174 RELATIONS OF 39 40 lI, 3l. WARTH, op. cit., p. 7. KIDNER, Derek. Psalms 73- t ~ Downcrs Grave, Inter- Varsi t:,. 41 FULLER, Russel. Exodus 21:':'':'-':',: the Fetus. Journal of the EVGng, 184. Igreja Luterana - N° 2 - 1999 A Fórmula de Concórdia, falando da doutrina a favor do momento da concepção, referindo-se ~_ Lutheran Church-Missouri :,'la-se a favor do momento da - :\0 ser individual, uma célula Salmo 51: "Deus não cria nem faz pecado em nós, mas com a natureza, que Deus ainda hoje cria e faz nos homens, o pecado original é propagado de semente pecaminosa, pela concepção e nascimento carnais de pai e mãe."37 .: }) de pai e mãe e que estabe- Em relação à encamação de Jesus Cristo, Martinho Lutero, no Catecismo Maior, afmna: .::,~;;: para se criar o termo pré- : :.:ficar procedimentos do pecado original, posiciona-se também às palavras de Davi no "se tomou homem, foi concebido e nasceu do Espírito Santo e da Virgem, sem qualquer pecado, a fIm de que fosse Senhor sobre o pecado."J8 Segundo esta explicação, em contraste com o ser humano, Jesus foi concebido sem pecado, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro técnicos homem desde o momento de sua concepção por obra do Espírito Santo. o "-_.: (DIU) no mercado, este era . _. momento em que o DIU foi Dr. Martim Warth, num artigo sobre a questão da mãe-de-aluguel, reafirma a posição luterana baseada na Escritura de que a vida humana começa na concepção. O Df. Warth usa como argumento escriturístico, além do Salmo 51 e do Salmo 139, :; :,u a ser questionada, a Acade_:: .: em seus documentos oficiais também o texto de Lucas 1.31, em que Maria recebe a notícia de que conceberá ligada ao nome de Jesus como pessoa.J9 __: ::mteriormente, afirma que na já : 0-; odo de tempo entre a concep- o ~: até o parto". De acordo com a início da gravidez, tentando ::. . .:sência da mesma baseado "o" nas ::ião, Gilbert Meilaender afirma ':,::os vivos como pessoas, pois o\ige a presença permanente de : _" Jal começa com dependência, : ::",ui tas vezes termina na depen- : _ o o~ possuía anteriormenteY -:io Outra passagem marcante é a de Êxodo 21.22- 23. O texto bíblico original usa aqui a palavra hebraica dly para descrever o embrião ou feto que poderia ser abortado em conseqüência da briga entre dois homens. Em um artigo muito interessante sobre esta passagem, o comentarista americano Russel Fuller afirma que este termo hebraico é utilizado em outras passagens bíblicas aplicado também a recém-nascidos, adolescentes e jovens, como por exemplo em Gênesis 21.15, referindo-se a Ismael; e em Gênesis 37.30, referindo-se a José. A conclusão de Fuller ressalta que a Escritura aplica este termo sem distinguir estágios de desenvolvimento da vida humana e assim confÜma a pessoalidade e valorização diante de Deus do embrião e do feto humano.4J :05 coNTRÁRIos E E~1BRIÕES ; ::re Derek Kidner, em seu comentário ao Salmo 139, diz que este trecho do Salmo enfatiza a formação divina da vida humana pré-natal, realçando o valor que Deus dá ao ser humano, mesmo sendo este um embrião ainda.40 de uma nova vida humana, aborto, onde ele cita duas : _:~~,J 51.5. Com base nestas duas ~: o início da vida humana, visto ~"J momento da concepção, e Jó • :·j:O.J6 (> O momento do encontro entre Isabel e Maria, mãe de Jesus, registrados no Evangelho de Lucas (Lc 1.41), nos mostram que já havia vida plena no útero de Isabel. O mais interessante; no entanto, é que o evangelista utilizou a palavra grega {3pÉq;oç para registrar a referência de Isabel ao fruto do ventre de Maria. FC OS 1,7. CM 1I,3I. 39 WARTH, op. cit., p. 7. 40 KIONER, Oerek. Psalms 73-150 - a Oowners Grave, Inter- Varsity, 1973, " FULLER, Russel. Exodus 21 :22-23: the Fetus. Journal of the Evangelical 184. 37 38 _ : ::Y ANO CHURCH p. 10·1. RELATIONS OF Commentary. In: Tyndale Old Testament Commentaries. p. 466. The Miscarriage Interpretation and the Personhood of Theological Sociei)', 37 (2) :169-84, jun. 1994, p. 169- 175 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Arthur Just, em seu comentário de Lucas, ressalta que esta palavra grega é usada para bebês antes e após o nascimento. A Escritura testifica assim, não fazendo distinção dos termos, que uma criança, mesmo antes de nascer é uma pessoa humana de maneira completa, e a santidade da vida humana presente desde o momento da concepção.42 (3pÉc/!OC; pode ser traduzida também por embrião em referência a uma criança que ainda não nasceu.43 criação continuada de DeI';'. Cristo comprou o ser hum2I~.~ .:._ Ressaltando a import2,,~:':: sal, como fundamental na \':::. :.,:,,:'" Mais importante ainL .::.de que Deus viveu eT;'. -c: _. os seus momentos i:-c:::::: temos diante de Deu: _" apresentamo-nos ceIT. ::- Em seu parecer oficial sobre o aborto, a Lutheran Church- Missouri Synod reafirma que todo ser humano é valioso porque Deus o valoriza. A criança antes de seu nascimento, como qualquer outro ser humano em todos os seus estágios de desenvolvimento, é feito à imagem de Deus, feito para a vida com Deus, para responder em amor e obediência à misericórdia c graça divina.44 o Dr. Robert Kolb, professor de Sistemática do Concordia Seminary - Saint Louis, ressalta três aspectos importantes ligados à dignidade da vida humana, estabelecidos pela doutrina da criação: a minha própria dignidade como cllatura de Deus, visto que a cliatura humana é colocada em destaque no projeto de Deus para o universo; a doutrina da cliação estabelece também a base para a re-cliação, pois o ser humano é cliado novo à imagem da Palavra que, como imagem do Deus invisível, criou todas as coisas e reconcilia todas as coisas trazendo paz no sangue derramado na cruz; e por último, a cllação estabelece a dignidade de todas as outras cliaturas humanas, por causa da dignidade que Deus tem colocado na vida de cada um, exigindo total amor e cuidado de uns pelos outros dentro de uma humanidade comum.45 A Lutheran Church-Missouri Synod, através de uma Comissão especial sobre a santidade da vida humana, afirma clara e publicamente que a vida humana é reconhecida por Deus e objeto de seu amor em qualquer estágio de seu desenvolvimento ou consciência, pois ela não é uma realização ou conquista, mas um dom concedido por Deus. Por isto, ninguém a quem Deus tenha criado e por quem Jesus Cristo morreu, é desprezível por qualquer motivo que seja.46 Helmut Thielicke, em sua obra que trata da ética na sexualidade humana, fala de uma dignidade da vida humana qu'e não é intrínseca, não pertence ao homem, mas lhe é alheia, atribuída por Deus a ele. Isto se expressa no fato de que os esforços e feitos humanos não têm valor diante de Deus, senão aquela dignidade que provém do amor sacrificial do próprio Deus por nós. Sendo assim, Thielicke ressalta que a vida humana, desde sua origem, torna-se sagrada não só por causa da ordem da JUST, Arthur A. ]r. Luke 1: 1-9:50. 1n: Concordia Commentary. Saint Louis, Concordia, 1996, p. 72-3. 4.J BROWN, Colin, ed. Dicionário internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo, Vida Nova, 1981. VI, p. 548. 44 Abortioll ill Perspective, op. cit., p. 27-8. 45 KOLB, Robert. The Christiall Faith. Saint Louis, Concordia, 1993, p. 58-9. 46 That They May Have Life. (THE PRESIDENT'S COMISSION ON THE SANCTITY OF LIFE - LUTHERAN CHURCH-MISSOURI SYNOD), p. 1. 42 176 sa vida foi atingida p::' boa razão teológic8. ~.:. primeiros momento:, o Batismo é o momemc -:-.::'. uma nova identidade que 'o'::: :: Deus por graça através da :'~ .:.- Weise está diretamente cor::':: humana, uma vez que Crist~ ~:-::: assim a ordem da criação co:-:A obra da criação e da r: ~:': = diante de Deus e atribuída I':' humana. Esta valorização de s:: sua concepção, quando aind:; :-. .:.:Sagradas, pelas Confissões L-.::::- -.:.c isto leva a escolher a presen ::~::ta dentro da ética bíblica e cr,.:: A MANIPULAÇÃO DE EMBPJÔ IN VITROÀ LUZ 0.,) A explicação do quinto ::. alerta não apenas contra o h.:.r:servação da vida do próxim::' ' No Catecismo Maior. Lu:::~_ livre de perseguição e tranqt:. que este mandamento envoh" .:..:.~. que nenhum mal ou dano se q 47 48 49 50 51 THIELICKE, op. cit., p. :: MEILANDER, op. cit., p . .: WEISE, op. cit., p. 9. Cm I, 10. CM I, 185. _ • Igreja Luterana - N° 2 - 1999 criação continuada de Deus, mas também por causa da ordem da redenção, quando Cristo comprou o ser humano de volta para Deus.47 que esta palavra grega é ~ra testifica assim, não fazen:cretesde nascer é uma pessoa ::::-"Jmana presente desde o mo--têm por embrião em referên;:C:::l Ressaltando a importância da obra da redenção em Cristo e seu caráter universal, como fundamental na valorização da vida humana, Gilbert Meilander afirma: Mais importante ainda, ao menos para o cristão, é o ensinamento cristológico de que Deus viveu em Jesus de Nazaré e redimiu toda a vida humana, desde os seus momentos iniciais até a morte que nos aguarda a todos (...) Não temos diante de Deus quaisquer direitos ou realizações de que nos gabar; apresentamo-nos com confiança diante dele unicamente porque toda a nossa vida foi atingida pela morte e ressurreição de Jesus. Temos, portanto, uma boa razão teológica para defender a continuidade da vida desdc os seus primeiros momentos até o último suspiro.48 - C:1Urch-Missouri Synod reafir, , c.lJriza. A criança antes de seu , :::JS os seus estágios de desen::'2 :: om Deus, para responder em ~-r,::ordia Serninary - Saint Louis, ___c ja vida humana, estabelecidos : -r-,o criatura de Deus, visto que a , :: Deus para o universo; a doutri:,~ão,pois o ser humano é criado invisível, criou todas as coisas - _, :i c'-:-amadona cruz; e por último, a ; ::-:',aturashumanas, por causa da _r:, exigindo total amor e cuidado =- :_, r,~m,45 :i: 'lma Comissão especial sobre a -'.ente que a vida humana é reco::_-:: estágio de seu desenvolvimen, • :onquista, mas um dom conce, .,.'c.criado e por quem Jesus Cristo , :, "a sexualidade humana, fala de -:::c.,nso pertence ao homem, mas ::: :; 5a no fato de que os esforços e , :': aqucla dignidade que provém :- :i: assim, Thielicke ressalta que a .c. "ão só por causa da ordem da -':ínentary. Saint Louis, ,ia do Novo Testamento, Concordia. o Batismo é o momento em que Deus coloca sua marca no homem e lhe dá uma uma nova identidade que vai além de sua carga genética, por causa da justiça de Deus por graça através da fé por causa de Cristo. Esta afirmação do Df. Robert Wcise está diretamente conectada com o conceito de dignidade alheia da vida humana, uma vez que Cristo ordenou o Batismo a todas as criaturas, conectando assim a ordem da criação com a ordem da redenção.49 A obra da criação e da redenção são portanto a base da dignidade humana diante de Deus e atribuída pelo próprio Deus, que dá o status de sagrado à vida humana. Esta valorização do ser humano, mesmo nos momentos iniciais logo após sua concepção, quando ainda no período embrionário, é testificada pelas Escrituras Sagradas, pelas Confissões Luteranas e encontra apoio na ciência também. Tudo isto leva a escolher a preservação ao invés da manipulação como uma atitude coneta dentro da ética bíblica e cristã. A MANIPULAÇÃO DE EMBRIÕeS NA TÉCNICA DE FERTILlZAÇÃO IN VITROÀ LUZ 00 QUI!\'TO MANDAMENTO A explicação do quinto mandamento no Catecismo Menor de Martinho Lutero alerta não apenas contra o homicídio, mas também para a responsabilidade da preservação da vida do próximo. 50 No Catecismo Maior, Lutero amplia essa visão: "que cada um esteja protegido, livre de perseguição e tranqüilo quanto à maldade e violência dos demais, e quer que este mandamento envolva o próximo como muro, fortaleza e asilo sagrado, para que nenhum mal ou dano se lhe cause no corpO."51 São Paulo. 47 48 ~c,:Jrdia, 1993, p, 58-9. = ='-lISSION ON THE SANCTITY 1. 49 OF 50 SI THIELlCKE, op. cit, p. 231. MEILANDER, op, cit, p, 47, WEISE, op. cit, p, 9, Cm r, 10, CM I, 185. 177 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 o Dr. Warth Lutero vê a necessidade de proteger a vida humana não apenas proibindo o homicídio, mas preservando-a de qualquer perigo ou dano e evitando a possibilidade do homicídio: "Porque onde se proíbe matar, aí se proíbem, outrossim, todas as causas que possam dar origem ao homicídio."52 em laboratório, afirmando q:.:~:; . ou pessoas humanas, levam,,:.::' _ to: Não matarás.57 alerta contE, .::::0: A utilização e o consentimento com o uso de qualquer meio que crie situações de risco à vida humana também é condenado pelo reformador: "que não usemos nem consintamos nenhum meio ou procedimento com que se possa maleficiar al- A questão da criopreser·::,::'.: _ próprias clínicas de reprodu;::' sobrevivem ao processo de :::-. ~~ __ guém."53 A vida humana merece e deve ser preservada pois ela é muito valorizada e estimada por Deus, por causa da sua obra de criação e redenção. E esta valorização e dignidade se estende a qualquer estágio de desenvolvimento da vida humana, inclusive o estágio embrionário, logo após a concepção. o Dr. Lejeune também se :-:-.::' - -_': pois estes estão totalmente ,j~::-~:__.:- .: da pessoa que supervisiona c .:- ..; c com uma fortaleza segura. afu-:::-_::.:-.::': :: digno para abrigar uma nO\2' ~ Partindo deste ponto de vista, o embrião humano inclui-se no rol daqueles que devem ser preservados de acordo com a explicação e aplicação do quinto mandamento. o teólogo americano Se:': R. da, acrescenta que um proble:-:-.::::-:-:que os embriões congelados "i'.: : nati vas seriam destruir os em t·i. o e • A técnica da FIV pode ser altamente questionada então, visto que cria situações de risco para a vida humana, em que efetivamente há uma possibilidade grande de perda de óvulos fecundados no processo de manipulação. Além disso, há a prática comum de se destruir embriões se eles parecerem anormais. Existe ainda a los para outros casais infértei, :._ avaliada do ponto de vista tece c;. _. hiperfertilização, quando são fertilizados muitos óvulos simultaneamente, alguns selecionados para implantação e outros descartados.54 sendo Por esta causa, a DivisãO' ~::.::. recomenda que todos os 6\:.:1_: destruídos, mas voltem para: ..>: O uso da técnica de FIV nas clínicas de reprodução assistida prevê como uma Mas esta solução também ~ :: . : .:: não se implantarão e serão des.::.-- - c tas vezes no processo natural de .:- - . ei tece em conseqüência da mani;:-',:::. '. dade humana sobre o uso da FI',,' das etapas anteriores à implantação dos embriões, a chamada seleção de embriões através de uma biópsia e um diagnóstico genético do embrião. A partir de então, os embriões que tenham em sua carga genética alguma probabilidade de doenças cromossômicas conhecidas, são descartados, selecionando-se apenas os embriões mais viáveis.5ó Uma das conseqüências da Fl'· ção em conseqüência do númer:: e e:-: problemas como nascimentos r:.:. de ocasionar por vezes uma gr::-:::e - j Os riscos, ainda que pequenos, mas existentes, de perda de vidas humanas pela mal formação dos embriões durante a FIV, e o uso desta técnica mesmo estando-se consciente deste risco, é questionável a partir da ética cristã.55 CM 1,186 . CM I, 188. " ANDERSON. \2 j7 '.1 .\8 frozen embryos?", op. cit., <<http://bsf.bib]e,org/galaxie/journals/samp1e/bibsac/8594/86a.6.htm>> 178 outubro 199~ 10/98). (10/07/98). " RAMSEY. Paul. On In Vitro Fertilization. In: LAMMERS, Stephen E. e VERHEY, Allen. ed. Dn Moral Medicine - Theologica! PersfJectives in Medica! Ethics. Grand Rapids, WiJliam B. Eerdmans, ]989, p. 340-l. 56 "Diagnóstico Genético de Pré-Implantação". PROFERT - Reprodução Assistida, outubro 1998. <<http://www.profert.com.br/diagnost054.htm>> (23/1 0198). WARTH, op. cit., p. 6-7. 1995 ART FERTILITY CLI'\IC 59 60 LEJEUNE, op. cit., p. 129. RAE. ScoU B. "Brave New Fer·._ textlcri/cri-jrnl/web/crjO 125a.h:,.,.. 111 Vitm Fertilization, op. cit.. 62 GREENHALGH, Laura et a1ii.. -", 61 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 - c ; :-:-,ananão apenas proibindo o .~dano e evitando a possibilida_. o~proíbem, outrossim, todas as o Dr, Warth alerta contra a destruição consciente de embriões na manipulação em laboratório, afirmando que isto significa a manipulação ou eliminação de vidas ou pessoas humanas, levantando uma pergunta muito séria diante do 5° mandamento: Não matarásY :~}lquer meio que crie situações reformador: "que não usemos ~:m que se possa maleficiar al- A questão da criopreservação dos embriões também é problemática, pois as próprias clínicas de reprodução assistida alertam que alguns dos embriões não sobrevivem ao processo de congelamento e posterior descongelamento.58 ::..: pois ela é muito valorizada e , '.: e redenção. E esta valorização :écenvolvimento da vida humana, - ~epção. ."r'ia inclui-se no rol daqueles que . _. i,r e aplicação do quinto manda- -r.i" então, visto que cria situações _ ré há uma possibilidade grande de _-. ~'Jlação. Além disso, há a prática _~é:-em anormais, Existe ainda a _o Jvulos simultaneamente, sendo :'escartados.54 - .'. de perda de vidas humanas pela _, " desta técnica mesmo estando-se ética cristã.55 .'dução assistida prevê como uma 'éo. a chamada seleção de embriões ~, do embrião. A partir de então, os Jguma probabilidade de doenças é:ecionando-se apenas os embriões o Df. Lejeune também se manifesta contrário à criopreservação de embriões, pois estes estão totalmente dependentes do aparato tecnológico e da boa vontade da pessoa que supervisiona o congelamento. Ele então compara o útero materno com uma fortaleza segura, afirmando que o mesmo é o único lugar verdadeiramente digno para abrigar uma nova vida humana.59 o teólogo americano Scott Rae, num artigo sobre a ética na reprodução assistida, acrescenta que um problema importante em relação à criopreservação é o fato de que os embriões congelados não podem ficar estocados indefinidamente, e as alternativas seriam destruir os embriões, usá-los para experimentação científica ou doáIas para outros casais inférteis, numa nova forma de adoção que teria de ser melhor avaliada do ponto de vista teológico e legal. 60 Por esta causa, a Divisão para Estudos Teológicos da Lutheran Council USA recomenda que todos os óvulos fertilizados não sejam criopreservados nem destruídos, mas voltem para o útero da mãe.61 Mas esta solução também é problemática, pois um maior número de embriões não se implantarão e serão descartados pelo organismo da mãe. Isto acontece muitas vezes no processo natural de concepção também, mas no caso da FIV, ele acontece em conseqüência da manipulação dos embriões, o que acarreta a responsabilidade humana sobre o uso da FIY. Uma das conseqüências da FIV que tem-se tornado comum é a múltipla gestação em conseqüência do número de embriões implantados. Isto aumenta o risco de problemas como nascimentos prematuros e bebês com seqüelas neurológicas, além de ocasionar por vezes uma gravidez de alto risco.62 57 58 - . ,urnals/sample/bibsac/8594/86a.6.htm» WARTH, op. cit., p. 6·7. 1995 ART FERTILlTY CLlNIC REPORTS. "What are the suceess rates for ART using (231 frozen embryos?", outubro 1998. <<http://www.ede.gov/necdphp/drh/arts/section3.htm>> 10198) . . ::::RS, Stephen E. e VERHEY, Allen, ed. ',:!lcal Ethics. Grand Rapids, William B. c ~_-1::RT- Reprodução (23/1 0/98). Assistida, outubro LEJEUNE, op, cit., p. 129, '0 RAE, Seott B. "Brave New Families?", julho 1998. <<http://www.iclnet.org/pub/resources/ text/cri/cri-jrnl/web/crjO 125a.html» (15107/98). " [n H'tra Fertilization, op. cit., p, 31. ó2 GREENHALGH, Laura et alii, A Fábrica da Vida. Revista Época, 1 (9) :40·6, jul. 1998, p. 46. 59 179 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Este é outro peligo para a vida humana provocado pela manipulação dos embriões na FIV o uso da técnica de fertilização in vitm torna-se assim, por causa da manipulação dos embriões humanos e suas possíveis e muitas vezes inevitáveis conseqüências, algo extremamente questionável, pois coloca em risco a vida humana e por vezes seu uso consente com o homicídio, sendo assim uma atitude contrária ao que Deus prescreveu como sua vontade no quinto mandamento. ELEMENTOS ~ LUTERANA ~ IGREJA E SACRAMENTO CONCLUSÃO Não há como negar quão impressionante é o avanço científico humano em todas as áreas, especialmente no campo da medicina. Os grandes avanços e descobertas na área da reprodução humana assistida em laboratório, especialmente após o êxito da técnica da fertilização in vitm, são igualmente espantosos. Os dois pontos fundamentais de questionamento ético analisados neste trabalho, a saber, os contrastes entre a visão bíblica de procriação e da origem e dignidade da vida humana, e os conceitos científicos de reprodução humana e de pré-emblião, nos levam a concluir que há sérias razões para casais Clistãos optarem por não usar a técnica de fertilização in vitm, especialmente quando tais problemas éticos são confrontados com a vontade divina expressa no primeiro e no quinto mandamentos. «Mais um livro sobre ecleSlc:- _ Wolfhart Pannenberg não é exa:2--:-. =- ._ to na teologia européia e amer:~-destaca em sua identidade própr.:-'.~obra sistemática que se propõe 2.: que já é assaz surpreendente eI :-,Ademais, a fé cristã não é ali sC:"c-de um sistema, um sistema epis:=:científico e filosófico. Sim, Pa:-"c- ==-i sistema teológico. Sistema 21.1T:-'.2. sintetizado na mais recente «de;::: c . volume dedicado inteiramente:: :,. pesso dos três, com suas quase s=:=.--.-lhado em notas de rodapé. As'_: esperança-amor, Igreja, sacrarr,e:-.:_. A Palavra de Deus é bem clara ao estabelecer a procriação humana no contexto da união de uma só carne dentro do matrimônio ordenados e abençoados por Deus desde o início da humanidade. Qualquer tentativa de reprodução humana que desvincule procriação desta união de uma só carne está se desviando da orientação divina e torna-se idolatria, ao colocar o desejo da auto-realização através da paternidade biológica antes da obediência e confiança no Senhor. Estudo científico, dizia eu. E; atrás de si. Mainz, Wuppertal. E= principais, sem citar suas estad.--c:'--~ periência, eu também dizia. Ref: --:um livro com sermões, Gegen,:;= no. Publicou reflexões sobre ='::_- Da mesma forma, o uso de uma técnica de reprodução assistida que manipula e coloca em risco vidas humanas que, segundo a revelação bíblica, são valorizadas e amadas por Deus em qualquer estágio de seu desenvolvimento, está se colocando em franca oposição ao quinto mandamento que proíbe qualquer espécie de atentado à vida e ordena preservar em vez de manipular. publicando sobre o pastoreio d-'.= 5 Mas, do ponto de vista da ética cristã, os fins nem sempre justificam os meios, e é necessário, antes de celebrar tais avanços científicos e fazer uso deles para auxiliar casais cristãos inférteis, analisar alguns aspectos importantes relativos à técnica a partir de uma ótica bíblica e cristã. A realidade da infertilidade certamente não é agradável, muito menos insignificante, e casais cristãos também sofrem por causa dela, Mas, como Deus mesmo o instituiu, o matrimônio não depende da procriação para se tornar completo, feliz e abençoado. A procriação não é o único nem fundamental objetivo de uma união em casamento. Certamente Deus abençoa de diversas e variadas formas também o matrimônio de casais cristãos impossibilitados da paternidade biológica, sendo uma destas formas a adoção, que não envolve questionamentos éticos de nenhum dos dois pontos éticos levantados. 180 Manfred K. Zeuch. Doutor E' pmfesso/; Coordenador de PE'. LlIlerana do Brasil, Cal1oGS.. Faculdade de Teologia do Se um artigo anteriormente r::-1996, pp. 77-90. A versão "'::,' I Wolfhart Pannenberg, SYEE-tradução em inglês foi CO[2:;'::': 2 c Em 1998 publicou por exemplG = _ ,_ in Zeitweruie 69, 1998, 13-25: ~ __;:c_~. - Communion. Essais ill Ruw" -«Die lutherische Tradition u:~ _..:--: Primato de! Successore Die:, F Vaticano: Libreria Editrice \s..:::,--.: igreja e ministérios de unid:;~:: =.: -, - Strasbourg». Vox Concord,c;:.: _-: :- Igreja Luterana - N° 2 - 1999 "::'.,cnipulaçãodos embriões na HV. e ""sim, por causa da manipula, 'ezes inevitáveis conseqüên,: =:TIrisco a vida humana e por ::~1uma atitude contrária ao que _J.mento. ELEMENTOS DE UMA ECLESIOLOGIA lUTERANA CONTEMPORÂNEA: IGREJA E SACRAMENTOS EM WOlFHART PANNENBERG Manfred Krespsky Zeuch ,:':,0 científico humano em todas ~' ,::randes avanços e descobertas c "lO, especialmente após o êxito ~spantosos. - e"n sempre justificam os meios, e : os e fazer uso deles para auxiliar ,::lportantes relativos à técnica a o::ticoanalisados neste trabalho, ::ção e da origem e dignidade da _", ~;ohumana e de pré-embrião, nos n' oristãos optarem por não usar a , _:~,:btais problemas éticos são cone,.O' e no quinto mandamentos. " :: procriação humana no contexto , : rdenados e abençoados por Deus : - :,:i\'a de reprodução humana que , '~c:está se desviando da orientação ~, auto-realização através da pater_:: no Senhor. '=orodl'ção assistida que manipula c '~\e1ação bíblica, são valorizadas e ,'~~:"olvimento, está se colocando em -- :-~e qualquer espécie de atentado à ,::":idável,muito menos insignifican\las, como Deus mesmo o instituiu, 'nar completo, feliz e abençoado. A : de uma união em casamento. _~:2das formas também o matrimônio '_~:lde biológica, sendo uma destas ,-~~entos éticos de nenhum dos dois «Mais um livro sobre eclesiologia»? O terceiro volume de Systematische Theologie1de Wolfhart Pannenberg não é exatamente isto. Na abundância literária que aborda o assunto na teologia européia e americana das últimas décadas este livro de Pannenberg se destaca em sua identidade própria por pelo menos duas razões: primeiro faz parte de uma obra sistemática que se propõe a tratar o conjunto global da fé cristã, em três volumes, o que já é assaz surpreendente em nossa época. Rara coragem de se expor assim ao risco. Ademais, a fé cristã não é ali somente tratada de maneira sistemática, mas exposta dentro de um sistema, um sistema epistemológico bem particular, um sistema de pensamento científico e filosófico. Sim, Pannenberg propõe à comunidade acadêmica mundial um sistema teológico. Sistema amadurecido em quarenta anos de estudo e experiência, e sintetizado na mais recente «dogmática». Surpreende também por ser o terceiro e último volume dedicado inteiramente a assuntos de eclesiologia, sendo além disso o mais espesso dos três, com suas quase setecentas páginas de texto miúdo e amplamente trabalhado em notas de rodapé. Assuntos de eclesiologia são: ação do Espírito Santo, féesperança-amor, Igreja, sacramentos, ministério(s), escatologia. Estudo científico, dizia eu. Este teólogo tem uma brilhante carreira universitária atrás de si. Mainz, Wuppertal, Heidelberg, e especialmente München são os marcos principais, sem citar suas estadas em universidades americanas como convidado. Experiência, eu também dizia. Refiro-me ao viver a Igreja, ao dialogar na Igreja. Publicou um livro com sermões, Gegenwart Gottes (=presença de Deus), traduzido para o italiano. Publicou reflexões sobre espiritualidade cristã, sobre viver o sacramental. Está publicando sobre o pastoreio da Igreja, a questão ecumênica dos ministérios.2 Esteve Manfred K Zeuch, Doutor em Teologia Protestante (Universidade de Strasbourg, França) é professO/; Coordenador de Pesquisa do Centro de Teologia e Assessor de Teses na Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS, e professor convidado no curso de mestrado em teologia da Faculdade de Teologia do Seminário ConcÓrdia, Este estudo retoma, numa revisão e ampliação, um artigo anteriormente publicado, em português. na Caesura (ULBRA), n° fi, jan./jun. 1996, pp. 77-90. A versão anterior foi publicada também na França, Alemanha e Argentina 1 2 Wolfhart Pannenberg, Systematische Theologie, voI. 1-3. Gbttingen, 1988, 1991, 1993. A tradução em inglês foi concluída e publicada em 1997, em Grand Rapids (Eerdmanns). Em 1998 publicou por exemplo: <<EvangelischeÜberlegungen zum Petrusdienst des rbmischen Bischofs», in Zeitwende 69, 1998, 13-25; <<Lutheransand Episcopy», in Colin Podmore (ed): COlllmunity - Unity - Cmnmunion, Essais in Honnor of Mary Tanner. Londres: Church House Publishing, 1998, 183-188; «Die lutherische Tradition und die Frage eines Petrusdienstes an der Einheit der Christen», in II Prima to dei Successore Dieu Pietro. Atti dei Simposio teologico, Roma, diciembre 1996, Città de! Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1998, 472-475. Cfe. também meu artigo de 1995; «Unidade da igreja e ministérios de unidade: Esperança ou utopia? Aspectos de um colóquio internacional em Strasbourg». Vox Concordiana [Suplemento teológico], n° 2 (1995), pp. 58-71. 181 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 o «starting sempre engajado nas discussões ecumênicas eclesiásticas e acadêmicas no mais alto nível, tratando muitas vezes dos temas aqui citados.] Pannenberg ocupa um lugar de destaque no mosaico teológico contemporâneo. Indicou um novo rumo à teologia européia a partir de 1961,4 tanto pela sua redescoberta e revalorização da ciência histórica para a hermenêutica teológica descreditada há muito nessa disciplina por causa da influência devastadora da crítica iluminista - como pela sua impressionante interdisciplinaridade e disponibilidade em dialogar com outras ciências do espírito e com as ciências naturais. Desenvolve, no interesse da fé cristã, uma teologia «argumentativa», que tem por objetivo re-descobrir a sua auto-consciência de então de ser a ciência por excelência, enquanto compreende a realidade sem excluir a «possibilidade Deus». Somente uma ciência que «inclui» Deus é capaz de chegar a uma compreensão real e global do existente. Quanto ao nosso tema: os meios da graça, ou meios de salvação, fazem parte constitutiva da Igreja, para Pannenberg, o que explica que o seu estudo esteja incluído no capítulo da Igreja. Em sua visão histórica da revelação divina, Pannenberg se decidirá pela apresentação mais rara na história da dogmática, que coloca a eclesiologia antes da doutrina dos meios da graça e da apropriação individual da salvação da parte daquele que crê.5 Pannenberg vê, com uma certa ala da teologia católica,6 a eclesiologia como sendo uma variável do estudo do Reino de Deus, (Gottesherrschaft) uma vez que é este Reino determina, por eleição (Erwiihlung), a história do povo de Deus enquanto «Israel» e enquanto «Igreja». A Igreja está em uma continuidade atual em relação a IsraeL Nessa relação a Igreja é a comunidade escatológica - o que corresponde à visão histórico-teológica geral de Pannenberg - e como tal, ela é um estágio mais avançado no caminho da história da humanidade em direção ao seu cumprimento totaL A Igreja é um sinal mais claro na antecipação do fim, mas não pode se separar da sua continuidade veterotestamentária. Israel e a Igreja são elementos de uma só e coerente história que está revelando Deus, até o dia em que, no fim, reinará de maneira imediata. i Panncnberg colabora ativamente no «círculo ecumênico de teólogos protestantes e católi· cos», tendo contribuído, entre outros, para a série Lehrverurteilungen, KirchenTrennend?, vol. 1-4. , com a publicação de Pannenberg, Wolfhart; Rendtorff, Rolf; Rendtorff, Trutz; Wilkens, Ulrich. Offenbarung aIs Geschichte. (Kerygma und Dogma Beiheft). Giittingen, 1961', 19825[com um prefácio novo)), traduzido em inglês: Revelation as History. (New York, 1968), edição inglesa: (London, 1969), italiano (trad. da Ia 3' edição: Rivelazione come storia. (Bologna, 1969), espanhol: La revelacion como historia. Caparros, Antonia, trad. (Salamanca, 1977). 5 6 Do lado protestante, Werner Elert, por exemplo, optara também por essa ordem de apresentação. Do lado católico, esta ordem foi seguida especialmente depois do concílio do Vaticano lI, na dogmática coletiva Mysterium Salutis: J. Feiner et M. Liihrer, ed. Mysterium Salutis. GrundriB heilsgeschichtlicher Dogmatik, nos volumes 4/1 (1972) e 4/2 (1973). Especialmente com a assim chamada «escola de Tübingen», cf. Systematische Theologie, 3, p.38. 182 block» teolc~ Aquijá tocamos no::p,c~.=-ou estrutura da antecipaç2:. chave, o princípio ou Deus, da Trindade, de Cri,:ou antropológicas, como t:-é~~-: enão forem vistas ou tratad::.' ; . : sacramentologia se enqusj-.:.~ Fundamentalmente em':::.:. e com a exegese bíblica cL: conhecimento da realidade': fim da mesma: é olhando ,,:c:.:. . e a Igreja ilustram que o ILc" _ reinado final de Deus. O,.'. c':: incorporado e antecipado. '.: conhecer este fim, este esc":::, . fim da história universal. bs; que Deus tem com os home:,;: ressurreição será geral. Se:''::: decidirá sua situação diame:c _ ; _' A compreensão globc:: " Cristologia. A história, a te:2: .'_ endidas senão a partir de. c é~ .. ':: uma afirmação de seu tra[.'. divindade de Deus realizo!.:· c:: Jesus de Nazaré, enquant.: ~... dos os eventos.»1O O conceito da proleps:: :: e o presente, - dos dois Gadamer, filósofo de He::L ~;~,: contingente e particular TI.' ~.:.:: ser conhecido se não a ção trata da relação entre.' ,_ 7 Cf. Denis Müller. Parolé ,: ~. __ 33, e Philip Clayton. «A~... __" Pannenberg. Carl Braa:e~, ::: " R.D. Pasquariello, «Panr:ô:. co:,; . (1976), pp. 338·347. Cf. Clayton, op. cil. p. l> Tratei este assunto em ..._. Pannenberg». Igreja L.'( 10 Offenbarung ais GescU: 8 9 Igreja Luterana o «starting :"·.i~as e acadêmicas no mais .. ' : teológico contemporâneo. :ir de 196I,4 tanto pela sua . ~3. a hermenêutica teológica _ ~., influência devastadora da c iisciplinaridade e disponibili: _:':1 as ciências naturais. Desen_::Hativa», que tem por objetivo : - J. ciência por excelência, en'-ilidade Deus». Somente uma . ~Jmpreensão real e global do .:10S de salvação, fazem parte ::,lica que o seu estudo esteja '.J. revelação divina, Pannenberg . -:J. da dogmática, que coloca a .: ~ : da apropriação individual da ~atólica,6 a eclesi010gia como ~]ttesherrschaft) uma vez que é .=.o:ória do povo de Deus enquan_~-.3.continuidade atual em relação . ;": :,tológica - o que cOlTesponde à _ . ~'mo tal, ela é um estágio mais _:: ::11 direção ao seu cumprimento ia fim, mas não pode se separar :, Igreja são elementos de uma só jia em que, no fim, reinará de :: de teólogos protestantes e católi'.'Temrteilungen, Kirchentrenllelld? ~.,:,jf; Rendtorff, Trutz; Wilkens, Ulrich. ~dt). Gottingen, 19611, 1982S[com um (New York, 1968), edição inglesa: .•:Iolle come storia. (Bo1ogna, 1969), ~ia, trad. (Salamanca, 1977). c::. também por essa ordem de apresen- : _.:.;:nente depois do concílio do Vaticano =, c: et M. Lohrer, ed, Mysterium Salutis. -,' -'-/1 (1972) e 4/2 (1973). . _: .:.gen», cf. Systematische Theologle, 3, c o - N° 2 - 1999 block» teológico Aquijá tocamos no epicentro do pensamento teológico de Pannenberg. É a temia ou estrutura da antecipação, ou prolepse, no termo técnico. Ela é considerada como a chave, o princípio ou impulso subjacente de sua teologia.? Tanto a sua concepção de Deus, da Trindade, de Cristo, da ressurreição, ou suas considerações mais filosóficas ou antropológicas, como também metodológicas e hermenêuticas, não têm sentido se não forem vistas ou tratadas sob o aspecto da prolepse.8 Também a sua eclesiologia e sacramentologia se enquadram nessa estrutura de pensamento. Fundamentalmente em diálogo crítico com a filosofia (Hegel, Dilthey, Heidegger) e com a exegese bíblica do Antigo e do Novo Testamento, o teólogo conclui que o conhecimento da realidade da história (individual e global) só pode ser atingido no fim da mesma: é olhando para trás que se compreende o sentido de uma vida. Israel e a Igreja ilustram que o mundo caminha dentro de uma história que culmina com o reinado final de Deus. Ora, Jesus Cristo não pode ser senão este momento final incorporado e antecipado. No Cristo ressurreto Deus antecipou o fim, e nos dá a conhecer este fim, este eschaton, por antecipação. Para conhecermos o objetivo e o fim da história universal, basta olharmos para Jesus Cristo reSSUlTeto.Esta é a meta que Deus tem com os homens: viver na comunhão com eles numa nova realidade. A ressurreição será geral, sendo que na postura do indivíduo diante de Jesus se decidirá sua situação diante de Deus.9 A compreensão global da prolepse está, pois, intimamente ligada à sua Cristologia. A história, a totalidade da realidade, e a teologia não podem ser compreendidas senão a partir de, e em Jesus Cristo em sua vida, morte e ressurreição. Cito uma afirmação de seu trabalho programático de 1961: «A revelação universal da divindade de Deus realizou-se, não na história de Israel, mas somente no destino de Jesus de Nazaré, enquanto nesse destino irrompeu, antecipadamente, o fim de todos os eventos.»10 O conceito da prolepse é uma tentativa de descrever a relação entre o passado e o presente, - dos dois «horizontes», como Pannenberg o compreende segundo Gadamer, filósofo de Heidelberg . e o futuro, bem como a relação entre o que é contingente e particular no passado e o sentido de toda a realidade, que não pode ser conhecido se não a partir do futuro, também aberto e contingente. A antecipação trata da relação entre a parte e o todo, na história universal. Jesus Cristo é o Cf. Denis Müller. Parole el Hisloire. Dialogue avec IVoifhart Pannenberg. Genebra, 1983, p, 33, e Philip Clayton. «Anticipation and Theological Method», in The Theology of Woifhart PannenberR. Carl Braaten et Philip Clayton, ed. Minneapolis, 1988, pp. 122-152 (128), e R.D. Pasquariello, «Pannenberg's philosophical foundations» in The Joumal of Religion 56 (1976), pp. 338-347. , Cf. Clayton, op. cit. p. 128. Y Tratei este assunto em «A salvação universal e a escatologia no pensamento de Wolfhart Pannenberg». Igreja Luterana, voi. 56, n° 1 (7/1997), pp. 39-58 . 10 Offenbarung ais Geschichte, p. 103. 7 183 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 evento particular significativo no qual o todo da realidade foi antecipado. Ele é a irrupção proléptica do fim, no curso da história da humanidade. A prolepse encontra-se, então, numa tensão entre o já, e o ainda não. A batalha final já foi travada, mas o armistício ainda está por vir, conforme uma expressão do recém-falecido e grande Oscar Cullmann, ex-professor em Strasbourg e na Basiléia.ll O conceito de antecipação de Pannenberg não tenciona servir à filosofia, e também não deriva-se simplesmente de suas leituras filosóficas - mesmo se ele é um dos teólogos que mais intensamente dialogaralll com a filosofia - mas tenciona antes expressar a estrutura fundamental deste evento (considerado historicamente verificável, aliás!) central do clistianismo, a saber, a ressurreição de Jesus Cristo. 12 O conceito da unidade da história, e de sua antecipação a partir do fim, não é novo. Começou já com Hegel. Mas ele não ultrapassava, no pensamento hegeliano de filósofos como Dilthey e Heidegger, o muro ou abismo intransponível da finitude humana, a morte. Pannenberg escreveu em 1967: «O conceito de Heidegger, segundo o qual a totalidade do ser não pode ser obtida ou compreendida senão a partir de uma antecipação que corresponda ao primado do futuro sobre a temporalidade [...] precisa somente ser livrado do erro de querer compreender a totalidade do ser a partir da morte. A consciência do caráter inevitável da própria morte pode despertar no ser humano a seriedade da questão pelo seu destino, mas não pode ela mesma ser o conhecimento do destino último do homem, que constitui o todo do ser.»13Neste caso, o destino último do ser é o nada. O nihil. Mas o «não-ser» não é um destino que faça sentido. É antes uma «ameaça», como dizia Paul Tillich. Pannenberg atravessa o impasse filosófico, e vai achar o fim e o sentido além desse muro ou abismo ameaçador. O fim e o sentido de toda realidade humana são dados naquele evento que ultrapassa a morte, e no qual o ser humano encontra o seu destino, e o sentido da história universal: a ressurreição da morte e a chegada do reinado imediato e universal de Deus. A Igreja e os sacramentos indicam antecipadamente o Rein(ad)o de Deus A prolepse determina, assim, igualmente a visão dc Pannenberg da Igreja e sua relação com o Reino de Deus. A essência da Igreja, bem como seu destino ou o seu alvo, estão estreitamente ligados à noção de Reino de Deus.14 Essa relação se " Amold, Matthieu. <<In Memoriam Oscar Cullmann. (25 février 1902·16 janvier 1999). L'exégese du Nouveau Testament au service de Ia Théologie». Positions Luthériennes, 47e année, n01 (Janvier-Mars 1999), p. 5. Abordo a diferença entre Pannenberg e Cullmann neste particular na minha tese de doutorado: Signes du Royaume de Dieu. L'Eglise et les sacrements dans Ia théologie de Wolfhart Pannenberg (Strasbourg, 1997, 423 p. Lille· Theses, 1998, microficha), p. 42. " como bem o resume Clayton, op. cit. p. 129. 13«Über historische und theologische Hermeneutik», in Grundfragen Systematischer Theologie. Gesammelte Aufsatze, vol. 1. Gottingen, 1967', pp. 123·158 (146-147). 14Cf. «Die Kirche und das eschatologische Gottesreich», in W.Pannenberg, C.Braaten, A.Dulles. Kirche ohne Konfessionen? H-J.Pesch, trad. München, 1971, pp.119-135 (119) c W. Pannenberg, Thesen zur Theologie der Kirche. München, 1970, p.9. 184 compreende, no seu pen,::::. =_ .. escatológica»15: A Igreja (; ,:-.::.::_~_ : no Reino de Deus». Esta cr.-essência em seu destine é.'. Reino de Deus».ló Seu ser _ agora. Nesta representaç:c: Agostinho, Pannenberg ir:, Zeichen, sinal. E os sacramentos? Tamto:' pação. Vejamos: no batismc ::.r' . vorweggenommen) pelo fate ::c :: - '. participação na morte de Cri:::: também, doravante, da vida '':0 rc é dado como garantia. Vere:> Pannenberg: Se a revelaçãe ~ ::..- . cumprimento, que se poderá c . acontece no caso do batismc' .'-"r _ to com Cristo pelo batismo. é: vida do cristão, como já pode ::er ~: outras palavras: a história'::· concretização histórica do e'.c-' vida cristã, então, não será Cl:r::. _ Cristo», no qual todavia a r:'c::' vida de ressulTeição no crisc:: Semelhantemente acontece: constitutiva para o ser da Igrc."::' celebra a ceia do Senhor. um c.== humanidade. Esse destino é a i' .C:-:C. A tradição apocalíptica j udi:::':: ~_. imagem do banquete, é um:. r' • último, e que se confirma n: c'comensalidade que pratica-·. 2._ : recebeu, no entanto, uma dime": qual os seus discípulos tomar::::. i' ::. pontos mais detalhados qU2:F.. _ .. " Cf. M.E.Brinkmann. «De, Theol. Tijdschrift, 1 (197' li, Systematische Theologié 17Ibid. p.272. 181bid. " Ibid. p.323s. Ibid. pp 317. 20 .__., Igreja Luterana - N° 2 - 1999 -::~,:jade foi antecipado, Ele é a - ~:-:-,anidade.A prolepse encon-\ batalha final já foi travada, ::\rressão do recém-falecido e _:;: :: na Basiléia.ll ;:.::-taservir à filosofia, e também - mesmo se ele é um dos teólo- mas tenciona antes expressar -'::,ricamente verificávc1, aliásl) _- :::risto.12 O conceito da unidade :: :,.Jvo. Começou já com Hegel. ie filósofos como Dilthey e ::: ~lumana, a morte. Pannenberg , _- ::: .J qual a totalidade do ser não __ :',;:'antecipação que corresponda . _ '::'somente ser livrado do erro de :: :-:.:-rte.A consciência do caráter ino a seriedade da questão pelo C-.:: do destino último do homem, .iltimo do ser é o nada. O nihil. -:.:~rltesuma «ameaça», como dizia -:: ::. e vai achar o fim e o sentido - ..ja de toda realidade humana são :~::.l o ser humano encontra o seu , ,c..s compreende, no seu pensamento, quando se toma em consideração a sua «ontologia escatológica»15: A Igreja é chamada a ser «a antecipação da sociedade consumada no Reino de Deus». Esta ontologia escatológica significa que o ser (ontos) tem sua essência em seu destino (eschaton). A Igreja é a «representação provisória do Reino de Deus».16 Seu ser consiste em representar o destino final da humanidade já agora, Nesta representação a Igreja é sinal. Em laços intelectuais estreitos com Agostinho, Pannenberg incorpora em sua eclesiologia intensamente o conceito de Zeichen, sinal. E os sacramentos? Também no batismo existe a estrutura ontológica da antecipação. Vejamos: no batismo a morte futura do batizado é antecipada (zeichenhaft vonveggenommen) pelo fato de ser ali o indivíduo associado à morte de Cristo. Esta participação na morte de Cristo lhe dará igualmente a certeza de que ele participará também, doravante, da vida de ressurreição de Cristo, pelo que o Santo Espírito lhe é dado como garantia. Vemos aqui o «starting bloch do programa teológico de Pannenberg: Se a revelação é a história, então é a partir do fim da história, do seu cumprimento, que se poderá compreender a unidade do percurso histórico. É o que acontece no caso do batismo. 17A participação na morte de Cristo, ou o sepultamento com Cristo pelo batismo, é o fundamento da relação do batismo com o caminho da vida do cristão, como já pode ser percebido pelo seu cumprimento final, futuro. Em outras palavras: a história da vida do cristão entre o batismo e a morte é a concretização histórica do evento proléptico do batismo: morte e ressurreição. A vida cristã, então, não será outra coisa do que um processo contínuo dc «morte com Cristo», no qual todavia a presença do Espírito Santo garante a realidade da nova vida de ressurreição no cristão. I! O batismo é, assim, constitutivo ao ser da Igreja. _:-:::~ão da morte e a chegada do :.JS ie Pannenberg da Igreja e sua em ,como seu destino ou o seu .." de Deus.14 Essa relação se = :5 février 1902-16 janvier 1999). ,:gie," Positions Luthériennes, 47e ,:~:;,aentre Pannenberg e Cullmann ?"\'Gume de Dieu. L'Eglise et les Strasbourg, 1997,423 p. Lille- Semc1hantemente acontece com a santa ceia. Como no caso do batismo, ela é constitutiva para o ser da Igreja.19 A Igreja é, na qualidade de comunidade que celebra a ceia do Senhor, um sinal e um instrumento do destino escatológico da humanidade. Esse destino é a participação do homem no Reino de Deus no eschaton. A tradição apocalípticajudaica, que via o futuro da comunhão no Reino de Deus na imagem do banquete, é um sinal, na história, que permite reconhecer este destino último, e que se confirma no comportamento e na prática de Jesus,20 a saber, na comensalidade que praticava com os pequenos e excluídos. Esta comensalidade recebeu, no entanto, uma dimensão totalmente nova na última ceia, - a eucaristia - na qual os seus discípulos tomaram parte na sua vida e morte. Vejamos a seguir alguns pontos mais detalhados quanto à Igreja e os sacramentos. cr M.E.Brinkmann. «De plaats van de Kerk in w.Pannenbergs Theol. Tijdschriji, 1 (1978), pp.31-41 (35). ló Systematische Theologie 3, p.385 . !7 Ibid, p.272. I' Ibid. 15 -:dfragen Systematischer Theologie. . :::-158 (146-147). ',\'Pannenberg, C.Braaten, A.Dulles. ]971, pp.119-135 (119) e W. 1970, p.9. 10 10 Theologie» in Nederlands lbid. p.323s. Ibid. pp 317. 185 Igreja Luterana - N° 2 • 1999 Igreja e Rein(ad)o de Deus Como indicado acima, Pannenberg começa suas considerações eclesiológicas pelo elo estreito entre a Igreja e o Reino de Deus. Referindo-se ao Pestecostes, afirma que a Igreja é a conseqüência do «passo dado em direção à proclamação [pública] da ressurreição e elevação de Jesus Cristo»,21 A Igreja recebeu provas, ou sinais escatológicos, de que o reinado de Deus já está iniciado (im Anbruch). Essas provas são a realidade escatológica da ressurreição dos mortos já realizada em Jesus, e o fenômeno do dom do Espírito Santo, prometido para os últimos tempos ,22 A Igreja é somente um aspecto parcial desse reinado de Deus que começa na nossa história, uma «reunião provisória da comunidade que aguarda a vinda de Deus», Assim, Pannenberg não identifica - com razão - a Igreja com o Reino de Deus, Segundo ele não existe também uma «diferença» somente «quantitativa» entre ambos, como se o Reino de Deus fosse apenas maior do que a Igreja. Qual é, então, a natureza e o destino da Igreja? A partir da antologia eschatológica de Pannenberg é possível afirmar que a essência ou a natureza de toda existência não nos é conhecida agora, mas que o futuro revelará a verdadeira natureza de todas as coisas, O teólogo holandês Brinkmann conclui, então, que a questão pela essência não é uma questão de origem, mas antes uma questão de fim, de futuro. Segundo esta visão, a essência da Igreja teria a ver com o cumprimento do reinado de Deus, em que tudo deverá encontrar sua vocação, seu destino.23 Pannenberg não vê, portanto, a Igreja como uma instituição consumada, terminada. Para ele a Igreja se encontra, antes, num movimento, e os seus atributos essenciais, como a sua santidade, sua catolicidade e apostolicidade são critérios desse movimento, É nesse movimento que a Igreja tenta realizar a sua essência, a qual, segundo essa tese, é ao mesmo tempo o destino e o alvo da Igreja.24 Pannenberg faz aqui justa referência a Gerhard Ebeling, Ebeling explica, no volume terceiro de sua Dogmática da Fé Cristã, porque os atributos da unidade, da santidade, da apostolicidade e catolicidade da Igreja (credo Niceno) devem ser enfatizados: «[...] existe, apesar de tudo, uma relação inegável entre estes atributos e uma certa realidade da Igreja, realidade esta que, ao invés de confirmá-Ios, lhes é totalmente contraditória. Mas é por isso mesmo que se tem de afirmar tão enfaticamente a unidade da Igreja: porque ela é tão radicalmente contestada e ameaçada, Também a apostolicidade da Igreja deve ser realçada tão enfaticamente: porque sentimos tanto como a Igreja está sendo arrastada para longe de sua fonte [origem] apostólica e como ela está indo em direção de um futuro incerto. A santidade da Igreja é tão importante porque nela se acumulam intensivamente tantos traços pecaminosos [Unheiligkeit], E a universalidade torna-se tão central para a Igreja porque sua própria tendência para o particularismo lhe dá tanto trabalho.»25 No " lbid. pAG. 22 Ibid, pA2. 23 Brinkmann, art. cil. p. 32, 24 Ibid, p.37. 25 Gerhard Ebeling, Dogmatik 186 des christlichen Glallbens voI. 3. Tübingen, 1979, p.369s. pensamento pannent~~~ que Deus dá à IgreJa. ~.ec:: mesclas do pecado, on::.~. fim derradeiro, Dados ;:",:>: da Igreja, Ela é em Crise:. ~ É a imagem da situação I::::: Deus. O movimento e o aI'. contexto proléptico, ant~:: -:._ douro de Deus. Aqui preOIC::'; ou função do sinal é <'.mcs'.::-~ ser rigorosamente disting-,,:_. de sinal em dois sentidos ,j'f~~~-' o sinal chamado sacramEC' to de sinal aplicado à Igrej 2:. :?'::~-: I' tar uma identificação ou lI:' :' ..' _ -:-= objeto - o Reino de Deus - s=~::. - a Igreja. Reino de Deus se:. Entre os reformador~, _~_ também era comum26 L',,:~: to instituição externa, nE: '~.::_ =;:dade de Reino de Deus:',. Palavra. Claro que não ;:''::~-' cr Systematische The, como Da Autoridade Se:'é::, 27 Von dem Papstthllm Z!i Fi' 6, 293: "[H'] aufz wilche", <,.-das reich gottis (szo nenroe: ": wider hie noch da, sond",,:: 26 iiberchristlich, iibergeisr':,'. WA 7, 683: "Ich meyn \he yn wilchen gott lebt und :o;·c28 Lutera, numa carta a Sp.L::605: Regnllm Dei est Ec' 29 Praelectio D. Martini L:::' I::' Ego sum Princeps virae. mecum, adhaerete mih: o' e:·' .. _ sitis. Talem igitur haber:.C' .c;c amem imperfectum reg;-,cc. u autem perficietur, cum ':;-0 :"< facie ad faciem (Numé :c . pessoa imortal, a morte c. ~. mente a mim, e onde e;:c'~ ._ ._ vida começa esse reiné;.': começando. Mas quandc e:~ é o seu Reino: começar é...:~' Igreja Luterana - N° 2 . 1999 _c.>considerações eclesiológicas ,_: Referindo-se ao Pestecostes, :c.:io em direção à proclamação : A Igreja recebeu provas, ou .' :!, iniciado (imAnbruch). Essas :~:' dos mortos já realizada em -: :-:-,eridopara os últimos tempos 22 - •.i:. de Deus que começa na nossa :é ~ue aguarda a vinda de Deus». . J. Igreja com o Reino de Deus. ; . mente «quantitativa» entre am.: io que a Igreja. .~ Dartirda ontologia eschatológica c. :u a natureza de toda existência -'., elará a verdadeira natureza de : :nciui, então, que a questão pela .-é' uma questão de fim, de futuro. :-,.com o cumprimento do reinado _c.,ia, seu destino.23 _-.c. instituição consumada, tennina:-:·:-~i[O, e os seus atributos essenciais, ,. c.ê.desão critérios desse movimen~- c.>ua essência, a qual, segundo essa :;:-eja.24Pannenberg faz aqui justa = :ume terceiro de sua Dogmática da ,: J.je. da apostolicidade e catolicidade ._existe, apesar de tudo, uma rela~ .ic.de da Igreja, realidade esta que, ao ., na. Mas é por isso mesmo que se . :;-:-",;a:porque ela é tão radicalmente _:-:ê.Igreja deve ser realçada tão enfa. :-::.: sendo arrastada para longe de sua . .'. direção de um futuro incerto. A _ ':- 1cumulam intensivamente tantos .:::iade torna-se tão central para a . _,J...c"lsmo lhe dá tanto trabalho.»25 No . \01. 3. Tübingen, 1979, p.369s. pensamento pannenbergiano pode-se compreender estes atributos como a essência que Deus dá à Igreja, mas que somente será realidade evidente e absoluta (sem as mesclas do pecado, onde o simul da expressão de Lutero deixará lugar ao solus iustus) no fim derradeiro. Dados em Cristo já agora, por antecipação, estes atributos guiam a marcha da Igreja. Ela é em Cristo, e ao mesmo tempo precisa tornaI-se. O alvo guia o movimento. É a imagem da situação individual do cristão, cuja vida é constante luta no Espírito de Deus. O movimento e o alvo da Igreja não podem ser confundidos ou identificados. No contexto proléptico, antecipativo, Pannenberg designa a Igreja de sinal do Reino vindouro de Deus. Aqui precisa-se dar cautelosa atenção ao conceito de sinal. A natureza ou função do sinal é «mostrar» ou «indicar» alguma coisa. Normalmente o sinal deve ser rigorosamente distinguido do objeto sinalizado. Mas Pannenberg usa o conceito de sinal em dois sentidos diferentes. O sinal chamado Igreja é de outra natureza do que o sinal chamado sacramentos. Voltarei a isso, mais adiante. No que se refere ao conceito de sinal aplicado à Igreja, Pannenberg chama a atenção ao perigo que pode representar uma identificação ou mistura entre o sinal e o objeto sinalizado. No caso da Igreja: o objeto - o Reino de Deus - será confundido com a pequenez e fragilidade do seu sinal - a Igreja. Reino de Deus será confundido com Igreja . Entre os reformadores uma certa identificação entre também era comum26 Lutero não identificava a Igreja com to instituição externa, mas enquanto comunhão de crentes. dade de Reino de Deus27. A Igreja é o Reino de Deus2x Palavra. Claro que não podemos dizer que para Lutem Igreja e Reino de Deus o Reino de Deus enquanDeus chama sua cristane é governada por sua o Reino de Deus estava Cf. Systematische Theologie 3, p. 47, onde Pannenberg indica alguns escritos de Lutcro, como Da Autoridade Secular (1523), WA 11. 27 Von dem Papstthum zu Rom wider den hochberühmten Romanisten zu Leipzig (1520), WA 6, 293: "[ ... ] aufz wi1chen <Sprüchen> [Jn 18,86: Lc 17,20s] klerlich yderman vorstet, das das reich gottis (szo nennet er seine Christenheit) ist nit zu Rom, aueh nit an Rom gebunden, wider hie noch da, sondern wo da inwendig der glaub ist", e respondia a Emser em Auf das überchristlich, übergeistlich und überkünstlich Buch Bocks Emsers zu Leipzig Antwort (1521), WA 7, 683: "Ich meyn yhe, du heyssist das reych gottis die Christenliehe kirche odder uns, yn wilehen gott lebt und regiert", sendo que Lutero concordava aqui. 28 Lutero, numa carta a Spalatin, de 4.10.1522, refere-se aqui aRam 14.17, WA Br. N° 541, p . 605: Regnum Dei est Ecc/esia Christi . 29 Praelectio D. Martini Lutheri in Psalmum XLV (1532), WA 40/Il, 517s: "Qui dicit [Christus]: Ego sum Prineeps vitae, persona immortalis, a morte invineibilis. Nune ergo conglutinemini mecum, adhaerete mihi et effieiamini membra mea, tune fiet, ut, ubi ego sum, ibi etiam vos sitis. Talem igitur habemus regem, qui sie regnat in hae vi ta incipiens aeternam vitam. Est autem imperfeetum regnum quod ad nos, quia inehoatum tantum est, non est perfectum, tum autem perfieietur, cum 'tradet regnum Patri' (1 Kor 15,24). Ibi perfeete cernetur Deus de facie ad faeiem (Numa tradução do alemão: "Pois o próprio Cristo diz: 'Eu sou Deus, uma pessoa imortal, a morte não pode me vencer, por isso vocês devem unir-se o mais intensamente a mim, e onde estou, lá também estarão vocês'. Assim ele reina etemamente, e nessa vida começa esse reinado. O quanto depender de nós, o reino é imperfeito, está somente começando. Mas quando ele 'entregar o Reino ao Pai' (1 CO. ]5.24), vai ser diferente. Isto é o seu Reino: começar aqui o reino da vida, destruir a morte, e um dia estar nele sempre."). 