sesc brASIL J O R N A L ju l ho I N T E R N O 2 0 0 9 - A no M E N S A L 6 - n º 7 1 D O - S E R V I Ç O D I S T R I B U I Ç Ã O S O C I A L N A C I O N A L D O - C O M É R C I O I S S N 1 9 8 3 - 7 6 2 3 Música de qualidade para todos Eventos dos Regionais são celeiros de talentos págs. 4 e 5 Ne s ta ed iç ão En ci cl op éd ia SE SC : acontece Diversão para a garotada nas férias entrevista Turíbio Santos: fã incondicional do SESC Ceiça Farias, intérprete de Porto Velho (RO) se apresenta na 31ª Mostra de Música Cidade Canção, em Maringá (PR) SESC BRASIL n JUlHO 2009 1 PONTO DE VISTA acontece n Teatro Garagem (DF) Há 30 anos, a garagem do SESC 913 Sul, em Brasília, foi utilizada para a realização de uma oficina com um cenógrafo francês. O local caiu no gosto da classe artística e, em julho de 1979, passou a funcionar como teatro. Com capacidade para 204 pessoas, o Garagem tem arquibancadas modulares, movimentadas de acordo com a concepção do espetáculo, e conta com equipamentos de som e iluminação profissionais. Para comemorar as três décadas, o Regional promoveu entre maio e junho a temporada do espetáculo O Rei da Vela, de Oswald de Andrade. EMOÇÕES Quem de nós não tem a sua música preferida? Aquela que, muitas vezes, abre um baú de lembranças afetivamente fechado com sete chaves. Ou mesmo aquela que nos faz viajar até a infância da canção de ninar ou a do “virundum” patrioticamente cantado no pátio da escola. E as músicas n Atrações do CineSESC (RR/SP/MT) O cinema está em alta nos Regionais. No dia 31 de julho, às 19h, no CineSESC Digital, em Roraima, acontece a I Mostra SESC de Curtas, onde serão exibidos documentários, filmes de ficção e cinema experimental. Entre os dias 26 de junho e 5 de julho, o Festival Internacional do Documentário Musical – In Edit, que nasceu em Barcelona há seis anos, chegou pela primeira vez ao CineSESC paulista. E no Mato Grosso, o SESC Arsenal exibiu em junho filmes dos cineastas Woody Allen e Rainer W. Fassbinder. de emoção coletiva, tipo “Aquarela do Brasil”, que é capaz de levar às lágrimas os nossos expatriados? O poder da música de produzir emoções tem sido objeto de teses e debates, durante os últimos séculos. De Aristóteles (“A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima de sua condição”) a Shakespeare (“Se a música é alimento do amor, toque”) filósofos, artistas e pensadores construíram milhares de frases e reflexões sobre o tema. A matéria de capa (páginas 4 e 5) conta um pouco das mostras, festivais e eventos musicais do SESC em todo o Brasil. Fácil imaginar o in- n Reinauguração de Usina de Beneficiamento (TO) Uma parceria entre o SESC e a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab – possibilitou a reabertura da Usina de Beneficiamento de Arroz do Complexo Rio Formoso, em Tocantins. A solenidade de inauguração foi realizada em 22 de junho, em Formoso do Araguaia. Parte do arroz beneficiado na usina será distribuído gratuitamente por meio do programa Mesa Brasil SESC. A Usina voltou a funcionar após 18 anos desativada. A unidade é constituída por 14 silos metálicos, com capacidade para armazenar 28 milhões de quilos de grãos em granel. SESC e Conab trabalham juntos há seis anos por meio do Mesa Brasil. Neste período, a companhia já doou ao programa mais de 18 milhões de quilos em alimentos. tercâmbio de emoções de músicos, intérpretes e compositores com os públicos de cada espetáculo, materializando a proposição, contida em nossas “Diretrizes”, de “ser incorporada à Entidade a função de articulador entre produtores e consumidores de bens culturais”. Mestre Turíbio Santos (página 8), exalta outra virtude da nossa programação musical: “Ao reconhecer os talentos da casa e permitir o diálogo com o de outras regiões , o SESC consegue tirar o artista do isolamento e dar chance para que ele exponha sua cultura e a multiplique”. Declaração que nos toca profundamente, e