Baixar

Propaganda
Comentário das
Passagens de Lucas que
Não se Encontram em
Mateus, Marcos e João
Silvio Dutra
FEV/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Comentário das passagens de Lucas que não se
encontram em Mateus, Marcos e João./ Silvio
Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016.
257p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Evangelho. 3. Comentário Bíblico.
I. Título.
CDD 226
2
Sumário
Introdução
Lucas 1
Lucas 2
Lucas 3
Lucas 4
Lucas 5
Lucas 6
Lucas 7
Lucas 8
Lucas 9
Lucas 10
Lucas 11
Lucas 12
Lucas 13
Lucas 14
Lucas 15
Lucas 16
Lucas 17
Lucas 18
Lucas 19
Lucas 20
Lucas 21
Lucas 22
Lucas 23
Lucas 24
4
5
16
23
28
34
39
48
56
65
74
85
95
110
131
148
184
199
207
219
225
230
236
244
250
3
Introdução
Nós consolidamos os comentários relativos às
passagens paralelas do evangelho de Lucas, em
nossos livros sobre os evangelhos de Mateus e
João.
Agora, estamos apresentando um comentário
separado das passagens de Lucas que não se
encontram registradas nos demais evangelhos.
Ao mesmo tempo, aproveitamos a oportunidade
para apresentar também em quais passagens
Lucas concorda com Mateus, Marcos e João,
sem, no entanto, comentá-las, por já tê-lo feito
nos citados evangelhos.
4
Lucas 1
Lucas começa o seu evangelho apresentando as
circunstâncias miraculosas que trouxeram ao
mundo aquele que deveria ser o precursor do
Messias, a saber, João Batista, de quem
profetizara Isaías como sendo aquele seria a voz
que clamaria no deserto, para efetuar a
transição da Antiga para a Nova Aliança.
João Batista merecia este destaque na revelação
do Novo Testamento, porque seria o último
profeta pertencente ao Antigo Testamento, e
que confirmaria pessoalmente na presença de
Cristo tudo o que a Lei e os profetas haviam
preanunciado a Seu respeito.
Assim, o intuito do registro destas cousas não
era para a glória de João, mas para a glória de
Cristo, a quem Ele deveria anunciar.
Tanto que não foi o feto que se encontrava no
ventre de Maria (Jesus) que pulou de alegria
quando esta veio ao encontro de sua parenta
Isabel, mas o feto que estava no ventre desta
última (João).
Deus enviou o Arcanjo Gabriel a um casal
piedoso já avançado em idade em sem
condições de gerar um filho por meios naturais,
e então, apesar de sua piedade e ser sacerdote,
Zacarias, não creu na mensagem do anjo de que
5
sua esposa geraria dele, Zacarias, um filho a
quem deveria por o nome de João.
É interessante observar que Zacarias vinha
orando há muito tempo para que sua mulher,
que era estéril, concebesse, e isto devia ser com
certeza por ser movido pelo Espírito Sano tem
tal sentido, já que Deus havia planejado trazer
através deles Aquele de quem falara o profeta
Isaías cerca de 600 anos antes.
Só que ao receber a resposta à sua oração
através do anjo, não creu, pois foi-lhe dito que o
menino que nasceria seria motivo de alegria
para muitos, porque seria grande diante do
Senhor, sendo nazireu e cheio do Espírito Santo
já desde o ventre de sua mãe, de modo que teria
poder para converter muitos israelitas ao
Senhor, de modo que nele se cumpriria a
profecia de Malaquias de que iria adiante do
Senhor no espírito e poder de Elias, para
converter os corações dos pais aos filhos, e os
rebeldes à prudência dos justos, a fim de
preparar para o Senhor um povo apercebido.
Como Zacarias não creu, foi-lhe dado um sinal
da parte de Deus, do Seu poder miraculoso para
gerar a criança, de modo que os escolhera em
idade avançada para este propósito, e este sinal
foi o de fazer com que Zacarias ficasse mudo até
o dia do nascimento do filho que lhe fora
prometido.
6
Como Deus realizara grande abundância de
sinais e prodígios miraculosos nos dias de
Moisés, para atestar ao povo de Israel que
Moisés era seu enviado, e que Ele somente era o
Deus de Israel, para que dessem crédito às Suas
Palavras através de seus servos escolhidos, de
igual forma procedeu nos dias de Josué, dos
Juízes, e nos dias de Davi, Salomão, dos profetas
Elias e Eliseu, voltou o Senhor a dar sinais e
prodígios
confirmatórios
daqueles
que
revelariam a Sua vontade na nova dispensação,
ainda que João não fizera qualquer milagre, pois
isto estava reservado para Aquele ao qual
deveria anunciar.
Deus estava cumprindo a promessa que havia
feito aos patriarcas naqueles dias, e isto foi
reconhecido por Maria, em suas palavras, e pelo
próprio pai de João, que profetizou acerca do
ministério de seu filho, quando ficou cheio do
Espírito Santo.
Com este registro inicial Lucas, dirigido pelo
Espírito Santo, destaca que o Evangelho não foi
algo que estava surgindo do nada, mas era o
cumprimento do que Deus havia prometido
desde os dias do próprio Adão e Abraão, tendo
marcado o seu advento com profecias
específicas.
A promessa do derramar do Espírito Santo em
todas as nações dependeria da vinda do Messias
e da consumação da obra que lhe estava
7
designada desde a fundação do mundo, e João
serviria de instrumento para a conversão de
muitas almas a Deus, e a preparação deles para
receber o evangelho de Cristo.
João não falaria de si e por si mesmo, mas
através do Espírito Santo, e por isso seria cheio
do Espírito desde o ventre de sua mãe.
É interessante observar que para marcar o
caráter de João ser o precursor de Cristo, que o
anúncio do anjo não foi feito primeiro a Maria,
mas a Zacarias, pai de João. Se fosse por ordem
de importância, seria o contrário, mas Deus
queria marcar a ordem da revelação, na forma
como o anúncio foi feito por Gabriel. O
Evangelho começaria então a ser anunciado por
João, na qualidade de um profeta do Antigo
Testamento, e logo e imediatamente após ele, o
próprio Cristo, como o Grande Profeta do Novo
Testamento, manifestaria o evangelho que
estava sendo anunciado por João. Cristo é
próprio Evangelho em pessoa, e João, apenas o
seu servo.
O nascimento de Cristo, segundo a carne, seria
mais miraculoso ainda do que o de João, porque
não teria a participação do homem, pois seria
gerado no ventre de uma virgem, pelo poder do
Espírito Santo.
Segundo o anúncio do anjo a Maria Deus lhe
daria o direito de governar o seu povo, como o
8
seu rei sobre o santo monte de Sião. Ele garante
a ela que o seu reino será espiritual, porque deve
ser eterno.
Lucas 1.1 Visto que muitos têm empreendido
fazer uma narração coordenada dos fatos que
entre nós se realizaram,
Lucas 1.2 segundo no-los transmitiram os que
desde o princípio foram testemunhas oculares e
ministros da palavra,
Lucas 1.3 também a mim, depois de haver
investido tudo cuidadosamente desde o
começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo
Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.
Lucas 1.4 para que conheças plenamente a
verdade das coisas em que foste instruído.
Lucas 1.5 Houve nos dias do Rei Herodes, rei da
Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da
turma de Abias; e sua mulher era descendente
de Arão, e chamava-se Isabel.
Lucas 1.6 Ambos eram justos diante de Deus,
andando
irrepreensíveis
em
todos
os
mandamentos e preceitos do Senhor.
Lucas 1.7 Mas não tinham filhos, porque Isabel
era estéril, e ambos avançados em idade.
Lucas 1.8 Ora, estando ele a exercer as funções
sacerdotais perante Deus, na ordem da sua
turma,
Lucas 1.9 segundo o costume do sacerdócio,
coube-lhe por sorte entrar no santuário do
Senhor, para oferecer o incenso;
9
Lucas 1.10 e toda a multidão do povo orava da
parte de fora, à hora do incenso.
Lucas 1.11 Apareceu-lhe, então, um anjo do
Senhor, em pé à direita do altar do incenso.
Lucas 1.12 E Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o
temor o assaltou.
Lucas 1.13 Mas o anjo lhe disse: Não temais,
Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e
Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe
porás o nome de João;
Lucas 1.14 Em ti haverá prazer e alegria, e muitos
se regozijarão com o seu nascimento.
Lucas 1.15 porque ele será grande diante do
Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e
será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de
sua mãe;
Lucas 1.16 converterá muitos dos filhos de Israel
ao Senhor seu Deus;
Lucas 1.17 irá adiante dele no espírito e poder de
Elias, para converter os corações dos pais aos
filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim
de preparar para o Senhor um povo apercebido.
Lucas 1.18 Disse então Zacarias ao anjo: Como
terei certeza disso? pois eu sou velho, e minha
mulher também está avançada em idade.
Lucas 1.19 Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou
Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui
enviado para te falar e te dar estas boas novas;
Lucas 1.20 e eis que ficarás mudo, e não poderás
falar até o dia em que estas coisas aconteçam;
porquanto não creste nas minhas palavras, que
a seu tempo hão de cumprir-se.
10
Lucas 1.21 O povo estava esperando Zacarias, e se
admirava da sua demora no santuário.
Lucas 1.22 Quando saiu, porém, não lhes podia
falar, e perceberam que tivera uma visão no
santuário. E falava-lhes por acenos, mas
permanecia mudo.
Lucas 1.23 E, terminados os dias do seu
ministério, voltou para casa.
Lucas 1.24 Depois desses dias Isabel, sua
mulher, concebeu, e por cinco meses se
ocultou, dizendo:
Lucas 1.25 Assim me fez o Senhor nos dias em
que atentou para mim, a fim de acabar com o
meu opróbrio diante dos homens.
Lucas 1.26 Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel
enviado por Deus a uma cidade da Galileia,
chamada Nazaré,
Lucas 1.27 a uma virgem desposada com um
varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o
nome da virgem era Maria.
Lucas 1.28 E, entrando o anjo onde ela estava
disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.
Lucas 1.29 Ela, porém, ao ouvir estas palavras,
turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação
seria essa.
Lucas 1.30 Disse-lhe então o anjo: Não temas,
Maria; pois achaste graça diante de Deus.
Lucas 1.31 Eis que conceberás e darás à luz um
filho, ao qual porás o nome de Jesus.
Lucas 1.32 Este será grande e será chamado filho
do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de
Davi seu pai;
11
Lucas 1.33 e reinará eternamente sobre a casa de
Jacó, e o seu reino não terá fim.
Lucas 1.34 Então Maria perguntou ao anjo:
Como se fará isso, uma vez que não conheço
varão?
Lucas 1.35 Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o
Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá
com a sua sombra; por isso o que há de nascer
será chamado santo, Filho de Deus.
Lucas 1.36 Eis que também Isabel, tua parenta
concebeu um filho em sua velhice; e é este o
sexto mês para aquela que era chamada estéril;
Lucas 1.37 porque para Deus nada será
impossível.
Lucas 1.38 Disse então Maria. Eis aqui a serva do
Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua
palavra. E o anjo ausentou-se dela.
Lucas 1.39 Naqueles dias levantou-se Maria, foi
apressadamente à região montanhosa, a uma
cidade de Judá,
Lucas 1.40 entrou em casa de Zacarias e saudou
a Isabel.
Lucas 1.41 Ao ouvir Isabel a saudação de Maria,
saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou
cheia do Espírito Santo,
Lucas 1.42 e exclamou em alta voz: Bendita és tu
entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu
ventre!
Lucas 1.43 E donde me provém isto, que venha
visitar-me a mãe do meu Senhor?
12
Lucas 1.44 Pois logo que me soou aos ouvidos a
voz da tua saudação, a criancinha saltou de
alegria dentro de mim.
Lucas 1.45 Bem-aventurada aquela que creu que
se hão de cumprir as coisas que da parte do
Senhor lhe foram ditas.
Lucas 1.46 Disse então Maria: A minha alma
engrandece ao Senhor,
Lucas 1.47 e o meu espírito exulta em Deus meu
Salvador;
Lucas 1.48 porque atentou na condição humilde
de sua serva. Desde agora, pois, todas as
gerações me chamarão bem-aventurada,
Lucas 1.49 porque o Poderoso me fez grandes
coisas; e santo é o seu nome.
Lucas 1.50 E a sua misericórdia vai de geração
em geração sobre os que o temem.
Lucas 1.51 Com o seu braço manifestou poder;
dissipou os que eram soberbos nos
pensamentos de seus corações;
Lucas 1.52 depôs dos tronos os poderosos, e
elevou os humildes.
Lucas 1.53 Aos famintos encheu de bens, e vazios
despediu os ricos.
Lucas 1.54 Auxiliou a Isabel, seu servo,
lembrando-se de misericórdia
Lucas 1.55 (como falou a nossos pais) para com
Abraão e a sua descendência para sempre.
Lucas 1.56 E Maria ficou com ela cerca de três
meses; e depois voltou para sua casa.
Lucas 1.57 Ora, completou-se para Isabel o
tempo de dar à luz, e teve um filho.
13
Lucas 1.58 Ouviram seus vizinhos e parentes que
o Senhor lhe multiplicara a sua misericórdia, e
se alegravam com ela.
Lucas 1.59 Sucedeu, pois, no oitavo dia, que
vieram circuncidar o menino; e queriam dar-lhe
o nome de seu pai, Zacarias.
Lucas 1.60 Respondeu, porém, sua mãe: De
modo nenhum, mas será chamado João.
Lucas 1.61 Ao que lhe disseram: Ninguém há na
tua parentela que se chame por este nome.
Lucas 1.62 E perguntaram por acenos ao pai
como queria que se chamasse.
Lucas 1.63 E pedindo ele uma tabuinha,
escreveu: Seu nome é João. E todos se
admiraram.
Lucas 1.64 Imediatamente a boca se lhe abriu, e
a língua se lhe soltou; louvando a Deus.
Lucas 1.65 Então veio temor sobre todos os seus
vizinhos; e em toda a região montanhosa da
Judeia foram divulgadas todas estas coisas.
Lucas 1.66 E todos os que delas souberam as
guardavam no coração, dizendo: Que virá a ser,
então, este menino? Pois a mão do Senhor
estava com ele.
Lucas 1.67 Zacarias, seu pai, ficou cheio do
Espírito Santo e profetizou, dizendo:
Lucas 1.68 Bendito, seja o Senhor Deus de Israel,
porque visitou e remiu o seu povo,
Lucas 1.69 e para nós fez surgir uma salvação
poderosa na casa de Davi, seu servo;
14
Lucas 1.70 assim como desde os tempos antigos
tem anunciado pela boca dos seus santos
profetas;
Lucas 1.71 para nos livrar dos nossos inimigos e
da mão de todos os que nos odeiam;
Lucas 1.72 para usar de misericórdia com nossos
pais, e lembrar-se do seu santo pacto
Lucas 1.73 e do juramento que fez a Abrão, nosso
pai,
Lucas 1.74 de conceder-nos que, libertados da
mão de nossos inimigos, o servíssemos sem
temor,
Lucas 1.75 em santidade e justiça perante ele,
todos os dias da nossa vida.