26 187 Igreja Luterana . N° 2 - 1999 realizado e cumprido na Igreja. Ele está somente esboçado29, mesmo se já está neste mundo.30 Também as confissões luteranas conheciam este tipo de equação entre os dois conceitos, quando Melanchthon por exemplo diz na Apologia, art. VII, que a verdadeira Igreja é o Reino de Crist03!, e que este Reino se resume exclusivamente nos verdadeiros crentes da Igreja32. Bugenhagen sabia dizer que os eleitos são o Reino de Cristo33, assim como Lutero também afirmava que «os cristãos podem cstar seguros de serem o Reino de Deus»34. Seguindo esta concepção, o luteranismo tem tradicionalmente mantido esta tendência para uma certa equação entre Reino de Deus e Igreja. O dogmático americano F. Pieper, por exemplo, podia identificar a Igreja Cristã com o «Reino de Deus sobre a terra»35. Pannenberg convida para uma reflexão globaj dos cristãos sobre estes conceitos e argumentações, sendo que em sua reflexão não estão ausentes categorizações filosóficas fundamentadas especiahncnte sobre Agostinho. O sinal não é o objeto sinalizado. Quando há simples identificação entre os dois conceitos, ou quando a própria igreja não fizer clara distinção entre ambos, isso só pode ter como conseqüência o descrédito de sua mensagem de esperança, porque esta estará em contradição com o lado pobre, imperfeito e contraditório de sua humanidade. 36A Igreja não 30 WA XV, 542, num sermão sobre Jo. 16.5ss: "Hie horst du, daS sein Reich auf Erden sei, und sei nicht sichtlich, sondem stehe im worte [--T. Existe na visão de Pannenberg uma modi· ficação clara de ênfase: enquanto que Lutero e a teologia luterana antiga compreendiam o Reino de Deus como estando presente neste mundo, escondido na Palavra, Pannenberg o compreende como estando somente antecipado neste mundo e representado no sacramento. A Palavra leva o cristão a este sacramento. BSLK, Apologia CA VI,16, p. 237: Ad haec ecclesia est regnum Christi, distinctum contra regnum diaboli, cr aussi Martim Warth: "O reino de Deus". Palestra, 49' convenção nacional da !ELB, São Leopoldo, 19-25 janeiro de 1984, datilografado, p. 8. 10 Ibid., Apologia CA VII, 18s: Nec propterea impii sunt regnum Christi, quia revelatio nondum facta est. semper enim hoc est regnum Christi, quod spiritu suo vivificat, sive sit revelatum, sive sit tectum cruce. (<<Nem são os ímpios o Reino de Cristo, por isso que a revelação ainda não ocorreu. Pois que Reino de Cristo é sempre aquilo que ele vivifica por seu Espírito, quer esteja revelado. quer esteja encoberto pela cruz». Tradução emprestada de A. Schueler em Livro de Concórdia. São Leopoldo - Porto Alegre: Sinodal, Concórdia, 1980, p. 179s.) 13 Annotationes, p. 98, cf. Wemer ELERT, Morphologie des Luthertums, Bd. 1, p. 436. '4 Sermon: Die Epistel am ersten S01Jtag ynn der Fasten 2. Corin. 6 (1525), WA 17 lI, 185: "Christenleute sollen gewis seyn, das sie Gotts reich sind", indicado por Elert, op. cit., p. 436. ;s "Das ist die Lehre Luthers und der lutherischen Kirche. Um scharf hervorzuheben, daS keine auSere Gemeinschaft mit Christen und kein auSerer Gebrauch der Gnadenmittel, sondem nur der personliche Glaube an das Evangelium in das Himmelreich auf Erden, das ist, in die christliche Kirche bringe, sagt Luther: 'Sonst ware ein Mensch eben im Himmelreich, ais wenn ich einen Klotz oder Block unter die Christen würfe [__.]''' <citado por Pieper de Walch' XI, cal 490, sermão de 1523 sobre Mt 8,1·13>, Francis Pieper, Christliche Dogmatik, VaI. m. SI. Louis, 1920, p. 460 (a ênfase está no original). Eu abordo a questão da relação entre os conceitos de reino do poder, reino da graça e reino da glória, na teologia luterana, em minha dissertação de doutorado, citada supra, pp. 96ss. 36 Ver na Igreja o rosto da «pecadora» é uma tradição luterana, enraizada no conceito patrístico da casta meretrix, cr H. Fries em M.v-,terillm SalulÍ-" 4, p. 229. Luther dizia: non est tam magna peccatrix ut christiana ecclesiae (não há pecadora tão grande quanto a Igreja), citado por Eberhard Jüngel: «Die Kirche aIs Sakrament», in Zeltschrift für Theologie und Kirche (1983), p. 453. 31 é a forma definitiva de R~ simboliza - vivendo em C:- ,.. de Deus. Ela tem, portan:.: de vida individual e cc:rcc::-.::: proclamaY A esperanç a d :=: c . expressar na maneIra pei: -=_ Deus a capacitou.38 à Igreja Um dos problemas Igreja é sua relação com Cris: católica Mysterium Saiu tis t::,~'~ conceito da Igreja como IlLc:::' _'.: pela vulgata do termo neotes:.:.' Igreja, ou deve ele ser exclusi \l.--:-.:':-_ quando se trata do conceito de sua concepção de revelação: : :--":" ção divina, através dos testen:_:-.'-.. Jesus Cristo, o seu sentido def:-.· to comunidade de Jesus Cri,: .. _ realidade.40 Pannenberg insiste ness:: :-.:. cristocentricidade da Igrej a é fc:" mistério da vontade divina d~ s.:.:· esse mistério tomou forma n" 17 _ lbid, p. 38. Um documentc ':c ~~:_. nesse sentido: «A carateriE;~: :. uma determinação de sua ~':~:_:~-: muito imperfeitamente aqui I: ~_= Ela é a nova comunhão daq::õe, . _. justificativa para as expectati-.:..' c c expectativas devem se tr3;;S=":~. somos simplesmente confcr7T:: é ao mesmo tempo a uniãc dê Por isso ela não pode se; :~ _. reconciliados em Cristo. E ;::. deve realmente ser, e por 2:;:::.' Zeichen der Einheit. TeXle Gottingen, 1979, p. 11s. 38 3Y 40 41 42 188 e Jesus Cristo cr Brinkmann, art. cit. p. volume de Systel1'latische T::,. Kirche, p. 56 e W. PanneC~":; den Fragen der Gegem·, (ir:. ,,--,-. Systematische Theologie. : ._ cr O resumo de Brinkmc.r ... Teólogo sistemático de H~::..c.-c'; S.vstematische Theologie : Igreja Luterana - N° 2 - 1999 é a forma definitiva do Reino de Deus, ela tem antes uma função simbólica: ela simboliza - vivendo em Cristo - o cumprimento final do destino humano, no reinado de Deus. Ela tem, portanto, a tarefa de vigiar e cuidar da sua fOlTIlade organização e de vida individual e comunitária, para que nada obscureça a esperança que ela proclama.37 A esperança do Reino por vir está ligada à fé e ao amor. Fé e amor vão se expressar na maneira pela qual a Igreja estabelece e vive comunhão, para a qual Deus a capacitou.38 ,~i=,:;, mesmo se já está neste ~~le tipo de equação entre os :'3. Apologia, art. VII, que a - ~eresume exclusivamente '.::' dizer que os eleitos são o -a que «os cristãos podem c <, concepção, o luteranismo ::..erta equação entre Reino de .. é'lemplo, podia identificar a == A Igreja , :ristãos sobre estes concei~ o ,ão ausentes categorizações . :'nho. O sinal não é o objeto iais conceitos, ou quando a _o'=' só pode ter como conseqü- -:'que esta estará em contradi. '.lã humanidade.36 A Igreja não .. c ~.} daI) sein Reich auf Erden sei. und visão de pannenberg uma modi- :::c luterana antiga compreendiam ',:ndido na Palavra, Pannenberg .:~jo e representado o o no sacramento. ,': regnum Christi, distinctum contra 49' convenção nacional _ c. õ" Palestra, - ;:~fado, p. 8. -epum Christi, quia revelatio nondum :::,1 suo vivificat, sive sit revelatum, ~;csto. por isso que a revelação ainda ::C.c ele vivifica por seu Espírito, quer ,,:io emprestada de A. Schueler em ::21, Concórdia, 1980, p. 179s.) - LlIth"rtums, Bd. 1, p. 436. : Corin. 6 (1525), WA 17 lI. 185: '. indicado por E1ert, op. cit., p. 436. m scharf hervorzuheben, daI) keine - c: :3uch der Gnadenmittel, sondem nur _ .::-,melreich auf Erden, das ist, in die \1ensch eben im Himmelreich. ais = '.' -:0 [ ... ]'" <citado por Pieper de Walch' Pieper, Christliche Dogmatik, Vol. E'J abordo a questão da relação entre da glória, na teologia luterana, em -"s _:":'ana, enraizada no conceito patrístico .:.. p. 229. Luther dizia: non est tam a Igreja), citado Zeirschriji für Theologie und Kirche ~2 tão grande quanto e Jesus Cristo Um dos problemas ligados a uma compreensão adequada do que é a essência da Igreja é sua relação com Cristo. O concílio do Vaticano n, e em seguida também a dogmática católica Mysterium Salutis bem como uma parte da teologia protestante têm integrado o conceito da Igreja como j.1U0r77PWv,ou sacramentUln39, que é a tradução latina introduzida pela vulgata do termo neotestamentário. Este conceito é apropriado quando aplicado à Igreja, ou deve ele ser exclusivamente aplicado a Cristo? Qual é o elo entre a Igreja e Cristo quando se trata do conceito de j.1UOr7jpwv? Pannenberg o explica dentro do prisma de sua concepção de revelação: a história, na qual todo ser humano pode perceber a revelação divina, através dos testemunhos escriturísticos, recebe e demonstra, na histólia de Jesus Cristo, o seu sentido definitivo e a sua unidade, por antecipação. A Igreja, enquan· to comunidade de Jesus Cristo, é o lugar onde este sentido pode ser percebido em nossa realidade.40 Pannenberg insiste nesse ponto, com Eberhard Jüngel41aliás, porque para ele a cristocentricidade da Igreja é fundamental, sua união com ele é essencial e vital. Se o mistério da vontade divina de salvação foi revelado ou manifestado em Jesus Cristo, esse mistério tomou forma na Igreja, porque ela é o corpo de Cristo.42 O j.1uorijpwv é " Ibid, p. 38. Um documento de estudos sobre a unidade da Igreja, publicado em 1979, affirmava nesse sentido: «A caratetização das deformações da Igreja mostra que assim não se pode obter uma determinação de sua natureza e sua missão. Manifestamente a Igreja empírica espelha muito imperfeitamente aquilo que ela deveria ser, de acordo com a vontade de seu Senhor. Ela é a nova comunhão daqueles que foram reconciliados com Deus em Cristo. Aqui está a justificativa para as expectativas que se tem para com a Igreja. [H'] É verdade que todas estas expectativas devem se transformar a partir da reconciliação em Cristo; porque nós não somos simplesmente confoffi1ados e saciados em nossos desejos a partir da cruz. Esta Igreja é ao mesmo tempo a união de homens cheios de capacidade de errar, de fraqueza, de pecado. Por isso ela não pode ser reconhecida automaticamente como uma nova comunhão dos reconciliados em Cristo. E por isso também ela precisa orientar-se sempre por aquilo que ela deve realmente ser, e por aquilo deixar·se avaliar e medir.» Niels Hasselmann, éd. Kirche im Zeichen der Einheil. Texte und Überlegungen zur Frage der Formen kirchlicher Einheit. Gottingen, 1979, p. 11s. 38 CL Brinkmann, art. cil. p. 36. Quanto ao tema fé, esperança e amor, ver também, neste volume de Systematische Theologie, pp. 156ss, como também Thesen zur Theologie der Kirche, p. 56 e W. Pannenberg Das Glaubensbekenntnis. Ausgelegt und verantlvortet vor den Fragen der Gegellwart. Hamburg, 19721, 19956 [edição revista], p. 134. 3' Systematische Theologie, 3, p. 52 . 40 CL o resumo de Brinkmann, art. cil. p.3 L " Teólogo sistemático de Heidelberg. '2 Systematische Theofogie, 3, p. 58. 189 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 o desígnio do plano histórico de Deus43, um desígnio escondido, mas ao mesmo tempo revelado para os que crêem. O termo central é Col. 1.26-27. Na opinião de Pannenberg, a teologia católica, depois do Vaticano II, não atingiu toda a compreensão bíblica do conceito de Igreja como sacramento quando ela vê a Igreja somente «como um mistério divino inacessível aos conceitos e representações humanas»44. Ao mesmo tempo em que resume ou empobrece o conceito de mistério, atribui à Igreja um conceito maior do que ela é: identifica Cristo com a Igreja. É em Cristo que esse mistério foi revelado, E esse mistério em Cristo manifestase, então, agora, na Igreja, porque esta é inseparável daquele, mesmo se distinta dele, sendo ele a cabeça do corpo. A Igreja não pode, pois, ser considerada por ela mesma como sendo o mistério da salvação, ou como o sacramento da unidade para a humanidade, em sua condição de sinal, insiste Pannenberg em sua discussão com uma parte de teologia católica. Ela o é somente porque ela está em Cristo, e Cristo está ativo nela.45 Pannenberg o expressa assim: «A Igreja é, enquanto corpo de Cristo, o povo escatológico de Deus oriundo de todas as nações. Assim ela é um sinal da reconciliação que sinaliza e indica a unidade futura da humanidade regenerada no Reino de Deus. Jesus Cristo é a revelação do mistério divino da salvação, porque a reconciliação da humanidade desemboca, a partir da morte e ressurreição dc Cristo, no Reino de Deus. E é pela participação do plano de salvação de Deus revelado em Jesus Cristo, que a Igreja torna-se um sinal do futuro da humanidade sob o Reinado de Deus. Ela participa nesse plano quando existe enquanto corpo de Cristo.»4ó «Comunhão dos santos» Falando da relação entre a comunidade do Messias e o indivíduo (capítuloI3), Pannenberg aborda uma questão atual na discussão em teologia ecumênica sobre a «ec1esiologia de comunhão», que se considera a si mesma um questionamento da definição «tradicional» da Igreja como a totalidade de indivíduos que crêm, e que se considera, em conseqüência disso, uma visão nova da Igreja. Essa visão considera - de forma bastante abstrata - a Igreja como uma entidade anterior e prioritária aos indivíduos que crêem.47 Pannenberg lembra que a Igreja não pode ser considerada 4.1 Ibid. p. 53. M Ibid. p. 58. 4' Ibid. p. 54. Uma passagem neotestamentária fundamental para essa compreensão é Ef. 3.49. Pannenberg afirma sobre esse relação: "O pico da afirmação de Cristo como sendo o mistério da salvação está na universalidade de Cristo como o reconciliador do mundo, na história da salvação (Col. 1.20), universalidade que se manifesta na vida da Igreja. sendo que para os cristãos esta manifestação se dá especialmente no abolimento do abismo entre judeus e não-judeus quando se passou à missão entre os gentios», p.54s. 4' Ibid, p.57. 47 Veja por exemplo o trabalho de Eugene Brand. Auf dem Wege ZlI einer lutherischen Cemeinschaft: Kanzel- und Abendmahlsgemeinschaft. LWB-Report 26,1989. A edição paralela em inglês: Toward a Lutheran Communion: Pulpit and Altar Fellowship. LWBReport 26 (1988). 190 como prioritária ao indivÚL. '_ ele também vê o perigo in'-e:" manifestação ou conseqüên,: '. ele o conceito de COl1lmUmc. ,. Pannenberg apóia-se na C- gia patrística, e afirma com <) ::-:; o puro evangelho é proclamsi . única Igreja, uma Igreja samir: ~ sua missão apostólica.»49 A '2:C:::~manifesta-se essencialmente manifestação atinge seu pODr: :''': tia, pois ser Igreja significa e5:2_-: ~ E essa participação de Cristo, q..:ese - como sinal sacramental _ ::-.0. participa do sacramento da ce::: e. sacramento. A Igreja é, entãG duos participam de maneira i,."::: sangue) de Cristo. Ela encorl t,., _ Ela encontra aí, também, a sue _ uma conseqüência da presen;:: : realidade invisível, e não pode: palavras, a unidade da Igreja é ..::-. tal, ela procede da participaçãc. mente na vida cúltica e sacrame:' L 4' Systematische Theolugie 3, p. Individuen gebildet? 1st nicht '.durch die Kirche vermittelt zc _,Christen zukame? Was aber \'''~Cc _., glaubenden einzelnen? Die Ki'2~.= Glauben vorangehend gedJct: Gemeinschaft der Kirche aIs et\'.:os ,, __ zu denken [ ... ] Ein Zugang 2 c erschlie!3t sich aus der für dJS '.'., Gottesherrschaft [ ... ]» 49 Ibid. p.126: <<!njedem GOL: ." Sakramente gefeiert werder, .. zurückgehende und in ihrc, 2 ~ Igualmente quando fala dos J'",_ 50 Veja especialmente Systemc ..' 51 Ibid. p.125. " Notar-se-á todavia que Par::: 'c. - ,- ~ antemão» (vurgegebene EI.'·· Einheit). 53 Cf. Theulogie und Reiclz Cor',-of Cud. R.l. Neuhaus, ed., Ph:==' = ~_ Igreja Luterana escondido, mas ao mesmo :::Col. 1.26-27. Na opinião de "ão atingiu toda a compreen: ~}I1doela vê a Igreja somente . , :::representações humanas»"" . . .:I1ceito de mistério, atribui à .' com a Igreja. c~ .,,:mistério em Cristo manifesta. :::1daquele, mesmo se distinta - ::":.pois, ser considerada por ela . ;) sacramento da unidade para - .::,enberg em sua discussão com . . : '1ue ela está em Cristo, e Cristo .-'\.Igreja é, enquanto corpo de :::ias as nações. Assim ela é um ~:::futura da humanidade regene:iD mistério divino da salvação, ., partir da morte e ressuneição do plano de salvação de Deus .:-:: sinal do futuro da humanidade :.~ando existe enquanto corpo de l:::ssias e o indivíduo (capítulo 13), em teologia ecumênica sobre a mesma um questionamento da ::::de indivíduos que crêm, e que se . '.1 da Igreja. Essa visão considera : :::ntidade anterior e prioritária aos : _:::.'.Igreja não pode ser considerada o::':' 'i cc ,tal para essa compreensão é Ef. 3.4afirmação de Cristo como sendo o 201110 o reconciliador do mundo, na :1nnifesta na vida da Igreja, sendo que no abolimento do abismo entre judeus , __,:os», p.54s. _ ".iif dem Wege zu einer /utherischen ·.:fl. LWB-Report 26,1989. A edição Pu/pit and A/tar Fe/lawship. LWB· - N° 2 - 1999 como prioritária ao indivíduo de maneira absoluta e gera1.48 Mas ao mesmo tempo, ele também vê o perigo inverso de se considerar a Igreja simplesmente como uma manifestação ou conseqüência secundária da fé do indivíduo. O que significa para ele o conceito de communio? Não posso senão dar algumas indicações . Pannenberg apóia-se na Confissão de Augsburgo, no pano de fundo da teologia patrístiea, e afirma com o artigo VII que «em cada culto [da igreja 10calJ no qual o puro evangelho é proclamado e onde os sacramentos são celebrados, aparece a única Igreja, uma Igreja santificada por Cristo, oriunda dos apóstolos, c católica em sua missão apostólica.»49 A unidade da Igreja, ou a presença da Igreja universal manifesta-se essencialmente na reunião da comunidade local para o culto. Esta manifestação atinge seu ponto culminante na participação dos cristãos na eucaristia, pois ser Igreja significa estar em Cristo, na comunhão de seu corpo (e sangue) . E essa participação de Cristo, que fundamenta a Igreja, concretiza-se ou exteriorizase - como sinal sacramental - mais intimamente quando a comunidade de Cristo participa do sacramento da ceia eucarística.50 Sim, a Igreja não pode existir sem o sacramento. A Igreja é, então, a comunhão dos santos na medida em que os indivíduos participam de maneira indissociáve! do mesmo Senhor, ou seja, do corpo (e sangue) de Cristo. Ela encontra aí a sua identidade de ser Igreja e ser povo de Deus. Ela encontra aí, também, a sua unidade. A unidade da Igreja, que por essa razão é uma conseqüência da presença de Cristo na Palavra e nos sacramentos, é uma realidade invisível, e não pode ser percebida a não ser na fé e pela féY Em outras palavras, a unidade da Igreja é um artigo de fé.52 Ela é «dada de antemão» c, como tal, ela procede da participação com Cristo. No entanto ela se manifesta necessariamente na vida cúltica e sacramental da Igreja. Mas para Pannenberg a essência da igreja não pode consistir somente na união de indivíduos com vistas à prática e piedade comunitárias.53 A definição de Igreja 48 Systematische Thea/ogie 3, p. 115: «Wird die Kirche durch den ZusammenschluJ3 der glaubigen Individuen gebildet? 1st nicht vielmehr umgekehrt der Glaube des einzelnen aIs immer schon durch die Kirche vermittelt zu denken, so daJ3 der Kirche dic Prioritat vor dcn einzclnen Christen zukame? Was aber ware die Kirche, wenn nicht Gemeinschaft von an Jesus Christus glaubenden einzelnen? Die Kirche kann offenbar nicht in jeder Hinsicht aIs dem individuelIen Glauben vorangehend gedacht werden. Andererseits ware es aber auch verfehlt, die Gemeinschaft der Kirche aIs etwas sekundar zum Glauben des einzelnen Christen hinzutretendes zu denken [ ... ] Ein Zugang zu diesem die ganze Ekklesiologie durchziehenden Fragenkreis erschlieJ3t sich aus der für das Wesen der Kirche konstitutiven Beziehung auf die Zukunft der Gottesherrschaft [ ... ]» 49 Ibid. p.] 26: «!n jedem Gottesdienst, in welchem das lautere Evangelium verkündigt und die Sakramente gefeiert werden, tritt die eine, durch Jesus Christus gehei]igte, auf die AposteI zurückgehende und in ihrer apostolischen Sendung katholische Kirehe in Erscheinung.» Igualmente quando fala dos atributos essenciais da Igreja, pp. 442ss. 'o Veja especialmente Systematische Theo/agie 3, p. 120, fim do 2° §. 51 Ibid. p.125. " Notar-se-á todavia que Pannenberg faz a importante distinção entre a «unidade dada de antemão» (vorgegebene Einheit) e a «unidade dada como tarefa» ou missão (aufgegebene Einheit). 53 Cf. Thealogie und Reich G(Jltes. Güters/oh, 1971 (tradução alemã de The%gy and the Kingdom af Gad. RJ. Neuhaus, ed., Philadelphia, 1969), p. 34 et Kirche ahne K(mfessionen?, p. 119. 191 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 como sendo a communio sanctorum lhe parece descrever simplesmente o que é essencial para a sua vida interior, mas insuficiente para descrever por ela mesma o que é a essência da Igreja. Pois nessa definição não se deve perder de vista o seu movimento dupl054que se carateriza por um lado em seu aspecto «eclesial» e cúltico, ou seja, seu aspecto de comunidade «chamada para fora» deste mundo, e separada (= «santa»), e por outro lado em seu aspecto missioário, ou seja, o de ser comunidade chamada a transmitir a fé a outros homens, às gerações futuras; o que seria sua vida e atividade exterior. A relação com todos os homens, não somente com os que hoje crêm, faz parte integrante e «constitutiva» da própria essência da Igreja.55 Isso corresponde ao que dissemos acima sobre os atributos essenciais que a Igreja é constantemente chamada a realizar, no seu movimento determinado pelo fim e pelo destino da história da Igreja. O fundamento cristológico e universal-soteriológico desse argumento parece evidente, e não necessita aqui de maiores explicações. A comunidade não pode, pois, achar o sentido de sua existência somente em si mesma e sua vida interior e comunitária, mas o sentido de sua existência visa este evento universal-soteriológico. Nesse sentido, a Igreja é o «sinal e instrumento» de Reino de Deus para o benefício de toda a humanidade.56 Pannenberg insiste no fato de que essa instrumentalidade ou sacramentalidade da Igreja não é real senão na condição de sinal. Ela não realiza a unidade da humanidade com Deus, ela não produz o Reino de Deus em si, mas ela é instrumental em sua função sinalizadora. Ela indica a, chama atenção e convida para a «vinda do Reino de Deus e sua irrupção na vida do indivíduo e da comunidade eclesiástica».57 Isto tanto pela sua comunhão sacramental, quanto pela sua atuação no testemunho neste mundo em favor de valores do Reino de Deus que são o direito (divino), a justiça e a paz, sendo o direito possibilitador da justiça c da paz - compreendido corno Cristo o reinterpretou: no amor por ele pregado e vivido. A função simbólica da Igreja implica comunhão sacramental, a missão que anuncia o evangelho salvador, e a ação de amor neste mundo em favor do Reino que vem e em que a humanidade conhecerá cnfim vida abundante, comunhão perfeita com os outros e com Deus, a realidade da ressurreiçã058. Esta ação não está desvinculada de uma atitude moral humana e altruísta em geral. Antes, a presença do Espírito vem a transfigurar a ética humana e lhe dar verdadeiro sentido. Poderia ser como o exprimiu Roberto Zwetch no final de seu .::omentário de um conto de João Guimarães Rosa, «o espelho», publicado no livro primeiras estórias, de 1962, no âmbito mais individual, que se aplica no entanto à Igreja como corpo(ração): «O conto de G. Rosa é ficção de alta qualidade. Porque remete o leitor ou leitora às mais profundas realidades da vida humana [...]. Deus fala e age na vida, muitas vezes, através de fracassos e sofrimentos vários, despertando Segundo E.Schlink, cf. Pannenberg Systematische Theologie 3, p. 58. Ibid. p, 58. 56 Ibid. pp. 58 et 61. 57 Ibid. p. 6l. 58 Note-se que os valores do Reino de Deus, presentes na Igreja, estão também presentes na ordem secular, no Estado. Há algo em comum entre a Igreja e o Estado secular em sua relação comum ao Reinado de Deus. Também este assunto é abordado em minha tese que, aliás, aprofunda todos os assuntos abordados neste artigo. em nós compaixão. 2:';', ~ _, amor [de Deus, n.d,a,' S~ '_ Esta é a dialética conSL<:ê aquela liberdade que lib~6.12).»59 A problemática o conceito de sacraTT.ê· conceito mais abrangen:'~ :ê ção sistemática» entre O" saber qual é essa relação esta relação senão na esf::r' dos rituais que foram sua definição, parecem-Ih~ . ê, _- ' pressa por K. Rahner e TTT. fundamentais da Igreja',. g> ,ê -:_ da Igreja, essa designaç2.: ê definir sacramento, e pod~ compreensão dos sacrarne".:' : de Jesus Cristo do que cof'~ ..:=-:' ~ sacramentos também não da instituição divina pode :i~csiástico, uma vez que tod:: membros da igreja. r' _. Pannenberg pode distin;_~ que entram nessa cetegori::c sobre um mandatum Dei, à questão da ordem divif"<: Tudo se decide, para P::c,,:'êuma origem em ou institui~:-, vel. Por quê? Porque os S2e: 54 59 55 192 da i'iOçã: c Roberto E. Zwetch: «Es;.: Estudos Teológicos, v, 3~, 60 Systematische " Ibid. p. 369. 62 63 Theologiç .. : _ «Nachtragliche zusamme,.:':,: K. Rahner, Kirche ulld 5 ... Grundri/3 der Sakrameli'( 370. Igreja Luterana _.. _'ever simplesmente o que é -::.~"descrever por ela mesma o se deve perder de vista o seu ,el aspecto «eclesial» e cúltico, ::.: :ra» deste mundo, e separada _._.=. ou seja, o de ser comunida;e-"ções futuras; o que seria sua ::'":ens,não somente com os que 'pria essência da Igreja.55 Isso ~.ltos essenciais que a Igreja é determinado pelo fim e pelo - gico c universal-sotcriológico de maiores explicações. A \lstência somente em si mesma .é sua existência visa este evento sinal c instrumento» de Reino -::::.nnenberg insiste no fato de que • =~eJ a não é real senão na condição . _, : ::-:,Deus, ela não produz o Reino sinalizadora. 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Esta é a dialética constante, exigente, verdadeiramente criadora da fé e do amor. É aquela liberdade que liberta o cativo de si mesmo para servir à justiça do Reino (Rm 6.12).»59 A problemática da noção de sacramento o conceito de sacramento sempre foi plurivalente,60 e Pannenberg prefere o conceito mais abrangente de sacramento, porque ele comporta uma «estreita relação sistemática» entre os sacramentos e o conceito de Igreja.6] A questão está em saber qual é essa relação. Digamos mais uma vez que Pannenberg não pode pensar esta relação senão na esfera cristocêntrica. A partir daí, tanto a questão do número dos rituais que foram designados a jortiori de sacramentos,62 como a questão de sua definição, parecem-lhe secundárias. Se a teologia católica, como tem sido expressa por K. Rahner e Th. Schneider,63 designa os sacramentos como «rituais fundamentais da Igreja», que se realizam em «situaçõs fundamentais» dos membros da Igreja, essa designação é muito insuficiente aos olhos de Pannenberg, para definir sacramento, e pode no máximo ser uma paráfrase aproximativa da situação. A compreensão dos sacramentos tem mais a ver com a questão da instituição original de Jesus Cristo do que com uma questão antropológica dos rituais eclesiásticos. Os sacramentos também não podem ser «auto-realizações da Igreja». Somente o fato da instituição divina pode destinguir os sacramentos de qualquer outro ritual eclesiástico, uma vez que todos os rituais podem ser «fundamentais» para a vida dos membros da igreja. Pannenberg pode distinguir, com as confissões luteranas, somente três rituais que entram nessa cetegoria: o batismo, a santa ceia e a absolvição. Estes repousam sobre um mandatum Dei. A questão da ordem divina Tudo se decide, para Pannenberg, nessa distinção. Ele afirma que a prova para uma origem em ou instituição específica dos sacramentos por Cristo é indispensável. Por quê? Porque os sacramentos são uma ação divina, transmitem uma força ou Roberto E. Zwetch: «Espiritualidade e antropologia: um diálogo com Leonardo Boff». Estudos TeolÓgicos, v. 38, n02 (1998), pp. 141-155 (147). 60 Systematische Theologie, 3, p. 398. 61 Ibid. p. 369. 6' «Nachtragliche zusammenfassende Kennzeichnung», ibid. p. 371. 63 K. Rahner, Kirche llnd Sakramente, 1960, e Th. Schneider. Zeichen der Niihe G(Jltes. Grllndrifi der Sakramententheologie, 1979, cf. Pannenberg Systematische Theologie 3, p. 59 370, 193 -~----------Igreja Luterana - N° 2 - 1999 graça divina (teilen Gnade mit). É esta a função do sacramento.64 Portanto, somente Deus pode instituir um sacramento da nova aliança.65 Pannenberg tenta escapar do impasse no qual a exegese histórico-crítica chegou com respeito à instituição dos sacramentos. A origem histórica dos sacramenta maiora (batismo e santa ceia) no próprio Jesus não causa dúvida alguma para Pannenberg - seja qual for a natureza dessa origem, segundo uma visão histórico-crítica66• Sem um elo direto entre os sacramentos e Cristo, não se poderia falar em meios da graça, argumenta Pannenberg. Esse elo entre os sacramentos e Cristo é vital não somente para a vida da Igreja, mas para a sua própria constituição, para a sua essência. Pannenberg opõe duas tendências que procuram contornar o problema que surgiu com a exegese histórico-crítica dos textos que relatam a instituição dos sacramentos. Uma tendência, católica, consiste em deduzir os sacramentos do grande «sacramento original», a Igreja. Uma outra tendência, de uma parte do protestantismo, consiste em deduzir os sacramentos da palavra eficaz. No último caso, Pannenberg receia, os sacramenrtos correm o risco de se tornarem simples «aspectos da Palavra». Pela crítica de Pannenberg a Ebeling67um diálogo intra-luterano se anuncia. Porque segundo Pannenberg, Ebeling estaria negligenciando, como a teologia católica também, a origem cristológica dos sacramentos. Parece que Pannenberg opõe um certo realismo sacramental de Lutero à visão mais «reformada» de Ebeling. Ele conclui que Ebeling «dilui» o sacramento na Palavra. Ele receia, com razão, que essa atitude possa levar ao raciocínio seguinte: quemjá tem a Palavra, não necessita do sacrament068• Para Pan,c~-.c.~-__ .:.. elementos do batismo e de: 5~sinalizado. No sacrameme, . :. diz Pannenberg, é típica d2 ,ó:: calvinista e sua concepçil: Pannenberg opta mais pela :r .. tir um proprium sacramema' .::: No que se refere à teol:)~::. . sões de O. Semmeleroth. K 5.:'acharem esta forma especÍfl.:::. ~.: tos, ligam os diferentes sac;.:=-.~_ como uma forma de «deri\:..:: Igreja, ou como «frutos-, '::: (Wurzelsakrament). Parece. ,. capítulo 12,2,b, p.51, a nuance :::':ó:"_' :._ dos teólogos luteranos nesse ;:-_: =-.' . entre o sacramento original _'_. _ . mental (Grund.sakrament), q'Jó :":brado. Birmelé afirma que cristocêntrico, Cristo sendo ó8 O teólogo francês André Birr:.~ é tantes, referindo-se, num arte; como «evento da Palavra de .-::__. supérieur de pédagogie, 53 pregação e o sacramento, mas Pannenberg não tem dúvida alguma quanto à vis effectíva dos sacramentos. Com E. Jüngel ele está aqui na tradição de Lutero, da qual Jüngel diz: «offensichtlich ist es die in dcr schbpferischcn Kraft seines Verheillungswortes vollzogene, Glauben provozierende und Glauben stàrkende Selbstvergegenwártigung Jesu Christí in Brot und Wein, die Luther im Sakrament so hoch schátzte [ .. ,]», Jüngel, art. cit. p, 438, (" Pannenberg argumenta indutivamente aqui, Compare-se o raciocínio dedutivo de Lutero nos artigos de Marburgo: «Sonder weil Gottes Wort darbei ist und sie auf Gottes Wort gegrundet, so ists (di e Taut) ein heilig, lebendig, kráftíg Ding, und wie Paulus sagt, Titus 3 und Eph,5, ein Bad der Wiedergeburt und Vomeuerung des Geistes etc, und dall solche Tauf auch den Kindlein zu reichen und mitzuteilen sei» (<<Mas é porque a Palavra de Deus nele está, e por estar ele fundamentado na Palavra de Deus, o batismo é uma coisa santa, viva, e poderosa [H']»)' Marburger Artikel, Art. 9, BSLK (1952'), p.63. 06 Tenhamos sempre em mente que Pannenberg recusa a facilidade da afirmação dogmática pura e simples e argumenta num quadro em que a ciência pode contestar qualquer realidade da fé cristã. Esse é, na verdade, o desafio que a teologia precisa encarar se quiser convencer o mundo da universalidade desta fé. lentes do mesmo dom do e\'ar:;~:: pregação, em outras situações ~ __. _ para permitir a vinda da Pah-r~ _, resposta da fé, a confissão de fé = ._ os meios da graça, em sua Ch'" cEscritura e a experiência mostrêJ:. ram seus pecados, do que crer _.: _ variada [palavra e sacramento. _ corresponde a uma necessidad~i .. Lutem sobre a relação entre o ,,_::..: ._ e Cristo, veja-se o excelente es:.:. =. f4 67 194 Ambos luteranos, mas de tendência teológica opostas: Pannenberg representando a tendência nova, cL acima, e Ebeling, conhecido luterólogo, representando a escola pós-bultmaniana existencialista que negligenciava a história em benefício de um evento existencial de palavra e linguagem, para escapar às críticas da ciência histórica. zu Luthers Theologie. Forscb:.:-:~=Wolf, ed. Zehnte Reihe, vol. \I 69 7() Systematische Theologie, 3.;: -__ também Gunther Wenz. Ein",. 1988, p. 69 bem como as pp . .;-:: A, Birmelé, art. cit. p.48, É contexto, não toma em cons;dc:':'_~' _ ibid, Mas Jüngel é mais resen ~=: . sua opinião, Rahner não atin;~ :.:.c _tempo: «A Igreja é realment .." _ sentido próprio do termo». ci:.:.=' Igreja Luterana - N" 2 - 1999 " :::nento.64 Portanto, somente ?annenberg tenta escapar do _ ' ::'i respeito à instituição dos m (batismo e santa ceia) no . -r-::rg - seja qual for a natureza Sem um elo direto entre os _:.~raça, argumenta Pannenberg . . ~.-::~ltepara a vida da Igreja, mas contornar o problema que :.-:: relatam a instituição dos sao •.. .:zir os sacramentos do grande .:'. de uma parte do protestantis:,':ra eficaz. No último caso, ::-::se tornarem simples «aspec- _: :,r:i _{o um diálogo intra-Iuterano se ..::3. negligenciando, como a teo- : .:: :,::;entos. Parece que Pannenberg .: '. r mais «reformada» de Ebeling. ~_~;.\ra. Ele receia, com razão, que já tem a Palavra, não necessita do sacrament068• Para Pannenberg trata-se de uma correlação entre a promissio e os elementos do batismo e da santa ceia, ou uma correlação entre o sinal e o objeto sinalizado. No sacramento, o sinal e o objeto sinalizado coincidem. Esta correlação, diz Pannenberg, é típica da reforma luterana, e falta no sistema mais reformado, calvinista e sua concepção de uma subordinação dos sacramentos à Palavra69 . Pannenberg opta mais pela interpretação forte dos sacramentos no sentido de admitir um proprium sacramental com relação à Palavra. No que se refere à teologia católica, Pannenberg não concorda com as conclusões de O. Semmeleroth, K. Rahner et R. Schulte, os quais, na incapacidade de acharem esta forma específica da ordem divina para pelo menos 4 dos 7 sacramentos, ligam os diferentes sacramentos à eclesiologia, ou seja, vêm os sacramentos como uma forma de «derivados» da Igreja, ou «ramificações subseqüentes» da Igreja, ou como «frutos» do «sacramento fundamental» que seria a Igreja (Wurzelsakrament). Parece, no entanto que Pannenberg não faz aqui, como no capítulo 12,2,b, p.5l, a nuance que André Birmelé fez, aproximando mais Karl Rahner dos teólogos luteranos nesse ponto. Birmelé lembra da diferença que Rahner faz entre o sacramento original (Ur-sakrament), que seria Cristo, e o sacramento fundamental (Grund-sakrament), que seria a Igreja, na qual o primeiro sacramento é celebrado. Birmelé afirma que o «o ponto de partida de Rahner é radicalmente cristocêntrico, Cristo sendo o sacramentum e ares sacramenti».70 Talvez a distin- _ o :', óR "c :Üva dos sacramentos. Com E. Jüngel C1Z: «offensichtlich ist es die in dcr . 2C. : ;õr.';. Giauben provozierende und Glauben .: und Wein. die Luther im Sakrament -c.'c o raciocínio dedutivo de Lutero nos ist llnd sie allf Gottes Wort gegrundet, _ ,.,·jc Paulus sagt, Titus 3 und Eph.5, ein c - 2 und daB solche Tauf auch den Kindlein c ::}\Ta de Deus nele está, e por estar ele _~: coisa santa, viva, e poderosa [ ... ]»). O teólogo francês André Birmelé fez uma nuance entre essas diferentes concepções protestantes, referindo-se, num artigo, a uma ala do protestantismo que considera o sacramento como «evento da Palavra de Deus», na Revue de I' Institut Catholique de Paris. Institut supérieur de pédagogie. 53 (1995), p. 47: «Não existe, pois, nenhuma oposição entre a pregação e o sacramento, mas ambos são compreendidos como sendo duas maneiras equivalentes do mesmo dom do evangelho. Em alguns casos e em alguns momentos, preferir-se-á a pregação, em outras situações a forma sacramental será mais apropriada do que a pregação para permitir a vinda da Palvra única de Deus. As duas celebrações pedem, além disso, a resposta da fé, a confissão de fé». Francis Pieper também falava de um idem effectus de todos os meios da graça, em sua Christliche Dogmatik. vol. 3, Sl. Louis, 1920, p.133. Ele diz: «A Escritura e a experiência mostram que não há nada mais difícil para pessoas que reconheceram seus pecados, do que crer no perdão de seus pecados. Assim a proclamação repetida e variada [palavra e sacramento, n.d.a.] do perdão dos pecados através dos meios da graça corresponde a uma necessidade dos cristãos «, p. 135. Para uma compreensão do conceito de Lutero sobre a relação entre o sinal sacramental e a Palavra, bem como a relação entre o sinal e Cristo, veja-se o excelente estudo do dinamarquês Regin Prenter Spiritus Creator. Studien zu Luthers Theologie. Forschungen zur Geschichte und Lehre des Protestantismus. Emst Wolf, ed. Zehnte Reihe, voI. VI. München, 1954. Systematische Theologie, 3, p. 377. Para a diferença entre as duas tendências, veja-se também Gunther Wenz. Einführung in die evangelische Sakramentenlehre. Darmstadt, 1988, p. 69 bem como as pp. 47ss. 70 A. Birmelé, art. cil. pA8. É verdade que Birmelé, contrariamente a Pannenberg nesse contexto, não toma em consideração a «compreensão da relação entre a Igreja e Cristo», ibid. Mas Jüngel é mais reservado ou cético quanto à distinção que faz Rahner. De acordo com sua opinião, Rahner não atinge realmente o ceme cristocêntrico, quando afirma ao mesmo tempo: «A Igreja é realmente o sacramento original, o ponto de origem dos sacramentos no sentido próprio do termo». citado por JüngeI, arl. cil. p. 436. 69 _51 a facilidade da afirmação dogmática _ ~r,~ia pode contestar qualquer realidade da _;:} precisa encarar se quiser convencer o :,s: Pannenberg representando a tendên- representando a escola pós-bultmaniana .:io de um evento existencial de palavra __~:5rica. = 195 Igreja Luterana - N" 2 - 1999 ção de Rahner não convencesse nem Pannenberg nem Jüngel? Pannenberg teme que para uma parte da teologia católica os sacramentos só estejam ligados a Cristo através do elo que a Igreja tem com Cristo. guia. O cumprimento ,,:: e' Jesus Cristo, mesmo 5e parousia77. Nesse sentide alvo, e a proclamação c,~~ alvo. Os dois sacramente' , " .. mento duplo e na realiz::~5.· movimento ao outro: o mo', :'~e -. Mas no tocante à essência da Igreja, tanto Pannenberg como a teologia católica dão fundamental importância ao elo que existe entre ela e os sacramentos. Conforme Pannenberg, Ebeling não teria a mesma opinião.7l Pannenberg chama a atenção para o fato de que na opinião de Ebeling uma eliminação hipotética dos sacramentos prejudicaria a essência da Igreja na concepção teológica católica, mas não necessariamente na concepão teológica protestante. Parece ser essa, com efeito, a visão de Ebeling: «Se, num procedimento hipotético, se tirasse da Igreja católica Romana os sacramentos, destruir-se-ia a sua natureza (essência). Se se tentasse o mesmo procedimento dentro do protestantismo, ninguém ousaria, é verdade, afirmar que isso não teria grandes conseqüências, mesmo se, exteriormente, quase se poderia chegar a tal conclusão. Mas não podc haver dúvida de que as conseqüências [...] disso seriam outras, e não a de ter destruído a essência da Igreja»72 Na visão de Pannenberg, a relação entre a palavra e os sacramentos tem, por assim dizer, a forma de um percurso, de um caminho, de um movimento ou de uma relação entre ponto de partida e ponto de chegada: «A palavra da proclamação do evangelho, que é aceita pela fé, chega ao seu destino pelo elo realizado pelo batismo e santa ceia entre os cristãos e Jesus Cristo».73 Ele faz referência à reforma luterana que, segundo ele, não «compreendeu os sacramentos como sendo apenas uma imagem e concretização (Verleibliehung) de uma salvação que de qualquer jeito jà está presente na proclamação da palavra da promessa,74 e afirma em seguida que o batismo e a santa ceia «acrescentam realmente algo» à proclamação oraI,75E penso que o sentido aqui é o da chegada ao alvo, ao destino: «a incorporação em Cristo» não se realiza definitivamente a não ser pelo batismo, e é somente na santa ceia que «[os batizados] se sabem e confessam ser membros da Igreja de Cristo». Aquele que apesar da proclamação do evangelho não chega ao batismo nem à santa ceia mesmo se, individualmente, ele se sente ligado à tradição e à fé cristãs - ainda não compreendeu a promessa da proclamação cristã, e não efetuou ainda, na prática, sua qualidade de membro da Igreja.76Pannenberg toma a sério a ordem divina ligada aos sacramentos: «batizai! Sede batizados!», «tomai, comei, bebei, fazei isto todas as vezes ... » Porque os sacramentos são os meios, pelos quais o ser humano já pode chegar concretamente ao «alvo provisório» do seu destino, para o qual a palavra o Conclusão e avaliação Mesmo se Pannenberi' 'e antiga,78o seu conceito de Ii'Te':' . refere ao caráter missionár::-= c :;r-= força das circunstâncias dE =: =:.:. ceito da eommunio sane>::" Pannenberg quanto para L~:=r' somente parcial porque sÓ':'=',', expressa suficientemente 25:=. instrumento e antecipação.:.: em seu movimento em '0. encontra hoje numa outr" ::=-,T::. ligada à dimensão ecumênir:: =_ e a missão são esforços de O_C:.:':: edade pós-moderna que há r::_ pelo contrário, está se descr:,;:.:.ciar o evangelho de maneiE 0-; _. gos protestantes mais anti~=, , mundo não-cristão entrou :-:'2j=r' Por outro lado a eclesi::= z contribuição original à dis'::":5~: fundamenta no ponto de p:::r::.:.:. J7 Ibid. Concluo aqui que ?~=.=.ê «alvo», que tratou em C'~:C' Gottesgedanke sobre "Beg':::' _- , preciso explicitar de que c :--ê: c' o mistério neotestamentár:. o Systematische Theologie, 3, p.377. G. Ebeling, op. ciL, p.308. 7.1 Systematische Theologie 3, p. 379. (ênfase minha). 74 lbid. p. 385ss. Aqui se encontram certamente as explicações mais claras de Pannenberg sobre a tese de um proprium sacramental, ou seja, que os sacramentos têm uma ação ou eficacidade própria, diferente da palavra proclamada, 75Ibid. 71 J7 76 196 «vollzieht aber nicht sein Leben aIs Glied der Kirche», Ibid. p. 385. 7R 79 80 tese. O espaço aqui não c c ê' Na Sua obra sistemática. c.c c Essay» ' W. Pannenberg ~'." . o vaI. IV, n03 (1995), ppY , . .: c confissões luteranas, cr Ulrich Assim por também de objetivo de Kühn, Kirche C.:... exemplo Paul um ministério c. que 'o mude '''' .. ;: Igreja Luterana - N° 2 - 1999 ~.cm Jüngel? Pannenberg teme .. ·.'s só estejam ligados a Cristo .' c - - c",oerg como a teologia católica --c cla e os sacramentos. Conforme ~ :.:1nenberg chama a atenção para :.; J.D hipotética dos sacramentos '._gica católica, mas não necessa. _. ê ser essa, com efeito, a visão de :.>seda Igreja católica Romana os . - . _} !. Se se tentasse o mesmo pro. <:ria, é verdade, afirmar que isso ~~:)rmente, quase se poderia che.ê:jue as conseqüências [...] disso :.ia Igreja» 72 ~:'.:1\'ra e os sacramentos tem, por de um movimento ou de uma _~._~llo, . ~... :.: «A palavra da proclamação do ,'::nD pelo elo realizado pelo batismo -=: c faz referência à reforma luterana :,,,,entos como sendo apenas uma :':-:-.:'salvação que de qualquer jeito jà :':'essa,74e afirma em seguida que o , ~,lgo»à proclamação oral.75E penso :.ó,tino: «a incorporação em Cristo» :.::smo, e é somente na santa ceia que . ón"Jros da Igreja de Cristo». Aquele :.;-:egaao batismo nem à santa ceia:.:. à tradição e à fé cristãs - ainda não ':J.. e não efetuou ainda, na prática, : ó:'gtoma a sério a ordem divina ligada :Jmai, comei, bebei, fazei isto todas - :5, pelos quais o ser humano já pode _ seu destino, para o qual a palavra o __ ~:'Plicações mais claras de Pannenberg sobre • ô sacramentos têm uma ação ou eficacidade guia. O cumprimento <~áestá presente» porque as promessas foram cumpridas em Jesus Cristo, mesmo se o cumprimento final ainda «está por vir» quando da parousia77 Nesse sentido, a proclamação missionária visa sempre o batismo como alvo, e a proclamação comunitária pressupõe o batismo, visando a eucaristia como alvo. Os dois sacramentos correspondem assim à essência da Igreja em seu movimento duplo e na realização do seu destino, realização que sempre leva de um movimento ao outro: o movimento missionário e o movimento comunitário e cúltico. Conclusão e avaliação Mesmo se Pannenberg se refere, nestes assuntos, à tradição luterana mais antiga,78o seu conceito de Igreja se diferencia do de Lutero, por exemplo no que se refere ao caráter missionário da Igreja, algo um pouco secundário em Lutero (pela força das circunstâncias da época), conforme Ulrich Kühn.79 É verdade que o conceito da communio sanctorum é essencial para a definição da Igreja, tanto para Pannenberg quanto para Lutero, mas na opinião do teólogo de Munique ele é somente parcial porque só descreve o aspecto interno da existência da Igreja, e não expressa suficientemente o aspecto da tarefa que foi dada à Igreja na qualidade de instrumento e antecipação do Reino vindouro de Deus, tarefa que a Igreja cumpre em seu movimento em direção do mundo. Essa dimensão que evidentemente se encontra hoje numa outra perspectiva do que no século XVI, está intimamente ligada à dimensão ecumênica em que a Igreja do século XX se encontra. A ecumene e a missão são esforços de quase todas as dominações cristãs diante de uma sociedade pós-moderna que há muito não é mais uma reaiidade cristã global mas que, pelo contrário, está se descristianizando a passos grandes, e à qual é preciso anunciar o evangelho de maneira credível. Pannenberg encontra-se na tradição de teólogos protestantes mais antigos, desse século, para os quais «o ambiente de um mundo não-cristão entrou na definição da essência da Igreja» por essa razão.80 Por outro lado a eclesiologia de Pannenberg pode ser considerada como uma contribuição original à discussão teológica e ecumênica, na medida em que ela se fundamenta no ponto de partida mais amplo de sua teologia, como indiquei acima, Ibid. Concluo aqui que Pannenberg incorpora a idéia aristotélica do «movimento» e do «alvo», que tratou em outro contexto. Veja·se suas considerações em Metaphysik und Gottesgedanke sobre "Begriff und Antizipation", pp. 66ss, especialmente 76ss. Além disso, preciso explicitar de que o presente estudo não pôde contemplar a questão da relação entre o mistério neotestamentário e o matrimônio na concepção de Pannenberg, fato abordado na tese. O espaço aqui não o permitiu. " Na sua obra sistemática, na qual aparece o seu «saber enciclopédico» cf. J. Buckley, «Review Essay» . W. Pannenberg Systematic Theology, vol. 2. Grand Rapids, 1993, in Pro Ecclesia, vol. IV, n03 (1995), pp.364-369 (p. 365), Pannenberg cita abundantemente Lutero e as confissões luteranas . 77 7Y 80 <',che», Ibid. p. 385. cr Ulrich Assim por também de objetivo de Kühn, Kirche. exemplo Paul um ministério que 'o mundo Carl Heinz Ratschow, ed. Gütersloh, 1980, pp. 21-38. Althaus, que «não fala somente de um ministério na Igreja, mas de toda a comunidade, que fala da 'Igreja como ministério', com o inteiro torne-se Igreja [comunidade]'», Kühn, op. cit., p. 151. 197 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 quanto ao conceito da antecipação ou prolepse na sua relação com a revelação enquanto história. De acordo com este ponto de partida, a Igreja não pode ser pensada senão como estando fundamentada sobre o Cristo ressuscitado, em quem o Reino divino já irrompeu. Nesse sentido, Pannenberg está conduzindo um intenso diálogo com a teologia católica. Kühn tem razão quando diz que não se pode «escrever atualmente nenhum capítulo sobre eclesiologia sem que isso se faça num diálogo intenso com o interlocutor católico-romano.»81 Lutero a Palavra e os sacf3.C:. _.' protestantes modernos, nos êj':.:c não passa de um apêndice a.::',,: .. meios da graça, Palavra e sa(::-a:rentes, mas faziam parte de .::~. sempre a Palavra pregada a h: batismo e que celebram consta:-.:" Palavra, no verbum vocale, 11::: valorizá-Ios porque ela é um e::: Pannenberg sintoniza-se aqui :_. :-:- No tocante ao sacramento, Pannenberg desenvolveu um conceito raro para um teólogo protestante,82 enraizado no conceito bíblico-patrístico e expresso especialmente pelo termo dejJvarí'jpwv. Também aqui Pannenberg discute vivamente com a teologia católica. Notamos com interesse a originalidade do seu conceito de sacramento que também se encontra inserido no quadro do cumprimento da história de Deus com esse mundo já realizado antecipadamente. 83Numa aproximação tipológica, Pannenberg compara os sacramentos a Cristo, isto é, como sendo uma realidade, neste mundo, que antecipa o eschaton por vir.84 A relação estreita entre a Igreja e os sacramenta maiora, na vida concreta da Igreja, é ressaltada nesta visão proléptica. No leque protestante Pannenberg ocupa uma posição singular, que do lado católico só pode ser parcialmente encontrada em J.B. Metz ou L. Boff.X5Existem duas concepções alternativas à visão dos sacramentos como sendo uma antecipação do Reino por vir: de um lado a concepção de Ebeling do sacramento como sendo um evento de palavra, tendo como conespondente católico W. Kasper,S6e de outro lado a concepção de E. Jüngel87 do único sacramento Jesus Cristo, tendo como correspondente católico K. Rahner.88 Na discussão com essas correntes teológicas, Pannenberg encoraja a teologia luterana a um sério exame da questão do proprium sacramental. Trata-se da relação entre Palavra e sacramentos, que muitas vezes não está bem clara na consciência luterana. Trata-se, com Pannenberg, mais de uma sacramentalisação da pregação, como R. Prenter afirmou de Lutero, do que uma espiritualização dos sacramentos?89 Parece-me que a concepção de Pannenberg corresponde aqui ao conceito de Lutero, segundo o qual a proclamação e a absolvição oferecem o Cristo contido nas promessas, estando assim ligados aos sinais que Deus mesmo instituiu para o cumprimento dessas promessas no indivíduo. Em " Isso por causa da abertura ecumênica da igreja católica, da sua «oferta eclesiológica, como o Concílio Vaticano o formulou, da sua entrada nos diálogos ecumênicos bilaterais e multilaterais, e da renovação da sua teologia», Kühn, op. ciL p. 138. " como Pannenberg diz em seus próprios termos, numa carta de pessoal de 1995. '.1 cf lembra André Birmeié, arL ciL p. 50. B4 lbid. p. 49. " Ibid. p. 50. 86 Por exemplo W. Kasper «Wort und Sakrament» in Glaube und Geschlchte. Mainz, 1970. "' Por exemplo E. jüngel, K. Rahner. Was 1st eln Sakrament? Freibug, 1971. " Birmelé, arL cil. p.50. RO 198 R. Prenter, op. cil. Cr. assunto que abordei em '''O Espírito embrulhado na carne': o choque entre Lutero e os entusiastas e espiritualistas da Reforma". Vox Concordlana, ano lI, N°I, (1996), p. 8-19. Digamos, para terminar, qUO' ~ (: ceito de sacramento. Com efei:: '. do mistério da salvação de DO'.: história da humanidade e da Ig:-". suas explicações sobre o conc,,;. _ . preendido desta maneira, o ccr:(:" desse mistério é mais ampla d: ~_. ástica, e contribui assim para _~ realidade da vinda do Reinad: :, que se trata de um usus lingliC'é .':não perder de vista os limites::meios dos quais Deus se serve [>:.:c e real de Cristo, ou pela união re: próprio, isto não pode ser Outra (: meu ver, um desafio para a tecl: ;.a mação clara e inequívoca do e'.;;:;: das menores nem das últimas. Systematische Theologie. '\~:]: . Thesen zur Theologie der Ki"::, PANNENBERG, Wolfuart, DL'1..:''''. Philadelphia 1970. - tradu;:'.: . ihrer Künftígen Gestalt. P:::-é _ Ethik und Ekklesiologie. G,.,-.: glesa: The Church. Philade ..•',_ Christian Spirituality. PI,::.:c c Spiritualitat: Theologisch~.:. .. 90 Ibid. 91Systematische Theologle longe de ter terminado. 3. p.': - . Igreja Luterana - N° 2 - 1999 _ S'.la relação com a revelação -.,·tida, a Igreja não pode ser :>isto ressuscitado, em quem : _~ está conduzindo um intenso _.:-.i:, diz que não se pode «escre:- _ s::" que isso se faça num diálo- ,~u um conceito raro para um --:,atrístico e expresso especial- - ~:-J)ergdiscute vivamente com a Jade do seu conceito de sacraic, cumprimento da história de . ::\uma aproximação tipológica, ~, como sendo uma realidade, _ -~.ação estreita entre a Igreja e os c -:' saltada nesta visão proléptica. ::'Jsição singular, que do lado -3, Metz ou L. Boff.85 Existem ~:-.:cscomo sendo uma antecipa_: Ebeling do sacramento como -:-iente católico W. Kasper,86e de sacramento Jesus Cristo, tendo :2'lssão com essas correntes teoe.:: um sério exame da questão do . :=.:lavra e sacramentos, que muitas - Trata-se, com Pannenberg, mais . -=:-enterafirmou de Lutero, do que ..'- ~que a concepção de Pannenberg : qual a proclamação e a absolvi<::-;do assim ligados aos sinais que :.' se,s promessas no indivíduo. Em :~, da sua «oferta ec1csiológica, _. _"os ecumênicos ~ bilaterais como o e multilate- 138, ~-~ carta de pessoal de 1995. ~;oube und Geschichte, Freibug, 1971. Mainz, 1970. Lutero a Palavra e os sacramentos não se relacionam como em alguns recantos protestantes modernos, nos quais por exemplo o sacramento da eucaristia às vezes não passa de um apêndice acrescentado ao culto de pregação, Para Lutero, os dois meios da graça, Palavra e sacramentos, não eram separáveis e muito menos concorrentes, mas faziam parte de um só todo salvífico, de um só evento: a Palavra é sempre a Palavra pregada a homens e mulheres que vivem constantemente o seu batismo e que celebram constantemente a eucaristia. 90 Para Lutero, a insistência na Palavra, no verbum vocale, não visa minimizar os sacramentos, mas, pelo contrário, valorizá-los porque ela é um elemento essencial dos sacramentos. O conceito de Pannenberg sintoniza-se aqui com o de Lutero. Digamos, para terminar, que Pannenberg milita para um uso mais largo do conceito de sacramento. Com efeito, este conceito permite apreciar melhor a profundeza do mistério da salvação de Deus em Jesus Cristo, e os sinais desse mistério na história da humanidade e da Igreja. Aqui também deverá se tomar em consideração suas explicações sobre o conceito da diversidade sacramental e o matrimônio. Compreendido desta maneira, o conceito de sacramento permite mostrar que a presença desse mistério é mais ampla do que uma simples circunscrição institucional eclesiástica, e contribui assim para um testemunho mais incisivo no mundo, sobre a realidade da vinda do Reinado de Deus. Mas Pannenberg insiste sobre o fato de que se trata de um usus linguae (Sprachgebrauch).91 Convém, nesse uso lingüístico, não perder de vista os limites do conteúdo do assunto (Sachgehalt) referente aos meios dos quais Deus se serve para comuniear a graça divina pela presença salvífica e real de Cristo, ou pela união real com ele na sua morte e ressurreição. E no sentido próprio, isto não pode ser outra coisa do que o batismo e a santa ceia. Aí está, ao meu ver, um desafio para a teologia, cuja tarefa de ajudar as igrejas para uma proclamação clara e inequívoca do evangelho perante o mundo e a razão científica, não é das menores nem das últimas. Bibliografia seletiva de Pannenberg sobre eclesiologia: Systematische Theologie. VoI. 3. Gottingen, 1993. Thesen zur Theologie der Kirche, Claudius Thesen Reft 1. München, 19701, 19742. PANNENBERG, Wolfhart, DULLEs,Avery, BRAATEN, Carl E. Spirit, Faith and Church. Philadelphia 1970, - tradução alemã: Kirche o/me Konfessionen? Sechs Aspekte ihrer KÜnftigen Cestalt. PETSCH,Rans-Joachim, trad. München, 1971. Ethik und Ekklesiologie. Cesammelte Aufsdtze. Gottingen, 1977. - tradução inglesa: The Church. Philadelphia, 1983. Christian Spirituality. Philadelphia, 1983. - tradução alemã: Christliche Spiritualitdt: Theologische Aspekte. Gottingen, 1986. -"ient? :::,pírito embrulhado na carne': o choque c ,:':rma", Vox Concordiana, ano lI, N°!. 90Ibid. 9lSystematische Theologie longe de ter terminado. 