nos estimula a continuar nesta vereda. Maron Emile Abi-Abib Diretor-Geral do Departamento Nacional EXPEDIENTE Antonio Oliveira Santos Presidente do Conselho Nacional Maron Emile Abi-Abib Diretor-Geral Coordenação editorial SESC-DN/Assessoria de Divulgação e Promoção (Christiane Caetano, Marcella Marins, Denise Oliveira) Consultoria Editorial: Elysio Pires Jornal SESC Brasil é editado e produzido pela AG Rio Fotos - Banco de Imagem SESC Nacional Jornalista responsável - Arlete Gadelha (MTb 13.875/RJ) Colaboraram para esta edição: Francisco Reis da Silva Leite (AC), Janayna Ávila e Danielle Cândido (AL), Viviani C. de Freitas (AM), Juliana Coutinho (AP), Ivson Vivas (BA), Eugênia Cabral (CE), Marcus Alencar (DF), RS Comunicação (ES), Sandra Stefan (GO), Viviane Franco (MA), Miriam Braga (MG), Sueli Batista (MT), Virgínia Carromeu (MS), Lourdinha Bezerra (PA), Alex Marcio (PB), Ana C. Coelho (PI), Daniella Monteiro (PE), Karen Bortolini (PR), Keila Alves (RO), Catiúcia Ruas (RS), Roberta Sandreschi e Débora Murta Braga (SC), Aparecida Onias (SE) e Renato Pietro (TO). Impressão: Gráfica Minister Tiragem: 18 mil exemplares Esta publicação segue as novas regras de ortografia da Língua Portuguesa 2 SESC BRASIL n JUlHO 2009 CURTAS n Inaugurações e reformas (AC/SP) O município de Brasileia ganha seu primeiro SESC O DR/AC inaugura em 10 de julho o SESC Brasileia, no município de mesmo nome, localizado a 320 km de Rio Branco. A unidade vai oferecer atividades educacionais, culturais, esportivas e de recreação. No DR/SP, a unidade SESC 24 de Maio entrou em reformas. Após as obras, o prédio de 12 andares passará a ter 27.905 metros quadrados de área construída e abrigará clínica odontológica, teatro com capacidade para 275 pessoas, piscina panorâmica com solário, entre outros espaços. A previsão é de que as instalações sejam entregues até o segundo semestre de 2012. n Primeiros autógrafos (DN) No dia 29 de junho na Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro (RJ), os autores vencedores do Prêmio SESC de Literatura, Marcio Ribeiro Leite, com o romance – O momento mágico, e Sergio Leo de Almeida Pereira, com a coletânea de contos – Mentiras do Rio, deram os primeiros autógrafos. Eles dividiram a mesa com Da esq. para a dir.: os escritores Mauricio de Almeida, Mauricio de Almeida, vencedor Moacyr Scliar, Sergio Leo de Almeida Pereira da edição de 2007 e o escritor e e Marcio Ribeiro Leite acadêmico Moacyr Scliar. Muito bem hu- de outro uma importante editora no panomorado Scliar comentou que participar rama cultural do nosso país.” de prêmios de literatura é a maneira mais Na edição de 2008, que recebeu 457 insacertada para um novo escritor chegar crições de todo o Brasil, foram concedidas onde tanta deseja: a alegria de ver seu pri- menções honrosas a três romances: Vale meiro livro publicado. Ele lembrou ainda Grande, do potiguar José Jorge de Mendonque dos primeiros prêmios dos quais par- ça; Com quem o demônio aprende, de Edson ticipou, ganhou: par de sapatos, discos de Dourado Marques, do Mato Grosso do Sul; e folclore Theco e até cheque sem fundos. Paroxetina ou crônicas de um ansioso crônico, Em função dessas experiências, afirmou: do paulista de Guaratinguetá Bruno Macha“Prêmio literário tem que ser sério, abrir do de Oliveira. Na categoria contos não houportas, revelar pessoas. Para tanto, é pre- ve menção honrosa. ciso ter por trás autoridades culturais que As inscrições para a próxima edição já confiram significação a iniciativa. É o que estão abertas e foram prorrogadas até o dia acontece no Prêmio SESC de Literatura – 30 de setembro. Mais informações no site de um lado uma instituição respeitável e www.sesc.com.br/premiosesc/. n Versos (PR) Poetas de todas as idades têm até 31 de julho para inscrever seus trabalhos no Festival Poéticos 2009, uma realização do SESC Paraná em parceria com a Academia de Letras, Artes