Lucas 1.76 E tu, menino, serás chamado profeta
do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor,
a preparar os seus caminhos;
Lucas 1.77 para dar ao seu povo conhecimento
da salvação, na remissão dos seus pecados,
Lucas 1.78 graças à entranhável misericórdia do
nosso Deus, pela qual nos há de visitar a aurora
lá do alto,
Lucas 1.79 para alumiar aos que jazem nas trevas
e na sombra da morte, a fim de dirigir os nossos
pés no caminho da paz.
Lucas 1.80 Ora, o menino crescia, e se
robustecia em espírito; e habitava nos desertos
até o dia da sua manifestação a Israel.
15
Lucas 2
Lucas 2.1-7 - Vide comentário de Mateus 1.18-25
Lucas 2.1 Naqueles dias saiu um decreto da parte
de César Augusto, para que todo o mundo fosse
recenseado.
Lucas 2.2 Este primeiro recenseamento foi feito
quando Quirínio era governador da Síria.
Lucas 2.3 E todos iam alistar-se, cada um à sua
própria cidade.
Lucas 2.4 Subiu também José, da Galileia, da
cidade de Nazaré, à cidade de Davi, chamada
Belém, porque era da casa e família de Davi,
Lucas 2.5 a fim de alistar-se com Maria, sua
esposa, que estava grávida.
Lucas 2.6 Enquanto estavam ali, chegou o tempo
em que ela havia de dar à luz,
Lucas 2.7 e teve a seu filho primogênito;
envolveu-o em faixas e o deitou em uma
manjedoura, porque não havia lugar para eles
na estalagem.
Lucas 2.8-24:
Lucas 2.8 Ora, havia naquela mesma região
pastores que estavam no campo, e guardavam
durante as vigílias da noite o seu rebanho.
16
Lucas 2.9 E um anjo do Senhor apareceu-lhes, e
a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo
que se encheram de grande temor.
Lucas 2.10 O anjo, porém, lhes disse: Não temais,
porquanto vos trago novas de grande alegria que
o será para todo o povo:
Lucas 2.11 É que vos nasceu hoje, na cidade de
Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
Lucas 2.12 E isto vos será por sinal: Achareis um
menino envolto em faixas, e deitado em uma
manjedoura.
Lucas 2.13 Então, de repente, apareceu junto ao
anjo grande multidão da milícia celestial,
louvando a Deus e dizendo:
Lucas 2.14 Glória a Deus nas maiores alturas, e
paz na terra entre os homens de boa vontade.
Lucas 2.15 E logo que os anjos se retiraram deles
para o céu, diziam os pastores uns aos outros:
Vamos já até Belém, e vejamos isso que
aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.
Lucas 2.16 Foram, pois, a toda a pressa, e
acharam Maria e José, e o menino deitado na
manjedoura;
Lucas 2.17 e, vendo-o, divulgaram a palavra que
acerca do menino lhes fora dita;
Lucas 2.18 e todos os que a ouviram se
admiravam do que os pastores lhes diziam.
Lucas 2.19 Maria, porém, guardava todas estas
coisas, meditando-as em seu coração.
Lucas 2.20 E voltaram os pastores, glorificando e
louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e
visto, como lhes fora dito.
17
Lucas 2.21 Quando se completaram os oito dias
para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o
nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto
antes de ser concebido.
Lucas 2.22 Terminados os dias da purificação,
segundo a lei de Moisés, levaram-no a
Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor
Lucas 2.23 (conforme está escrito na lei do
Senhor: Todo primogênito será consagrado ao
Senhor),
Lucas 2.24 e para oferecerem um sacrifício
segundo o disposto na lei do Senhor: um par de
rolas, ou dois pombinhos.
O anjo não foi enviado aos chefes dos sacerdotes
ou aos anciãos (eles não estavam preparados
para receber essas notícias), mas para uma
companhia de pastores pobres, que eram como
Jacó, homens simples que habitam em tendas,
não como Esaú, astutos caçadores. Os patriarcas
eram pastores. Moisés e Davi particularmente
foram chamados para apascentar as ovelhas do
povo de Deus.
O anjo anunciou o evangelho (boas novas) aos
pastores como sendo o nascimento do Salvador
que é Cristo, o Senhor, em Belém.
O anjo lhes deu a indicação do local onde o
menino se encontrava e as circunstâncias
humildes que o rodeavam na manjedoura de
uma estrebaria.
18
O Rei que nasceu humilde poderia receber os
humildes, e por isso assim nascera, para que
ninguém se sentisse excluído da boa nova da
salvação anunciada.
Lucas 2.25-38:
Lucas 2.25 Ora, havia em Jerusalém um homem
cujo nome era Simeão; e este homem, justo e
temente a Deus, esperava a consolação de Israel;
e o Espírito Santo estava sobre ele.
Lucas 2.26 E lhe fora revelado pelo Espírito
Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo
do Senhor.
Lucas 2.27 Assim pelo Espírito foi ao templo; e
quando os pais trouxeram o menino Jesus, para
fazerem por ele segundo o costume da lei,
Lucas 2.28 Simeão o tomou em seus braços, e
louvou a Deus, e disse:
Lucas 2.29 Agora, Senhor, despedes em paz o teu
servo, segundo a tua palavra;
Lucas 2.30 pois os meus olhos já viram a tua
salvação,
Lucas 2.31 a qual tu preparaste ante a face de
todos os povos;
Lucas 2.32 luz para revelação aos gentios, e para
glória do teu povo Israel.
Lucas 2.33 Enquanto isso, seu pai e sua mãe se
admiravam das coisas que deles se diziam.
Lucas 2.34 E Simeão os abençoou, e disse a
Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para
19
queda e para levantamento de muitos em Israel,
e para ser alvo de contradição,
Lucas 2.35 sim, e uma espada traspassará a tua
própria alma, para que se manifestem os
pensamentos de muitos corações.
Lucas 2.36 Havia também uma profetisa, Ana,
filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada
em idade, tendo vivido com o marido sete anos
desde a sua virgindade;
Lucas 2.37 e era viúva, de quase oitenta e quatro
anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus
noite e dia em jejuns e orações.
Lucas 2.38 Chegando ela na mesma hora, deu
graças a Deus, e falou a respeito do menino a
todos os que esperavam a redenção de
Jerusalém.
Lucas continua apresentando os sinais
confirmatórios relativos à messianidade de
Jesus, que haviam sido previamente preparados
por Deus, como o ter colocado em Simeão e Ana,
pelo Espírito Santo, a esperança de verem com
seus próprios olhos o Messias, antes que eles
morressem.
Lucas 2.39-52
Lucas 2.39 Assim que cumpriram tudo segundo
a lei do Senhor, voltaram à Galileia, para sua
cidade de Nazaré.
Lucas 2.40 E o menino ia crescendo e
fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a
graça de Deus estava sobre ele.
20
Lucas 2.41 Ora, seus pais iam todos os anos a
Jerusalém, à festa da páscoa.
Lucas 2.42 Quando Jesus completou doze anos,
subiram eles segundo o costume da festa;
Lucas 2.43 e, terminados aqueles dias, ao
regressarem, ficou o menino Jesus em
Jerusalém sem o saberem seus pais;
Lucas 2.44 julgando, porém, que estivesse entre
os companheiros de viagem, andaram caminho
de um dia, e o procuravam entre os parentes e
conhecidos;
Lucas 2.45 e não o achando, voltaram a
Jerusalém em busca dele.
Lucas 2.46 E aconteceu que, passados três dias,
o acharam no templo, sentado no meio dos
doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
Lucas 2.47 E todos os que o ouviam se
admiravam da sua inteligência e das suas
respostas.
Lucas 2.48 Quando o viram, ficaram
maravilhados, e disse-lhe sua mãe: Filho, por
que procedeste assim para conosco? Eis que teu
pai e eu ansiosos te procurávamos.
Lucas 2.49 Respondeu-lhes ele: Por que me
procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na
casa de meu Pai?
Lucas 2.50 Eles, porém, não entenderam as
palavras que lhes dissera.
Lucas 2.51 Então, descendo com eles, foi para
Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava
todas estas coisas em seu coração.
21
Lucas 2.52 E crescia Jesus em sabedoria, em
estatura e em graça diante de Deus e dos
homens.
A infância de Jesus comprovou a Sua excelência
e a marcante diferença que havia entre Ele e os
pecadores, por ser muito mais elevado do que
eles. Isto se comprovou na sabedoria e graça que
demonstrou já aos doze anos de idade,
ensinando os doutores da lei no templo.
Ele já tinha plena consciência da Sua divindade
e filiação a Deus Pai, pela resposta que dera a
Maria e a José quando o procuraram, pensando
que havia se perdido.
22
Lucas 3
Lucas 3.1-14 - Vide Mateus 3.1-10
Lucas 3.1 No décimo quinto ano do reinado de
Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador
da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu
irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e de
Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene,
Lucas 3.2 sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes,
veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias,
no deserto.
Lucas
3.3
E
ele
percorreu
toda
a
circunvizinhança do Jordão, pregando o
batismo de arrependimento para remissão de
pecados;
Lucas 3.4 como está escrito no livro das palavras
do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor; endireitai as
suas veredas.
Lucas 3.5 Todo vale se encherá, e se abaixará
todo monte e outeiro; o que é tortuoso se
endireitará, e os caminhos escabrosos se
aplanarão;
Lucas 3.6 e toda a carne verá a salvação de Deus.
Lucas 3.7 João dizia, pois, às multidões que saíam
para ser batizadas por ele: Raça de víboras, quem
vos ensina a fugir da ira vindoura?
Lucas 3.8 Produzi, pois, frutos dignos de
arrependimento; e não comeceis a dizer em vós
mesmos: Temos por pai a Abrão; porque eu vos
23
digo que até destas pedras Deus pode suscitar
filhos a Abrão.
Lucas 3.9 Também já está posto o machado à raiz
das árvores; toda árvore, pois, que não produz
bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
Lucas 3.10 Ao que lhe perguntavam as
multidões: Que faremos, pois?
Lucas 3.11 Respondia-lhes então: Aquele que
tem duas túnicas, reparta com o que não tem
nenhuma, e aquele que tem alimentos, faça o
mesmo.
Lucas 3.12 Chegaram também uns publicanos
para serem batizados, e perguntaram-lhe:
Mestre, que havemos nós de fazer?
Lucas 3.13 Respondeu-lhes ele: Não cobreis
além daquilo que vos foi prescrito.
Lucas 3.14 Interrogaram-no também uns
soldados: E nós, que faremos? Disse-lhes: A
ninguém queirais extorquir coisa alguma; nem
deis denúncia falsa; e contentai-vos com o vosso
soldo.
Lucas 3.15-20 - Vide Mateus 3.11,12 ou João 1.1928
Lucas 3.15 Ora, estando o povo em expectativa e
arrazoando todos em seus corações a respeito
de João, se porventura seria ele o Cristo,
Lucas 3.16 respondeu João a todos, dizendo: Eu,
na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele
que é mais poderoso do que eu, de quem não sou
digno de desatar a correia das alparcas; ele vos
batizará no Espírito Santo e em fogo.
24
Lucas 3.17 A sua pá ele tem na mão para limpar
bem a sua eira, e recolher o trigo ao seu celeiro;
mas queimará a palha em fogo inextinguível.
Lucas 3.18 Assim pois, com muitas outras
exortações ainda, anunciava o evangelho ao
povo.
Lucas 3.19 Mas o tetrarca Herodes, sendo
repreendido por ele por causa de Herodias,
mulher de seu irmão, e por todas as maldades
que havia feito,
Lucas 3.20 acrescentou a todas elas ainda esta, a
de encerrar João no cárcere.
Lucas 3.21,22 - Vide Mateus 3.13-17
Lucas 3.21 Quando todo o povo fora batizado,
tendo sido Jesus também batizado, e estando ele
a orar, o céu se abriu;
Lucas 3.22 e o Espírito Santo desceu sobre ele
em forma corpórea, como uma pomba; e ouviuse do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em
ti me comprazo.
Lucas 3.23-38 - Vide Mateus 1.1-17
Lucas 3.23 Ora, Jesus, ao começar o seu
ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo
(como se cuidava) filho de José, filho de Eli;
Lucas 3.24 Eli de Matate, Matate de Levi, Levi de
Melqui, Melqui de Janai, Janai de José,
Lucas 3.25 José de Matatias, Matatias de Amós,
Amós de Naum, Naum de Esli, Esli de Nagai,
25
Lucas 3.26 Nagai de Maate, Maate de Matatias,
Matatias de Semei, Semei de Joseque, Joseque
de Jodá,
Lucas 3.27 Jodá de Joanã, Joanã de Resa, Resa de
Zorobabel, Zorobabel de Salatiel, Salatiel de
Neri,
Lucas 3.28 Neri de Melqui, Melqui de Adi, Adi de
Cosão, Cosão de Elmodã, Elmodão de Er,
Lucas 3.29 Er de Josué, Josué de Eliézer, Eliézer
de Jorim, Jorim de Matate, Matate de Levi,
Lucas 3.30 Levi de Simeão, Simeão de Judá, Judá
de José, José de Jonã, Jonã de Eliaquim,
Lucas 3.31 Eliaquim de Meleá, Meleá de Mená,
Mená de Matatá, Matatá de Natã, Natã de Davi,
Lucas 3.32 Davi de Jessé, Jessé de Obede, Obede
de Boaz, Boaz de Salá, Salá de Nasom,
Lucas 3.33 Nasom de Aminadabe, Aminadabe de
Admim, Admim de Arni, Arni de Esrom, Esrom
de Farés, Farés de Judá,
Lucas 3.34 Judá de Jacó, Jacó de Isaque, Isaque de
Abraão, Abraão de Tará, Tará de Naor,
Lucas 3.35 Naor de Seruque, Seruque de Ragaú,
Ragaú de Faleque, Faleque de Eber, Eber de Salá,
Lucas 3.36 Salá de Cainã, Cainã de Arfaxade,
Arfaxade de Sem, Sem de Noé, Noé de Lameque,
Lucas 3.37 Lameque de Matusalém, Matusalém
de Enoque, Enoque de Jarede, Jarede de
Maleleel, Maleleel de Cainã,
Lucas 3.38 Cainã de Enos, Enos de Sete, Sete de
Adão, e Adão de Deus.
26
Lucas completa a genealogia de Jesus em Adão,
de modo que se comprove que Ele é de fato a
semente da mulher prometida a Adão, que
esmagaria a cabeça da serpente.
Começando com Adão descortina-se também o
planto eterno de Deus em nos dar o Messias
para nos salvar dos nossos pecados e restaurar a
Sua criação ao nível do que ele havia intentado
em Seu conselho eterno.
Nenhuma outra pessoa neste mundo teve a Sua
árvore genealógica definida por Deus desde o
início da criação. É maravilhoso saber que Ele foi
conduzindo pessoas chaves para serem
ancestrais de Jesus, como Sete, Noé, Sem, Jacó,
Judá, Nasom (esposo de Raabe), Boaz (esposo de
Rute), Davi (rei), entre outros, até que se
chegasse a Jesus, e providenciasse o registro
desta genealogia.
Somente por isso deveríamos crer que Jesus e de
fato o Messias prometido nas Escrituras, mas
muitas outras evidências foram acrescentadas a
esta providência da revelação de Deus, como os
muitos milagres que Ele realizou, tudo o que
ensinou, Sua ressurreição e ascensão
testemunhada por tantos, e anunciada até os
nossos dias, e além de tudo a evidência interna
do testemunho do Espírito Santo em pessoas de
todas as nações, o qual foi derramado conforme
por Ele fora prometido.
