baixar livro completo

Propaganda
Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha
Edição outubro/2008
Gerência de Comunicação
Ana Paula Costa
Transcrição:
Else Albuquerque
Copidesque:
Adriana Santos
Revisão:
Ana Paula Costa e Marcelo Ferreira
Capa e Diagramação:
Luciano Buchacra
Introdução
Amados, assim como as ovelhas (naturalmente falando), temos inclinação para desgarramos ou desviarmos
do aprisco, da presença do Senhor. A boa notícia é que
mesmo que tenhamos nos afastado dos caminhos do
Bom Pastor, Ele está pronto a nos buscar e perdoar.
Mas, para que isso aconteça, o primeiro passo a ser
dado é o de reconhecermos a culpa. É preciso que saiamos do caminho errado e retornemos ao caminho que
nos leva à salvação. Portanto, precisamos nos arrepender.
E é sobre o arrependimento que vamos falar neste livreto.
Na segunda parte dessa nossa Série, vamos fazer um
breve estudo acerca do silêncio de Deus. Silêncio é a maneira de dizer, claro, pois Deus sempre nos fala. Nós é que
5
não reconhecemos seus sinais. E em muitos momentos
da nossa vida, parece que há somente silêncio. Em tais
momentos, somos vulneráveis a suposições e conclusões
erradas acerca da vida e sobre Deus.
Mas será que podemos ouvir a voz de Deus no silêncio? Em tudo, há um propósito do Eterno. Precisamos entender que Deus se comunica de diversas maneiras com
aqueles que realmente o buscam.
Querido, abra o seu coração e absorva a mensagem
que o Espírito Santo preparou para você.
E uma boa leitura!
6
Parte 1
Encarando a
realidade
Certa vez, conheci um moço cujo dente começou a
doer. Não era apenas um dente, mas vários. Porém, ele
relutava em fazer o tratamento dentário. Quando decidiu
ir ao dentista, foi vencido pelo medo da broca, aquele
aparelho de uso comum dos dentistas e tão conhecido
nosso, que põe medo em muita gente.
Pois bem! Na verdade, esse moço a que me refiro estava à procura de um paliativo (que só tem eficácia momentânea ou incompleta). Ele queria um tratamento indolor,
e ele, de fato, encontrou. O “profissional”, literalmente, tapou os buracos e as dores parecem ter cessado. Satisfeito,
7
o moço dissera a si mesmo: “Ufa! Estou livre dessa dor. Fim
do problema!”
De fato, a dor desapareceu. Mas sua satisfação durou
pouco. Decorridos alguns dias do “tratamento”, uma forte
infecção ocorrera, e a dor voltara, agora muito mais forte.
Agora desesperado, o moço teve de procurar um dentista
de verdade, um profissional de fato. E, novamente, a broca, o motorzinho, entrou em ação. Era a hora de o moço
lidar com a dor, com o sofrimento. E a dor e o incômodo foram inevitáveis. Contudo, a grande diferença é que
agora o mal seria tratado pela raiz.
Ao contar este fato, quis ilustrar uma realidade em
nossa vida. Não adianta mascarar os nossos “buracos” –
que são os pecados –, pois Deus tudo vê. Não existem
fórmulas ou métodos paliativos. Precisamos sim ir à raiz
de nosso pecado, se quisermos encontrar a cura. O que
Deus mais deseja é que fiquemos livres da dor de nosso
pecado. E só há uma maneira para se consertar diante do
Senhor: arrependimento.
Uma palavra muito importante agora. Muitas vezes,
achamos que arrependimento é apenas para os assassinos, para as garotas de programa, para os ladrões, para
aqueles que cometem “grandes” pecados. Porém, pra
Deus, não há “pecadinho” ou “pecadão”. Pecado é pecado.
Um mentiroso ou omisso é tão pecador quanto um assassino, um ladrão ou uma prostituta. É interessante que
no Novo Testamento encontramos nove palavras gregas
que descrevem a palavra pecado. Encontramos também
8
21 listas de pecados, e nestas listas, contamos 222 pecados. Se separarmos os pecados que foram repetidos ou
que estão nas outras listas, vamos encontrar cerca de 100
pecados.
Muitas vezes, achamos que esta questão de arrependimento não é para o crente, que quem tem que se arrepender é o ímpio, o imoral. Quando lemos a carta do
apóstolo Paulo aos Romanos, capítulos 1 e 2, vemos três
classes específicas de pecados: os “pecados obscenos”,
os “pecados acadêmicos” ou “filosóficos” e os “pecados religiosos”. Creio que todos têm uma compreensão de arrependimento, no intelecto, mas o arrependimento tem
que sair da cabeça e chegar ao coração. Tenho lidado com
pessoas que têm vivido na prática pecaminosa e não têm
manifestado qualquer sinal de arrependimento por seus
atos. E isso muito tem me incomodado. Arrependimento
só é arrependimento quando há dor.
Não há arrependimento sem dor. Na morte horrível
da cruz, Jesus sentiu as mais fortes dores. Veja o que o
salmista Davi escreveu no Salmo 32:
“Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada,
cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem
o Senhor não atribui iniqüidade e em cujo espírito não há
dolo. Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os
meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor
se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado
e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: Confessarei
9
ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado. Sendo assim, todo homem piedoso te
fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito,
quando transbordarem muitas águas, não o atingirão. Tu
és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me
cercas de alegres cantos de livramento. Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir, e, sob as minhas vistas
te darei conselho. Não sejais como o cavalo ou a mula, sem
entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem. Muito sofrimento terá
de curtir o ímpio, mas o que confia no Senhor, a misericórdia
o assistirá. Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, ó justos;
exultai, vós todos, que sois retos de coração.”