e Ciências de Cornélio Procópio, a Prefeitura, o Lions Clube e o Rotary Club. A premiação será no dia 16 de outubro. Os poemas escolhidos poderão ser vistos no Anfiteatro da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, onde serão expostos dependurados, como em um varal. Posteriormente, serão exibidos no Centro Cultural Galdino de Almeida e no hall do SESC. Mais informações em http://www.sescpr.com.br. n Medalha (AM) Levy J. Ferreira, Auxiliar de Patrimônio no SESC Amazonas, venceu o Campeonato Mundial de Jiu-Jítsu que aconteceu na Califórnia entre 4 e 7 de junho. O atleta de 22 anos, que há cinco pratica o esporte, foi o melhor na faixa roxa, na categoria Galo. n Salão de Turismo (DN) O Sistema CNC-SESC-SENAC participou, entre os dias 1 e 5 de julho, da 4ª edição do Salão de Turismo, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Parceiras do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil – do Ministério do Turismo, as entidades apresentaram algumas de suas realizações em prol do desenvolvimento das atividades turísticas nas últimas seis décadas. O público conferiu parte desse trabalho no estande de 252 metros quadrados ocupado pelo Sistema CNC-SESC-SENAC no Salão de Exposições. Setas coloridas e símbolos típicos da sinalização turística decoraram o ambiente; o lounge, espaço de convivência; e a livraria, onde foram vendidas publicações da Editora SENAC. n Logística em debate (DN e DRs) O Departamento Nacional realizou em sua sede o Encontro de Logística Organizacional e Patrimônio, entre os dias 15 e 19 de junho, com a participação de técnicos de todos os Departamentos Regionais e da Estância Ecológica SESC Pantanal. No evento, foram debatidos temas como: Terceirização de serviços de operação logística, Normas e procedimentos utilizados para controle de bens patrimoniais e Indicadores de gestão para logística de compras, entre outros. SESC BRASIL n JUlHO 2009 3 MATÉRIA DE CAPA Viagem de ritmos por todo As mostras e festivais do SESC proporcionam ampla participação das populações nas cidades onde se realizam e não têm similar no país. O Brasil tem incontáveis ritmos, originados em suas cinco regiões. Na Amazônia, a toada do Boi de Parintins e o carimbó. No Nordeste, o frevo, maracatu, forró, baião, xaxado, coco, lundu, maxixe. No Centro-Oeste, a chamada música caipira. No Sudeste, o samba e o choro. No Sul, o vanerão e o xote. E, muito mais... O SESC sabe muito bem aproveitar toda essa riqueza, abrindo seus palcos para tornar músicas, compositores, instrumentistas e cantores nas estrelas de inúmeros espetáculos. Nos mais variados formatos, em mostras e festivais promovidos pelos Departamentos Regionais por todo o país há mais de 30 anos, a instituição revela talentos na apresentação de composições que muitas vezes não são gravadas, não chegam às rádios e às TVs. Contudo, valorizam o que há de melhor na tradição e cultura brasileiras, educam e contagiam até as mais exigentes plateias. Exemplos nos Regionais O DR/AM promove o Festival de Calouros, cuja 29ª edição foi realizada em maio último. Para participar é necessário mais do que soltar a voz. Três meses antes do festival acontecer são selecionados 30 artistas que recebem aulas de impostação, articulação vocal, expressão corporal e interpretação. Ao final da maratona de oficinas, os cantores estão prontos para subir ao palco. Lançado em 1980, o Festival de Calouros já revelou intérpretes como Arlindo Júnior, vencedor em 1985, que, ao ganhar visibilidade, recebeu o convite para ser levantador de toadas do Boi Caprichoso – O Azul de Parintins (AM). A Mostra de Música SESC Canta Roraima também tem seu diferencial, aceita inscrições com letras em língua portuguesa ou indígena, de autoria própria e de livre tendência, inclusive instrumental. Ao final, dez músicas são selecionadas para integrarem um CD. De acordo com o Assessor Técnico de Música do