27
Lucas 4
Lucas 4.1-13 - Vide Mateus 4.1-11
Lucas 4.1 Jesus, pois, cheio do Espírito Santo,
voltou do Jordão; e era levado pelo Espírito no
deserto,
Lucas 4.2 durante quarenta dias, sendo tentado
pelo Diabo. E naqueles dias não comeu coisa
alguma; e terminados eles, teve fome.
Lucas 4.3 Disse-lhe então o Diabo: Se tu és Filho
de Deus, manda a esta pedra que se torne em
pão.
Lucas 4.4 Jesus, porém, lhe respondeu: Está
escrito: Nem só de pão viverá o homem.
Lucas 4.5 Então o Diabo, levando-o a um lugar
elevado, mostrou-lhe num relance todos os
reinos do mundo.
Lucas 4.6 E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade
e glória destes reinos, porque me foi entregue, e
a dou a quem eu quiser;
Lucas 4.7 se tu, me adorares, será toda tua.
Lucas 4.8 Respondeu-lhe Jesus: Está escrito: Ao
Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
Lucas 4.9 Então o levou a Jerusalém e o colocou
sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se tu és
Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
Lucas 4.10 porque está escrito: Aos seus anjos
ordenará a teu respeito, que te guardem;
28
Lucas 4.11 e: eles te susterão nas mãos, para que
nunca tropeces em alguma pedra.
Lucas 4.12 Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não
tentarás o Senhor teu Deus.
Lucas 4.13 Assim, tendo o Diabo acabado toda
sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião
oportuna.
Lucas 4.14,15 - Vide Mateus 4.12-17
Lucas 4.14 Então voltou Jesus para a Galileia no
poder do Espírito; e a sua fama correu por toda a
circunvizinhança.
Lucas 4.15 Ensinava nas sinagogas deles, e por
todos era louvado.
Lucas 4.16-30 - Vide Mateus 12.53-58
Lucas 4.16 Chegando a Nazaré, onde fora criado;
entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o
seu costume, e levantou-se para ler.
Lucas 4.17 Foi-lhe entregue o livro do profeta
Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava
escrito:
Lucas 4.18 O Espírito do Senhor está sobre mim,
porquanto me ungiu para anunciar boas novas
aos pobres; enviou-me para proclamar
libertação aos cativos, e restauração da vista aos
cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
Lucas 4.19 e para proclamar o ano aceitável do
Senhor.
29
Lucas 4.20 E fechando o livro, devolveu-o ao
assistente e sentou-se; e os olhos de todos na
sinagoga estavam fitos nele.
Lucas 4.21 Então começou a dizer-lhes: Hoje se
cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos.
Lucas 4.22 E todos lhe davam testemunho, e se
admiravam das palavras de graça que saíam da
sua boca; e diziam: Este não é filho de José?
Lucas 4.23 Disse-lhes Jesus: Sem dúvida me
direis este provérbio: Médico, cura-te a ti
mesmo; Tudo o que ouvimos teres feito em
Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.
Lucas 4.24 E prosseguiu: Em verdade vos digo
que nenhum profeta é aceito na sua terra.
Lucas 4.25 Em verdade vos digo que muitas
viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando
céu se fechou por três anos e seis meses, de
sorte que houve grande fome por toda a terra;
Lucas 4.26 e a nenhuma delas foi enviado Elias,
senão a uma viúva em Serepta de Sidom.
Lucas 4.27 Também muitos leprosos havia em
Israel no tempo do profeta Elizeu, mas nenhum
deles foi purificado senão Naamã, o sírio.
Lucas 4.28 Todos os que estavam na sinagoga, ao
ouvirem estas coisas, ficaram cheios de ira.
Lucas 4.29 e, levantando-se, expulsaram-no da
cidade e o levaram até o despenhadeiro do
monte em que a sua cidade estava edificada,
para dali o precipitarem.
Lucas 4.30 Ele, porém, passando pelo meio
deles, seguiu o seu caminho.
30
Lucas 4.31-37:
Lucas 4.31 Então desceu a Cafarnaum, cidade da
Galileia, e os ensinava no sábado.
Lucas 4.32 e maravilharam-se da sua doutrina,
porque a sua palavra era com autoridade.
Lucas 4.33 Havia na sinagoga um homem que
tinha o espírito de um demônio imundo; e gritou
em alta voz:
Lucas 4.34 Ah! que temos nós contigo, Jesus,
nazareno? vieste destruir-nos? Bem sei quem é:
o Santo de Deus.
Lucas 4.35 Mas Jesus o repreendeu, dizendo:
Cala-te, e sai dele. E o demônio, tendo-o lançado
por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe
fazer mal algum.
Lucas 4.36 E veio espanto sobre todos, e falavam
entre si, perguntando uns aos outros: Que
palavra é esta, pois com autoridade e poder
ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
Lucas 4.37 E se divulgava a sua fama por todos os
lugares da circunvizinhança.
Lucas 4.38,39 - Vide Mateus 8.14,15
Lucas 4.38 Ora, levantando-se Jesus, saiu da
sinagoga e entrou em casa de Simão; e estando a
sogra de Simão enferma com muita febre,
rogaram-lhe por ela.
31
Lucas 4.39 E ele, inclinando-se para ela,
repreendeu a febre, e esta a deixou.
Imediatamente ela se levantou e os servia.
Lucas 4.40,41 - Vide Mateus 8.16,17
Lucas 4.40 Ao pôr do sol, todos os que tinham
enfermos de várias doenças lhos traziam; e ele
punha as mãos sobre cada um deles e os curava.
Lucas 4.41 Também de muitos saíam demônios,
gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus. Ele,
porém, os repreendia, e não os deixava falar;
pois sabiam que ele era o Cristo.
Lucas 4.42-44:
Lucas 4.42 Ao romper do dia saiu, e foi a um
lugar deserto; e as multidões procuravam-no e,
vindo a ele, queriam detê-lo, para que não se
ausentasse delas.
Lucas 4.43 Ele, porém, lhes disse: É necessário
que também às outras cidades eu anuncie o
evangelho do reino de Deus; porque para isso é
que fui enviado.
Lucas 4.44 E pregava nas sinagogas da Judeia.
Jesus foi descansar num lugar solitário, mas as
multidões não lhe davam descanso. Não
queriam que Ele partisse e tentaram detê-lo.
Mas Ele não consentiu com isso e declarou que
a Sua missão era a de anunciar o evangelho em
32
todas as cidades de Israel, o que efetivamente
fizera em Seu ministério terreno.
Importava que o anúncio do Evangelho
começasse por Israel, pois seria dali que se
espalharia para todas as demais nações do
mundo.
A ida dos judeus para o cativeiro em Babilônia,
para serem purificados da idolatria, havia
possibilitado a criação de sinagogas para o
ensino da Lei em várias partes do mundo
conhecido de então, inclusive na própria
palestina, depois que de lá retornaram.
Não somente o Senhor Jesus usou as sinagogas
para pregar o evangelho, como também foi
seguido nesta prática pelos apóstolos,
principalmente Paulo.
33
Lucas 5
Lucas 5.1-11 - Vide Mateus 4.18-22
Lucas 5.1 Certa vez, quando a multidão apertava
Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava
junto ao lago de Genezaré;
Lucas 5.2 e viu dois barcos junto à praia do lago;
mas os pescadores haviam descido deles, e
estavam lavando as redes.
Lucas 5.3 Entrando ele num dos barcos, que era
o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco
da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as
multidões.
Lucas 5.4 Quando acabou de falar, disse a Simão:
Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a
pesca.
Lucas 5.5 Ao que disse Simão: Mestre,
trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos;
mas, sobre tua palavra, lançarei as redes.
Lucas 5.6 Feito isto, apanharam uma grande
quantidade de peixes, de modo que as redes se
rompiam.
Lucas 5.7 Acenaram então aos companheiros
que estavam no outro barco, para virem ajudálos. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os
barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
Lucas 5.8 Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se
aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim,
Senhor, porque sou um homem pecador.
Lucas 5.9 Pois, à vista da pesca que haviam feito,
o espanto se apoderara dele e de todos os que
com ele estavam,
34
Lucas 5.10 bem como de Tiago e João, filhos de
Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus
a Simão: Não temas; de agora em diante serás
pescador de homens.
Lucas 5.11 E, levando eles os barcos para a terra,
deixaram tudo e o seguiram.
Lucas 5.12-16 - Vide Mateus 8.1-4
Lucas 5.12 Estando ele numa das cidades,
apareceu um homem cheio de lepra que, vendo
a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e
suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, bem podes
tornar-me limpo.
Lucas 5.13 Jesus, pois, estendendo a mão, tocoulhe, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo
instante desapareceu dele a lepra.
Lucas 5.14 Ordenou-lhe, então, que a ninguém
contasse isto. Mas vai, disse ele, mostra-te ao
sacerdote e faze a oferta pela tua purificação,
conforme Moisés determinou, para lhes servir
de testemunho.
Lucas 5.15 A sua fama, porém, se divulgava cada
vez mais, e grandes multidões se ajuntavam
para ouvi-lo e serem curadas das suas
enfermidades.
Lucas 5.16 Mas ele se retirava para os desertos, e
ali orava.
Lucas 5.17-26 - Vide Mateus 9.1-8
Lucas 5.17 Um dia, quando ele estava ensinando,
achavam-se ali sentados fariseus e doutores da
35
lei, que tinham vindo de todas as aldeias da
Galileia e da Judeia, e de Jerusalém; e o poder do
Senhor estava com ele para curar.
Lucas 5.18 E eis que uns homens, trazendo num
leito um paralítico, procuravam introduzí-lo e
pô-lo diante dele.
Lucas 5.19 Mas, não achando por onde o
pudessem introduzir por causa da multidão,
subiram ao eirado e, por entre as telhas, o
baixaram com o leito, para o meio de todos,
diante de Jesus.
Lucas 5.20 E vendo-lhes a fé, disse ele: Homem,
são-te perdoados os teus pecados.
Lucas 5.21 Então os escribas e os fariseus
começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este
que profere blasfêmias? Quem é este que
profere blasfêmias? Quem pode perdoar
pecados, senão só Deus?
Lucas 5.22 Jesus, porém, percebendo os seus
pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Por que
arrazoais em vossos corações?
Lucas 5.23 Qual é mais fácil? dizer: São-te
perdoados os teus pecados; ou dizer: Levanta-te,
e anda?
Lucas 5.24 Ora, para que saibais que o Filho do
homem tem sobre a terra autoridade para
perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo:
Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
Lucas 5.25 Imediatamente se levantou diante
deles, tomou o leito em que estivera deitado e foi
para sua casa, glorificando a Deus.
36
Lucas 5.26 E, tomados de pasmo, todos
glorificavam a Deus; e diziam, cheios de temor:
Hoje vimos coisas extraordinárias.
Lucas 5.27,28 - Vide Mateus 9.9
Lucas 5.27 Depois disso saiu e, vendo um
publicano chamado Levi, sentado na coletoria,
disse-lhe: Segue-me.
Lucas 5.28 Este, deixando tudo, levantou-se e o
seguiu.
Lucas 5.29-32 - Vide Mateus 9.10-13
Lucas 5.29 Deu-lhe então Levi um lauto
banquete em sua casa; havia ali grande número
de publicanos e outros que estavam com eles à
mesa.
Lucas 5.30 Murmuravam, pois, os fariseus e
seus
escribas
contra
os
discípulos,
perguntando: Por que comeis e bebeis com
publicanos e pecadores?
Lucas 5.31 Respondeu-lhes Jesus: Não
necessitam de médico os sãos, mas sim os
enfermos;
Lucas 5.32 eu não vim chamar justos, mas
pecadores, ao arrependimento.
Lucas 5.33-39 - Vide Mateus 9.14-17
Lucas 5.33 Disseram-lhe eles: Os discípulos de
João jejuam frequentemente e fazem orações,
37
como também os dos fariseus, mas os teus
comem e bebem.
Lucas 5.34 Respondeu-lhes Jesus: Podeis,
porventura, fazer jejuar os convidados às
núpcias enquanto o noivo está com eles?
Lucas 5.35 Dias virão, porém, em que lhes será
tirado o noivo; naqueles dias, sim hão de jejuar.
Lucas 5.36 Propôs-lhes também uma parábola:
Ninguém tira um pedaço de um vestido novo
para o coser em vestido velho; do contrário, não
somente rasgará o novo, mas também o pedaço
do novo não condirá com o velho.
Lucas 5.37 E ninguém deita vinho novo em odres
velhos; do contrário, o vinho novo romperá os
odres e se derramará, e os odres se perderão;
Lucas 5.38 mas vinho novo deve ser deitado em
odres novos.
Lucas 5.39 E ninguém, tendo bebido o velho,
quer o novo; porque diz: O velho é bom.
38
Lucas 6
Lucas 6.1-5 - Vide Mateus 12.1-8
Lucas 6.1 E sucedeu que, num dia de sábado,
passava Jesus pelas searas; e seus discípulos iam
colhendo espigas e, debulhando-as com as
mãos, as comiam.
Lucas 6.2 Alguns dos fariseus, porém,
perguntaram; Por que estais fazendo o que não é
lícito fazer nos sábados?
Lucas 6.3 E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nem
ao menos tendes lido o que fez Davi quando teve
fome, ele e seus companheiros?
Lucas 6.4 Como entrou na casa de Deus, tomou
os pães da proposição, dos quais não era lícito
comer senão só aos sacerdotes, e deles comeu e
deu também aos companheiros?
Lucas 6.5 Também lhes disse: O Filho do homem
é Senhor do sábado.
Luca 6.6-11 - Vide Mateus 12.9-14
Lucas 6.6 Ainda em outro sábado entrou na
sinagoga, e pôs-se a ensinar. Estava ali um
homem que tinha a mão direita atrofiada.
Lucas 6.7 E os escribas e os fariseus observavamno, para ver se curaria em dia de sábado, para
acharem de que o acusar.
Lucas 6.8 Mas ele, conhecendo-lhes os
pensamentos, disse ao homem que tinha a mão
39
atrofiada: Levanta-te, e fica em pé aqui no maio.
E ele, levantando-se, ficou em pé.
Lucas 6.9 Disse-lhes, então, Jesus: Eu vos
pergunto: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer
mal? salvar a vida, ou tirá-la?
Lucas 6.10 E olhando para todos em redor, disse
ao homem: Estende a tua mão. Ele assim o fez, e
a mão lhe foi restabelecida.
Lucas 6.11 Mas eles se encheram de furor; e uns
com os outros conferenciam sobre o que fariam
a Jesus.
Lucas 6.12-16 - Vide Mateus 10.1-4
Lucas 6.12 Naqueles dias retirou-se para o
monte a fim de orar; e passou a noite toda em
oração a Deus.
Lucas 6.13 Depois do amanhecer, chamou seus
discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos
quais deu também o nome de apóstolos:
Lucas 6.14 Simão, ao qual também chamou
Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e
Bartolomeu;
Lucas 6.15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu,
e Simão, chamado Zelote;
Lucas 6.16 Judas, filho de Tiago; e Judas
Iscariotes, que veio a ser o traidor.