Mais que ninguém, Davi sabia da dor e das terríveis
seqüelas e conseqüência de se conviver ou mesmo compactuar com o pecado. O Salmo 51 foi escrito por ele na
ocasião em que o profeta Naamã o repreendera severamente por causa de seu pecado de adultério com BateSeba, esposa de um servo-soldado seu, chamado Urias.
(Veja 2 Samuel, capítulos 11 e 12.) No verso 4 do Salmo 51
(primeira parte do verso), Davi, em arrependimento, admite
seu erro: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que era mal
perante os teus olhos [...]” Nos versos 5 e 10, ele clama, angustiado: “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me e ficarei mais alvo que a neve. Cria em mim, ó Deus, um coração puro
e renova dentro em mim um espírito inabalável.” E já findando
seu salmo, Davi afirma, em tom de admoestação: “Pois não
te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não
10
te agrada de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o
espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o
desprezarás. Ó Deus.” (Versos 16 e 17). Traduzindo: arrependimento é o que Deus quer.
Em todo esse contexto e acerca do que disse, essa é
a minha oração:
“Pai, esta é a tua Palavra. Que ela seja viva para cada
um de nós. Senhor, dá-nos a graça de ouvirmos o que tu
queres que cada um ouça; não o que queremos ouvir, mas
aquilo que precisamos ouvir. Que a unção do Senhor esteja
na vida de todos que lerão a tua Palavra. Em teu precioso
Nome. Amém!”
Na raiz da questão
Para que possamos entender, de fato, a extensão do
que é o pecado e, mais ainda, do arrependimento para
não cometê-lo, é preciso ir a fundo na questão.
Primeiramente, entendamos a questão do pecado.
Etimologicamente, a palavra “pecado” tem um significado muito interessante, que é “errar o alvo”. O pecado é
quando deixamos de cumprir o propósito de Deus para
a nossa vida. Esse é o grande alvo de Deus para nós: o
de que atinjamos o alvo, que descubramos o chamado e
propósito dele para cada um de nós. E errar o alvo é errar
o rumo. E quando não se sabe onde se quer chegar, qualquer lugar é qualquer lugar.
Deus tem um alvo, um propósito para a sua vida,
mas quando você erra esse propósito, aí está o pecado.
11
Só existe uma coisa que toca e que resolve esta situação
profunda do pecado: o arrependimento.
O princípio essencial do pecado é o egoísmo. “Todos
nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo caminho”, disse o profeta Isaías (Isaías 53.6).
Deus tem o seu caminho, mas o egoísmo nos leva a viver o nosso próprio caminho, a nossa própria vontade, o
nosso querer. Não pense que pecado é apenas o que consideramos ser grave. Pecado é uma atitude do coração.
Não pense também que Jesus viera simplesmente para
mudar a sua vida. De fato, ele pode sim, fazer isso. Mas
mais que mudar a sua sorte, ele que mudar o seu coração.
Você precisa entender que a vida cristã é muito mais do
que liberar a pessoa de determinados pecados.
Basicamente, o pecado é uma atitude aberta e declarada de rebeldia, o mesmo que dizer: “Eu quero fazer a minha própria vontade, eu quero viver independente de Deus.
Eu tenho que ser senhor da minha própria vida”. Ainda que
nem todos digam isso, para Deus, assim que o pecado é
visto. E como para Ele, o que conta é o coração!
O apóstolo Paulo, em sua segunda carta aos coríntios
(2Co 5.15), escreve acerca de Jesus: “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos,
mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” Viver
em pecado, é viver para si. E o que é, então, a salvação, o
perdão, o arrependimento? É sacrifício. “E ele morreu por
todos, para os que vivem não vivam mais para si mesmos,
mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.”
12
Quando uma pessoa vem para Jesus e experimenta a
salvação, há uma mudança profunda. Quando ela decide
deixar de viver somente para a sua própria vontade, ela
passa a ter um sonho, um desejo diferente: o de fazer a
vontade do Pai!
Amado leitor, talvez você questione: “Mas, pastor, se
eu for viver desta maneira, a minha vida não vai ter sentido,
não vai ter propósito! Porque, afinal, temos que curtir a vida,
com tudo o que temos direito!” Entenda, querido(a) que
nossa vida só é vida quando a vivemos de acordo com a
vontade e os planos de Deus.
Esclarecido então a questão do pecado, entendamos
agora o arrependimento. O que é o arrependimento?
Com certeza, não é remorso. É mudança de atitude. Arrependimento é lamentar-se, é afligir-se, é tomar um novo
caminho, é uma mudança radical de atitude para com o
pecado e para com Deus; é aquele sentimento de preocupação e pesar, e não simplesmente remorso.
Há uma diferença tremenda entre arrependimento e
remorso. O que é o arrependimento? É como alguém que
está andando na contra-mão ou na via proibida, mas, ao
perceber que está no caminho errado, ela toma uma nova
direção. Arrependimento não é simplesmente a tristeza
por ser pego no erro, ou se envergonhar do pecado, mas
uma mudança radical de atitude, de direção.
Vou explicar a diferença entre arrependimento e remorso novamente. Você conhece a história de Pedro,
aquele homem cheio de fé, que caminhou sobrenatural13
mente sobre as águas ao encontro do Senhor? Pois bem!
Pedro era um homem impulsivo, explosivo. Num mesmo
instante em que era tomado pela fé, era tomado pelo
medo. Só para exemplificar, houve um momento quando ele, de uma forma tão terrível, negara a Jesus, a ponto
de afirmar quando acuado pelos soldados romanos que
o procuravam: “Eu não o conheço, eu nunca o vi, eu não tenho parte alguma com ele”.
Ainda que tomado pelo instinto de sobrevivência, pois
temia pela morte caso confessasse abertamente que não só o
conhecia, mas era seu discípulo, é fato que ele o negara. E ele
sabia de seu erro, do que fizera, pois quando o negara na casa
do sacerdote, tão logo vira Jesus olho a olho, seu semblante
caíra em profundo amargor e grande angústia de espírito que,
naquela hora, saiu dali e chorou amargamente, arrependido.