DN, Gilberto Rodrigues Figueiredo, as mostras não competitivas são mais voltadas para a produção local, para a pesquisa de elementos inovadores, fora dos padrões da indústria do entretenimento, por vezes massificada. Além disso, muitas fomentam o debate através de eventos pa- 4 SESC BRASIL n JUlHO 2009 ralelos como oficinas, palestras e encontros, promovidos nas unidades do SESC ou em escolas, nas cidades onde são realizadas. Integração A Mostra de Música Cidade Canção (Femucic) em maio de 2010 apresentará a sua 32ª edição. O evento reúne o melhor da MPB, em uma mistura de estilos, ritmos, gêneros e concepções musicais e inclui a participação de composições selecionadas em outras mostras da instituição. Realizado pelo DR/PR, em sua unidade em Maringá, recebeu este ano 676 inscrições de 21 estados brasileiros. Para apresentação ao público, 50 foram selecionadas entre as inscritas, cinco foram classificadas em eventos musicais nos Regionais: Dormentes, da VI Mostra SESC de Música de Porto Velho (RO); Não acredito, da 4ª edição do SESC Canta (AP); Ao poeta que não consegue escrever, da Mostra MPB SESC (PB); Menina de Pano, da Mostra de Música SESC Mato Grosso (MT); e Shirley de Faria, do Prêmio SESC de Música Tom Jobim 2007 (DF). E Revoada foi indicação do DR/SC. Anthony Brito, intérprete de Menina de Pano (DR/MT), participa de festivais desde o início da carreira, em 2001. Ele, que tem a literatura de cordel e o baião entre suas influências, afirma: “Levar os valores culturais do estado é tão importante quanto ter contato com a o país O Festival de Calouros do DR/AM ontem e hoje produção feita no restante do país. Na mostra em Maringá, estive em contato com músicos de vários estados.” O Trio Ponteio, que defendeu a música instrumental Revoada (DR/SC), explorou o chamamé e a chacarera, ritmos do Sul. O carimbó, marabaixo, coco de roda, as cirandas e o galope foram ritmos do Norte e Nordeste que permearam as composições indicadas pelo SESC Rondônia, Amapá, Paraíba e Mato Grosso. Em evento paralelo ao Femucic, músicos contam suas experiências em escolas do município de Maringá Neste ano, o Femucic realizará a gravação do seu 14º CD. Todas as canções apresentadas ao público são gravadas e após o evento uma comissão formada por técnicos e representantes da comunidade se reúne para escolher as que farão parte da coletânea. Abertura de caminhos A realização desses eventos traz visibilidade à maioria dos participantes. Como é o caso do produtor musical, compositor e cantor Geraldo Júnior, que saiu de Juazeiro do Norte (CE) e do anonimato após participar da Mostra SESC de Música Cearense, em 2001 e da Mostra de Música Cidade Canção (Femucic). A trajetória de Geraldo é um exemplo de resultado positivo da mostra. Ele afirma: “Foi assim que a minha banda colocou o pé na estrada. Por outro lado, durante as mostras, trocamos experiências sobre dificuldades comuns aos artistas, sobre como conseguir, por exemplo, recursos para gravar e divulgar o trabalho. Esses eventos também dão à gente uma visão do panorama da música regional atual”, informou o compositor. A dupla Sena & Sergival, selecionada para representar o estado de Sergipe no Femucic, em 1995, vivia do que ganhava nos shows em bares de Aracaju. A apresentação despertou o interesse de um empresário paranaense: “A partir daí tocamos em vários festivais e representamos o estado no programa Canta Nordeste, da Rede Globo”, afirma Sena. Outros exemplos de iniciativas que também servem como celeiros de novos talentos são: Prêmio SESC de Música Tom Jobim (DR/DF) e Prata da Casa (DR/SP). O primeiro é promovido há seis anos e recebe canções inéditas escritas por compositores de todo o país. O segundo incentiva há uma década o lançamento de artistas. A cantora Fernanda Porto conta que participou do Prata da Casa em 2001. “Quando me apresentei no SESC Pompeia, havia lançado Sambassim que tocava