3, p.398, Aqui, também, o diálogo com a teologia católica está 199 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 PANNENBERG, W., und LEHMANN, K., ed. Lehrventrteilungen - kirchentrennend? vol. I, Rechtfertigung, Sakramente und Amt im Zeitalter der Reformation und heute (Dialog der Kirchen, vaI. 4). Freiburg - Gottingen, 1986. PANNENBERG, W., ed. Lehrverurteilungen - kirchentrennend? voI. 3. Materialien zur Lehre von den Sakramenten und vom kirchlichem Amt (Dialog der Kirchen, voI6.). 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FRIES,Heinrich, ed. ~. angelische Katholizitiit(Festschrift der HOCHKIRCHLICHEN VEREINIGUNG '::'ng, 1984, pp.58-65. ,-,,'Q 32 (1986), pp. 35-51. 201 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 AUXÍLIOS HOMIlÉTICOS PRIMEIRO DOMINGO NO ADVENTO 28 de novembro de 1999 Marcos 11.1-10 CONTEXTO Com muita propriedade a perícope da entrada triunfal de Jesus em Jesusalém tem sido colocada como uma das leituras no início do ano eclesiástico como evangelho do primeiro domingo de advento. Assim como Jesus entrou humilde, mas como rei, justo e salvador, em Jerusalém, a filha de Sião, assim ainda hoje vem a sua igreja, a filha de Sião do Novo Testamento, trazendo justiça e salvação, pela sua palavra e sacramentos. A perícope serve assim como preparação, no tempo do advento, para a sua vinda espiritual aos nossos corações, a fim de que possamos avançar com gratidão a Deus, conforme o lema de nossa igreja para o novo ano eclesiástico. A perícope encontra-se nos quatro Evangelhos com algumas diferenças na narração que, porém, não são conflitantes. Após haver passado a noite em Jericó, na casa de Zaqueu, Jesus dirigiu-se a Betânia, aonde deve ter chegado sexta, à tardinha. Passou o sábado com seus amigos Lázaro, a quem recentemente ressuscitara dos moro tos, Marta, Maria e outros seguidores, que ali moravam. No dia seguinte, domingo, pôs-se em marcha rumo de Jerusalém com seus discípulos e outros peregrinos. Quando muitos peregrinos, já em Jerusalém para a festa da Páscoa, ouviram de sua chegada, saíram da cidade para encontrar-se com ele, com ramos de palmeiras, unindo as suas vozes ao cortejo, procedente de Betânia. TEXTO Quanto às aldeias de Betfagé e Betânia, só podemos localizar a última, tendo a primeira desaparecido. Betânia situava-se no lado leste do Monte das Oliveiras, onde se encontra hoje a aldeia El Azarigeh (cidade de Lázaro). Betfagé deve ter-se encontrado entre Betânia e Jerusalém. Seu significado é casa de figos e o de Betânia, casa de tâmaras. Até o ano de 70 A.D. aquela região era coberta de árvores frutíferas e o Monte das Oliveiras, de oliveiras, quando os romanos mandaram cortá-Ias, sendo até hoje seu número escasso. V 1- Jesus enviou dois de seus discípulos, que talvez fossem os mesmos de Lc 22.8, Pedro e João. Se o Evangelho de Marcos registrou de fato as memórias de Pedra, então um dos enviados deve ter sido Pedro, devido à exatidão dos dados fornecidos. R.A.Cole chama a atenção sobre o fato de que foram de dois em dois. Jesus costumava confiar uma tarefa a ser realizada em conjunto, a um grupo, no mínimo de dois em dois. A ação solitária do cristão nunca foi um ideal bíblico. Apenas entrou mais tarde na igreja com o surgimento dos monges e eremitas. 202 V2- A aldeia que est2::: :: deveria ser um ainda não tinha slc .' de instrumento j~ ::::-::-:-: primícias. Passage-' .. I' esta interpretaçãs ::_ainda não usadüs ': .. _ bem planejado. V 3- O Senhor precisa ,de:.;; animal o liberasse,~_ .' . as maiores barrelr.:.' . vontade seja feita", .:: V4· Os discípulos enviad::: : portão, certamente d" ::::. última palavra I:íflÇ:.::: rua), originalmente.::: ..:.-. sentido de quarteir2c:. c. _ sariamente de uma L:: =: Vv. 5-6- Diz o nosso text,::::: discípulos estavam s:: :::. : nos (Lc 19.33). Esse' chegaram a conhec~-:-e::: e, por isso, permitirzc. ::_: conforme a última fr::.:: Os que não admitem a prévio de Jesus feito com: s ::. encontram dificuldade ei!': ::::::_ sugerido em Lc19.33 em c:: passagens em que a onisc.2:-. 1.48; Jo 2.4,25; Mc 10.33.3.: Merece destaque o pr.::: _.:::: -para eles obscura da qual "l:-::= comprometer a sua honestl:::::::: desafio e são coroados de as tarefas penosas, muitas \ ",Ze:: as mesmo com fISCO,sem;::: .:: concedido pela fidelidade:::.: V 7- É uma das caracterí::::::. histórico peio que ,~~.':: _ nos pnmeIrOS ve:-:!=. Igreja Luterana - N° 2 - 1999 V2- A aldeia que estava diante deles pode ter sido a própria Betfagé. Por que deveria ser umjumentinho oqual ainda ninguém montara? Talvez porque ainda não tinha sido usado para executar trabalhos indignos e deveria servir de instrumento de primeira mão para o Senhor. Deveria ser urna espécie de primícias. Passagens como Nm 19.2; Dt 21.3 e 1 Sm 1.7 parecem confinuar esta interpretação. Para executar propósitos sagrados no A.T. só animais ainda não usados poderiam ser empregados. Cada detalhe tinha sido muito bem planejado. _:.ial de Jesus em Jesusalém tem _:0 ~ eclesiástico como evangelho _: entrou humilde, mas como rei, 0-0'0 ainda hoje vem a sua igreja, a ,:, 'c salvação, pela sua palavra e ':,3.0, no tempo do advento, para ,'o ie que possamos avançar com : :'ara o novo ano eclesiástico. A o :.lgumas diferenças na nanação V 3- O Senhor precisa dele. Como essa palavra era decisiva para que os donos do animal o liberassem, assim ainda hoje uma palavra do Senhor pode romper as maiores barreiras e dar força e direção ao cristão a fim de que a sua vontade seja feita e os planos de seu reino possam ser executados. V4- Os discípulos enviados foram e encontraram o jumentinho amanado junto ao portão, certamente da propriedade dos donos, do lado de fora, na rua. Essa última palavra uJJcjJo6ov,a combinação de D:JJcjJL (em torno) e o6óç (caminho, rua), originalmente uma rua indo em torno de algo, podendo também ter o sentido de quarteirão, aqui provavelmente tem o sentido de rua e não necessariamente de urna rua cercando a casa. _" :'::0 a noite em Jericó, na casa de c:' :hegado sexta, à tardinha. Pasel1temente ressuscitara dos mor:':''' amoNo dia seguinte, domingo, . _; discípulos e outros peregrinos. resta da Páscoa, ouviram de sua ele, com ramos de palmeiras, : 3etânia. o , o:' o o o :. , ~, :. ' jemos localizar a última, tendo a :.i:, leste do Monte das Oliveiras, __~c de Lázaro). Betfagé deve ter-se :.:.do é casa de figos e o de Betânia, c:: 3.:,era coberta de árvores frutíferas :.5 romanos mandaram cortá-Ias, :.:e talvez fossem os mesmos de Lc ":<,:os registrou de fato as memórias 'e, sido Pedro, devido à exatidão dos :e::ção sobre o fato de que foram de _::-a tarefa a ser realizada em conjun,: lS. A ação solitária do cristão nunca ::s tarde na igreja com o surgimento Vv. 5-6- Diz o nosso texto que alguns dos que ali estavam reclamaram quando os discípulos estavam soltando o jumentinho. Lucas os identifica com os donos (Lc 19.33). Esses donos deviam ter sido bons amigos de Jesus ou o chegaram a conhecer recentemente, talvez através da ressuneição de Lázaro e, por isso, penuitiram que o levassem, confiando na sua pronta restituição conforme a última frase do V. 3. Os que não admitem a onisciência e onipotência dc Jesus insistem num acordo prévio de Jesus feito com os donos, mas os que aceitam a divindade de Jesus não encontram dificuldade em ver aqui um procedimento sobrenatural, que parece ser sugerido em Lc19.33 em que os donos expressam a sua surpresa. Confira outras passagens em que a onisciência de Jesus claramente se evidencia (Mt.l7.27; Jo 1.48; Jo 2.4,25; Mc 10.33,34). Merece destaque o procedimento dos discípulos que executaram uma tarefa para eles obscura da qual ainda não entendiam o sentido (Jo 12.16) e que poderia comprometer a sua honestidade, mas confiantes na palavra do Senhor enfrentam o desafio e são coroados de pleno êxito (cp. Lc 5.5). Assim também nós não temamos as tarefas penosas, muitas vezes obscuras para nós, no reino de Deus e, realizandoas mesmo com risco, sempre de novo experimentaremos com gratidão o sucesso concedido pela fidelidade das promessas do Senhor. V 7- É uma das características do estilo vívido de Marcos o emprego do presente histórico pelo que seu Evangelho já foi chamado o Evangelho da ação. Já nos primeiros versículos constatamos em verbos sucessivos o presente, 203 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 indicando ações passadas éyyL( OUOLV, tXíTOOtÉV,EL (v. 1), (v.2). No v. 7 encontramos de novo os dois primeiros verbos no presente: cpÉPOUOLV, ÊTIL~á.ÀÀOUOLV. Na tradução se perde essa nuança estilística, sendo todos os verbos traduzidos no passado. Mas assim mesmo podemos perceber a sucessão rápida das ações. Em Mateus e Lucas a maioria desses verbos se encontra no aoristo. Apenas Mateus relata que trouxeram a Jesus dois animais: o jumentinho e sua mãe. Os outros evangelistas citam somente o jumentinho, pondo toda a ênfase no animal que foi usado como montaria. Não há necessidade de ver nisso uma contradição. A jumenta não pertence à essência do relato. Ela foi levada junto talvez apenas para tornar o jumentinho mais dócil, quando dela acompanhado. Vv. 8-10- E muitos estendiam as suas vestes pelo caminho. As vestes postas sobre o jumentinho tinham uma finalidade prática: amaciar o assento. As que foram espalhadas pelo caminho serviam como tributo de homenagem que se prestava no Oriente a um rei (cf. 2 Rs 9.13). Era também uma demonstração de submissão e sacrifício, oferecendo o que tinham de mais indispensável para o próprio uso. Além disso, para expressar a sua intensa alegria, espalhavam ramos de árvores pelo caminho. Que tipo de ramos eram? Mateus usa os termos KÂá.OOUÇ eXíTà tWV oÉvopwv (ramos das árvores); Marcos, oH~á.oaç Kólj!av,Eç eX1Tà,WV eXypwv (ramos que haviam cortado dos campos); Lucas só menciona as vestes que estendiam pelo caminho e João fala em ~ata ,wv cpOLVLKWV (ramos de palmeiras) que tomaram para sair a seu encontro. Como parece, serviram-se de ramos de diferentes plantas, tanto de árvores como de plantas rasteiras, tudo para expressar a mesma simbologia: alegria, esperança, vitória. Essa diversidade de ramos usados coaduna-se bem com o v. 9 que fala de dois grupos: os que iam adiante dele como os que vinham depois. Os que iam adiante dele eram com certeza o grupo do qual fala João. Numerosa multidão que já tinha vindo à festa e se encontrava em Jerusalém, tendo ouvido que Jesus estava de caminho a Jerusalém, tomou ramos de palmeira e saiu a seu encontro, talvez agitando-os (Jo 12.12,13). Era costume dos judeus de agitar ramos de palmeiras na festa dos tabernáculos como expressão de alegria. Encontraram-se com o grupo que vinha acompanhando a Jesus na descida do Monte das Oliveiras, do lado de Jerusalém, onde toda a multidão passou, jubilosa, a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinham visto (Lc 19.37). As palavras jubilosas não são todas as mesmas nos quatro relatos. A multidão pode ter proferido todas elas, sendo que cada evangelista registrou o que lhe foi transmitido por divina inspiração. Uma frase é comum aos quatro: EU.\OYllIlÉvOÇ o ÊPXÓIlEVOÇ Êv oVóllan KupLou (bendito o que vem em nome do Senhor). 'EpXÓIlEVOÇ é um título estritamente messiânico (cf. Mt 11.3). Designava o nome do Messias que deveria vir para tornar o nome de Deus conhecido aqui na tena e salvar a humanidade dos seus pecados. A palavra hosana foi registrada por três, com exceção de Lucas. É uma transliteração de ~)?;-,)!'\Ui;-, (Salva-nos, nós te pedimos). É uma combinação ao mesmo tempo de súplica e de um 204 grito de homenagem ou o início para o uso litúrgi:'~ : -Tanto a frase Bendito c c c extraídos do SI 118.25,26 E .:-:- 113-118), cantados duran:=.:. := com o Messias esperado. _ dos: hosana ao Filho de Do" (João) e Marcos, em lugar d= ::._ Rei e reino se completam e 2r:' c.: ~ . um reino deste mundo. Iss: 2:0: _. morada de Deus para onde: oõ.: ainda são mais explícitas: pC.: paz que só Jesus poderia dar = .:._ É inútil especular quant:s entrada de Jesus em Jerusalér:: = 2 - . só o compreenderam plenam=~:o _c' bém At 1.6). Não importa (' ir2. triunfal foi o cumprimento d= Z _ : movido pelo poder do Espíri:: ~.:. voz por todos os milagres quo ::r.-: recente milagre da ressurrei~2=.; coração, boca e mãos, numa f~-,-, também aceitou o seu lom'or. - - _ '. escribas de silenciar as vozes:::: mais longe ainda, dizendo que _ õ. o o que as pedras iriam proteS:2: c'PROPOSTA HOMILÉTIC-\ Tema A entrada de Jesus em Je:'..:.:o'igreja através da palavra e sacr:::--:1. Ele vem humilde, porém c::-.' • := . 2. Ele deve ser recebido cc:-:. louvor e testemunho) e cc:-:- .•: :-:-~ Igreja Luterana (v.1), (v.2).Nov.7 presente: <jJÉpouow, -_.~':i estilística, sendo todos os : '-no podemos perceber a su__:.' 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Os que iam adiante '<umerosa multidão que já tinha ê~~J ouvido que Jesus estava de , . :.iu a seu encontro, talvez agitan. :'~::3.rramos de palmeiras na festa ~>:.:ntraram-se com o grupo que .~ das Oliveiras, do lado de Jeru, :."'''' a Deus em alta voz, por todos :,\TaS jubilosas não são todas as . ê~ ::roferído todas elas, sendo que .' ::cor divina inspiração. Uma frase ÓVó!-1aHKUPLOU (bendito o que , estritamente messiânico (cf. Mt - N° 2 - 1999 grito de homenagem ou saudação, equivalente a "Viva!" ou "Glória!" Passou desde o início para o uso litúrgico como uma interjeição de alegria e louvor. Tanto a frase Bendito o que vem em o nome do Senhor como o hosana foram extraídos do SI 118.25,26. É um salmo messiânico que faz parte do grande hallel (Sls 113-118), cantados durante a Páscoa pelos judeus. A multidão identificou a Jesus com o Messias esperado, o que expressam também os outros termos acrescentados: hosana ao Filho de Davi (Mateus), Bendito é o Rei (Lucas), Rei de Israel (João) e Marcos, em lugar de Rei, fala no reino que vem, o reino de Davi, nosso pai. Rei e reino se completam e ambos foram prometidos e estavam para vir. Mas não era um reino deste mundo. Isso atestam as palavras nas maiores alturas, indicando a morada de Deus para onde Jesus em breve seria exaltado. As palavras de Lucas ainda são mais explícitas: paz no céu e glória nas maiores alturas, aludindo àquela paz que só Jesus poderia dar e a uma glória não profana, mas celestial. É inútil especular quantos da multidão entenderam o verdadeiro sentido da entrada de Jesus em Jerusalém e a natureza de seu reino espiritual. Até os discípulos só o compreenderam plenamente depois que Jesus foi glorificado (J012.16; cf. também At 1.6). Não importa o grau de compreensão, o que importa é que a entrada triunfal foi o cumprimento de Zc 9.9 e que o entusiasmo do povo era autêntico, movido pelo poder do Espírito Santo. A multidão estava louvando a Deus em alta voz por todos os milagres que tinham visto (Lc 19.37), entre os quais figurava o recente milagre da ressurreição de Lázaro (Jo 12.17). Receberam a Cristo com o coração, boca e mãos, numa fé alegre e confessante, ativa pela amor. Por isso Cristo também aceitou o seu louvor, não atendendo ao pedido dos principais sacerdotcs c escribas de silenciar as vozes dos meninos no tcmplo (Mt 21.15) e em Lc 19.40 vai mais longe ainda, dizendo que o silenciar de tais homenagens seria um crime contra o que as pedras iriam protestar em altos brados. PROPOSTA HOMILÉTICA Tema A entrada de Jesus em Jerusalém, uma imagem de sua vinda ainda hoje a sua igreja através da palavra e sacramentos. 1. Ele vem humilde, porém como Rei, trazendo salvação e paz. 2. Ele deve ser recebido com o coração (fé verdadeira), com a boca (confissão, louvor e testemunho) e com as mãos (obras que sejam frutos autênticos da fé) . Paulo F. Flor Dois Irmãos, RS "ir para tornar o nome de Deus :.:, ,eus pecados. A palavra hosana :=: uma transliteração de XJ?:1l7't.:i;:1 , , :-'iesmo tempo de súplica e de um 205 Igreja Luterana - N" 2 • 1999 SEGUNDO DOMINGO NO ÃDVENTO 5 de dezembro de 1999 Marcos J,1-8 1.1) "arehé" = início, origem, princípio. Neste texto, descreve o começo do evangelho de Cristo, segundo Marcos. Evangelho significa boas novas. Marcos usa esse termo para se referir aos fatos históricos, palavra e obra de Jesus Cristo, como plenamente de acordo com as profecias do AT. UlOU theou" = Filho de Deus. Essa designação após o nome Jesus Cristo encontra-se somente aqui em todo o NT. Assim, Marcos apresenta Jesus Cristo como o eterno Filho de Deus. Jesus (cujo significado é Salvador, cf Mt 1.21), de fato pode salvar inteiramente dos pecados, por ser ele de natureza divina (ct. Hb 7.23-28). A natureza divina de Cristo é o fundamento do evangelho. "katôs gégratetai" = assim como está escrito. É uma fórmula confirmatória para o relato que segue. Tudo o que segue aconteceu de acordo com o que foi anunciado previamente pelo profeta, Os profetas anunciaram. Por isso, o que segue devia ser assim, BLH: "A boa notícia~.. começou como o profeta Isaías tinha dito". 1.2,3) "ángelos " = João Batista é mensageiro de Deus. Essa é uma das poucas ocasiões no NT em que o termo é usado para referir-se a mensageiro humano e não a anjos. Além deste texto, encontramos o vocábulo com o mesmo sentido de mensageiro humano emLc 7.24; 9.52; Tg 2.25 e Mt 11.10. do pecado mas tambér;~, pregação de arrependimcr~:: Edmund, The Doetr!ne IA) Na pregação de JciL ~~::-~ do pecado, visande - -:-éC de mente e atitud" ~ ,~-~~ Batismo como mel;: "':-:~-:_ na atitude dos batin:-', poderá ser a citaçã;: _ mento. o texto traz "batismo d~~c::-~-" arrependimento? Não se tE:':: uma purificação cúltico-ceri'''.:r __ o seu encontro com o juiz ',:r: c pregação, tomando-se comc:~c_ O batismo de João relaci:rc livrar-se do julgamento. Arr: f: _ ~ anependimento e, por caus:: c~ _ salvação no juízo vindouro. '.;: a purificação e renovação es:c: ~ tido pelos profetas (Me 1.S: '<: arrependimento, dirige ao c'''" c" - _ escatologicamente válido, :-~~::': como um selo eficaz do arrepé',,:::-~ . 1.7,8) João anuncia a vin:: c" '. Espírito Santo". Não Sé'rc~~Espírito Santo à sua igE, o que faz pensar no dia ::~ : A citação é de 1s 40.3 e Ml 3.1. João Batista é, por conseguinte, o mensageiro, aquele que foi enviado para anunciar ao povo a necessidade e meio de preparação do caminho para a chegada de Cristo. Após a morte e ressurrei.; ".: e desde então atua em tod:' Aliança nos profetas, reis e::.:' sua plenitude, Cada membr: __ Daí, a citação de preparador do caminho. Logo, João Batista foi porta-voz e preparador do caminho para Cristo. Ele é o Precursor do Messias vindouro. conseguinte, é alistado peic ::: c :-7.39; 2 Co 3.6), para ser me"o::~ "Consciente de ser ele o porta voz e preparador do caminho para Aquele que estava para vir, o "mais poderoso" (l'vIc1.7), João o proclamou como sendo o executor do julgamento divino. Ao mesmo tempo, João via nele o cumprimento da promessa profética sobre a outorga do Espírito (Me 1.8). Porquanto o juízo de Deus é iminente, é exigido o imediato arrependimento. João não exigia apenas a confissão 206 c PARA A I\1ENSAGR\ I Quatro séculos se passar2.:-:-~ ~de silêncio profético. A relig:3: _ as de purificação exteriores e conformidade com a lei. Igreja Luterana - N° 2 - 1999 do pecado mas também um afastamento do mesmo (Mt 3.8,10). Baseado nessa pregação de alTependimento, João convidava as pessoas para o Batismo." (SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. St. Louis, CPH, p.17) . . descreve o começo do evan- , c:: é :enno para se referir aos fatos ::lenamente de acordo com as ~~:.;ão após o nome Jesus Cristo -- \larcos apresenta Jesus Cristo _::10 é Salvador, cf. Mt 1.21), de é~ "le de natureza divina (cf. Hb <:0 do evangelho. É uma fórmula confirmatória _-nteceu de acordo com o que foi Cétas anunciaram. Por isso, o que :omeçou como o profeta Isaías _:-_'0 : :é Deus. Essa é uma das poucas _::::'-se a mensageiro humano e não _.- : om o mesmo sentido de mensa- __ . Dor conseguinte, o mensageiro, ~:essidade e meio de preparação :"':go, João Batista foi porta-voz e : _:~sor do Messias vindouro. 1.4) Na pregação de João temos Lei e Evangelho. Aqui a lei é aplicada na denúncia do pecado, visando o arrependimento ("rnetánoia" = conversão, mudança de mente e atitude, voltar-se para Deus). O Evangelho está vinculado ao Batismo como meio "para a remissão dos pecados". O resultado se apresenta na atitude dos batizados confessando os seus pecados (v.S). Excelente auxílio poderá ser a citação da Confissão de Augsburgo, Artigo XII: Do Arrependimento. O texto traz "batismo de arrependimento". Qual o significado desse batismo de arrependimento? Não se tratava apenas de uma limpeza exterior do corpo, nem de uma purificação cúltico-cerimonial. Era, antes, uma preparação do homem todo para o seu encontro com o juiz vindouro. Esse é um aspecto que pode ser destacado na pregação, tomando-se como auxílio a epístola do dia (2 Pe 3.7-14). O batismo de João relacionava-se com uma conversão total, a única maneira de livrar-se do julgamento. Através desse Batismo, o pecador penitente era inserido no alTependimento e, por causa dele, produzia frutos do alTependimento e aguardava a salvação no juízo vindouro ... Não coube a João, mas sim ao que virá após ele, operar a purificação e renovação escatológica mediante o Espírito Santo, conforme prometido pelos profetas (Mc 1.8; Mt 3.11; Lc 3.16; At 1.5 ). O Batismo de João exige arrependimento, dirige ao arrependimento e reconhece o arrependimento como escatologicamente válido. Nesse aspecto, o batismo de João pode ser caracterizado como um selo eficaz do arrependimento. (SCHLINK, op.cit., pp. 18,19). 1.7,8) João anuncia a vinda de Jesus Cristo como seu superior. Este batizará "no Espírito Santo". Não se refere aqui ao batismo com água, mas à outorga do Espírito Santo à sua igreja. Mateus acrescenta o fogo ao se referir ao Espírito, o que faz pensar no dia de Pentecostes. Após a morte e ressurreição de Jesus, o Espírito Santo foi enviado ao seu povo e desde então atua em todos os crentes. Embora o Espírito já agisse na Antiga Aliança nos profetas, reis e outros mensageiros de Deus, agora será derramado em sua plenitude. Cada membro da igreja de Cristo recebe o Espírito. Cada um, por conseguinte, é alistado pelo Espírito como um instrumento do Cristo exaltado (Jo 7.39; 2 Co 3.6), para ser mensageiro e precursor daquele que há de vir para o juízo. PARA A MENSAGE.l\1 - ~:r do caminho para Aquele que oroclamou como sendo o execu._::\ia nele o cumprimento da proPorquanto o juízo de Deus é - -}o não exigia apenas a confissão Quatro séculos se passaram em que não se ouvia a voz de Deus. Foi um período de silêncio profético. A religião deteriorara em meros rituais, formalismos, exigências de purificação exteriores (batismos nas comunidades de Qurnran, Essênios, ctc.) e conformidade com a lei. 207 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 o povo esperava a manifestação de Deus para o juízo. Parecia, no entanto, que Deus estava distante, alheio à realidade e necessidades do cotidiano de seu povo. As vozes que se faziam ouvir não eram dignas de crédito, visto não terem sido enviadas por Deus. Sua mensagem não era a mensagem divina de lei e evangelho. Por conseguinte, não preparavam para o "encontro com o Juiz". A voz de Deus, no entanto, se faz ouvir através do seu último mensageiro e também precursor de Deus - João Batista. Sua mensagem é Palavra de Deus amparada na voz dos profetas outrora enviados. Ele proclama Cristo, o Filho de Deus, como Aquele que está para vir. Nele há remissão de pecados e a outorga do Espírito Santo. Que tipos de vozes clamam e clamarão nesses domingos que precedem o terceiro milênio? Serão, de fato, a voz de Deus? Pense nos esotéricos e suas exigências de purificação, nos pentecostais e outros legalistas confundindo o rito de Batismo com uma conformidade a leis eclesiásticas, etc. Não parece ao povo de Deus que ele se calou por dois milênios, deixando seus filhos sem a sua companhia e orientação? E, se Deus continua ativo, onde podemos ouvi-Io e de que maneira nos comunicamos com ele? São fidedignas as tantas vozes que clamam e exigem do pobre pecador? A pergunta da Idade Média continua atual: "Como encontrar um Deus gracioso?" TERCEI:RO CONTEXTO O Jesus Estes, Deus, Evangelho de k:" diante dos discípc:;.: : _. porém, foram fê;,.~ e para que, crend: . .:::". Nossa perícope se "L':-=-' que o Verbo (Jesus) é ete:' (Jesus) é a redenção ( 19-:respeito de Jesus Cristo. -. No v. 6 João (o Bati:::-=-:: :--,tem autoridade dada per D, idosos (Zacarias e Isabe 1 ::. - :: nascimento de João afim,.'. Essa reflexão é própria para conduzir ao tema da pregação: Deus nos fala pelo Evangelho de seu Filho. (v.I) Espírito Santo, já no vem':: "E a mão do Senhor est::'·-=Rudi Thoma São Borja, RS Promessa Divina, de algu:':. era um representante pe",' vv. 7 e 8- É dito quc Je:" estava no mundc ,:: _ presente. E mais t,,- ~_ "Eis o Cordeiro de D::_: a luz, como bem eliso", ~" _ 5.35); ou seja, Jose :: verdadeira. A funç:L =-=- vv.19-23 - Umade1ega~-"- -=-.: sobre quem ele cr:: e . -=-.:"- '-,~ à promessa de D::c:' _ Elias, antes que \er.:--.-=. ~. ele era o profeta qu:: :::lhes-ei um profeta:: - r':: as minhas pala '-rê,' .: .. ponde: Não. A 208 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 .ufzo. Parecia, no entanto, que ::::::es do cotidiano de seu povo. ~ ::ó ~rédito, visto não terem sido ;em divina de lei e evangelho. ::,:·mo Juiz". ~s do seu último mensageiro e :-:,s::gem é Palavra de Deus ampa:::, ::lama Cristo, o Filho de Deus, :::-pecados e a outorga do Espírito :::'Tlingos que precedem o terceiro " " esotéricos e suas exigências de ",'Jndindo o rito de Batismo com ::::::-:e ao povo de Deus que ele se 'J,i companhia e orientação? E, se :: J:- maneira nos comunicamos com . ó\:igem do pobre pecador? A per'-"rar um Deus gracioso?" :;2 pregação: :lê seu Filho. (v.I) Rudi Thoma São Borja, RS TERCEIRO DOMINGO NO ADVENTO j2 de dezembro de 1999 João 1.6-8, 19-28 CONTEXTO O Evangelho de João expressa claramente o seu propósito: "Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (20.30-31). Nossa perícope se situa no prólogo do Evangelho de João, onde é testificado que o Verbo (Jesus) é eterno (1.1-2); estava junto ao Pai na criação (1.3); e o Verbo (Jesus) é a redenção (1.9-14), e se estende pelos testemunhos de João Batista a respeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus que tira o pecado do mundo (1.29-34). No v. 6 João (o Batista) é apresentado como "enviado" por Deus. Alguém que tem autoridade dada por Deus para falar. Deus intervém na vida de um casal de idosos (Zacarias e Isabel) e lhes concede um filho na velhice, e o anjo ao anunciar o nascimento de João afirma: "Este será grande diante do Senhor ... será cheio do Espírito Santo, já no ventre materno" (Lucas 1.15); e após o seu nascimento é dito: "E a mão do Senhor estava com ele" (Lucas 1.66). E João é o cumprimento da Promessa Divina, de alguém para preparar o caminho do Senhor (Mateus 3.3). João era um representante pessoal de Deus no seu plano de salvação. vv. 7 e 8- É dito que João veio como "testemunha". João foi o "profeta final", que estava no mundo testemunhando, apontando para o Salvador que já está presente. E mais tarde, face a face com Jesus, João dá o grande testemunho: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1.29). João não era a luz, como bem disse Jesus: "Ele era a lâmpada que ardia e alumiava"( João 5.35); ou seja, João era um instrumento na mão de Deus para mostrar a luz verdadeira. A função da lâmpada é mostrar a luz, e João fez isso muito bem. vV.19-23 - Uma delegação dos líderes religiosos judeus foram até João para especular sobre quem ele era e o que pregava. Perguntaram se era ele Elias, uma referência à promessa de Deus em Malaquias 4.5: "Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR". Questionaram se ele era o profeta que Deus prometeu enviar em Deuteronômio 18.18: "Suscitarlhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar". E João responde: Não. A delegação persiste em seus questionamentos, pois o que iriam 209 Igreja Luterana - N° 2 . 1999 dizer aos que os enviaram? E João responde dizendo que é o cumprimento da promessa de Isaías 40.3: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda ao nosso Deus". Sua missão era preparatória. João era a voz que anunciava a redenção, que já estava presente no mundo. VV.24-27- Os fariseus que foram interrogar João tinham um interesse maior na atividade que ele estava fazendo - Batizar. Para os fariseus o Batismo era um rito escatológico, que deveria ser realizado por personagens do fim dos tempos. João ao dizer: "Eu batizo com água", deixa claro que virá outro que batizará com o Espírito Santo ( João 1.33). E João desfaz-se de toda autoridade e dignidade pessoais e diz que já está presente no meio do povo alguém especial que ele não era "digno de desatar-lhe as correias das sandálias"(v.27). Desamarrar e carregar sandálias era o dever dos escravos. João se coloca na condição de escravo, servo do Senhor, que ele batizaria mais tarde. V.28 - Este versículo serve para confirmar e localizar o leitor do Evangelho sobre onde se passaram estes acontecimentos . QUARTO ~J Nota: Contexto e Aii.~·· INTRODUÇÃO Um jornalista disse: "Um ,'," cheio". Pode nossa vida do dia-::-::. ~ com extraordinários significad::' .~, sim. Ela mostra-nos o que accm,:<:" ... quando o comum torna-Sê ;ô',' PROPOSTA HOMILÉTICA I - Quando Deus providencia tu! Advento: queremos esperar com fidelidade a Deus testemunhando a respeito da Luz: Jesus. Paulo Henrique Voltz São José do Rio Claro, MT A - Deus providenciou Jes> C' , B - Deus providenciou Jescs cC - Deus providenciou na Es __, Cristo (2 Pe 1.21). Deus usou c .:.~, A virgem Maria experimem: _ ela tornou-se o embrião dos 'I - concebido pelo Espírito Sant,cP grande privilégio em sua "insign,,:_ A- Somos tentados a peroo-1- Muitas vezes queremos ,':'::.-, 2- Muitas vezes queremos :::-:-d padrões. B- O reconhecimento (( 1- Como Maria que creu :-.::" 2- Esta missão salvador" ;c::":- c- O reconhecimento (lc --' CONCLUSÃO Deus ainda muda o cornu:-:' 210 L-:~ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 c~,jo que é o cumprimento da :-7s~rto:Preparai o caminho do _ . _ Sua missão era preparatória. .. :- estava presente no mundo. = QUARTO DOMINGO NO ADVENTO 19 de dezembro de 1999 Lucas 1.26-38 ..-.ham um interesse maior na -:. ..s fariseus o Batismo era um ::'.. :.'ersonagens do fim dos tem:.c:\a claro que virá outro que ~: desfaz-se de toda autoridade . ~:e no meio do povo alguém , _.,:c:meias das sandálias"(v.27). _.' escravos. João se coloca na ::o:nizaria mais tarde. =::'f o leitor do Evangelho sobre Nota: Contexto e Análise do texto: ver Igreja Luterana, vaI. 49, n° 2, ano 1990. INTRODUÇÃO Um jornalista disse: "Um fato é como um saco - só fica em pé quando está cheio". Pode nossa vida do dia-a-dia, agitada com a preparação do Natal, ser enchida com extraordinários significados? A experiência de Maria responde com um forte sim. Ela mostra-nos o que acontece ... ... quando o comum torna-se extraordinário I - Quando Deus providencia tudo = C·..lS testemunhando a respeito da Paulo Henrique Voltz São José do Rio Claro, MT A - Deus providenciou Jesus Cristo no mistério da encarnação (v.31) B - Deus providenciou Jesus Cristo na sua morte e ressurreição (v. 31; Mt 1.21). C - Deus providenciou na Escritura Sagrada um registro do seu amor em Jesus Cristo (2 Pe 1.21). Deus usou o anjo para anunciar a Boa Notícia, o Evangelho! A virgem Maria experimentou a total providência de Deus. Duma humilde galiléia, ela tornou-se o embrião dos sonhos e da esperança de toda a humanidade: "Foi concebido pelo Espírito Santo". Maria, também, ilustra a maravilha de receber um grande privilégio em sua "insignificância, humildade, pobreza e inferioridade". (Lutero) n- Quando Deus capacita-nos a receber o que ele providenciou A- Somos tentados a perder-nos no comum (v.34). 1- Muitas vezes queremos transformar as dádivas de Deus em nossas realizações. 2- Muitas vezes queremos limitar as dádivas de Deus de acordo com os nossos padrões. B- O reconhecimento do extraordinário necessita de aceitação (v.38) 1- Como Maria que creu na missão salvadora de Jesus (v.37). 2- Esta missão salvadora preencheu e satisfez a sua vida (v.37). c- O reconhecimento do extraordinário necessita de uma resposta (v.38) CONCLUSÃO Deus ainda muda o comum em extraordinário? Simples água, pão e vinho, palavras 211 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 num livro (Bíblia), corpo e sangue, isso tudo são coisas comuns, mas transformadas em extraordinárias por Deus! As palavras do anjo Gabriel: 'Tara Deus não haverá impossíveis", ainda permanecem verdadeiras. Pode Deus preencher a nossa vida do dia-a-dia com seu significado extraordinário? Em Jesus Cristo a resposta é SIM: ontem, hoje e para sempre! Nossa "contribuição" para este milagre? A alegre resposta da fé, que exclama: "Deixe isso para mim conforme tua Palavral" Osvino Vorpagel lndaial, se I. CONSIDERAÇÕES I,iRe Normalmente inicia-sê_=exegéticas que consideram estrutura do texto, a gramátic::. -: repartir alguma experiência e " ~ contri buição uma coletânea de ê -:-_ refletiram sobre o texto. Esc!'e pregação relevante nesses rIC', :, Kürst, Lindolfo Weingartner. e :e,~ Enfim, fiz o trabalho dê,,:~ oferecer o mel saboroso do E>.:. de nossas vidas. : n. CONSIDERAÇÕES GER '; T';; AS EXPECTATIVAS DA CO"':;l DO PREGADOR A história do Natal em 51 '~ outros tipos de prédicas, c::-~' sociedades de consumo. sobre .:.' posto ao lixo e miséria de n:',.:c: - ~ Mas, falar e ouvir o Ób\lC e : presta atenção no profundarc.e' ro de Deus precisa fazer ao preê -: ':'.- o pregador precisa leIT,::':': : __ mais freqüentados do anOê __ê todas as idades. Virão av6s -:_ . mória natalina está viva g:.:c.::': comunicação de massa que e~' Mas, apesar de tudo. c..' ~é:: parar, por um instante. Te=- ce::." alegria e amor. E se a festa :: ~',~c o que está acontecendo r:2 SL.:::' -: .' 212 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 ;: ~Jmuns, mas transformadas - ';averá impossíveis", ainda . ,,} vida do dia-a-dia com seu . O'" é SIM: ontem, hoje e para -". alegre resposta da fé, que Osvino Vorpagel lndaial, se DIA DE NATAL 25 de dezembro de 1999 Lucas 2. 1-20 I. CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS Normalmente inicia-se um estudo homilético com reflexões isagóglcas e exegéticas que consideram termos, verbos, palavras chaves na língua original, a estrutura do texto, a gramática, etc. Decidi ir por outro caminho, numa tentativa de repartir alguma experiência e vivência como pregador do Evangelho. Trago como contribuição uma coletânea de pensamentos de mais de uma dezena de autores que refletiram sobre o texto. Escrevo o que julguei ser o mais significativo para uma pregação relevante nesses novos tempos. Os autores consultados foram: Nelson Kürst, Lindolfo Weingartner, entre outros. Enfim, fiz o trabalho de uma abelha. Fui a muitas flores colher o néctar para oferecer o mel saboroso do Evangelho de modo compreensível e aplicado ao hoje de nossas vidas. ll. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O EVENTO DO NATAL, AS EXPECTATNASDACONGREGAÇÃOEOS CUIDADOS DO PREGADOR A história do Natal em si não causa mais tanto impacto, razão porque surgiram outros tipos de prédicas, como os sermões sociais, políticos de protesto contra sociedades de consumo, sobre as diferenças sociais e os exageros do luxo contraposto ao lixo e miséria de nossas multidões. Mas, falar e ouvir o óbvio e o normal do Natal cansa!? De tanto repetir ainda se presta atenção no profundamente radical do Natal? São perguntas que o mensageiro de Deus precisa fazer ao preparar seu recado natalino. O pregador precisa lembrar que provavelmente o culto neste dia será um dos mais freqüentados do ano, e que Natal é um acontecimento para as pessoas de todas as idades. Virão avós, pais, jovens, crianças, especialmente crianças. A memória natalina está viva graças a muitos fatores, entre os quais estão os meios de comunicação de massa que exploram esse momento para seus fins de lucro. Mas, apesar de tudo, as pessoas querem ter um momento celebrativo. Querem parar, por um instante. Tem sede e fome por consolo, esperança, paz, harmonia, alegria e amor. E se a festa do Natal ficou tão normal, é preciso que alguém nos diga o que está acontecendo na sua essência. 213 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Ao refletirmos sobre essas expectativas de nosso povo, teremos levado a sério o público alvo da mensagem de Natal, e isso é compromisso de todo pregador e mensageiro de Deus. Por ser um dia com boa freqüência e com chances de reaparecerem os "membros relapsos", o pastor é tentado a usar mais a lei do que realmente partir do evangelho - a verdadeira força Iibertadora. De igual modo o pregador não pode esquecer que nesse dia as crianças vivenciam a tensão dos presentes, e portanto, estão impacientes e agitadas, o que requer dele um esforço e preparo especial como comunicador sensível e atento à realidade de seu povo. m. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E HOMILÉTICAS A história mais recontada do mundo é a do Natal. Um levantamento da população, em todo o império, visando atualizar e melhorar a arrecadação de impostos movimentou um marceneiro chamado José e sua esposa Maria, da cidade de Nazaré para a cidade de Belém, cidade de seus antepassados, e ali fazer seu registro. Quando chegaram a Belém, souberam que não havia mais lugar nas hospedarias, e Maria estava em adiantado estado de gravidez. Acomodados numa estrebaria, Maria deu à luz a seu primeiro filho, e colocou o bebê num cacho de animais. Até aqui é uma história normal. Meros fatos corriqueiros. O que dá um significado único à história desse menino deitado num cacho é que a alguns quilômetros dali, naquela mesma noite, nos campos ao redor da cidade, um grupo de pastores de ovelhas estava batendo um papo, enquanto cuidavam das ovelhas, e algo de extraordinário aconteceu: apareceu-lhes um mensageiro de Deus e lhes disse que tinha uma notícia maravilhosa para eles, a saber, que nesse momento acabara de nascer, ali na cidade, o Messias tão esperado! Deus intervém para dizer, através do mensageiro, um absurdo: naquele bebê está o Salvador de vocês, o Cristo. Deus esclarece com sua palavra. E receberam o convite para ir lá e conferir. E eles foram e viram. Essa é a essência da alegria do Natal: ver o Messias. O objetivo da mensagem de Natal é a encarnação: o Verbo se tornou carne. Deus entra na aflição do mundo para que todos vejam sua glória. Sua missão como Messias é recolocar em ordem as relações entre os homens e Deus. Por si próprios os homens não têm condições de reatar as relações com seu Criador. Esta criança é a única chance de salvação para a humanidade. No entanto, Ele se revela contra toda a expectativa humana. Identifica-se com os humildes, como um Deus aparentemente fraco. Sua fragilidade impede Seu reconhecimento. É o milagre e mistério da humanação divina. Onde em todos os registros das divindades que os humanos criaram pode encontrar-se um Deus como esse que criou as criaturas humanas e ele mesmo tornouse um humano? Ele não se esconde atrás do véu de sua glória majestosa, mas deitase numa manjedoura. 214 o Evangelho é na teria arquitetado IYié:: o: jedoura, oficina de C3.IT':: ::,sinais da aparente frac~;ê:::'::'~ ~U PERSONÂGENS __ ~ __ D_\ BIST < -- A ciência de obstetrí:> concepção pelo Espíritc S.::. para o que crê é o milagre _ ::-.. Maria - é mãe sem leite ~.::.:_ chão da estrebaria, pois n3._ ~_cc _ encobriu o lugar escand::l-; estábulo fedorento. Deu5 ,e l-__::_ Maria reflete e medita 500:e =_.::. Espírito Santo na serva do S~:u-especialidade: separar. O E5p:lc:. fim da vida aquela que foi :::,,: __ E Maria pensa, reflete, aprcL:2-:. ; - O anjo que anunciou e :.':"< Belém foi um mensageiro de :: .:..maravilha de simplicidade. ~<~;; foi dito. É mensagem tran5f::::: __.::.Da estrebaria ao camp: C" - foram os simples pastores. e_~::lidade, o despojamento é ":'.'; -:;__ creram com os corações e C:::-. indicado pelo anjo. Não faze::- _::_ o que e como fazer. Vão p-.::. . _ mensagem recebida os põe e::: ::_São testemunhas oculares de :--u; contradiz tudo o que a razàe '-_~-E a mensagem foi adian:~. : = de amigo para amigo. E issc é =:,,--.::. de Deus se espalhou e se ê';:C-H pessoal simples e verdadeir,:. E::e incrementados entre nós hurr,,:-. -o IV -OUTROS PENS~\ __ 'e- P,T>" i Por ocasião do Natal:c.- ~ mãe de Jesus, porque niic :~:::_.::. - _ mento, porque não Jerusalé-.- : Igreja Luterana . N° 2 - 1999 . ~>0. teremos levado a sério - ~:'11isso de todo pregador e _c :'C'aparecerem os "membros ê ::lmente partir do evangelho - 'ê ~:,jor não pode esquecer que :. e portanto, estão impacien. _:: especial como comunicador .. : ÉTICAS '_'m levantamento da popula. :::: a arrecadação de impostos c .• : . '" :\1aria, da cidade de N azaré . '. e ali fazer seu registro. :'ia mais lugar nas hospedari, ,.:o.c:omodadosnuma estrebaria, ,-§ num cocho de animais. -,l'.leiros. O que dá um significa, 'c' é que a alguns quilômetros ,: ,:.lade, um grupo de pastores de :,::',das ovelhas, e algo de extra.: - je Deus e lhes disse que tinha , o. _C'momento acabara de nascer, e::1para dizer, através do mensa- .e -.ocês, o Cristo. Deus esclarece . ' : :,Ierir. E eles foram e viram. Essa o Verbo se tornou carne. Deus : glória. Sua missão como Mes, : Tlens e Deus. Por si próprios os , :m seu Criador. Esta criança é a ,::a humana. Identifica-se com os : _.:cragilidade impede Seu reconhe- c.C' os humanos criaram pode en:: .... s humanas e ele mesmo tornou, :c sua glória majestosa, mas deita- o Evangelho é simples, modesto, tão diferente daquilo que a inteligência humana teria arquitetado para solucionar os problemas que afligem a humanidade: manjedoura, oficina de carpintaria, um barco, um deserto, umjumentinho, uma cruz são sinais da aparente fraqueza e loucura de Deus. PERSONAGENS DA HISTÓRIA: A ciência de obstetrícia não conhece tais coisas como a gravidez da virgem e a concepção pelo Espírito Santo. Alguns chamam isso de fábula, mas para Lucas e para o que crê é o milagre, o mistério . Maria - é mãe sem leito. Para dar à luz, Maria provavelmente teve que se deitar no chão da estrebaria, pois não havia lugar para eles na pensão. O romantismo europeu encobriu o lugar escandaloso do nascimento do Filho de Deus: um cocho num estábulo fedorento. Deus se humilha mesmo . Maria reflete e medita sobre tudo que vivenciou e ouviu. Ela liga os fatos. É a ação do Espírito Santo na serva do Senhor. O diabo separa, cria confusão (diabolein). Essa é sua especialidade: separar. O Espírito de Deus liga, une, ilumina. E certa.'TIenteiluminou até o fim da vida aquela que foi instrumento especial nesse evento único da história humana, E Maria pensa, reflete, aprofunda sua compreensão sobre os acontecimentos. O anjo que anunciou o nascimento de Jesus para os pastores nos campos de Belém foi um mensageiro de poucas palavras. Esse primeiro sermão de Natal foi uma maravilha de simplicidade. Nessas simples palavras tudo que era necessário ser dito foi dito. É mensagem transformadora. Da estrebaria ao campo. Os primeiros ouvintes da melhor boa notícia do mundo foram os simples pastores, que prontamente dizem: "Vamos até Belém"! A disponibilidade, o despojamento é visível. Estão envolvidos no evento histórico decisivo. Eles creram com os corações e com os pés, pois eles foram apressadamente para o lugar indicado pelo anjo. Não fazem uma reunião de análise dos fatos para depois decidirem o que e como fazer. Vão para ver. É ação espontânea de quem está contagiado. A mensagem recebida os põe em movimento. No versículo 17 diz que os pastores viram. São testemunhas oculares do mistério da encarnação do próprio Deus. É mistério que contradiz tudo o que a razão humana é capaz de captar pelo esforço próprio. E a mensagem foi adiante, se espalhou, nas visitas e nas conversas de olho no olho, de amigo para amigo. E isso é maravilhoso, pois foi e é desse jeito que a notícia do Amor de Deus se espalhou e se espalha, no contato humano, no testemunho espontâneo pessoal simples e verdadeiro. Esses contatos, essas visitas, esses diálogos precisam ser incrementados entre nós humanos da era do contato e comunicação virtual eletrônica. IV - OUTROS PENSAMENTOS PARA A PRÉDICA Por ocasião do Natal cabe a pergunta sobre os critérios de escolha de Deus: a mãe de Jesus, porque não uma mulher das fileiras da nobreza? Seu lugar de nascimento, porque não Jerusalém, a antiga capital de Israel? A mensagem primeiramente 215 Igreja Luterana - N" 2 - 1999 anunciada e festejada entre pastores nos campos de Belém, por que não para a elite religiosa, os fariseus, saduceus, sacerdotes e levitas? PRlMEIRO Esse é o jeito de Deus. Ele escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios, as coisas fracas para confundir os poderosos. Nenhuma carne pode gloriar-se na Sua presença. Manjedoura e cruz é o seu jeito de atuar e agir no mundo. Entra em cena como Servo sofredor e não como conquistador de nações. Aparentemente é fraco. Deus tornou-se homem - o homem que aceita os homens, que não julga conforme os méritos nem os ama por causa de eventuais boas obras. o problema com essa história de Natal é que ela é tão conhecida. Quando ouvimos, vamos logo pensando: Ah, já sei o que vem e deixamos de ouvir muita coisa importante, que precisamos ouvir sempre de novo, como alimento diário. Não temais! - É a primeira parte do recado do anjo. Ele sabe que há medo no coração humano. O ser humano por natureza tem medo e raiva de Deus. Não temais é recado, ordem e oferta. É mão estendida do Deus amoroso, pronto para perdoar e aceitar. Não temais - Cada pregação cristã precisa ter esse caráter de convite, de atrair, acolher, atrair pessoas assustadas, apavoradas, aterrorizadas. Deus convida a todos, seja quem for e seja lá o que tenha feito. Jesus não é a única criança que nasceu em condições tão humildes. Nascem crianças em condições bem mais pobres e com menos chances de vida do que Jesus. Hoje muitas vezes não há lugar para muitas Marias, para muitos Josés, para muitos meninos e meninas. A causa dessa desarmonia social, existencial e espiritual Jesus veio tratar, a saber, o pecado. Deus amou e deu Seu Filho. Deus não só falou. Ele agiu. E com o nascimento de seu Filho tudo mudou e mudará. Nós somos desafiados a nos tornarmos testemunhas natalinas, como os pastores. Na Santa Ceia temos nosso encontro com o Cristo. É o mistério do Cristo presente no pão e vinho nos convidando a vir a Ele com fé e celebrar Sua presença em nós - o seu berço. Uma das curiosidades desta história natalina é o fato que o primeiro natal não esteve ligado ao templo, à igreja organizada, Tudo aconteceu em meio à rotina do quotidiano e profano. Foi lá que Cristo se manifestou e é nesse dia a dia da vida secular que Ele quer ser reconhecido e identificado. Os momentos importantes, decisivos não acontecem na igreja, mas no dia a dia da vida. Aí se põe em prática o que se recebe e oferece na igreja, a saber, Palavra e Sacramento e o nosso louvor e adoração. Gerhard Grasel Capelão Geral da ULBRA Canoas / RS 216 CONTEXTO Lc 2 apresenta a históri2. ~. do A. Testamento. Era o s,::~:: verdadeiro Deus, desde teci::. verdadeiro homem, em car::.~~ acordes do primeiro Natal. Jesus, agora sendo levado TEXTO Lc 2.25-27 apresenta 3 Sirneão. ,~=Ó. Simeão, geralmente, é vis:: _ da idade da profetisa Ana (8.12.::':• de ver o Cristo do Senhor". C::Nün entende salvação braços de Simeão. Etnoon não tem propris=~::ó missão, não só entre os judeus mais tarde em Atos dos ApÓs:: Keitai é passivo, "está d~s::-: . PROPOSTA HOMILÉTIC\ Texto: Lc 2.25-40 Tema: Jesus Cristo, Sina]~ó. INTRODUÇÃO O Natal passou, mas o se"..' mensagem. Os pastores saÍrs-:-__ acompanhado de Maria e Jos~ ~_, _ Casa de oração, a Igreja. Jesus '::. ó piedoso, que canta feliz o seu ,\ servo, porque os meus olhos '.':.::..-. t Igreja Luterana - N° 2 - 1999 - ~ c.~m, por que não para a elite PRIMEIRO _::s do mundo para confundir - ":.:: sos, Nenhuma carne pode _. =~:ode atuar e agir no mundo, - ..:..:~s:adorde nações. Aparente,- :.= aceita os homens, que não _~ -:-';entuais boas obras. conhecida. Quando ouvie ::~ixamos de ouvir muita coisa : :mo alimento diário. e :!io ~:e sabe que há medo no coração ::ie Deus. Não temais é recado, '·1to para perdoar e aceitar. .0: caráter de convite, de atrair, _'c:-:-orizadas. Deus convida a to- . : :.jições tão humildes. Nascem '-';enos chances de vida do que _.' "larias, para muitos Josés, para . : :.. 3 social, existencial e espiritual DOMINGO APÓS O NATAL 26 de dezembro de J 999 Lc 2.25-40, ou Lc 2.25-38 CONTEXTO Lc 2 apresenta a história do 1()Natal. Cumpriam-se, desta maneira, as profecias do A. Testamento. Era o amor de Deus se encarnando no Verbo (Lagos). Jesus, verdadeiro Deus, desde toda a eternidade, passa, a partir de Lc 2, a ser também verdadeiro homem, em carne e sangue, para ser Emanuel- Deus-conosco. Com os acordes do primeiro Natal, como pano de fundo, o texto de Lc 2.25-40 apresenta Jesus, agora sendo levado à Sua Casa, casa de oração e adoração, a igreja. TEXTO Lc 2.25-27 apresenta 3 vezes a ação forte e direta do Espírito Santo na vida de Simeão. Simeão, geralmente, é visto como sendo idoso, em parte como inferência, a partir da idade da profetisa Ana (84 anos), e do v.26 que diz: "não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor". Contudo, não há provas de Simeão ser idoso. Nün entende salvação "agora", "aqui", na pessoa desta criança: Jesus, nos braços de Simeão . . ~le agiu. E com o nascimento de -::-iados a nos tornarmos testemu- o mistério do Cristo presente no . -:: Sua presença em nós - o seu berço. Etnoon não tem propriamente o sentido de nações, mas gentios. Antecipa a missão, não só entre os judeus, mas entre os gentios também, como é revelada logo mais tarde em Atos dos Apóstolos. :==: rato que o primeiro natal não _::_ aconteceu em meio à rotina do -e':ou e é nesse dia a dia da vida e - -.:~çem na igreja, mas no dia a dia :c:ece na igreja, a saber, Palavra e . '-f'50 Gerhard Grasel Geral da ULBRA Canoas / RS Keitai é passivo, "está destinado" por Deus, já desde antes dos tempos eternos . PROPOSTA HOMILÉTICA Texto: Lc 2.25-40 Tema: Jesus Cristo, Sinal destinado por Deus INTRODUÇÃO O Natal passou, mas o seu clima paira no ar com as suas melodias e a sua mensagem. Os pastores saíram dos campos e foram até Belém. Agora é Jesus, acompanhado de Maria e José, que sai de Belém e vai a Jerusalém. Vai para sua Casa, Casa de oração, a Igreja. Jesus ali é tomado nos braços por Simeão, homem justo e piedoso, que canta feliz o seu Nunc Dimitis: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, porque os meus olhos viram a Tua salvação" . 217 Igreja Luterana . N° 2 . 1999 Guiado pelo Espírito Santo, Simeão faz, então, uma grandiosa profecia: "Eis que este Menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição (também uma espada traspassará a Tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações". Lc 2.34,35. SEGUNDO D 1- Jesus Cristo, como Sinal Vivo e pessoal a) Primário: Enviado para salvar a todos: judeus, gentios, pretos e brancos, pobres e ricos, letrados e iletrados, doentes e sãos, todos. Jo 3.16 b) Secundário: Onde a vontade primária é sumariamente rejeitada, entra a "vai untas Dei consequens", como dizem os teólogos: ruína CONTEXTO n- Jesus Cristo, como sinal destinado a) Não por homens b) Mas por Deus: 1 Co 3.11; 2 Tm 2.19; Is 43.11,12 - Por isso mesmo são tornados sem efeito e vazios todos os fundamentos e sinais postos pelos homens. Nossos sinais não passam de vento e palha. Is 26.18 c) Por isso mesmo tem eternidade. 1- Contexto Bíblico: Estes 18 primeiros vero:: __ considerados um hino de :lf:' claro em João 20.31 e em ::::= pois os milagres em João sE.' é o Cristo, o Filho de Deus. lU- Jesus Cristo, sinal destinado a) Para ruína (secundário). Como pedra de tropeço: Is 8.14,15; Mt 21.42,44; Jo 3.36eRm9.33 b) Para levantamento (ressurreição) - Como rocha de salvação: SI 18.2; Is 28.16; SI 118.21-23; Jo 10.10 eJo 12.47 c) Para se alvo de contradição, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. Lc 2.35. CONCLUSÃO Simeão "esperou com fidelidade a Deus". Deixou se guiar pelo Espírito do Senhor e foi muito feliz. Tomou a seu Senhor e Salvador nos braços, ou melhor, em sua mente e coração. Jesus Cristo, para ele, não foi sinal de contradição e muito menos de ruína, mas de levantamento e salvação. Frente a Jesus Cristo não há neutralidade, nem coluna do meio, nem jeitinho brasileiro. Ou Jesus Cristo é "ruína", ou "levantamento". Esperemos, por isso, com fidelidade a Deus até o fim deste Milênio, até a entrada do Novo Milênio e sempre. Felizes aqueles que ainda hoje se deixam guiar pelo Espírito a Jesus. Eles podem cantar alegres: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, porque os meus olhos já viram a Tua Salvação". Amém. Gennano Neumann Tapes, RS 218 2 - Contexto Litúrgico: Estamos no segundo d:::-. - ~. humanação do Filho de Deus :'." mas na "glória do Unigênit,=:: = ::-=Mas, com certeza, o ambier:re c: que para o Natal. Devemos :l-:rcorretas bases para o nove, C.r leituras do domingo: Salmo 147.12-20, Is 61 ação de graças pelas bênçiics continuamente. Reconhecere::: e - _ a luz do mundo, avançand:. - c_com gratidão em nossos c' TEXTO Vv. 1-3: a origem de le'u: re-Filho de Deus sempre e-, ,Sua eternidade é segurc:..-:.=-o princípio racional que ~ . __ _< termoaDeus.João.d2~:r= de forte significado ]:'2-:. :=-- r Vv. 4,5: "vida" aparece 3" . ece morte. "Luz": é a úr,::=- c. somos a luz (Mt 5, 1"". entre trevas e luz é cl:'.s:._ - Igreja Luterana - N° 2 - 1999 ;" :,,'idiosa profecia: "Eis que ._ ~',antamento de muitos em ~:..~:. traspassará a Tua própria , corações". Lc 2.34,35. SEGUNDO DOMINGO APÓS O NATAl 2 de janeiro de 2000 João 1.1-18 ·:·s. pretos e brancos, pobres :,,:s.Jo3.l6 o' - :"~.:~rejeitada, entra a "voluntas CONTEXTO 1 - Contexto Bíblico: 'dos os fundamentos e sinais ie vento e palha. Is 26.18 .. , Is 8.14,15; Mt 21.42,44; Jo . S.21-23; Jo 10.10 eJo 12.47 c:stem os pensamentos de muitos - _ se guiar pelo Espírito do Senhor _ - ::10Sbraços, ou melhor, em sua _:.. 5.J e muito menos de ruína, mas - :~: coluna do meio, nem jeitinho c:-:·.~::1to". Esperemos, por isso, com :~.:~ada do Novo Milênio e sempre. ::. cela Espírito a Jesus. Eles podem [eu servo, porque os meus olhos -= : Germano Neumann Tapes, RS Estes 18 primeiros versículos do Evangelho segundo João, - o Prólogo - são considerados um hino de afirmação da divindade de Jesus. Este objetivo fica bem claro em João 20.31 e em todos os sinais registrados no Evangelho segundo João; pois os milagres em João são sempre comentados como sendo sinais de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. 