Lucas 6.17-19 - Vide Mateus 4.23-25
Lucas 6.17 E Jesus, descendo com eles, parou
num lugar plano, onde havia não só grande
40
número de seus discípulos, mas também
grande multidão do povo, de toda a Judeia e
Jerusalém, e do litoral de Tiro e de Sidom, que
tinham vindo para ouví-lo e serem curados das
suas doenças;
Lucas 6.18 e os que eram atormentados por
espíritos imundos ficavam curados.
Lucas 6.19 E toda a multidão procurava tocarlhe; porque saía dele poder que curava a todos.
Lucas 6.20-23 - Vide Mateus 5.1-12
Lucas 6.20 Então, levantando ele os olhos para
os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós,
os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
Lucas 6.21 Bem-aventurados vós, que agora
tendes fome, porque sereis fartos. Bemaventurados vós, que agora chorais, porque
haveis de rir.
Lucas 6.22 Alegrem-se quando os homens vos
odiarem, e quando vos expulsarem da sua
companhia, e vos injuriarem, e rejeitarem o
vosso nome como indigno, por causa do Filho do
homem.
Lucas 6.23 Regozijai-vos nesse dia e exultai,
porque eis que é grande o vosso galardão no céu;
pois assim faziam os seus pais aos profetas.
Lucas 6.24-26:
Lucas 6.24 Mas ai de vós que sois ricos! porque
já recebestes a vossa consolação.
41
Lucas 6.25 Ai de vós, os que agora estais fartos!
porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides!
porque vos lamentareis e chorareis.
Lucas 6.26 Ai de vós, quando todos os homens
vos louvarem! porque assim faziam os seus pais
aos falsos profetas.
A partícula adversativa "mas" do início do
versículo 24, o liga ao que foi dito
anteriormente, de que bem-aventurados são os
pobres de espírito, porque deles é o reino de
Deus.
E estes que possuem o reino de Deus, ainda que
tenham que padecer fome, chorar e serem
odiados e perseguidos pelos homens, sendo
injuriados e rejeitados por eles, sendo
considerados como indignos por causa do amor
deles a Cristo, todavia serão saciados, e têm
motivo de se alegrar no espírito em tudo isso,
por saberem que somente serve para confirmar
que são de fato cidadãos do reino dos céus, pois
de outro modo não seriam tão odiados e
perseguidos por causa de Cristo.
Aos que suportarem tais sofrimentos com
paciência e alegria é feita a promessa por Cristo
de terem um grande galardão no céu, tal como
receberam os profetas que haviam padecido sob
a mão de seus compatriotas de Israel que não
temiam a Deus.
42
Então especialmente os escribas e fariseus, e os
sacerdotes de Israel que eram ricos e avarentos,
tinham motivo não para se gloriarem, mas para
temer, pois suas consolações presentes não
eram uma garantia do favor de Deus para com
eles, muito ao contrário, lhes aguardava um
juízo mais rigoroso porque em toda a
abundância que tiveram não se voltaram para
Ele tributando-lhe a devida honra e glória.
Assim,
suas
alegrias
presentes
se
transformariam em pranto e ranger de dentes
no juízo condenatório eterno que lhes
aguardava depois da sua morte.
Os que se gloriavam no fato de serem louvados
pelos homens tinham também motivo para
temer pois seus antepassados haviam louvado
aos falsos profetas de Israel, de modo que ser
louvado não é nenhuma garantia de ser de fato
honrado.
Melhor é sofrer desonras neste mundo por
amor a Cristo e permanecer no reino de Deus,
do que buscar honrarias e permanecer debaixo
de uma condenação eterna.
Lucas 6.27-31 - Vide Mateus 5.38-42
Lucas 6.27 Mas a vós que ouvis, digo: Amai a
vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
Lucas 6.28 bendizei aos que vos maldizem, e orai
pelos que vos caluniam.
43
Lucas 6.29 Ao que te ferir numa face, oferecelhe também a outra; e ao que te houver tirado a
capa, não lhe negues também a túnica.
Lucas 6.30 Dá a todo o que te pedir; e ao que
tomar o que é teu, não lho reclames.
Lucas 6.31 Assim como quereis que os homens
vos façam, do mesmo modo lhes fazei vós
também.
Lucas 6.32-36 - Vide Mateus 5.43-48
Lucas 6.32 Se amardes aos que vos amam, que
mérito há nisso? Pois também os pecadores
amam aos que os amam.
Lucas 6.33 E se fizerdes bem aos que vos fazem
bem, que mérito há nisso? Também os
pecadores fazem o mesmo.
Lucas 6.34 E se emprestardes àqueles de quem
esperais receber, que mérito há nisso? Também
os pecadores emprestam aos pecadores, para
receberem outro tanto.
Lucas 6.35 Amai, porém a vossos inimigos, fazei
bem e emprestai, nunca desanimado; e grande
será a vossa recompensa, e sereis filhos do
Altíssimo; porque ele é benigno até para com os
ingratos e maus.
Lucas 6.36 Sede misericordiosos, como também
vosso Pai é misericordioso.
Lucas 6.37,38 - Vide Mateus 7.1-5
44
Lucas 6.37 Não julgueis, e não sereis julgados;
não condeneis, e não sereis condenados;
perdoai, e sereis perdoados.
Lucas 6.38 Dai, e ser-vos-á dado; boa medida,
recalcada, sacudida e transbordando vos
deitarão no regaço; porque com a mesma
medida com que medis, vos medirão a vós.
Lucas 6.39-42
Lucas 6.39 E propôs-lhes também uma parábola:
Pode porventura um cego guiar outro cego? não
cairão ambos no barranco?
Lucas 6.40 Não é o discípulo mais do que o seu
mestre; mas todo o que for bem instruído será
como o seu mestre.
Lucas 6.41 Por que vês o argueiro no olho de teu
irmão, e não reparas na trave que está no teu
próprio olho?
Lucas 6.42 Ou como podes dizer a teu irmão:
Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu
olho, não vendo tu mesmo a trave que está no
teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho;
e então verás bem para tirar o argueiro que está
no olho de teu irmão.
Estas palavras estão conectadas ao que foi dito
nos versículos imediatamente anteriores nos
quais nosso Senhor afirma que não devemos
julgar para não sermos julgados, e não condenar
para não sermos condenados, e perdoar para
45
sermos perdoados, recomendando também a
nossa generosidade no trato com o próximo.
Um espírito arrogante e elevado fora de medida
nos conduz à cegueira espiritual, pois Deus
resiste aos soberbos, e desta forma como
poderíamos, sendo cegos, julgar a outros pela
nossa medida que não corresponde à reta
justiça de Deus?
Então, nos é ordenado que tratemos primeiro de
remover a nossa cegueira por aprendermos do
Espirito de Deus em nossa própria experiência,
para que assim possamos ser conselheiros e não
julgadores ou condenadores de nossos irmãos.
Lucas 6.43-45 - Vide Mateus 12.33-37
Lucas 6.43 Porque não há árvore boa que dê mau
fruto nem tampouco árvore má que dê bom
fruto.
Lucas 6.44 Porque cada árvore se conhece pelo
seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se
colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam
uvas.
Lucas 6.45 O homem bom, do bom tesouro do
seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu
mau tesouro tira o mal; pois do que há em
abundância no coração, disso fala a boca.
Lucas 6.46-49 - Vide Mateus 7.24-27
46
Lucas 6.46 E por que me chamais: Senhor,
Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?
Lucas 6.47 Todo aquele que vem a mim, e ouve
as minhas palavras, e as pratica, eu vos
mostrarei a quem é semelhante:
Lucas 6.48 É semelhante ao homem que,
edificando uma casa, cavou, abriu profunda
vala, e pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a
enchente, bateu com ímpeto a torrente naquela
casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem
edificada.
Lucas 6.49 Mas o que ouve e não pratica é
semelhante a um homem que edificou uma casa
sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com
ímpeto a torrente, e logo caiu; e foi grande a
ruína daquela casa.
47
Lucas 7
Lucas 7.1-10 - Vide Mateus 8.5-13
Lucas 7.1 Quando acabou de proferir todas estas
palavras aos ouvidos do povo, entrou em
Cafarnaum.
Lucas 7.2 E um servo de certo centurião, de
quem era muito estimado, estava doente, quase
à morte.
Lucas 7.3 O centurião, pois, ouvindo falar de
Jesus, enviou-lhes uns anciãos dos judeus, a
pedir-lhe que viesse curar o seu servo.
Lucas 7.4 E chegando eles junto de Jesus,
rogavam-lhe com instância, dizendo: É digno de
que lhe concedas isto;
Lucas 7.5 porque ama à nossa nação, e ele
mesmo nos edificou a sinagoga.
Lucas 7.6 Ia, pois, Jesus com eles; mas, quando já
estava perto da casa, enviou o centurião uns
amigos a dizer-lhe: Senhor, não te incomodes;
porque não sou digno de que entres debaixo do
meu telhado;
Lucas 7.7 por isso nem ainda me julguei digno de
ir à tua presença; dize, porém, uma palavra, e
seja o meu servo curado.
Lucas 7.8 Pois também eu sou homem sujeito à
autoridade, e tenho soldados às minhas ordens;
e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele
vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
Lucas 7.9 Jesus, ouvindo isso, admirou-se dele e,
voltando-se para a multidão que o seguia, disse:
48
Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel
encontrei tamanha fé.
Lucas 7.10 E voltando para casa os que haviam
sido enviados, encontraram o servo com saúde.
Lucas 7.11-17:
Lucas 7.11 Pouco depois seguiu ele viagem para
uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus
discípulos e uma grande multidão.
Lucas 7.12 Quando chegou perto da porta da
cidade, eis que levavam para fora um defunto,
filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela
ia uma grande multidão da cidade.
Lucas 7.13 Logo que o Senhor a viu, encheu-se de
compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
Lucas 7.14 Então, chegando-se, tocou no esquife
e, quando pararam os que o levavam, disse:
Moço, a ti te digo: Levanta-te.
Lucas 7.15 O que estivera morto sentou-se e
começou a falar. Então Jesus o entregou à sua
mãe.
Lucas 7.16 O medo se apoderou de todos, e
glorificavam a Deus, dizendo: Um grande
profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o
seu povo.
Lucas 7.17 E correu a notícia disto por toda a
Judeia e por toda a região circunvizinha.
Lucas 7.18-23 - Vide Mateus 11.2-6
49
Lucas 7.18 Ora, os discípulos de João
anunciaram-lhe todas estas coisas.
Lucas 7.19 E João, chamando a dois deles,
enviou-os ao Senhor para perguntar-lhe: És tu
aquele que havia de vir, ou havemos de esperar
outro?
Lucas 7.20 Quando aqueles homens chegaram
junto dele, disseram: João, o Batista, enviou-nos
a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou
havemos de esperar outro?
Lucas 7.21 Naquela mesma hora, curou a muitos
de doenças, de moléstias e de espíritos
malignos; e deu vista a muitos cegos.
Lucas 7.22 Então lhes respondeu: Ide, e contai a
João o que tens visto e ouvido: os cegos veem, os
coxos andam, os leprosos são purificados, e os
surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e
aos pobres é anunciado o evangelho.
Lucas 7.23 E bem-aventurado aquele que não se
escandalizar de mim.
Lucas 7.24-35 - Vide Mateus 11.7-19
Lucas 7.24 E, tendo-se retirado os mensageiros
de João, Jesus começou a dizer às multidões a
respeito de João: Que saístes a ver no deserto?
um caniço agitado pelo vento?
Lucas 7.25 Mas que saístes a ver? um homem
trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que
trajam roupas preciosas, e vivem em delícias,
estão nos paços reais.
50
Lucas 7.26 Mas que saístes a ver? um profeta?
Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
Lucas 7.27 Este é aquele de quem está escrito: Eis
aí envio ante a tua face o meu mensageiro, que
há de preparar adiante de ti o teu caminho.
Lucas 7.28 Pois eu vos digo que, entre os
nascidos de mulher, não há nenhum maior do
que João; mas aquele que é o menor no re
medida com é maior do que ele.
Lucas 7.29 E todo o povo que o ouviu, e até os
publicanos, reconheceram a justiça de Deus,
recebendo o batismo de João.
Lucas 7.30 Mas os fariseus e os doutores da lei
rejeitaram o conselho de Deus quando a si
mesmos, não sendo batizados por ele.
Lucas 7.31 A que, pois, compararei os homens
desta geração, e a que são semelhantes?
Lucas 7.32 São semelhantes aos meninos que,
sentados nas praças, gritam uns para os outros:
Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos
lamentações, e não chorastes.
Lucas 7.33 Porquanto veio João, o Batista, não
comendo pão nem bebendo vinho, e dizeis: Tem
demônio;
Lucas 7.34 veio o Filho do homem, comendo e
bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor
de vinho, amigo de publicanos e pecadores.
Lucas 7.35 Mas a sabedoria é justificada por
todos os seus filhos.
51
Lucas 7.36-50:
Lucas 7.36 Um dos fariseus convidou-o para
comer com ele; e entrando em casa do fariseu,
reclinou-se à mesa.
Lucas 7.37 E eis que uma mulher pecadora que
havia na cidade, quando soube que ele estava à
mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de
alabastro com bálsamo;
Lucas 7.38 e estando por detrás, aos seus pés,
chorando, começou a regar-lhe os pés com
lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua
cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o
bálsamo.
Lucas 7.39 Mas, ao ver isso, o fariseu que o
convidara falava consigo, dizendo: Se este
homem fosse profeta, saberia quem e de que
qualidade é essa mulher que o toca, pois é uma
pecadora.
Lucas 7.40 E respondendo Jesus, disse-lhe:
Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu
ele: Dize-a, Mestre.
Lucas 7.41 Certo credor tinha dois devedores;
um lhe devia quinhentos denários, e outro
cinquenta.
Lucas 7.42 Não tendo eles com que pagar,
perdoou a ambos. Qual deles, pois, o amará
mais?
Lucas 7.43 Respondeu Simão: Suponho que é
aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe
Jesus: Julgaste bem.
52
Lucas 7.44 E, voltando-se para a mulher, disse a
Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa,
e não me deste água para os pés; mas esta com
suas lágrimas os regou e com seus cabelos os
enxugou.
Lucas 7.45 Não me deste ósculo; ela, porém,
desde que entrei, não tem cessado de beijar-me
os pés.
Lucas 7.46 Não me ungiste a cabeça com óleo;
mas esta com bálsamo ungiu-me os pés.
Lucas 7.47 Por isso te digo: Perdoados lhe são os
pecados, que são muitos; porque ela muito
amou; mas aquele a quem pouco se perdoa,
pouco ama.
Lucas 7.48 E disse a ela: Perdoados são os teus
pecados.
Lucas 7.49 Mas os que estavam com ele à mesa
começaram a dizer entre si: Quem é este que até
perdoa pecados?
Lucas 7.50 Jesus, porém, disse à mulher: A tua fé
te salvou; vai-te em paz.
Não aparece aqui quem era essa mulher que
testemunhou tão grande afeição a Cristo; é dito
por alguns que era Maria Madalena, mas não há
qualquer fundamento na Escritura para isso.
Um fariseu de nome Simão convidou Jesus para
comer em sua casa, e o Senhor aceitou o convite
apesar de saber que o fariseu não cria nele,
como se supõe de suas palavras no verso 39.
53
A grande devoção que uma pobre pecadora
arrependida mostrou-lhe, quando ele estava à
mesa em casa do fariseu, foi devida ao fato de ela
ter sido convertida de um mau curso de vida
pela pregação de Jesus, e fora demonstrar sua
gratidão a Ele quando soube que estava na casa
de Simão.