nas rádios do país e da Europa, mas eu ainda não tinha visibilidade. O apoio recebido do então curador Carlos Callado, somado à estrutura de som e luz e o trabalho de divulgação realizado pela entidade, garantiram as primeiras críticas positivas ao meu trabalho na mídia”, afirma Fernanda. Na instituição, centenas de artistas saíram do anonimato e conseguiram apresentar sua arte ao grande público. Os eventos do SESC provam que este país é verdadeiramente musical. Fonoteca do CDRM em Mato Grosso O sonho da gravação O registro fonográfico é outra maneira encontrada pela instituição para incentivar a produção musical e contribuir para a formação de público. A produção de CDs de músicas selecionadas nas mostras distribuídos pelos Departamentos Regionais, facilita a divulgação do trabalho, uma vez que a maioria desses artistas não tem recursos para pagar técnicos de som e as horas nos estúdios de gravação. Por outro lado, o registro permite reunir um acervo musical que pode servir, por exemplo, como fonte de pesquisa sobre música brasileira. Os Centros de Difusão e Realizações Musicais (CDRM), nos Regionais Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso, Pernambuco, Sergipe e Tocantins e o Banco Digital SESC de Partituras–Brasil foram criados para atender a estudantes, pesquisadores e a comunidade. Cada CDRM é equipado com fonoteca, estúdio de gravação e salas onde são orientadas audições e ministradas oficinas. Várias unidades de Regionais possuem Banco Digital e armazenam obras antigas e contemporâneas em seus acervos, que podem ser impressas, ouvidas ou executadas por meio do programa Finale – recurso que torna possível acoplar teclado musical ao computador para composição de partitura. SESC BRASIL n JUlHO 2009 5 LEITOR PREMIADO Tempero mineiro em São João da Barra A Monitora de Esportes do SESC Interlagos (SP), Daniela del Nero, ganhou do SESC em junho de 2004 um presente de aniversário com um mês de antecedência. Ela foi premiada com uma temporada no SESC–Mineiro/Grussaí, destino do próximo Leitor Premiado. Localizada em São João da Barra (RJ), a 560 km de Belo Horizonte (MG), a pousada foi inaugurada pelo DR/MG em 1980, atendendo a um desejo do Regional em Minas Gerais de ter uma unidade de hospedagem no litoral. “Tiramos uns dias de folga em fevereiro do ano seguinte para conhecer a pousada e o município de São João da Barra. Aproveitamos os dias de calor para mergulhar nas praias da região e caminhar pela enorme área de lazer da pousada”, conta Daniela. A monitora ficou impressionada com o excelente atendimento recebido, o conforto das acomodações e a variedade do cardápio do restaurante. “As suítes, chalés e apartamentos são equipados com frigobar e TV. O restaurante oferece opções diferentes de menu, como comida mineira, saladas e carnes brancas. Variedade importante para quem não come carne vermelha. A área da pousada é tão extensa que abriga um complexo ferroviário”, afirma. Dicas A visita às minipirâmides e os mergulhos na praia de Grussaí foram alguns passeios realizados O que fazer em São João da Barra CAMINHOS DE FERRO - A viagem a bordo da Maria Fumaça percorre 10 estações do complexo ferroviário construído dentro do terreno da pousada. Elas foram batizadas com nomes de estações da antiga linha ferroviária mineira, por onde eram escoadas as mercadorias de Minas para o restante do Brasil no tempo do Império. UM BOM LUGAR PRA CAMINHAR – Miniaturas de pirâmides, templo budista e parque aquático com toboágua são algumas opções de lazer dentro da unidade, que possui mais de 1 milhão de metros quadrados. CITY-TOUR – O passeio pelo município de São João da Barra leva à praia de Atafona, onde deságua o rio Paraíba do Sul. Durante o trajeto é possível observar as ruínas de casas, prédios e o resto de ruas, que foram destruídas pelo mar, que a cada ano avança mais. Antes de retornar à unidade, o city-tour faz parada na fábrica artesanal de goiabada cascão e geleia, onde há degustação dos doces. PRAIA DE GRUSSAÍ – Em frente à pousada há um ponto de charrete - meio de transporte comum na região. Do SESC Mineiro até a praia de Grussaí são apenas dois quilômetros de distância. 