2 - Contexto Litúrgico: Estamos no segundo domingo após o Natal. Daí este relato diferente da humanação do Filho de Deus: Não na simplicidade da manjedoura (como em Lucas), mas na "glória do Unigênito do Pai" que "se fez carne e habitou entre nós" (v 14). Mas, com certeza, o ambiente está todo mais voltado para a entrada do ano 2000 do que para o Natal. Devemos aproveitar as expectativas e os festejos para lançar as corretas bases para o novo ano, "Avançando com Gratidão a Deus". As demais leituras do domingo: Salmo 147.12-20, Is 61.10-62.3, Ef 1.3-6, 15-18 são palavras de gratidão, louvor e ação de graças pelas bênçãos da salvação e por outras bênçãos que Deus nos dá continuamente. Reconhecendo estas bênçãos, reafirmamos nossa fé em Jesus Cristo a luz do mundo, avançando neste novo ano confiantes e alegres, servindo a Deus com gratidão em nossos corações! TEXTO Vv. 1-3: a origem de Jesus remonta ao princípio de todas as coisas (Gn 1.1). O Filho de Deus sempre existiu e não surgiu apenas a partir do Natal em Belém. Sua eternidade é segurança no novo ano. "O verbo" para os gregos significava o princípio racional que governa todas as coisas. Os judeus aplicavam este termo a Deus. João, dirigindo-se tanto ajudeus como a gregos, usa um termo de forte significado para ambos ao falar de Jesus. Vv. 4,5: "vida" aparece 36 vezes em João. Ele é a vida e Ele dá a vida. Sem Ele há morte. "Luz": é a única qualidade referida a Jesus e a nós: Jesus é a luz, nós somos a luz (Mt 5.14). Lutero fala que somos "pequenos cristas". O contraste entre trevas e luz é clássico na Bíblia. Jesus volta ao tema em Jo 8.12: "Eu sou a 219 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas" e em Ia 12.35,36: "Andai enquanto tendes a luz ... crede na luz para que vos toneis fiihos da luz ..." Vv. 6-8: "como testemunha para que testificasse". Parece redundância, mas é a ênfase do Evangelho: testemunho, testemunhar. O substantivo aparece 14 vezes e o verbo 33 vezes. Lembramos novamente Jo 20.31: O testemunho leva à fé salvadora. João Batista é instrumento nas mãos de Deus para testemunhar da luz. Vv. 10-13: é retomado o tema do versículo 3, introduzindo os conceitos de rejeição e aceitação. O lamento de Deus, em Is I ,3, é confirmado aqui: "O boi conhece o seu possuidor e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende." Enquanto a rejeição é uma atitude humana, a aceitação é graça divina. Os que aceitam são nascidos de Deus e não da vontade humana (v. 13). Cf. Ef2.8-9. V. 14: "Habitou entre nós" ou "Armou a sua tenda de acampamento entre nós", uma alusão ao tabernáculo no deserto que marcava a presença de Deus no meio do seu povo. "Vimos a sua glória": João se refere à experiência pessoal no monte da transfiguração. À semelhança de Pedra (2 Pe 1.16-18) ele é testemunha ocular da glória do verbo eterno, o Filho de Deus: Jesus Cristo! Também o sinal das Bodas de Caná pode ser relacionado aqui: Jo 2.11: "Manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele." PROPOSTA HOMILÉTICA Tema: Uma luz para o ano 2000. Objetivo: Reafirmar Jesus como a verdadeira e única luz, que nos conduz com segurança durante o novo ano e sempre. Empecilhos na busca do objetivo: Inúmeras luzes se apresentam; qual seguir? Qual a verdadeira? Por natureza éramos filhos das trevas; e elas nos atraem (tentação). Queremos trilhar nossos próprios caminhos sem olhar para Jesus. A solução de Deus: Jesus, a luz, desfaz as trevas e nos leva pelo caminho iluminado até o Pai. INTRODUÇÃO - Os fogos de artifício na passagem do ano: belos, impressionantes, transitórios. Depois tudo volta a ser trevas. mas - Ou: a polêmica sobre o novo milênio/século: incerteza, insegurança. - Ou: você já andou no escuro? Por exemplo, dentro de casa quando acaba a luz; ou no trânsito, à noite, quando se apagam as luzes e os semáforos; ou no meio do mato à noite ... qual a sensação? 220 I - Jesus: luz e a via" lI- Jesus: luz e as tre'.as III - Jesus: luz e o res::::-;IV - Jesus: luz e a fé ,-CONCLUSÃO Um relato diferente de :-:ê. ~.' Ou: Novo ano: com Jêo_o - Igreja Luterana - N° 2 - 1999 -'.s"eemJo 12.35,36: "Andai •s toneis filhos da luz ..." Parece redundância, mas é a O substantivo aparece 14 c Jo 20.31: O testemunho leva -.:'.. s de Deus para testemunhar I - Jesus: luz e a vida (vv. 4, 1-3) II- Jesus: luz e as trevas (vv. 5,10-11) III - Jesus: luz e o testemunho (vv. 7a-8) IV - Jesus: luz e a fé (7b, 9,12,13) _ - ~.• c::. CONCLUSÃO Um relato diferente do Natal: v. 14: festa de luz. Ou: Novo ano: com Jesus podemos seguir confiantes. _..=mdo os conceitos de rejeição .. -.·:rrnado aqui: "O boi conhece ·.·..edoura; mas Israel não tem = _"Dto a rejeição é uma atitude . c:=am são nascidos de Deus e Carlos Walter Winterle Porto Alegre, RS .:" de acampamento entre nós", .:rcava a presença de Deus no 'e refere à experiência pessoal :e Pedra (2 Pe 1.16-18) ele é .' Filho de Deus: Jesus Cristo! __ ser relacionado aqui: Jo 2.11: _.. ' creram nele." o· . e Única luz, que nos conduz com _. "..:zesse apresentam; qual seguir? _.e'-as; e elas nos atraem (tentação). :11arp~ra Jesus. _ :";:\'as e nos leva pelo caminho belos, impressionantes, mas :ncerteza, insegurança. ientro de casa quando acaba a luz; .=es e os semáforos; ou no meio do 221 Igreja Luterana . N° 2 - 1999 vida. O inusitado, o nc'também fizessem aquilo q..:cêcê dos pecados para Deus. PRIMEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA João, com isso, mostre,'. 09 de janeiro de 2000 Marcos 1.4-11 sua pregação. João Batis::: :": . Jesus como o Messias libcê:-'::cmensagem que Jesus pregc nova aliança que transfofIT.:: _ e agora movidas pela fé. CONTEXTO. Quando Jesus tinha em torno de 30 anos foi apresentado ao povo de Israel, iniciando, assim, seu ministério de Salvador, Messias de toda a humanidade. João Batista, filho de Zacarias, foi precursor de Jesus em conformidade com a profecia de Isaías: "Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho ..."(Mc 1.2). Conforme o evangelista Lucas (3.1,2), esses fatos aconteceram "no décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Pelipe tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo sumo-sacerdotes Anás e Caifás ...", não deixando, assim, nenhuma dúvida quanto ao fato histórico em si, a exemplo da narrativa do nascimento de Jesus. o autor do evangelho no qual se insere o presente texto é João Marcos. Alguns estudiosos supõe que o cenáculo onde Cristo comemorou a Páscoa com seus discípulos na véspera de sua crucificação ficava na casa de Maria, mãe de João Marcos, e que foi nessa casa, também, que os discípulos se reuniram após a ascensão do Senhor Jesus ao céu. Assim, com certeza João Marcos ouviu muitas histórias de Jesus dos lábios dos próprios discípulos, com os quais convivia proximamente em sua mocidade. lEXTO vv.4,5: João Batista surge no deserto. Por séculos, a voz dos profetas ficara em silêncio. De repente, se quebra o silêncio. O deselto, geograficamente, se localiza no vale inferior do Jordão, adjacências de Jericó e da foz do rio do Mar Morto. João surge como arauto, anunciador, "pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados", ou seja, CONVERSÃO a Deus, retorno à fonte da vida. O começo, o ponto de partida da salvação, da paz, da comunhão com Deus, é exatamente o processo, o pacote: ARREPENDIMENTO e PERDÃO dos pecados. A proclamação de João Batista era clara e sucinta: arrependimento, dos pecados e batismo. Para todos. confissão Os judeus estavam familiarizados com o batismo. Êxigiam o mesmo dos gentios convertidos à fé judaica. Simbolizava a purificação, a conversão do antigo modo de 222 v. 6: João Batista se \'e5L camelo amarrado ao::, - sua missão plenamer,:: gafanhotos e mel si1\e,::: -=-- . ..:_ v. 7: João Batista foi figura :=-.: _."o povo para o arrependi--:::;' .. que é o mais poderoso .. : _ v. 8: "Eu vos tenho batizad que se tratam de dois [:c:::' luteranos mais antigo' _s . , . evangelista relata que J: :':' dos pecados", prec:s::--=-.: Pentecostes, seguind.: dos pecados" (Atos 2.:' João idêntico ao que Cc:s:' vv. 9·11: O batismo de Jes..:' atenção se concentra :'.' nível dos pecadores e ::: -, e como filho de Deus. ir Jesus aparece como c forma maravilhosa. re·.:. c-. de Jesus mostra, em ~c:=-,:-' toda lei. Em segundc _~c povo, e em terceiro PROPOSTA HOMILÉTIC.'" : . O arrependimento, a C" VIDA que surge em Crise:. ::. ~ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 vida. O inusitado, o novo, o desafiador era João Batista querer que os judeus também fizessem aquilo que exigiam dos gentios. João os convidava para se voltarem dos pecados para Deus. 1,:>::5 EPIFANIA João, com isso, mostrava os equívocos da religião de seus dias. E era radical na sua pregação. João Batista preparava o caminho não só para que o povo aceitasse Jesus como o Messias libertador prometido pelos profetas, mas também para a mensagem que Jesus pregaria a todos quanto O ouvissem: a mensagem de uma nova aliança que transforma os convertidos em NOVAS CRIATURAS, arrcpendidas e agora movidas pela fé. _-:~ sentado ao povo de Israel, :k toda a humanidade. João , :',Iormidade com a profecia de c ~~eiro, o qual preparará o teu :,: onteceram "no décimo quinto ~Jvernador da Judéia, Herodes .~~ião da Ituréia e Traconites, e c: ,-",náse Caifás ...", não deixando, ::-:-si, a exemplo da narrativa do c ~~,:etexto é João Marcos. Alguns .. :'u a Páscoa com seus discípulos ':':-:2. mãe de João Marcos, e que foi a ascensão do Senhor Jesus .:'J.S histórias de Jesus dos lábios ':,.,lamente em sua mocidade. . _ :5. a voz dos profetas ficara em ::.~serto, geograficamente, se localiza ::.:5 e da foz do rio do Mar Morto. ;~:ndo batismo de arrependimento ::',] a Deus, retorno à fonte da vida. .~ paz, da comunhão com Deus, é ',íENTO e PERDÃO dos pecados. v. 6: João Batista se vestia como profeta, usava um simples manto de pelos de camelo amarrado ao corpo com um cinto de couro, João dedicava-se a cumprir sua missão plenamente. Fugiu de uma vida confortável, alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. v. 7: João Batista foi figura impactante, bem como sua mensagem: queria despertar o povo para o arrependimento e prepará-Ia para reconhecer em Jesus "aquele que é o mais poderoso ... e que deveria, tinha de vir". v. 8: "Eu vos tenho batizado ... ele, porém, vos batizará ...". A primeira impressão é que se tratam de dois batismos distintos: o de João e o de Jesus. Os dogmáticos luteranos mais antigos os consideraram idênticos, pelo simples motivo que o evangelista relata que João pregou o "batismo de a.rrependimento para remissão dos pecados", precisamente como o apóstolo Pedro por ocasião de Pentecostes, seguindo instruções de Jesus, pregou o "batismo para remissão dos pecados" (Atos 2.38). Por esta razão deve-se considerar o batismo de João idêntico ao que Cristo instituiu tempos depois. '1'1.9-11: O batismo de Jesus: o Messias é introduzido abruptamente no relato e a atenção se concentra exclusivamente nEle. Jesus, que no batismo desce ao nível dos pecadores e ao mesmo tempo se apresenta repleto do Espírito Santo e como filho de Deus, inicia sua missão de SERVO DE DEUS. No versículo dez Jesus aparece como o único beneficiário da extraordinária visão, quando, de forma maravilhosa, revela-se a Santíssima Trindade. O significado do batismo de Jesus mostra, em primeiro lugar, sua disposição de cumprir toda justiça, toda lei. Em segundo lugar pode ser visto como um ato de identificação com o povo, e em terceiro lugar, um ato de entrega e consagração ao seu ministério. PROPOSTA HOMILÉTICA '.:Ínta: arrependimento, confissão ::',,0. Êxigiam o mesmo dos gentios : 5.:'.a conversão do antigo modo de O arrependimento, a confissão dos pecados, o batismo, a conseqüente NOVA VIDA que surge em Cristo, fundamentam o firme "avançar com gratidão a Deus". Norberto Ernesto Heine 223 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 SEGUNDO DoMINGO APÓS EPIFANIA 16 de janeiro de 2000 João 1.43-51 CONlEXTO 1. No período da Epifania (manifestação) queremos, junto com Filipe, apresentar o Senhor Jesus. Esta não é a apresentação do "Rabi" ou do "Rei de Israel", apenas, mas a apresentação do "Senhor dos senhores", do "Mestre dos mestres", e do "Rei dos reis", aquele sobre o qual os anjos estão descendo e subindo, o Cristo, o Ungido, escolhido pelo Senhor, o Mediador entre Deus e os homens, a própria escada que liga os homens a Deus. 2. Junto com Filipe, desempenhando o papel de apóstolos, convidamos a todos para conhecer o Messias, pois também nós estamos ávidos por compartilhar a experiência da nossa fé, pois nesta fé descobrimos o nosso Salvador. 3. Junto com Filipe, na Epifania, convidamos a todos para conhecer Jesus e reconhecer nEle pela fé, o Cristo. Temos este objetivo pois também, seguindo o lema para este ano, queremos "Avançar com fidelidade a Deus", e só podemos avançar com fidelidade quando estamos conhecendo e reconhecendo o Messias, neste ponto a perícope se toca com o nosso lema. Este "avançar" é seguir com passos seguros, na única e verdadeira fé em Deus, é o ser fiel. É só a Ele amar e só nEle confiar. Para permanecer e avançar nesta fidelidade, sempre de novo precisamos apresentar e reapresentar o Cristo. Sempre de novo precisamos repetir as palavras de Filipe, "Vem e vê" o que também é o testemunho da nossa fé. 4. Nossa perícope se coloca no início desta manifestação aos primeiros discípulos. N as palavras do evangelho, podemos perceber a alegria, o entusiasmo e a disposição em aceitar o chamado de Jesus, percebendo nEle mais do que um "Rabi", mas aquele anunciado por "Moisés e pelos profetas" (v. 45). Percebendo em Jesus, o Cristo, os discípulos se mobilizam para estarem com Ele e para seguirem com Ele, percebemos neles o movimento da fé em direção ao Sal vador, pelo qual aguardavam e esperavam. Ao entrarem em contato com Jesus, não resta dúvidas, "é Ele". Uma pequena amostra de sua onisciência como verdadeiro Deus é o suficiente para convencer o cético Natanael sobre "se de Nazaré poderia sair alguma coisa boa" (v. 46). 5. A verdadeira fé dos discípulos, deve apoiar-se no fato de que Jesus, o Filho do homem, de Nazaré, é o Filho de Deus, que desceu do céu e se humanou. Isto é o que Natanael os discípulos veriam nas manifestações de sua glória, cuja primeira 224 foi o milagre em (2- :, manifestação de su~, que veria o Filho de- ,.. _ amplia a visão parti:u,::: _ no mundo. Sua conf., _- . quem não há dolo" Jesus amplia sua sua reconciliação cerT. =_ 6. Percebemos em tude':. israelitas, mas para tei: TEXTO I. Nossa perícope, dentre _ do chamado dos primei.-., _. João aponta "Eis o corj~.rdespertado em André. ~ : . pergunta: "Onde assiste;: Senhor Jesus: "Vinde e '.fi. Podemos sentir a atra~.".aguardavam o Messias. 2. Na seqüência imediata ae :~da glória de Jesus como .~ _ discípulos no Messias. 3. O texto é apresentado e'propósito de tratar do ch.::-:-__. do Messias no mundo. 4. Observações no texto: a -) Antes de ir para a Gal.l2 ao acaso; neles esta".: .: :.. direção a Jesus e a b -) Filipe chama Natanael com Bartolomeu no;: _:r c -) Natanael parece que' 'e __ destaque dada ao ver: Filipe e Natanael já h. revela também toda.: :: d -) Podemos observar.: 1- __ , ei um profeta do me:: _. minhas palavras. e eI:: Igreja Luterana - N° 2 - 1999 ..!..;rôJSEPIFANIA foi o milagre em Caná. Jesus lhe promete uma visão ainda maior do que a manifestação de sua onisciência, quando o viu debaixo da figueira. Promete que veria o Filho do homem como o elo entre o céu e toda a humanidade, o que amplia a visão particularizada de Natanael, e até limitada, sobre a ação do Messias no mundo. Sua confissão sobre o Messias foi a "de um verdadeiro israelita em quem não há dolo" (v. 47). Esta declaração limita a ação do Messias a Israel. Jesus amplia sua ação e sua visão para a salvação de toda a humanidade e de sua reconciliação com Deus. 6. Percebemos em tudo isso a importância do "Vem e vê", não apenas para os israelitas, mas para todo o mundo . . . unto com Filipe, apresentar o 'JU do "Rei de Israel", apenas, =-.=. "Mestre dos mestres", e do :: descendo e subindo, o Cristo, ::'e Deus e os homens, a própria .: ::póstolos, convidamos a todos : '::mos ávidos por compartilhar a : - .:-:'1OS o nosso Salvador. . . ; ~é todos para conhecer Jesus e : - "jetivo pois também, seguindo o c:Jelidade a Deus", e só podemos : :endo e reconhecendo o Messias, .::11a.Este "avançar" é seguir com =:eus, é o ser fiel. É só a Ele amar e :: :.esta fidelidade, sempre de novo Sempre de novo precisamos repetir :.: ~m é o testemunho da nossa fé. .:.:.ifestação aos primeiros discípulos. -:eber a alegria, o entusiasmo e a ; :,ercebendo nEle mais do que um : pelos profetas" (v. 45). Percebendo .:zam para estarem com Ele e para :mento da fé em direção ao Salvador, :.:rarem em contato com Jesus, não '': de sua onisciência como verdadeiro "dtanael sobre "se de Nazaré poderia :,>se no fato de que Jesus, o Filho do ::esceu do céu e se humanou. Isto é o :'estações de sua glória, cuja primeira TEXTO 1. Nossa perícope, dentro do Evangelho de João, é colocada na seqüência imediata do chamado dos primeiros discípulos e da manifestação do Cristo a eles. Quando João aponta "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (v. 36) é despertado em André, e possivelmente em João, o interesse por Jesus, e à pergunta: "Onde assistes?" Já vemos o primeiro chamado e convite do próprio Senhor Jesus: "Vinde e vede" (v. 39), que ecoa em Filipe quando chama Natanael. Podemos sentir a atração que Jesus exerceu nestes homens, que de fato aguardavam o Messias . 2. Na seqüência imediata ao texto, vemos o milagre em Caná da Galiléia, manifestação da glória de Jesus como verdadeiro Deus, visando confirmar e fortalecer a fé dos discípulos no Messias. 3. O texto é apresentado em apenas um parágrafo, o que vai ao encontro do seu propósito de tratar do chamado de Filipe e Natanael e da abrangência da missão do Messias no mundo. 4. Obsen;ações no texto: a -) Antes de ir para a Galiléia Jesus chama Filipe (v. 44). Não foram escolhas feitas ao acaso; neles estava a ansiosa espera pelo Messias, o movimento de fé em direção a Jesus e a disposição em segui-Io. b -) Filipe chama Natanael, cujo nome só aparece em João; ele tem sido identificado com Bartolomeu nos outros evangelhos. c -) Natanael parece que se aplicava ao estudo das Escrituras. A posição de destaque dada ao verbo égrapsen, aor. de grafo - escrever, pode indicar que Filipe e Natanaeljá haviam discutido o cumprimento destas Escrituras, o que revela também toda a expectativa em torno do assunto. d -) Podemos observar a passagem citada de Moisés em Dt 18.18 "Suscitar-Ihesei um profeta do meio dos seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele Ihes falará tudo o que eu Ihes ordenar." 225 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 e -) Notamos o ceticismo de Natanael (v. 46) ti agatón - alguma coisa boa - uma pergunta com desprezo. 4-) Quem não aceita o con'.i:;, -: a Deus. 5-) Quem não aceita o con·· ... f -) O convite de Filipe foi o convite que Jesus fez a André e possivelmente ao próprio João (v. 39) "Vinde e vede" e depois Filipe no v. 46 "Vem e vê". g -) Jesus vê em Natanael a sinceridade de um verdadeiro israelita. A frase en hô dolos ouk estin - indica uma integridade religiosa e moral. h -) Quando Jesus diz que viu Natanael debaixo da figueira, é significativo notar que a figueira era usada pelos rabinos para estudar, ou para ensinar. Foi uma amostra ... da onisciência divina do Cristo, o suficiente para convencer Natanael que vena COIsasmmores. i -) A promessa da visão do céu aberto e dos anjos subindo e descendo sobre o Filho do homem é uma referência ao sonho de Jacó em Gn 28.10. Só quc na passagem do evangelho, Jesus é a própria "escada" que liga terra e céus, os homens com Deus. A comunicação com Deus torna-se uma realidade pennanente para os que abraçam a fé. PROPOSTA HOMILÉTICA Tema - "Vem e vê," v. 46 INTRODUÇÃO Sugiro algo didático, como a apresentação de convites e cartazes para introduzir o assunto do convite de Jesus e depois o de Filipe. 1· CRISTO DIZ: "VEM E VÊ" 1-) É o convite a cada discípulo. 2-) É o convite para quem quer ser discípulo. 3-) É o convite para quemjá é discípulo. 4- ) É o convite para a fé no Cristo, para ser fiel, para avançar com fidelidade e na fidelidade a Deus, para o perdão, para a nova vida, para a salvação e para a vida eterna. 5-) Transição: O convite de Cristo nos leva a sermos portadores do mesmo, no testemunho. 2· COM FILIPE DIZEMOS: "VEM E VÊ" 1-) É o nosso testemunho de fé e fidelidade. 2-) Testemunhos o Cristo na Palavra, na pregação, no evangelho da salvação. 3-) Quem não aceita o convite não pode ver o "céu aberto" e os "anjos subindo e descendo sobre o Filho do homem". 226 os homens. 6- ) Mas quem aceita o con \i:~ .... CONCLUSÃO - Rejeite o convite do mun:': - Aceite o convite de Crist:. Igreja Luterana _2atón - alguma coisa boa - uma _; ~ez a André e possivelmente ao • -=llipeno v. 46 "Vem e vê". erdadeiro israelita. A frase en há .21Dsae moral. . da figueira, é significativo notar ou para ensinar. Foi uma ;':f:ciente para convencer N atanael - N° 2 - 1999 4-) Quem não aceita o convite não pode avançar e nem permanecer na fidelidade a Deus. 5-) Quem não aceita o convite, não tem mediador, Cristo, a escada entre Deus e os homens. 6· ) Mas quem aceita o convite tem a graça, vida, perdão, salvação e reconciliação . CONCLUSÃO - Rejeite o convite do mundo, do diabo e da própria carne - Aceite o convite de Cristo, "Vem e vê" . .= ~ ;; studar, Rubens J. Ogg São Lourenço do Sul, RS subindo e descendo sobre o . de Jacó em Gn 28.10. Só que na 'escada" que liga terra e céus, os ':-:-.Deus torna-se uma realidade ~",lOS =-;; =- Jnvites e cartazes para introduzir para avançar com fidelidade e na _ -,'va vida, para a salvação e para a u __ =- >"rmos portadores do mesmo, no ':; :.~ão, no evangelho da salvação. "céu aberto" e os "anjos subindo 227 .. ~ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 A "pesca" de pessoa' ~ ~~ _ Mt. 13.47 mostra que a ..~~::~ ~.-_ TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA 23 de janeiro de 2000 Marcos 1. 14-20 v.18: SimãoeAndré 2'.'.: . como discípulos. Eles ade::-.c.:..-:_~_ bíblica para ser discípulo: é ,~, '=_v. 19: Karapn(ov,o::; -, :-_:é-~as redes prontas para ou:-::..~~ CONTEXTO Esse texto marca o início do ministério de Jesus na Galiléia ( v.14 ). Logo após esse texto começam os relatos dos milagres de Jesus, que é a ênfase do evangelho de Marcos. Interessante: Jesus não inicia seu ministério sozinho. Ele "chama" quatro de seus discípulos para irem com ele. Dentro do ano da igreja estamos vivendo o período de Epifania, onde lembramos de forma especial a manifestação de Jesus para os gentios, para os povos e para os discípulos. Essa época e esse texto são ótimos para enfatizar o "Cristo para Todos", a missão da igreja. o texto mostra que de ' .. equipamento de pesca, as :-~=~ chama para serem discípu: ; Podemos tirar daqui Ulli ~:-_::::-..:..material de pesca, bem cuid2d _ .. v. 20: Tanto esse versL,:' . como é a caminhada do dis.:i::-.: a frente. Os discípulos segu~='_ PROPOSTA HOMILÉTIC_,Tema: Pescando para J ~, .. ; Podemos também dizer que "Avançamos com gratidão a Deus" , realizando a missão, pois Jesus nos leva ao arrependimento e nos transforma em seus discípulos. É para isso que Jesus se manifesta entre os povos. É muito importante citar a relação íntima do texto do AT desse domingo ( Jn. 3. 1-5, 10) com o evangelho. Os ninivitas levaram a sério a Palavra de Deus, mesmo que em um segundo momento. Arrependeram-se, por causa da pregação de Jonas, e Deus se agradou muito da situação. 'IEXTO v. 14: K7]puaawv - proclamar. O ministério de Jesus é proclamar o Evangelho de Deus. Essa proclamação é que leva ao arrependimento e que faz discípulos. v. 15: f-1,fTaVOfLTf" arrepender e íTWrfUfTf .. crer. Essas formas são dois imperativos de Deus aos homens, e o tempo presente enfatiza o que Deus quer dos homens a cada dia: arrependimento da vida de erros/ pecado efé no Cristo Salvador, o Evangelho encarnado. v. 17: íTm7)aw - farei. É Deus quem torna discípulos, através de seu chamado e da mudança de vida que ele realiza. É Deus que faz com que André e Simão, bem como todos os discípulos, se tornem pescadores de homens. 228 INTRODUÇÃO Nas "águas do mar da \::..: lançada para capturar as p~ss queremos pescar outros m2.:o L Jesus quer "pescador~:: ::~ A. Ele nos torna, n:; 1) Deixam ru::" .. B. Para proclamar 2,,--=-~::-~"=.= 1) Mensag~::·.:: lI. Da melhor forma pc:' A. Palavra e Sacr;:c.::'-::" 1) De forma:.~:::': 2) Através d~"ó; para a rec::' ::_ CONCLUSÃO Nas "águas do mar da '. :::2. gratos por ele nos ter rei:: ' Cristo para Todos. .. - Igreja Luterana - N° 2 - 1999 A "pesca" de pessoas é profetizada desde o AT (Jr. 16.16, Ez. 47.10 ). O texto de Mt. 13.47 mostra que a "rede" é para serlançada sobre todas as pessoas, sem exceções . .APÓS EPIFANIA v. 18:Simão e André deixaram - aifm7lJ.L - tudo para trás e seguiram - aKOAOOOf{;) - a Jesus, como discípulos. Eles aderiram, ligaram-se intimamente com Jesus. Essa é uma exigência bíblica para ser discípulo: é necessário estar intimamente ligado com o Mestre Jesus. 10 v. 19: KIXTlXpn( OVTIXÇ - consertar, pôr em ordem, remendar, limpar, dobrar, deixar as redes prontas para outra pescaria. ,; .~:'na Galiléia (v.14 ). Logo após ~~';'.lS. que é a ênfase do evangelho O texto mostra que dois discípulos estavam pescando e dois consertando o equipamento de pesca, as redes, no momento do chamado de Jesus. E Jesus os chama para serem discípulos a exemplo do que estavam fazendo. ';Jzinho. Ele "chama" quatro de Podemos tirar daqui um ensinamento muito importante: precisamos ter hoje um bom material de pesca, bem cuidado, em ordem, para sermos bons "pescadores de pessoas". v. 20: Tanto esse versículo como o v.17 trazem o advérbio Jdo de Epifania, onde lembramos . ; gentios, para os povos e para os :..~,; ~nfatizar o "Cristo para Todos", c:-. orr ww enfatizando como é a caminhada do discípulo com o Mestre: após ele, sempre. É Jesus quem faz a frente. Os discípulos seguem os seus passos . PROPOSTA HOMILÉTICA Tema: Pescando para Jesus. iratidão a Deus" , realizando a : - -s transforma em seus discípulos. ~do AT desse domingo (ln. 3. 1-5, ?:..lavrade Deus, mesmo que em um :.. 23. pregação de Jonas, e Deus se _ . 0-' de Deus. Essa proclamação é homens, e o tempo presente ooependimento da vida de erros/ _ :"J'; . __ ~-. }CIo. .:iamado e da mudança de vida _~ e Simão, bem como todos os .c INTRODUÇÃO Nas "águas do mar da vida" onde estamos, há muita armadilha sendo lançada para capturar as pessoas. Nós fomos pescados pela rede de Deus e queremos pescar outros mais. I. Jesus quer "pescadores de homens" na missão. A. Ele nos torna, nos faz pescadores, a exemplo dos discípulos. 1) Deixam tudo para trás e seguem a Jesus, vão após ele. B. Para proclamar arrependimento e fé. 1) Mensagem do "Cristo para Todos". 11.Da melhor forma possível, com os melhores equipamentos de "pesca". A. Palavra e Sacramentos: equipamentos dados por Deus 1) De forma atrativa, contextualizada e dinâmica 2) Através desses meios o Espírito Santo traz os "peixes/homens" para a rede do reino de Deus. CONCLUSÃO Nas "águas do mar da vida" nós vamos avançando como pecadores de Jesus, gratos por ele nos ter feito seus pescadores e cada vez com mais vontade de levar Cristo para Todos . Aurélio Leandro Dali'Onder Ribeirão Preto - SP 229 Igreja Luterana - N° 2 • 1999 QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA 30 de janeiro de 2000 Marcos 1.1-28 INTRODUÇÃO A perícope inicia com o primeiro versículo (V) do Evangelho de São Marcos. Com isso é oportuno sublinhar, no contexto maior, algumas informações sobre a pessoa e o Evangelho de Marcos. Adiantamos, também, que escolhemos a pregação de Cristo como tema do sermão. No texto da mensagem do dia, examinaremos, especialmente, os conceitos de pregação, ensino, autoridade, arrependimento, evangelho e perdão. CONlEXTO Marcos é um personagem bonito, querido e com os pés no chão. Ele merece destaque na abertura da história da igreja do Novo Testamento. Marcos é o autor do Evangelho que leva seu nome. Ao lado de Mateus, Lucas e João, pois, é um dos quatro evangelistas. Mas Marcos não faz parte dos 12 apóstolos escolhidos por Cristo. Era de Jerusalém, a capital religiosa e teológica de Israel, e na casa de sua mãe Maria, a igreja do Novo Testamento realizava ofícios religiosos (At 12.12). Foi companheiro de Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária (At 12.25). Houve um atrito com Paulo, e Marcos voltou para casa. Desaparece por um período de dez anos. Euzébio, em sua História Eclesiástica, faz uma colocação interessante: "Marcos, tendo-se feito intérprete de Pedra, escreveu com exatidão, se bem que sem respeitar a ordem dos fatos, quando ele se lembrava das coisas que o Senhor disse e fez". Não se sabe o tempo, o lugar e o modo de sua morte. Quando Paulo se encontra na prisão de Roma, manda chamar "Marcos porque me é útil para o ministério" (2 Tm 4.11). Houve reconciliação. Pois este Marcos é "um dos homens que falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21), ao escrever o Evangelho de Marcos. O Evangelho de Marcos é tido como o primeiro livro do Novo Testamento. É o mais breve dos quatro Evangelhos. Tem um estilo vivo e vigoroso, de frases curtas e precisas. Não é um historiador preocupado com biografias, mas um narrador que usa um '~ornalismo moderno e dinâmico". Alguém que conta fatos, sempre tendo pressa. Mas ele é extremamente exato, respondendo sempre as grandes perguntas diretivas: Quando? Onde? Que? Como? Quem? Por quê? Para quê? Marcos tem pressa e corre - é com urgência que precisa divulgar sua mensagem. Marcos não escreve para judeus, mas para gentios. Provavelmente de Roma para os romanos. Acredita-se que foi escrito antes de 70, ano da destruição de Jerusalém. Lendo todo o Evangelho, fica muito claro que Marcos teve um grande propósito com o seu 230 Evangelho: mostrar qJ~ .~e c_ mais uma das "sagrad::, _ em Cristo Jesus" (2 Tm : 'IEXTO Como a perícope :: encontramos, no mínim~ Batismo de Jesus; 3. A t~~ 5. O chamado dos prime::-evangelho de hoje. Há ;::, _ e , Como, porém em tC~ ~ pregação de Jesus. Diank ênfase no sermão: I- Filho de Deus (v. i"~ ~ Cristo, o Messias, o Prcrne::::' Trindade. Aponta para a d:', .~.~ _ Marcos. Filho do Homem. ::,. Filho de Deus, Salvador de ~.'_~::. Art. III da CA: Do Filho de De_ Pregar (v.4,7,14,17,3S - " proclamar, transmitir, avisa:-.:::.:Sempre como algo oficiaL C' público, para todos, para c 16.15). Na igreja, tornoU-Se ._ Pregação, a Mensagem, c De. _Ensinar (v. 21,22 - dii:.: .. conotação de apresentaçã.:: ;:. -'-' conteúdos, lições, dourrini"s ::~ se mais em pregação; quJ.':c: fala-se mais em ensinar. É d·.;:Autoridade (v. 22,27 - 2.> desculpas. O termo aparece :'~ >:e ordenadas por rabinos. ,2C'::: ~. " interessantes: ter o direito e:: ~:'., ~ e dizer, sem interferência de Je"" com o poder e o direito de i2:',' Também pode ter o sentido ~e ::: coisa. Os escribas eram au:: _~ce e medíocres. Jesus pregiJU e ~. Filho de Deus (Natureza::: de Filho do Homem (N ",t'J::e:,:: :-: ' e Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Evangelho: mostrar que Jesus Cristo é o Filho de Deus! O Evangelho de Marcos é mais uma das "sagradas letras que nos podem tornar sábios para a salvação pela fé em Cristo Jesus" (2 Tm 3.15). 'IEXTO Como a perícope é longa (28v.) e Marcos é breve e conciso em suas narrativas, encontramos, no mínimo, seis blocos diferentes (1. João Batista e sua pregação; 2. Batismo de Jesus; 3. A tentação de Jesus; 4. O início da pregação de Jesus na Galiléia; 5. O chamado dos primeiros discípulos; 6. A cura de uma pessoa endemoninhada) no evangelho de hoje. Há, pois, seis assuntos distintos para sermões. _: Evangelho de São Marcos. :c~gumasinformações sobre a : c:':',. que escolhemos a pregação , :'êLgem do dia, examinaremos, êLutoridade, arrependimento, _, os pés no chão. Ele merece ,tamento. Marcos é o autor do : .,'. Lucas e João, pois, é um dos :::, 12 apóstolos escolhidos por , ;::" de Israel, e na casa de sua mãe :.:ios religiosos (At 12.12). Foi . ;~:T'.missionária (At 12.25). Houve =: ~ ,aparece por um período de dez , :c:olocação interessante: "Marcos, : :i:tidão, se bem que sem respeitar : :isas que o Senhor disse e fez". , -te. Quando Paulo se encontra na ~ ..-..-,e é útil para o ministério" (2 Tm :'um dos homens que falaram da ~ 1.21), ao escrever o Evangelho de -:11 , -=- ~ ,~iro livro do Novo Testamento. É o 'o vivo e vigoroso, de frases curtas ::: biografias, mas um narrador que .:~m que conta fatos, sempre tendo :~Ddo sempre as grandes perguntas " Por quê? Para quê? Marcos tem ulgar sua mensagem. Marcos não ~lmente de Roma para os romanos. .estruição de Jerusalém. Lendo todo ~ um grande propósito com o seu Como, porém em todo o texto a anunciação recebe destaque, optamos pela pregação de Jesus. Diante disso, a análise de alguns termos que deverão receber ênfase no sermão: Filho de Deus (v. 1 - uiou tou Theu): Jesus, a Salvação, o Salvador, o Redentor. Cristo, o Messias, o Prometido, o Ungido. Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade. Aponta para a divindade de Jesus. É o tema principal do Evangelho de Marcos. Filho do Homem, título que só Jesus aplicava a si mesmo. Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador do mundo. É o Emissor ou o Pregador em nosso estudo. Ct. Art. III da CA: Do Filho de Deus. Pregar (vA,7,14,17,38 - keerússu - keérugma): Anunciar publicamente. É proclamar, transmitir, avisar, publicar, comunicar, falar ao outro, "pescar gente"(v.17). Sempre como algo oficial, em nome de alguém com autoridade; com o sentido de ser público, para todos, para o longe - "todo o mundo, todas as nações" (Mt 28.19; Mc 16.15). Na igreja, tornou-se termo técnico para designar o "Sermão de Púlpito", a Pregação, a Mensagem, o Discurso Sacro, no exercício do ministério pastoral. Ensinar (v. 21,22 - didasku - didaxée): É quase sinônimo de pregar. Tem uma conotação de apresentação mais informal, mas didática e pedagógica. É transmitir conteúdos, lições, doutrinas aos outros. Quando Jesus se dirige às multidões, falase mais em pregação; quando se dirige a seus discípulos, seguidores, apóstolos, fala-se mais em ensinar. É dar lições, transmitir doutrinas, instruções. Autoridade (v. 22,27 - ezusfa): Não com fraqueza ou vergonha, como que pedindo desculpas. O termo aparece no NT para falar de atividades recomendadas, autorizadas e ordenadas por rabinos, sacerdotes ou o próprio Deus. Têm dois significados bem interessantes: ter o direito e a liberdade para fazer e dizer o que tem vontade de fazer e dizer, sem interferência de quem quer que seja, ter o poder e o direito de fa;.-:eralgo com o poder e o direito de fazer algo com o poder e o direito que recebeu de outro. Também pode ter o sentido de capacidade, habilidade e jeito de fazer bem alguma coisa. Os escribas eram autoridades, mas em relação a Jesus eram pequenos, pobres e medíocres. Jesus pregou e ensinou com a sua própria autoridade, na qualidade de Filho de Deus (Natureza Divina) e com a autoridade recebida do Pai, na qualidade de Filho do Homem (Natureza Humana). Ct. Mt 28.18. 231 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Arrependimento (v. 4,15 - metánoia): Não é desespero, mas arrependimento, isto é, reconhecimento de um mal praticado e a intenção de mudar de vida. É regeneração, renascimento e mudança interior, moral e espiritual. É renovação da alma, do coração e da mente. É dar meia-volta. É retomar. É mudar de estrutura, de postura e de conduta. É ter uma atitude nova, correta, divina e abençoada. Este é um dos conteúdos doutrinários do sermão de Cristo. Sem arrependimento não existe salvação. Cf. Art. XII da CA: Do Arrependimento. Evangelho (v. 14,15 - euaggélion): É uma boa, agradável e feliz notícia. É o contrário de derrota, de prejuízo, de tristeza. É sempre um grito de vitória, de conquista, de ganho. Também significa falar, proclamar e di vulgar as boas, grandes e graciosas obras de Jesus em favor dos pecadores - os delTotados. É a mensagem da salvação em Cristo. Curiosidade: 7 é tido como número da perfeição; em Mc, o termo "evangelho" aparece 7 vezes; o conteúdo do evangelho - "Cristo" aparece 7 vezes e "Filho de Deus" aparece 7 vezes. Este é o segundo conteúdo do sermão de Cristo - o evangelho. Cf. Art. IV de Art. de Esmalcalde: Do Evangelho. Remissão (v. 4,25 - áfesis): É perdão dos pecados. Livramento da culpa. Libertação dos males. Soltura de algemas, de prisões, de inimigos. É riscar e apagar dívidas, manchas e chagas. A remissão sempre é conferida por Deus. O homem não pode se remir (pagar, comprar) ou perdoar-se a si mesmo. O perdão é resultado final da morte de Cristo. É a maior bênção: ser absolvido do pecado, libertado do diabo e salvo do inferno. Cf. Mt 26.28; Lc 1.77; 3.3; Ef 1.7. Hb 9.22; Explicação do 2° Art. do Credo Cristão. Maravilhas (v. 22,24,28 - eekpleessu): É ficar admirado e perplexo com um fato presenciado. É ficar atônito e assombrado com algo que se viu ou ouviu. É ficar abismado e emocionado com alguém ou alguma coisa que é esplendoroso, forte, diferente. A pregação às multidões, o ensino na sinagoga e o milagre da cura do endemoninhado fez com que "a fama de Jesus corresse cé1ere em todas as dire· ções"(v.28) e deixava a todos maravilhados, admirados, atônitos e perplexos. DISPOSIÇÃO INTRODUÇÃO Os Três Ofícios de Cristo Cristo exerceu três ofícios: r Oficio Sumo-sacerdotal: como Sumo Sacerdote (Hb 7.26,27), Cristo cumpriu a lei em nosso lugar, sacrificou-se a si mesmo por nós e continua orando e nos defendendo diante do trono da graça de Deus. 2° Ofício Real: Como Rei, Cristo sustenta, governa e protege a sua igreja (reino do poder, graça, glória) 3° Ofício Profético: Como Filho de Deus (v.1), Cristo pregou a palavra e continua o ministério da proclama'ção através de sua igreja. 232 Em nossaperícope. J~,~: - pois: o quê? I. A Mensagem do Al'!'i'c~c 1. 2. 3. Contexto da perícc~~ Pregação e AutoricL<:~ Arrependimento 4. Mini-aplicação: ".~~~::~- . lI. A Mensagem 1. 2. 3. do Du;'" Ilustração: Paulo ~m R:' Evangelho e seus ':;:- .. c •. Mini-aplicação: ··D~:.::.; , (cf. Art. Esma1cald" ..:~ llI. A Mensagem da Remi,ic.~' 1. Ilustração: Remissãc., _:::-, 2. Remissão, perdão, lit~:-· 3. Mini-Aplicação: 2° .-'~: ::- CONCLUSÃO Nossa missão como igrej.::. - Mt 26.18-20 -Mc16.15 - Fp 2.5-11 Os outros precisam ficar.::~:-:-:-_nho e pregação. Igreja Luterana ~ó,ó5pero, mas arrependimento, ~'ónção de mudar de vida. É . -::..:: espiritual. É renovação da -ó ~:1ar.É mudar de estrutura, de ê.: .. ina e abençoada. Este é um ~:::-:,arrependimento não existe - N° 2 - 1999 Em nossa perícope, Jesus Cristo, o Filho de Deus, exerce o Ofício Profético, pozs: TEMA JESUS PREGA VA COM AUTORIDADE (v. 4,7,14,15,17,22,38,39) o quê? _ .~~radável e feliz notícia. É o - ::::-,-,preum grito de vitória, de ~:-:~Jre divulgar as boas, grandes -::"5 derrotados. É a mensagem ~.5.meroda perfeição; em Me, o : . ::·.angelho - "Cristo" aparece 7 : ::~undo conteúdo do sermão de _::.iie: Do Evangelho. : _: Livrarnento da culpa. Libertação . :-:.:~os. É riscar e apagar dívidas, ::.::.::.Jr Deus. O homem não pode se = ::::rdão é resultado final da morte _::,2.J.libertado do diabo e salvo do = = Explicação do 2° Art. do Credo __ 2mirado e perplexo com um fato <p que se viu ou ouviu. É ficar 2'Jisa que é esplendoroso, forte, - ::.5:nagoga e o milagre da cura do _::,'rressecélere em todas as dire~ :-:-:~3.dos,atônitos e perplexos. I. A 1. 2. 3. 4. Mensagem do Arrependimento (v. 4,15) Contexto da perícope: Marcos e Evangelho Pregação e Autoridade Arrependimento Mini-aplicação: "Arrependei-vos ..."(Cf. Livro de Concórdia, 324) I!. A 1. 2. 3. Mensagem do EvangelhoJv. 14,15) Ilustração: Paulo em Rm 2.18 e 1Co 1.23-25 Evangelho e seus significados Mini-aplicação: "Deus é exuberantemente rico em sua graça" (cf. Art. Esmalcalde, Art. IV) lI!. A Mensagem da Remissão (Y.4,25) 1. Ilustração: Remissão, compra, resgate e sangue: Ef 5.16; Hb 9 2. Remissão, perdão, libertação 3. Mini-Aplicação: 2° Art. do Credo/Lutero CONCLUSÃO Nossa missão como igreja: "Toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor". - Mt 26.18-20 -Mc16.15 - Fp 2.5-11 Os outros precisam ficar admirados e perplexos com o nosso ensino, testemunho e pregação. .: ódote (Hb 7.26,27), Cristo cumpriu -or nós e continua orando e nos c Dr. Leopoldo Heimann São Leopoldo, RS ; ~\erna e protege a sua igreja (reino .ê. : . Cristo pregou a palavra e conti:~reJa. 233 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 QUINTO DOMINGO APÓS EPIfANIA 6 de fevereiro de 2000 Marcos 1.29-39 CONTEXTODAPERÍCOPE Este texto situa-se no ministério de Jesus na Galiléia. Chamam atenção os diversos milagres de Jesus no início do seu ministério nesta região. Jesus faz uma pregação de impacto e cura um endemoninhado, causando grande admiração em Cafarnaum (Mc 1.21-28), segue a isto a cura da sogra de Pedro e de muitos outros (vv. 32-34), a cura de um leproso (vv. 40-45), e a cura de um paralítico (Mc 2.1-12). O pecado traz consigo o séquito do sofrimento e da morte física, como diz Paulo em Rm 6.23: "O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, nosso Senhor". Com estas curas Jesus está mostrando que as muitas enfermidades, físicas, morais e espirituais desta região e do mundo inteiro são conseqüência do pecado, e, como o povo necessita de um Salvador! Porém quando o povo se prende ao que é temporal, i. é, a cura do corpo, Jesus deixa claro o seu poder e coloca a pregação acima dos milagres, retirando-se dali e indo a outros lugares a fim de pregar (vv.38, 39). TEXTO Olhando este texto, da forma como o Dr. Martinho Lutero aconselha a orar os Dez Mandamentos, percebemos que temos uma bíblia que fala. Ele diz: "Pego um ponto depois do outro, para que fique inteiramente livre para oração (o quanto isso for possível), fazendo de cada mandamento um quadrado ou uma coroa trançada quatro vezes, ou seja: tomo cada mandamento primeiro como um ensinamento, como ele na realidade o é em si mesmo, e reflito sobre o que o nosso Senhor Deus nele exige de mim com tanta seriedade; em segundo lugar, faço dele uma ação de graça; em terceiro lugar, uma confissão, e em quarto, uma oração ... " (Obras de Lutem Vai. 5. p.140). Recomendamos uma leitura do texto deste modo. Destacando em cada v. a doutrina, ação de graça, confissão e oração, dependendo do tempo da nossa meditação, teremos algo semelhante a isto: V 29 - "E, saindo eles da sinagoga,joram, a casa de Simão e André." com Tiago e João, diretamente para 1) Doutrina: Jesus acompanha os seus discípulos para fora do templo. Jesus está sempre conosco, não só na igreja, mas também fora dela. Jesus quer entrar em nossas casas. Jesus foi fazer uma visita a uma mulher enferma. (Sabemos, através da leitura corrida da perícope, que a sogra de Simão estava doente). 234 2) Ação de graça: les:> Sou grato pela sua. ~, procurado ou solicil2.~, ,-_~ __. 3) Confissão: Reconne~Senhor após o culto e = '-:- - ' como se Cristo tivesse :, :',_ para as pessoas necess::~~_ 4) Oração: Senhor, ajud3.-r:e c_< tua presença. Quere \',:: palavras certas para c _ não ter dado atençãc ~ = V30 - "A sogra de : Sim[j;, respeito dela." 1) Doutrina: Simão e Ar,i:-: c __ uma intercessão. Ora:!:: 2) Ação de graça: Que ;T,':'::' quem podemos recor: ';r c necessidades. Louvad: 'e 3) Confissão: Sou fiel:::: -- desempregados, neces,:::, preguiçoso em minhas ::.:.~- -: 4) Oração: Rogo-te, meu De _: despertes em mim o es;:f-:-pelo próximo. Amém. V 31 - "Então, aproximalu:kela a servi-tos." (Pode-:::..-= 1) Doutrina: Jesus atend-: :.: pelo Senhor: servir. O, ';em resposta natural d.:. ::c:: 2) Ação de graça: Não te:,~__ me livrou da morte e d~ : minhas forças que ele ~_-:'; - 3) Confissão: Confess,irmãos que me trouxerl:~_ nos meus próprios af"zer:: : __ ingratidão e minhas d-::':'; = 4) Oração: Agradeço-'e :::c restabeleceste a minn:: que oram por mim. servir a ti e ao meu pr"Poderíamos prosseg-.;- Igreja Luterana ?:6 EPIFANIA o~" Chamam atenção os diversos 'o iião. Jesus faz uma pregação ;.:~.jeadmiração em Cafarnaum ~o je muitos outros (vv. 32-34), :~~o(Mc 2.1-12). O pecado traz _ . ::no diz Paulo em Rm 6.23: "O de Deus é a vida eterna, em ~esus está mostrando que as :esta região e do mundo inteiro . o.ossita de um Salvador! Porém :: :'jra do corpo, Jesus deixa claro :.z:es, retirando-se dali e indo a ,:c:-::nhoLutero aconselha a orar os 'blia que fala. Ele diz: "Pego um ,'''te livre para oração (o quanto um quadrado ou uma coroa .c--:.ndamentoprimeiro como um ,,"no, e reflito sobre o que o nosso ,.:.--:.de;em segundo lugar, faço dele -".:50, e em quarto, uma oração ... " . ,jma leitura do texto deste modo. c : :::. confissão e oração, dependendo --:'.elhantea isto: )m Tiago e João, diretamente para .:ios para fora do templo. Jesus está têm fora dela. Jesus quer entrar em :. uma mulher enferma. (Sabemos, a sogra de Simão estava doente). - N° 2 - 1999 2) Ação de graça: Jesus quer entrar em minha casa. Ele vem espontaneamente. Sou grato pela sua misericórdia e bondade, oferecendo-se a mim sem ser procurado ou solicitado. Agradeço ao Senhor Jesus pelo seu interesse por mim. 3) Confissão: Reconheço que sou ingrato e tenho desprezado a companhia do Senhor após o culto e o tenho desprezado de modo vergonhoso. Tenho agido como se Cristo tivesse ficado na igreja. Não visitei os enfermos e não tirei tempo para as pessoas necessitadas. 4) Oração: Senhor, ajuda-me a aceitar a tua companhia. Que eu não menospreze a tua presença. Quero visitar os enfermos. Concede-me a tua companhia e as palavras certas para o doente. Ajuda-me, Senhor amado, e perdoa-me por eu não ter dado atenção aos doentes. Amém. V30 - "A sogra de Simão achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito dela." 1) Doutrina: Simão e André falaram a Jesus a respeito da mulher doente. Houve uma intercessão. Oração. 2) Ação de graça: Que maravilha! Temos um Senhor presente, ao nosso lado, a quem podemos recorrer em oração. Temos a quem recorrer em nossas necessidades. Louvado seja Deus por escutar os nossos anseios . 3) Confissão: Sou fiel na intercessão? Lembro-me dos doentes, aflitos, desempregados, necessitados, em minhas orações? Confesso que tenho sido preguiçoso em minhas orações pelo próximo. 4) Oração: Rogo-te, meu Deus, pelas pessoas que estão doentes ... e para que despertes em mim o espírito de intercessão. Que eu não seja preguiçoso em orar pelo próximo. Amém. V 31 - "Então, aproximando-se, tomou-a pela mão; e afebre a deixou, passando ela a servi-los." (Poderíamos dividir este v. ao meio) 1) Doutrina: Jesus atende as orações. A atitude daqueles que são beneficiados pelo Senhor: servir. O servir aqui é uma prova de que estava curada e se torna em resposta natural da cura. O significado de "servo". 2) Ação de graça: Não tenho o suficiente para agradecer e bendizer o Senhor. Ele me livrou da morte e da condenação eterna. Agora quero servi-Io com todas as minhas forças que ele me concedeu. 3) Confissão: Confesso que não tenho servido ao Senhor e aos discípulos e irmãos que me trouxeram o Senhor e intercederam por mim. Tenho pensado mais nos meus próprios afazeres servindo a mim mesmo. Confesso meus pecados de ingratidão e minhas deficiências no servir ao Senhor e ao meu próximo. 4) Oração: Agradeço-te, Senhor, porque ouviste as orações dos teus servos e restabeleceste a minha vida mediante o teu poder. Agradeço porque há pessoas que oram por mim. Ajuda-me a orar também pelos outros. Quero, em gratidão, servir a ti e ao meu próximo, assim como a tua palavra me ensina. Amém. Poderíamos prosseguir até o final da perícope deste modo. Assim percebemos 235 Igreja Luterana - N° 2 . 1999 que a Bíblia é um livro que fala conosco e nos leva a serví-lo, confessar os nossos pecados e a falar com Deus em oração. SEXTO DC'H SUGESTÃO DE TEMA (pROPOSTA HOMILÉTICA) TEMA "Cristo para todos - avançando com gratidão a Deus". a) Levando Cristo para todos, inclusive aos doentes. - visitando, v.29 CONTEXTO Início do ministério de .T,,: _: como quem tem autoridade". TO; ~ nhão com o Pai e seu mini:[ê~: realiza na região de Cafarnaur:' que causa ciúmes e medo na: ::...:' b) Com ações de graça. - intercedendo, v.30, e servindo, v.31 c) Confessando os nossos pecados. - os quais nos tornam doentes e impedem de servi-lo. TEXTO v. 40 : Um homem "coberto d) Orando com gratidão (avançando) - fomos perdoados (curados) dos nossos pecados. Dari Trisch Knevitz Pela tas, RS i" de seus milagres, de joellL: podes purificar-me". C :c:o;::-:' total confiança no poder o; - ~ , humildemente aos desígr:: _: :. tica a terceira petição do F com mais facilidade no D: Uo;' O leproso não pede apenJ.: '.::-' ra e do corpo doente. SI 51.2. "L::.':' do". Afinal, "o sangue de .Te'> ''_' LEPRA: doença de pele do; -,' pecado. A consideravamjulg::.réde Deus". Ensinavam que serr. -'--=0; da. Acreditavam que a lepra t,,: -: __ ,-, a de participar das atividades :0; _ LEPROSO: As leis que regu,~ te rígidas. Após ser examina:, Do; rado impuro, imundo. Era is:L:, _, V. 41: Jesus não apenas se:'.':; , a causa e as conseqüê:::'::,o salvadora mais profuni" "estendeu a mão, tocou-: ' 5.3). Este tocar revela a 236 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 --l-10, confessar os nossos SEXTO DOMINGO APÓS EPIFANIA 13 de fevereiro de 2000 Marcos 1.40-45 CONTEXTO Início do ministério de Jesus. Encontra-se na região da Galiléia, onde "ensina como quem tem autoridade", realiza curas e expele demônios, e fortalece sua comunhão com o Pai e seu ministério, orando. Grande parte do ministério de Jesus se realiza na região de Cafarnaum. A fama de Jesus se espalha em todas as direções, o que causa ciúmes e medo nas autoridades religiosas dos judeus. , c-- ..i-lo. TEX1D Dari Trisch Knevitz Pelatas, RS v. 40 : Um homem "coberto de lepra" (Lc 5.12), que tinha conhecimento de Jesus e de seus milagres, de joelhos, prostrado, faz seu pedido de ajuda: "Se quiseres, podes purificar-me". O mesmo revela profunda humildade, mas sobretudo, total confiança no poder e na compaixão de Jesus. Não duvida, mas submete-se humildemente aos desígnios divinos. Revela uma fé submissa e confiante_ Pratica a terceira petição do Pai Nosso. Conforme A. B. Bruce "Os homens crêem com mais facilidade no poder milagroso do que no amor milagroso". O leproso não pede apenas uma cura física, mas cura completa, da alma pecadora e do corpo doente. SI 51.2: "Lava-me completamente .... purifica-me do meu pecado". Afinal, "o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 Jo 1.7). LEPRA: doença de pele, de natureza duvidosa. Para os judeus, símbolo do pecado. A consideravam julgamento divino contra o pecado, chamando-a de "dedo de Deus". Ensinavam que sem arrependimento a lepra não poderia jamais ser curada. Acreditavam que a lepra tornava a pessoa cerimonialmente imunda, impedindoa de participar das atividades religiosas dos judeus. LEPROSO: As leis que regulavam a vida do leproso (Lv 13,14) eram extremamente rígidas. Após ser examinado pelo sacerdote e constatada a doença, era considerado impuro, imundo. Era isolado do convívio da sociedade, família e igreja. V. 4 l: Jesus não apenas sente compaixão, mas revela desej o profundo de remover a causa e as conseqüências do sofrimento do leproso. Compaixão é a virtude salvadora mais profunda, rica e confortadora do Salvador. "estendeu a mão, tocou-o" - Era contrário à lei mosaica tocar um leproso (Lv 5.3). Este tocar revela a profunda compaixão, o desejo sincero de ajudar, curar e 237 Igreja Luterana . N° 2 . 1999 consolar de Jesus. Também pode ter sido o 'meio' que Jesus usou para transferir o poder curador ao leproso. PROPOSTA HOl\Ul.ÉTIC.-'-. INTRODUÇÃO "quero" - O verbo querer revela concordância com o pedido, e uma palavra de consolo. Não resta qualquer dúvida quanto ao desejo de aliviar o sofrimento. Jesus não veio para dar espetáculo, mas para socorrer e aliviar tanto o espírito como o corpo. Diante do descspere I' _- nários e profetas oferecer.:: s:L .._ especialmente os que est;';: -é:c de Jesus diante do sofrÍrne:-.- "fica limpo" - Está no imperativo do aoristo, que expressa um único ato de purificação. Ação completa e definitiva. V. 42: cura milagrosa, instantânea, completa e benéfica. Purificação não só para o corpo, mas também para a alma. Limpo para adorar e servir a Deus no culto público, e voltar a viver em sociedade, sem restrições nem preconceitos. Que maravilha: há pouco, um homem prostrado, "coberto de lepra"; agora, o homem mais saudável e limpo dos que lá se encontravam. Vv. 43,44: "veemente advertência" - Que mudança radical nas palavras de Jesus. Antes, uma voz que revelava compaixão, amor e consolo. Agora, um tom de voz áspero, duro, severo. Qual a razão para esta advertência? Possivelmente, para que o sacerdote, encarregado de dar o laudo, pudesse atestar a cura definitiva, não sabendo como a mesma tinha ocorrido. Por outro, revela o cuidado de Jesus em cumprir toda a lei. Outro aspecto a destacar nesta "proibição" de Jesus é a sua missão messiânica. Como Filho de Deus não era um milagreiro sensacionalista, mas o MESSIAS, o Mestre da Lei e da verdadeira religião (Mt 12.15-21; Jo 2.11), o que "veio para buscar e salvar o perdido" (Lc 19.10; Mc 10.45). CERIMÔNIAS DE PURIFICAÇÃO Ia Cerimônia: devolvia o leproso curado à vida em sociedade; simbolizava a purificação física, corporal. Conforme Lv 14.5-8, nesta ocasião era ofertado: duas aves puras, um pedaço de madeira de cedro, lã tingida de vermelho e um galho de hissopo. za Cerimônia: oito dias após a 1a, devolvia ao leproso curado seus direitos religiosos; simbolizava a purificação espiritual. Conforme L v 14.10-22, se fosse pobre, ofereceria um carneirinho, um quilo de farinha misturada com azeite, um quarto de litro de azeite e duas rolinhas ou dois pombinhos; se tivesse posses, ofereceria dois carneirinhos e uma ovelhinha de um ano, três quilos de farinha misturada com azeite e mais um quarto de litro de azeite. V. 45: Parece que a ordem de Jesus de não contar a ninguém o ocorrido, teve o efeito contrário. Ao invés de calar, o ex-leproso começou a falar muito e a espalhar a notícia. Não deve ser nada fácil alguém que experimentou tamanho milagre em sua vida, tanto para a alma como para o corpo, guardar para si o acontecido (At 4.20). 238 I-está pronto para omir e 8.:c"~ II - é o único que tem todo III - espera que divulguerrL CONCLUSÃO O pecado trouxe graves _:separação, doença, terror. m::- _ trouxe solução definitiva p:.:: mos mais viver em desesper: _'..__ cidos a boa notícia do SaL22 .. a livrá-Io agora e para sempre Igreja Luterana - N" 2 - 1999 __~ Jesus usou para transferir o -:-:c o pedido, e uma palavra de o sofrimento. Jesus i~ aliviar ,iar tanto o espírito como o PROPOSTA HOMILÉTICA INTRODUÇÃO Diante do desespero humano, em dias de crise e dificuldade, não faltam missionários e profetas oferecendo soluções milagrosas para todo e qualquer sofrimento, especialmente os que estão relacionados à saúde, família e emprego. Qual é a reação de Jesus diante do sofrimento humano? TEMA JESUS, EM SUA PROFUNDA COMPAIXÃO :le expressa um único ato de ~fica. Purificação não só para o - 2imar e servir a Deus no culto I - está pronto para ouvir e atender nossos pedidos, segundo sua vontade -c':ri~ões nem preconceitos. Que - -e110de lepra"; agora, o homem II - é o único que tem todo poder para curar a lepra espiritual e corporal - c _ ':':'-'-1. radical nas palavras de Jesus. - c :·onsolo. Agora, um tom de voz ertência? __ - ; 2 _' _ de dar o laudo, pudesse atestar -: ..' ocorrido. Por outro, revela o 2 destacar nesta "proibição" de ~_, não era um milagreiro sensaci. -_.deira religião (Mt 12.15-21; Jo _: 19.1O;Mc 10.45). III - espera que divulguemos a boa notícia da salvação aos sofredores. CONCLUSÃO O pecado trouxe graves conseqüências para a vida de todos: sofrimento, dor, separação, doença, teITor, morte e condenação. Em sua profunda compaixão Jesus trouxe solução definitiva para o pecado: perdão, nova vida e salvação. Não precisamos mais viver em desespero. Aliviados, perdoados e salvos, proclamemos agradecidos a boa notícia do Salvador que se compadece do ser humano e está disposto a livrá-Io agora e para sempre. Otomar Walter Schlender Porto Alegre, RS :: em sociedade; simbolizava a - 5-8, nesta ocasião era ofertado: oi"). lã tingida de vermelho e um _or":so curado seus direitos religi-::':rme Lv 14.10-22, se fosse poo :'.::-:nhamisturada com azeite, um -., pombinhos; se tivesse posses, -: i~ um ano, três quilos de farinha ie azeite. -2:3. ninguém o ocorrido, teve o : - - 'o começou a falar muito e a _ ;:~m que experimentou tamanho rara o corpo, guardar para si o 239 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 SÉTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA 20 de fevereiro de 2000 Marcos 2.1-12 LEITURAS DO DIA Salmo 41: Ligado ao texto do Evangelho do dia, estão presentes os ensinos claros do AT (especialmente vV.l - 4). Vv. 1- 3: As bem-aventuranças e bênçãos derramadas pelo Senhor Deus sobre aqueles que são caridosos para com o seu semelhante necessitado. Em referência aos amigos que trouxeram o paralítico até Jesus. V 4: A doença, o estar enfermo e a morte são a conseqüência da condição de ser pecador de todo o homem. Por isso a confissão: "...sara a minha alma, porque pequei contra ti". /saías 43.18-25: Apesar de toda a transgressão e total ingratidão de seu povo, Deus o perdoa. " ...eu mesmo sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro" (v.25). Deus restaura a integridade de seu povo exilado na Babilônia. Entre outras, destacamos as seguintes analogias no texto com referência à restauração promovida pela graça de Deus: 1 - A misericórdia de Deus é tão profunda que só Ele pode fazer esquecer o passado de idolatria e rebeldia (v.18); 2· Deus põe um caminho (salvação) no deserto (pecado) e rios (salvação), no ermo (pecado); 3 - "Terras secas" e "lugares ermos ou desertos" = "vidas secas", i.