Lavar os pés era parte do costume dos orientais
quando se assentavam para fazer suas refeições,
e geralmente isto era feito por um dos serviçais
da casa. A mulher não ousou olhar Cristo na
face, pois veio por detrás dele e lhe lavou os pés,
não com água, mas com suas próprias lágrimas,
e os enxugou não com uma toalha, mas com
seus cabelos, e os ungiu com um caríssimo
bálsamo que trazia num vaso de alabastro.
Certamente era uma convertida genuína
movida pelo Espirito Santo naquela ação de
adoração.
Os fariseus que desprezavam o povo e
especialmente aqueles que tinham uma
reputação duvidosa, não criam em conversão, e
isso explica a reação legalista de Simão em
relação ao fato de Jesus ter recepcionado a
mulher.
Isto lhe custou uma sincera e verdadeira
reprimenda, por uma comparação que lhe foi
apresentada por Jesus sobre dois devedores.
54
O fariseu não titubeou em responder que o que
mais amaria e seria mais grato ao seu senhor
pela dívida perdoada seria o que devia mais.
Com base na sua própria resposta Jesus lhe
mostrou qual era razão do procedimento
daquela mulher que ele estava desprezando, e
que no entanto estava sendo amada por Deus,
porque demonstrara muito amor. Certamente o
motivo da sua salvação não foi o amor, mas a fé
e o arrependimento. O seu grande amor era
apenas a evidência de que havia sido convertida
de fato. E assim sucede com todos aqueles que
são limpos dos seus pecados pela graça de Jesus
Cristo.
Por isso Simão não demonstrou qualquer amor
pelo Senhor conforme aquela mulher havia
demonstrado, pois não era um convertido, e
portanto, não havia nele o amor de Deus.
Ele não havia sido perdoado dos seus muitos
pecados, porque se considerava justo a seus
próprios olhos, e por isso não podia entender a
realidade do perdão de Deus que é concedido
aos pecadores que se arrependem e confiam em
Cristo para ser o Salvador deles.
55
Lucas 8
Lucas 8.1-3:
Lucas 8.1 Logo depois disso, andava Jesus de
cidade em cidade, e de aldeia em aldeia,
pregando e anunciando o evangelho do reino de
Deus; e iam com ele os doze,
Lucas 8.2 bem como algumas mulheres que
haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades: Maria, chamada Madalena, da
qual tinham saído sete demônios.
Lucas 8.3 Joana, mulher de Cuza, procurador de
Herodes, Susana, e muitas outras que os
serviam com os seus bens.
Muitos dizem que Jesus e os apóstolos eram
oportunistas e exploradores por serem
assistidos por outras pessoas, como vemos no
verso 3. No entanto, não consideram o que é dito
nos dois primeiros versículos de que andavam
de cidade em cidade e de aldeia em aldeia,
pregando e anunciando o evangelho .
Eles pouco tempo tinham para descansar
conforme vemos em outros relatos dos
evangelhos,e faziam o bem a todos e em todos os
lugares, expulsando demônios, curando
enfermidades e principalmente salvando almas
da condenação eterna.
56
Há serviço mais nobre do que este neste
mundo?
E seria injusto de que aqueles que são
abençoados espiritualmente pelo evangelho,
assistam com bens materiais àqueles que o
pregam em tempo integral, segundo chamada
de Deus para tal?
Se cuidassem de interesses seculares como
poderiam se entregar totalmente aos interesses
espirituais?
Especialmente naquela ocasião em que o
evangelho estava sendo implantado no mundo
sob severas perseguições dos judeus, havia a
necessidade de deslocamentos constantes, mas
por eles se atendia à demanda de se pregar o
evangelho a todos e em todos os lugares.
Lucas 8.4-15 - Vide Mateus 13.1-23
Lucas 8.4 Ora, ajuntando-se uma grande
multidão, e vindo ter com ele gente de todas as
cidades, disse Jesus por parábola:
Lucas 8.5 Saiu o semeador a semear a sua
semente. E quando semeava, uma parte da
semente caiu à beira do caminho; e foi pisada, e
as aves do céu a comeram.
Lucas 8.6 Outra caiu sobre pedra; e, nascida,
secou-se porque não havia umidade.
Lucas 8.7 E outra caiu no meio dos espinhos; e
crescendo com ela os espinhos, sufocaram-na.
57
Lucas 8.8 Mas outra caiu em boa terra; e,
nascida, produziu fruto, cem por um. Dizendo
ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos
para ouvir, ouça.
Lucas 8.9 Perguntaram-lhe então seus
discípulos o que significava essa parábola.
Lucas 8.10 Respondeu ele: A vós é dado
conhecer os mistérios do reino de Deus; mas aos
outros se fala por parábolas; para que vendo, não
vejam, e ouvindo, não entendam.
Lucas 8.11 É, pois, esta a parábola: A semente é a
palavra de Deus.
Lucas 8.12 Os que estão à beira do caminho são
os que ouvem; mas logo vem o Diabo e tira-lhe
do coração a palavra, para que não suceda que,
crendo, sejam salvos.
Lucas 8.13 Os que estão sobre a pedra são os que,
ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas
estes não têm raiz, apenas creem por algum
tempo, mas na hora da provação se desviam.
Lucas 8.14 A parte que caiu entre os espinhos
são os que ouviram e, indo seu caminho, são
sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites
desta vida e não dão fruto com perfeição.
Lucas 8.15 Mas a que caiu em boa terra são os
que, ouvindo a palavra com coração reto e bom,
a retêm e dão fruto com perseverança.
Lucas 8.16-18:
Lucas 8.16 Ninguém, pois, acende uma candeia
e a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da
58
cama; mas põe-na no velador, para que os que
entram vejam a luz.
Lucas 8.17 Porque não há coisa encoberta que
não haja de manifestar-se, nem coisa secreta
que não haja de saber-se e vir à luz.
Lucas 8.18 Vede, pois, como ouvis; porque a
qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer
que não tiver, até o que parece ter lhe será
tirado.
Uma das características da graça de Deus que
opera no crente é que ela sempre chama por
mais graça, acrescentando maiores graus de
santificação à sua vida.
Porém, a graça é acrescentada à media que o
crente investe nas coisas relativas ao reino de
Deus, como vemos isto explicado por exemplo,
na Parábola dos Talentos, cuja conclusão é
semelhante à do verso 18 deste capítulo.
Onde houver a graça, haverá mais graça.
Onde faltar a graça, nada será acrescentado
espiritualmente por Deus, e até os dons naturais
que a pessoa possuir neste mundo serão
perdidos na sua morte, mas os que são
enriquecidos espiritualmente pela graça de
Deus reterão os dons recebidos por toda a
eternidade.
59
Lucas 8.19-21 - Vide Mateus 12.46-50
Lucas 8.19 Vieram, então, ter com ele sua mãe e
seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele
por causa da multidão.
Lucas 8.20 Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos
estão lá fora, e querem ver-te.
Lucas 8.21 Ele, porém, lhes respondeu: Minha
mãe e meus irmãos são estes que ouvem a
palavra de Deus e a observam.
Lucas 8.22-25 - Vide Mateus 8.23-27
Lucas 8.22 Ora, aconteceu certo dia que entrou
num barco com seus discípulos, e disse-lhes:
Passemos à outra margem do lago. E partiram.
Lucas
8.23
Enquanto
navegavam,
ele
adormeceu; e desceu uma tempestade de vento
sobre o lago; e o barco se enchia de água, de
sorte que perigavam.
Lucas 8.24 Chegando-se a ele, o despertaram,
dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E
ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria
da água; e cessaram, e fez-se bonança.
Lucas 8.25 Então lhes perguntou: Onde está a
vossa fé? Eles, atemorizados, admiraram-se,
dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que
até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
Lucas 8.26-34 - Vide Mateus 8.28-33
60
Lucas 8.26 Apontaram à terra dos gerasenos,
que está defronte da Galileia.
Lucas 8.27 Logo que saltou em terra, saiu-lhe ao
encontro um homem da cidade, possesso de
demônios, que havia muito tempo não vestia
roupa, nem morava em casa, mas nos sepulcros.
Lucas 8.28 Quando ele viu a Jesus, gritou,
prostrou-se diante dele, e com grande voz
exclamou: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do
Deus Altíssimo? Rogo-te que não me
atormentes.
Lucas 8.29 Porque Jesus ordenara ao espírito
imundo que saísse do homem. Pois já havia
muito tempo que se apoderara dele; e
guardavam-no preso com grilhões e cadeias;
mas ele, quebrando as prisões, era impelido
pelo demônio para os desertos.
Lucas 8.30 Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu
nome? Respondeu ele: Legião; porque tinham
entrado nele muitos demônios.
Lucas 8.31 E rogavam-lhe que não os mandasse
para o abismo.
Lucas 8.32 Ora, andava ali pastando no monte
uma grande manada de porcos; rogaram-lhe,
pois que lhes permitisse entrar neles, e lho
permitiu.
Lucas 8.33 E tendo os demônios saído do
homem, entraram nos porcos; e a manada
precipitou-se pelo despenhadeiro no lago, e
afogou-se.
61
Lucas 8.34 Quando os pastores viram o que
acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na
cidade e nos campos.
Lucas 8.35-39 - Vide Mateus 8.34
Lucas 8.35 Saíram, pois, a ver o que tinha
acontecido, e foram ter com Jesus, a cujos pés
acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o
homem de quem havia saído os demônios; e se
atemorizaram.
Lucas 8.36 Os que tinham visto aquilo contaramlhes como fora curado o endemoninhado.
Lucas 8.37 Então todo o povo da região dos
gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles;
porque estavam possuídos de grande medo.
Pelo que ele entrou no barco, e voltou.
Lucas 8.38 Pedia-lhe, porém, o homem de quem
haviam saído os demônios que o deixasse estar
com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
Lucas 8.39 Volta para tua casa, e conta tudo
quanto Deus te fez. E ele se retirou, publicando
por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera.
Lucas 8.40-42 - Vide Mateus 9.18,19
Lucas 8.40 Quando Jesus voltou, a multidão o
recebeu; porque todos o estavam esperando.
Lucas 8.41 E eis que veio um homem chamado
Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se
aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa;
62
Lucas 8.42 porque tinha uma filha única, de
cerca de doze anos, que estava à morte.
Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as
multidões.
Lucas 8.43-48 - Vide Mateus 9.20-22
Lucas 8.43 E certa mulher, que tinha uma
hemorragia havia doze anos [e gastara com os
médicos todos os seus haveres] e por ninguém
pudera ser curada,
Lucas 8.44 chegando-se por detrás, tocou-lhe a
orla do manto, e imediatamente cessou a sua
hemorragia.
Lucas 8.45 Perguntou Jesus: Quem é que me
tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro:
Mestre, as multidões te apertam e te oprimem.
Lucas 8.46 Mas disse Jesus: Alguém me tocou;
pois percebi que de mim saiu poder.
Lucas 8.47 Então, vendo a mulher que não
passara despercebida, aproximou-se tremendo
e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe
perante todo o povo a causa por que lhe havia
tocado, e como fora imediatamente curada.
Lucas 8.48 Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou;
vai-te em paz.
Lucas 8.49-56 - Vide Mateus 9.23-26
Lucas 8.49 Enquanto ainda falava, veio alguém
da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha
já está morta; não incomodes mais o Mestre.
63
Lucas 8.50 Jesus, porém, ouvindo-o, respondeulhe: Não temas: crê somente, e será salva.
Lucas 8.51 Tendo chegado à casa, a ninguém
deixou entrar com ele, senão a Pedro, João,
Tiago, e o pai e a mãe da menina.
Lucas 8.52 E todos choravam e pranteavam; ele,
porém, disse: Não choreis; ela não está morta,
mas dorme.
Lucas 8.53 E riam-se dele, sabendo que ela
estava morta.
Lucas 8.54 Então ele, tomando-lhe a mão,
exclamou: Menina, levanta-te.
Lucas 8.55 E o seu espírito voltou, e ela se
levantou imediatamente; e Jesus mandou que
lhe desse de comer.
Lucas 8.56 E seus pais ficaram maravilhados; e
ele mandou-lhes que a ninguém contassem o
que havia sucedido.
64
Lucas 9
Lucas 9.1-6 - Vide Mateus 10.1,5-15
Lucas 9.1 Reunindo os doze, deu-lhes poder e
autoridade sobre todos os demônios, e para
curarem doenças;
Lucas 9.2 e enviou-os a pregar o reino de Deus, e
fazer curas,
Lucas 9.3 dizendo-lhes: Nada leveis para o
caminho, nem bordão, nem alforje, nem pão,
nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas.
Lucas 9.4 Em qualquer casa em que entrardes,
nela ficai, e dali partireis.
Lucas 9.5 Mas, onde quer que não vos
receberem, saindo daquela cidade, sacudi o pó
dos vossos pés, em testemunho contra eles.
Lucas 9.6 Saindo, pois, os discípulos
percorreram as aldeias, anunciando o
evangelho e fazendo curas por toda parte.
Lucas 9.7-9 - Vide Mateus 14.1-12
Lucas 9.7 Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo
o que se passava, e ficou muito perplexo, porque
diziam uns: João ressuscitou dos mortos;
Lucas 9.8 outros: Elias apareceu; e outros: Um
dos antigos profetas se levantou.
Lucas 9.9 Herodes, porém, disse: A João eu
mandei degolar; quem é, pois, este a respeito de
quem ouço tais coisas? E procurava vê-lo.
65
Lucas 9.10-17 - Vide Mateus 14.13-21 ou João 6.114
Lucas 9.10 Quando os apóstolos voltaram,
contaram-lhe tudo o que havia feito. E ele,
levando-os consigo, retirou-se à parte para uma
cidade chamada Betsaida.
Lucas 9.11 Mas as multidões, percebendo isto,
seguiram-no; e ele as recebeu, e falava-lhes do
reino de Deus, e sarava os que necessitavam de
cura.
Lucas 9.12 Ora, quando o dia começava a
declinar, aproximando-se os doze, disseramlhe: Despede a multidão, para que, indo às
aldeias e aos sítios em redor, se hospedem, e
achem o que comer; porque aqui estamos em
lugar deserto.
Lucas 9.13 Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de
comer. Responderam eles: Não temos senão
cinco pães e dois peixes; salvo se nós formos
comprar comida para todo este povo.
Lucas 9.14 Pois eram cerca de cinco mil homens.
Então disse a seus discípulos: Fazei-os reclinarse em grupos de cerca de cinquenta cada um.
Lucas 9.15 Assim o fizeram, mandando que
todos se reclinassem.
Lucas 9.16 E tomando Jesus os cinco pães e os
dois peixes, e olhando para o céu, os abençoou e
partiu, e os entregava aos seus discípulos para os
porem diante da multidão.
66
Lucas 9.17 Todos, pois, comeram e se fartaram;
e foram levantados, do que lhes sobejou, doze
cestos de pedaços.
Lucas 9.18-22 - Vide Mateus 16.13-23
Lucas 9.18 Enquanto ele estava orando à parte
achavam-se com ele somente seus discípulos; e
perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que
eu sou?
Lucas 9.19 Responderam eles: Uns dizem: João, o
Batista; outros: Elias; e ainda outros, que um dos
antigos profetas se levantou.