6 SESC BRASIL n JUlHO 2009 VENCEDOR DA ENQUETE Viviane Rodrigues Franco, Técnico Especializado em Comunicação do SESC Maranhão, foi sorteada na edição 68 com uma viagem ao Pantanal. Os 808 leitores que responderam à enquete apontaram os gêneros autoajuda (179), aventura (159), romance (130) e biografia (92) como os preferidos. NOSSA GenTE Música de Milton Nascimento e Fernando Brant diz que foi nos bailes da vida que muita gente boa pôs o pé na profissão de tocar um instrumento e de cantar. Três servidores do SESC, que nas horas vagas levam seu som onde o povo está, contam como nasceu o amor pela música, quais foram as suas influências e onde se apresentam atualmente. Música se alimenta de música Leonardo Saraiva de Oliveira, Técnico de Nível Superior do setor de Comunicação do DR/DF, é o caçula de uma família de gostos musicais diversificados. O pai tocava viola caipira e sanfona, a mãe e irmãs ouviam música francesa e italiana e o irmão mais velho preferia rock dos anos 70. Leonardo afirma que começou a tocar por acaso, em festas na adolescência. “Chegava com vários álbuns de vinil e perturbava a turma para colocá-los. Hoje aceito convites para animar festas, toco em bares de Brasília, em abertura de shows de bandas como a Brazilian Blues Band, Blues Etílicos e o grupo franco/argentino Gotan Project, que reuniu quase 20 mil pessoas em 2007. No meu repertório entra rock – a minha praia – samba, MPB e música eletrônica. Só não toco axé, pagode ou sertanejo”, explica. Para quem acha que DJ não é músico, ele diz que as carrapetas, também conhecidas como pick-ups, são instrumentos musicais genuínos, a serviço de artistas, que hoje são requisitados por grandes bandas de rock e por cantores de MPB e samba. Para ser um bom DJ, ele aconselha: “Ter sensibilidade para perceber a vibração da pista, criar novos ritmos e melodias a partir da colagem de diferentes músicas e emendar sequências sem quebrar o ritmo. Para fazer tudo isso é fundamental amar e entender de música, e ter um bom acervo, porque a música se alimenta e se renova, basicamente, de boa música.” Multi-instrumentista Vocalista, compositor e letrista nas horas vagas, o Assistente Administrativo Helder Gomes de Araújo, que desde 1995 trabalha no SESC Rio Grande do Norte, prepara após muitos anos de estrada seu segundo CD independente. As trilhas sonoras de novelas, os hits das bandas de rock, Mutantes, Rolling Stones, Zeca Baleiro e Chico Buarque, entre outros, influenciaram e despertaram o interesse de Helder pela música desde a infância. A estreia no microfone aconteceu numa gincana escolar, lembra Helder, mas a vontade de montar a primeira banda de rock, a Florbela Espanca, surgiu depois de ser aplaudido por amigos ao cantar num luau. “Fui baixista na Florbela, vocalista na banda Antonio Maria, classificada no Festival Skol Rock 96, em Recife, e em 2000 decidi seguir carreira solo. Gravei o primeiro CD, Sorte, em 2005, e três anos depois fui indicado para o prêmio Hangar (premiação local) como melhor letrista, melhor CD e melhor canção, O peixe e a gaivota”, conta Helder. O trabalho do cantor pode ser conhecido nos sites www.heldergomes.palcomp3. com.br e http://domingaodofaustao.globo.com/domingao/garagemdofaustao. Paixão pelos teclados Entre os colegas do SESC, ele é conhecido como Jedian Alves Quixaba, o Auxiliar de Administração que trabalha no Setor de Transportes do Centro de Atividades de Palmas (TO). Para o público que assiste a seus shows em Goiás, Pará, Maranhão, Roraima e Tocantins, ele é o Jean dos teclados. O artista iniciou a carreira ainda criança acompanhando o pai e o tio, violonista e