Universidade Federal de Juiz de Fora Curso Introdutório a Física I PET-Civil CAP.1) Cinemática 1.1) Movimento em uma dimensão: Divide-se em: Movimento Retilíneo Uniforme (MRU): - Velocidade constante (v = cte); - Força resultante nula (Fr = 0); - Aceleração nula (a = 0). Fórmulas: ▪ Deslocamento: ∆x = x2 - x1 ▪ Velocidade Média: Vm = ∆x/ ∆t ▪ Deslocamento em função do tempo: x = xο + v.t Ex.1: Um carro percorre uma estrada retilínea. Os primeiros 40km são cobertos com velocidade média de 80km/h e o deslocamento total é feito em 1,2h. Qual a velocidade média do carro nos 40km finais do deslocamento? Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV): - Velocidade varia no decurso do tempo; - Força resultante não nula (Fr ≠ 0); - Aceleração constante (a = cte ≠ 0). Fórmulas: ▪ Aceleração: a = ∆v / ∆t ▪ Velocidade em função do tempo: v = vο + a.t ▪ Deslocamento em função do tempo: x = xο + vοt + a.t²/2 ▪ Equação Torricelli: v² = vο² + 2a ∆x Gráficos do MUV: Obs.: 1- O vértice da parábola do gráfico s x t corresponde ao instante em que o móvel muda de sentido (velocidade escalar nula no gráfico v x t). 2- Antes do vértice da parábola o movimento é retardado e, após o vértice, é acelerado nos dois casos considerados (α > 0 e α < 0). Portanto, quando um móvel em MUV muda de sentido, antes da mudança ele tem movimento retardado e logo depois acelerado. 1 s = s0 + v0.t + ½ α.t² v = v0 + α.t α = a = constante Ex.2: Um ônibus acelera a 1,5m/s², a partir do repouso, durante 12s. Depois, trafega a velocidade constante durante 25s e, finalmente, alentece até parar com uma desaceleração de -1,5m/s². (a) Qual a distância coberta pelo ônibus? (b) Qual a velocidade média do ônibus? 1.2) Movimento em duas dimensões: Movimento dos projeteis: - A velocidade na direção x é constante (vx = cte). - Não há aceleração na direção horizontal (ax = 0); - A velocidade na direção y (vy) é variável, pois há a aceleração da gravidade (ay = g). Trajetória de um projétil e vetores velocidade. Fórmulas: ▪ v0x = v0.cosθ0 ▪ voy = v0.senθ0 ▪ vy = v0y – gt ▪ x(t) = xo + v0x .t ▪ y(t) = y0 + v0 y.t – ½ g.t² 2 Ex.3: Uma gaivota, voando a 16m/s, sob um ângulo de 40° abaixo do horizonte, arremessa uma casca de mexilhão contra um banhista que está na praia, à distância vertical de 8,5m. O mexilhão atinge o alvo em cheio. (a) Qual a posição do banhista em relação à gaivota no instante de arremesso? (b) Qual o tempo de vôo do mexilhão? (c) Qual a velocidade do projétil no instante do impacto com o banhista? CAP.2) Leis de Newton Primeira Lei: Um corpo em repouso permanece em repouso a menos que sobre ele atue uma força externa. Um corpo em movimento desloca-se com velocidade constante a menos que sobre ele atue uma força externa. Segunda Lei: A aceleração de um corpo tem a direção da força externa resultante que atue sobre ele. É proporcional ao módulo da força externa resultante e inversamente proporcional à massa do corpo: a = Fr/m ou Fr = m.a A força externa resultante é a soma vetorial de todas as forças que atuam sobre o corpo: Fr = ∑F Terceira Lei: As forças sempre atuam aos pares de forças iguais, porém opostas. Se um corpo A exerce uma força sobre outro B, este exerce sobre A uma força que tem módulo igual ao da primeira, porém em sentido oposto. Ex.4: Um astronauta, em um planeta desconhecido, deixa cair uma bola de chumbo, de 76,5g de massa, do topo da nave até o solo, 18m abaixo, cronometrando em 2,5s o tempo de queda. O astronauta tem a massa de 68,5kg. Qual o seu peso no planeta desconhecido? Ex.5: Uma carga de 1000kg está sendo movimentada por um guindaste, presa a um cabo. Achar a tensão no cabo quando (a) a aceleração da carga, para cima, é 2m/s², (b) a carga está sendo elevada a velocidade constante, e (c) a carga está sendo suspensa com uma velocidade q diminui de 2m/s a cada segundo. Lei de Hooke: Se uma mola sofrer pequena compressão, ou pequeno esticamento, ∆x, a força que ela exerce é dada por: Fx = -k. ∆x Ex.6: Um bloco de massa m = 2kg está apoiado em uma superfície horizontal lisa, encostado a uma mola de constante elástica k = 32N/m. A mola está comprimida de x = 10cm e mantida nessa situação por meio de um barbante amarrado a ela. Queimando-se o barbante, a mola se distende, empurrando o bloco. Qual é a velocidade com que o bloco abandona a mola? 3 CAP.3) Aplicações das Leis de Newton 3.1) Atrito: Força de atrito é a força que aparece entre duas superfícies de contato quando há deslizamento (ou tentativa de deslizamento) relativo entre elas. É provocada pela interação das superfícies e depende das irregularidades das superfícies de contato e da reação normal de uma superfície contra outra. -Atrito estático: f s = μs.Fn Pode variar de zero até certo valor máximo f s máx (f s≤ f s máx). -Atrito Cinético: f k = μk. Fn O gráfico mostra como varia a força de atrito exercida pelo solo sobre uma coisa nele pousada, em função da força aplicada. A força de atrito equilibra a força aplicada até f s máx quando a caixa principia a escorregar. Ex.7: Um bloco de 5kg é mantido em repouso contra uma parede vertical por uma força horizontal de 100 N. (a) Qual a força de atrito da parede sobre o bloco? (b) Qual a força horizontal mínima que impede o bloco de cair? O coeficiente de atrito entre a parede e o bloco é μs = 0,4 . 3.2) Movimento circular: Aceleração centrípeta: Uma partícula que se move com velocidade de módulo constante v sobre um círculo de raio r tem aceleração de módulo v²/r dirigida radialmente para o centro do círculo. Esta aceleração é denominada centrípeta, é responsável pela mudança de direção e sentido do vetor velocidade, mas não pela variação do módulo do mesmo. Fórmulas: ▪ ac = v²/r ▪ v = 2πr/T Força centrípeta: Como com qualquer aceleração, é preciso haver uma resultante de forças na direção da aceleração para produzi-la. No caso da aceleração centrípeta, esta força é a força centrípeta. Ex.8: Uma pedra de 0,75 kg, presa a um fio gira num círculo horizontal de 35 cm de raio, como um pêndulo cônico. O ângulo do fio com a vertical e de 30°. (a) Calcular a velocidade v da pedra. (b) Calcular a tensão no fio. 4 CAP.4) Trabalho e Energia 4.1)Trabalho: Uma força realiza trabalho quando age sobre um corpo, deslocando-o, e há uma componente da força na direção do deslocamento. No caso de uma força constante, unidimensional, o trabalho é produto do módulo da componente da força paralela ao deslocamento pelo módulo do deslocamento. W = F.cosθ.Δx Onde W é o trabalho, F é a força aplicada, θ é o ângulo entre a força e o eixo dos x e Δx é o deslocamento. A unidade de W é Joule (J) ou N.m.(1J = 1N.m) O trabalho total é igual ao trabalho da força resultante. Wtotal = Fr x . Δx ou Wtotal = Σ W Ex.9: Uma força constante de 80N atua sobre um corpo de massa 5,0kg que se move na direção da força com a velocidade de 20m/s. Três segundos depois o corpo está com a velocidade de 68m/s. Determinar o trabalho efetuado pela força. 4.2) Teorema da Energia Cinética: Energia cinética: K= ½ .m.v² Teorema da Energia Cinética: O trabalho total efetuado sobre uma partícula é igual à variação da energia cinética da partícula: Wtotal = ΔK = ½ m.vf² - ½ mvi² Ex.10: Um rapaz e uma moça apostam uma corrida. Inicialmente os dois tem a mesma energia cinética. Quando o rapaz aumenta de 25% a sua respectiva velocidade, ambos têm a mesma velocidade. Se a massa do rapaz for de 85kg. Qual será a da moça? 4.3) Potência: A potência P proporcionada por uma força é a taxa temporal com que a força efetua trabalho. P = W = F.v. cosθ Δt 5 Ex.11: Um corpo de 4,0kg está inicialmente em repouso em x = 0 e é acelerado, a potência constante de 8,0 W. Calcular a velocidade do corpo no instante t = 6,0s. 4.4) Energia Potencial: Forças Conservativas: Uma força é conservativa se for nulo o trabalho que ela efetua sobre uma partícula que descreve uma trajetória fechada e retorna à posição inicial. O trabalho efetuado