é, vidas destituídas de qualquer esperança. A este povo, que assim anda sem esperança no mundo, para com eles que não merecem senão somente a condenação eterna, Deus dá de beber de sua misericordiosa salvação; 4 - Este povo é da parte de Deus "meu escolhido, povo que formei para mim, para celebrar o meu louvor" (vv.20 e 21) Por certo, aqui encontramos algumas das mais belas analogias que projetam demonstrar a graça e a misericórdia de um Deus perdoador. Este amor divino é a confirmação e certeza de sua fidelidade, assim igualmente o amor incondicional de Deus a fonte e o motivo da fidelidade de seu povo. 2 Coríntios 1.18-22: A maior prova da fidelidade de Deus está no fato de enviar seu Filho, Jesus Cristo, como o seu sim, o seu selo redentor, a confirmação do seu penhor, o pagamento pelo resgate de todas as criaturas. Esta é a mensagem que o pecador arrependido necessita ouvir por nosso intennédio: "O SIM DE DEUS". Em Cristo os teus pecados estão perdoados. Sim, Amém. CONTEXTO O evangelista tem o claro propósito de apresentar a Jesus como o Filho de Deus, através de suas poderosas palavras e atos. A manifestação da glória de Jesus 240 Cristo (EPIFANIA) fica e\:~e " va o povo e é autenticada:, : ~ _ mente que para as primeIf:::' : ponder com convicção que" ~e· Do primeiro ao últimc:-'.::::_ propósito autenticar a divind:::. _. na tentação e na vocaçãc eu ::2mostrar a Jesus como o Filhc~e :: c--" que Jesus realiza. Isto não de:'.: , as curas realizados, autentic?~ -'.- ': _ estes fatos extraordinários não' almente dos que manipulaval" e :.:-~ Israel, os fariseus e entre eles a,,',:_ - ~ deste clima, encontramos e S:::' :::::: contexto que se insere o textc e~. ,_._ TEXTO A fama de Jesus correu:e'e~: Cafarnaum. Apesar de ter ter declarado aos discípulos C:cle ... às povoações vizinhas. a f.~ vim"(Mc 1.38); ter solicitadc :::' tendo ele (o leproso) saído. er,=-ponto de não mais poder leStE :.:~ cia fora, em lugares ermos: e de Vv. 1,2 - Não poderia ser .~ notícia da sua presença, se es:.-:.diante da casa, impedindo casa? "... anunciava-Ihes a com sentido de proclamar. :' 1: dar sentido ou significadc :.: designar o evangelho (douc:-_ Vv. 3,4 - Alguns homens :e" lítico. Na impossibilidade de :'-,':~: vencendo os obstáculos sot-e:' o eirado era de ladrilhos el.e ~ _:.: "Vendo-lhes a fé. les',: _~.doados" (v.5). Tanto see.' :~_:.: Jesus, movidos por sua :Ü:, - .' certeza que Jesus podia : 'L::': este paralítico padecia de 'clJesus com o peso de seus ::e::.::.:' _ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Cristo (EPIFANIA) fica evidente em sua pregação (ensino, doutrina) que maravilhava o povo e é autenticada por seus milagres(muitas curas). O Evangelista tem em mente que para as primeiras comunidades cristãs o mais significativo é poder responder com convicção que "Jesus Cristo é o Filho de Deus" (l.l). ;',;'05 EPIFANIA c::io presentes os ensinos claros cr:uranças e bênçãos derramadas r .:::' com o seu semelhante neces_:.lítico até Jesus. V. 4: A doença, ._ .• r.jição de ser pecador de todo o -:rque pequei contra ti". -. ~ total ingratidão de seu povo, -' :uas transgressões por amor de ::: cJS restaura a integridade de seu _: :'::1os as seguintes analogias no - c.:, graça de Deus: .: "C só Ele pode fazer esquecer o c::: (pecado) e rios (salvação), no :::=,s" = "vidas secas", i.é, vidas c ::'ovo, que assim anda sem espe·'"r~cem senão somente a condenacr::mdiosa salvação; _'::. povo que formei para mim, para rr:iis belas analogias que projetam . ' perdoador. Este amor divino é a 2Jalmente o amor incondicional de ::lade de Deus está no fato de enviar :~lo redentor, a confirmação do seu .r:aturas. Esta é a mensagem que o ::::rmédio: "O SIM DE DEUS". Em ., ~ntar a Jesus como o Filho de Deus, ."" manifestação da glória de Jesus Do primeiro ao último capítulo o Evangelho de Marcos tem como seu grande propósito autenticar a divindade de Jesus Cristo. Na pregação do Batista, no batismo, na tentação e na vocação ou chamado para seus discípulos, o destaque é evidente: mostrar a Jesus como o Filho de Deus. Assim, o contexto é marcado por muitas curas que Jesus realiza. Isto não deixa de ser o propósito na perícope seguinte ao descrever as curas realizados, autenticar a Jesus Cristo como verdadeiro Deus. Naturalmente estes fatos extraordinários não só chamaram a atenção do povo em geral, mas especialmente dos que manipulavam e dominavam toda e qualquer manifestação religiosa em Israel, os fariseus e entre eles a maioria dos mestres da lei (escribas, cf. Lc 5.17). Dentro deste clima, encontramos o Salvador Jesus Cristo de retorno a Cafarnaum. E é neste contexto que se insere o texto em estudo, a cura de um paralítico. TEXTO A fama de Jesus correu célere por toda a Galiléia e especialmente na cidade de Cafarnaum. Apesar de ter impedido o testemunho dos demônios expulsos (Mc 1.34); ter declarado aos discípulos que o'procuravam, quando orava de madrugada: "Vamos ... às povoações vizinhas, a fim de que pregue também ali, pois para isso ê que eu vim"(Mc 1.38); ter solicitado ao leproso curado: "...não digas nada a ninguém ... Mas, tendo ele (o leproso) saído, entrou a propalar muitas cousas e a divulgar a notícia, ao ponto de não mais poder Jesus entrar publicfullente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com Ele"(Mc 1.44 e 45). Vv. 1,2 - Não poderia ser diferente, estando Jesus novamente em Cafarnaum. A notícia da sua presença, se espalha rapidamente e logo uma multidão se encontrava diante da casa, impedindo qualquer acesso pela porta .. O que fazia Jesus dentro da casa? "... anunciava-1hes a palavra" (v.2 icíll.b1.fl um imperfeito durativo de ílaílicw falar, com sentido de proclamar, Mt 12.36; Jo 3.24; 1 Co 2.6ss., acompanhado de ílicyw(íl6yolJ) dar sentido ou significado ao que é falado. Tomado no sentido superlativo, para designar o evangelho (doutrina) que Jesus veio proclamar (Mc 8.32) . Vv. 3,4 - Alguns homens tentavam se aproximar de Jesus, conduzindo um amigo paralítico. Na impossibilidade de chegar até o meio da casa através da porta, não desistem, e vencendo os obstáculos sobem ao eirado, em que abriram um buraco. Lucas menciona que o eirado era de ladrilhos (Lc 5.19). Descem o amigo deitado em seu leito diante de Jesus. "Vendo-lhes afê, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados" (v.5). Tanto seus amigos como o próprio paralítico vão ao encontro de Jesus, movidos por sua absoluta confiança e certeza de ajuda. Os amigos tinham certeza que Jesus podia curar o paralítico, pois já haviam visto fazê-Io antes. Mas este paralítico padecia de um mal maior que sua paralisia, e assim chegou diante de Jesus com o peso de seus pecados. 241 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Os responsáveis pelo bem estar espiritual do povo de Israel não cumpriam suas funções, não declaravam o bálsamo do perdão divino aos corações arrependidos. Primeiro a paz d'alma, depois a preocupação com o corpo. Jesus é verdadeiro Deus, pois é o único que pode ver além das aflições corporais. Jesus vê o reconhecimento da culpa e o arrependimento no coração daquele homem. Ele mesmo declara ao paralítico: "Os teus pecados estão perdoados". A autoridade para proferir perdão e absolver os pecados é o ponto principal deste relato. É muito significativo que a declaração evangélica do perdão dos pecados fosse a primeira pedra de contradição dos escribas e fariseus contra Jesus. Não poderia ser diferente, estes últimos eram legalistas e sinergistas em seu ensino. Desprezavam a graça salvadora, porque interpretavam mal a revelação do AT. Cabe, agora, a pergunta dos escribas: "Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? (v.7) Jesus responde a mesma, em primeiro lugar, apontando para os seus pensamentos (v.8). Aquele que conhece os corações é o único que pode perdoar o pecado. Em segundo lugar, Ele os submete a um teste. A pretensão de perdoar os pecados não podia ser averiguada. Porém, a autoridade para curar podia ser demonstrada imediatamente. Se Ele fizer com que o homem ande, então que saibam que "o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados" (v.10). "Filho do homem", título exclusivo e adotado pelo próprio Jesus. Designa sua messianidade, manifestando o Cristo verdadeiro Deus, do verdadeiro Deus, assumindo a completa natureza humana. A designação encontra-se referida em Dn 7.13 e 14. O fato de o Filho do homem ter sobre a terra autoridade para perdoar pecados indica que Ele não se esvaziou na encarnação de sua divindade, apenas não fez uso da mesma. Os escribas acusaram a Jesus de blasfêmia, pois apesar de seus muitos milagres não o reconheceram como verdadeiro Deus. O povo em geral reconheceu em Jesus o verdadeiro Deus, o que não reconheceram seus dirigentes. Com freqüência o mesmo sucede, não somente em assuntos ligados à fé. O reconhecer e crer em Jesus como verdadeiro Deus, que por grande amor assumiu a nossa natureza e todos os nossos pecados, é o grande milagre da salvação. PROPOSTA HOMILÉTICA lEMA O Médico Pelfeito O milagre interno, a fé que encontra seu grande conforto e se alegra e rejubila ao ouvir a declaração absolvedora de seus pecados, é maior e mais significativo que qualquer outro milagre externo e visível. Mas, é o milagre da cura externa (ex.: cura do paralítico), que autentica perante os homens o único capaz, Jesus Cristo, por força de sua Palavra e Obra, de perdoar todos os pecados, de todos os pecadores. O grande milagre da cura completa, nossa redenção. O resultado deste perdão conquistado por Cristo é que faz digno perante Deus nosso culto, adoração e ação de graças. Oriando Nestor Ou 242 OITAVO [}()Mj LEITURAS DO DIA O salmista Davi, no SaIr;; " dos que o temem. Deus é m'Sê::-:: iniqüidades" (v.3). Esta açã: . com gratidão a Deus (vv 1 ê :? No texto do AT, Os 2.1'"'--1;': portanto eu vou deixar a Israel s" ._ então eu mesmo, o Deus da Ias, pois eu os amo. Nos versí:'... consoladoras do livro de OséiJ' =. (a parte ativa é exclusivamente ê:l" ~. ': eterna. A primeira aliança tan",':',:: ingrato. Ele lembra o que a aI:.:::,:,:, mesma aliança, Israel, nada tir':': Deus enumera vários atribuw;:, :''.; juízo e justiça, mas no senti':: .::: .:_': declarar justo o malfeitor arfe:' e - . seu povo a viver (avançar) Na leitura da epístola, _ .~" Corinto como sendo uma c:::-:..:.e pedra, não da letra (isto é. nã: .. da lei), mas como carta de Cris:: ': Os cristãos de Corinto, COIT.: _.:.:_ Deus, mas tinham sérios pr: ':' eu congregação revelam tensÔes e .:' - - CONTEXTO 1- Anterior, Jesus esta',: discípulos na com;,:: criticado pelos escr:':,~ .:, (v.17). Aos chamiconcordando comele' =.: diante de Deus. c"'::':,, - e pecadores, realiz.:.:-;:.:..::c: Igreja Luterana - N° 2 - 1999 , J de Israel não cumpriam suas aos corações arrependidos" "nD corpo. Jesus é verdadeiro Deus, - OITAVO DOMINGO APÓS EPIFANIA ~::.:s, Jesus vê o reconhecimento da Ele mesmo declara ao paralítico: ~c :::ra proferir perdão e absolver os o;~rlcativo que a declaração evangéoc _:ntradição dos escribas e fariseus : : ~~a.Inlegalistas e sinergistas em seu o:-;retavam mal a revelação do AT :-'de perdoar pecados, senão um, . "'~:ro lugar, apontando para os seus . , "~S é o único que pode perdoar o :~ste, A pretensão de perdoar os oo:-,~i:idepara curar podia ser demons:nde, então que saibam que "o Filho ~' :r pecados" (v,10). _:: pelo próprio Jesus. Designa sua =eus, do verdadeiro Deus, assumino, o:ltra-se referida em Dn 7.13 e 14. O ::ie para perdoar pecados indica que ::i~.apenas não fez uso da mesma. ~.o:s apesar de seus muitos milagres - ',D em geral reconheceu em Jesus êJS dirigentes. Com freqüência o ; J. fé. O reconhecer e crer em Jesus .5SJmiu a nossa natureza e todos os .:.ie conforto e se alegra e rejubila ao :; é maior e mais significativo que : . paralítico), que autentica perante os .: Palavra e Obra, de perdoar todos os -;: da cura completa, nossa redenção. :::risto é que faz digno perante Deus Orlando Nestor Ou 27 de fevereiro de 2000 Marcos 2,18-22 LEITURAS DO DIA O salmista Davi, no Salmo 103.1-13, exalta a Deus pela benevolência em favor dos que o temem. Deus é misericordioso, pois "Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades" (v.3). Esta ação imerecida de Deus leva o seu servo a viver (avançar) com gratidão a Deus (vv 1 e 2). No texto do AT, Os 2.14-16,19·20, a mensagem de Deus ao povo de Israel é: portanto eu vou deixar a Israel só, para não seguir a outras influências (Baal), e então eu mesmo, o Deus da aliança, hei de falar-lhes, e de maneira suave, para captálos, pois eu os amo. Nos versículos 19 e 20 encontramos umas das palavras mais consoladoras do livro de Oséias: Deus quer contrair núpcias novamente com Israel (a parte ativa é exclusivamente ele). Ele, de sua parte, faz aliança de duração ilimitada, eterna. A primeira aliança também foi eterna. Quem quebrou o trato foi o povo ingrato. Ele lembra o que a aliança implicava da parte de Deus. A outra parte da mesma aliança, Israel, nada tinha a oferecer, apenas fraqueza, impureza e rebeldia. Deus enumera vários atributos, cheios de graça e de amor. Entre outros, encontramos juízo e justiça, mas no sentido de que o Senhor sempre está pronto para perdoar e declarar justo o malfeitor arrependido. Este amor de Deus para com Israel levaria o seu povo a viver (avançar) com gratidão a Deus, Na leitura da epístola, 2 Co 3.lb-6,0 apóstolo Paulo fala da congregação de Corinto como sendo uma carta escrita. Não escrita com tinta, não em tábuas de pedra, não da letra (isto é, não como obra humana como resultado da observância da lei), mas como carta de Cristo, escrita nos corações pelo Espírito do Deus vivente. Os cristãos de Corinto, como carta de Cristo, deveriam avançar com gratidão a Deus, mas tinham sérios problemas, pois as duas cartas escritas por Paulo a esta congregação revelam tensões e conflitos de toda ordem. CONTEXTO 1- Anterior - Jesus estava jantando na casa de Mateus (Levi) com os seus discípulos na companhia de publicanos e pecadores e, por esta atitude, é criticado pelos escribas dos fariseus. Jesus responde usando um provérbio (v.17). Aos chamá·los de sãos e bons Jesus estava ironicamente concordando com eles. Os fariseus se consideravam bons, saudáveis, justos diante de Deus, embora não fossem de fato. Por não comer com publicanos e pecadores, realizar sacrifícios (Mt 9.13), jejuar, guardar o sábado ... os fariseus 243 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 não se enxergavam como espiritualmente doentes e, como conseqüência, não sentiam a necessidade de um médico (Jesus). 2 - Posterior - a observância do sábado perdia em importância, no judaísmo, apenas para a circuncisão. Colheita e limpeza dos grãos nos sábados estavam entre as 39 principais violações passíveis de morte, de acordo com as ordenanças judaicas. A lei cerimonial não contradizia o propósito messiânico; as restrições dos fariseus, sim. TEXTO Jejum - as formas e os propósitos do jejum no AT eram numerosos. O jejum se praticava em Israel como um preparativo para uma conversa com Deus. Era praticado pelo indivíduo quando se sentia oprimido por grandes cuidados. Era praticado pela nação em perigos iminentes de guena e destruição; durante uma praga de gafanhotos; para trazer sucesso no retomo dos exilados; etc ... A lei israelita ordenava o jejum tãosomente no dia da expiação. No deconer do tempo, o significado mais profundo do jejum, como expressão do humilhar-se do homem diante de Deus, foi perdido para Israel. Sempre mais veio a ser considerado uma realização piedosa (DTNT). VIS. Através do evangelista Mateus sabemos que somente alguns dos discípulos de João vieram perguntar a Jesus porque os seus discípulos não jejuavam assim como eles e os fariseus (Mt 9.14). João Batista está na prisão (Mc 1.14). Os discípulos que o haviam seguido estão sós. Sua pergunta não é motivada pela hostilidade, senão pela perplexidade. Estão somente perguntando a razão desta grande diferença a respeito do jejum. Os fariseus, por iniciativa própria, jejuavam duas vezes por semana com o objetivo de fazer mais aparente sua atitude de santidade. Os discípulos de João levam sua incompreensão a Jesus mesmo e não vão com as suas acusações aos seus discípulos, CorilO os fariseus fizeram(Mc 2.16). Vieram buscar esclarecimento, uma vez que os fariseus procuravam desacreditar a Jesus. V19. O ponto de vista inteiramente novo que o NT contribui à questão do jejum se expressa com a máxima clareza nas palavras de Jesus: "Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?" Porventura (llE) (acaso) pressupõe uma resposta negativa: certamente que não! O irrompimento do reinado de Deus, da presença do Messias, das boas novas da salvação que independem das obras boas - tudo isso significa alegria, que é uma coisa excluída pelo jejum no sentido judaico. À luz da pregação de Jesus, centralizado no Messias, o jejum deste tipo é coisa do passado, e pertence a uma era que já se foi. V20. Jesus se refere à sua paixão e morte. V21. Não um remendo novo, mas um vestido novo. O vestido velho é o judaísmo de então, ou melhor, o que os escribas e os fariseus haviam feito com com suas doutrinas e práticas, todo o velho formalismo, as observâncias exteriores, a falsa santidade. Seria inútil remendar tudo isso com uma parte dos ensinos 244 e/ou práticas dÕ',-';'" e vestir em seu - V22. Um odre era a pelÕ': .-'que segue fermem:,,' ~.'. '; resultado seria des:;s:.~-: ' as antigas práticas r:;e,.:.. __ necessário lançar fc~:::.:.' : somente as novas r;:~,,-, ASPECTOS PRÁTICOS Pensamento central, ..i. ::;, obras da lei. Objetivos: Viver a nm,. - ,~'- ~~ Moléstia: A falsa santi.j::j: Meio: O sofrimento e 2::-c:':-:'; :Õ que Deus manifesta o seu p :2: ' comunhão com Cristo nos :~'--= '-::Deus. A comunhão com C~:' preciosos meios da graça: P,-:,-' ': ::' Na Santa Ceia entramos em _ ,- -DISPOSIÇÃO / INTROm'C;c Edifício com o fundame::: : TEMA É necessário desconstru:;- ::-.:...'_ I- Desconstruir o enSlr.: '; II- Construir o ensino e :: - - , ill- Assim seremos verei,,:::.: _~: CONCLUSÃO Filme "Um drama em Í::::-.. problema no coração. Outrc :'"~,, _ , cérebro. Ambas as crianças :'Õ': .- ::de coração com sucesso. Qu:::-:..:.:. ':o avançar na vida com gratiei~:; .: apenas doou o seu coraçãc. ::-,:;:: Podemos agora avançar c:'::-, ;:-:::. Ou lEMA Busquemos a Cristo I- Para tirar as dú\'id,,:. II- Para receber orier.-:;::~, ill- Para viver com ale;;:-::::. Igreja Luterana - N° 2 - 1999 c:ntes e, como conseqüência, ~ _ =:':1 importância, no judaísmo, . ,- dos grãos nos sábados estavam =' de morte, de acordo com as _ ~:radizia o propósito messiânico; .~~Teram numerosos. O jejum se - __ -nversa com Deus. Era praticado . <es cuidados. Era praticado pela :Lrante uma praga de gafanhotos; .:."lc:iisraelita ordenava o jejum tão'::. o significado mais profundo do =:'.'. diante de Deus, foi perdido para .zação piedosa (DTNT). somente alguns dos discípulos seus discípulos não jejuavam João Batista está na prisão (Mc : ,io estão sós. Sua pergunta não é o c. perplexidade. Estão somente =~.:a a respeito do jejum. Os fariseus, ==c:s por semana com o objetivo de ',i.de. Os discípulos de João levam '~) vão com as suas acusações aos -.=eram(Mc 2.16). Vieram buscar " procuravam desacreditar a Jesus. : .le .. =~'S . ::\T contribui à questão do jejum se ,c.\Tas de Jesus: "Podem, porventura, : c:nquanto o noivo está com eles?" = 'posta negativa: certamente que não! ::-'c:sençado Messias, das boas novas :..lio isso significa alegria, que é uma ..:zda pregação de Jesus, centralizado .c.:,. e pertence a uma era que já se foi. e/ou práticas de Jesus. Faz-se necessário rechaçar o velho vestido das obras, e vestir em seu lugar o novo vestido da justiça de Cristo. v'22. Um odre era a pele completa de uma cabra. Jamais se pode deixar vinho novo, que segue fermentando-se e causa pressão, em odres velhos e secos, pois o resultado seria desastroso. Jesus não é nenhum insensato que trata de combinar as antigas práticas farisaicas com a gloriosa nova doutrina da graça e fé. Faz-se necessário lançar fora todo o velho farisaísmo com toda a sua prática, e aceitar somente as novas normas de vida que enquadram dentro da nova doutrina . ASPECTOS PRÁTICOS Pensamento obras da lei. central: A salvação é pela graça de Deus em Cristo Jesus, sem as Objetivos: Viver a nova vida em Cristo com alegria e avançar com gratidão a Deus . Moléstia: A falsa santidade, as observâncias exteriores, todo o velho formalismo. Meio: O sofrimento e a morte de Cristo. Somente atíavés da pregação da cruz é que Deus manifesta o seu poder para a salvação naqueles que crêem (Rm 1.16). A comunhão com Cristo nos traz alegria e, assim, podemos avançar com gratidão a Deus. A comunhão com Cristo se dá pela ação do Espírito Santo através dos preciosos meios da graça: Palavra de Deus e Sacramentos (Batismo e Santa Ceia) . Na Santa Ceia entramos em comunhão com o corpo e o sangue de Cristo. DISPOSIÇÃO / INTRODUÇÃO: Edifício com o fundamento arruinado TEMA É necessário desconstruir para construir Desconstruir o ensino e a prática farisaica II- Construir o ensino e a obra de Cristo III- Assim seremos verdadeiramente livres e felizes T- CONCLUSÃO Filme "Um drama em famílias". Um casal estava esperando um filho, mas com problema no coração. Outro casal estava esperando um filho, mas com problema no cérebro. Ambas as crianças teriam poucos minutos de vida. Foi feito o transplante de coração com sucesso. Quanta alegria por parte da família beneficiada! Poderiam avançar na vida com gratidão à família doadora, e foi o que fizeram. Jesus não apenas doou o seu coração, mas toda a sua vida para nos dar a alegria da salvação . Podemos agora avançar com gratidão a Deus! Ou TEMA Busquemos a Cristo TPara tirar as dúvidas novo. O vestido velho é o judaísmo , e os fariseus haviam feito com com :~alismo, as observâncias exteriores, . 'udo isso com uma parte dos ensinos II- Para receber orientação III- Para viver com alegria Lauri Pinnow Palmitos, se 245 Igreja Luterana - N° 2 • 1999 ÚLTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA A TRANSFIGURAÇÃO DENosso SENHOR Marcos 9.2-9 cena como uma maniy'~, meio ao Seu ministério 'e:~e do Pai" (Io 1.14). É ur: :-:--, completada, na cruz e fi" ée;: __ É uma demonstração ;:-e:~:':e:-__ ressurreição e especialn, e:,,', ó-= Ó 5 de março de 2000 CONTEXTO A temática do dia no Ano Eclesiástico A festa da Transfiguração marca a transição entre o período de Epifania (ao qual pertence) e a Quaresma, que introduz de forma muito própria. Na Epifania lembramos a manifestação de Jesus ao mundo. A transfiguração mostra quem Jesus é - o glorioso Filho de Deus; com isto, ilumina todo o período da Quaresma, mostrando que o "homem de dores e que sabe o que é padecer" não é uma "vítima" das circunstâncias. Ele é o Senhor que deixa de usar plenamente os poderes, glória e majestade que são Seus, para dirigir-se ao Calvário. A Transfiguração de Jesus nos ajuda a "ler" o tempo da Quaresma com a ênfase própria do "Deus na cruz é meu amado" (Hinário Luterano, 82:1). o texto no seu contexto O texto em estudo no início da segunda grande parte de Marcos, que trata basicamente da paixão, morte e ressuneição de Cristo. Pouco antes, Jesus ouvira a confissão de Pedro e fizera o primeiro anúncio de Sua morte e ressurreição e falara da cruz do cristão. Pouco depois do texto Jesus novamente prediz Sua morte e ressurreição (9.31; cf. 9.12). A Transfiguração é, pois, um momento de grande glória colocado bem em meio à trajetória de Jesus a Jerusalém e à cruz, "A narrativa sobre a transfiguração de Jesus aparece imediatamente depois da predição de que 'alguns' veriam a gloriosa vinda de Cristo e do reino. Uma observação feita quanto ao tempo que se escoara, 'seis dias depois', serve de liame entre a transfiguração e a predição ..... É lógico concluirmos que a transfiguração cumpriu a promessa de Jesus. 'Alguns' dos discípulos --Pedro, Tiago e João --foram testemunhas oculares deste evento. E isto foi uma prelibação particular da glória do reino de Deus sobre a tena, quando do retorno de Cristo." (Robert Gundry, Panorama do Novo Testamento, 170.) Há quem prefira outras explicações para as palavras de Jesus em 9.1 (por exemplo, uma referência à ressuneição de Jesus; etc.). De qualquer forma, a transfiguração de Jesus é um evento em que claramente o reino de Deus se manifesta. TEX1D "Foi a transfigurado" - metamorfôo é "mudar para outra forma", "transformar". O verbo é empregado no texto da Epístola do dia (2 Co 3.18). Pedro interpreta esta 246 Vivemos um tempc '-:nÓ um "Cristo cósmico".::>' popular, que vê no se;',:::-:':-sofrimento de um pO'.C e' visões equivocadas, a tL::-,::;- , para o fato de que Ele é o D:_ de redimir a humanidade: "Elias e Moisés"- poss": profetas", o Antigo Testar::ó"" que os dois homens tiverac-:',-ó Agora estão diante do D~'':' :-__ :-' _ dois têm importância sin;.: Ambos são mencionados :-:c: __' E é sabido que os judeus k Tanto Moisés como Elias :autoritarismo pagão (Fara:: ,~__, - : de ambos, ficou evidenc':c __, Suas promessas. A prese'-,;, , presença do reino de Deu' ,,_ , presença destes grandes respeito de Jesus. E nos le::- --Cristo. "Bom é estarmos aqui" de eternizar aquele momer::: que um momento assim de: Igreja, onde "Moisés e Fi.::' e apostólica; mas sobre tu: , =: Sacramento. "Bom é estarr:': : Santa Ceia, celebrada aqui. =l _ bom estar e, melhor que a-o> _ , "A Ele ouvi"- "comi:-,.:c": texto para os discípulos,:, :: diante do fato maravilhes: :.::-_ Cristo. Por vezes correm: sempre mais o ouvir a C',,:' :::-para a fé e renovação da c,,=;, Igreja Luterana - N° 2 - 1999 p:•• '5 EPIFANIA . :'oríodo de Epifania (ao qual •:,I1a. Na Epifania lembramos .:::~ mostra quem Jesus é - o ~,~.•io da Quaresma, mostrando : ~r" não é uma "vítima" das . -. ~r.amente os poderes, glória e ." Transfiguração de Jesus nos ", :,ria do "Deus na cruz é meu :~ parte de Marcos, que trata .~, Pouco antes, Jesus ouvira a ~.2 mOlte e ressurreição e falara r.:,,.amente prediz Sua morte e .', um momento de grande glória _; .:cém e à cruz. •.::Jrece imediatamente depois da .: :::isto e do reino. Uma observação ; iepois', serve de liame entre a •s que a transfiguração cumpriu a Tiago e João - foram testemunh,as :,articular da glória do reino de i Robert Gundry, Panorama do ~xplicações para as palavras de .~eição de Jesus; etc.). De qualquer ::e claramente o reino de Deus se :,[ :'ara outra forma", "transformar". :2 Co 3.18). Pedro interpreta esta cena como uma manifestação da "Sua majestade, ... honra e glória" (2 Pe 1.17). Em meio ao Seu ministério terreno, mostra aos discípulos Sua "glória como do Unigênito do Pai" (Io 1.14). É um momento passageiro, pois a missão está ainda por ser completada, na cruz e na ressurreição. Isto torna este momento ainda mais especial. É uma demonstração pequena e passageira da glória a ser revelada, depois da ressurreição e especialmente em Sua segunda vinda (Mc 13.26). Vivemos um tempo que combina paradoxalmente os exageros das idéias de um "Cristo cósmico", distante da verdadeira humanidade; e da religiosidade popular, que vê no sofrimento de Jesus simplesmente um exemplo para o sofrimento de um povo em busca de melhores condições de vida. Contra tais visões equivocadas, a transfiguração de Jesus - valorizado seu contexto - aponta para o fato de que Ele é o Deus-homem, vindo ao mundo com a missão específica de redimir a humanidade . "Elias e Moisés" - possivelmente ninguém mais representaria tão bem a "lei e os profetas", o Antigo Testamento, que testifica de Cristo e Sua obra. É significativo que os dois homens tiveram revelação de Deus sobre montes (Êx 24.15; 1 Rs 19.8s) . Agora estão diante do Deus humanado, em um monte. Vale lembrar também que os dois têm importância singular na perspectiva escatológica do Antigo Testamento. Ambos são mencionados nos últimos versículos do Antigo Testamento (MI4.4-6). E é sabido que os judeus levavam a sério a palavra sobre a vinda de Elias (Mc 9.11). Tanto Moisés como Elias proclamaram o reinar de Deus em meio a uma época de autoritarismo pagão (Faraó; Acabe), de ameaça contra a Igreja de Deus. Pelo ministério de ambos, ficou evidenciado ao povo que Deus reina, com poder e fidelidade às Suas promessas. A presença dos dois homens no monte da transfiguração marca a presença do reino de Deus na terra; não através deles, mas dEle, o Rei encarnado. A presença destes grandes homens de Deus do Antigo Testamento testemunha a respeito de Jesus. E nos lembram que precisamos ler o AT à luz da vida e obra de Cristo . "Bom é estarmos aqui" - a sugestão de Pedro, de fazer tendas, parece tentativa de eternizar aquele momento. Antes de criticá-Io, precisamos concordar com Pedro que um momento assim deveria ser eterno. A frase de Pedro se aplica ao culto da Igreja, onde "Moi sés e Elias" estão presentes na proclamação da palavra profética e apostólica; mas sobretudo, Cristo está presente, na Palavra, pela Palavra e no Sacramento. "Bom é estarmos aqui" é particularmente significativo no contexto da Santa Ceia, celebrada aqui, mas apontando para a Ceia celestial, onde será sumamente bom estar e, melhor que a transfiguração, será eterno! "A Ele ouvi"- "continuem a ouvi-lo", é o que diz o Pai. Este é o ponto alto do texto para os discípulos (e os leitores e ouvintes). Deus se dirige a nós, que estamos diante do fato maravilhoso da transfiguração. O que importa para a Igreja é ouvir a Cristo. Por vezes corremos o risco do ativismo. É preciso, no entanto, valorizar sempre mais o ouvir a Cristo. Em Sua palavra temos perdão dos pecados, alimento para a fé e renovação da alegria, esperança e amor. 247 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 PROPOSTA HOMILÉTICA lEMA D PRIMEIRO A importância da transfiguração de Jesus para a Igreja 1. Nos mostra quem Jesus realmente é 1.1 - nele o reino de Deus se faz presente 1.2 - é o Filho de Deus 1.3 - significativo: antes da paixão, a manifestação de Sua glória 2. Nos conclama a que ouçamos a Jesus, em qualquer situação 2.1 - a ordem do Pai: "a Ele ouvi" 22 - é isto que realmente importa em nossa fé - ouvir o que Jesus diz, na Sua Palavra 3. Nos dá uma idéia da maravilha que será o céu 3.1 - a manifestação de Pedro - "bom é estarmos aqui" 3.2 - diremos o mesmo no céu, onde cada momento será glorioso 3.3 - nós temos algo disto no culto - a presença de Jesus, na Palavra e Sacramento CONTEXTO O relato da tentação G::: evangelhos o apresentam l.;: intercala a tentação na ger, e ~ = ministério adulto, o Filho de =:'_ dizer que não tinha havid: c' • depois ( Mt 16.23; Lc 22, :~ tentativa de derrotar o :\le:: como o Salvador do mune: Gerson Luis Linden TEXTO E COMENTÚliC) Jesus foi batizado e prc~.'.: c.. dele e o capacitou com o pede:: encontrou-se com o inimigc - = V. 12: cu8uç; -"e logo - :::-:'c ação imediata, pressa. L::':, ctraz um sentido de urg~::. imediata. "Jesus é lanç::d: o enfrenta". Nas três versões da ter::.'._~· apenas, mas usa um termc Ci',_ mais suave: cxvllX8Y] - "fel le (4.1). São termos que ns.: .' EPllll0Ç - "para dentre .d· c:'. sem assistência, lugar Ou:.e ';; :' nenhum ser humano por t' e:-' com a tentação. Foram":' V. 13: nHpcxÇollEvoÇ - . solicitação real para a =-::.::' Isto mostra que não C:e:':-: Nossas tentações tahe:: ':' .•' é tentado pela sua pr6ç::~ :.:: 248 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA Marcos 1.12-15 12 de março de 2000 __: ~ .:leSua glória :.:alquer situação - que Jesus diz, na Sua Palavra ., :qui" será glorioso :" Jesus, na Palavra e Sacramento ::-,,:-,to CONTEXTO O relato da tentação de Jesus acontece no início de seu ministério, e os evangelhos o apresentam logo após o batismo, com exceção de Lucas, que intercala a tentação na genealogia de Jesus. Aqui, bem no começo de seu ministério adulto, o Filho de Deus luta contra o grande inimigo. Isto não quer dizer que não tinha havido ataques anteriormente, e sabemos que os houve depois ( Mt 16.23; Lc 22. 28). Mas este ataque foi algo de especial. Foi uma tentativa de derrotar o Messias, bem no princípio de sua atividade pública como o Salvador do mundo. Gerson Luis Linden TEXTO E COMENT.ÁRIO Jesus foi batizado e preparado para assumir a sua obra. Seu Pai agradou-se dele e o capacitou com o poder do Espírito Santo. Quando estava começando a agir, encontrou-se com o inimigo. Depois do batismo - a tentação. V. 12: Eu8uC; - "e logo - imediatamente", mostra a urgência, um sentido de ação imediata, pressa. Também o verbo: EK~aÀ,À,o- "lançado fora, expulso", traz um sentido de urgência, não há tempo a perder, exige urna ação imediata. "Jesus é lançado para fora, expulso para o deserto onde Satanás o enfrenta". Nas três versões da tentação de Jesus, a de Marcos é a menor, um resumo apenas, mas usa um termo muito forte: "expulso". Mateus já usa outro termo, mais suave: aVTlx8T1 - "foi levado até" (4.1) e Lucas usa: T1YE'W - "foi guiado" (4. 1). São termos que não mostram tanta dureza. EPTlIl0C; - "para dentro do deserto", lugar sem amigos, sem nenhum recurso, sem assistência, lugar onde se está a sós. Nota-se que deserto, solidão, estar só, nenhum ser humano por perto, somente animais selvagens, combina muito bem com a tentação. Foram 40 dias, exposto ao inimigo pior: Satanás. V. 13: TCElpaSOIlEvoC; - "sendo tentado, provar, testar", usado aqui para uma solicitação real para a prática do mal. O próprio Satanás veio testar a Jesus. Isto mostra que não devemos esperar caminho mais suave se formos fiéis. Nossas tentações talvez sejam diferentes, em outras formas, pois cada um é tentado pela sua própria cobiça (Tg 1.14). A tentação é real e potencialmente 249 ~ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 devastadora, se não contarmos com a ajuda do Espírito. Parte da tentação pode ter ocorrido na alma de Jesus, pois parte dela é interna. Exteriormente envolve as formas morais que nos circundam, isto é, forte desejo ou vontade de praticar o mal. Cada um de nós experimenta tentações todos os dias. Somos tentados para o mal por Satanás: Na falta de dinheiro, a fazer uso da desonestidade; na fartura, à cobiça; nos perigos, a confiar nas próprias forças; perante o fracasso, a desconfiar das promessas e ajuda de Deus. Somos tentados especialmente quando estamos no "deserto". Jesus precisa dominar o diabo e libertar a humanidade perdida da tirania dele. A vitória final e completa foi conseguida na cruz, com o grito "Está consumado!" Esta primeira batalha precisa ser vencido. pelo Senhor para que a profecia de Isaías 61. 1 possa ser cumprida: "libertação aos cativos, e a pôr em liberdade os algemados". No deserto, a tentação mostra Jesus em atividade redentora agressiva, isto é, Ele está perseguindo o diabo e não se defende ou simplesmente sujeito às tentações dele. O Pai o abençoa e tem seu prazer nele e em sua obra salvadora; o Espírito o impele para batalhar com o tentador; Jesus, voluntariamente, aceita esta sua imcumbência. Se a Trindade não o tivesse querido, Satanás nem poderia ter se aproximado de Jesus, muito menos tê-Ia tentado. O primeiro Adão é tentado e derrotado no jardim e perde o Paraíso. O segundo Adão é tentado e vence a batalha no deserto para nos reconquistar o Paraíso. V. 14: Depois que João foi entregue, Jesus voltou para Galiléia. Estabeleceu seu centro de atividades em Cafarnaum, importante cidade da região. Segundo os Evangelhos, daí por diante ele passou a pregar o Evangelho de Deus e a necessidade de arrependimento e de fé. K1lPU00õJV = proclamar como arauto o Evangelho de Deus. EUcx.yycÀ10V - as alegres novas da salvação que vem de Deus, ou, a Boa-Notíca do amor de Deus em Jesus. V. 15: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo, arrependeivos e crede no evangelho." Almeida Revista e Atualizada. "Chegou a hora, e o Reino de Deus está perto. Arrependam-se pecados e creiam na mensagem da salvação." B.L.H. dos seus "O tempo está realizado e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos crede no Evangelho." Bíblia de Jerusalém. Arrependimento é me~.::. não andar mais nos cai",;;_ evangélica, que descobre :õ :c:, a pessoa a Deus. Atn,\ ~o .=:c Deus em Jesus Cristo: cristão a bandonar seus: .::r', caminhos do perdão, da r:.:: _ Satanás é a nossa vitári.::, .:. porque "o tempo está cure:,:,:.:: fala: "Arrependa-se e :r:õ::c arrependimento e fé. e . PROPOSTA HOJ\1ILÉTIC-"~ O que nos dá poder '? É a vitória de Jesus sobre ~-"~ I - Para nos aITeper'::õ:' II - Para ter fé no E\.:::,,~:õ I - Sem a vitória ':::: escravidão não estaria g2L.;,: gratidão a Deus". Agora não andar mais segundo a :::.. 23), porque Jesus no li\Tc~ .=:c II - A Boa-Notícia é ass:õZ'~' sua primeira luta contra é proclamada e podemos cada ser humano que creia r:õs::: = de ter fé no Evangelho. ;::::_.0 fatos verdadeiros na em e por Cristo. Ela, já :;:: - l-LE"Ccx.VOEt"CE "mudança de mente, mudar de opinião". Na Bíblia a palavra arrependimento tem a conotação de "voltar." A necessidade de voltar se justifica porque o ser humano, por natureza, caminha em direção contrária a 250 Deus, para a perdição, p:u-:c quando sonega, mente. ':'::õ::c Igreja Luterana - N° 2 - 1999 :i do Espírito. Deus, para a perdição, para o inferno. Mesmo o cristão, seguidamente faz isso: quando sonega, mente, odeia, inveja, corrompe ... Parte da tentação ~:uce dela é interna. Exteriormente ~-,--;-,. isto é, forte desejo ou vontade Arrependimento é meia volta, andar em direção a Deus, e, conseqüentemente, não andar mais nos caminhos que são contrários a Deus. A fé bíblica é a fé evangélica, que descobre e aceita a Boa-Notícia. Ela é como um canal que une a pessoa a Deus. Através da fé, a pessoa recebe os benefícios do amor de Deus em Jesus Cristo: perdão, salvação e vida eterna. É ela que motiva o cristão a bandonar seus caminhos de egoísmo, traição, violência, c andar nos caminhos do perdão, da paz, do amor, da fraternidade. A vitória inicial sobre Satanás é a nossa vitória. O colapso total do reino de Satanás é inevitável, porque "o tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo." E Jesus ainda fala: "Arrependa-se e creia no Evangelho". Isto significa que Jesus requer arrependimento e fé. : ::.)s os dias. Somos tentados para c" uso da desonestidade; na fartura, ·~:J.s forças; perante o fracasso, a Somos tentados especialmente '? dominar o diabo e libertar a ~_'. final e completa foi consegui da ::sta primeira batalha precisa ser Isaías 61. 1 possa ser cumprida: _' os algemados". No deserto, a cDtora agressiva, isto é, Ele está simplesmente sujeito às tentações c e em sua obra salvadora; o Espírito _s. voluntariamente, aceita esta sua ~'Jerido, Satanás nem poderia ter se ;;-ltado. PROPOSTA HOMILÉTICA o que nos dá poder? É a vitória de Jesus sobre Satanás. ;.:' no jardim e perde o Paraíso. O no deserto para nos reconquistar I - Para nos arrepender II - Para ter fé no Evangelho voltou para Oaliléia. Estabeleceu 2um, importante cidade da região. e ele passou a pregar o Evangelho mento e de fé. 1S ::\'angelho de Deus. EuayycÀwv - as :eus, ou, a Boa-Notíca do amor de : de Deus está próximo, arrependei:Zevista e Atualizada. está perto. Arrependam-se , B.L.H. dos seus Deus está próximo. Convertei-vos I - Sem a vitória de Jesus sobre as tentações, a nossa libertação da escravidão não estaria garantida. Nem teríamos motivo para "Avançar com gratidão a Deus". Agora o nosso Senhor quer que tornemos da escravidão e não andar mais segundo a carne (015.19,20), mas segundo o Espírito ( 015. 22, 23), porque Jesus no livrou da lei do pecado e da morte (Rm 8.1- 4). II - A Boa-Notícia é assegurada e absolutamente verdadeira e cumprida. Na sua primeira luta contra Satanás Jesus saiu vitorioso. A Boa Nova, a Redenção, é proclamada e podemos "Avançar com gratidão a Deus." O que se requer de cada ser humano que creia neste Evangelho. A vitória de Jesus nos dá o poder de ter fé no Evangelho, porque o próprio Evangelho é o chamado dele. São fatos verdadeiros na proclamação de Jesus. Deus nos prometeu a vida eterna em e por Cristo. Ela, já agora, é nossa pela fé. e Edemar Zenkner Schroeder, se dar de opinião". Na Bíblia a palavra :;Itar." A necessidade de voltar se eza, caminha em direção contrária a 251 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 SEGUNDO DOMINGO NA QUARESMA Marcos 8.31-38 19 de março de 2000 CONTEXTO Este texto exibe um quadro novo na revelação de Jesus Cristo. O seu propósito é tornar inteligível o que significa ser o Messias e o que espera dos que querem segui-Io. A origem desta intenção está na confissão de Pedro em Me 8.29: "Tu és o Cristo!" Ao anunciar que no caminho da exaltação há os passos inevitáveis da humilhação, o ânimo e a coragem dos discípulos dão lugar ao vacilo e à confusão (8.32). Os discípulos recebem alimento sólido. Nas outras duas ocasiões em que Jesus faz declarações sobre a sua obra sacrificial (Me 9.30-37 ;10.32-45), ele aponta os passos da renúncia e da humildade também na vida cristã. TEXTO Ao associar este texto com a declaração de Pedro em 8.29, pode se concluir que a confissão por si só não é garantia de nada e insuficiente para estabelecer a fé cristã. Marcos traz Jesus mais perto de Jerusalém, onde o Filho do Homem cumprirá seu destino messiânico, enquanto Jesus conduz seus discípulos a refletirem sobre as dimensões desta missão, bem como das conseqüências em ser um cristão fiel. V. 31: O que Jesus somente havia proclamado de maneira velada (2.20) e que procurava esconder (1.44; 5.43; 7.36), mas que os demônios já sabiam (1.24; 3.11), agora é ensinado explicitamente. O Filho de Deus começa a instruir seus discípulos da necessidade de seu sofrimento, rejeição e morte. Na filosofia o verbo õEl, é necessário, expressa a necessidade lógica ou científica, além de exprimir obrigações religiosas ou éticas (Bromiley, Geoffrey. TDNT, p. 140). A paixão é a lógica de Deus e é a obediência irrestrita do Filho à vontade do Pai. Ao profetizar a iminente "tragédia", Jesus não está apenas fazendo um registro antecipado da história, nem prevendo um acidente de percurso, mas fornecendo a certeza de que os eventos relacionados com ele são aqueles que Deus Pai programou. Por trás do acontecimento histórico está um, às vezes imperceptível, plano de Deus. o FILHO DO HOMEM Este título de uso exclusivo de Jesus tem como pano de fundo Dn 7.13-14. Lá, o Filho do Homem é descrito como um ser celestial investido de autoridade, glória e cujo reino não tem fim. Só que esta figura recebe agora cores extremamente paradoxais. O homem da glória e domínio eterno se aproxima da vergonha e rejeição, uma aparente ruína, ainda que em seu vaticínio também transpareça a vitória. 252 V 32: O protesto de Pedr: uma incongruência enrr: .. _ discípulos desejam scgc::.f .. quando este líder falEiel" -: _ fazer sentido. Pedrc c:..'. incompatíveis com ".I.C., _::c .' curto, do conforto. e [eco: V 33: Jesus não explica, ne,' programação de Deus ..:~ tentativa de Satanás e i", c à sua entronização com: ::::.' .. de Deus, que tentar ir:.'pe'::-:." _ V 34: A audiência agora au:-:-.:'::C-. ~ Ao ehamar a multidãc-. ,':' _. relevantes para todos os::-,,:..'. . estende somente aos lid:'''' como salvador. Não é ;:q:::-:c.' :: (I Pe4.13-16; 1 Co 1. 26-: A CRUZ DO CRISTÃO A cruz do cristão pode ::" sofrimento do dia a dia. As::::-:vergonha, a fraqueza e a ind:.;' _ assim a cruz do cristão não c :c:: A imagem da cruz usada :,' tem como base as crucificaç.,,:: c: . de quem se dirige a esta exe.: ' •..'., " . '. 396). A cruz do cristão é dizer :.:.-'-,';: ..:se a uma vida humilde e de e:'::: .:-,,' , segui-Io, que devem estar r',,· vidas. Do "Eu" para "Deus" -. L:. Na análise sobre a teolc2'::~: o cristão sofre, aí é que a ;:::-: manifestam neste mundo" EV. 35: Jesus expõe em tra;>.~ em administrar de m3.:-=:~::.00(<..> é a preservaç?i e eterna. O primeir~ c::::::.' refere-se à perda pele. :._:, .'C discipulado pode resul-.:.: .~ perda que resulta em ge::-.'-.: -:.- Igreja Luterana - N° 2 - 1999 V. 32: O protesto de Pedro tem lógica do ponto de vista dos homens, pois ele percebe uma incongmência entre o Messias de 8.29 com a última afirmação de Jesus. Os discípulos desejam seguir um líder vitorioso e esperam ganhar com isto, mas quando estc líder fala em perder sua vida, esta expectativa desmorona, além de não fazer sentido. Pedra então tenta reprogramar os planos de Deus, pois eles são incompatíveis com suas esperanças e convicções. Ele deseja o caminho mais curto, do conforto, e tenta impedir o vergonhoso caminho da cruz. -• "JS Cristo. O seu propósito :le espera dos que querem ___ :='edro em Me 8.29: "Tu és o os passos inevitáveis da _.:gar ao vacilo e à confusão _.:tras duas ocasiões em que ~-';.30-37;10.32-45), ele aponta _.: :::ristã. V. 33: Jesus não explica, nem justifica; ele simplesmente afirma que a cruz está na programação de Deus. A "reprogramação" de Pedra é considerada como uma tentativa de Satanás em frustrar os eventos que conduzirão o Filho do Homem à sua entronização como salvador e juiz. A morte de Jesus é tão central no plano de Deus, que tentar impedi-Ia é fazer a obra do próprio Satanás. -n1 e:118.29, pode se concluir que _:-::::ientepara estabelecer a fé le :::Filho do Homem cumprirá ; iiscípulos a refletirem sobre __~:_=iasem ser um cristão fiel. maneira velada (2.20) e que demônios já sabiam (1.24; - ie Deus começa a instruir seus :ejeição e morte. Na filosofia o le lógica ou científica, além de u:"y, Geoffrey. TDNT, p. 140). A _;:rita do Filho à vontade do Pai. V. 34: A audiência agora aumenta, mas a mensagem é outra vez alimento consistente. Ao chamar a multidão, Jesus demonstra que as condições para segui-Io são relevantes para todos os cristãos. A exigência da auto-renúncia e da cruz não se estende somente aos líderes da igreja, mas a todos os que confessam Jesus como salvador. Não é apenas assistir, mas crescer na fé também no sofrimento (l Pe 4.13-16; 1 Co 1. 26-29; 2 Co 12.7-10 e 1 Pe 4.12). A CRUZ DO CRISTÃO A cruz do cristão pode ser mal entendida quando ela é identificada corno um sofrimento do dia a dia. Assim como a cruz em si não foi a cruz de Cristo, mas a vergonha, a fraqueza e a indignidade que o acompanharam na trajetória ao Calvário, assim a cruz do cristão não é qualquer at1ição, mas é o sofrer por amor a Cristo. lê __ e JS - está apenas fazendo um registro e:lte de percurso, mas fornecendo ::: ele são aqueles que Deus Pai . _ "stá um, às vezes imperceptível, pano de fundo Du 7.13-14. Lá, . 'nvestido de autoridade, glória e ::cores extremamente paradoxais. ~~J. da vergonha e rejeição, uma transpareça a vitória. _o, A imagem da cruz usada por Jesus para realçar o comprometimento do cristão, tem como base as cmcificações feitas naquela época. Tomar a cruz é o prelúdio cruel de quem se dirige a esta execução e cujo veredicto é inapelável (Just, Arthur A. p. 396). A cruz do cristão é dizer NÃO para seus desejos e SIM para Deus, submetendose a uma vida humilde e de auto-renúncia. Jesus estipula para aqueles que desejam segui-Io, que devem estar preparados para mudar o centro da gravidade em suas vidas. Do "Eu" para "Deus" (Ef2.3; 4.17). Na análise sobre a teologia da cruz de Lutero, Paul Althaus escreve que "quando o cristão sofre, aí é que a glória de Deus e o seu reino contraditoriamente se manifestam neste mundo" (Ethics of Martin Luther, p.34). V. 35: Jesus expõe em traços claras a ambivalência da vida e exibe toda importância em administrar de maneira sábia o aqui, para não ter prejuízo no lá. O primeiro o4>(w é a preservação física neste mundo, o segundo é a salvação espiritual e eterna. O primeiro O'lt~ÂÂUI-l-1. é a perda da vida eterna e o segundo refere-se à perda pela auto-renúncia por amor a Jesus e ao Evangelho. O discipulado pode resultar em perda na satisfação física e material, mas é uma perda que resulta em ganho real e eterno. 253 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Vv. 36·37: Uma grande verdade está condensada em duas simples questões retóricas. Jesus mede o absurdo de alguém dar preferência aos ganhos materiais c à segurança de sua vida terrena e ignorar a salvação providenciada por Deus. Rejeitar a vida eterna é experimentar a perda em seu sentido mais profundo, ainda que haja aprovação do mundo e sua vida seja permeada pelo conforto e segurança material. Estes versículos lembram as palavras do SI 49, em cujo contexto o salmista descreve o homem que falha ao procurar sua segurança nas riquezas materiais. O ganho máximo imaginável é o mundo todo (suas riquezas e o seu controle). Se isto fosse possível, na "balança" de Deus a vida de alguém ainda possuiria valor maior. Arthur Just, (p. 398) escreve que este sucesso no mundo poderia também ser aplicado do ponto de vista missionário. Just justifica que quando Jesus recebe os setenta missionários e eles vibram pelo seu êxito, Jesus recomenda que a alegria maior deveria estar no fato de que seus nomes estão escritos nos céus (Le 10.17-20). V. 38: Esta sentença revela toda a seriedade envolvida em negar a cruz. O caráter da perda agora é definida em traços eternos e definitivos. Este versículo complementa o v. 35 e especifica a perda e o ganho assinalados naquela declaração. Para a geração adúltera e pecadora (incrédula e infiel) e que se envergonha de Jesus valerá o "dente por dente, olho por olho": No dia do Juízo, é o Filho do Homem que se envergonhará dos envergonhados. PROPOSTA HOMILÉTICA O desafio deste texto é pregar o verdadeiro Cristo e o cristão autêntico. Muitos falsos profetas têm saído mundo fora a pregar conceitos estranhos sobre o Filho de Deus e sobre os cristãos. De Cristo se faz apenas um libertador terreno e a fonte da prosperidade material. Do cristão alguém que pode ter tudo o que ele sempre desejou ter na vida, especialmente sucesso material e pessoal. Por natureza a expectativa da maioria das pessoas é ser bem sucedido, alcançar a felicidade e a liberdade. O ser humano tem fascínio pelo conforto. A proposta de Jesus fere em parte esta esperança, pois no caminho de segui-Ia em fidelidade está a cruz, a renúncia e a humildade. Na cabeça de ninguém o sofrimento e o sacrifício são vistos como normais, muito menos como uma bênção, a não ser que a cruz de Cristo abra seus olhos e ele possa enxergar, com os olhos da fé, a glória presente e eterna, ao tomar a cruz por amor a Cristo e segui-Io sem olhar para trás. Anselmo Ernesto Graf! Barra do Garças, MT LEITIJRASDO DH SI 19.7-14 - O tÍtuL: evidentemente, caracteriza", .:. SENHOR" deve ser entendi,::.',_: - O motivo é óbvio: a lei não Te,:.:.. é própria do evangelho. A k: ,:::manual de Instrução de C:·.~ espiritual natural do ser hu:n_'f._ pelo evangelho é que pode e' pensamentos agradáveis r:.. rT. Rocha e seu Redentor. Êx 20.1-17 -O "locus~::,,, divina. Além de servir com: e' serve como norma/caminhe c=-__ evangelho do SENHOR. Ci':: comportamento exemplar ir: Te:' hipócrita; mas todo aquele quc ' ter certeza de que vive em "fel.:.. esperar com fidelidade a De'.:s cobra de Cristo em nosso fEl' < : n 1 Co 1.22-25 - Pregar :, C:-::. povo que a vida eterna é d.:..:.,:, realizou em nosso favor qu.:.:-,::espiritual natural nada sabe "cr não admite que Deus sej a De::: como espelho. Ignora o e\a':;:.: ainda mais: mesmo quandr .:. . por si mesmo atinar com ce'à revelação e não à filoscL:. S: loucura da pregação da sabe:i: :-::: TEXTO "Jesusvaiaotemplo"(BLH . '. (A Bíblia Anotada Ryrie): "Jes.:::~_ 254 _ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 duas simples questões ~"cia aos ganhos materiais _: providenciada por Deus. . êJ sentido mais profundo, J =,ermeada pelo conforto e "':davras do SI 49, em cujo ;oracurar sua segurança nas e . mundo todo (suas riquezas ::dança" de Deus a vida de escreve que este sucesso de vista missionário. Just "ionários e eles vibram pelo - J ê·· eria estar no fato de que seus _::}em negar a cruz. O caráter da e definitivos. Este versículo __ e :' ganho assinalados naquela ::: (incrédula e infiel) e que se -lho por olho": No dia do Juízo, envergonhados. ,to e o cristão autêntico. Muitos _-::eitos estranhos sobre o Filho de _; em libertador terreno e a fonte da Je ter tudo o que ele sempre desee =essoal. Por natureza a expectativa - .lI' a felicidade e a liberdade. O ser Je Jesus fere em parte esta esperan: :.i a cruz, a renúncia e a humildade. ::J são vistos como normais, muito .e Cristo "bra seus olhos e ele possa e eterna, ao tomar a cruz por amor a Anse/mo Ernesto Graff Barra do Garças, MT TERCEIRO DOMINGO NA QUARESMA João 2.13-22 26 de março de 2000 LEITURAS DO DIA SI 19.7-14 - O título deste salmo em ARA é bem apropriado. Os vv. 7-14, evidentemente, caracterizam a "excelência da palavra de Deus". A expressão "lei do SENHOR" deve ser entendida como "a palavra de Deus", o que inclui lei e evangelho. O motivo é óbvio: a lei não restaura o homem na presença de Deus, pois a restauração é própria do evangelho. A lei, como explica a pergunta n. 108 do nosso tradicional manual de Instrução de Confirmandos, apenas diagnostica a deplorável situação espiritual natural do ser humano, e o condena. Por isso, apenas quem foi restaurado pelo evangelho é que pode esperar em Deus e ser-lhe fiel, tendo no coração pensamentos agradáveis na presença do SENHOR, pois este passou a ser sua Rocha e seu Redentor. Êx 20.1-17 - O "Iocus classicus" do Decálogo nos faz pensar nas funções da lei divina. Além de servir como espelho revelador do problema espiritual humano, serve como norma/caminho em que andará todo aquele que foi restaurado pelo evangelho do SENHOR. Uma coisa é certa: nem toda a pessoa que apresenta um comportamento exemplar foi restaurada por Deus, pois pode tratar-se dum belo hipócrita; mas todo aquele que vive longe do caminho dos Dez Mandamentos pode ter certeza de que vive em "fel de amargura e laço de iniqüidade" (At 8.23). Portanto, esperar com fidelidade a Deus envolve duas coisas inseparáveis: a fé (confiança na obra de Cristo em nosso favor) e o amor (obediência, fidelidade a Deus). 1 Co 1.22-25 - Pregar a Cristo é muito escandaloso. Imagine só: anunciar ao povo que a vida eterna é dada aos que confiam no sacrifício que o Deus-Homem realizou em nosso favor quando morreu e ressuscitou. O homem em seu estado espiritual natural nada sabe nem quer saber disto. Pois o saber do homem natural não admite que Deus seja Deus. Não apenas ignora as conseqüências da lei divina como espelho. Ignora o evangelho, transformando-o em veneno (a graça barata). E ainda mais: mesmo quando a lei é-lhe anunciada, desesperando-o, não consegue por si mesmo atinar com o evangelho, pois a salvação no Cristo crucificado pertence à revelação e não à filosofia. Ser fiel a Deus, portanto, significa permanecer com a loucura da pregação da sabedoria de Deus. TEXTO "Jesus vai aotemplo" (BLH); "A apresentaçãodo Filhode Deus no templo em JelUsalém" (A Bíblia Anotada Ryrie); "Jesus purifica o templo" (Shedd): títulos complementares. 