compositor, em festejos no povoado de Quixaba (TO). Autodidata, aprendeu a tirar de ouvido as músicas que seu amigo de infância Gilson tocava no teclado. Aos 12 anos se apresentou pela primeira vez numa festa em comemoração ao Dia das Mães. De lá pra cá, o tecladista que teve como influência inicial a mú- sica sertaneja e hoje toca forró, xote, zouk e carimbó, se apresenta com o conjunto Jean nos Teclados em festas juninas, temporadas de verão, atividades do SESC Lazer e outros bailes da vida. “Antes de subir ao palco, sinto um frio no estômago misturado com a alegria de ver o público animado”, diz Jean. SESC BRASIL n JUlHO 2009 7 ENTREVISTA Projetos do SESC inovam o cenário musical brasileiro T uríbio Santos, violonista e diretor do Museu Villa-Lobos, fala ao JSB sobre a sua admiração pelos projetos musicais desenvolvidos no SESC. Ele, que tocou nos palcos da instituição várias vezes, participou das primeiras turnês do Sonora Brasil e foi consultor da mostra de instrumentos musicais A História do Violão, explica a importância da música na valorização da cultura brasileira. Jornal SESC Brasil: O resgate e a preservação das tradições sonoras e culturais regionais é um dos objetivos dos projetos musicais realizados pelo SESC. Como você vê essa iniciativa? Turíbio Santos: O perfil do SESC é de voltar seu atendimento à comunidade da região. Para isso, as ações e projetos da entidade valorizam as características locais. Ao reconhecer os talentos da casa e permitir o diálogo com o de outras regiões, o SESC consegue tirar o artista do isolamento e dar chance para que ele exponha a sua cultura e a multiplique. JSB: Na sua opinião, como o SESC contribui para a renovação do cenário musical? T.S.: Uma das preocupações ao se tentar renovar o cenário é valorizar a cultura musical preexistente. Você só consegue renovar o conteúdo quando olha para trás e aproveita os valores antigos. Esse cuidado o SESC tem e eu sempre achei incrível. Um exemplo disso, foi a mais bonita homenagem a Villa-Lobos no terreno da música, feita pela entidade em parceria com o governo de Mato Grosso. A Orquestra de Câmara de Mato Grosso, que traz entre seus instrumentos a viola-de-cocho – típico da cultura mato-grossense – fez uma maratona levando a obra do grande compositor brasileiro a todo o país. Renovar pra mim é inovar. Uma orquestra regional tocar Villa-Lobos para quem nunca ouviu é inovação. 8 SESC BRASIL n JUlHO 2009 JSB: Todas as mostras realizadas pela instituição têm direção musical. Como orientador de diversas Faculdades de Música, você pode explicar qual a importância desse trabalho na apresentação final de intérpretes e compositores? T.S.: Tem direção musical de todo calibre. Quando ela é boa, permite uma troca de informações entre o músico iniciante e o diretor – que o dirige entre aspas – pois está ali para coordenar a informação musical trazida pelo artista. Essa interação é fundamental para o sucesso do trabalho realizado no palco. JSB: A 31ª Mostra de Música Cidade Canção, realizada pelo SESC Paraná, recebeu 676 inscrições de músicos de 21 estados. Que valor eventos como esse têm para a formação de público e intercâmbio entre diferentes linguagens musicais? T.S.: Quando um músico de câmara, que gosta por exemplo de tocar autores como Bach, Mozart, Beethovem, encontra um de choro, e ambos interagem, há um enriquecimento na linguagem dos dois. O de choro sai Encontro no SESC competência e criatividade. Por esses e outros atributos, sou fã incondicional da instituição. fazendo um arranjo que contemple movimentos de obras de músicos eruditos e, de repente, os clássicos incorporam à sua música algo do repertório de Arrigo Barnabé. Há uma área de atração, de convergência, onde a troca é possível. Grupos que tocam um gênero de música, podem passar a incorporar parcialmente a linguagem do outro de outra região, o que é muito enriquecedor culturalmente.