por uma força conservativa sobre uma partícula não depende da trajetória da partícula ao passar de um ponto para outro. Energia Potencial Gravitacional: U = m.g.y Energia Potencial Elástica: U = ½ k.x² 4.5) Conservação da Energia Mecânica: A soma da energia cinética K com a energia potencial U de um sistema é a energia mecânica total: Emec = K+U Quando somente forças conservativas internas efetuam trabalho no sistema, a energia mecânica Emec é constante. Ex.12: Uma pedra é arremessada para cima sob um ângulo de 53° com a horizontal. A altura máxima da pedra na respectiva trajetória é de 24m. Qual a velocidade inicial da pedra? Ex.13: Uma pessoa de 60kg, com os pés presos a um elástico forte, pula de uma ponte que está a L = 310m de altura em relação à superfície de um rio. O comprimento do elástico é d = 50m e ele se comporta como mola elástica com a constante de força k. No primeiro pulo, a pessoa quase toca na superfície da água e depois de muitas subidas e descidas fica em repouso na altura h acima dessa superfície. (a) Calcular a altura h. (b) Calcular a velocidade máxima da pessoa. 6 CAP.5) Sistemas de Partículas e Conservação do Momento 5.1) Centro de massa: É o ponto do sistema que se move como se toda a massa do sistema estivesse concentrada nele e todas as forças externas ao sistema atuassem exclusivamente sobre ele. Mx = m1.x1 + m2. x 2 Ex.14: Três pequenas esferas A(2,2), B(1,1) e C(3,0), com as massas de 3kg, 1kg e 1kg estão montados nos vértices de um triângulo de hastes rígidas, muito leves. Que coordenadas tem o centro de massa? 5.2) Conservação do Momento: O momento linear p de uma partícula é o produto da massa pela velocidade da partícula. É uma grandeza vetorial que pode ser imaginada como medida do esforço necessário para levar a partícula ao repouso. p= m.v Se a resultante das forças externas que atuam sobre um sistema for nula o momento do sistema permanece constante. Ex.15: Um bloco de madeira e uma pequena arma estão firmemente presos nas extremidades opostas de uma plataforma (massa desprezível) que pode deslizar sem atrito sobre uma mesa de ar. A massa da arma é ma , a do bloco, mb , e a do projétil disparado, m p . A arma está apontada para o bloco e o projétil, ao ser disparado, tem a velocidade v p em relação a um observador em repouso na mesa. Vamos admitir que o desvio do projétil em relação à horizontal seja desprezível e que a sua penetração do alvo seja pequena.(a) Qual a velocidade da plataforma deslizante imediatamente depois de a arma ser disparada? (b) Qual a velocidade da plataforma imediatamente depois de o projétil ficar em repouso no alvo? (c) Qual o deslocamento do bloco de madeira, em relação à sua posição inicial, no instante que o projétil o atinge? 5.2) Colisões: Numa colisão, os dois corpos se aproximam e interagem fortemente durante um intervalo de tempo muito curto. Quando a energia cinética total dos dois corpos se conserva, tem-se a colisão elástica; quando não se conserva, tem-se a colisão inelástica. Caso extremo é o da colisão perfeitamente inelástica onde toda energia cinética relativo ao centro de massa se converte em energia térmica ou interna do sistema e os dois corpos formam um só depois da colisão. Impulso: O impulso I de uma força é definido por: I = F. Δt 7 O impulso da força resultante é igual à variação total do momento durante o intervalo de tempo: Ir = pf – pi = Δp Ex.16: Quando uma bola de futebol, de 0,40kg, é rebatida de primeira, a sua velocidade pode variar de -15m/s para +15m/s. (a) Qual o módulo do impulso proporcionado à bola? (b) Se o contato entre a bola e a chuteira do jogador durar 8ms, qual a força média exercida sobre a bola? Colisões perfeitamente inelásticas em uma dimensão: As duas partículas formam uma só partícula depois da colisão. (m1 + m2).v = m1 v1 i + m2 v2 i Colisões elásticas em uma dimensão: As energias cinéticas inicial e final são iguais. A velocidade de recessão é igual a velocidade