255 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Duas purificações do templo hierosolimitano? (Mc 11.15-18). É provável, pois os evangelhos sinóticos situam uma purificação do templo nos estágios finais do ministério de Jesus. Muitos eruditos, no entanto, sentem que ou aqueles ou João alteraram a ordem cronológica por motivos tópicos. Mas, não é inconcebível que Jesus tivesse iniciado seu ministério com um protesto contra a corrupção oficializada no templo, para servir de desafio ao arrependimento; tendo feito outro protesto, antes do seu padecimento, como previsão da destruição divinamente punitiva, que haveria de sobrevir a Jerusalém e ao templo em 70 d. C. (GUNDRY, R. Panorama do NT, p. 140, nota n. 12). V. 13 - Páscoa Uudaica): era uma das três grandes festas religiosas do povo do Antigo Testamento, sendo as outras Pentecostes e Tabernáculos. A páscoa comemorava a obra realizada pelo SENHOR (Javé), libertando seu povo no e do Egito. Na noite pascal Deus "passou por cima" das casas dos israelitas (não entrou para ferir), - pois haviam confiado na promessa divina - durante o episódio da morte dos primogênitos dentre homens e animais egípcios (Êx 12.1-29). Jesus foi à festa que comemorava anualmente aquela obra de Deus. A religião de Jesus é a do Deus do AT, mesmo que alguns boiolas moderninhos digam que o Deus do AT é muito duro, até cruel, e que, por isso nada teria a ver com o Deus de Cristo. (Jo 10.30; Jó 40.2; ls 45.9). V v. 14-17 - O pano de fundo da purificação do templo foi o fato de que animais e aves para os sacrifícios e holocaustos estavam sendo vendidos na área do templo (embora isto beneficiasse os peregrinos que, por causa da distância, não podiam trazer consigo os animais para os sacrifícios). Os cambistas trocavam moedas estrangeiras por judaicas, a fim de os peregrinos provenientes de outros países poderem comprar com "moeda sagrada" os referidos animais, ou para poderem pagar o meio siclo anual, que os judeus maiores de vinte anos de todo o mundo davam para a manutenção do templo. A única moeda aceita para o pagamento do meio sido era de Tiro, por causa da pureza de sua prata (BRUCE, EE João, p. 76). Jesus fazia objeções ao comércio nos recintos sagrados, reservados para seres humanos. Parece também que, além da profanação, os próprios preços e taxas de câmbio eram exorbitantes. E mesmo que não o tivessem sido, ou mesmo que os animais tivessem sido cortesia de Abraão ou Jacó, Cristo teria purificado o templo, pois o lugar dos adoradores não vinha sendo respeitado. Anás, o sumo-sacerdote, que controlava o dito esquema financeiro (GlJNDRY, idem.) deve ter começado ali as suas amabilidades contra Jesus. (Se Gundry tem razão, na raiz da crucificação de Jesus está o amor de Anás ao dinheiro). Vv. 18-22 - Quando os judeus questionam as atitudes de Jesus com perguntas do tipo: "Quem é você para fazer isso?", ou pior ainda: "Quem você pensa que é para fazer cantar o chicote aqui no templo?" - o Verbo de Deus responde com a promessa da Sua própria ressurreição, chamando seu corpo de santuário. E de cortesia ainda dá as dicas para desconfiarem de que havia chegado um novo 256 tempo, o tempo da r:: quem reunir-se-ão os ~:,- , com a mulher samari-,":: parabólico, evideno::.:-= queria arregimentar Se;,_,' que sucederia com ger.: e _ 21), como fica eviden=E E:-' 13 assim o Verbo de I:.::=,:.: também reflitamos. Mas. r::.~::. que para outra coisa não se: carregado de autojustiça. I:e autor do Salmo 19. Pois bem, Jesus! Que' Que animais irás chio deverão ser viradas? Que p:' _ tra o que fazes brandir o CiL ,-zelo se acender quando c 0::'.:- :. ,O que dirás dos nossos .,.::, homossexual penitente buso l.o ;" luterana, cujos ritmos e [OIZ:,,: , forma (linguagem, etc.) d: ',::: eclesiástica que se conver:E E-conosco, do clero, que 12"::= fórmulas doutrinárias corr: Opinião). Se o juízo há de: -:-que não obedece ao evange >,: __ VEMANÓSTAMBÉ"L VEM VEM VEM VEM 1.t~'-_~ PURIFICAR! COM O TEU ZEL _ COM O PODER =,~_ -:RESTAURAR, \ 'E>: - Igreja Luterana 15-18). É provável, pois nos estágios finais do - :~::-:-, que ou aqueles ou João , ::;s, não é inconcebível que _. :.craa corrupção oficializada lendo feito outro protesto, ~_ divinamente punitiva, que - GUNDRY, R. Panorama do _~, festas religiosas do povo do :' e Tabernáculos. A páscoa ._~ '. libertando seu povo no e do -. _ ias casas dos israelitas (não : 55adivina - durante o episódio -:..:s egípcios (Êx 12.1-29). Jesus _ c ,. oora de Deus. A religião de :2Smoderninhos digam que o : s:.. nada teria a ver com o Deus foi o fato de que animais e .:::' sendo vendidos na área do : s que, por causa da distância, ,:,:rifícios). Os cambistas troca- :..~)s peregrinos provenientes de ; :..;rada" os referidos animais, ou ,-,deusmaiores de vinte anos de A única moeda aceita para _Ja pureza de sua prata (BRUCE, -':: ::0 nos recintos sagrados, reser_ 21émda profanação, os própri~, E mesmo que não o tivessem _l' cortesia de Abraão ou Jacó, _ ::o's adoradores não vinha sendo - .: :lava o dito esquema financeiro ; Cjas amabilidades contra Jesus. ::e Jesus está o amor de Anás ao .ludes de Jesus com perguntas do .:. 'linda: "Quem você pensa que é - :..Verbo de Deus responde com a . "do seu corpo de santuário. E de :ie que havia chegado um novo - N° 2 - 1999 tempo, o tempo da nova aliança, o tempo do santuário do corpo de Cristo - em quem reunir-se-ão os filhos de Deus. (O assunto retoma quando Jesus conversa com a mulher samaritana: Jo 4.20-24). A resposta de Cristo apresenta um tom parabólico, evidenciando que Jesus queria que os judeus pensassem. Não queria arregimentar seguidores dentre candidatos de plantão, pois Ele sabia o que sucederia com gente do tipo "semente que caiu em solo rochoso" (Mt.13 .2021), como fica evidente em Jo 6.60-66). E assim o Verbo de Deus está diante de nós, esperando que efetivamente também reflitamos. Mas, nada das populares "gottseligen Gedanken"(pieguices), que para outra coisa não servem, a não ser para alimentar as vaidades dum coração carregado de autojustiça. Deverá ser um meditar agradável a Deus, como almeja o autor do Salmo 19. Pois bem, Jesus' Que o teu Espírito nos guie ao meditarrnos nas tuas obras' Que animais irás chicotear hoje em nossos templos e corações? Que mesas deverão ser viradas? Que gaiolas de pombas vens tu abrir em nossas igrejas? Contra o que fazes brandir o chicote no limiar do século XXI? Que situações fazem o teu zelo se acender quando compareces às festas do povo que se chama pelo teu nome? O que dirás dos nossos cultos, onde dificilmente vês uma prostituta ou um homossexual penitente buscar guarida? Que dirás dos hinos dos herdeiros da Reforrna luterana, cujos ritmos e formas jejuam rigorosamente em brasilidade? Que dirás da forma (linguagem, etc.) do nosso "Catecismo Menor"? O que dirás da disciplina eclesiástica que se converte em autoritarismo vingativo e humilhador? O que farás conosco, do clero, que tanto medo temos de pensar que preferimos papagaiar fórmulas doutrinárias como ventríloquos? (Cf. Mensageiro luterano, out/86: Opinião). Se o juízo há de começar pela casa de Deus, o que será do ímpio, daquele que não obedece ao evangelho de Deus? (1 Pe 4.17-18). VEMANÓSTAMBÉM,JESUSl VEM PURIFICAR! VEM COM O TEU ZELO AMOROSO! VEM COM O PODER DA TLJARESSURREIÇÃO! VEM RESTAURAR, VEM TRANSFORMAR! lvo Dreyer Schroeder, se 257 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 QUARTO DOMINGO NA QUARESMA João 3. 14-21 02 de abril de 2000 INTRODUÇÃO O Evangelho de João é diferente dos outros. Neste Evangelho Jesus é apresentado como a Palavra de Deus, o Verbo divino, que existiu desde a eternidade com Deus e que se fez um ser humano, mostrando assim o amor e a verdade de Deus. O autor diz que o propósito deste Evangelho é fazer que os leitores creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e que, por meio desta fé, tenham vida (20.31). Na primeira parte do livro, onde encontramos perícope de nosso estudo, o autor trata principalmente dos milagres de Jesus. Esses milagres são sinais, isto é, mostram quem Jesus é e a razão por que ele veio ao mundo. O maior dos milagres é a ressurreição de Lázaro, pela qual mostra que ele é ressurreição e vida. Outros milagres mostram que ele é pão da vida, luz do mundo, aquele que dá vida às pessoas e provam que Ele recebeu autoridade de Deus para julgar todos os seres humanos. Fala também de uma ligação que existe entre os seus seguidores e seus ensinamentos. A perícope a ser estudada encontra-se dentro de um bloco que poderíamos chamar de "O trabalho de Jesus na Galiléia e na Judéia" que vai do capítulo 2 ao capítulo 12 de João. DESTAQUES DO TEXTO ]. A perícope indicada para este dia contém a continuação do diálogo entre Jesus e Nicodemos, iniciado em João 3. 1 e ss. Um diálogo interessante do Mestre Jesus com um Mestre em Israel- Nicodemos, que segue o episódio da purificação do templo e as Bodas de Caná, extremamente didáticos para a igreja. O assunto principal começa com a necessidade de "nascer de novo". Nicodemos não compreendera o ensino sobre o novo nascimento. Jesus recorda um episódio que certamente estava registrado na mente de todos e de Nicodemos também: como os israelitas, na sua viagem pelo deserto, foram atacados por serpentes abrasadoras. Moisés intercede por eles junto a Deus, são orientados a mirar uma serpente de bronze e então ficariam vivos. A serpente erguida no meio do arraial é figura do Filho que seria levantado na cruz. Mirando a serpente - nova vida começar de novo. Começar de novo, superar dificuldades, vencer barreiras é possibilidade oferecida pela ação da graça divina. Com a graça divina, a pessoa humana pode iniciar nova existência. A propósito do lema para este ano, só a 258 graça divina possibiEre.:c direta e clara para os "carne", e não conseg:.:ó :':'. ingressar no Reino de D,,:.:: 2. O nascer de novo accr,r"tó clara ao batismo, que ~ 3. O resultado do nascer::" do texto. Vida eterna é _u comunhão do Pai, e é r:::':t =- . 4. João 3.16 é parte integr::r:ó .: evangelística, revelar,,::: auto-entrega de Cri,,: c::' _ que é amor verdadeir.: 5. Segundo João 3.16. seu Filho a este mune:. totalmente novo, pois J::,_: salvá-Ia. O amor de De_' -que Deus tinha para e:c . ::::.::. um determinado grur.~ :-:_ os que põem a fé nele. :- -o: a vida que é verdade i:" ::::::e.- = Deus. Perecer seria au~:: final para aqueles que s" ::::_ pecados" (João 8.2J. 6. A vinda do Salvadc:::_ ::::_' =-. contrastes. Vv. 19-2: ::'" - confiança em oposiç~. _ :._ exigir posicionamem:o .:' revelação. A conseqüêr::::. :.=: não ajunta, espalha" e a vinda da luz (Cristo) nete:;:.:-.-,--:-=-: com prazer dos que a e·.:~-:-. J' realmente são. Bem ae' g: .. = mal, amor e ódio, vida" ::::- -: PROPOSTAS HO.\ill.É TI C~...s Muitas sugestões homilé-:.::::.cJ . de conteúdo da perícope. Sé: .::-:"pregador a apresentação de :e=-:. e.- - _ objetiva e, ao mesmo temr' . obra de Jesus Cristo: Igreja Luterana - N" 2 - 1999 ~J.QUARESMA graça divina possibilita avançar à frente com gratidão a Deus. É mensagem direta e clara para os judeus, que dela tanto necessitam, pois vivem apenas na "carne", e não conseguem compreender que é "preciso nascer de novo" para ingressar no Reino de Deus. 2. O nascer de novo acontece com "o nascer da água e do Espírito", referência clara ao batismo, que é o 2° nascimento, isto é, o novo nascimento em Cristo. 3. O resultado do nascer de novo é a vida eterna, conteúdo central da mensagem do texto. Vida eterna é um dos nomes que tem a salvação. Aquele que vive na comunhão do Pai, e é nascido de novo, já tem "a vida eterna". ,: \'este Evangelho Jesus é ~'je existiu desde a eternidade :cssim o amor e a verdade de c ,'azer que os leitores creiam - -: meio desta fé, tenham vida ,;, :l-20pe de nosso estudo, o autor u:cgressão sinais, isto é, mostram :-:'jor dos milagres é a ressurreição _l c ,-ida. Outros milagres mostram :c:c vida às pessoas e provam que '; :s seres humanos. ::-,:re os seus seguidores e seus , ,-"ra-se dentro de um bloco que -:c Galiléia e na Judéia" que vai do . :ntinuação do diálogo entre Jesus :-:1 diálogo interessante do Mestre :;ue segue o episódio da purificação lc didáticos para a igreja. O assunto ::Jscer de novo". Nicodemos não .Cllento. Jesus recorda um episódio de todos e de Nicodemos também: certo, foram atacados por serpentes , a Deus, são orientados a mirar uma c serpente erguida no meio do arraial _z. Mirando a serpente - nova vida,rar dificuldades, vencer baneiras é :iivina. Com a graça divina, a pessoa :'opósito do lema para este ano, só a 0_' 4. João 3 .16 é parte integrante da perícope. Texto-chave, supra-sumo da mensagem evangelística, revelando toda a intenção amorosa e misericordiosa de Deus. A auto-entrega de Cristo revela todo o aspecto amoroso do Pai, ensinando-nos o que é amor verdadeiro. 5. Segundo João 3.16, o objeto da ação da graça divina é o mundo. Deus envia o seu Filho a este mundo. "Pelo amor ao mundo" é uma expressão que traz algo totalmente novo, pois Jesus não veio para julgar este mundo, mas sim, para sal vá-Ia . O amor de Deus não tem limites; engloba toda a humanidade. O melhor que Deus tinha para dar, Ele o deu - seu único Filho. Ele é dado não apenas por um determinado grupo de pessoas, mas foi dado para que todos, sem exceção, os que põem a fé nele, possam ser resgatados da destruição e abençoados com a vida que é verdadeira. Esta mensagem de salvação tem sua origem no amor de Deus. Perecer seria a outra alternativa além da vida eterna. Perecer é o resultado final para aqueles que se recusam a crer em Jesus. Perecer aqui é "morrer nos pecados" (João 8.24). 6. A vinda do Salvador ao mundo e sua mensagem trazem decisão e separação, criam contrastes. Vv. 19-21 trazem luz em oposição às trevas - vida em oposição à morte - confiança em oposição à desconfiança. A vinda do Filho, a sua mensagem vão exigir posicionamentos das pessoas. O homem tomará uma posição diante de revelação. A conseqüência deste posicionarnento será vida ou morte. "Quem comigo não ajunta, espalha" e "Quem não é por mim, é contra mim". Na visão do evangelista, a vinda da luz (Cristo) necessariamente envolve a separação daqueles que a recebem com prazer dos que a evitam por medo de que ela revele como eles e sua conduta realmente são, Bem ao gosto do evangelista, ele utiliza termos contrastantes: bem e mal, amor e ódio, vida e morte, salvação ejuízo, luz e escuridão, verdade e mentira. PROPOSTAS HOMILÉTICAS Muitas sugestões homiléticas poderiam ser arroladas, principalmente pela riqueza de conteúdo da perícope. Selecionamos algumas que, julgamos, oportunizará ao pregador a apresentação de uma boa mensagem, isto é, uma mensagem clara, direta, objetiva e, ao mesmo tempo, rica em conteúdo e reflexão e centralizada na pessoa e obra de Jesus Cristo: 259 Igreja Luterana - N" 2 - 1999 a) QUEM CRÊEM CRISTO 1. n. Não perece Tem a vida eterna a) DEUS ENVIA JESUS 1. Não para julgar o mundo Mas para salvar o mundo n. c) JESUSÉALUZDOMUNDO 1. n. o.: QUINTO TEXTO E CONTEXTO Para manifestar as obras dos que praticam a verdade Para julgar as obras dos que amam as trevas Walter José Mormello Esteio, RS Talvez a primeira reaç2c compreensivelmente, confe:-:~ _ promissoras. 5151.10-13, li'S.:: _ ~_ luterana, e Hb 5.7-9, comemi-: - ;; perfeitamente no espírito ds ':;_~ê Evangelho? Afinal, trata-se:::e respostas. Talvezjustameme "," tarefa é justamente fazer eSte t,:', À primeira vista, a perfc:c:oe : ,.~e: Jesus, ponto crucial da perícq:e e· para adorar no templo durame " :o.:c. . :' com André, André e Filipe f}l::::-: fossem duas perguntas nosyô :::_ê ponde? 2) A que pergunta Je'.' Os gregos C'EH7]lJfÇ - p,:', " pois estavam entre os que \1 e=-::: outra passagem dos evangeL-,:, ele pretende ir para os da que vêm até Jesus, como OC:e;;' "vejam, o mundo está indo ,c L _ê e primeiro foram os discípulcs:::e " Judéia (3.26), os samaritano:, ..:.~ (4.46ss), o povo da Transjords:-_.' Jerusalém (12.lls) - ou sej}, ::::: Claro, há exceções -Jesus é ,,':'O:::::::: ' esta rejeição atingira o seu clf:-:.::: o confronto toma-se inevit2', e' cmoKpívErctL lXurolç ' .. Filipe e André? Aos grego: :.: omitindo o objeto indireto fi' :_' caso os gregos teriam, eStfsn:::c::-,ê nunca deixa de receber os OC:e. 260 =-, Igreja Luterana - N" 2 - 1999 QUINTO DoMINGO NA QUARESMA João 12.20-23 9 de abril de 2000 TEXTO E CONTEXTO _:rn a verdade :::,\as Walter José Mormel/o Esteio, RS Talvez a primeira reação diante do texto do Evangelho para este Domingo seja, compreensivelmente, conferir as demais leituras sugeridas. Aliás, todas muito promissoras. S151.1 0-13, usado na liturgia, Jr 31.31- 34, que leva ao centro da teologia luterana, e Hb 5.7-9, comentário clássico sobre o sacrifício de Cristo, todos encaixam perfeitamente no espírito da quaresma. Diante de tantas opções, por que escolher o Evangelho? Afinal, trata-se de uma perícope que oferece mais perguntas que respostas. Ta1vezjustamente esta seja uma boa razão para escolhê-Ia - afinal, nossa tarefa é justamente fazer este texto falar para a Igreja! À primeira vista, a perícope parece não fazer sentido. Antes da declaração de Jesus, ponto crucial da perícope, é-nos dito que alguns gregos estavam em Jerusalém para adorar no templo durante a páscoa e pediram a Filipe para ver Jesus. Filipe fala com André, André e Filipe falam com Jesus ... e Jesus responde-lhes. Simples, não fossem duas perguntas nossas que o texto não responde: 1) Para quem Jesus responde? 2) A que pergunta Jesus responde? Os gregos ("EUi)VfÇ - provavelmente judeus da dispersão ou então prosélitos, pois estavam entre os que vieram para adorar durante a festa) só aparecem em uma outra passagem dos evangelhos: Jo 7.35, onde os judeus perguntam-se "será que ele pretende ir para os da dispersão, ensinar os gregos?" No entanto, são os gregos que vêm até Jesus, como que confirmando a observação dos fariseus no v. 19: "vejam, o mundo está indo atrás dele!" A busca de Jesus pelos gregos é climática: primeiro foram os discípulos de João (1.37), depois Nicodemos (3.1ss), o povo da Judéia (3.26), os samaritanos (4.30,40), o povo da Galiléia (4.45), o oficial do rei (4.46ss), o povo da Transjordânia (l0.40s), a multidão que viera festejar a páscoa em Jerusalém (l2.11s) - ou seja, todo o Israel e as nações buscam a Jesus (cf. Is 49.6). Claro, há exceções - Jesus é rejeitado pelos líderes religiosos (5.40; 7.48). Também esta rejeição atingira o seu clímax (11.47ss), deixando um clima tenso no ar, no qual o confronto torna-se inevitável. CnToKpívaca IXUro7.Ç (v. 23) - A quem Jesus dirige as palavras que seguem? A Filipe e André? Aos gregos que o buscavam? BLH tenta esconder a dificuldade omitindo o objeto indireto lhes. Aparentemente Jesus fala aos discípulos, mas neste caso os gregos teriam, estranhamente, desaparecido sem deixar pistas. Jesus, porém, nunca deixa de receber os que o buscam (cf. passagens acima): "o que vem a mim, de 261 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 modo nenhum o lançarei fora" (6.37). Além disso, o v. 29 sugere que há uma multidão ouvindo as palavras de Jesus, e podemos concluir que junto a esta multidão estavam os gregos, com quem Jesus falava. 'E,lríÂVeEV rí wpa (v. 23) - Por três vezes ouvimos que a "hora" ainda não havia chegado (2A; 7.30; 8.20). Mais duas referências à hora ter chegado são feitas adiante (13.1 e 17.1). A chegada da hora faz desta passagem um ponto chave do quarto evangelho (como Mc 8.27-9.1 no evangelho de Marcos). Até aqui Jesus revelara-se através de sinais para que cressem nele (Jo 2.11; 3.2; 20.29s); daqui para a frente, Jesus cumpre a sua missão e a explica para os seus discípulos. O círculo de discípulos, que até aqui crescia, parece agora reduzir-se aos doze. r50ç aaeíj (v. 23) - Este "ser glorificado" é a chave da perícope. Glória geralmente lembra poder, honra, majestade. Seria de esperar que Jesus dissesse estas palavras antes de entrar em Jerusalém, quando foi aclamado como o Messias. Ou então, que haveria mais aclamações pela frente, quem sabe a consagração pelos braços do povo. Mas nada disso acontece. Jesus não é honrado, mas acusado; não é revestido de poder, mas condenado pelos que detêm o poder. Esta aparente contradição é eliminada quando observamos as pistas que o contexto nos oferece. O víàç rou aVepW7TOV, em João, está ligado ao sacrifício de Jesus (3,14; 6A7-58). Ele não vem para receber honra, mas para dar a sua vida em favor do mundo (3,16), A seqüência das palavras de Jesus deixa isto muito claro: o grão de trigo precisa morrer, pois só assim dará muito fruto, Aliás, os vv. 24-26 fazem parte do discurso iniciado no v. 23, e o explicam; não deveriam ser omitidos na leitura do Evangelho. Portanto, a glorificação de Jesus é, paradoxalmente, também o início do seu sofrimento. É através da obra redentora de Cristo que Deus pretende ser glorificado, e também o Filho será glorificado após dar sua vida em resgate pelos pecadores. Não há glória sem passar pelo caminho da cruz; não há vida eterna sem abrir mão desta vida. Aqui desvela-se o conteúdo escatológico da passagem. A glória possui duas feces: diante do mundo, mostra-se como vergonha, fraqueza, derrota, aflição. Mas como isto é conseqüência da entrega total a Deus (15.19; ver SI 37.5; 2Co 8.5), Ele promete revelar o outro lado da moeda, onde há honra, força, vitória, júbilo - enfim, a mesma glória que o Filho recebeu em sua ressurreição. Então a lógica humana é invertida, e por isso Jesus responde aos gregos, que procuravam aquele que há pouco fora saudado com hosanas, não com promessas de novos sinais, mas com a necessidade de entregar sua vida, pois seu projeto não é de glória individual, mas uma glória em que muitos participam. Na reta final da quaresma, a nossa perícope ilumina boa parte da vida cristã. Estamos em uma contínua quaresma. E quaresma é tempo de buscar a Jesus - não apenas querer vê-Io, mas estar ao seu lado, seja nas tentações do deserto, seja no Gólgota, onde Cristo entregou sua vida, não em seu próprio interesse, mas para beneficiar a muitos. Assim como Jesus em Jerusalém, também vemos à frente o 262 caminho do sofrimento r dar muito fruto. Neste :2--:-:::-perguntas, mas não nos T2: nossa caminhada: a vit:'r:_. __ rumo ao qual avançamc', :-:-.;:-:_:_ PROPOSTA HOl\IILÉTIC. ~ Queremos ver a Jesus: Para que a sua jUSti'~il';:: Para que o seu sacrifí::: :-.. Queremos seguir a Jesu", Entregando nossa vida ,:êi:2 ::.__ Confiantes na salvaçã.:, - Queremos estar com JtsU5 No serviço aos peque!':::- . ; Na glória eternajunw a: -:::.. Igreja Luterana - N° 2 - 1999 _;êre que há uma multidão : "esta multidão estavam : _ê " "hora" ainda não havia . :egado são feitas adiante _.... ponto chave do quarto .-'~téaqui Jesus revelara-se ~ :9s); daqui para a frente, : _. 's. O círculo de discípulos, _ rerícope. Glória geralmente . êSUS dissesse estas palavras , . ::,',c· o Messias. Ou então, que . 'nsagração pelos braços do r:,as acusado; não é revestido :bservamos as pistas que o '::. está ligado ao sacrifício de . -r::. mas para dar a sua vida em _ c • esus deixa isto muito claro: o .. fruto. Aliás, os vv. 24-26 fazem _cr '":io deveriam ser omitidos na caminho do sofrimento por causa do Evangelho, onde entregamos nossa vida para dar muito fruto. Neste caminho podemos não ter resposta para todas as nossas perguntas, mas não nos faltará o essencial, se não perdemos de vista o destino de nossa caminhada: a vitória, já conquistada para nós por Jesus, horizonte sereno rumo ao qual avançamos com gratidão a Deus . PROPOSTA HOMILÉTICA Queremos ver a Jesus! Para que a sua justiça revele o nosso pecado Para que o seu sacrifício nos purifique de todo pecado Queremos seguir a Jesus! Entregando nossa vida para que dê frutos em favor de muitos Confiantes na salvação conquistada na cruz de Cristo Queremos estar com Jesus! No serviço aos pequeninos deste mundo Na glória eterna junto ao Pai Gerson L. Flor Vila Progresso, Vem Cruz, RS '.;:' é. paradoxalmente, também o . r:: de Cristo que Deus pretende .. : s dar sua vida em resgate pelos ia cruz; não há vida eterna sem _ r.lssagem. A glória possui duas '::. fraqueza, derrota, aflição. Mas 15.19; ver SI 37.5; 2Co 8.5), Ele : rira, força, vitória, júbilo - enfim, ::reição. Então a lógica humana é '. que procuravam aquele que há -r.essas de novos sinais, mas com a ê,J não é de glória individual, mas , ilumina boa parte da vida cristã . .:: é tempo de buscar a Jesus - não '. nas tentações do deserto, seja no "', seu próprio interesse, mas para :salém, também vemos à frente o 263 Igreja Luterana • N° 2 - 1999 DoMINGO DE V. 33 - Aqui não se trata=-~ - ~ poupado de real sc:-~c:~:,- RAMos escapando da morte. humano, sentindo Marcos 14.1 - 15.47 ou 15I39 16 de abril de 2000 CONSIDERAÇÕES fKeaf.1f3fL aem CONTEXTUAIS EXEGÉTICAS E HOMILÉTICAS SOBRE O TEXTO Ao estudar e abordar este texto, o pregador pode fazer, para si e para sua comunidade, um paralelo com a palavra de Deus a Moisés: "tira os teus sapatos de teus pés, porque o lugar em que tu estás é terra santa (Êx. 3.5). Encontramo-nos em solo santo: a luta de Jesus no horto. V. 32: "Chegaram a um lugar chamado Getsêmani". O texto paralelo de Lucas acrescenta a idéia de que Jesus foi para este lugar "como de costume" (22.39). Ele não se esconde, mas procura o lugar de recolhimento para a comunhão espiritual com seu pai, também, e especialmente, neste momento, pois no lugar costumeiro pode ser achado (vejaJo 18.1-2). Sabe que o amigo traidor já está cumprindo seu desígnio. Não desvia da perspectiva da dor e do sofrimento, mas a encara de frente. Ela é pessoal, ela acena a morte, passagem a ser sofrida individualmente. Por isso, a oração decisiva, a batalha decisiva é travada a sós. Aos discípulos, cuja vocação sempre foi a de "ficarem com ele" (Mc 3.14) diz: "Sentem-se aqui, enquanto vou orar". Eles vão abandoná-Io (v. 27). Até os três mais chegados o deixarão só. Jesus deverá beber sozinho o cálice do sofrimento e da ira divina. Ele sabe disso. 264 KC:: ~~: ~ se de pavor e tristeza j~ "cc~ e aflição". E o senti::-.':;.- _ Escolhemos desta perícope o trecho de Mc 14.32-37: Getsêmani. O episódio é precedido pela ceia de páscoa que Jesus e os discípulos celebraram, e pela revelação da nova aliança no sangue de Cristo, explicitado na instituição da Santa Ceia. Depois de terem cantado hinos de louvor, vão para o monte da Oliveiras, sendo que Marcos relata a conversa que os discípulos tiveram com Jesus no caminho: Jesus avisa e adverte-os, especialmente Pedro: na hora da decisão todos o abandonarão. Ele estará só. E nesta solidão encontra-se a maior mensagem e consolo não só para a comunidade cristã, como também para todo homem que reconhece não poder vencer a sua vida (e sua morte) por si só. A luta derradeira de Jesus em favor de todos nós ocorreu aqui: a aceitação do destino que lhe é reservado, é conquistada aqui com tremor, suor e lágrimas. O relato subseqüente da prisão, condenação e crucifixão é a confirmação gloriosa da aceitação voluntária de Jesus de descer aos abismos insondáveis do sofrimento e da oblação pelos seus irmãos "fracos na carne" e pecadores. "A cruz é glorificação do amor de Deus no mundo [...] Morte e ressurreição são apenas duas faces de um mesmo acontecer de amor; a glória manifesta da páscoa, já se acha na glória velada da sexta-feira santa, como a coluna de Deus no deserto, que aparecia ora obscura ora brilhante" (von Balthazar, p. 43). CONSIDERAÇÕES j~,_; espiritual. O que o a:::~,:,,;c poder de Satanás, a"'::';. - - _ - ~ execução por crucifi.\:'.c ~ c o peso incalculável de':" a~ = _ V. 34 - Esta é a tentação:::: c -a. -_ Jesus ecoao Salmo 4.2:? ~~ ~ mim?"VejaJo 12.27. ~-',-,::a:::.' apoio e referência, cc::-:.: Eloí, Eloí: "Deus meu. [t:--':-;no momento de tent::.;3.: escrito" (Mt 4). Que para palavras ou estro: e, = _ Não podemos deixar d: ~~~._ tanto a humanidade qu,,:-. "ofereceu com forte clam::-:, .. C· morte" (Hb 5.7), conhece,: ::. dos seus irmãos. E por iss: :,,:-;-"Ficai aqui e vigiai" é um:' :~. mal procuram conquistar,: .c Nesta situação, somente::. c'..:,: hora é Deus quem está li: ::__. oração. D. Bonhoeffer q: .~~ tentação, a saber, permanecê: . que nos conserve firmes C' ; V. 35 - Os judeus costUITa-: se em terra". f7TW:-f" Ó·. chão, com o rosto na te:: c. ,: raras vezes esta imag,::-.~" - ::__ . uma Imagem do Jes:.:s c'..:: : caminho da cruz. A realidade. Pois este fel,,:: c:' Jesus não enfrentou se __ :' ~:da incerteza, da tenta;3.: águas turbulentas e::.:: ", tenha-se como pano=-,: ~_~_ . vem do pai, com queT "l:~c Igreja Luterana - N° 2 - 1999 _: - Getsêmani. o episódio é : O':O' braram, e pela revelação - :_::~ãoda Santa Ceia. Depois _ : -'-=.h-eiras, sendo que Marcos --: ., no caminho: Jesus avisa e _ ~: todos o abandonarão. Ele :5O'm e consolo não só para a reconhece não poder vencer _ -. _" Jesus em favor de todos nós :--::do, é conquistada aqui com : ~:. condenação e crucifixão é a .: -O'sus de descer aos abismos ,,_, irmãos "fracos na carne" e - _ :::undo [..,] Morte e ressurreição :O' :lmor; a glória manifesta da _ ; -,-[':t:t. como a coluna de Deus no : '-,Balthazar, p. 43). __ c - • :';' = ITLÉTICASSOBREOTEXTO -: pode fazer, para si e para sua .: ::\loisés: "tira os teus sapatos de _::.-}(Êx. 3.5). Encontramo-nos em o texto paralelo de Lucas acrescenta =:: de costume" (22.39). Ele não se . : para a comunhão espiritual com seu '.::. pois no lugar costumeiro pode ser -:::dorjá está cumprindo seu desígnio. ::':lento, mas a enCara de frente. Ela é - sofrida individualmente. Por isso, a :: a sós. Aos discípulos, cuja vocação . diz: "Sentem-se aqui, enquanto vou :ês mais chegados o deixarão só. Jesus : e da ira divina. Ele sabe disso. V. 33 - Aqui não se trata de nenhuma tristeza romântica de um herói de filme, herói poupado de real sofrimento e assegurado de sua vitória soberana no final, escapando da morte. Jesus de Nazaré trava aqui um combate autenticamente humano, sentindo o pavor e a angústia que a situação lhe inflige, DPxcao heaflf3n cem Km á(57)flováv(Vulgata: et coepit pavere et taedere). Trata-se se de pavor e tristeza, de adrenalina, tremor e angústia. Na TLH: "grande tristeza e aflição". É o sentimento de ameaça contra a própria integridade física, moral e espiritual. O que o ameaça? O fardo das transgressões e culpas humanas, o poder de Satanás, a vergonha moral das acusações e zombarias, os horrores da execução por crucifixão, e a violência da morte. Na espera do que está para vir, o peso incalculável desta ameaça pressiona seu espírito com toda intensidade. V. 34 - Esta é a tentação da qual falam os Salmos do povo de Israel. Nas palavras de Jesus ecoa o Salmo 42: "Porque estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim?" Veja Jo 12.27. As palavras da Escritura são, também nesse momento, lugar de apoio e referência, como o serão no ponto culminate desta situação quando gritará o Eloí, Eloí: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (SI2). Ou seja, também no momento de tentação, sofrimento, medo e dor Jesus se coloca debaixo do "está escrito" (Mt 4). Que riqueza têm aqueles que podem apelar, em momentos críticos, para palavras ou estrofes aprendidas e meditadas dura.llte a vida! Não podemos deixar de fazer referência aqui à palavra de Hebreus, que enfatiza tanto a humanidade quanto as tentações de Jesus (Hb 4.15; 2.17s). Jesus, que "ofereceu com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte" (Hb 5.7), conhece e compreende, por experiência, toda a tentação e fraqueza dos seus irmãos. E por isso também pode Ihes fornecer amparo e socorro (Hb 2.18). "Ficai aqui e vigiai" é um aviso: chegou a hora da tentação, em q.ue os poderes do mal procuram conquistar e dominar Jesus e os discípulos. É exõrtação à oração. Nesta situação, somente o que ora pode subsistir (Lc liA). Porque também nesta hora é Deus quem está no poder, e vem ao encontro daquele que o procura em oração. D. Bonhoeffer (p. 69): "Há um único comportamento do cristão diante da tentação, a saber, permanecer vigilante contra o inimigo astuto e orar a Deus para que nos conserve firmes em sua palavra e sob sua graça". V. 35 - Os judeus costumam orar de pé. Chama a atenção o fato de Jesus "prostrarse em terra". fTTL1TTfV fTTL T~Ç y~ç "Caiu por terra". Talvez esteja estendido no chão, com o rosto na terra e os braços estendidos, repleto de dor indizível. Não raras vezes esta imagem tem parecido contraditória, para alguns, em relação a uma imagem do Jesus que enfrenta onisciente e onipotente o seu destino e o caminho da cruz. A imagem de um homem sobrenatural. Elevado acima da nossa realidade. Pois este relato de Getsêmani nos foi legado para nos lembrar de que Jesus não enfrentou seu destino ao abrigo das ondas do sofrimento, do medo, da incerteza, da tentação. Pelo contrário, ele atravessou todas estas ondas e águas turbulentas e turvas. Atrás de cada palavra confiante sobre sua paixão, tenha-se como pano de fundo esta luta no horto. Sua confiança 'somente lhe vem do pai, com quem "luta" em oração, prostrado no chão. 265 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Jesus também não quer sofrer e morrer, como nós não o queremos. "Se possível", aquela hora devia lhe ser poupada. Ele treme diante da morte tal como ela é, e como a teremos de enfrentar. A morte não pode ser descrita, o que dela dizemos não é a verdade total. Cfe. Schabert (p. 290), muitos céticos têm ironizado a atitude de Jesus, comparando-a a outras mortes na história, muito mais "corajosas" e "serenas", e por isso mais "exemplares". Cita-se o filósofo Sócrates: condenado à execução, conversava serenamente com seus amigos enquanto bebia o veneno, e quando seu corpo foi tomado pela rigidez da morte, ainda exclamou: "Ó Criton, estamos devendo um galo a Asklépio!" Significa que ele considerava que .estava sendo "curado da doença da vida", não querendo esquecer o sacrifício de gratidão, aos "deuses", ao morrer e ser assim "curado". Existe um morrer assim? Certamente que sim. Umjovem que vai à batalha, pode ter outra atitude do que um homem que sabe o que se passa lá fora. Alguém cuja consciência foi iluminada pela palavra de Deus, e cujos olhos foram abertos para ver o que significa a morte, não pode voltar à serenidade de um filósofo ateu face à morte. Por que a maioria de nós não pode morrer como Sócrates? Porque sabe o que significa a morte. E, no entanto, nosso saber empalidece diante daquilo que Jesus sabe dela, e especialmente de sua morte. Por isso está deitado no pó do jardim Getsêmaní, e sua alma tomada de pavor. Mas aqui está o consolo do texto: não é isto puro evangelho para nós, o fato de Jesus ter enfrentado assim a morte, e não como Sócrates? É evangelho o fato de ser descrito aqui cruamente o que é a morte. É evangelho porque aquele que está enfrentando assim esta nossa morte é Jesus. Aquele que tomou sobre si nossa dor, nosso pavor, nossa transgressão. Só assim podemos realmente suportar a verdade sobre a morte. Este relato é evangelho para nós porque Jesus não teve de suportar o que o espera, mas porque ele voluntariamente enfrentou o que o espera. Na obediência ao Pai, no amor por seus irmãos e irmãs. Não é sua culpa que o joga ao chão, é nossa culpa. Por isso podemos enfrentar a morte consolados: a sua morte é vicária: ela inclui a nossa. Nosso morrer, um dia, estará incluso neste seu morrer. O que é também garantia do ressuscitar, conforme sua promessa. V. 36 - Aqui temos descrito o conteúdo da oração. Primeiro "Aba". A forma síria ou aramaica para "pai". O "Aba" de Jesus passou para as orações das comunidades de língua grega, Rm. 8.15, Gl. 4.6. Ele, Jesus, é o único filho. Veja 1.1 e Mt 5.9; 6.9. O filho é submisso à vontade do pai, como exemplo para nós. Na vontade do pai há vida. Fora dela, toda vida só é máscara da mais profunda e definitiva morte. Quanto à vontade do pai: 3.35; Mt. 6.10: sua vontade significava aqui para Jesus o cálice da ira divina e da morte. O paradoxo é que nesta morte está sua vitória para todos. Ela leva à vida plena, ela possibilita para nós comunhão com Deus desde já, e perdão total. Ele gritou o "Eloí, Eloí. .." (15.34) e o "por quê" clamores que subiram e sobem aos céus na história da humanidade devido ao mal, à injustiça, à doença, à fome, à guerra, ao pecado -, para que nós pudéssemos aprender um novo clamor: o "Aba", que brota de um coração filial, confiante diante da vida e da morte. V. 37 - "Voltando, achou-os dormindo". Não há melhor ilustração para o fato de Jesus ter enfrentado a sós o seu destino. Ele carrega e "suporta" seus próprios 266 discípulos adormecido' deixaram só, na hora de _ fizemos por ele, ele tudo ·c Mas a nós é dada esta ::-c.: ~ praticar a oração e a subm:, o': invocação, a terceira petiçãc. ~ -' _ . segundo a carta aos Hebreu,. : : provação, o teste da fidelidad~ -' 13.14. É somente na teIL';, ~. "aperfeiçoado", Hb 5.9. Em comunhão com ele,:, ê podemos viver vida vigilant~ ~ _ enfrentaremos nossa própr:a e tremor está incluso no de J~,;.:' Oração: Senhor Jesus Cris" aceitaste a vontade de Deus r.C .:- __ me sempre de que tu não és.::-um senhor e pastor sofredor _:-:- c me para que eu não procure .:u Preserva-me de pastores (j'.:e :-:-.e _ não confunda tua cruz com ':-:''',_ com conselhos dos homens. L'>da cruz. Eu te agradeço ;:-::- ,eI:' sofrimento, a todos quanto, r PROPOSTA HOMILÉTIC.-\ A oração do Senhor no e.o' , foi solitária: ele orou. cs d:, r foi foi foi foi foi humilde: ele caiu por'::-:- c .:_de confiança filial: """'=':- .: séria: ele orou, lutand' . : - _ perseverante: orou -:.~; . _. submissa à vontade d~ =- o Literatura - Balthazar, Hans Urs \0, Sul: Paulinas, 1969. - Bonhoeffer, Dietrich - 1968. - Dietzfelbinger, Herrra;:r. ser Verlag, 1956. - Grundmann, \Valter. D.re ~ _ zum Neuen TestamenT. \. ''. - Igreja Luterana . N° 2 . 1999 - :;ueremos. "Se possível", : ~:etal como ela é, e como eue dela dizemos não é a -nizado a atitude de Jesus, discípulos adormecidos nesta hora. Eles nada podem fazer. Nada fizeram. O deixaram só, na hora do choque e do escândalo, cf. Zc 13.7. Nós todos nada fizemos por ele, ele tudo fez por nós. :Jrajosas" e "serenas", e condenado à execução, :~: J o veneno, e quando seu Criton, estamos devendo : ce .estava sendo "curado da Mas a nós é dada esta palavra de exortação: "vigiai e orai". Nele, podemos praticar a oração e a submissão ao pai. Sua oração estrutura-se no "pai nosso": a invocação, a terceira petição, e a última petição (tentação). Esta, cf. v. 38, caracteriza, segundo a carta aos Hebreus, como também Lc 22.28 e 4.13, toda a vida de Jesus. A provação, o teste da fidelidade dos servos de Deus, cf. Gn 22.1; Êx 20.20; Dt 8.2,16; 13.14. É somente na tentação que o filho se torna "obediente", Hb 5.8, e "aperfeiçoado", Hb 5.9. :' ce gratidão, aos "deuses", ao -- ~eramente que sim. Umjovem -:-:',emque sabe o que se passa ::.-:--,-lavrade Deus, e cujos olhos _ -:-:je voltar à serenidade de um :'.: pode morrer como Sócrates? :-,c sso saber empalidece diante ::',erte. Por isso está deitado no ~~.Mas aqui está o consolo do ::e Jesus ter enfrentado assim a _c ser descrito aqui cruamente o c c:-,- enfrentando assim esta nossa : - -..:sso pavor, nossa transgressão. _ ::.::.e sobre a morte. Este relato é ~-:-_-tar o que o espera, mas porque .::. c,bediência ao Pai, no amor por ~-'--,-Jchão, é nossa culpa. Por isso _: rIe é vicária: ela inclui a nossa. -- :-:-rer.O que é também garantia do Primeiro "Aba". A forma síria ou -..-.para as orações das comunidades e e único fílho. Veja 1.1 eMt5.9; 6.9. . \emplo para nós. Na vontade do pai J-,- mais profunda e definitiva morte. sua vontade significava aqui para c::radoxo é que nesta morte está sua : possibilita para nós comunhão com Eloí, Eloí..." (15.34) e o "por quê"J história da humanidade devido ao ::'J pecado -, para que nós pudéssemos -rJta de um coração filial, confiante : há melhor ilustração para o fato de :le carrega e "suporta" seus próprios Em comunhão com ele pela fé, e no santo sacramento da Ceia e do Batismo, podemos viver vida vigilante e submissa ao pai, neste mundo, até a hora em que nós enfrentaremos nossa própria morte, orando e submissos, sabendo que nosso temor e tremor está incluso no de Jesus, que foi, suportou, e venceu. Oração: Senhor Jesus Cristo, eu te agradeço porque tu te deixaste ferir, e porque aceitaste a vontade de Deus na cruz. Agradeço-te pelo teu sim para a cruz. Lembrame sempre de que tu não és um senhor que esquivou-se do sofrimento, mas que és um senhor e pastor sofredor, um senhor e salvador na cruz e através da cruz. Ajudame para que eu não procure um pastor que me ofereça outra coisa do que tua cruz. Preserva-me de pastores que me apresentam caminhos enganadores, para que eu não confunda tua cruz com pensamentos humanos, com sabedoria deste mundo, e com conselhos dos homens. Dá-me o teu Espírito Santo, que me ensine na sabedoria da cruz. Eu te agradeço por seres meu único pastor, que aperfeiçoas, pelo teu sofrimento, a todos quantos confiam somente em ti. Amém. PROPOSTA HOMILÉTICA A oração do Senhor no Getsêmani: foi solitária: ele orou, os discípulos dormiam foi humilde: ele caiu por terra diante de Deus - SI. 22.6 foi de confiança filial: Abba, meu pai. foi séria: ele orou, lutando com a morte - Lc. 22.44 foi perseverante: orou três vezes foi submissa à vontade de Deus Pai. Literatura - Balthazar, Hans Urs von. O cristão na hora decisiva. C. Ferrário, trad. Caxias do Sul: Paulinas, 1969. - Bonhoeffer, Dietrich. Tentação. E. Bernhoeft, trad. Porto Alegre: Metrópole, 1968. - Dietzfelbinger, Hermann. Gottes Weg zum Kreuz im Alten Bund. München, Kaiser Verlag, 1956. - Grundmann, Walter. Das Evangelium nnch Luka.s. Theologischer Handkommentar zum Neuen Testament. VoI. m. Berlin: Evangelische Verlagsanstalt, 1984. 267 Igreja Luterana - N° 2 . 1999 - Johnson, John F. Abandoned by God? Concordia Joumal, voI. 20, n° 1 (January 1994),57. - Pannenberg, Wo1fuart. Systematische Theologie. Vo12. Gottingen, Vandenhoek & Ruprecht, 1991. - Schabert, Amo1d. Das Markus-Evangelium. Eine Auslegung fÜr die Gemeinde. München: Claudius Verlag, 1964. - Schniewind, Julius. pas Evangelium nach Markus. Das Neue Testament Deutsch. VoI. 1. Gottingen: Vandenhoeck&Ruprecht, 1958. DI'. Manfred K. Zeuch Canoas, RS ~.; .. St:"VT~· CONTEXTO O apóstolo João onli:~ Jesus. O julgamento foi ~;:~_ ada: morte de cruz! A m,=:-:;:~ ::: da apenas aos piores crim::', .: . não em suas mãos, mas::';: _=' . :, execução da sentença, nc ~~, conforme o costume da sempre presentes em tais: . .:.:.. TEXTO V. 17 - Jesus carregou a ,-' não menciona a ajuda =;: :: dos outros evangelhc' ou o lugar da caveir' -. chamada de Gólgota V 18 - Ele foi crucificad eram culpados dest.;:s = -' Jesus se tornou um :I.o:='~. Ele tomou sobre si a =_ que pode existir, a :I. .o::::=~ nós pudéssemos ser s.::::.' Vv. 19-22- Depois que J;:s..:: discussão a respeito d.-=., . Nazaré, o Rei dos Jud;:.:' . em hebraico-aramaic,r, :::'':;:, a língua do comércio. e ~~, :.o_=sacerdotes reclamaran-: r ., da cidade e todos parecia que havia sid= ~_~ Apesar de toda a reclarr' , " __ algo normal, pois onde ele o fazia. Mas também ,<,_ rr~ _ de Deus que este título p;::-r: crucificado pelos judeus ere, ~_ 268 , _ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 . \01. 20, n° 1 (Janu_ =:',ningen, Vandenhoek SEXTA-fEIRA Z'ingfiirdie Gemeinde. João 19.17-30 21 de abril 2000 -_\-eueTestament Deutsch. Dr. Manfred K. Zeuch Canoas, RS DA PAIXÃo CONTEXTO O apóstolo João omite os insultos e crueldades que os soldados infligiram a Jesus. O julgamento foi realizado conforme o costume e a sentença fora pronunciada: morte de cruz! A morte mais vergonhosa conhecida entre os romanos, aplicada apenas aos piores criminosos. E assim Jesus foi entregue aos líderes dos judeus, não em suas mãos, mas de acordo com a vontade deles para ser crucificado. A execução da sentença, no entanto, fora entregue aos soldados que a executaram conforme o costume da época, com todo o requinte de crueldades e indignidades sempre presentes em tais ocasiões. TEXTO V. 17 - Jesus carregou a sua cruz até, humanamente, lhe faltarem as forças. João não menciona a ajuda de Simão, o Cirineu, pois este fato era conhecido através dos outros evangelhos. A crucificação ocorreu num lugar chamado de Cal vário, ou o lugar da caveira (por causa do seu formato), que na forma aramaica era chamada de GÓlgota. V. 18 - Ele foi crucificado entre dois malfeitores. Homens que cometeram crimes e eram culpados destes crimes cometidos e mereciam a pena de morte. Assim Jesus se tornou um malfeitor, tomou o lugar dos malfeitores de todo o mundo. Ele tomou sobre si a culpa dos nossos pecados e transgressões: a maior vergonha que pode existir, a maldição e a condenação, tudo estava sobre Ele, para que nós pudéssemos ser absolvidos. Vv. 19-22- Depois que Jesus havia sido crucificado surgiu uma dificuldade, uma discussão a respeito do título colocado por Pilatos no cimo da cruz: Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus! O título foi escrito nas três línguas usadas na Palestina: em hebraico-aramaico, que era usado pelas pessoas comuns; em grego, que era a língua do comércio, e em latim, que era a língua da corte, a oficial. Os principais sacerdotes reclamaram porque o lugar onde Jesus fora crucificado ficava perto da cidade e todos podiam ler esta inscrição. E assim como estava inscrito parecia que havia sido aceito aquilo que Jesus afirmava ser. Apesar de toda a reclamação, Pilatos não voltou atrás. Esta sua firmeza não era algo normal, pois onde podia contemporizar para não prejudicar a sua popularidade, ele o fazia. Mas também aqui precisamos enxergar a mão de Deus. Era da vontade de Deus que este título permanecesse no cimo da cruz. Pois este Jesus que foi crucificado pelos judeus era, na verdade, o Rei dos judeus, o Messias de Israel. O 269 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Messias que traria salvação para todos os povos da terra, cujas principais línguas estavam sendo usadas. A morte cruel e dolorosa nesta cruz era o resgate que todos os povos precisam para a sua libertação. E este fato deveria ser conhecido por todas as pessoas da terra. Para que todos possam colocar a sua confiança no seu substituto que morreu no Cal vário. Vv. 23-24 - Os soldados, seguindo seu costume, despiram Jesus e dividiram entre si as suas roupas, e sobre a túnica, que era sem costuras, lançaram a sorte para ver com quem ficaria. A túnica, portanto, se transformou num prêmio num jogo. E aqui de novo, como tantos outros fatos relacionados à história da paixão, este jogo não foi o resultaqo mero da ocasião, mas ocorreu para que se cumprisse a profecia registrada no SI 22.18. Tudo o que Ele tinha, seu corpo, sua vida e mesmo a sua própria roupa ele entregou por amor aos pecadores. Mas os soldados fazendo jogos ao pé da cruz de seu Salvador podem, muito bem, retratar a insensatez da humanidade, estando na sombra da cruz, que aponta para cima, perdem a oportunidade de sua salvação. Vv. 25-27 - Estes versículos apresentam uma cena como vente, não somente porque teve compaixão de sua mãe, mas, também, porque ele o fez numa hora em que ninguém se importaria se ele não o fizesse, em meio a uma dor indescritível, em meio à angústia, sangramento, sofrimento e morte pelos pecados do mundo inteiro. E, contudo, ele se esquece das suas próprias dores e se preocupa com os outros! Essa atitude de Jesus nos assegura que ele se preocupa conosco hoje. Vv. 28-30 - Os últimos momentos de Jesus na cruz foram momentos de agonia e triunfo. Eram, mais ou menos, 3 horas da tarde, e chegando quase ao final de sua agonia, clama: Tenho sede! Mas, em lugar de água, lhe alcançaram uma esponja embebida em vinagre, para lhe aliviar as muitas dores. Mas ele não bebeu. E, então, veio a sua hora. Sabendo que tinha cumprido perfeitamente a sua missão de salvar o mundo, através do derramamento de seu sangue e sua morte, ele dá um grito, o maior grito que, provavelmente, já havia dado: "Está consumado!" - Com isto não queria dizer que a sua dor e agonia haviam acabado, mas antes, que a sua missão estava cumprida. t€t€ÀCO't<Xl significa: está cumprida, com sucesso, uma obra. A mesma palavra também era colocada nos recibos por ocasião do pagamento: está paga, liquidada a dívida. Depois de tudo concluído, depois da declaração pública de vitória, ele, por amor, inclina a cabeça e entrega o seu espírito. PROPOSTA HOMILÉTICA TEMA A maior demonstração de amor I - Motivado pelo amor II - O amor o fez suportar tudo III - Por amor esquece--se de si e pensa nos outros IV --Por amor inclina a cabeça Mario Lehenbauer Porto Alegre, RS 270 10''-::: CONTEXTO Neste que é o doming: ::: : cos 16 ou João 20. Man:;c':C: .. ' reação positiva por parI:: .::., -aberto ou "final não feliz' atemorizadas". Já o te:üc .::.::" nmos que, por este moti" João 20. Existe a possibilidade é.; ~, te para um sermão mais e:o:;--- , bém Jo 19.38-42, pois es',~ :: fundamentais para o jardineiro (20.15). C,C __ :-, TEXTO Algumas "pitadas" o:: V. l-a) Maria Madalc:,:, _::-rísticas de Jo 20 é :, : Tomé). b) "Foi" tr::é-.:::. por verem nisto um ;::--:,,:,:-::, um verbo no passad: como seo narradores::' :' o:: evangelista que ma;' e:-:'_:::: h:':: Marcos (151 vezes g::-:. apresentada anteriom:e:-.::' V. 2 - a) "Correu" --Esu ~ ~;:::-:~:' Antes disso, outra .\I:.num contexto de mon.::, :.::- __ e na fé (v.8). Pedro. ,< ,-b) "Tiraram ....o Sent-::: . Maria anuncia que ti-~- '---estranha quanto a de ... puseram Jesus", c'-- Igreja Luterana , -',:asprincipais línguas :: ~ra o resgate que todos ._ ~ria ser conhecido por 1 sua confiança no seu PRIMEIRO A _:r: Jesus e dividiram entre lançaram a sorte para ~-:-"u num prêmio num jogo. ::.. , à história da paixão, este ...•. ~-' para que se cumpnsse a 'Ün, seu corpo, sua vida e ,,'- -r aos pecadores. Mas os ~:,>.ador podem, muito bem, o:mbra da cruz, que aponta ::.:'quase ao final de sua agonia, ::.:~aram uma esponja embebida :-.:-'1ão bebeu. E, então, veio a sua _'ua missão de salvar o mundo, · .-:~,ele dá um grito, o maior grito : ~J!" - Com isto não queria dizer ::':.:~S, que a sua missão estava , :::, sucesso, uma obra, A mesma · :.lsião do pagamento: está paga, .:-pois da declaração pública de · :eu espírito. Mario Lehenbauer Porto ALegre, RS DOMINGO DE PÁSCOA RESSURREIÇÃO 00 SENHOR João 20.1-9 (10-18) ou Marcos 16.1-8 23 de abril de 2000 - .:-:,S, . :::uvente, não somente porque ..~ ~le o fez numa hora em que . ::.urna dor indescritível, em meio . ' pecados do mundo inteiro. E, . o ~ se preocupa com os outros! , :::~ 'cupa conosco hoje. :cr': momentos de agonia e triunfo. - N° 2 - 1999 CONTEXTO Neste que é o domingo dos domingos, o pregador tem a opção de pregar Marcos 16 ou João 20. Marcos 16.1-8 traz a mensagem da páscoa, mas não tem nenhuma reação positiva por parte dos discípulos ou das mulheres. É um texto com final aberto ou "final não feliz". As mulheres nada disseram a ninguém, "pois estavam atemorizadas". Já o texto de João 20 registra a fé do "outro discípulo" (v.8). Sugerimos que, por este motivo, e também por ser a primeira opção, o pregador escolha João 20 . Existe a possibilidade de estender a leitura até ao v. 18. Isto é bom, especialmente para um sermão mais expositívo ou narrativo. Por outro, sugerimos incluir também Jo 19.38-42, pois este parágrafo dá o contexto e fornece alguns dos elementos fundamentais para o capítulo 20, a saber, o sepulcro (20.1), os lençóis (20.5), e o jardineiro (20.15). TEXTO Algumas "pitadas" exegéticas, para "abrir o apetite": V. 1 - a) Maria Madalena é a primeira personagem do texto. Aliás, uma das características de Jo 20 é a ênfase em indivíduos (Maria, Pedro, o outro discípulo, Tomé). b) "Foi" traduz EPXErfXL (literalmente, "vai"). As traduções têm "foi", por verem nisto um presente histórico, que é o uso do presente onde se espera um verbo no passado. O presente histórico empresta vivacidade à narrativa. É como se o narrador estivesse vendo a ação no momento em que narra. João é o evangelista que mais emprega esse recurso (162 vezes), seguido de perto por Marcos (151 vezes), geralmente com verbos de ação. c) A pedra não tinha sido apresentada anteriormente, V. 2 - a) "Correu" - Esta é a primeira vez que alguém corre, no evangelho de João. Antes disso, outra Maria tinha se levantado "depressa" (Jo 11.29,31), também num contexto de morte, túmulo, vida. O discípulo amado ganha na corrida (v.4) e na fé (v.8). Pedro, no entanto, é a primeira testemunha a inspecionar o túmulo. b) "Tiraram ....o Senhor" - José pediu e retirou o corpo de Jesus (19.38). Aqui Maria anuncia que tiraram do sepulcro o Senhor. A formulação é estranha, tão estranha quanto a de 19.42, onde se lê (diferentemente do que é traduzido): "ali ... puseram Jesus". c) O "não sabemos" (plural) serve para intensificar o senti271 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 mento de frustração. É como se ela estivesse falando por um grupo de pessoas (o que, segundo relatos parelelos, não deixa de ser verdade). V. 5 - a) O "abaixando-se, viu" faz sentido à luz do fato de ser aquele um túmulo "aberto em rocha" (Lc 23.53). b) Os "lençóis" são aqueles de 19.40. V. 6 - "Viu os lençóis" - O texto não deixa claro o que por vezes se supõe, a saber, que os lençóis ficaram no mesmo formato (estilo múmia) e que o corpo tinha, por assim dizer, "evaporado". V. 7 - a) O lenço, segundo ARA, não estava com os lençóis, mas "deixado num lugar à parte". Esta tradução se esquece do particípio EVTfTU.Ü YI.1Évov (do verbo EVTuÂíaaw "emolar"), reproduzido na BLH ("estava emolada ali ao lado"). Este detalhe é importante. A Madalena havia dado a entender que tinham roubado o corpo. Agora, ladrões não alTUmam acasa antes de sair. O lenço (aouóápwv), portanto, indica que o corpo não havia sido roubado. (Na Bíblia de Estudo Almeida, nota a 20.6-7, falta um não: "indicava que o corpo não havia sido roubado".) b) Por outro, esse lenço tem as marcas de um "sinal" joanino (embora não seja explicitamente descrito como tal). Aponta para algo (ou alguém) que transcende aquilo que acontece ou que se vê. A fé (v.8) resulta, em parte ao menos, da visão desse lenço. V. 8 - "Viu, e creu" - Aqui temos fé. Não diz em que(m) ele creu, mas o contexto deixa claro que se trata da ressurreição (ou do Ressuscitado). Vale lembrar que este é o único relato no Novo Testamento em que alguém chega à fé pela contemplação do túmulo vazio, que, a rigor, nem estava tão vazio assim. Agora, à luz do que virá no V. 29 ("Bem-aventurados os que não viram e creram"), esta é uma fé até certo ponto "imperfeita", uma fé que depende do que se vê. João parece sugerir que a fé por excelência é aquela que surge a partir da leitura (não visão!) dos sinais "escritos neste livro" (Jo 20.30). Esta é a fé que compreende a Escritura (v.9). V. 9 - a) Este verso ensina que a ressulTeição não foi dedução exegética, fruto de leitura das Escrituras. Esta compreensão veio depois. b) O "pois" explicativo, no início deste versículo, que traduz yáp (na Almeida; não aparece na BLH), levanta uma questão exegética importante: que tem a falta de compreensão da Escritura a ver com aquele "e viu, e creu"? Uma resposta é a que foi dada há pouco: a ressulTeição não é "fruto" da leitura das Escrituras. Outra resposta possível é que, naquele momento, era preciso ver para crer. Mais tarde entrariam as Escrituras. Em outras palavras, João parece sugerir indiretamente aquilo que explicita no final do capítulo: virá a hora em que ver, além de não mais possível, será a opção menos preferíveL "Felizes os que crêem sem ver!" (10 20.29, BLH). 272 PROPOSTA HOMILE li C.,.~ Como pregar esse te:.::: é o domingo em que o pre;~. _r r,~ milagre. Em outras oc::s: 0::< __ exemplo, pode simplesmere é:r , não tem como fugir, a mer;-' c,'_ Sempre existe a tentaç:':: .: modo filosófico, teológico. ru e:e _ _ o que foi descoberto na m2r,"~ . ramo O clímax é a fé, cuj,,==:,,- _O objetivo do sermão p ==: e quer levar o ouvinte à fé. eu :o _ -:--: milagre da Páscoa, mas tame;,,-., ria vida, não haveria esperallç ~ Páscoa. Para tal objetivo de fé, nade nalTativo (ou expositivo) aind" e e -'" o capítulo 20 em consideraç;: precisamos sair cOlTendo (eu := : quando, na verdade, João ll':" ~_=e_ "vistos" através da leitura de .: __ preciso. Ele e Pedro são tes:er:: _- - _ crêem sem ver, ouvindo e ler., Igreja Luterana - N° 2 - 1999 ~ por um grupo de pessoas - 'erdade). _~.