Um fato, porém, merece destaque. A atitude de Pedro fora sincera, de profundo e genuíno arrependimento.
Por que digo isso? Porque quando Jesus ressuscitara, Ele
fizera questão de que Pedro soubesse disso. Veja o que
ele dissera a Maria Madalena, a Maria (mãe de Tiago) e a
Salomé quando foram visitar o túmulo, agora vazio: “[...]
Ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro [...]” (Marcos 16.7).
Ante ao choro amargo e genuíno de Pedro ante a seu
erro, pergunto: quando é que choramos amargamente, como sinal ao nosso arrependimento? E respondo: é
quando choramos compulsivamente, a ponto de praticamente não termos mais lágrimas para serem derramadas.
Não lágrimas por lágrimas, mas lágrimas como sinal de
14
contrição e desejo de não mais pecar. Quando choramos
de dor por algo que tenhamos cometido, o arrependimento é genuíno.
Outro que podemos citar nesse contexto é Judas. Ele
traíra a Jesus por trinta moedas de prata. Contudo, aquelas
moedas como que começaram a queimar nas suas mãos.
A sua consciência fora dominada pelo remorso. Mas era
remorso sem arrependimento, visto que o remorso sempre busca justificação, uma desculpa, a transferência de
responsabilidade. Judas procurara o sacerdote, a fim de
devolver as moedas. (Veja o relato em Mateus 27.1-10.)
Judas não estava arrependido, mas imerso em remorso, diferente de Pedro, que saíra e chorara amargamente, mas em sincero arrependimento. As Escrituras não
registram o arrependimento de Judas, mas sua omissão
ao se enforcar. Quero, então, apresentar algumas razões
porque devemos nos arrepender. Não gostamos muito
de ouvir sobre isto, mas não tenho outra palavra de Deus
para você neste momento.
A mensagem de Deus para o coração do homem é
a de arrependimento. Assim lemos em Atos 17.30: “Ora,
não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora,
porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam.” Talvez diga: “Eu, pastor?!” Isso, você mesmo(a)!
Jesus disse: “[...] pois não vim chamar os justos, e sim pecadores (ao arrependimento).” (Mateus 9.13).
Muitas pessoas não entendem o verdadeiro sentido
do Evangelho. Alguns acham que Jesus Cristo veio para
15
que vivam sem problemas. Não, ainda que ele seja a solução para muitos de nossos dilemas. Jesus disse: “Eu vim
chamar pecadores ao arrependimento.” A pessoa que não
entende a realidade do arrependimento, age como aquele moço que mencionei no início dessa mensagem que
procurara tratamento dentário, mas optara, de início, por
um paliativo, o que significa que ele apenas mascarara o
problema.
Quando se trata de pecado, não há meio termo ou
paliativos. É preciso ir à raiz. E a raiz é o arrependimento, e
nunca o remorso. “[...] agora, porém, notifica aos homens,
que todos, em toda parte, se arrependam.” (Atos 17.30).
Afaste-se do pecado
Jesus nos mandou pregar o Evangelho. E a mensagem
do Evangelho é, antes de tudo, a mensagem do arrependimento. É verdade que pregamos o amor, a misericórdia, a bondade, mas, basicamente, não podemos deixar
de pregar o arrependimento. Veja o que está escrito em
Lucas 24.47: “[...] e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém.”
Jesus mandou que se pregasse “arrependimento para remissão de pecados a todas as nações”. A única maneira de a
pessoa resolver o problema de uma vez para sempre do pecado é buscando o arrependimento, ainda que isso envolva
a dor, como fruto de uma genuína transformação de dentro
para fora. Isso é arrependimento, e não remorso.
16
Hoje vemos tantas pessoas que simplesmente fazem
uma decisão ao lado de Jesus, mas sem arrependimento.
Em Hebreus, capítulo 6, encontramos os fundamentos da
fé, e o primeiro fundamento é o arrependimento. Jesus
Cristo disse que dois homens foram construir suas casas,
casas magníficas, mas um deles construiu sem alicerce,
sem um sólido fundamento. O que aconteceu? Um dia,
o vento soprou com fúria, a chuva veio e os rios transbordaram. A casa que fora construída sem fundamento, ruíra. A outra que fora construída sobre um alicerce sólido,
não ruíra, ainda que experimentando também a fúria do
vento, o transbordar dos rios, a chuva inclemente. Qual a
diferença? Uma foi construída sem fundamento, enquanto a outra fora construída com fundamento.
Sempre que se encontra uma pessoa que desiste
de caminhar com o Senhor ou que naufraga na fé, que
vive sempre como um ioiô – uma hora lá em cima, outra
lá embaixo; no domingo toma posse da vitória, mas na
segunda-feira, a derrota toma conta dele – é bem provável que ela não só esteja em pecado, mas também não
tratando desse pecado. Essa instabilidade espiritual pode
ser a conseqüência da falta do primeiro fundamento da
fé, que é o arrependimento.
Filho, o vento vai soprar, os rios vão transbordar, a
chuva virá como um dilúvio, e aquele que não tiver o conhecimento da vontade do Senhor Jesus no que se refere
ao arrependimento, ruirá como a casa sem fundamento.
Você pode ser religioso e até mesmo membro de igreja.
17
Você precisa ter esta compreensão. Por isto, Jesus nos ensinou a proclamar o Evangelho para “que em seu nome se
pregasse arrependimento para remissão de pecados”.