de aproximação. v2 f – v1 f = -(v2 i – v1 i) Colisões perfeitamente inelásticas em três dimensões: O vetor momento inicial total é igual à soma vetorial dos vetores momento iniciais de cada corpo envolvido na colisão. Os corpos, depois da colisão, constituem um só corpo, e uma vez que o momento final é igual ao inicial, movem-se na direção do momento total resultante com a velocidade v dada por: v = P/(m1 + m2) Ex.17: Um corpo de 3 kg, a 4 m/s, colide elasticamente com outro corpo, estacionário, de 2 kg. Com a conservação do momento e com a igualdade entre a velocidade relativa de recessão e a de aproximação, calcular a velocidade de cada corpo depois da colisão. Verificar a resposta pelo cálculo das energias cinéticas inicial e final de cada corpo. CAP.6) Rotação 6.1) Velocidade angular e aceleração angular: Imaginemos um disco que gira em tordo de um eixo fixo, perpendicular ao seu plano e que passa pelo seu centro. Os pontos próximos à periferia do disco giram com velocidade maior do que os pontos próximos ao centro. Quando o disco gira o ângulo Δθ, uma partícula típica do disco descreve um arco circular de comprimento: Δs = r.Δθ O deslocamento angular Δθ é positivo no sentido anti-horário. A distância Δs varia de partícula para partícula, porém o ângulo Δθ, o deslocamento angular, é o mesmo para todas as partículas do disco. 8 ▪ Velocidade angular: ω = Δθ/Δt ▪ Aceleração angular: α = (ω – ω0)/ Δt ▪ Velocidade linear: v = r.ω ▪ Aceleração tangencial: at = r.α ▪ Aceleração centrípeta: ac = r.ω² ▪ Equações da rotação com aceleração angular constante: ω = ω0 + α.t θ = θ0 + ω0.t + ½ α.t² ω² = ω0² + 2α(θ - θ0) Ex.18: Calcular a velocidade linear de um ponto de um disco compacto (a) a r = 2,4cm quando o disco gira a 500rev/min e (b) a r = 6cm quando o disco gira 200rev/min. 6.2) Torque, Momento de Inércia, Segunda Lei de Newton para Rotação: Torque: O módulo do torque exercido por uma força sobre um corpo é definido como produto entre a força e o braço da alavanca. τ = F.l = F.r senφ Momento de Inércia: É a medida da resistência que um corpo oferece às modificações de seu movimento de rotação. Depende da distribuição da massa no interior do corpo em relação ao eixo de rotação. Segunda Lei de Newton: I = m.r² τ = I. α 9 Ex.19: Uma roda montada num eixo que oferece atrito está inicialmente em repouso. Um torque externo constante de 50N.m é aplicado à roda, durante 20s, atribuindo-lhe velocidade angular de 600 rev/min. O torque externo, depois desse tempo, é removido e roda pára em 120s. Calcular (a) o momento de inércia da roda e (b) o torque do atrito, admitindo que seja constante. 6.3) Energia Cinética de Rotação, Potência e Momento Angular: Energia Cinética de Rotação: Krot = ½ I.ω² Potência: W = r.Δθ P = τ. ω Momento Angular: L = I. ω Ex.20: O tambor de um guincho tem a massa M e o raio R. Um cabo enrolado no tambor suspende uma carga de massa m. O comprimento do cabo é L e a densidade linear (massa por unidade de comprimento) é λ, e então a massa total é mc = L. λ. A carga, num certo instante, principia a cair, desenrolando o cabo. Qual a velocidade de queda depois de ter caído a altura d? 6.4) Corpos que rolam: Rolamento sem escorregamento: Quando uma bola rola com uma velocidade v sem escorregar, a velocidade do topo é 2v e a do fundo da bola, em contato com a superfície de rolamento, é momentaneamente nula. Se houver força de atrito sobre a superfície da bola, o atrito será estático e não haverá dissipação de energia. A energia cinética de um sistema pode ser expressa pela soma da energia cinética do movimento do centro de massa com a energia relativa ao centro de massa. Logo a energia cinética de um corpo rolante é: K = ½ Icm .ω² + ½ M.vcm² Ex.20: Uma bola de boliche, com um raio de 11cm e massa m = 7,2kg, rola sem escorregar por uma pista horizontal, a 2 m/s. Depois, sobre uma rampa, também sem escorregar, até a altura h e fica momentaneamente em repouso. Calcular h. 10