Lucas 9.20 Então lhes perguntou: Mas vós,
quem dizeis que eu sou? Respondendo Pedro,
disse: O Cristo de Deus.
Lucas 9.21 Jesus, porém, advertindo-os, mandou
que não contassem isso a ninguém;
Lucas 9.22 e disse-lhes: É necessário que o Filho
do homem padeça muitas coisas, que seja
rejeitado pelos anciãos, pelos principais
sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao
terceiro dia ressuscite.
Lucas 9.23-27 - Mateus 16.24-27
Lucas 9.23 Em seguida dizia a todos: Se alguém
quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome
cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lucas 9.24 Pois quem quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por
amor de mim, esse a salvará.
67
Lucas 9.25 Pois, que aproveita ao homem ganhar
o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a
si mesmo?
Lucas 9.26 Porque, quem se envergonhar de
mim e das minhas palavras, dele se
envergonhará o Filho do homem, quando vier
na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.
Lucas 9.27 Mas em verdade vos digo: Alguns há,
dos que estão aqui, que de modo nenhum
provarão a morte até que vejam o reino de Deus.
Lucas 9.28-36 - Vide Mateus 17.1-8
Lucas 9.28 Cerca de oito dias depois de ter
proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a
Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para
orar.
Lucas 9.29 Enquanto ele orava, mudou-se a
aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se
branca e resplandecente.
Lucas 9.30 E eis que estavam falando com ele
dois varões, que eram Moisés e Elias,
Lucas 9.31 os quais apareceram com glória, e
falavam da sua partida que estava para cumprirse em Jerusalém.
Lucas 9.32 Ora, Pedro e os que estavam com ele
se haviam deixado vencer pelo sono;
despertando, porém, viram a sua glória e os dois
varões que estavam com ele.
Lucas 9.33 E, quando estes se apartavam dele,
disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós
aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti,
68
uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo
o que dizia.
Lucas 9.34 Enquanto ele ainda falava, veio uma
nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao
entrarem na nuvem.
Lucas 9.35 E da nuvem saiu uma voz que dizia:
Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.
Lucas 9.36 Ao soar esta voz, Jesus foi achado
sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles dias
não contaram a ninguém nada do que tinham
visto.
Lucas 9.37-43 - Vide Mateus 17.14-21
Lucas 9.37 No dia seguinte, quando desceram do
monte, veio-lhe ao encontro uma grande
multidão.
Lucas 9.38 E eis que um homem dentre a
multidão clamou, dizendo: Mestre, peço-te que
olhes para meu filho, porque é o único que
tenho;
Lucas 9.39 pois um espírito se apodera dele,
fazendo-o gritar subitamente, convulsiona-o até
escumar e, mesmo depois de o ter quebrantado,
dificilmente o larga.
Lucas 9.40 E roguei aos teus discípulos que o
expulsassem, mas não puderam.
Lucas 9.41 Respondeu Jesus: ç geração
incrédula e perversa! até quando estarei
convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho.
Lucas 9.42 Ainda quando ele vinha chegando, o
demônio o derribou e o convulsionou; mas Jesus
69
repreendeu o espírito imundo, curou o menino
e o entregou a seu pai.
Lucas 9.43 E todos se maravilhavam da
majestade de Deus. E admirando-se todos de
tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos:
Lucas 9.44,45 - Vide Mateus 17.22,23
Lucas 9.44 Ponde vós estas palavras em vossos
ouvidos; pois o Filho do homem está para ser
entregue nas mãos dos homens.
Lucas 9.45 Eles, porém, não entendiam essa
palavra, cujo sentido lhes era encoberto para
que não o compreendessem; e temiam
interrogá-lo a esse respeito.
Lucas 9.46-48 - Vide Mateus 18.1-5
Lucas 9.46 E suscitou-se entre eles uma
discussão sobre qual deles seria o maior.
Lucas 9.47 Mas Jesus, percebendo o
pensamento de seus corações, tomou uma
criança, pô-la junto de si,
Lucas 9.48 e disse-lhes: Qualquer que receber
esta criança em meu nome, a mim me recebe; e
qualquer que me receber a mim, recebe aquele
que me enviou; pois aquele que entre vós todos
é o menor, esse é grande.
Lucas 9.49,50:
Lucas 9.49 Disse-lhe João: Mestre, vimos um
homem que em teu nome expulsava demônios;
e lho proibimos, porque não segue conosco.
70
Lucas 9.50 Respondeu-lhe Jesus: Não lho
proibais; porque quem não é contra vós é por
vós.
Nesta passagem aprendemos que o importante
é que a sã doutrina, a palavra da verdade,
acompanhados pelo poder de Deus em nome de
Jesus,
sejam
utilizados
por
nós,
independentemente do grupo ou denominação
religiosa à qual pertençamos.
Lucas 9.51-56:
Lucas 9.51 Ora, quando se completavam os dias
para a sua assunção, manifestou o firme
propósito de ir a Jerusalém.
Lucas 9.52 Enviou, pois, mensageiros adiante de
si. Indo eles, entraram numa aldeia de
samaritanos para lhe prepararem pousada.
Lucas 9.53 Mas não o receberam, porque viajava
em direção a Jerusalém.
Lucas 9.54 Vendo isto os discípulos Tiago e João,
disseram: Senhor, queres que mandemos
descer fogo do céu para os consumir [como Elias
também fez?]
Lucas 9.55 Ele porém, voltando-se, repreendeuos, [e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.]
Lucas 9.56 [Pois o Filho do Homem não veio para
destruir as vidas dos homens, mas para salválas.] E foram para outra aldeia.
71
Aqui está declarado qual é o propósito do
evangelho nesta nova dispensação da graça salvar e não condenar, edificar e não destruir.
Condenação e destruição eram permitidas na
antiga dispensação, e até mesmo ordenadas por
Deus em algumas situações, como vemos
especialmente nas guerras empreendidas por
Israel contra as nações inimigas.
O profeta Elias havia em certa ocasião, pedido
fogo do céu para que fossem mortos soldados
que a mando de um rei profano e mal
intencionado (Acabe) foram prendê-lo e que
agiram de um modo desrespeitoso em relação
ao profeta, tal como estavam fazendo alguns
samaritanos em relação a Jesus.
Ora, sem entender ainda qual era o espírito da
nova dispensação que Jesus veio inaugurar, dois
de seus apóstolos perguntaram, ressentidos
com o fato da rejeição, se ele queria que
pedissem que fosse pedido fogo do céu para
consumi-los.
A situação ensejou a oportunidade de que
fôssemos ensinados por Jesus qual é o espírito
que nos convém ter agora como crentes no
evangelho.
72
Lucas 9 57-62 - Mateus 8.18-22
Lucas 9.57 Quando iam pelo caminho, disse-lhe
um homem: Seguir-te-ei para onde quer que
fores.
Lucas 9.58 Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm
covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho
do homem não tem onde reclinar a cabeça.
Lucas 9.59 E a outro disse: Segue-me. Ao que
este respondeu: Permite-me ir primeiro
sepultar meu pai.
Lucas 9.60 Replicou-lhe Jesus: Deixa os mortos
sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai
e anuncia o reino de Deus.
Lucas 9.61 Jesus, porém, lhe respondeu:
Ninguém que lança mão do arado e olha para
trás é apto para o reino de Deus.
73
Lucas 10
Lucas 10.1-12:
Lucas 10.1 Depois disso designou o Senhor
outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois
em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele
havia de ir.
Lucas 10.2 E dizia-lhes: Na verdade, a seara é
grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai,
pois, ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a sua seara.
Lucas 10.3 Ide; eis que vos envio como cordeiros
ao meio de lobos.
Lucas 10.4 Não leveis bolsa, nem alforge, nem
alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho.
Lucas 10.5 Em qualquer casa em que entrardes,
dizei primeiro: Paz seja com esta casa.
Lucas 10.6 E se ali houver um filho da paz,
repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará
para vós.
Lucas 10.7 Ficai nessa casa, comendo e bebendo
do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador
do seu salário. Não andeis de casa em casa.
Lucas 10.8 Também, em qualquer cidade em
que entrardes, e vos receberem, comei do que
puserem diante de vós.
Lucas 10.9 Curai os enfermos que nela houver, e
dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus.
Lucas 10.10 Mas em qualquer cidade em que
entrardes, e vos não receberem, saindo pelas
ruas, dizei:
74
Lucas 10.11 Até o pó da vossa cidade, que se nos
pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo,
sabei isto: que o reino de Deus é chegado.
Lucas 10.12 Digo-vos que naquele dia haverá
menos rigor para Sodoma, do que para aquela
cidade.
Temos aqui o envio dos setenta discípulos, dois
a dois, em diversas partes do país, para pregar o
evangelho, e operar milagres nesses lugares
que o próprio Cristo indicou para serem
visitados, para abrir caminho para o seu
ministério. As instruções aqui dado a eles são
dadas aqui são a mesma coisa que aquelas que
foram dadas aos doze apóstolos.
Ele lhes enviou dois a dois, para que pudessem
fortalecer e incentivar um ao outro. Se um cair,
o outro vai ajudar a levantar-se. Ele os enviou,
não para todas as cidades de Israel, como fez
com os doze, mas apenas a cada cidade e lugar
aonde ele haveria de ir, como seus precursores;
e devemos supor, embora não seja registrado,
que Cristo logo depois foi para todos os lugares
para onde ele agora os enviara.
Duas coisas lhes foram ordenados para fazer, o
mesmo que fez Cristo fazia: 1. Eles deveriam
curar os enfermos (v. 9),e curá-los em nome de
Jesus, o que tornaria as pessoas curiosas para
conhecer este Jesus, e prontas para receber
aquele cujo nome era tão poderoso. 2. Eles
75
deveriam proclamar a aproximação do reino de
Deus.
Deveriam também orar (v. 2); e ficarem
devidamente afetados com as necessidades das
almas dos homens, que pedissem sua ajuda. Eles
deveriam orar para que fosse aumentado o
número de trabalhadores pelo evangelho,
porque eram poucos em comparação com os
mestres judeus que não trabalhavam pelos
interesses do reino de Deus, senão para o
próprio interesse deles e de suas instituições.
Ele foram alertados a suportarem problemas e
perseguições. Estariam pregando o evangelho a
um mundo hostil a Deus e à sua verdade. Mas
deveriam se manter pacíficos como os
cordeiros, ainda que no meio de lobos.
Não deveriam se prover com uma grande carga
como se fossem empreender uma longa
viagem, mas depender de Deus e seus amigos
para fornecer o que fosse necessário para eles.
Deveriam estar focados na sua missão e não
permitirem ser desviados por cerimonialidades
ou elogios desnecessários.
Em qualquer casa em que entrassem deveriam
impetrar a bênção da paz de Deus. Eles
pregariam de casa em casa propondo a paz do
Evangelho, ou seja, a reconciliação do pecador
arrependido com Deus.
76
A qualidade do receptor determinaria a
natureza da recepção. Onde houvesse algum
filho da paz, ou seja, alguém designado para a
vida eterna, a paz de Deus repousaria sobre ele,
mas caso não houvesse o trabalho não seria
perdido porque a unção do Espírito
permaneceria com eles para continuar o
trabalho de evangelização.
Eles deveriam estar convictos de que aqueles
que recusam o evangelho que é pregado por
aqueles que são enviados por Cristo
permanecem debaixo da ira de Deus e da
condenação futura. De modo que deveriam
alertá-los sobre o perigo em que se
encontravam por rejeitar a Cristo, na pessoa dos
seus enviados.
Num sinal da não participação da condenação
deles deveriam sacudir o pó de suas sandálias
em testemunho contra eles, para que
soubessem que não tinham parte com aqueles
que amam a Cristo, que sequer têm interesse no
pó de suas ruas, senão apenas no bem estar
eterno das almas daqueles que insensatamente
os rejeitaram.
Lucas 10.13-16 - Vide Mateus 11.20-24
Lucas 10.13 Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida!
Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem
operado os milagres que em vós se operaram, há
77
muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam
arrependido.
Lucas 10.14 Contudo, para Tiro e Sidom haverá
menos rigor no juízo do que para vós.
Lucas 10.15 E tu, Cafarnaum, porventura serás
elevada até o céu? até o hades descerás.
Lucas 10.16 Quem vos ouve, a mim me ouve; e
quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a
mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
Lucas 10.17-20:
Lucas 10.17 E voltaram os setenta com alegria,
dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os
demônios se nos sujeitam.
Lucas 10.18 Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás,
como raio, cair do céu.
Lucas 10.19 Eis que vos dei autoridade para pisar
serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do
inimigo; e nada vos fará dano algum.
Lucas 10.20 Contudo, não vos alegreis porque se
vos submetem os espíritos; alegrai-vos antes por
estarem os vossos nomes escritos nos céus.
Aqui é declarado por nosso Senhor qual é o
grande motivo da alegria do crente, que deve
anteceder a qualquer outro, a saber, a salvação
eterna da sua alma, por ter seu nome escrito no
Livro da Vida.
Até mesmo as operações sobrenaturais que são
realizadas no poder do Espírito Santo, como a
expulsão de demônios pelo nome de Jesus, e ter
78
autoridade sobre todo o poder do inimigo,
Satanás, sem sofrer qualquer dano permanente,
que são um motivo de alegria, todavia passarão
um dia, quando não mais houver necessidade
disto quando toda oposição ao Reino de Deus for
subjugada no retorno do Senhor, mas a
comunhão do crente com Deus será para ele um
motivo de alegria por toda a eternidade.
Lucas 10.21-24 - Vide Mateus 11.25-27
Lucas 10.21 Naquela mesma hora exultou Jesus
no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas
coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos
pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do teu
agrado.
Lucas 10.22 Todas as coisas me foram entregues
por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho
senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e
aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Lucas 10.23 E voltando-se para os discípulos,
disse-lhes em particular: Bem-aventurados os
olhos que veem o que vós vedes.
Lucas 10.24 Pois vos digo que muitos profetas e
reis desejaram ver o que vós vedes, e não o
viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
Lucas 10.25-37:
Lucas 10.25 E eis que se levantou certo doutor da
lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que
farei para herdar a vida eterna?
79
Lucas 10.26 Perguntou-lhe Jesus: Que está
escrito na lei? Como lês tu?
Lucas 10.27 Respondeu-lhe ele: Amarás ao
Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a
tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti
mesmo.
Lucas 10.28 Tornou-lhe Jesus: Respondeste
bem; faze isso, e viverás.
Lucas 10.29 Ele, porém, querendo justificar-se,
perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
Lucas 10.30 Jesus, prosseguindo, disse: Um
homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas
mãos de salteadores, os quais o despojaram e
espancando-o, se retiraram, deixando-o meio
morto.
Lucas 10.31 Casualmente, descia pelo mesmo
caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de
largo.
Lucas 10.32 De igual modo também um levita
chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo.
Lucas 10.33 Mas um samaritano, que ia de
viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheuse de compaixão;
Lucas 10.34 e aproximando-se, atou-lhe as
feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o
sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma
estalagem e cuidou dele.
Lucas 10.35 No dia seguinte tirou dois denários,
deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e
tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando
voltar.
80
Lucas 10.36 Qual, pois, destes três te parece ter
sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos
salteadores?
Lucas 10.37 Respondeu o doutor da lei: Aquele
que usou de misericórdia para com ele. Disselhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo.