Muitas vezes, a pessoa vem para Jesus e continua
com o velho estilo de vida. Porém é preciso abandonar os
vícios que levam à morte eterna. Aquele que mentia, não
minta mais; aquele que adulterava, não adultere mais;
aquele que roubava, não roube mais, ou seja, é preciso
arrepender-se dos erros cometidos. Arrependimento leva
a uma restauração, ao acerto com Deus.
A título de exemplo de quão é importante nos arrependermos, gostaria de citar o país de Gales, que experimentara um grande e verdadeiro avivamento. Tal
avivamento fora tão real e quase que palpável que em
algumas fábricas do país, os funcionários foram constrangidos pelo Espírito de Deus a devolverem inúmeros objetos que haviam sido furtados. Esta atitude só foi possível
porque os funcionários aceitaram a instrução de Deus e
obedeceram aos seus mandamentos.
Um dos sintomas que podemos identificar como algo
errado em nossa saúde ou com a de alguém próximo é a
falta de apetite. Pode ser oferecido o prato mais saboroso,
mas ao olhar para o alimento, não há desejo nenhum em
comê-lo. Na saúde espiritual é assim também. Aquilo que
dava muito prazer, passa a ser recusado. Perde-se o “apetite” em meditar na Palavra de Deus, em ir às reuniões de
célula ou de oração, e por tudo o mais que diz respeito ao
Reino. E essa falta de apetite para com as coisas de Deus
18
pode levar à morte espiritual. E quando há morte, não
há sensibilidade. Nada mais parece incomodar ou causar
dor. O pecado se tornou algo tão natural, sem importância, que pode ser até mesmo justificado. E em relação ao
pecado, não se justifica, mas se confessa. Se a insensibilidade ao pecado é sinal de morte espiritual, o arrependimento é sinal de vida, uma evidência clara de uma mente
transformada e um coração puro e sincero – coisas que
Deus jamais despreza (Veja Salmo 51).
Muitas vezes você fica questionando: “Por que isto, por
que aquilo?” Na época de Jesus, aconteceu um episódio muito semelhante ao “Onze de Setembro” (guardadas as devidas
proporções, claro). Ocorrera em Jerusalém a queda de uma
torre, que matara muita gente. Era a Torre de Siloé. Muitos
afirmaram que a tragédia acontecera pelo fato de as pessoas
daquele lugar serem pecadoras, e por isso, morreram porque
mereceram. Mas veja o que está escrito em Lucas, capítulo
13, versos 1 a 5: “Naquela mesma ocasião, chegando alguns,
falavam a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara
com os sacrifícios que os mesmos realizavam. Ele, porém, lhes
disse: Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que
todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não
eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos
igualmente perecereis. Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os
quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados
que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu
vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente
perecereis.”
19
Jesus não jogava fora uma única palavra. Ele não falava palavras ao vento. Se você observar os versos 3 e 5, verá
que Jesus fora categórico ao afirmar que não havia diferença entre aqueles que morreram na tragédia e aqueles
que julgavam ser diferentes dos galileus. No verso 3 se
lê: “Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” E no verso 5, lemos: “Não
eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos
igualmente perecereis.”
O que leva a ter o livramento e não perecer? O que evita
a morte? A resposta é uma só: o arrependimento. Se você
não se arrepender, você perecerá. É o que diz o Senhor.
Liberte-se do pecado
Todos queremos a vida, e a vida que Jesus tem é muito mais do que existir. Não fomos chamados apenas para
ocupar um espaço no Planeta. A vida é bela, é gloriosa,
mas Jesus definiu a vida dizendo: “Eu vim para que tenham
vida e a tenham em abundância.” (João 10.10).
Olhe o que está escrito em Atos 11.18: “E, ouvindo eles
estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para a vida.”
O arrependimento conduz à vida, enquanto que o
não-arrependimento conduz à morte. Tudo na vida é
uma escolha. Você escolhe arrepender-se ou não. Você
escolhe olhar para a comida e só admirá-la, ou admirá-la,
mas também comê-la.
20
O arrependimento é tudo. Assim lemos na Palavra:
“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós
seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos
vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” (Atos
2.38). Também lemos no capítulo 3, verso 19, de Atos: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados
os vossos pecados.” O que é conversão? Converter é mudar a mente e a maneira de pensar acerca de você mesmo
e a do próximo. Converter é mudar também a maneira
de pensar acerca de Deus. Por isto é que eu disse que a
essência do pecado é o egoísmo. Quando a pessoa vem
para Jesus, ela passa a entender que não se vive mais para
si mesmo, mas para Jesus.
Aquele que deseja conhecer a verdade, precisa
passar pela porta do arrependimento. Está escrito em
2 Timóteo 2.25: “Disciplinando com mansidão os que se
opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só
o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade [...]” Quando você escolhe viver o arrependimento,
você passa a conhecer plenamente a verdade. Filho,
não existe nada mais glorioso do que conhecer a Deus,
conhecer a Verdade. Mas para isso, é necessário passar
pelo arrependimento.
Vamos encontrar na Bíblia registros em que Jesus e os
discípulos pregaram sobre o arrependimento. A bondade
de Deus nos conduz e nos leva experimentar o arrependimento, conforme está registrado em Romanos, capítulo
2, versículo 4: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e
21
tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de
Deus é que te conduz ao arrependimento?”
Tudo o que Deus deseja é que você experimente o
arrependimento. Deus é bom, sempre bom e sempre está
disposto a nos conceder mais uma nova chance. Você vai
desprezar a riqueza da bondade dele? Deus é tão bondoso que deu o Único Filho para padecer, sofrer e morrer em
nosso lugar. Se estamos vivos não é porque temos boa
saúde ou porque somos jovens, mas porque há um Deus
misericordioso e bondoso nos concedendo a vida. Paulo
assim escreveu (em Romanos 2.4): “Ou desprezas a riqueza
da sua bondade, e tolerância [...]” Paulo aqui mostra que
Deus concede tempo para você se arrepender. Mas ele
ainda continua: “[...] ignorando que a bondade de Deus é
que te conduz ao arrependimento?”