-,de ser aquele um túmulo ~' .:queles de 19.40. __" por vezes se supõe, a saber, -'.:-nia) e que o corpo tinha, por lençóis, mas "deixado num (do verbo ','" enrolada ali ao lado"). Este _ entender que tinham roubado - c' ie sair. O lenço (aouoápwv), '.::3.do. (Na Bíblia de Estudo ",que o corpo não havia sido ; ie um "sinal" joanino (embo,:: . na para algo (ou alguém) que ."",fé (v.8) resulta, em parte ao : ó PROPOSTA HOMILÉTICA Como pregar esse texto? Como pregar a ressurreição? Alguémjá disse que este é o domingo em que o pregador não tem escapatória, pois está confrontado com um milagre. Em outras ocasiões ele pode até atenuar o sobrenatural (o Natal, por exemplo, pode simplesmente ser o nascimento de um menino, o Messias), mas hoje não tem como fugir, a menos que se prefira falar do coelho. Sempre existe a tentação de querer "explicar" a ressurreição de Cristo, seja de modo filosófico, teológico, ou até científico, O texto não explica nada, apenas relata o que foi descoberto na manhã daquele primeiro domingo e como as pessoas reagiram. O clímax é a fé, cuja obtenção é o grande interesse de João (20.31). ,,:::0 fVfErvÂLYf1ÉVOI/ ele creu, mas o contexto deixa :::ado). Vale lembrar que este ; _~m chega à fé pela contempla',,: \azio assim. Agora, à luz do "ram e creram"), esta é uma fé - ,ie do que se vê. João parece _ -; e 3. partir da leitura (não visão 1) =-[a é a fé que compreende a O objetivo do sermão por certo haverá de ser um propósito de fé. O pregador quer levar o ouvinte à fé, ou à confirmação da fé. Não somente fé na realidade do milagre da Páscoa, mas também no que decone daí. Não haveria perdão, não haveria vida, não haveria esperança, não haveria oração, não haveria Cristianismo sem a Páscoa. Para tal objetivo de fé, nada melhor do que deixar o texto bíblico falar. Um sermão narrativo (ou expositivo) ainda é a melhor solução. No entanto, é preciso levar todo o capítulo 20 em consideração. Parar no v. 9 pode dar a impressão de que ainda hoje precisamos sair correndo (ou ir a Jerusalém e tentar descobrir o túmulo de Jesus), quando, na verdade, João nos direciona para o sinal ou os sinais que podem ser "vistos" através da leitura do que ele relata. Que bom que João viu e creu. Era preciso. Ele e Pedro são testemunhas oculares, são apóstolos. Felizes são os que crêem sem ver, ouvindo e lendo o "sinal" inscrito no evangelho. D,; Vílson Scholz São Leopoldo, RS ~:idedução exegética, fruto de ~qois, b) O "pois" explicativo, -L:1~eida;não aparece na BLH), : _ê ~êm a falta de compreensão da .: resposta é a que foi dada há " i.:S Escrituras. Outra resposta ::' para crer. Mais tarde entrari_:ê: e sugerir indiretamente aquilo ê--:: que ver, além de não mais ::: c =:esos que crêem sem ver!" (Jo 273 Igreja Luterana - N" 2 - 1999 SEGUNDO DOMINGO DE PÁSCOA João 20. 19-31 30 de abril de 2000 CONTEXTO Este texto segue narrando as aparições de Jesus após a sua ressurreição. João, após evidenciar a ressurreição de Jesus, narra a aparição a Maria Madalena e, em seguida, aos discípulos e a Tomé. Esta perícope talvez seja a mesma de Lucas 24.3643. Algumas diferenças entre os textos levantam dúvidas sobre o fato de serem o mesmo episódio. o texto não deixa claro se Jesus apareceu somente aos onze discípulos. Podemos dizer, sim, que os onze, primeiramente só os dez, com certeza estavam presentes (1 CoIS.S), É possível que um grupo maior de pessoas estivesse presente naquele local, uma vez que em Lc 24.33 temos "e outros com eles", antes de uma aparição de Jesus. Diante do fato de que somente João relata sobre Tomé, cabe lembrar que João foi um escritor ocular e é conhecido como o autor que apresenta a FÉ EM JESUS PARA A VIDA ETERNA - destaque à confissão de Tomé. A presente perícope é de destaque frente às tantas outras que tratam sobre o tema da ressurreição. Isto fica claro ao vermos que a mesma está presente nas três séries de leituras preparadas pela igreja, seguindo o domingo de Páscoa. o fato de os discípulos estarem trancados nos evidencia a perseguição dos judeus sobre quem viesse a confessar a fé em Jesus (Jo 9.22) e o medo dos discípulos, pois se os judeus mataram o seu mestre, por que não fariam o mesmo com seus seguidores? Esta aparição de Jesus é a última relatada na Bíblia no dia da ressuneição, pois todas as outras foram anteriores. Apesar de Jesus já ter-se mostrado vivo para muitos de seus seguidores, os discípulos ainda mostram-se incrédulos e, inclusive, desobedientes, pois ainda estavam em Jerusalém, enquanto Jesus ordenara que eles o esperassem na Galiléia. E a própria perícope apresenta o propósito das aparições de Jesus: " para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome>; (]o 20.31). TEXTO vv. 19-23: "Ao cair da tarde daquele dia" pode parecer o início de um novo dia (para os judeus um novo dia começa ao anoitecer), mas não. "Aquele dia" acrescido de "o primeiro da semana" deixa claro que era o dia da ressurreição de Jesus, o mesmo de que fala o v.I. "Trancadas as portas" o próprio texto diz o porquê: por 274 medo dos judeus. A cb,e~ lhe, uma vez que é repc,i=::- . aqui a natureza do corp,· -" __ destaca que Jesus comeu ~.::c. tratava de um espírito). C) . ~."::== de seus discípulos de UIT,::C ~. também em sua naturez;; ':.IT"'-· ="Paz seja convosco" er::c U' -, dita por Jesus revestia-sei ê .r-.= pavor e dúvidas dos di'::ir. em vista o comportame,,',:: ::: _ ~ vam de Jesus alguma fer-"" - :~ :: acalma. Tem o propôsit::== -.--" momentos de sofrimen:,: o ::~:-:'~ anteriormente(Jo 15,17-25: :o o coração em meio à im,,'."::,:. ê ê. possuidores da paz do Se:-~-.-.. evangelho da paz (Ef 6 :' ê:::-=, perfeita e completa obr3. =e _ Deus. "Assim como o Pai lli'i:- ~:=-::-:::; passa a ser a missão des.::::: que a obra estava ._ ,ê'_ faladoemJo 17.18.i'UT,"~ :. será. E para realizar t3.i IT."::: ': discípulos necessitavar:" i.: ~ . .:..::J são, que lhes foi conIe::.::.:c = dias depois. Seu sopre ser traduzido como do Espírito Santo, e par:: :2. ~. os pecados à alguém C::, ' . .:c::: vv. 24-25: Tomé recebe de:::::."ê espírito crítico, o que IT . : _ ._ ressurreição, ao mesm:: :e:::-;: . reição em si, e quandc 2::,,:::: :: -Cristo Vivo. As exigêr,:::.:..c feitas por muitos sobre:. ê',::::::i: - _ " texto não apresenta my , .: __ Tomé, ao faltar à reuni:';:: ::=='::ê " mento e fortalecimeme ce : _: __ ~ ainda chegou a ver e cre:- =:::-: _ vv. 26-39: Os discípulos es:.::, - os primórdios da obse;--,~:-_ L:: ::. lugar é o mesmo dap::IT,:: , O correto seria os disci,_.: _: '-_ Igreja Luterana - N° 2 - 1999 . -... - p,'.i::.I""nA ::!!/I"":.,~ _~-, a sua ressurreição. João, - _: ,',:' a Maria Madalena e, em '" 3. a mesma de Lucas 24.36_ . ias sobre o fato de serem o o-c: aos onze discípulos. Pode: _:'m certeza estavam presentes : ':5 estivesse presente naquele --:',,::5", antes de uma aparição de . ': lDmé, cabe lembrar que João , :_e apresenta a FÉ EM JESUS ::25 outras que tratam sobre o mesma está presente nas três :iomingo de Páscoa. _, .l -, ,iencia a perseguição dos judeus e o medo dos discípulos, pois se c mesmo com seus seguidores? :'Dliano dia da ressurreição, pois já ter-se mostrado vivo para : >:ram-se incrédulos e, inclusive, _.:::-:-L enquanto Jesus ordenara que ::: 2presenta o propósito das apari::,:0, o Filho de Deus, e para que, : -= ':, ,:5 -=- . : :erceero início de um novo dia (para :-:-.3.5 não. "Aquele dia" acrescido de <.J dia da ressurreição de Jesus, o -:3.5" o próprio texto diz o porquê: por medo dos judeus. A observação sobre portas trancadas não é um simples detalhe, uma vez que é repetido novamente no v. 26. Precisamos lembrar e ressaltar aqui a natureza do corpo real de Cristo agora ressurreto (Lucas 24.42-43 ainda destaca que Jesus comeu na presença dos discípulos, deixando claro que não se tratava de um espírito). O onipresente Deus-Homem colocou-se visível no meio de seus discípulos de uma forma irracional e não científica. Jesus está presente, também em sua natureza humana, em nossas vidas como o Salvador glorificado. "Paz seja convosco" era uma saudação oriental muito comum, mas por ter sido dita por Jesus revestia-se de um sentido todo especial. Em meio à incredulidade, pavor e dúvidas dos discípulos, Jesus tranqüiliza-os oferecendo a sua paz. Tendo em vista o comportamento dos discípulos na sexta- feira santa, talvez eles esperavam de Jesus alguma repreensão ou censura, mas Jesus com tais palavras os acalma. Tem o propósito de fortalecê-los naquele momento e também para os momentos de sofrimento e perseguição que ainda viriam, conforme anunciara anteriormente (Io 15.17-25; Jo 16.33). Mas, não era meramente parafortalecer-lhes o coração em meio à inimizade e ódio do mundo. Os discípulos deveriam ser os possuidores da paz do Senhor como mensageiros e testemunhas ao oferecer este evangelho da paz (Ef 6.15) e ao pregar Cristo como a paz. Esta paz resulta da perfeita e completa obra de Cristo perdoando e reconciliando a humanidade com Deus. "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio;' - A missão de Cristo passa a ser a missão dos discípulos: levar salvação a toda a humanidade, sendo que a obra estava completa. Jesus conferiu aos discípulos a missão que havia falado em Jo 17.18. A missão é compartilhada assim como a glória por vir também será. E para realizar tal missão "soprou sobre eles" o Espírito Santo, pois os discípulos necessitavam da ajuda de Deus no desempenho da missão, ou comissão, que lhes foi conferi da. Este fato antecipou o dia de Pentecostes ocorrido 50 dias depois. Seu sopro indica a doação do Espírito (no original "espírito" pode ser traduzido como "sopro"). A missão é levada pelos crentes mediante o poder do Espírito Santo, e para tal missão Cristo também dá o poder de perdoar e de reter os pecados à alguém (Ofício das Chaves). vv. 24-25: Tomé recebe destaque no evangelho de João. Ele é o discípulo com espírito crítico, o que mostra que não é fácil aceitar e crer no fenômeno da ressurreição, ao mesmo tempo que se torna para nós mais uma prova da ressurreição em si, e quando aceito por Tomé, ele se torna um feroz defensor da fé no Cristo Vivo. As exigências de Tomé não são diferentes de exigências atuais feitas por muitos sobre a existência do Filho de Deus ou até mesmo de Deus. O texto não apresenta motivos da ausência de Tomé, mas podemos dizer que Tomé, ao faltar à reunião, perdera um momento muHo importante para o crescimento e fortalecimento de sua fé. Graças ao amor e à misericórdia do Pai, Tomé ainda chegou a ver e crer em seu Salvador. vv. 26-39: Os discípulos estavam novamente reunidos, após oito dias. Temos aqui os primórdios da observância do domingo como um dia especial (At 20.7). O lugar é o mesmo da primeira aparição de Jesus: tudo indica que era Jerusalém. O correto seria os discípulos estarem esperando Jesus na Galiléia conforme lhes 275 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 fora ordenado (Mt 26.32; 28.7,10; Mc 14.28, 16.7). Não se sabe por que os discípulos não obedeceram,já desde a primeira vez, à ordem de Jesus. O fato é que Jesus vai ao encontro de seus discípulos, não para lhes reprovar a atitude, mas para lhes DAR A PAZ, COMISSIONAR, FORTALECER NA FÉ. O onisciente Deus-homem conhece as nossas dúvidas e nossos questionamentos e nunca nos afasta dele. Ele vem ao encontro dos crentes e dos descrentes para os conduzir à fé. Ao aparecer repentinamente aos discípulos, Jesus os saúda com "paz". Jesus, ao mostrar os sinais dos pregos, apresenta-se como o crucificado e que agora estava vivo diante deles, especialmente de Tomé, que fora incrédulo. Tomé, então, usa uma das confissões mais bonitas e verdadeiras: SENHOR MEU E DEUS MEU! Esta confissão revela a fé pessoal (meu) no seu Salvador que é, também, o verdadeiro Deus (Divindade de Cristo). Tomé não questionou, não tocou, somente caiu diante de Jesus e confessou a sua fé - o poder do convite de Jesus. "Bem-aventurados" são todos os que cristãos de todos os tempos. A eternidade é dada a todos que confessam a sua fé no Cristo Vivo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. vv. 30-31. É apresentado aqui o objetivo dos sinais que Jesus realizou diante dos discípulos e de outras pessoas: a fé em Jesus e conseqüente vida nos céus. Parece-nos que João encerrou aqui a sua carta e que o capítulo 21 foi escrito posteriormente o qual também apresenta um final parecido. TERCEIRO LEITURAS DO DIA Salmo 139. 1- 12 O Salmista Davi, fala neste S2.::um Deus sempre presente e que' c:: mãos - conhecimento e domínic ::--= Diante de tão grande podei ::':: humildemente, reconhecer a SUé ::õ esconder um ser do outro, mas;: 2: 2 Ele, a luz do mundo, se aproxime. :'::: mal e morte. A luz nos clareia, é PROPOSTA HOMILÉTICA Atos 4.8-12 TEMA: Avançando com o Deus Filho - Jesus INTRODUÇÃO Tudo avança: Tecnologia, ciência, profissões .... É necessário palticipação de estudo, pessoal, verbas, empenho ... Os discípulos não avançaram sozinhos. Eles se trancaram. Desenvolvimento: A Igreja e os seus membros deveriam avançar no trabalho no Reino de Deus. O que impede? Como os discípulos: medo (dos que ameaçam), insegurança, dúvida, não obediência (ordem de Jesus). O avanço não depende de nossas forças. Jesus vem ao nosso encontro para: nos dar a paz (eliminar o que impede); nos comissionar; e, nos fortalecer a fé. Vem a nós várias vezes. A graça de Cristo levou Tomé a fazer a confissão: Senhor meu, Deus meu! Com esta fé, com o Deus Filho Jesus, avançamos no trabalho, no crescimento do reino de Deus e na vida santificada. CONCLUSÃO Salvador em todo o mundo, e pai2 t 1 João 1.1-2.2 João se dirige aos cristãos de se:. e vida cristã, frente às incertezas pastor quer levar o seu rebanho:: :" pela comunhão que podemos tei.: concede, pois "o seu sangue nos advogado nos concede, ao n;:,s ;, propiciação; certeza da vida eterr;, c nos perdoar"; que é o verbo da '.:::.; C} Cristo age em nós e por nós. Com Ele, o Deus Vivo, avançamos rumo à salvação de nossas almas como é o seu propósito (J020.31). Klaus Kuchenbecker Porto Alegre, RS 276 A presença de Jesus na vida Cê mais belas é a gratidão. Pedro, mê 01 seu Senhor, agora dá a volta por c; n poder de vida e morte sobre todos diajá havida confessado, "Tu és;: C certeza ao dizer: " em nome dê j Deus ressuscitou dentre os mortos. No versículo 12, Pedro dá um te';; COl\;'TEXTO Cristo ressuscitou! Vejamos Igreja Luterana - N° 2 - 1999 c - :: '\ão se sabe por que os :rdem de Jesus. O fato é - :,-à lhes reprovar a atitude, ~-:--.:...:::CERNA FÉ. O onisciente J'.1estionamentos e nunca é dos descrentes para os :''.110s,Jesus os saúda com ':':~lta-se como o crucificado Tomé, que fora incrédu:3.5e verdadeiras: SENHOR _ ::s50al (meu) no seu Salvador ~:':5[0).Tomé não questionou, o:: >sou a sua fé - o poder do :: oJS que cristãos de todos os ._; '1m a sua fé no Cristo Vivo, TERCEIRO DOMINGO DE PÁSCOA Lucas 24.36-49 7 de maio de 2000 : :L: ,Jue Jesus realizou diante dos _" : conseqüente vida nos céus. : que o capítulo 21 foi escrito " ~_3.l parecido. o LEITURAS DO DIA Salmo 139. 1- 12 O Salmista Davi, fala neste salmo, da onisciência e da onipresença de Deus. De um Deus sempre presente e que tem as nossas vidas (do gerar ao morrer) em suas mãos - conhecimento e domínio total (1-5). Diante de tão grande poder, e elevado conhecimento, o ser humano só pode, humildemente, reconhecer a sua pequenez e limitação (v.6). A escuridão até pode esconder um ser do outro, mas para Deus, não há elemento que seja treva, quando Ele, a luz do mundo, se aproxima. Escuridão nos dá medo. É sinal de ignorância, erro, mal e morte. A luz nos clareia, é verdade, é justiça, é sinal de vida. Atos 4.8-12 :: ;·.:cessário participação de estudo, ": ::ram sozinhos. Eles se trancarfulL -s deveriam avançar no trabalho no , ::ledo (dos que ameaçam), inseguJ avanço não depende de nossas ~3.paz (eliminar o que impede); nos _".:5 vezes. A graça de Cristo levou -=:m esta fé, com o Deus Filho Jesus, Deus e na vida santificada. l: , Vivo, avançamos rumo à salvação Klaus Kuchenhecker Porto Alegre, RS A presença de Jesus na vida de um homem produz reações incríveis. Uma das mais belas é a gratidão. Pedro, mesmo que um dia, no passado, houvesse negado o seu Senhor, agora dá a volta por cima. Diante das autoridades, aqueles que tinham poder de vida e morte sobre todos os cidadãos, Pedra não se cala e assim como um diajá havida confessado, "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", agora reforça esta certeza ao dizer: " em nome de Jesus Cristo, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. Sim, em seu nome é que este está curado ". No versículo 12, Pedra dá um testemunho corajoso - a existência de um único Salvador em todo o mundo, e para todo o mundo. 1 João 1.1-2.2 João se dirige aos cristãos de sua época, com o objetivo de firmá-Ias em sua fé e vida cristã, frente às incertezas do futuro. Alegria, santidade e certeza é o que o pastor quer levar o seu rebanho a sentir. Alegria pela palavra que se tornou carne, pela comunhão que podemos ter com ele e com os irmãos, pelo perdão que nos concede, pois "o seu sangue nos purifica de todo o pecado"; santidade que nosso advogado nos concede, ao nos inocentar de todos os nossos pecados pela prapiciação; certeza da vida eterna que recebemos dAquele que "é fiel e justo para nos perdoar"; que é o verbo da vida, que é a verdade, que é luz. CONTEXTO Cristo ressuscitou! Vejamos, passo a passo, o que aconteceu naquela manhã. 277 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 -Um grupo de mulheres dirige-se ao túmulo na madrugada do primeiro dia da semana para embalsamar o corpo de Jesus (Mt28.1 ;Mc 16.1-2;Lc 24.1-10; Jo 20.la). -Lá descobrem que a pedra foi removida (Mt 28.2-4; Mc 16.3-4; Lc 24.2; Jo 20.2b) -O corpo de Jesus já não está no túmulo; no lugar dele vêem um anjo, que lhes explica a situação e as encarrega de levar uma mensagem (Mt28.5-7; Mc 16.5-7; Lc24.3-7) - As mulheres voltam correndo para Jerusalém para relatar aos outros discípulos o acontecido, mas suas palavras são acolhidas com ceticismo (Mt 28.8; Lc 24.811,22-23;J020.2). - Pedro e o "outro discípulo, aquele que Jesus amava", dirigem-se ao túmu10 e encontram-no vazio; depois voltam para casa (Jo 20.3-10; Lc 24.24). - Maria Madalena os segue até o túmulo e fica lá, depois de eles terem partido; Jesus então aparece primeiro a ela (Jo 20.11-18; Mt 28.9; Mateus fala de Maria Madalena e da "outra Maria"). - Naquele mesmo dia aparece também a Pedro (Lc 24.34; 1 Co 15.5), aos dois discípulos de Emaús (Lc 24.13-32; c 16,12-13 e depois aos outros discípulos em Jerusalém, com exceção de Tomé (Jo 20.19-23; Lc 24.36-43; Mc 16.14). Os evangelhos, Atos 1 e 1 Co 15 apontam outras aparições ainda. Mas o que queremos ressaltar é que Jesus podia revelar-se e desaparecer à vontade e se manifestava só a seus seguidores. TEXTO V 36 - Era ainda o primeiro dia - o da Páscoa, muitas coisas haviam acontecido, especialmente tristezas e dúvidas, muitas dúvidas. Mas também alegrias, alegrias não confirmadas. Os dois discípulos de Emaús (ficava no caminho para Jope, cerca de 11 Km a oeste de Jerusalém), um era Cléopas, o nome do outro não é mencionado; mesmo sendo noite, tomaram a decisão de voltar para Jerusalém para se encontrarem com os outros e contar o que havia acontecido. Falavam eles ainda e llres disse: Paz seja convosco. Esta é a saudação do Cristo Vivo· Ressuscitado. Os apóstolos, junto com outros seguidores de Jesus, e mais os dois discípulos de Emaús, encontravam-se reunidos, no fim daquele ahençoado dia, por detrás de portas trancadas. É claro que, com muito medo dos escribas, fariseus e doutores da lei, pois estes lhes tinham ainda um ódio tamanho, como aquele demonstrado ao seu Mestre (dos discípulos). Quando parece que uma sombra de esperança está para chegar, eis que algo quase inacreditável se torna reaiidade visível. E é o próprio Senhor que, "pessoalmente", aparece como a esperança viva e real, e diz: "Paz seja convosco". Quantos procuram a paz em caminhos e fontes falsas: simpatias; cartomantes; telTeiros de umbanda; filosofias positivistas - fórmulas humanas. A verdadeira paz somente pode ser encontrada no Cristo Ressuscitado. Vv. 37-38 - A presença repentina e inesperada de Jesus (que achavam ainda estar morto) deixou os presentes não apenas surpresos, mas alarmados, atemorizados, 278 aterrorizados. Era cr:', com a sabedoria des :-:~r'. __ Ver "em pessoa" algue~ ~ agora está ali no meio deito . ~".,_ pelos pregos e pela lança. rVI'. 39·41 - Depois de :~j': " alegria, euforia e aind:: ~e Que pena que Tomé ,,~, " Ainda bem que ele te',,, ' __. c --=- - VI'. 42-43-ÉclaroqueJe"=esvaziar aquele mundo ::" Quebrou o gelo VI'. 44-49 - Jesus dá 11m" e _ mastigado, tudo o q c; " ::.,,_ respeito do Salvado: ::.:.:.:_-.:Jesus destaca o que a ft: r',,:: - e nos Salmos". São as trés~:' todo o Antigo Testamen:: '--e~ morte e ressun-eição de Cf: " _ Jesus deu aos seus se;_:::~-" remissão de pecados a :c::..:.: destas coisas" 1'.48. PeJ:~ ~~. " Paulo em fez das seguin:e, ::-::..:" os que vivem, não vivam r--:::: ~.:..' e ressuscitou" 2 Co 5,15 PROPOSTA HOl\-IILÉTIC -'. TEMA Filhos de Deus, perdoadcc", ,,::OC. ='ª 1 - Porque Jesus venc;::,; = s ' 2 - Nos trouxe a verdade" ::-::..:: 3 - Nos abre o entendiser:4 - Está conosco. Igreja Luterana - N° 2 . 1999 :'nmeiro dia da semana para Io 20.la). :: l6.3-4;Lc24.2;J020.2b) _: __ - :c~ vêem um anjo, que lhes ,-~~m(Mt28.5-7;Mc 16.5-7; .. -~latar aos outros discípulos :~ticismo (Mt28.8; Lc 24.8- ~_a", dirigem-se ao túmulo e '. :: ..3-10; Lc 24.24). iepois de eles terem partido; ".It 28.9; Mateus fala de Maria "..2 24.34; 1 Co 15.5), aos dois . ::epois aos outros discípulos em ::. Lc 24.36-43; Mc 16.14). Os -, aparições ainda. Mas o que '.' ~ e desaparecer à vontade e se :'Ultas coisas haviam acontecido, ::25 Mas também alegrias, alegrias ~':5 ( ficava no caminho para Jope, c-:-. Cléopas, o nome do outro não é 2 decisão de voltar para Jerusalém ,~ ) que havia acontecido. ,c:, convosco. Esta é a saudação do 20m outros seguidores de Jesus, e 1m-se reunidos, no fim daquele ~ claro que, com muito medo dos :.e5 tinham ainda um ódio tamanho, iI5cípulos). aterrorizados. Era um acontecimento fora do comum, inexplicável aos olhos e com a sabedoria dos homens. Ver "em pessoa" alguém que com certeza tinham visto morto e sepultado, e agora está ali no meio deles - falando - gesticulando - mostrando as feridas deixadas pelos pregos e pela lança, provas infalíveis de que é Ele mesmo(vv.39-40). Vv. 39-41 - Depois de todas estas provas incontestáveis, houve uma mistura de alegria, euforia e ainda de " mas será verdade, podemos realmente confiar?". Que pena que Tomé não estava ali presente. Perdeu uma oportunidade ímpar. Ainda bem que ele teve outra chance. Vv. 42-43 - É claro que Jesus não precisava comer, mas podia comer. Isto ajudou a esvaziar aquele mundo de medo e pavor que ainda existia entre os presentes. Quebrou o gelo - ajudou a fortalecer a confiança que estava tão abalada . Vv. 44-49 - Jesus dá uma verdadeira aula de conhecimento bíblico. Deixou claro, mastigado, tudo o que Deus mandara os seus santos homens escreverem a respeito do Salvador da Humanidade. Jesus destaca o que a respeito dele fora escrito "....na lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos". São as três divisões características do Cânon Hebraico, que incluíam todo o Antigo Testamento. Ver Isaías 53.1-12 e Oséias 6.2, que falam da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Jesus deu aos seus seguidores a incumbência de "pregar arrependimento para remissão de pecados a todas as nações" - "em seu nome". "Vós sois testemunhas destas coisas" v.48. Pedro foi exemplo, conforme relato de Atos 4.8-20; o Apóstolo Paulo em fez das seguintes palavras o seu viver: "Cristo morreu por todos, para que os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" 2 Co 5.15. PROPOSTA HOMILÉTICA TEMA Filhos de Deus, perdoados, testemunham com Gratidão. ,:,ça está para chegar, eis que algo 'el. E é o próprio Senhor que, .1 e real, e diz: "Paz seja convosco". ~,tes falsas: simpatias; cartomantes; Órmulas humanas. A verdadeira paz scitado. 1 - Porque Jesus venceu os inimigos; 2 - Nos trouxe a verdadeira paz; 3 - Nos abre o entendimento; 4 - Está conosco. Wilmar Meister São Leopoldo - RS 2 de Jesus (que achavam ainda estar 'Tesos, mas alarmados, atemorizados, 279 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 QUARTO DOMINGO DE PÁSCOA João 10.11-18 14 de maio de 2000 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES O quadro do Bom Pastor e as ovelhas está bem fixado em nós desde os (bons) tempos da escola dominical. Mas receio, por vezes, haver excesso de idealismo e romantismo no imaginário cristão e luterano sobre esse quadro. É curioso que o Salmo do Dia, o 23, seja um dos textos preferidos de tantas pessoas. Por que será? Será porque é o Salmo mais lido em cerimônias fúnebres? Em casamentos? Seria porque é o único Salmo que alguns ouvem? Ou porque há uma superpopulação de ovelhas em nossas cidades? Embora pastorear ovelhas seja uma das ocupações mais comuns na Palestina e na Síria ainda hoje, nós pouco ou nada conhecemos dessa atividade. Que imagem faz hoje o nosso ouvinte, seja ele urbano ou mesmo rural, da figura do pastor? Das ovelhas? Do lobo? CONTEXTO Atrás da figura e conceito do Bom Pastor está a messianidade de Jesus. Este Pastor é, antes de tudo, o Messias que vem para morrer. Esta é a sua missão. O próprio Salmo 23 expressa esse fato ao se confessar que "nada me faltará." O contexto de João 10.1116 inicia-se com a presença de Jesus em Jerusalém para a maior e mais popular das festas, a dos Tabernáculos. Sua presença ali leva o povo a indagar sobre Sua messianidade (7.26,27) e Jesus a testificar dela (7.29). No capo 8 Jesus é Aquele que perdoa pecados (v.11), que é eterno e imutável (v.58). No capo 9, na presença de Seus discípulos, Jesus envia um cego de nascença a lavar-se na piscina de Siloé, o Enviado (do hebraico nL,ib). A culminância do testemunho de Cristo como Messias vem por boca do que teve os olhos abertos para ver: Ele demonstra um crescendo no testemunho sobre o Messias: de homem (v.1l) para um profeta (v.17) que podia ser seguido por discípulos (v.27), a um que vem "de Deus" (v.33) e que é digno de ser adorado (v.38). Embora afirmada e demonstrada, a messianidade de Jesus vem sendo questionada, duvidada e atacada (9.22). A concepção é de que para alguém ser filho de Deus ele precisa estar ligado a uma tradição mágica (8.39) e a uma casta espiritual superior (9.34). Jesus esclarece, de forma incisiva, que este não é o caminho para Deus, mas sim o caminho de e para Satanás (cf. 8.41,44). O caminho para Deus está em Deus mesmo, na Sua cura graciosa e inédita de um homem cego de nascença e totalmente dependente; e no cuidado amoroso e autêntico de ovelhas frágeis e vulneráveis. O TEXTO V. 11 - O texto grego repete o artigo. Jesus não é o bom pastor em comparação com outros pastores. Mas Ele é um pastor singular, único. Ele é o Bom Pastor. O 280 artigo definido de::,~~:~-~ ~. outro pastor. Ele é. ::_~ _. aexpressãon8Éve::c :"c " a Jesus e em 15.13:,,,J~ ::"'z _~os casos há inutilid2.::e -= reaver a vida. A aÜL:J:.::. ("pelas") seria melh,', ~ de", ou seja, quand~ ~ :e-'.' espontaneamen te fe i.:. '.. - - ..,; mas isso em nada as :e- ~. uma presa ainda ma:, :'c.. tenham em abundâ:::::. Vv. 12·13 - Em contrast: _ BLH como "empreg::J. vida, o empregado c:.::.::,. pelo seu salário. Mas.:: .:.:.:: foge. Ele foge on ~.:~ -, A referência a "emprega::. lembrar que ÂÚKOÇ ,"lobo", :-".. natural das ovelhas. Quer:: e e' e V.14 - A segunda mare aJ. -= KO:ÂÓÇ. Esta segunda m ".'. _ .. pastores, mas diz res;;:::-' .: me conhecem (Yll)c..:,C·:~_:', mesmo sentido que (1 ':-~ , .Os Pais luteranos em::~,,::,~' para a doutrina da ele:, "., __ povo é igualado ao c:: V. 15· "E dou a minha '-.= '. ao mesmo tempo. o I'" I'~ reassume. Em ambos 0' .::.,. 10(vv. 17-18). O carinho, o cuidado e '.'. da casa deIsrael, ("deste ê.I"::. gentios ("outras ovelhas" . haverá uma só grei e um s:~?~:. PROPOSTAS HOMILÉnC ~ O texto fala de três: I'e-:::-~;:· Pastor das ovelhas; b) o ar ':.g . as ovelhas desgarradas e -'C: - e. == Igreja Luterana - N° 2 - 1999 O)E P:SCOA é.~.:'em nós desde os (bons) c;rexcesso de idealismo e : 'C~ quadro. É curioso que o :;; 'é.:,:as pessoas. Por que será? : :~c;s] Em casamentos? Seria : _c c-.i uma superpopulação de .é.S seja uma das ocupações : -:"uco ou nada conhecemos -c seja ele urbano ou mesmo ;;'Cl.midade de Jesus. Este Pastor é.;; 1sua missão. O próprio Salmo ,.:.ri" O contexto de João 10.11-. -:ra a maior e mais popular das . :,.: povo a indagar sobre Sua . ~- . :\0 capo 8 Jesus é Aquele que :\0 capo9, na presença de Seus .:-:~ na piscina de Siloé, o Enviado =-:-: sto como Messias vem por boca ::~.::um crescendo no testemunho 17) que podia ser seguido por . :'-,~ é digno de ser adorado (v.38). ;; .::::Jesus vem sendo questionada, _ -:.~raalguém ser filho de Deus ele ;;.:.:-:-,a casta espiritual superior (9.34). ;; : .::aminho para Deus, mas sim o . ::lia Deus está em Deus mesmo, na ;;:'.lScença e totalmente dependente; :;;:s e vulneráveis. artigo definido demonstra que a descrição é aplicável apenas a Ele e a nenhum outro pastor. Ele é o que dá a vida pelas ovelhas. A mais próxima analogia com a expressão TL8ÉVIH T~V \(Iux~v acha-se em 13.37 quando Pedro oferece sua vida a Jesus e em 15.13 onde alguém oferece a sua vida pelos seus amigos. Em ambos os casos há inutilidade na atitude visto que em nenhum deles há poder para se reaver a vida. A atitude de Jesus não tem similar (v.17). A preposição UTTÉp ("pelas") seria melhor traduzida por "em favor de", "pelo bem de", "em lugar de", ou seja, quando o bem-estar das ovelhas exige o sacrifício da vida, este é espontaneamente feito. Um pastor comum pode até morrer pelas suas ovelhas mas isso em nada as beneficiaria; com o pastor morto o rebanho tornar-se-ia uma presa ainda mais fácil. Jesus veio para que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundância (v. 10); e esta só é obtida pelo ato vicário do Bom Pastor. Vv. 12-13 - Em contraste com o Bom Pastor aparece o flLOTWTÓÇ, bem traduzido pela BLH como "empregado" (Mc 1.20). Desde que a função não implique risco de vida, o empregado cuida das ovelhas motivado, não pelo carinho ou amor, mas pelo seu salário. Mas quando vê o lobo chegando, ele abandona as ovelhas e foge. Ele foge OTL flLOTWTÓÇ EOTLV - sua natureza é traída pela sua conduta. A referência a "empregado" é parentética. O foco é a presença do inimigo. É bom lembrar que À,ÚKOÇ ,"lobo", não é discurso retórico de Jesus. O lobo é o predador natural das ovelhas. Quem é ele? Y.14 - A segunda marca do Bom Pastor é apresentada pela repetição de Êyw KIXÀ.ÓÇ. Esta segunda marca não é feita em termos gerais, aplicáveis a todos os pastores, mas diz respeito apenas aEle: "Eu sou ... e conheço (YWWOKW) ... e elas me conhecem (YWWOKOfl(H) ". Este verbo ocorre 4 vezes nos vv. 14-15 e tem o mesmo sentido que o verbo lli' em hebraico. Como tal, o verbo significa "eleger" . Os Pais luteranos entendiam esta secção de Jo 10.14-15 e 27-30 como uma sedes para a doutrina da eleição. Este conhecimento recíproco entre Cristo e o Seu povo é igualado ao conhecimento e relação que existe entre o Pai e o Filho. V. 15 - "E dou a minha vida ..." - Cristo sabe que esta é a vontade do Pai. Contudo, ao mesmo tempo, o próprio Cristo, por vontade própria, dá a Sua vida e a reassume. Em ambos os casos Ele tem a autoridade, o poder (Ê~OUOl(i), para fazêlo(vv.17-18). O carinho, o cuidado e salvação do Bom Pastor estende-se não apenas às ovelhas da casa de Israel, ("deste aprisco" V. 16) mas também às ovelhas dispersas dentre os gentios ("outras ovelhas" V. 16). E com isso, embora havendo muitos rebanhos, haverá uma só grei e um só Pastor. PROPOSTAS HOMILÉTICAS ;; - bom pastor em comparação com _:'::1. único. Ele é o Bom Pastor. O O texto fala de três personagens: a) o protagonista, Jesus Cristo, o Dono e Pastor das ovelhas; b) o antagonista, Satanás, o lobo; c) o prêmio, os seres humanos, as ovelhas desgalTadas e vulneráveis. O ser humano, embora no início propriedade 281 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 do pastor, é o prêmio desejado tanto por Deus quanto por Satanás. (Não se quer, desta forma, propor um dualismo - mesmo porque o dualismo maniqueísta não existe na Escritura onde só há um Vencedor. Mas não se pode negar que na esfera histórica e existencial haja um dualismo ético que tem sua culminância em céu ou inferno.) À fragilidade do ser humano por causa do pecado e ausência de defesa natural, postase a sagacidade, astúcia e fome de Satanás, Do outro lado do ser humano está a figura do Messias, o Cristo. Ele clama e chama pelos seres humanos porque Ele os' criou, é seu Dono, e está pronto a dar a Sua própria vida (e efetivamente a deu) para que Seu povo tenha vida e vida em abundância, Ao reassumir (v.17 - Âápw) a Sua vida (ressuneição, Páscoa!), o Pastor está vivo e presente, como poderoso Salvador, para proteger, guardar e salvar aqueles que Ele redimiu, CONTEXTO Jesus está com seus dis:;::,'.:i: quinta à noite. Está na Últim:: c~ -_ negação, o capítulo 14 de .k~o -o: que Ele é o caminho, a ver2i~ ~ .. podem pedir tudo em nomeie ~_ .' o SUGESTÃO DE TEMA Ameaçados sim, mas bem protegidos! Acir Raymann o capítulo 14 encena ,'.:":'0 o-e Que estava chegando a te-c..:. abandonado o convívio cris::'.: ':'.e excluído da árvore da vid", .:.., seqüência, temos o belo rei.:.:: o 1EXID Termos significati vos. karpón . (fruto) - 6 oç,:,~- méno· (permanecer; _ '7 .:.: o .. o o Vv. 1,2 - Jesus faz uma ::":' ~ :c: discípulos, por fazer par::, de 'c. Jesus é a videira verdaéeL :cr. é limpo pela Palavra o i". ~ ~.:.. Existem várias pessoas ~:.:~ "ser luterano", ou, "ser és Cristo mostra a possibilid2..::e .:.; Pessoas que acham que esc;':: r.c.-: georgós, o pai, o agricultJr .= ' - V.3 - leláleka. Jesus fak __.:. reduplicado, Pala\Ta5qc::'~--.:.."limpam", purificam e" r.,:__, V.4-PermaneceremJesus ',-":'''::':,'':''~ não tem condição nenn'..::.-:-,,:, .::eo bem, em fazer coisas t<.:.s e":' não produz bons frutos, ;:~:' ."'. 282 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 - . - ~.i:anás. (Não se quer, _:naniqueísta não existe - _~c.:Cjuena esfera histórica - _~__::~m céu ou inferno.) À _~defesa natural, posta_.:.: do ser humano está a numanos porque Ele os' ::~tivamente a deu) para _".:.mir (v. 17 - Àcipw) a Sua c -: como poderoso Salva- QUINTO DOMINGO DE PÁSCOA João 15.1-8 21 de maio de 2000 c -:' CONTEXTO Jesus está com seus discípulos na semana da Última Páscoa, mais precisamente na quinta à noite. Está na Última Ceia. Após já ter falado a seus discípulos sobre traição e negação, o capítulo 14 de João nos mostra Jesus confortando seus discípulos. Ele fala que Ele é o caminho, a verdade e a vida, o único meio de se chegar ao Pai. Os discípulos podem pedir tudo em nome de Jesus, que serão atendidos. Acir Raymann O capítulo 14 encerra com Jesus dizendo que o traidor estava se aproximando. Que estava chegando a hora de Ele ser entregue nas mãos daquele que havia abandonado o convívio cristão, que havia se separado da raiz, que havia se autoexcluído da árvore da vida, que é Cristo. Parece, assim, que não é por acaso que, na seqüência, temos o belo relato das palavras de Jesus sobre a "videira e os ramos". TEXTO Termos significativos: karpón - (fruto) - 6 ocorrências méno - (permanecer) -7 oconências + umaenclítica (v. 4). Vv. 1,2 - Jesus faz uma comparação que, além de ser claramente entendida por seus discípulos, por fazer parte de seu contexto de vida imediato, é muito impressionante. Jesus é a videira verdadeira, sendo os discípulos, os ramos. Aquele que produz fruto é limpo pela Palavra (v. 3) para que produza ainda mais. O que não produz, é cOltado. Existem várias pessoas que pensam que ser um ramo já é o suficiente. Talvez, "ser luterano", ou, "ser da Igreja" é garantia de estar com Cristo. Mas o próprio Cristo mostra a possibilidade de haver ramos na videira que não produzem fruto. Pessoas que acham que estão na fé, mas são ramos mortos. Estes são cortados pelo georgós, o pai, o agricultor. V3 - leláleka. Jesus falou palavras que não voltam atrás, nos mostra o perfeito reduplicado. Palavras que foram ditas e continuam valendo. E estas mesmas palavras, "limpam", purificam os ramos, os discípulos, para que produzam ainda mais fruto. V 4 - Permanecer em Jesus toma o ramo produtivo. Aquele ramo que não permanece Nele, não tem condição nenhuma de produzir fruto bom. Por mais que se esforce em praticar o bem, em fazer coisas boas, em ser uma boa pessoa, quem não permanece em Cristo não produz bons frutos, pois "sem fé é h'llpossível agradar a Deus" (Hb 11.6). 283 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Vivemos em um mundo onde a alta produtividade em menor tempo é a palavra de ordem. De cada um de nós é exigido que tenhamos condições de produzir, gerar lucro, ter competência, ter força para trabalhar de sol a sol, o máximo possível, com alta competência, com alta produtividade, muitas vezes a salários não compatíveis ... Em meio a isso, saber que de Cristo recebemos todo o alimento de que precisamos, toda a força, toda coragem, toda competência para agirmos como cristão é o maior consolo que podemos ouvir e sentir. Permanecendo em Cristo, em Palavra e Sacramentos, o Espírito Santo nos torna cristãos altamente produtivos! Vv. 5,6 - Estes versículos confilmam a verdade de que, pela fé, somos feitos "cristãos produtivos". Como ramos ligados a Cristo, as boas obras surgem como fruto espontâneo da fé. E Jesus enfatiza: sem mim, nada podásfazer. A vida sem Cristo torna-se totalmente improdutiva, levando ao desespero e à condenação. O próprio agricultor, o Pai, corta o ramo improdutivo, o qual será "lançado no fogo". Vv. 7,8 - A epístola do dia (lJo 3.18-24) é um excelente texto paralelo a esta perícope. Especialmente estes dois versículos relacionam-se ao que João escreve na 1a epístola: "Aquele que guarda seus mandamentos permanece em Deus, e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que ele nos deu" (v. 24). Neste versículo, há um sumário do que está escrito nos capítulos 15 e 16 - Permanecer em Cristo (15) e O Consolador (16). E o mandamento a ser guardado, 1 Jo 3.23 ajuda: "que creiamos em o nome de Seu Filho Jesus Cristo e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou". Jesus também já mostrou os dois grandes mandamentos a serem guardados (Mt 22.37-39; Jo 13.34-35). Este é o fruto que o cristão produz quando permanece na videira verdadeira. Amor a Deus e ao próximo. PROPOSTA HOMILÉTICA CONTEXTODAPERÍCOP-I Jesuseseusdiscípukse'~~ -.-' usa a figura da videira e des =-3--. estivermos ligados a ele. Ai §;_": ~ _ = sinal de seu serviço e humildade ~ o conforto aos discípulos e ~,::--. EXEGESEOOTEXTO V.9-llY(,(TCllGeV- aoriste de assim também eu vos :e:'~._ c_-::-:2 13.1. O Pai já manifesz.:. '17.23,24. Assim, o amer =e=:do amor do Pai pelo benevolência de Cristo ap=-,.~.:. "O Pai ama o Filho"- refe:;:-::, vivendo perfeitamente De .:.r como marca registrada c es-:-"permanecerem ligados ac.''=:: .: j F:: ,i SEM MIM, NADA PODEIS FAZER! I - Permanecer em Cristo 1 - Ramos ligados a videiras falsas produzem resultados aparentes e ilusótios, pois não permanecem na videira verdadeira. Sem Cristo, é impossível fazer coisa alguma! 2 - Graças a Cristo, os ramos permanecem na videira verdadeira. Com Cristo, "pedireis o que quiserdes e vos será feito!" (v. 7) n- Produzir Fruto ... 1 - ...Imposição da sociedade moderna. Sem Cristo, não háfruto. 2 - ...Conseqüência do cristão justificado, movido pelo Espírito Santo e alimentado por Palavra e Sacramentos - Com Cristo, alta produtividade! 3 - ...Avançar com gratidão a Deus. V. 10- Destaque para as pala·.=--,--:-"continuar a viver"). O ~";;::,c :: marca de sua permanénc:.:. ~amor é conseqüência de r=-_:::éoprimeiro(lJ04.l9.::.. nosso amor ao agll'mes ..:.e .:.~ cumprimento de sua \ seu amor ( v. 10). As:;::-::-.' (,(Y('(TCll de Deus reve lad,: ~- . _ de nossa parte; este am,::=-::::': amor; este amor suster:." _ corações. Assim o cren~e sacrifício voluntário de F:i: _.:.:..-.1 da obediência a Deus. Lucas André Albrecht Campo Bom, RS 284 V. 11- O termo TCÀllPC09~ n_, da alegria daqueles que e:'~.:'.' Igreja Luterana ,,,mpo é a palavra de de produzir, gerar . ::',áximo possível, com . ,-ciosnão compatíveis ... . . c': to de que precisamos, ., :'Jmo cristão é o maior ,,:-::Cristo, em Palavra e :c produtivos! - N° 2 - 1999 c- :~ . ' çs :, fé. somos feitos "cristãos :bras surgem como fruto ·:fazer. A vida sem Cristo - e à condenação. O próprio ,,~'-"lançado no fogo". " :""::0' João 15.9-17 28 de maio de 2000 paralelo a esta perícope. ,:,i) que João escreve na COl'lTEXTO DAPERÍCOPE Jesus e seus discípulos estão reunidos para a última ceia. Nesse contexto Jesus usa a figura da videira e dos ramos, mostrando que só há verdadeira vida enquanto estivermos ligados a ele. Alguns acontecimentos fundamentais: O "lava pés" como sinal de seu serviço e humildade; a indicação do traidor; o aviso a Pedro e, finalmente, o conforto aos discípulos e a promessa do Consolador. l" : ÇI1TlaneCeem Deus, e Deus ~.. s pelo Espírito que ele nos . _c está escrito nos capítulos __ ~ 16). :ue creiamos em o nome de oegundo o mandamento que :- ::-,jes mandamentos a serem J,ue o cristão produz quando ~:.~'Xlmo. [~ r.-\ZER! s aparentes e ilusórios, pois não ':poss[iel fazer coisa alguma! :ieira verdadeira. Com Cristo, _ = : não háfruto. pelo Espírito Santo e alimentado '.: Drodutividade! EXEGESEOOTEXTO V9-llycm1l0fV - aoristo de ayarearo "amar" - "Assim como o Pai tem me amado, assim também eu vos tenho amado. Continuai no meu amor." Veja o sentido em 13.1. O Pai já manifestara seu amor ao Filho, confOlme Mt 3.17; Mt 17.5 e Jo 17.23,24. Assim, o amor de Cristo é algo precioso aos discípulos pois é uma cópia do amor do Pai pelo Filho. Viver neste amor é igualmente algo precioso. A benevolência de Cristo aponta para o prêmio dado a quem nele permanece ( v. 7 ). "O Pai ama o Filho" - refere-se a Jesus de N azaré, amado perfeitamente pelo Pai e vivendo perfeitamente no amor do Pai. O Filho amou aos discípulos, que tinham como marca registrada o espírito de obediência e reconheciam a necessidade de permanecerem ligados ao amor de Jesus, sem o qual não teriam acesso ao Pai. V 10- Destaque para as palavras 'tllP1l01l'tf ( "guardar" ) e !lEva'tE ( "permanecer", "continuar a viver"). O crente é reconhecido pelos atos de amor, sendo este marca de sua permanência com seu Salvador. A obediência ao mandamento do amor é conseqüência do próprio amor de Cristo na vida dos seus. A- Seu amor é o primeiro ( 1 Jo 4.19). E como este amor se manifesta? B- Nós mostramos o nosso amor ao agirmos de acordo com seus mandamentos ( Jo 14.15 ) C- Este cumprimento de sua vontade resulta novamente em nosso habitar / viver em seu amor ( v. 10). Assim voltamos ao princípio, à 8uvaiJ.10 da vida cristã: O ayare1l de Deus revelado em Jesus. Este amor é "ativado" em cada ato de amor de nossa parte; este amor precede o nosso amor; este amor acompanha o nosso amor; este amor sustenta o nosso amor; este amor cria mais amor em nossos corações. Assim o crente "permanece" ligado a Deus por meio de Cristo. O sacrifício voluntário do Filho à amarga morte na cruz é a mais gloriosa manifestação da obediência a Deus. Lucas André Albrecht Campo Bom, RS V 11- O termo reÀllpro8T]("completo", "cheio", "pleno") aponta para a plenitude da alegria daqueles que estão em Cristo. Amor e alegria são descritos por Paulo 285 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 como frutos do EspÍlito em GI5.22. Permanecer no amor do Pai, cuja obra Cristo realizou, eis a alegria indescritível do Filho no final de sua missão. A alegria de ter cumprido a missão de salvar a humanidade faz com que os que nele crêem sejam igualmente inundados por essa alegria. Compare-se "minha alegria "(v. 11) com "minha paz" (14.7). Assim como a "minha paz" tem em mente a paz que Eu vos dou, assim também a "minha alegria" é aquela por mim imputada, a alegria que não se restringe às coisas deste mundo, mas que é do Espírito e perdura para a eternidade. Veja também: Lc 2.10; R..'ll14.17 e, especialmente, 1 Pe 1.6,8. V. 12- Destaque para três palavras: l:YLOÀll("mandamento"), aya1w/tE ( "vos ameis") e aÀÀllÀüucr ("uns aos outros", "reciprocamente" ou "mutuamente"). Do preceito "permanecei em mim" Jesus segue para a próxima unidade, "Amaivos reciprocamente". Isto somente poderá acontecer se permanecermos de fato em Cristo, em sua Palavra, em seu amor ( Veja também 13.34 ). O amor que gratificou os discípulos se exprime no amor que eles se dedicam mutuamente neste mundo. Esse desfecho verifica a presença do amor recebido de Jesus. Eis porque o mútuo amor fraternal é apresentado como mandamento por excelência. Vv. 13 e 14- As palavras flaseov ("mais que" - idéia de algo incomensurável) e <jJtÀocr ( o subst. "amigo" e o adjet. "devotado"). Ao combinarmos os vv. 12 e 13 teremos a seguinte mensagem: "Continuem a amar aos outros da mesma forma que Eu o pratico, ao ponto de dar a minha vida pelos meus amigos". Veja 1 Jo 3.16. É verdade, é evidente que este amor de Cristo não pode ser igualado, pois o nosso amor ao semelhante é muito limitado. Seu amor é de um valor infinito, de caráter substitutivo, e traz gloriosas conseqüências para a nossa redenção. Seu ato de amor jamais poderá ser imitado por nós, pois seu perfeito amor não pode ser copiado. O que deve ficar evidente no amor ao próximo é a disposição ao autosacrifício (veja 13.15; e Mc 8.34 ). "Em vosso amor pelo semelhante vós deveis estar dispostos a autodoação". O amigo de Jesus é este: a) resgatado deste mundo ( 15.19); b) aquele que faz o que Jesus mandou que fosse feito (15.14); c) aquele que não quer ser o maior, e sim servo de todos ( 13.2; Lc 22.24); d) não é o pecador que escolhe Jesus como amigo, mas Cristo chama pecadores ao arrependimento (v. 16). V. 15- Destaque para as palavras ü'\)1(ETI("não mais" - uma possível referência a 13.16 e 12.26) e mOa ("saber", "conhecer"). Há pouco tempo os discípulos ainda eram chamados de servos, e agora Jesus os chama de amigos. Se um superior manda o servo cumprir uma ordem, não cabe a este perguntar os porquês. Deve simplesmente cumprir detelminações. Com o amigo é diferente. O amigo é um confidente ( 8.26; 3.11 enfatizando o "meu Pai"; veja também 1.14 e 1.18 ). Jesus não se contenta simplesmente com uma "obediência servil". Seus amigos são motivados pela "AMIZADE" de Cristo e a Cristo quando cumprem os seus mandamentos. A obediência é e sempre será uma expressão de seu amor. Vv. 16 e 17- ESEÀEsa08E ( "escolher", "selecionar ") e E81l1(C(( "constituir", "designar" ). Entre as pessoas muitos são os motivos que fazem de alguém um 286 amigo. As pessoas r:-~ seu amigo. Com Cri,., _ nos escolheu, apes:c ;: do amor espontâne:::e ~e _ em nós mesmos. também:Dt7.7.8:Is-~ .. ao eleger os homen' ... ' .. _ duradouros, para a '.-i·i::e:e 1.6. O v. 16 conclui ":':~:. ::--e nome, ele vos concede::: identificado. "Ele", c L·,; _ aos que estão ligado;: ::. = Cristo e que cumpres: s :e _' porque ele os amou também ao semelhan:e PROPOSTA HOl\ULÉTIC ."'. INTRODUÇÃO A caridade e assistên.:i.' : . religiosas e sociais. Do::,::~' . ao próximo, e mais, que a caridade e ação socieil::::.: " origem e motivação deste ::::-. enquanto que o cristão "5: .. o' Tema: PERMANEÇAi\í.\' O '- m.- ~._. Lâ Partes 1- Eu os escolhi pia '';:'e II- Como o Pai me a;:: __ e. IU- Estando em mir:- .;-.'" IV- Estando em mirre ::.::-::.:0. CONCLUSÃO Fomos chamados pc::-\_::s,· ::. da gloriosa notícia da ::a.e "C enche de alegria e. em ::~:-. _ "avançamos com gralldi'. Igreja Luterana - N" 2 - 1999 o amor do Pai, cuja obra Clisto :--,a] de sua missão. A alegria de o.é ~J.z com que os que nele crêem ~ ::-:c.pare-se"minha alegria "(v. 11) - :. ,,~"z"'tem em mente a paz que Eu - _ = Ia por mim imputada, a alegria :-:-3.S que é do Espírito e perdura 0- l7 e, especialmente, I Pe 1.6,8. é - ~: :-:~:mdamento"), O:YCX1!:CCl:E ( "vos "l'DCamente" ou "mutuamente"). _ = "ara a próxima unidade, "AmaiC.tecerse permanecermos de fato ='-,1 também 13.34 ). O amor que · ='X eles se dedicam mutuamente :J. do amor recebido de Jesus. Eis _:mo mandamento por excelência. o :':J. de algo incomensurável) e <pIAOO' · ::nbinannos os vV. 12 e 13 teremos · , Jutros da mesma forma que Eu o meus amigos". Veja 1 Jo 3.16. É ~S.Dpode ser igualado, pois o nosso .::- é de um valor infinito, de caráter "ara a nossa redenção. Seu ato de .:, seu perfeito amor não pode ser 20 próximo é a disposição ao auto') amor pelo semelhante vós deveis = Jesus é este: a) resgatado deste mandou que fossefeito ( 15.14 ); c) ::' todos ( 13.2; Lc 22.24); d) não é o mas Cristo chama pecadores ao amigo. As pessoas normalmente buscam motivos para que alguém possa ser seu amigo. Com Cristo é diferente. Não fomos nós que o escolhemos, mas ele nos escolheu, apesar do nosso pecado. "Eu vos escolhi" dá ênfase ao caráter do amor espontâneo de Jesus. O motivo do amor de Deus por nós jamais estará em nós mesmos, porém nEle, porque em sua essência DEUS É AMOR (veja também: Dt 7.7,8; Is 48.11; Dn 9.19; Rm 5.8; Ef 1.4; 1Jo 4.19). Assim agiu Cristo ao eleger os homens da escuridão do pecado a fim de que produzam frutos duradouros, para a vida eterna. Que frutos são estes? Veja 015.22; Ef 5.19; Cl 1.6. O v. 16 conclui com a expressão "tudo quanto pedirdes ao meu Pai em meu nome, ele vos concederá ". Há um retorno ao V.7, contudo no V. 16 o doador é identificado. "Ele", o Pai: O Pai amou o Filho; em conseqüência ele também ama aos que estão ligados ao Filho. O v. 17 conclama àqueles que estão ligados a Cristo e que cumprem os seus mandamentos a que" não apenas amem a Cristo porque ele os amou primeiro", mas que evidenciem este amor a Cristo, amando também ao semelhante. PROPOSTA HOMILÉTICA INTRODUÇÃO A caridade e assistência social têm sido "cavalo de batalha" de muitas instituições religiosas e sociais. Do cristão também se espera que o mesmo faça obras de amor ao próximo, e mais, que seja exemplo de doação e sacrifício. Contudo, o que diferencia a caridade e ação social das referidas entidades de um ato de amor de um cristão é a origem e motivação deste amor. O não-cristão age como o servo que faz por obrigação, enquanto que o cristão age como amigo de Cristo e o faz por amor. Tema: PER.\1ANEÇAM NO MEU A.\10R Partes I- Eu os escolhi para serem meus amigos TI-Como o Pai me amou eu também os amei m- Estando em mim a sua alegria será completa IV - Estando em mim amarão uns aos outros :.:s" - uma possível referência a 13.16 :uco tempo os discípulos ainda eram je amigos. Se um superior manda o untar os porquês. Deve simplesmente '::e. O amigo é um confidente (8.26; 1.14 e 1.18 ). Jesus não se contenta Seus amigos são motivados pela :umprem os seus mandamentos, A seu amor. CONCLUSÃO Fomos chamados por Cristo a fim de vivermos como seus amigos e conhecedores da gloriosa notícia da salvação. Como tal, fomos alvo de seu perfeito amor que nos enche de alegria e, em conseqüência, nos faz amar como fornos amados. Por isso, "avançamos com gratidão a Deus" por tanto amor a nós revelado. Paulo Gerhard Pietzsch ,cionar ") e E8rjKCX ( "constituir", , motivos que fazem de alguém um 287 Igreja Luterana . N° 2 . 1999 SÉTIMO DoMINGO João DE PÁSCOA 17.llb-19 4 de junho de 2000 CONTEXTO DAPERÍCOPE A perícope encontra-se dentro de um contexto de oração. Este dado é importante à medida em que nos leva a perceber quem está orando. Trata-se de ninguém menos do que Jesus. O coração do Filho de Deus abre-se diante do Pai e nos permite conhecer seus pensamentos e desejos. Pelas palavras dirigidas ao Pai notamos que Jesus estava tomado de grande amor pelos seus discípulos, no caso específico do texto, o pequeno grupo dos onze apóstolos. Os onze, reunidos com Jesus para a ceia pascal antes dos acontecimentos que culminaram com a condenação e morte do Filho de Deus, são chamados de "os homens que me deste do mundo" v.6. São aqueles que Deus Pai havia confiado aos cuidados de Jesus. Naturalmente que, ao todo, havia mais do que onze que podiam ser mencionados como homens que o Pai confiara ao Filho, basta lembrar, por exemplo, os 120 de At 15. No texto, contudo, os onze são destacados porque seriam enviados como apóstolos de Jesus (v. 18) e a favor deles ele ora de modo muito especial. Trata-se, portanto, de uma intercessão especial a favor dos onze. Não é uma oração pelo mundo. O que Jesus fala a respeito dos onze nos vv. 6 a 10 é revelador e apresenta reações possíveis apenas em corações crentes. O motivo principal para a intercessão pelos onze revela-se nas palavras iniciais do v. 11: ;;Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti." Jesus deixa o mundo, porém os discípulos nele permanecem. Por isto ele vai ao Pai em súplica. Os discípulos permanecem no mundo e tal fato não fica oculto da atenção de Jesus por eles. Movido por amor, Jesus leva ao Pai em súplica aquilo que vê como necessário para acompanhar os discípulos no mundo a partir do retorno do Filho de Deus para junto do seu Pai. A prece a favor deles desenrola-se em minúcias através do texto da perícope. Dela extraímos alguns comentários presentes na exegese dos versículos a seguir. o TEXTO V. 11b - Após ter se dirigido a Deus por duas vezes chamando-o de "Pai" (vv. 1 e 5), aqui Jesus o chama de "Pai santo." Podemos levantar hipóteses para a razão do emprego do adjetivo "santo." Creio que é possível tentar justificar a sua presença por dois motivos. Primeiro, contrasta com a característica do mundo onde ficarão os discípulos. Ele não é santo; pelo contrário, nele está presente o pecado, do qual Deus está totalmente separado. Para não serem engolidos 288 pelo mundo, some,E= ~.;: _. Segundo, o Pai santc 'er c, . verdade." Santific ::r= ~: ~. Os perigos provenieTI:=' ~= Deus santo a proteção sc:-re me deste." O nome de De',:' : Pela palavra de Jesus. rs d:o: conseguinte, o próprio De,,; - __ a pessoa, um conhecimemc=,:" : os em teu nome" inclui. j:":'~:":-.:' eles permaneçam em com::",-' ele até aquele momento, ê::- rf.:': O propósito da comunhi: como nós." Da comunhão :._. fornece-nos subsídios p:~" ,:r:-_ discípulos de Jesus. AIér:a unidade deixa de exisci- -encarrega de romper lir>:_ Vv. 12, 13 -Jesus me:'.r.c. _ -_ ocorrerá. Tendo esc:::: . protegeu. Nenhum :::,::,,:c :" -_ que se cumprisse a E', da perdição afasteu-s:,: . ao qual Judas este ...e.: r.d,,-~: incorreta do ;;para c_c sabia o que aCOTItec=:-:~ . antes da ação se co:':re aquele discípulo. O ::-':ê do Filho de Deus. Aproxima-se, contu:i:. - - .. quer que os discípulos pcr ,:~-:com o Pai, sempre preseTIr:'::,:u será ameaçada pelo ódi ci: rf._- . comunhão com Deus Pal':': dos seus, Jesus roga ae P::: ~:::': . Jesus conhece o único rno.:i. e r:-_- t: i de Deus. Em amor peles :i:s:'~ _ Vv. 14 - 16 - Os discíp',::' continuará existindo, _-'l :--=-=~ não o é. O que signiL:, -~ . é a criação que tem se " - .' Igreja Luterana - N° 2 - 1999 :t PASCOA - . ~3.ção.Este dado é importan::~3.ndo.Trata-se de ninguém . , = diante do Pai e nos permite :.cjirigidas ao Pai notamos que _ : .:,ulos, no caso específico do ::.=. reunidos com Jesus para a - ~ ..::' com a condenação e morte ..: ",e deste do mundo" v.6. São . ::.