Com a história do bom samaritano, nosso
Senhor respondeu à pergunta que havia sido
feita para lhe colocar à prova: "Que farei para
herdar a vida eterna?" A pergunta era de caráter
legalista e então Jesus respondeu com outra
pergunta, indagando sobre o que dizia a lei a
respeito.
Ele não intentava demonstrar que uma pessoa é
salva por obras da lei, pois pela ninguém pode
ser justificado, e o Senhor bem sabia disso.
Como o doutor da lei (escriba) respondeu com
os dois grandes e principais mandamentos da
Lei, Jesus aprovou a resposta e disse que se ele
fizesse o mesmo, ele alcançaria a vida eterna.
Então, para se justificar, pois sabia que ninguém
consegue amar perfeitamente conforme a Lei o
exige, pediu a Jesus que lhe dissesse quem era o
próximo a quem ele deveria amar. Pensando
talvez que fosse respondido com pessoas
familiares e queridas.
Todavia Jesus ilustrou a verdade com a citação
de uma parábola em que o próximo amado não
81
foi uma pessoa querida, mas um estranho e
inimigo, como eram os judeus em relação aos
samaritanos e vice-versa. E não foi um religioso,
representado no sacerdote e no levita da
parábola, que agiu como próximo do seu
compatriota judeu necessitado, mas justamente
um gentio e inimigo, assim por eles
considerado.
De fato, para amar com um amor como o
descrito, a saber, o amor por estranhos e
inimigos, só mesmo pela conversão pela fé a
Deus, e por se receber um novo coração do
Espírito Santo na regeneração. Assim, Jesus
deixou em suspenso a alma daquele escriba
mal-intencionado que procurava apanhá-lo em
algum erro teológico.
Lucas 10.38-42:
Lucas 10.38 Ora, quando iam de caminho,
entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por
nome Marta, o recebeu em sua casa.
Lucas 10.39 Tinha esta uma irmã chamada
Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor,
ouvia a sua palavra.
Lucas 10.40 Marta, porém, andava preocupada
com muito serviço; e aproximando-se, disse:
Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha
deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me
ajude.
82
Lucas 10.41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta,
Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas
coisas;
Lucas 10.42 entretanto poucas são necessárias,
ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte,
a qual não lhe será tirada.
Marta e Maria eram irmãs de Lázaro, a quem
Jesus ressuscitou.
Marta não foi repreendida por sua falta de fé,
mas por sua atitude indevida naquela ocasião.
Ela era uma mulher de grande fé, e muito
estimada por Jesus, conforme vemos no relato
do décimo primeiro capitulo do evangelho de
João.
Marta era uma pessoa muito ativa e prática, e
não há nenhum mal nisto, a não ser quando pela
nossa muita atividade deixamos de tributar a
devida devoção ao Senhor.
Muitos pensam que Maria era uma mulher
apenas contemplativa e ociosa, o que não é
verdade, pois se o fosse, não seria alvo da
atenção que o Senhor lhe dispensava.
Ela possuía grande comunhão espiritual com o
Senhor, e dera demonstração do nível desta
comunhão e amor quando lhe ungiu os pés com
bálsamo e como a mulher da narrativa da
83
história na casa de Simão, também enxugou os
pés de Jesus com seus cabelos (João 12.3).
Esta é a boa parte que devemos escolher na
nossa relação com Deus, pois isto não pode ser
tirado de nós por ninguém e por nenhuma
adversidade que nos sobrevenha, pois o hábito
da graça em nosso viver nos valerá na hora da
provação.
84
Lucas 11
Lucas 11.1-4 - Mateus 6.9-15
Lucas 11.1 Estava Jesus em certo lugar orando e,
quando acabou, disse-lhe um dos seus
discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como
também João ensinou aos seus discípulos.
Lucas 11.2 Ao que ele lhes disse: Quando orardes,
dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o
teu reino;
Lucas 11.3 dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;
Lucas 11.4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois
também nós perdoamos a todo aquele que nos
deve; e não nos deixes entrar em tentação, [mas
livra-nos do mal.
Lucas 11.5-8:
Lucas 11.5 Disse-lhes também: Se um de vós tiver
um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite e lhe
disser: Amigo, empresta-me três pães,
Lucas 11.6 pois que um amigo meu, estando em
viagem, chegou a minha casa, e não tenho o que
lhe oferecer;
Lucas 11.7 e se ele, de dentro, responder: Não me
incomodes; já está a porta fechada, e os meus
filhos estão comigo na cama; não posso
levantar-me para te atender;
Lucas 11.8 digo-vos que, ainda que se levante
para lhos dar por ser seu amigo, todavia, por
85
causa da sua importunação, se levantará e lhe
dará quantos pães ele precisar.
Para ilustrar o dever do crente orar sem cessar,
sem nunca esmorecer, Jesus ilustrou esta
verdade com a Parábola do amigo Importuno,
que se assemelha à do Juiz Iníquo, que também
foi contada para o mesmo propósito, não para
destacar que Deus somente nos atenderá para
não ser mais importunado como foi o caso dos
que atenderam aos pedidos em ambas
parábolas, mas justamente para comprovar que
se até aqueles que se sentem desconfortados
nos
atendem
para
não
serem
mais
importunados, quando mais Deus não estaria
disposto a nos atender em nossa petições, pois
não há nele qualquer tipo de contrariedade em
fazê-lo, antes tem todo o prazer em que
recorramos a Ele para sermos ajudados.
Esta boa vontade de Deus em nos atender é um
grande motivo para sermos perseverantes na
oração. .
Lucas 11.9-13 - Vide Mateus 7.7-11
Lucas 11.9 Pelo que eu vos digo: Pedi, e dar-sevos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á;
Lucas 11.10 pois todo o que pede, recebe; e quem
busca acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
Lucas 11.11 E qual o pai dentre vós que, se o filho
lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe
pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?
86
Lucas 11.12 Ou, se pedir um ovo, lhe dará um
escorpião?
Lucas 11.13 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar
boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará
o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho
pedirem?
Lucas 11.14-23 - Vide Mateus 12.22-32
Lucas 11.14 Estava Jesus expulsando um
demônio, que era mudo; e aconteceu que,
saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões
se admiraram.
Lucas 11.15 Mas alguns deles disseram: É por
Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele
expulsa os demônios.
Lucas 11.16 E outros, experimentando-o, lhe
pediam um sinal do céu.
Lucas 11.17 Ele, porém, conhecendo-lhes os
pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido
contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa
cairá.
Lucas 11.18 Ora, pois, se Satanás está dividido
contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?
Pois dizeis que eu expulso dos demônios por
Belzebu.
Lucas 11.19 E, se eu expulso os demônios por
Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos?
Por isso eles mesmos serão os vossos juízes.
Lucas 11.20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu
expulso os demônios, logo é chegado a vós o
reino de Deus.
87
Lucas 11.21 Quando o valente guarda, armado, a
sua casa, em segurança estão os seus bens;
Lucas 11.22 mas, sobrevindo outro mais valente
do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a
armadura em que confiava, e reparte os seus
despojos.
Lucas 11.23 Quem não é comigo, é contra mim; e
quem comigo não ajunta, espalha.
Lucas 11.24-26 - Vide Mateus 12.43-45
Lucas 11.24 Ora, havendo o espírito imundo
saindo do homem, anda por lugares áridos,
buscando repouso; e não o encontrando, diz:
Voltarei para minha casa, donde saí.
Lucas 11.25 E chegando, acha-a varrida e
adornada.
Lucas 11.26 Então vai, e leva consigo outros sete
espíritos piores do que ele e, entrando, habitam
ali; e o último estado desse homem vem a ser
pior do que o primeiro.
Lucas 11.27,28:
Lucas 11.27 Ora, enquanto ele dizia estas coisas,
certa mulher dentre a multidão levantou a voz e
lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te
trouxe e os peitos em que te amamentaste.
Lucas 11.28 Mas ele respondeu: Antes bemaventurados os que ouvem a palavra de Deus, e
a observam.
88
A mulher que elogiou a mãe de Jesus deu-lhe o
mérito de ter dado ao mundo e educado um
filho como ele, todavia, o Senhor se apressou em
colocar todo o mérito na Palavra de Deus, a qual,
fora o instrumento da piedade de Maria, que
pôde assim, instruí-lo em sua infância, nos
caminhos de Deus. E assim, qualquer pessoa que
como Maria desse ouvido e praticasse a palavra
de Deus, seria também bem-aventurada.
Lucas 11.29-32 - Vide Mateus 12.38-42
Lucas 11.29 Como afluíssem as multidões,
começou ele a dizer: Geração perversa é esta;
ela pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará,
senão o de Jonas;
Lucas 11.30 porquanto, assim como Jonas foi
sinal para os ninivitas, também o Filho do
homem o será para esta geração.
Lucas 11.31 A rainha do sul se levantará no juízo
com os homens desta geração, e os condenará;
porque veio dos confins da terra para ouvir a
sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior
do que Salomão.
Lucas 11.32 Os homens de Nínive se levantarão
no juízo com esta geração, e a condenarão;
porque se arrependeram com a pregação de
Jonas; e eis aqui quem é maior do que Jonas.
89
Lucas 11.33-36 - Vide Mateus 6.22,23
Lucas 11.33 Ninguém, depois de acender uma
candeia, a põe em lugar oculto, nem debaixo do
alqueire, mas no velador, para que os que
entram vejam a luz.
Lucas 11.34 A candeia do corpo são os olhos.
Quando, pois, os teus olhos forem bons, todo o
teu corpo será luminoso; mas, quando forem
maus, o teu corpo será tenebroso.
Lucas 11.35 Vê, então, que a luz que há em ti não
sejam trevas.
Lucas 11.36 Se, pois, todo o teu corpo estiver
iluminado, sem ter parte alguma em trevas, será
inteiramente luminoso, como quando a candeia
te alumia com o seu resplendor.
Lucas 11.37-44:
Lucas 11.37 Acabando Jesus de falar, um fariseu
o convidou para almoçar com ele; e havendo
Jesus entrado, reclinou-se à mesa.
Lucas 11.38 O fariseu admirou-se, vendo que ele
não se lavara antes de almoçar.
Lucas 11.39 Ao que o Senhor lhe disse: Ora vós,
os fariseus, limpais o exterior do corpo e do
prato; mas o vosso interior do copo e do prato;
mas o vosso interior está cheio de rapina e
maldade.
90
Lucas 11.40 Loucos! quem fez o exterior, não fez
também o interior?
Lucas 11.41 Dai, porém, de esmola o que está
dentro do copo e do prato, e eis que todas as
coisas vos serão limpas.
Lucas 11.42 Mas ai de vós, fariseus! porque dais o
dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda
hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de
Deus. Ora, estas coisas importava fazer, sem
deixar aquelas.
Lucas 11.43 Ai de vós, fariseus! porque gostais
dos primeiros assentos nas sinagogas, e das
saudações nas praças.
Lucas 11.44 Ai de vós! porque sois como as
sepulturas que não aparecem, sobre as quais
andam os homens sem o saberem.
Toda a religiosidade dos fariseus estava baseada
em exterioridades e em práticas cerimoniais,
sem o devido acompanhamento de uma real e
viva devoção espiritual de seus corações. Eles se
escandalizavam com tudo o que contrariasse as
tradições de culto religioso que eles haviam
inventado como meros preceitos de homens,
como o lavar as mãos muitas vezes antes de
comer, como indicação de pureza religiosa.
O Senhor então, ao perceber que estava sendo
condenado por eles por não seguir as práticas
que eles observavam, apressou-se em lhes
revelar a verdade de que eles estavam mortos
espiritualmente e não podiam, portanto,
91
discernir o mundo espiritual, e por isso davam
tanto valor às práticas externas, sem se importar
com a justiça e o amor de Deus.
A justiça em foco não é a justiça dos tribunais,
mas a que se revela no Evangelho de fé em fé, a
saber, a justiça do próprio Cristo que é oferecida
a nós para a nossa justificação e que é em nós
implantada progressivamente na santificação.
E o amor de Deus é o amor ágape com o qual
devemos amar sacrificialmente a Ele e uns aos
outros.
Como eles poderiam ter isto enquanto
buscavam o louvor dos homens, e uma vida de
preeminência sobre os demais?
Como poderia habitar neles a justiça de Deus
quando estavam cheios de justiça própria,
julgando-se puros a seus próprios olhos? Como
poderiam chegar à fé que salva se julgavam que
não tinham do que se arrepender?
Lucas 11.45-54:
Lucas 11.45 Disse-lhe, então, um dos doutores da
lei: Mestre, quando dizes isso, também nos
afrontas a nós.
Lucas 11.46 Ele, porém, respondeu: Ai de vós
também, doutores da lei! porque carregais os
homens com fardos difíceis de suportar, e vós
92
mesmos nem ainda com um dos vossos dedos
tocais nesses fardos.
Lucas 11.47 Ai de vós! porque edificais os
túmulos dos profetas, e vossos pais os mataram.
Lucas 11.48 Assim sois testemunhas e aprovais
as obras de vossos pais; porquanto eles os
mataram, e vós lhes edificais os túmulos.
Lucas 11.49 Por isso diz também a sabedoria de
Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles
matarão uns, e perseguirão outros;
Lucas 11.50 para que a esta geração se peçam
contas do sangue de todos os profetas que,
desde a fundação do mundo, foi derramado;
Lucas 11.51 desde o sangue de Abel, até o sangue
de Zacarias, que foi morto entre o altar e o
santuário; sim, eu vos digo, a esta geração se
pedirão contas.
Lucas 11.52 Ai de vós, doutores da lei! porque
tirastes a chave da ciência; vós mesmos não
entrastes, e impedistes aos que entravam.
Lucas 11.53 Ao sair ele dali, começaram os
escribas e os fariseus a apertá-lo fortemente, e a
interrogá-lo acerca de muitas coisas,
Lucas 11.54 armando-lhe ciladas, a fim de o
apanharem em alguma coisa que dissesse.
Os escribas ficaram indignados com a
repreensão que Jesus fizera aos fariseus porque
entenderam que tudo aquilo se aplicava
também a eles, e de fato lhes era aplicável.
93
Nosso Senhor não recuou e confirmou tudo o
que dissera antes e acrescentou que os escribas
em vez de ensinarem a Lei ao povo, lhes
sobrecarregavam com fardos difíceis de serem
suportados, porque não expressavam a graça e o
amor de Deus em Seus mandamentos, senão
apenas exigências criadas pela imaginação e
tradição criadas pelos homens, as quais eles
próprios não observavam.
Eles eram os descendentes legítimos de todos
aqueles religiosos de Israel que haviam
perseguido e assassinado os profetas que Deus
lhes havia enviado para repreendê-los e exortálos a cumprir a Sua Palavra, e que continuariam
fazendo agora o que seus ancestrais haviam
feito pois fariam o mesmo com os profetas e
apóstolos que Deus levantaria na dispensação
do Evangelho. E eles de fato o fizeram conforme
podemos ver especialmente no relato do livro
de Atos e nas epístolas escritas pelos apóstolos
quanto à perseguição dos líderes religiosos de
Israel aos discípulos de Jesus.
Por último, somos informados no final do
capitulo quão maliciosamente os escribas e
fariseus planejavam atraí-lo para uma
armadilha, pois não podiam suportar essas
reprovações que lhes havia feito.