É bom lembrar que bondade não é complacência.
Com Deus não se brinca e dele não se zomba. Pode ser
que você esteja na fornicação, no adultério, na imoralidade, enfim, cometendo pecado que você sabe muito
bem qual é, mas por saber que Deus é bondoso, abusa e
aproveita, e ainda protela o acerto com ele para “um dia
desses, quem sabe!”.
Querido, este tempo que Ele está dando a você, por
bondade, é somente para você fazer uma coisa: se arrepender. O tempo é hoje, agora. É a bondade e a longanimidade dele oferecendo este espaço de tempo na sua
vida para que você se arrependa. “A bondade de Deus é
que te conduz ao arrependimento.” Quando você peca,
22
você fere a pessoa que mais o ama: Jesus Cristo! Não deixe Jesus longe de você. Não entristeça o Espírito Santo. A
nossa fé é alegre, autêntica. A fé cristã é algo que contagia, que causa impacto, mas nem por isso, deixamos de
ferir Aquele que mais nos ama quando cometemos o pecado: Jesus Cristo. O quê nos conduz ao arrependimento?
A bondade de Deus. Jesus disse: “Eu vim chamar pecadores ao arrependimento.” (Lucas 5.32).
Por que pregamos o Evangelho? Por que muitos, em
várias partes do mundo, neste momento, estão ouvindo
a mensagem do Evangelho? Porque Deus escolheu um
caminho, por meio do qual as pessoas pudessem se arrepender, que é a pregação da Palavra. Nossas mensagens
são centradas na Palavra, porque aquilo que vai provocar
o arrependimento no coração das pessoas é a pregação
da Palavra de Deus. A Escritura registra que “aprouve a
Deus salvar os homens pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.21). Deus escolheu este método, o método da proclamação, da pregação das boas-novas. Também lemos
em Mateus 12.41: “Ninivitas se levantarão, no Juízo, com
esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com
a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que
Jonas.”
Meus irmãos, queremos ver a nossa nação salva, porém o caminho que Deus determinou para a salvação é
por meio da pregação do Evangelho. Seja pela televisão,
pelo rádio, pela internet, por livros, jornais, panfletos, pela
sua vida. E muitas vezes, a pessoa não suporta a mensa23
gem do arrependimento porque incomoda, toca na ferida. Muitas vezes, ela quer ouvir o que para ela é agradável, mas é preciso ouvir o que Deus tem a dizer. E o Pai
diz que aquele que não se arrepender, perecerá. Oro para
que todos possam entender esta verdade!
A cidade de Nínive só foi salva porque muitos creram
na pregação e se arrependeram. Algo que entristece a todos é a decepção com alguém próximo a nós. Seja traição,
fofoca, inveja etc. Irmãos podem ferir e magoar. Mas a Palavra nos ensina: “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra
ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.” (Mateus
18.15). Ao repreender alguém, apontamos um dedo para
o irmão, porém não podemos nos esquecer que quando
apontamos um dedo para alguém, apontamos também
um dedo para Deus e três para nós mesmos.
Alguns irmãos não gostam de participar de uma célula por causa da aproximação, da intimidade que se cria ao
longo do tempo. Por ser um grupo com poucas pessoas,
aquele que comete algum deslize, é repreendido imediatamente, pois, dificilmente, conseguirá esconder o erro
dos irmãos. Por este motivo, muitos decidem não fazer
parte de algo tão precioso e importante na caminhada
cristã: a célula. Repreender alguém pelo erro é uma prova
de amor que se tem pelo irmão. O próprio Jesus afirmou:
“[...] Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.” (Lucas 17.3).
Existem dois tipos de tristeza. Uma segundo os valores de
Deus e a outra segundo os valores dos homens. A que se re24
fere a Deus, aquela que o incomoda quando comete um erro,
quando o Espírito Santo começa a inquietá-lo e a que se refere
aos homens, quando há tristeza em razão da exposição de um
erro de alguém descoberto por todos. Quando, por exemplo,
alguém bate à sua porta, chamando a atenção de todos os vizinhos e expondo a pessoa ao constrangimento.
A Bíblia registra o que produz realmente a tristeza segundo
Deus: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento
para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.” (2 Coríntios 7.10). Esta é a principal diferença
entre os dois tipos de tristeza. Quando nos entristecemos pelos
nossos pecados, nos arrependemos. Enquanto que a tristeza
do mundo causa apenas vergonha e remorso. E saiba que o
remorso pode levar a pessoa a se matar.
Há algum tempo, li uma estatística terrível. Uma pesquisa concluiu que no mundo, a cada quarenta segundos,
uma pessoa se mata. O suicídio mata mais do que todos
os acidentes de carro e que todos os assassinatos no Planeta. Muitos se matam por causa do remorso. Por causa
de um pecado, de culpa não resolvida. Os jornais, por
um aspecto ético, não podem trazer notícias de suicídio.
Como é triste quando alguém acaba com a própria vida!
A vida é preciosa, é dádiva do Senhor, e o caminho do
arrependimento está diante dela.
Escolhas
Tudo na vida é uma escolha. Ou você escolhe arrepender-se para ter a vida ou escolhe continuar no erro
25
para perecer. Assim dissera o Senhor Jesus à igreja de
Tiatira (Apocalipse 2.21): “Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se [...]” A igreja
escolheu não se arrepender.
Meus irmãos, temos que nos arrepender, como Igreja, por não vivermos uma vida de santidade diante de
Deus, pois este é o nosso primeiro chamamento. Temos
que arrepender por não levarmos o Evangelho a outras
pessoas. Temos de nos arrepender por estarmos, muitas
vezes, com o coração insensível. Veja o que está escrito
ainda em Apocalipse, capítulo 2, agora nos verso 5 (e esta
palavra é para mim e para você): “Lembra-te, pois, de onde
caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e,
se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro,
caso não te arrependas.” Essa foi a carta do Senhor Jesus
à igreja de Éfeso.