= Jesus. Naturalmente que, ao : ~"idoscomo homens que o Pai je At 15. No texto, contudo, os .ipóstolos de Jesus (v. 18) e a . a favor dos onze. Não é uma : : o ::mzenos vv. 6 a 10 é revelador . :' crentes. :.ze revela-se nas palavras iniciais ·.uam no mundo, ao passo que eu ::JS discípulos nele pennanecem. ;:,nanecem no mundo e tal fato não :::: por amor, Jesus leva ao Pai em :-·.;:,anharos discípulos no mundo a ::.: seu Pai. A prece a favor deles ::-erícope. Dela extraímos alguns -o a segUIr. ;ezes chamando-o de "Pai" (vv. 1 e levantar hipóteses para a razão = é possível tentar justificar a sua '.ota com a característica do mundo pelo mundo, somente alguém santo terá poder para protegê-los e guardá-Ios. Segundo, o Pai santo será capaz de atender o pedido do v. 17: "Santifica-os na verdade." Santificar é ação possível somente a quem é santo. Os perigos provenientes de um mundo com a presença do pecado requerem do Deus santo a proteção sobre os discípulos. Por isto, "guarda-os em teu nome, que me deste." O nome de Deus foi dado a Jesus e este o tem revelado aos discípulos. Pela palavra de Jesus, os discípulos têm conhecido o nome de Deus e, por conseguinte, o próprio Deus, pois, neste caso, conhecer o nome significa conhecer a pessoa, um conhecimento que envolve aceitação, confiança e comunhão. "Guardaos em teu nome" inclui, portanto, O velar do Pai santo sobre os discípulos para que eles permaneçam em comunhão com o Pai, assim como estavam em comunhão com ele até aquele momento, por meio de Jesus . O propósito da comunhão com o Pai aparece em "para que eles sejam um, assim como nós." Da comunhão com o Pai dependerá a comunhão entre eles. Tal verdade fornece-nos subsídios para umá interessante reflexão sobre unidade entre os discípulos de Jesus. Além disso, fica claro que à parte da comunhão com Deus Pai a unidade deixa de existir, pois a cOlTupção do mundo, causada pelo pecado, se encalTega de romper vínculos. Vv. 12, 13 - Jesus menciona a mudança de situação dos discípulos que em brevc ocolTerá. Tendo estado na companhia deles, guardou-os no nome do Pai e os protegeu. Nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição (Judas), para que se cumprisse a Escritura. Sob a proteção de Jesus houve segurança. O filho da perdição afastou-se voluntariamente da companhia de Jesus. Não foi um ato ao qual Judas esteve condenado por um decreto, como sugere uma interpretação incorreta do "para que se cumprisse a Escritura." Na sua presciência, Deus sabia o que aconteceria com Judas e já havia feito menção do ocolTido muito antes da ação se concretizar. Também não foi um descuido de Jesus para com aquele discípulo. O que aconteceu não joga dúvidas sobre o valor da proteção do Filho de Deus. Aproxima-se, contudo, o momento do Filho voltar para junto do Pai. Jesus não quer que os discípulos percam o seu gozo (alegria) completo. A alegria da comunhão com o Pai, sempre presente em Jesus, é um Dom maravilhoso para os discípulos. Ela será ameaçada pelo ódio do mundo. Para que ela permaneça é indispensável que a comunhão com Deus Pai seja mantida. Não estando mais visivelmente na presença dos seus, Jesus roga ao Pai que aja em favor daqueles homens. Na sua sabedoria, Jesus conhece o único modo de manter a comunhão com Deus: é a ação protetora de Deus. Em amor pelos discípulos, ele a busca junto do Pai. ',1DS : pelo contrário, nele está presente :'arado. Para não serem engolidos Vv. 14 - 16 - Os discípulos foram alvo do ódio do mundo e tal atitude adversa continuará existindo. A razão cá está: não são do mundo, como Jesus também não o é. O que significa não ser do mundo? É não ter comunhão com ele. Não é a criação que tem se voltado contra eles, mas os homens sob a tutela do 289 Igreja Luterana . N" 2 . 1999 pecado é que constituem o mundo hostil aos discípulos. Quem não se encontra em comunhão com o mundo se torna ameaça a este e dele recebe ódio. Ódio gera maldade contra os discípulos de Jesus. A comunhão com Deus conservada pela palavra divina, dada aos discípulos por Jesus, exclui da comunhão com o mundo. Não compartilha do modo de agir e de ver a vida seguido pelo mundo. Por isto o mundo se torna inimigo do discípulo de Jesus. pulos a santificaçãc '.c. '. _ a favor dos discípulcs .. ~ - .,~ que se processe a sa"c;·:.~.~: PROPOSTAHo~m_ÉTIc.-\ Sugiro três idéias preseE:::: . o tema: O indispensável IX; -c: seguinte seqüência: ::c Qual seria, em nossa maneira de ver as coisas, a melhor solução para não sofrer o ódio do mundo? Ser tirado do mundo e colocado, talvez, numa outra existência? É bem possível. Não é, porém, o que Jesus pede que aconteça aos discípulos. Deverão ficar no mundo, porque Jesus os enviou ao mundo. Foram enviados para salvar quem os odeia. Qual a garantia que terão de não serem destruídos pelo mal contra eles lançado pelo mundo? A proteção de Deus. A ela Jesus recorre:" .,. e sim que os guardes do mal." Todo o mal engendrado pelo mundo contra os discípulos de Jesus é inspirado por Satanás. É inimigo poderoso, todavia não tão poderoso quanto aquele que é chamado a defender os discípulos: Deus Pai. Nisto reside a certeza do êxito da ação de Deus buscada em oração por Jesus. V. 17 - Este é um versículo bem conhecido. Tem rico conteúdo! "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade." O verbo santificar significa "colocar à parte para Deus." Em outras palavras, separar os discípulos de qualquer outra comunhão para que a única existente seja a com o Pai. O santificar acontece dentro dos domínios da verdade. Não há influência da mentira e tal não pode acontecer, pois esta é filha de Satanás. Os limites da verdade são traçados pela palavra de Deus. A ação santificadora de Deus existe apenas dentro dos limites da verdade, ou, conforme Jesus, a palavra do Pai. A importância da palavra para a obra santificadora de Deus é dupla: demarca os limites para a ação divina e carrega consigo o poder para que a santificação se efetue. Logo, o que contraria a palavra não provém de Deus e não é verdade. V. 18 - É a razão para os discípulos não serem tirados do mundo. Há, porém, mais um detalhe a observar. Com que autoridade Jesus veio ao mundo? Ora, foi enviado pelo Pai. Haverá necessidade de credencial maior? Com que autoridade os discípulos irão ao mundo? Foram enviados por Jesus, o Deus-homem. Também não há necessidade de credencial maior para realizar a obra para a qual são deixados no mundo. O enviar de Jesus não é inferior ao enviar do Pai, pois "eu e o Pai somos um." V. 19 - Jesus santifica-se a si mesmo para que os discípulos sejam santificados na verdade. A favor dos discípulos ele tem agido. Coloca-se voluntariamente à disposição do Pai para que os discípulos desfrutem da comunhão com Deus. Os discípulos são santificados. É obra de Deus, realizada até aquele momento por Jesus, mas que terá continuidade através do Espírito Santo, o Parácleto prometido por Jesus. Antes, porém, acontece o santificar de Jesus, o entregarse voluntariamente e espontaneamente à execução dos planos salvíficos do Pai. A partir da obra mediadora de Jesus é que se torna possível para os discí290 1 - O que julgamos necco: é':-.. 2-Aquilo queo texto apie'::-', de Jesus. 3 -Jesus torna possível: ;: '::: ':" Igreja Luterana - N° 2 - 1999 _ ~:0ulos. Quem não se encontra '. ,;ste e dele recebe ódio. Ódio -, ~:·munhão com Deus conserva- : ~~sus, exclui da comunhão com , _é.er a vida seguido pelo mundo. _,: de Jesus. _c:, melhor solução para não sofrer - , -aI vez, numa outra existência? É _é ,,:onteça aos discípulos. Deverão _".do. Foram enviados para salvar : s~rem destruídos pelo mal contra '-,: ia Jesus recorre: " ... e sim que os ~;;do contra os discípulos de Jesus ::davia não tão poderoso quanto ='~us Pai. Nisto reside a certeza do pulos a santificação na verdade. Destaca-se no versículo a mediação de Jesus a favor dos discípulos. Apresenta a sua própria santificação como razão para que se processe a santificação dos seus. PROPOSTA HOMILÉTICA Sugiro três idéias presentes no texto para serem desenvolvidas no sermão. Sob o tema: O indispensável para a obra da igreja - a mensagem poderá observar a seguinte seqüência: I - O que julgamos necessário para o trabalho da igreja? 2 - Aquilo que o texto apresenta como indispensável para a obra dos discípulos de Jesus. 3 - Jesus torna possível o recebimento do indispensável. Paulo Moisés Nerbas -:-SUS. -é"::rico conteúdo! "Santifica-os na , s3.ntificar significa "colocar à parte ::5 discípulos de qualquer outra :: com o Pai. O santificar acontece )',rluência da mentira e tal não pode :::ites da verdade são traçados pela éUSexiste apenas dentro dos limites Pai. A importância da palavra para ::rca os limites para a ação divina e ,,;ão se efetue. Logo, o que contraria jade. , :irados do mundo. Há, porém, mais _,de Jesus veio ao mundo? Ora, foi :dencial maior? 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A vida, a verdadeira vida, é dádiva de Deus, por meio da ação de Seu Espírito na palavra (Ez 37.4), como Ezequiel bem descreve na visão do vale de ossos secos (Ez 37.1-14». O Sermão de Pedro aponta para a obra redentora de Cristo e suas conseqüências: Deus Pai cumpre Sua promessa e derrama o Espírito Santo sobre os seguidores de Cristo (Atos 2.22-36). Pois esse Espírito é o mesmo que inunda corpos secos com a água da Vida e faz com que os mesmos se tornem rios de água viva (João 7.37-39). CONTEXTO LITÚRGICO Com o Pentecostes se encerra o assim chamado Período Festivo do Ano Eclesiástico. Nos primeiros séculos, essa celebração ocupava o segundo lugar (primeiro era a Páscoa) em importância na vida da igreja. Tradicionalmente nessa data se comemora o aniversário da igreja cristã. A festa do Espírito Santo é uma celebração alegre e vibrante, afinal Ele é o vivificador. É o Espírito Santo quem chama o homem pelo Evangelho, o ilumina com seus dons, santifica e o conserva na verdadeira fé. Antes, o que era nascido da carne seco e sem vida, agora é nascido do Espírito - cheio de água da vida, produz vida. Diante desta nova realidade, o homem está na comunhão do Espírito (cf. 2 Co 13.13 e Fp 2.1), isso não é outra coisa, senão dizer que agora faz parte da igreja de Deus (cf. Ef 2.19-22). Estando na Igreja, ele não está só, mas faz parte da comunhão dos santos (communio sanctorum). Vivendo em comunhão com Deus e com o próximo, essa cristandade é fortalecida pelo evangelho de seu Senhor, é regenerada diária e abundantemente pela ação do Espírito e vive seu Pentecostes diário, jorrando para a vida eterna. TEXTO V.37: "No último dia, o grande dia da festa ... " Pelo contexto (7.2), vemos que tratava-se da Festa dos Tabernáculos. Esta festa durava sete dias (cf. Lv 23.34; Dt 16.13,15), mas tinha uma "assembléia de encerramento" no oitavo dia (cf. Lv 23.36). A Festa dos Tabernáculos comemorava a peregrinação de Israel pelo 292 do tanque de Sik:, ~. e derramava a mesC':'.':: :C':': altar, em comemcr:~= israelitas no deserte =:.~ .:. cantava Isaías 12.: ,-;. provavelmente eraeC':'...'-:.::· entrou na Terra PIorr:",._ espirituais, às quais os ;.--: -" que participava da fesr" .:--= pessoas, de todas as peregrinação, e estão se'::e:'-=-s aqueles que estão angu" .--_ . rocha fendida foi para cs : '-:.ct EKpa( éV - Kpá( úJ == cla.",:::- ~_', o mesmo. Isso implica diz"r contexto mesmo sugere. ""'.léC':'. : desejo em salvar aqueles qu: __ na verdade é como se fosse '.'C':' é o tempo!" EpXE08úJ rrpoç }.lE == ··e:.:'. :.c tateando até Deus. Deus não, • nhas testificam que Ele está a: ~c encontrar o caminho até De\.:' =: .:: o homem no caminho correte· e oportunidade para lembrar.:: :::e§ sim, responsabilidade do Esp:: IIwErúJ == beba. Em Cris:: fonte de água viva. Sobre a :T:e':", que Jesus disse para a mulhe: :.':::: Q venha a mim e beba." :üespiritual (cf. Is49.1O, 55.1 e.~.::. digno de nota que em todo' ._ Qualquer um que estiver se,::e:" :' água gratuita do evangelh: . c: _.. te a Lei pode revelar nossa !=:.' :.. " no poço de Sicar. SomeD'e '::_.: e necessidade de perdão. Ir.': :.~ V.38: KarúJç EiTTEV e então apresenta um:: ::.:.::::. de forma literal as TJ ".:.,,:.' gens paralelas. de idé:::.o =- - Igreja Luterana - N° 2 - 1999 . ~~ iificuldades, talvez sendo =~sanimado, com seu espírito -- :::spírito o guie por caminhos ~_ Davi suplica: "vivifica-me, ~~::eira vida, é dádiva de Deus, . - :Jmo Ezequiel bem descreve ~: de Pedro aponta para a obra __ '::TlpreSua promessa e derrama ~ =2-36). Pois esse Espírito é o :.:. e taz com que os mesmos se ?~ríodo Festivo do Ano Eclesi: .:::ava o segundo lugar (primeiro T :adicionalmente nessa data se - :::spírito Santo é uma celebração _ Evangelho, o ilumina com seus -:~s. o que era nascido da carne _:.:::0 de água da vida, produz vida. .:nhão do Espírito (cf. 2 Co 13.13 _; ~Tafaz parte da igreja de Deus (cf. :-:;as faz parte da comunhão dos -.:nhão com Deus e com o próximo, _ seu Senhor, é regenerada diária e _ Pentecostes diário, jorrando para --Pelo contexto (7.2), vemos que :estadurava sete dias (cf. Lv 23.34; :encerramento" no oitavo dia (ct. Lv rava a peregrinação de Israel pelo deserto. Durante sete dias o povo vivia em tendas. Cada manhã se trazia água do tanque de Siloé em uma jarra de ouro. O sacerdote oficiante pegava a água e derramava a mesma em duas tigelas de prata perfuradas no lado ocidental do altar, em comemoração à água da rocha que Deus havia providenciado para os israelitas no deserto. Enquanto isso as trombetas soavam em louvor e o povo cantava Isaías 12.3. No último dia da festa, o oitavo e grande dia, este rito provavelmente era omitido, ou para sugerir as bênçãos do povo quando este entrou na Terra Prometida ou para indicar a sede deste pelas grandes bênçãos espirituais, às quais os profetas haviam se referido. A visão daquela multidão que participava da festa, certamente evocou em Jesus a imagem de milhares de pessoas, de todas as épocas e lugares, a quais viviam fazendo (e fazem) sua peregrinação, e estão sedentas, fracas e aflitas. Então Jesus afirma para todos aqueles que estão angustiados, insatisfeitos e sedentos, que Ele é o que aquela rocha fendida foi para os israelitas no deserto. EKpaçEV-Kpá(w = clamar. O v.28 diz que Jesus clamou no templo. Aqui ocorre o mesmo. Isso implica dizer que as pessoas estavam se opondo a Ele, como o contexto mesmo sugere. Além disso, esse clamor demonstra Seu profundo amor e desejo em salvar aqueles que a Ele se opunham. Quando Cristo faz essa exortação, na verdade é como se fosse um eco e Ele estivesse dizendo repetidamente: "agora é o tempo!" EpXE08w 7TpOÇ f-lE = venha a mim. Isso não implica que o homem possa vir tateando até Deus. Deus não está longe é verdade (cf. At 17.27), e Suas testemunhas testificam que Ele está aí (cf. Rm 1.19ss). E mesmo assim o homem não pode encontrar o caminho até Deus. Esta é ainda função do Espírito Santo, o qual coloca o homem no caminho correto e o dirige até à cruz de Cristo. Pentecoste é uma grande oportunidade para lembrar ao pregador de que a persuasão não é tarefa sua, mas sim, responsabilidade do Espírito Santo, este é Seu ofício. llwETw = beba. Em Cristo o símbolo e a profecia estavam cumpridos. Jesus é a fonte de água viva. Sobre a metáfora de "sede" e "beber da água", compare com o que Jesus disse para a mulher na fonte de Jacó (ct. Jo 4.10,14). "Se alguém tem sede, venha a mim e beba." Não há dúvida de que Jesus aqui está falando de sede espiritual (cf. Is 49.10,55.1 e Ap 21.6; quanto ao convite, não esquecer Mt 11.28). É digno de nota que em todos os casos, tanto no AT como no NT, não há restrição. Qualquer um que estiver sedento espiritualmente, é objeto adequado para receber a água gratuita do evangelho. Jesus não faz restrições, mas apenas convida. Somente a Lei pode revelar nossa grande necessidade, assim como Jesus fez com a mulher no poço de Sicar. Somente aquele que reconhece sua sede espiritual, sua grande necessidade de perdão, irá apreciar o convite de Jesus em nosso texto (cf. Jo 4). V.38: Karwç EL7TEV7] ypacp7]: A margem de Nestle-Aland pergunta unde? (onde?) e então apresenta uma longa lista de referências, mas nenhuma delas reproduz de forma literal as palavras de nosso texto. Fica claro que Karwç denota passagens paralelas, de idéias similares, mas não com as mesmas palavras. Nestle293 Igreja Luterana - N" 2 - 1999 Aland sugere 1s 4319ss; Ez 47.1-12; J14.18; Zc 14.8; Pv 18.4; Ct 4.15 como passagens que abordam tema semelhante. A meu ver, o texto de Ez 47.1-12 ilustra de forma magistral o evangelho em questão e oferece uma riqueza homilética ao pregador. Ali Ezequiel vê águas fluindo debaixo do limiar do templo. As águas crescem e se tornam um rio, um grande rio e à sua margem há muitas árvores. Esse rio leva vida ao Mar Morto e transfonna suas águas. E o texto conclui dizendo: "e tudo viverá por onde quer que passe este rio. " (v.9). Kodw = Denota as partes ocultas e mais interiores do corpo humano (útero, estômago). Seria a parte mais íntima do ser. A BLH traduz por "coração". Um coração transbordando de água da vida certamente será uma fonte de vida para muitos (cf. Lc 6.45). V.39: A referência explícita ao Espírito Santo faz com que este texto seja apropriado para o Pentecostes. A função do Espírito Santo é testemunhar o Cristo glorificado. A glorificação ocorre na crucificação, ressurreição e exaltação de Jesus. Mais adiante (Io 14.26; 16.7 e 20.22), fica claro que o Espírito Santo virá para a comunidade de fiéis após a glorificação de Jesus. O v.39 aponta para a centralidade da cruz. Sem a cruz e a tumba vazia, o Espírito Santo não poderia realizar sua obra de santificação. A plenitude da obra do Espírito depende da obra redentora realizada previamente por Cristo. PROPOSTA HOMILÉTICA A promessa de nosso texto, a princípio, confronta o pregador e seus ouvintes com um problema: "do seu interior fluirão rios de água viva". Será que de fato é isso que as pessoas vêem quando se encontram com um cristão? Para ser mais específico, é isso que nós cristãos experimentamos quando nos encontramos uns com os outros - "água viva"? Parece que Tiago põe mais água nesta fervura, quando pergunta se de uma mesma fonte pode jorrar o que é doce e o que é amargoso (Tg 3.11)? O evangelho deste Domingo oferece ao pregador uma grande oportunidade (diria até visual), de se pregar sobre a incrível e maravilhosa obra do Espírito Santo. É possível obter "água viva" de recipientes secos e disformes? Para o Espírito de Deus tudo é possível! (cf. Ez 37.1-14). A primeira parte do sermão seria um vibrante "Sim", em resposta à pergunta formulada pelo tema do sermão. Pessoas pensam que" água viva" só pode fluir de pessoas perfeitas e santas. Não é assim, pois não há santos perfeitos - exceto pela perfeição oferecida por meio de Cristo e do lavar regenerador e renovador do Espírito - o Batismo (cf. Ef 5.25-26; Tt 3.4-7). Todavia, esse processo não estará completo até estarmos face a face com nosso Deus. Aqui, como igreja militante, ainda somos simul iusti et peccatores. A Segunda parte seria: o Espírito Santo continua operando em nós - os recipientes secos e disformes. Que a água da vida possa ser derramada em mim, uma pessoa morta em peéados e transgressões, já é algo espantoso demais. Mas que a água da vida possa fluir de mim, do meu interior - como isso é possível? Quem sou 294 eu? Um pobre e miserá,~ _ sou um pecador peri,:,:::::. do Batismo. A água que :' ... água que colocamos ;:-::.-::. descer dos céus -em SU2.? eis-:-.:._ nuar como recipientes se::: ::. coisas antigas passam e e i5 ::. -: '-: transformou (cf. Mt 17.2 ::-:::dizer desta forma: o Cris:: sobre o cosmos e o sa];2 i. somente o repugnante pe::::.: ruge, uma base ou mesmc_::·. cirurgia cosmética em n:s:.:. pecado e implanta a santiJ;,,::-: : s co. Ele transforma "rec(D!t:oc:c água da vida que dEle proce::-: - ~ Jesus nunca desiste. Igreja Luterana - N° 2 - 1999 - . ?-. 18.4; Ct 4.15 como . _ :- _ texto de Ez 47.1-12 e 'Jferece uma riqueza - :::. debaixo do limiar do .. .:= . i: rio e à sua margem há . 'z:"forma suas águas. E o .~iE passe este rio. " (v.9). :; ::J corpo humano (útero, por "coração". Um coraz fcmte de vida para muitos - .: ~ .. z .::.:eeste texto seja apropriado : :e5temunhar o Cristo glorifi; ..:-,·eiçãoe exaltação de Jesus. .::.:eJ Espírito Santo virá para a :" >5U5. O v.39 aponta para a . :. Espírito Santo não poderia . _ z ~ :. bra do Espírito depende da eu? Um pobre e miserável pecador? Sim, mas essa não é toda a verdade. Também sou um pecador perdoado, um pecador lavado e regenerado diariamente nas águas do Batismo. A água que flui tem sua força, não do recipiente em si, mas em Jesus. A água que colocamos para fora depende das chuvas de bênçãos que Deus faz descer dos céus - em Sua Palavra e Sacramentos. Em Cristo, não precisamos continuar como recipientes secos e disformes - feias criaturas. Cristo nos transforma, as coisas antigas passam e eis que se fazem novas (cf 2 Co 5.17). O Cristo que se transfOlIDou (cf. Mt 17.2) também nos transforma (cf.. 2 Co 3.18). Alguém poderia dizer desta forma: o Cristo" cósmico" é também um Cristo" cosmético". Ele reina sobre o cosmos e o salva do caos. Cristo traz beleza e santidade onde antes havia somente o repugnante pecado. Sua obra não é apenas superficial, como se fosse um ruge, uma base ou mesmo um simples perfume. Não! O Cristo" cosmético" faz uma cirurgia cosmética em nossa alma desfigurada pelo pecado. Ele corta o nosso pecado e implanta a santidade. Nosso Jesus Formoso é um incrível cirurgião plástico. Ele transforma "recipientes secos e disformes" em belos depósitos de água, da água da vida que dEle procede - mesmo que isso exija mais do que uma operação . Jesus nunca desiste. Ely Prieto C.::i o pregador e seus ouvintes ; .:JlIa viva". Será que de fato é .:::m um cristão? Para ser mais - :, quando nos encontramos uns =. ;,.'Se mais água nesta fervura, -:..::J que é doce e o que é amargoso _. ;,regador uma grande oportunie: e maravilhosa obra do Espírito :ctes secos e disformes? Para o -e 'Sim", em resposta à pergunta '. ~ue "água viva" só pode fluir de :á santos perfeitos - exceto pela "ir regenerador e renovador do -:-.:·davia,esse processo não estará eus. Aqui, como igreja militante, :Ilua operando em nós - os recipissa ser delTamada em mim, uma clgo espantoso demais. Mas que a - como isso é possível? Quem sou 295 Igreja Luterana • N° 2 . 1999 castas. Quando algué:T. se :. _ com todas as suas resp:':::.:~ '_ se distribuir emprego. o ==:':~ :' empregoserádadoaaIgué:T,::e ,':':::2 sutil, porém eficaz de perse~" DEVOÇÕES ATENTEMOS NAS COISAS QUE SE NÃO VÊEM (2 CORÍNTIOS 4.13-18) Numa das cenas finais e marcantes do filme a Última Cruzada, Indiana Jones vai em busca do suposto cálice do Santo Graal utilizado por Jesus na última Quinta-feira Santa e cujo conteúdo curaria doenças e traria longevidade. O trajeto, como sempre, é cheio de percalços e num determinado ponto culmina num estreito caminho que dá acesso apenas a um enorme abismo. Orientado por um códice que descreve como chegar ao outro lado, Indiana consulta-o e o desenho mostra uma figura humana dando um passo no vazio, sobre o abismo. Ele olha para o abismo e o que vê é apenas uma névoa e o abismo. Como dar um passo para dentro do abismo intransponível? Como atrás vêm os inimigos ferozes e reais, algo precisa ser feito. Suando, arfando e tremendo, Indiana fecha os olhos, estica a perna sobre o abismo e dá o passo. E seu pé encontra apoio! Ali está uma ponte estreita, invisível porque se confundia com o abismo debaixo daquela névoa. E Indiana segue em busca do cálice ... Outras vezes a tribuiac2. ::-:_ó' armados numa escola de Se"..': " Dentre os estudantes men': '_ Entre estes estava uma :T::;':' , matador aproximou-se dei.: e ec- ~= "Sim, eu acredito em Deu'-- e tornou-se uma máI1ir para~s ::--. inspirado milhões de amen.:. 2 No início do nosso te\:: lermos este Salmo veremos o ...e ' "Laços de morte me cercara:': . _ -:tribulação e tristeza." E no \e-' Davi acrescenta "mas es:i\ c :. Quais são as nossas tri':inferno. O que surpreende e:-' situação de "momentânea 1e'-=:::.:. porque vivemos no fluxo de :::Te ' outro momento, mas ele pass:::,-: os dedos. Os momentos de :::~ _ acumulam. o Em nosso texto o apóstolo fala de coisas que se vêem e ao mesmo tempo nos convida a que "atentemos nas coisas que se não vêem." Nos vv. 17 e 18 ele diz: "Porque a momentânea leveza da nossa tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, mas as que se não vêem são eternas." O apóstolo está falando de duas realidades, de dois mundos, que se caracterizam por elementos opostos. A primeira realidade é representada pela tribulação. É a realidade do mundo vemos, que percebemos e que, acima de tudo, nos persegue. Nos versículos o.ntecedem nosso texto o apóstolo diz: "Em tudo somos atribulados, porém angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém desamparados; abatidos, porém não destruídos." que que não não Via de regra, a perseguição do mundo rara.mente é aberta e ostensiva. Fato é que o mundo não quer ver seus ídolos desconsiderados, nem sua conduta censurada. Os inimigos não vão nos perseguir por causa da nossa santidade. Mas eles o farão sob outros pretextos. Até nos tempos bíblicos foi assim. Elias, por exemplo, será acusado de "perturbador de Israel"; o apóstolo Paulo será acusado de ser o "homem que transtorna o mundo" e Cristo será punido como sendo blasfemador e inimigo do governo. Há um mês atrás conversava com um pastor da Índia. Dizia-me ele que na Índia apenas 3% da população são cristãos. 70% dos empregos são garantidos para as 296 , O apóstolo então nos (;or:\:::.:..:..:.:. das coisas que se não vêem. :-.;,:~ .-=-.:: Todo esforço para entender :=:Te' " é como tentar descrever J _ Mesmo assim podemos Se 10 anos de tribuIaç~,: ,c tribulação se torna leve. C:'r:::.:::' 1 segundo, isto certamem",,,,. Mas, enquanto a tribU::::;2: é concentrada e eterna. A is:~ - . coisas que se não vêem m3.o .:., e -."" Somos convidados a a'er.~2C-.:. normalmente empregado ;2.. apóstolo emprega o \'erto ,-'o -- o Igreja Luterana - N" 2 - 1999 castas. Quando alguém se diz cristão, ele logo é promovido para a casta superior com todas as suas responsabilidades. Em si é um grande privilégio. Mas na hora de se distribuir emprego, o cristão, mesmo bem qualificado, nunca é favorecido. O seu emprego será dado a alguém de casta inferior, embora sem qualificação. É um método sutil, porém eficaz de perseguição. ÇllJ E SE NÃO VÊEM ~,-JZada, Indiana J ones vai em ,'~sus na última Quinta-feira ~-,.:c.O trajeto, como sempre, é , -~mestreito caminho que dá _-::~::ódice que descreve como , -, :nostra uma figura humana _ ~ ':' abismo e o que vê é apenas ; c -::::. do abismo intransponível? -- .. ::' ser feito. Suando, arfando e , . abismo e dá o passo. E seu pé ~: porque se confundia com o .':.a do cálice ... ~em e ao mesmo tempo nos oc::L" Nos vv. 17 e 18 ele diz: _. ,-:.duz para nós eterno peso de , : ~,ascousas que se vêem, mas ,-', :.rais, mas as que se não vêem ~ades, de dois mundos, que se __.É a realidade do mundo que - .: persegue. Nos versículos que ':.mos atribulados, porém não - a'::s: perseguidos, porém não - : ~ aberta e ostensiva. Fato é que o ;,em sua conduta censurada. Os ,s:. santidade. Mas eles o farão sob =.::s, por exemplo, será acusado de a'::. de ser o "homem que transtorna ;,:0[ e inimigo do governo. , :.>dia. Dizia-me ele que na Índia c-::~pregossão garantidos para as Outras vezes a tribulação é mais direta. No dia 20 de abril dois rapazes entraram armados numa escola de Segundo Grau em Litteton, Colorado, e mataram 13 pessoas. Dentre os estudantes mortos, vários deles pertenciam a grupos religiosos cristãos. Entre estes estava uma moça chamada Cassie Bernall. Diz a revista Time que o matador aproximou-se dela e perguntou se acreditava em Deus. Quando ela disse "Sim, eu acredito em Deus", ele disparou a arma. Segundo a mesma revista, Cassie tornou-se uma mártir para os demais adolescentes cristãos e a sua vida e morte têm inspirado milhões de americanos. No início do nosso texto o apóstolo refere-se a Davi, citando o Salmo 116. Se lermos este Salmo veremos que tribulação e morte eram vizinhas de Davi. Ele diz: "Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza." E no versículo que o apóstolo cita Davi "eu cri, por isso falei," Davi acrescenta "mas estive sobremodo aflito." Quais são as nossas tribulações? Aflições? Laços de morte? Angústias do inferno. O que surpreende em nosso texto é que o apóstolo denomina essa nossa situação de "momentânea leveza". A tribulação acontece num determinado momento porque vivemos no fluxo do tempo. Mas cada momento com sua dor passa. Vem outro momento, mas ele passa. Tais momentos fluem, desaparecem como areia entre os dedos. Os momentos de tribulação não se juntam, não se concentram, não se acumulam. O apóstolo então nos convida a atentarmos para uma outra realidade - a realidade das coisas que se não vêem. Na etemidade não há fluxo de tempo como o entendemos. Todo esforço para entender tempo na eternidade é inadequado. Como disse alguém: é como tentar descrever a cor branca com palavras que significam a cor preta. Mesmo assim podemos imaginar um pouco do que o apóstolo quer dizer. Se 10 anos de tribulação são diluídos em cada segundo desses 10 anos, essa tribulação se torna leve. Contudo, se 10 anos de tribulação fossem concentrados em 1 segundo, isto certamente seria uma grande peso. Mas, enquanto a tribulação é assim diluída e momentânea, a glória, por sua vez, é concentrada e eterna. A isto o apóstolo chama de "eterno peso de glória." São as coisas que se não vêem mas que não são menos reais só porque invisíveis. Somos convidados a atentar para as coisas que se não vêem. Blépein é o verbo normalmente empregado para designar um ver em geral. Mas em nosso texto o apóstolo emprega o verbo skopein. Skopein significa fixar os olhos num ponto, 297 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 enfocar um objeto. Daí vem a palavra "periscópio", por exemplo, usado nos submarinos. É um ver que vai além do ver comum. É um ver que atravessa as ondas, as vagas, o turbilhão e focaliza um ponto específico no horizonte que está acima. É um ver diferente, incomum que precisa de um instrumento especial - a fé. Nós vemos! Nós atentamos pela fé. A fé não é um simples artifício humano, mas poder divino. Fé é a dimensão da eternidade estendida a nós - e que só percebemos quando ela já está dentro de nós. Pelo batismo esta fé nos permite ver o invisível, mesmo cercados por inimigos, aflições, abismos e névoas. Pela fé vemos até a ressurreição de Cristo, diz Paulo, e também a nossa ressurreição, que não são vistas pelo ver comum. Pela fé vemos a ponte que nos dá acesso ao cálice da salvação, ou seja, o próprio Cristo. Este sim que nos restaura a vida na sua glória, plenitude e eterna longevidade. Devoção proferida pelo Prof Dr. Acir Raymann na capela do Seminário no dia 17 de junho de 1999. o GRANu Em nome de Jesus. c :-'0'- - Muito estimados em Cr: ,.: '., ~ semana que foi, pelo me,:~:'. e:-e e· fizeram festa. Agora es:ã: ;-. ~ vindo. A imprensa se fart~:~ ..:~~-: e violência, havia olite 2.:" _ .. que não tiveram de pensa:- =.~::Feminino. Foi, por isso. '.ir;,,, : .'':; outros, que tiveram a OpO::Tc:., ...• ~-== palavras do Senhor. "Vede q_e ,..:.,z Nas palavras do SenIL.:- 7e:_~ sobre a escatologia, as 00;<.,: .. II Em meio àrepreensãc 3.:, •..•... no último dia." "Repete". d:~ discurso relatado no capít;jlc ,c ee Eu sou o pão da vida. Quem j,: :-:-.--c meio a este discurso o Ser:h:" ;:: ressurreição que Ele realiz~:: -.: adjetivo éscaton - último. escatológico é ofim. Aí até :-:-.0':-- Falam de Apocalipse. Am',,;e _. "revelação") vira sinÔni::::: e. exclusiva de Nostradamus. A ênfase bíblica é OutE.a volta do Senhor. A vincLl aguarda. E ao qual outrcs e', e,.: . : 2 fim do universo, a criação: j _:'.: estes fatos globais, nosse Se- - . cada um de nós: "eu o ress~s._:.::..-e ressurreição. E resSUITei~2::e por ocasião da ressurreiçi~::"c ~, ênfase é outra. A ênfase _. _"~' 298 Igreja Luterana ~ •~:xemplo, - N° 2 - 1999 usado nos ::- ;;ue atravessa as ondas: .'nte que está acima. E .• :s:,ecial- a fé. . -. = o GRANDE fATO (JoÃo ESCATOlÓGICO 6.41-51) - ::" artifício humano, mas _ = - • s - e que só percebemos - . " permite ver o invisível, .:: - as. Pela fé vemos até a • _~cição, que não são vistas Cc.:: _= da salvação, ou seja, o 5lÓria, plenitude e eterna Prof Dr. AGir Raymann - dia 17 de junho de 1999. Em nome de Jesus, o Senhor. Amém. Muito estimados em Cristo Jesus. E aqui estamos, em plena Sexta-feira 13! Em uma semana que foi, pelo menos, diferente! Foi uma semana e tanto para os místicos, que fizeram festa. Agora estão por aí arranjando alguma explicação do porquê do fim não ter vindo. A imprensa se fartou. Afinal, além dos temas desemprego, caos da saúde pública e viol~ncia, havia outro assunto candente no ar. Para os pastores foi uma semana em que não tiveram de pensar muito sobre o que enfocar no estudo para o Departamento Feminino. Foi, por isso, uma semana abusada por alguns, mas bem aproveitada por outros, que tiveram a oportunidade de lembíar ao povo de Deus a profundidade das palavras do Senhor. "Vede que ninguém vos engane!" (Mt 24.4). Nas palavras do Senhor Jesus, no texto de João 6, há lembretes importantes sobre a escatologia, as coisas referentes ao fim. Em meio à repreensão aos murmuradores, o Senhor repete: "eu o ressuscitarei no último dia." "Repete", digo, porque esta frase ele a diz quatro vezes em seu discurso relatado no capítulo 6 de João. A mensagem toda se centraliza na verdade: Eu sou o pão da vida. Quem de mim se alimenta, trazido por meu Pai, este vive. E em meio a este discurso o Senhor, sem falar de fim do mundo, enfatiza a verdade da ressurreição que Ele realizará "no último dia" (aliás, expressão onde se encontra o adjetivo éscaton - último, ou fim). Verdade é que, para o mundo, o grande fato escatológico é ofim. Aí até mesmo os analfabetos em Escrituras se tornam teólogos. Falam de Apocalipse, Armagedom, profecia! "Apocalpse" (que significa realmente "revelação") vira sinônimo de "fim do mundo". "Profecia" se torna propriedade exclusiva de Nostradamus. A ênfase bíblica é outra. O grande fato escatológico não é o fim do mundo, mas a volta do Senhor. A vinda visível de Jesus é o evento pelo qual o povo de Deus aguarda. E ao qual outros eventos antecedem e seguem. Agora, os sinais; depois, o fim do universo, a criação dos novos céus e nova terra. Mas, ao invés de enfocar estes fatos globais, nosso Senhor aponta para o fato escatológico que se dirige a cada um de nós: "eu o ressuscitarei no último dia." O éscaton, para nós, significa ressurreição. E ressurreição é vida, não morte; é começo, não fim. Sim, é claro que por ocasião da ressurreição dos mortos também haverá o fim do mundo. Mas a ênfase é outra. A ênfase do Senhor, para a qual chama a nossa atenção, é Sua 299 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 gloriosa obra de ressuscitar os mortos. De concretizar, ou, de tornar plena Sua obra escatológica. Que já iniciou quando Ele veio ao mundo pela primeira vez. É, numa semana onde se falou de escatologia como coisas lá do fim, talvez não se tenha lembrado que, na visão bíblica, o éscaton já iniciou. Senão vejamos. O apóstolo Pedro, em sua primeira carta, fala da primeira vinda de Jesus, dizendo: "conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim (éscaton) dos tempos, por amor de vós"(1 Pe 1.20). Paulo, aos Coríntios, lembra que ele e seus leitores são, em Cristo, pessoas sobre quem "os fins dos séculos têm chegado" (1 Co 10.11). E o nosso Senhor, em Seu ministério terreno, anuncia aos que zombavam de Sua obra: "Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós"(Mt 12.28). Em Cristo, em Sua vinda como Deus encarnado e em Sua obra de esmagar a cabeça da serpente, está a inauguração dos tempos do fim. Já aí fica evidenciado que a batalha final, ainda que aguardada, já tem vencedor. QUE FOI QUE Que foi que Pedra re.:::~"Ô~::.: dos críticos que, duvidar:é. acha que alguém disse. c q'.::e::: -<:er "que foi que Pedra realmô~.: _.: o-o suas palavras? Em nosso texto, Jesus nos leva a esta percepção da escatologia já iniciada, quando nos assegura: "Quem crê, tem vida eterna"(Jo 6.47). "Tem"; não "terá"! Em Cristo, a vida eterna é nossa, é garantida e pode ser, desde já, celebrada. Mas antes disso pre=:s:.~' pronunciou. E aqui há cec,. antigas (Almeida Revistz, e c: Cristo. Isto combina com '" , . - Ainda estamos na expectativa. Ainda não é o fim. As marcas desta era - a presente era má - estão aí. Há perseguições pelo mundo afora. A mensagem CllStãé debochada. Irmãos nossos passam por tribulação. Talvez mesmo alguns de nós estejam vivendo tempos de aflição e dúvida. Não, ainda não estamos no céu. Nossa escatologia não é aquela do triunfaiismo barato. Nossa vida em Cristo é vivida em meio à cruz. Por isso mesmo, as palavras do nosso Senhor são tão consoladoras e importantes: "Eu sou o pão que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente"(Jo 6.51). É preciso comer do pão da vida, que é Cristo. Ele vem a nós no Evangelho. Ele nos alimenta com Seu corpo e sangue. Ele nos renova, fazendo-nos valer diariamente o batismo. Ele nos conforta pela doce palavra de absolvição. Ele nos assegura da vida eterna, pela presença e conforto de Sua palavra entre nós. Isto é o absolutamente necessário. Neste tempo em que aguardamos a ressulTeição e celebramos o fato de que em Jesus, desde já temos a vida eterna, que é para ser vivida, celebrada e testemunhada. Amém. Mc e Lc). Mas exatamente:::significativo por parte dcs "'::~._ -Ficamos, pois, com a Alme;~: = aceito (por, entre outras ·==:s:...· Simão Pedra confessar: :\; l'vfensagem proferida pelo Prof Gerson Luis Linden na devoção do Seminário Concórdia em 13 de agosto de 1999, realizada na capeia da Congregação São João Batista, em São Leopoldo. L Agora que sabemos o q.:: "Ô.: quis dizer. Simão Pedra ccrre:: . .: Deus. Santo é geralmeme :'.ce-c conseguinte sagrado). Ag·::-:,. o::':; de Jesus, equivaleria a dizer'~ ~ o Senhor é totalmente outr=. e:= Pedra. Não no céu, mas na :: c __;. . ~ também o aspecto positi\·ci"Ô:::. :. Deus. Ele é o Agente auu,:z.: .. [Aliás, essa questão de agt·_ central do evangelho de J=.3..:: ou ao Filho, Jesus Cristo'] Te· Deus. Às palavras de Jes::s antepor: "Ninguém vem j -:: dobradinha com a confiss-'.: Deus; o Deus unigênirc, Pedra confessou: lU. Deus, que vem de Deus. e:~ ~ evangelho de João. E é. :. :-:2:- 300 _ Igreja Luterana - N" 2 - 1999 -.:e tornar plena Sua obra vez. -- -:~.:lpnmelra : -:,as lá do fim, talvez não " ~,.:iou. Senão vejamos. O mda de Jesus, dizendo: -:rém manifestado no fim Coríntios, lembra que "os fins dos séculos têm ",s:ério terreno, anuncia aos - _:,::5 pelo Espírito de Deus, , '2.28). Em Cristo, em Sua - .; ~ .:.:abeça da serpente, está a " :.C: a batalha final, ainda que QUE FOI QUE PEDRO REALMENTE DISSE (JoÃo 6.69) . JUS ia escatologia já iniciada, "Tem"; não "terá"! Em .c;iejá, celebrada. ,- :::arcas desta era - a presente . cnsagem cristã é debochada. _.;:uns de nós estejam vivendo :~u. Nossa escatologia não é '.:da em meio à cruz. Por isso -o: '-lS e importantes: "Eu sou o c:~~,amente"(Jo 6.51). É preciso ,ngelho. Ele nos alimenta com ::a,rJamente o batismo. Ele nos da vida eterna, pela presença .~nte necessário. Neste tempo - ::~que em Jesus, desdejá temos .:hada. Amém. c: ::.:. <~1!1Luis Linden na devoção do agosto de 1999, realizada na /oão Batista, em São Leopoldo. ::2 Que foi que Pedra realmente disse? Não, não estou fazendo a típica pergunta dos críticos que, duvidando de tudo e de todos, querem distinguir entre o que se acha que alguém disse, o que poderia ter dito, e o que ele de fato disse. Ao perguntar, "que foi que Pedro realmente disse?", estou me perguntando: Que querem dizer as suas palavras? Mas antes disso precisamos determinar que palavras exatamente Pedro pronunciou. E aqui há controvérsias. Em primeiro lugar, segundo traduções mais antigas (Almeida Revista e Corrigida, por exemplo) Pedra confessou que Jesus é o Cristo. Isto combina com a confissão de Pedra em Cesaréia de Filipe (segundo Mt, Mc e Lc). Mas exatamente por combinar, e especialmente por ter um apoio menos significativo por parte dos manuscritos gregos, cheira a harmonização dos copistas . Ficamos, pois, com a Almeida Revista e Atualizada, que repraduz o texto grego hoje aceito (por, entre outras coisas, ter a seu favor os melhores manuscritos), e faz Simão Pedra confessar: Nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus. Agora que sabemos o que ele disse, podemos nos perguntar quanto ao que ele quis dizer. Simão Pedra confessou que Jesus Cristo é o Santo de Deus, o Kadosh de Deus. Santo é geralmente interpretado no sentido de separado do profano (e por conseguinte sagrado). Agora, esta é uma definição por demais negativa. No caso de Jesus, equivaleria a dizer: O Senhor tem tudo a ver com Deus, é o Filho de Deus, o Senhor é totalmente outra, etc. Acontece que Jesus está ali, na presença de Simão Pedra. Não no céu, mas na sinagoga de CaÍarnaum. Por isso, é necessário enfatizar também o aspecto positivo dessa santidade. Como Santo, Jesus representa e revela Deus. Ele é o Agente autorizado de seu Pai. Jesus é aquele a quem o Pai enviou! [Aliás, essa questão de agência e representação pode ser vista como o conflito central do evangelho de João. Esse papel pertence à Lei e às instituições judaicas ou ao Filho, Jesus Cristo?] Jesus é o mensageiro que vem do alto. Ele é o que revela Deus. Às palavras de Jesus: Ninguém vem ao Pai senão por mim, poderíamos antepor: "Ninguém vem do Pai senão eu". A confissão de Pedro é um eco ou faz dobradinha com a confissão do evangelista em Jo 1.18: "Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou." Pedro confessou: Tu, Jesus, és o Santo de Deus. És o Santo que pertence a Deus, que vem de Deus, etc. Curioso é que esta é a primeira vez que Pedra fala, no evangelho de João. E é, a rigor, apenas a segunda vez que se menciona Pedra. A 301 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 primeira menção é no capítulo primeiro. (Depois ele volta nos capítulos 13, 18,20 e 21.) André, o irmão de Simão Pedra, ouviu o testemunho de João (Ele é o Cordeiro de Deus!), seguiu Jesus, achou seu irmão, Simão, e diz: "Achamos o Messias (que quer dizer Cristo), e o levou a Jesus" (Jo 1.41-42). JESUS Aqui, no capítulo seis, na segunda referência a Pedra, ele na verdade apenas repete o que ouviu de André: Tu és Santo de Deus (o Messias), o Agente de Deus, aquele que traz vida eterna. Sim, confissões são feitas, são formuladas, mas geralmente são aprendidas. Não foi diferente com Pedro. Confissões são também feitas em determinado contexto. Essa de Simão Pedra aparece no sexto capítulo da história contada por João. João 6 é o discurso do pão da vida, que explica o sentido mais profundo do milagre da multiplicação dos pães e peixes. Ao longo do texto aparecem reações a esse discurso. A primeira reação diante do sinal foi: "Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo" (6.14). A segunda reação foi o desejo de proclamar Jesus rei (6.15). Jesus se retira e o cenário começa a mudar. Quando Jesus fala do pão que desceu do céu, os judeus murmuram (6.41). Discutem entre si (6.52). A reação negativa se espalha e chega aos discípulos. Muitos deles disseram: "Duro é este discurso; quem o pode ouvir?" (6.60). Há murmúrio entre os discípulos (6.61). Jesus declara que há descrentes entre eles (6.64). Daí muitos discípulos abandonam Jesus (6.66). É um quadro pouco animador. E a coisa fica dramática quando Jesus se dirige aos doze (aparentemente os únicos que restaram) e pergunta: "Será que também vocês querem ir embora?" (6.67). Ele espera uma resposta negativa, e não dá outra. Pedro, em nome deles, confessa: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus." A lição que fica é esta: A confissão é acima de tudo resposta à palavra de Jesus. No caso, o discurso do pão da vida. Outra lição é que a confissão surge e ganha força num contexto de conflito. Confissão de fé não é o óbvio da maioria, o mínimo denominador comum da sensibilidade religiosa das pessoas em geral. Não, confissão de fé é um "apesar de", um protesto da minoria de Deus geralmente num contexto de incredulidade. Uma última lição é que os confessores sabem em quem eles crêem. "Nós temos crido e conhecido", ou, talvez melhor, "nós de fato cremos e sabemos que o senhor é o Santo de Deus." O confessor sabe em quem ele crê. Simão Pedro sabe que Jesus, e somente Jesus, é quem revela Deus. É uma confissão de suma importância. Por isso importam as palavras bem exatas e o que elas significam. Por isso é tão importante a pergunta inicial: Que foi que Pedra realmente disse? Ele disse: Tu és o Santo de Deus. E, muito embora estejamos mais perto do dia de Sto. Agostinho (28 de agosto) do que de São Pedra (29 de junho), este é, num sentido bem especial, um dia de São Pedra, do qual aprendemos a fé e como confessá-Ia. Amém. Devoção proferida na capela do Seminário pelo Dr. Vilson Scholz no dia 27 de agosto de 1999. 302 Este evangelho de M2I: c, :' isso não apenas por ter sid:: :' ." .:' especialmente, porque vejo ::.: veste a carne humana, que c·e .::. de anunciar vida e salvaçi\e - .. Quero deixar claro que;: :C.e mesma é compartilhada pc: ::::.. esses, destaco Lutero. Com::: "Esse evangelho nos Li':: mim e a todos nós, assim eon'c c. envolvido no mesmo pecLidc mostra que ele suspira por cc:. deformação. " (Castelo Forte. :. ~~ o texto inicia dizendo ... _ sobre ele colocasse a mão. ' Não sabemos quem trouxe:,;:. Podem ter sido os pais, os ir=~ importa mesmo é que "o :1'0' A razão? - essa é ob\ia .... _ comunicar livremente. A su-:c:: humanas. A cegueira, por (:\c:::-:::, afasta o surdo das pessoas. Se:' HÁCOMUNICAÇÃOl Observemos Jesus em _, .. _ o pedido, mas Ele vai além, \ 'c ,c.: qual era o prablema do Ta,:::: rogaram-lhe que sobre de' o evangelista Marcos nos =l::>:C f Igreja Luterana - N° 2 - 1999 , :apítulos 13, 18,20 e : ó .~:3.0 (Ele é o Cordeiro -,: :-.::moso Messias (que Jesus FAZ TUDO TÃO BEM (MARCOS 7.31-37) ~lê na verdade apenas <'s), o Agente de Deus, S3.0 formuladas, mas ",0 6 é o discurso do pão ,;' ó ::: multiplicação dos pães Este evangelho de Marcos é, para mim, um dos mais belos evangelhos. Digo isso não apenas por ter sido pastor e missionário para surdos por muitos anos, mas especialmente, porque vejo aqui um Jesus que de fato se fez came. Um Verbo que veste a carne humana, que se envolve em toda miséria humana, com o único objetivo de anunciar vida e salvação - falar a nossa língua. :'.:eiramente, o profeta que _., ó.:' de proclamar Jesus rei .:':.:0 Jesus fala do pão que .' :nre si (6.52). A reação . ~ ó' disseram: "Duro é este Quero deixar claro que a admiração por este evangelho não é só minha, mas a mesma é compartilhada por muitos outros teólogos e estudiosos da Bíblia, entre esses, destaco Lutero. Comentando o mesmo, ele diz o seguinte: Essa de Simão Pedro :":'re os discípulos (6.61). _ :'S discípulos abandonam :.::dramática quando Jesus -.:> e pergunta: "Será que __~.:: resposta negativa, e não :.':':.:.:juemiremos? Tu tens as . ,'lê tu és o Santo de Deus." ':.'rosta à palavra de Jesus. No - -,,,",0 surge e ganha força num :ria, o mínimo denominador : ~:.. :"ão, confissão de fé é um . - .-:' c.ontextode incredulidade. "Esse evangelho nos apresenta a Cristo como o homem que aceita a você, a mim e a todos nós, assim como devemos aceitar a nós mesmos, como se ele estivesse envolvido no mesmo pecado e dano em que nós nos encontramos. E ainda nos mostra que ele suspira por causa do diabo invejoso que deu origem a toda essa defomwção." (Castelo Forte, 1983. Ter. 25/01) I o texto inicia dizendo ... "E lhe trouxeram um surdo e gago, e lhe rogaram que sobre ele colocasse a mão. " (v.32) Não sabemos quem trouxe esse rapaz! O evangelista Marcos não nos informa. Podem ter sido os pais, os irmãos, quem sabe alguns amigos. Não importa. O que importa mesmo é que "o trouxeram até Jesus!" - :..óm eles crêem. "Nós temos :.:',::s e sabemos que o senhor : :.:.§ Simão Pedro sabe que .'::ssão de suma importância. :.' significam. Por isso é tão .ó":te disse? Ele disse: Tu és . ó:::' do dia de Sto. Agostinho : ~. num sentido bem especial, :.:·nfessá-la. Amém. :: c'apela do Seminário pelo dia 27 de agosto de 1999. A razão? - essa é obvia. A busca pela cura. O desejo era que ele pudesse se comunicar livremente. A surdez é sem dúvida uma das mais terríveis deficiências humanas. A cegueira, por exemplo, afasta o cego dos objetos, das coisas. A surdez afasta o surdo das pessoas! Sem audição - não há linguagem, não há diálogo - NÃO HÁ COMUNICAÇÃO! Observemos Jesus em ação em nosso texto ... Ele não se dispõe apenas a atender o pedido, mas Ele vai além. Vejam bem - e isso é fundamental- ninguém disse a Jesus qual era o problema do rapaz. Diz o texto: E trouxeram-lhe um surdo e gago e rogaram-lhe que sobre ele colocasse a mão." (v.32), Sabemos da situação porque o evangelista Marcos nos deixa informados. 303 Igreja Luterana - N° 2 - 1999 Mas voltemos a Jesus ... em sua onisciência, o Salvador sabe onde está o problema. O v. 33 diz que: "Jesus, tirando-o da multidão, à parte ... " Como será que Jesus fez isso? Será que Jesus o pegou pela mão? Poderia, mas creio que não o fez' O surdo é uma pessoa extremamente desconfiada. Esse era o primeiro contato de Jesus com o rapaz. Então o que Jesus faz? Ele conquista a sua confiança. Como? Falando a sua língua! Olhem o texto ... Jesus "fala" com o surdo. Jesus "diz" em sinais: "ei rapaz, vem aqui." E este, prontamente, o entende e atende ao Seu sinal. "Tirando-o da multidão ... " O surdo, com o tumulto da multidão, ficaria perdido e confuso. Jesus está ciente dessa dificuldade - mas Ele tem a situação sob controle - ele quer a atenção do rapaz surdo só para ele. "Dedos nos ouvidos." O que Jesus está dizendo para o surdo? "É aí o seu problema, não é? Eu sei!" Jesus não é apenas simpático com o surdo, mas é profundamente empático. Ele se encarna na situação real do surdo. E com toda sensibilidade se comunica de forma clara e inequívoca. "Tocou a língua com saliva" Como se estivesse a dizer: "o teu problema vai além dos ouvidos, não é verdade? Tu também não consegues falar." Imaginem a cena ... Jesus tocando os ouvidos e a língua do surdo, e o mesmo pensando: "Esse não é como os outros ... ele me entende. Ele sabe exatamente onde está o meu problema!" E Jesus vai adiante ... v.34: "Erguendo os olhos ao céu ... " A mensagem fica clara para o surdo. A solução para o teu problema vem lá de cima. Deus - que compreende e sente a tua necessidade - é quem vai te auxiliar. ;7 O resultado é imediato ... v.35: "abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou empecilho da língua, e falava desembaraçadamente. " O milagre de Jesus é espantoso, pois é um milagre triplo. Explico. Nós falamos porque ouvimos. Quando alguém é surdo desde pequeno - como aparenta ser o 'caso aqui - ele não tem o mesmo vocabulário de uma pessoa ouvinte, ele mal sabe algumas palavras. Quando Jesus curou esse rapaz ele não só restabeleceu a sua audição, como também lhe conferiu todo o seu vocabulário, pois, como diz o texto .., "e falava desembaraçadamente. " Mas e onde está o terceiro milagre? Após esse contato com Jesus - o Verbo encarnado, tudo nos leva a crer que aquele rapaz foi levado à fé e à salvação. E esse, sem dúvida, é o maior dos milagres. E todos aqueles que presenciaram o oconido ... muito admirados, diziam: "Como ele faz tudo tão bem!". Aqui ecoa Gênesis 1.31, quando diante de toda a sua criação Deus dá o seu aval final. Diz o texto: "viu Deus tudo quanto fizera e eis que era muito bom. " 304 Ai está a escatolcz;c - .-:- _-. descreve (Is 35.1-6). l::"~~~:-c: -; Cristo há plena restaurJ.';'" =- : Criador o havia ideaIind e quem nEle está é "nc novas (2 Co 5.14-15, 3. - ~ P Estamos no ano de 196: filhos: Ester (11 anos), Ice F':-::c.:. Elisete é a única "ou";~::~ Ela está na 3" Série no Cck z, Sra. Naomi H. Warth. pedO' ec: - Sou Cordeiro de Jesus. A pequena Elisete faz s ': ; _,: : "Eu tenho 2 irmãs mude;::' delas e elas amam a Jeslis. L elas isso: Eu sou cordeiriJ: ensinar assim Jesus é meu Pc,', ... Filho unigênito para qUE ,'C::' Jesus ajudou os cegos 2 mais porque eu ensinei p,,",: , para mim. Jesus, um dia: professora ensinou. Sal! c' Qual o resultado da C2CC assim dizer, o protótipo ck e_= que veio a ser fundada di".':: c - ~ Hoje essa Escola tem .:..:.: :- _passando pelo Ensino Funcc abandonado - usando as :2::-:: -.:. continua levando surdos ,::~ -:, __ E todos aqueles quec\:~'--.:.:tiveram algum contato ec::: e e parentes e amigos ... mui:: __ fazendo tudo tão bem.' . Ali é possível ver a :-c t-,:. _ forma tão maravilhosa e::. ~.:: c' Igreja Luterana - N" 2 - 1999 ~.li\ador sabe onde está o à parte ... " - c:::J pela mão? Poderia, mas "':e c ~S desconfiada. Esse era o faz? Ele conquista a sua Ai está a escatologia inaugurada. Essa será a Sião futura, que o profeta Isaías descreve (Is 35.1-6). Esse era de fato "aquele que estava para vir" (Mt 11.3). Em Cristo há plena restauração - ele quer ver o homem sadio e feliz assim como o Criador o havia idealizado - e Ele age para que isso ocorra. Cristo morre e ressuscita, e quem nEle está é "nova criatura", as coisas antigas passam e eis que se fazem novas (2C05.14-l5, 17). n _... em sinais: "ei rapaz, vem ;mal. _ ia multidão, ficaria perdido cem a situação sob controle =e ~: ::>arao surdo? "É aí o seu . :-:-.;,áticocom o surdo, mas é . ~: real do surdo. E com toda ': .l dizer: "o teu problema vai . "segues falar." ..:.l:ngua do surdo, e o mesmo . Ele sabe exatamente onde . : iZi... " A mensagem fica clara __ ': : lma. Deus - que compreende Estamos no ano de 1963 ... o casal Arnildo e Alida Lindenjá tinham os seus quatro filhos: Ester (11 anos), Ede Paula (10 anos), Elisete (9 anos) e Sérgio (perto dos 3 anos). Elisete é a única "ouvinte" entre os irmãos, todos os outros nasceram surdos. Ela está na 3" Série no Colégio Concórdia de Porto Alegre. A Professora de religião, Sra. Naomi H. Warth, pede que a classe faça uma composição sobre o tema da aula , Sou Cordeiro de Jesus . A pequena Elisete faz a seguinte redação para a professora Naomi: "Eu tenho 2 innãs mudas, mas eu mostro o retrato de Jesus e mostro que Jesus gosta delas e elas amam a Jesus. Um dia vão falar, eu peço a Deus isso e eu vou ensinar para elas isso: Eu sou cordeirinho de Jesus, ele me ama e morreu na cruz por mim. Vou ensinar assim Jesus é meu Pastor, nada me faltará. Deus amou o mundo de tal maneira ... Filho unigênito para que todo que nele crê não pereça mas tem a vida eterna . Jesus ajudou os cegos e mudos, ele pode ajudar minhas innãzinhas, ainda mais porque eu ensinei para elas tudo de bonito de Jesus. Jesus eu te amo, ajuda para mim. Jesus, um dia eu e minhas irmãÚnhas vão cantar o hino que minha professora ensinou. Sou cordeiro de Jesus ... " ouvidos, e logo se lhe soltou Qual o resultado da carta? A Profa. Naomi visita a família Linden e inicia, por assim dizer, o protótipo do que veio a ser mais tarde a Escola Especial Concórdia, que veio a ser fundada oficialmente no dia 5 de setembro de 1966. :;~e triplo. Explico. Nós falamos : - ':~ueno . como aparenta ser o _.. :, pessoa ouvinte, ele mal sabe .~~ ':1e não só restabeleceu a sua Hoje essa Escola tem 220 alunos, que são atendidos desde o Programa de Pais, passando pelo Ensino Fundamental e Médio. Mas o seu objetivo primeiro jamais foi abandonado - usando as palavras do Evangelho de hoje - "um grupo de pessoas continua levando surdos até Jesus" (v.32). . c ']lário, pois, como diz o texto ... ''':' : terceiro milagre? Após esse a a crer que aquele rapaz foi ~.-. dos milagres. .. admirados, diziam: "Como ele ~:.lnte de toda a sua criação Deus ';:era e eis que era muito bom." E todos aqueles que conhecem o trabalho da Escola Especial Concórdia ... ou já tiveram algum contato com ele ... professores, funcionários, pais de alunos, irmãos, parentes e amigos ... muito admirados, continuam a dizer: "Como Jesus ... continua fazendo tudo tão bem!" Ali é possível ver a continuação do milagre do Efatá, o qual Marcos descreve de forma tão maravilhosa em nosso texto ... Abre-te! 305 Igreja Luterana • N° 2 = 1999 Nesta Escola não são apenas ouvidos e bocas que são abertos, mas lá a força do Evangelho escancara corações ... e a ação redentora de Cristo continua tendo livre curso. Ainda hoje é possível ver um Deus encarnado na pessoa de Seu Filho Jesus. Um Deus Homem que vem para redimir e restaurar - dar urna nova vida, urna nova forn1a a todos os homens (2 Co 5.17). É, Jesus continua fazendo tudo tão bem! Aquele grupo era testemunha da perfeita ação de Jesus em favor de seu amigo surdo. Eles observaram a profunda compaixão de Cristo por seu amigo e sua grande compreensão pela necessidade humana. Eles viram a sensibilidade de Jesus retirando o jovem da multidão, fazendo-se entender por ele. Ficaram maravilhados diante do toque íntimo e pessoal de Jesus nos ouvidos e na língua do surdo. Então não puderam mais se conter, quando este começa a ouvir e a falar sem nenhuma dificuldade. Ah! Jesus ... nos desculpe, mas é impossível deixar de contar o que aconteceu. E a conclusão era apenas uma: "corno Ele faz tudo tão bem!" o que dizer de um Jesus que age assim? Somente que essa mesma compaixão, esse profundo entendimento, esse magnífico poder que trouxe uma nova vida para esse jovem surdo está à inteira disposição dos muitos surdos que por ai estão, e também está à nossa inteira disposição. o Jesus que fez tudo tão bem ... é o mesmo que continua a fazer tudo esplendidamente bem - hoje e eternamente. Que Seu maravilhoso Evangelho continue ecoando não somente em nossos ouvidos, mas especialmente em nossos corações. Amém. Devoção proferida pelo Prof Ely Prieto no dia 10 de setembro de 1999, na Capela do Seminário Concórdia. 306