Você pode até cair, mas só não pode ficar prostrado.
Você precisa se levantar e voltar à prática das primeiras
obras, arrepender-se. Na história do filho pródigo, o moço
caiu vergonhosamente. Saiu de casa para viver, com todo
o dinheiro da herança, uma vida dissoluta, imoral, perversa. Perdeu o nome, a dignidade, a pureza, perdeu tudo.
Passou a viver entre porcos. Mas pela bondade de Deus,
os olhos daquele jovem foram abertos, e ele se arrependeu, a ponto de dizer a si mesmo: “Levantar-me-ei, e irei ter
com meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e perante
ti, já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como
um de seus trabalhadores.” (Lucas 15.18). Ele se arrepen26
deu e manifestou o arrependimento quando ele disse:
“Levantar-me-ei e irei ter com meu pai”.
O arrependimento começa quando você se levanta.
Para caminhar sobre as águas primeiramente é preciso
sair do barco. No caso do arrependimento, não é diferente. A pessoa precisa se levantar e não ficar prostrada. A
Palavra revela que “o pecado não terá domínio sobre vós”.
O Senhor Jesus continua a admoestar, a corrigir, a
Igreja. Ainda em Apocalipse 2, agora no verso 16, lemos:
“Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora
e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.” No
capítulo 3, verso 3, está escrito: “Lembra-te, pois, do que
tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto,
se não vigiares, virei como um ladrão, e não conhecerás de
modo algum em que hora virei contra ti.” No verso 19, ainda
no capítulo 3 de Apocalipse, lemos: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.”
Interessante o que Davi afirmara em um de seus salmos: “Se eu atender a iniqüidade no meu coração, o Senhor
não me ouvirá.” (Salmo 66.18). Muitas vezes, guardamos
o nosso coração por causa do orgulho e pensamos: “O
que os outros irão pensar ao meu respeito?” Muitas vezes
o orgulho humano, diabólico, nos leva à destruição. Mas
o arrependimento precisa passar pela cabeça e chegar
ao coração, pois o arrependimento não é uma doutrina. A única pessoa que conhece o coração do homem é
Deus. O Espírito Santo é o único que sonda os corações.
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, vê se há em
27
mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”,
escreve Davi (Salmo 139.23-24).
Deus não nos chamou para sermos religiosos, mas
para sermos filhos. Entretanto, para vivermos e desfrutarmos da vida que Deus tem para cada um de nós, é preciso
haver arrependimento dos pecados. “Arrependei-vos por
que está próximo o reino dos céus”, pregava João Batista
(Mateus 3.3). Arrependimento é a mensagem. Arrependimento é o caminho, é a porta. “Arrependei-vos, arrependeivos”, pregava enfaticamente João. Arrepende-se, quem
sabe, da indiferença em sua vida. Talvez você não tenha
pecados obscenos, “filosóficos”, religiosos, mas você percebe a indiferença no seu coração. Ore e arrependa-se.
Esta é a hora do marido voltar-se para a esposa e dizer:
“Perdoe-me”. De o pai dizer para o filho: “Perdoe-me”. De o
filho voltar-se para o pai e dizer: “Me perdoe”.
Tudo o que precisamos é tomar posse da bondade de
Deus, aproveitar deste tempo e nos arrepender. A nossa
vida precisa ser a vida que Deus sonha que tenhamos. Eu
preciso me converter e mudar os meus conceitos acerca da realidade da vida cristã, que é a vida de Deus em
minha vida: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim.” (Gálatas 2.20).
Amada ovelha, amado leitor, que você tenha consciência desta verdade. Se desejar, ore comigo assim:
“Não serei destruído porque tenho este conhecimento,
mas, muitas vezes, eu o desprezo. Tenho vivido longe desta
verdade, por isso me arrependo agora e quero começar uma
28
nova etapa na minha vida, vivendo intensamente para o
nosso Deus. Selo mais uma vez o meu compromisso de viver
no altar do Senhor, sendo uma bênção, segundo a vontade
de Deus. Em nome de Jesus, amém!”
Eu abençôo e oro por você, para que jamais perca a
sensibilidade do arrependimento. Jesus disse: “Eu sou a
porta.” (João 10.9). E a maneira de você entrar por essa
Porta é pelo arrependimento e pela fé. Que você possa
entrar e tomar posse da vida eterna.
Arrependimento de fato e em obras
Em Atos 26.19-20 está registrado o encontro de Paulo
e do rei Agripa. Vejamos:
“Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em
Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se
arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras
dignas de arrependimento.”
Uma das evidências da salvação é a prática de obras
dignas de arrependimento. Você vai demonstrar o arrependimento não com palavras, mas com atitudes, com
obras, com frutos. “Praticando obras dignas de arrependimento.” Para você que entregou a sua vida a Jesus, este é
o momento de praticar obras dignas de arrependimento.
E para você que ainda não fez a entrega da sua vida a Jesus, veja o que a Palavra tem a lhe dizer: “Converta-se ao
Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso
Deus, porque é rico em perdoar.” (Isaías 55.7).
29
Tudo o que você tinha que fazer para ser salvo, Jesus
já fez por você. A salvação é um dom, um presente, e Jesus morreu em seu lugar, para lhe dar a vida. Mas você
precisa arrepender-se, converter-se. Converter vem de
conversão, que é mudança, giro. É mudar sua maneira
de pensar acerca de si mesmo, dos outros e de Deus. A
Bíblia revela que você é um pecador e está separado de
Deus, e que você não é justo pelos seus próprios méritos.
No momento em que você se arrepende e convida Jesus
para entrar na sua vida, você experimenta o milagre, tornando-se justo aos olhos do Senhor. Deus passa a vê-lo
como se você nunca tivesse cometido um único pecado.
“Arrependei-vos e convertei-vos.”
Mude a maneira de pensar a respeito de si mesmo.
Mude a maneira de pensar a respeito de Deus. Arrependa-se. Saiba que Deus se importa com você. Ele o ama, e
a prova desse amor foi a entrega de seu único Filho para
morrer em seu lugar!
30
Parte 2
O SILÊNCIO DE
DEUS
O silêncio é um sinal que todos conhecem. Fazemos
um minuto de silêncio em razão da morte de alguém. Fazemos silêncio em hospitais. Fazemos silêncio em locais
onde os profissionais precisam se concentrar. Desejamos
silêncio para dormir. Enfim, os exemplos são inúmeros.
Certa ocasião, tive a informação de que nos Estados
Unidos estava sendo vendido um aparelho que bloqueava a poluição sonora. Mesmo que a pessoa tivesse em
meio a ruído, ao barulho, não ouviria nada ao colocar o
aparelho nos ouvidos. Era possível desfrutar de um silêncio absoluto. Algumas vezes, o silêncio nos faz tão bem!
31
Mas em alguns momentos, esse mesmo silêncio nos perturba tanto! E ele é tão paradoxal que ao mesmo tempo
que nos faz bem, pode também nos machucar e trazer
inquietação. E creio que um tipo de silêncio que muito
nos inquieta é o de Deus.
No Salmo 83, verso 1, Davi inicia a oração dizendo
assim: “Ó Deus, não te cales; não te emudeças, nem fiques
inativo, ó Deus!” Davi tinha ouvido a voz do Senhor por
muitas e muitas vezes e por isso sabia o que é andar ouvindo a voz Deus. Mas, aparentemente, Deus se silenciara, a ponto de Davi se sentir inquieto e perturbado com
isso.
Por que, muitas vezes, Deus permanece em silêncio?
Percebo que o silêncio de Deus (como as palavras dele)
sempre tem um propósito redentor. Precisamos interpretar tanto a voz quanto o silêncio de Deus. Se deixarmos
o nosso coração absorver esta verdade, seremos capazes
de entender, de uma forma muito profunda, o silêncio do
Senhor, nas nossas vidas.
O silêncio do Senhor como julgamento
Algumas vezes, o silêncio de Deus é tomado como
uma voz de julgamento. Você se lembra de quando era
criança, fazia uma traquinagem e ficava a espera da correção de seus pais e eles ficavam em silêncio? Não pronunciavam uma única palavra! Ficava uma interrogação no ar,
a decepção. Algumas vezes, o silêncio traz mais reprovação do que as palavras.
32
Uma das maneiras mais profundas de reprovação é o
silêncio. Existe um tipo de punição que, muitas vezes, o
marido ou a esposa impinge um ao outro: “greve de palavras”. Não é julgamento, mas carnalidade quando um
deixa de falar com o outro. Não é isso que as Escrituras
revelam. Pelo contrário. Em algumas passagens, percebemos Deus em silêncio. Houve, por exemplo, uma ocasião
em que os filhos do sacerdote Eli viviam uma vida corrupta, de pecado, sem nenhum parâmetro na Palavra do
Senhor. Assim lemos: “Era, pois, mui grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto eles desprezavam a
oferta do Senhor.” (1 Samuel 2.17).
Os filhos de Eli viviam deliberadamente em pecado,
em corrupção, longe do Senhor. E como conseqüência, “o
jovem Samuel servia ao Senhor, perante Eli. Naqueles dias, a
palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram freqüentes” (capítulo 3, verso 1a). A palavra do Senhor era mui
rara; o silêncio era o julgamento do Senhor, exatamente
em razão do pecado. Os sacerdotes deviam trazer a Palavra do Senhor, como os profetas também. O silêncio de
Deus provocou em Israel fome de Deus, fome da Palavra
do Senhor.
Algumas vezes, o silêncio de Deus, como julgamento
sobre a Terra, provoca fome. Algumas vezes, quando aparentemente não conseguimos ouvir a voz de Deus, ouvimos tanto barulho, tanta agitação e então começamos a
ter fome da Palavra, um desejo tremendo de ouvi-lo, mas
parece que Ele não fala. Outras vezes, vivemos em peca33
do, descaradamente, e esperamos até ouvir uma palavra
de condenação. Mas parece que Deus não fala. O próprio
silêncio do Senhor é uma expressão do julgamento dele
sobre a nossa vida.
É interessante como o silêncio traz julgamento. No capítulo 8 do Evangelho de João, versos 1 a 11, encontramos
um episódio tremendo. O silêncio de Jesus falava de uma
forma muito mais eloqüente do que muitas palavras. “Jesus,
entretanto, foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e,
assentado os ensinava. Os escribas e fariseus trouxeram à sua
presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a
ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou
Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar.
Mas Jesus, inclinado-se, escrevia na terra com o dedo. Como
insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele
que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire
pedra. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais
velhos até os últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde
estava. Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além
da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus
acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém,
Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno;
vai e não peques mais.”
34
Meus irmãos, quando trouxeram aquela pobre moça
e a colocaram em pé diante daqueles fariseus enfurecidos, religiosos, legalistas, hipócritas, maculados por pecados, querendo levar ao cumprimento da lei de Deus,
mas sem a graça, eles disseram: “Ela deve ser apedrejada,
precisa morrer; e tu o que dizes?” Mas Jesus não disse uma
só palavra. No versículo 7, vemos a insistência deles: “Fala,
queremos ouvir, tu o que dizes?” Insistiam, porém Jesus não
disse absolutamente nada.
Muitas vezes, o silêncio de Deus traz julgamento. Jesus simplesmente escrevia no chão. Não sabemos o que
Ele escrevia, mas foi algo tão forte que, depois de terem
insistido tanto com Ele, se retiraram. Jesus não disse o
que pensava a respeito da mulher. Disse apenas àqueles
homens: “O que dentre vós estiver sem pecado seja o que
lhe atire a primeira pedra, e todos foram embora.” E à mulher Ele disse: “Onde estão os teus acusadores? Mulher, eu
te perdôo, vai e não peques mais, tenha um novo começo
na tua vida. Eu te ofereço uma nova oportunidade.” A Bíblia
nos fala de uma forma muito clara sobre o silêncio do Senhor como um julgamento.
O silêncio do Senhor como expressão da sua
misericórdia
Algumas vezes também, Deus se recusa a falar conosco, não como forma de julgamento, mas como uma
expressão da sua misericórdia. Isso porque Ele nos dá
tempo. Assim afirmara o profeta Isaías: “Ele foi oprimido
35
e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi
levado ao matadouro; e como ovelha muda perante os seus
tosquiadores, ele não abriu a boca.” (Isaías 53.7). Quando
Ele foi preso, Pedro estava ali e já havia cortado a orelha
de alguém. Porém, Jesus disse: “Pedro, se eu quisesse, se eu
falasse uma única palavra, todo o exército celestial estaria
ao meu dispor. Pedro, bastaria uma palavra minha e todos
seriam dispersos.” (Mateus 26.53).
Uma única palavra, mas o silêncio de Jesus traduzia
misericórdia. “Como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca.” Quando levado perante
Pilatos, jogado de um lado para o outro, Ele não abriu a
sua boca. Quando foi indagado sobre o que era a verdade, Jesus poderia ter exposto tudo. Muitas vezes, o silêncio do Senhor é uma expressão da sua misericórdia.
O silêncio do Senhor como um teste
Muitas vezes, o silêncio do Senhor é um teste para a nossa
vida. Encontramos, no livro de Jó, um homem sendo testado.
Parecia que o Senhor o havia abandonado. Tantos por quês.
Tantos achismos. Mais do que a enfermidade que corroia o
corpo de Jó, o que o incomodava era exatamente o silêncio de
Deus. Entretanto, ele pôde guardar no seu coração o seguinte:
“Ainda que Ele me mate, eu continuarei confiando nele. Sei que ele
me ama, sei do caráter dele, sei que ele tem o melhor para a minha
vida em todas as circunstâncias. Ele é fiel, eu sei. Sei que Ele pode
falar com voz de trovão, mas pode falar, também, em meio ao silêncio. Preciso apenas ouvir a sua voz”.
36
É interessante o que o Senhor falou para Ezequias:
“[...] Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer
tudo o que lhe estava no coração.” (2 Crônicas 32.31). Algumas vezes experimentamos o silêncio do Senhor. Há
muitas pessoas que, no silêncio do Senhor, colocam para
fora tantas situações, as mais diversas, que estão dentro
do coração.
O silêncio do Senhor como um pedido para
esperarmos
Outras vezes, o silêncio do Senhor é tão perspicaz
no sentido de compreendermos o que queremos, como
aquela mulher Cananéia, que foi atrás do Senhor para
buscar alívio para a sua filha e o Senhor não a ouviu. Não
é que o Senhor não escutasse, mas Ele estava testando
se era exatamente aquilo o que ela queria (Mateus 15.21
a 28).
Outras vezes, Deus silencia porque não damos tempo
para Ele falar. Falamos tanto que não oferecemos espaço para Ele falar conosco. “Aquietai-vos e sabei que eu sou
Deus”, escreveu Davi no Salmo 46. Aquietai-vos, calaivos!
Quantas vezes o silêncio que nos envolve é exatamente para esperarmos. Veja o que está escrito em Isaías
30.15: “Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel:
Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força, mas não
o quisestes.” No verso 18, lemos: “Por isto, o Senhor espera,
37
para ter misericórdia de vós, e se detém, para se compadecer
de vós, porque o Senhor é Deus de justiça; bem-aventurados
todos os que nele esperam.”
No meio da agitação, o Senhor espera que você se
aquiete. Muitas vezes o coração fica conturbado e o Senhor espera para ter misericórdia de vós.
O silêncio do Senhor como expressão de
graça e de amor
A Palavra diz que o Senhor se cala por amor. Nossas
maiores alegrias, nossas maiores tristezas, também são
compartilhadas em silêncio. A alegria pode causar silêncio, assim como as tristezas.
Como precisamos interpretar o silêncio de Deus!
Como precisamos crescer na apreciação da sabedoria
dele! Quando entendemos e sabemos que somos amados, podemos confiar nele de verdade. O silêncio de Deus,
assim como as palavras, para nós, é uma outra expressão
da graça infalível do Senhor. “Senhor, não é soberbo o meu
coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de
grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para
mim. Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como
a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe,
como essa criança é a minha alma para comigo. Espera, ó
Israel, no Senhor, desde agora e para sempre.” (Salmo 131).
Precisamos do silêncio e da Palavra. Precisamos interpretar o silêncio do Senhor! Como é preciso descansar no
caráter do Senhor! Filho, que o Pai abra os seus olhos. Que
38
você possa vê-lo e ouvi-lo, mesmo em meio ao silêncio.
Mesmo que seja como expressão de julgamento, ou de
amor, ou de misericórdia, ou de espera. Precisamos entender e ouvir o silêncio do Senhor!
Deus abençoe!
Pr. Márcio Valadão
39
Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha
Gerência de Comunicação
Rua Manoel Macedo, 360 - São Cristóvão
CEP 31110-440 - Belo Horizonte - MG
www.lagoinha.com
40
Download