94
Lucas 12
Lucas 12.1-12:
Lucas 12.1 Ajuntando-se entretanto muitos
milhares de pessoas, de sorte que se
atropelavam uns aos outros, começou Jesus a
dizer primeiro aos seus discípulos: Acautelaivos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
Lucas 12.2 Mas nada há encoberto, que não haja
de ser descoberto; nem oculto, que não haja de
ser conhecido.
Lucas 12.3 Porquanto tudo o que em trevas
dissestes, à luz será ouvido; e o que falaste ao
ouvido no gabinete, dos eirados será apregoado.
Lucas 12.4 Digo-vos, amigos meus: Não temais os
que matam o corpo, e depois disso nada mais
podem fazer.
Lucas 12.5 Mas eu vos mostrarei a quem é que
deveis temer; temei aquele que, depois de
matar, tem poder para lançar no inferno; sim,
digo, a esse temei.
Lucas 12.6 Não se vendem cinco passarinhos por
dois asses? E nenhum deles está esquecido
diante de Deus.
Lucas 12.7 Mas até os cabelos da vossa cabeça
estão todos contados. Não temais, pois mais
valeis vós do que muitos passarinhos.
Lucas 12.8 E digo-vos que todo aquele que me
confessar diante dos homens, também o Filho
do homem o confessará diante dos anjos de
Deus;
95
Lucas 12.9 mas quem me negar diante dos
homens, será negado diante dos anjos de Deus.
Lucas 12.10 E a todo aquele que proferir uma
palavra contra o Filho do homem, isso lhe será
perdoado; mas ao que blasfemar contra o
Espírito Santo, não lhe será perdoado.
Lucas 12.11 Quando, pois, vos levarem às
sinagogas, aos magistrados e às autoridades,
não estejais solícitos de como ou do que haveis
de responder, nem do que haveis de dizer.
Lucas 12.12 Porque o Espírito Santo vos ensinará
na mesma hora o que deveis dizer.
A dura oposição que Jesus havia recebido da
parte dos escribas e fariseus, conforme
podemos ver no final do capítulo anterior,
ensejou este discurso que fizera às multidões
que o seguiam, para revelar que todos os que o
seguissem, seriam de igual modo perseguidos
pelos religiosos de Israel.
No entanto, ainda que eles pudessem, na
condição de autoridades da nação, levá-los até
mesmo à sentença extrema da morte física,
nada deveriam temer, pois nada poderiam fazer
contra os seus espíritos, que seriam salvos e
preservados por Deus para a vida eterna.
Sempre há esse risco de ter que arcar com este
custo por sermos seguidores de Cristo, mas é
melhor sofrer o martírio por fidelidade a Ele e à
Sua Palavra do que negá-lo diante dos homens,
96
pois isto implica em ser também negado por ele
diante dos anjos de Deus.
Todavia, os que fossem alcançados pela sua
salvação poderiam estar sossegados quanto ao
fato de, por motivo de eventuais fraquezas,
viessem a recuar temporariamente na fé, pois,
os que são de Deus, são perdoados por Ele, pois
não cometem o terrível pecado de blasfemar
contra o Espirito Santo, ou seja, de resistir à sua
influência e poder.
De maneira que poderiam ser sempre
restaurados à comunhão por meio da confissão
e do arrependimento.
O mesmo Espirito Santo que lhes concederia
graça para tal, também lhes assistiria nos
momentos em que fossem levados à presença
dos magistrados e das autoridades de Israel,
para serem acusados de sua fé em Cristo, pois na
hora da necessidade lhes seria concedido o que
responder. E de fato nós vemos isto ocorrendo
especialmente nas vidas dos apóstolos João,
Pedro e Paulo, quando tiveram que comparecer
perante as autoridades de Israel, dando-se
assim pleno cumprimento à profecia que Jesus
fizera.
97
Lucas 12.13-21:
Lucas 12.13 Disse-lhe alguém dentre a multidão:
Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo a
herança.
Lucas 12.14 Mas ele lhe respondeu: Homem,
quem me constituiu a mim juiz ou repartidor
entre vós?
Lucas 12.15 E disse ao povo: Acautelai-vos e
guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a
vida do homem não consiste na abundância das
coisas que possui.
Lucas 12.16 Propôs-lhes então uma parábola,
dizendo: O campo de um homem rico produzira
com abundância;
Lucas 12.17 e ele arrazoava consigo, dizendo: Que
farei? Pois não tenho onde recolher os meus
frutos.
Lucas 12.18 Disse então: Farei isto: derribarei os
meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali
recolherei todos os meus cereais e os meus
bens;
Lucas 12.19 e direi à minha alma: Alma, tens em
depósito muitos bens para muitos anos;
descansa, come, bebe, regala-te.
Lucas 12.20 Mas Deus lhe disse: Insensato, esta
noite te pedirão a tua alma; e o que tens
preparado, para quem será?
Lucas 12.21 Assim é aquele que para si ajunta
tesouros, e não é rico para com Deus.
98
Se a pessoa dentre a multidão tivesse pedido a
Jesus para lhe ajudar a entrar na posse da
herança celestial, certamente ele lhe teria dado
a sua atenção, mas quanto à demanda da
herança terrena que lhe foi apresentada nada
poderia fazer pois não veio ao mundo com a
missão de ser juiz que trata do direito das
sucessões.
Entretanto, o Senhor aproveitou o ensejo para
advertir contra o perigo da avareza, pois por
mais que uma pessoa possa obter e desfrutar
dos bens deste mundo, nada disso lhe valerá
caso venha a perder a sua alma, por não ser rica
na graça e na fé para com Deus. E para ilustrar
este ponto nosso Senhor citou a parábola de um
homem que viveu para ajuntar riquezas em
celeiros e descuidando-se totalmente do estado
eterno de sua alma.
Jesus veio para cuidar dos interesses da alma
imortal e não dos interesses relativos a este
mundo que passa. Ele está edificando um reino
eterno para o Pai com almas que são salvas por
crerem nele, e não se permitirá se desviar deste
grande alvo, por nada mais.
Lucas 12.22-34 - Vide texto paralelo em Mateus
6.25-34
Lucas 12.22 E disse aos seus discípulos: Por isso
vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa
99
vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao
corpo, pelo que haveis de vestir.
Lucas 12.23 Pois a vida é mais do que o alimento,
e o corpo mais do que o vestuário.
Lucas 12.24 Considerai os corvos, que não
semeiam nem ceifam; não têm despensa nem
celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais
não valeis vós do que as aves!
Lucas 12.25 Ora, qual de vós, por mais ansioso
que esteja, pode acrescentar um côvado à sua
estatura?
Lucas 12.26 Porquanto, se não podeis fazer nem
as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas
outras?
Lucas 12.27 Considerai os lírios, como crescem;
não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que
nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se
vestiu como um deles.
Lucas 12.28 Se, pois, Deus assim veste a erva que
hoje está no campo e amanhã é lançada no
forno, quanto mais vós, homens de pouca fé?
Lucas 12.29 Não procureis, pois, o que haveis de
comer, ou o que haveis de beber, e não andeis
preocupados.
Lucas 12.30 Porque a todas estas coisas os povos
do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que
precisais delas.
Lucas 12.31 Buscai antes o seu reino, e estas
coisas vos serão acrescentadas.
Lucas 12.32 Não temas, ó pequeno rebanho!
porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.
100
Lucas 12.33 Vendei o que possuís, e dai esmolas.
Fazei para vós bolsas que não envelheçam;
tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não
chega ladrão e a traça não rói.
Lucas 12.34 Porque, onde estiver o vosso
tesouro, aí estará também o vosso coração.
Lucas 12.35-48: Exortação à Vigilância
"35 Estejam cingidos os vossos lombos e acesas
as vossas candeias;
36 e sede semelhantes a homens que esperam o
seu senhor, quando houver de voltar das bodas,
para que, quando vier e bater, logo possam
abrir-lhe.
37 Bem-aventurados aqueles servos, aos quais o
senhor, quando vier, achar vigiando! Em
verdade vos digo que se cingirá, e os fará
reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá.
38 Quer venha na segunda vigília, quer na
terceira, bem-aventurados serão eles, se assim
os achar.
39 Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse
a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não
deixaria minar a sua casa.
40 Estai vós também apercebidos; porque,
numa hora em que não penseis, virá o Filho do
homem.
41 Então Pedro perguntou: Senhor, dizes essa
parábola a nós, ou também a todos?
42 Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o
mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá
101
sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a
ração?
43 Bem-aventurado aquele servo a quem o seu
senhor, quando vier, achar fazendo assim.
44 Em verdade vos digo que o porá sobre todos
os seus bens.
45 Mas, se aquele servo disser em teu coração:
O meu senhor tarda em vir; e começar a
espancar os criados e as criadas, e a comer, a
beber e a embriagar-se,
46 virá o senhor desse servo num dia em que
não o espera, e numa hora de que não sabe, e
corta-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com
os infiéis.
47 O servo que soube a vontade do seu senhor, e
não se aprontou, nem fez conforme a sua
vontade, será castigado com muitos açoites;
48 mas o que não a soube, e fez coisas que
mereciam castigo, com poucos açoites será
castigado. Daquele a quem muito é dado, muito
se lhe requererá; e a quem muito é confiado,
mais ainda se lhe pedirá.”
A vigilância é um dever imposto a todos os
cristãos, mas a partir do verso 42 até o 48 a
advertência de Cristo é dirigida especialmente
aos ministros que são os mordomos ou donos da
casa do Senhor, que são colocados sobre os
demais cristãos (servos dos quais cuidam os
líderes)..
102
O mau ministro aqui descrito, é hipócrita, não
convertido, que o demonstra pela sua falta de
perseverança em vigilância e em piedade,
comprovada pelo fato de se embriagar e
maltratar os cristãos, coisas que caracterizam o
comportamento daqueles que não conhecem a
Cristo.
Pedro perguntou a Jesus se estas palavras se
aplicavam a eles apóstolos, a quem estava
ministrando, ou a todos, e o Senhor restringiu as
ameaças de Seu discurso aos líderes, a quem
designou como aqueles a quem muito havia sido
dado, e de quem mais seria requerido.
Se um destino horrendo aguarda por todos
aqueles que forem mestres da religião cristã, e
que não são de Cristo, de quanta vigilância e
cuidado não devem então ter aqueles que são os
Seus verdadeiros ministros.
Eles não podem transferir a outros a
responsabilidade de mordomos que lhes foi
dada por Deus para cuidarem do Seu rebanho.
Cabe a eles administrarem a casa do Senhor
repartindo as graças espirituais àqueles que se
encontram debaixo do seu cuidado.
Os sacerdotes, fariseus e escribas dos dias de
Jesus, que eram considerados como a liderança
do
povo
de
Israel
se
enquadravam
perfeitamente no perfil daqueles líderes sobre
103
os quais o Senhor falou aos apóstolos que lhes
aguardava um horrível juízo no inferno de fogo.
Então os ministros do Senhor não devem seguir
o mesmo exemplo deles, servindo-Lhe por
interesse, como dominadores e exploradores do
Seu rebanho, porque terão que prestar contas
da Sua mordomia, porque são eles os
mordomos, os administradores da Sua casa, que
é a Igreja.
Por isso Jesus alertou os apóstolos sobre a
necessidade de uma permanente vigilância,
para o cumprimento fiel dos seus ministérios.
E isto se aplica a todos os Seus pastores, que são
encarregados por Ele para cuidarem do Seu
rebanho.
Aos pastores fiéis é prometida a bemaventurança de serem honrados e serem
colocados sobre o governo dos bens de Cristo,
depois da Sua segunda vinda, porque foram fiéis
no Seu dever de vigilância e cuidado do rebanho
(v..42-44).
O texto de Lucas acrescenta ao paralelo de
Mateus, os graus de castigo que serão impostos
aos mordomos infiéis descrentes. Porque é dito
que aqueles que agirem mau por ignorância,
sofrerão menos açoites, porque não estavam
conscientes e informados acerca da vontade do
Senhor.
104
Mas estes falsos ministros que apesar de
conhecerem a Palavra revelada, mesmo assim
agem com falsidade, sofrerão portanto, um
maior castigo.
Lucas 12.49-53:
Lucas 12.49 Vim lançar fogo à terra; e que mais
quero, se já está aceso?
Lucas 12.50 Há um batismo em que hei de ser
batizado; e como me angustio até que venha a
cumprir-se!
Lucas 12.51 Cuidais vós que vim trazer paz à
terra? Não, eu vos digo, mas antes dissensão:
Lucas 12.52 pois daqui em diante estarão cinco
pessoas numa casa divididas, três contra duas, e
duas contra três;
Lucas 12.53 estarão divididos: pai contra filho, e
filho contra pai; mãe contra filha, e filha contra
mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.
Jesus Cristo é o real elemento divisor de águas
deste mundo porque é por se crer nele ou não
que serão determinados os dois destinos
eternos distintos que estão reservados a todas as
pessoas.
Ou céu ou inferno, ou vida eterna ou morte
eterna, ou bem-aventurança eterna ou
vergonha eterna.
E tudo isso é definido por se crer ou não em
Cristo. De modo que é incorreto o modo de
105
pensar que Ele veio aqui com a missão de trazer
paz a todas as pessoas do mundo, para que todos
estivessem conciliados em perfeita harmonia
como uma grande família.
Jamais teria vindo com tal missão impossível,
pois bem sabe que o evangelho em alguns é
aroma de vida para a vida e em outros cheiro de
morte para a morte, em razão da forma como
reagem ao convite da graça para a salvação.
Os que resistem ao convite não podem estar
conciliados em harmonia com um mesmo
modo de pensar e sentir em relação às coisas
que são celestiais, espirituais e divinas, com
aqueles que são receptivos. E esta divisão ou
diferença de modo de pensar e sentir é visto até
mesmo em núcleos familiares, quando alguns
membros são convertidos a Cristo e outros não
são.
Então isto é como um fogo que Jesus veio lançar
à terra, e que já foi aceso por ele desde que aqui
chegou para pregar o evangelho. É pelo fogo que
somos provados. A palha será queimada em fogo
inextinguível, mas o ouro não é consumido por
ele, antes, é refinado, e é isto o que sucede no
processo de santificação dos crentes.
Mas este fogo somente seria acendido mais
efetivamente quando o Espírito Santo fosse
derramado no dia de Pentecostes depois de
Jesus ter passado pelo seu batismo de
106
sofrimento e agonia e morte na cruz, para nos
salvar de nossos pecados.
Lucas 12.54-59:
Lucas 12.54 Dizia também às multidões: Quando
vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis:
Lá vem chuva; e assim sucede;
Lucas 12.55 e quando vedes soprar o vento sul
dizeis; Haverá calor; e assim sucede.
Lucas 12.56 Hipócritas, sabeis discernir a face da
terra e do céu; como não sabeis então discernir
este tempo?
Lucas 12.57 E por que não julgais também por
vós mesmos o que é justo?
Lucas 12.58 Quando, pois, vais com o teu
adversário ao magistrado, procura fazer as pazes
com ele no caminho; para que não suceda que
ele te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao
meirinho, e o meirinho te lance na prisão
Lucas 12.59 Digo-te que não sairás dali enquanto
não pagares o derradeiro cetil.
Tendo dado seus discípulos a sua lição nos
versos precedentes, aqui Cristo vira-se para o
povo, e dá-lhes a deles.
Devemos ser sábios para buscar entender os
caminhos e as dispensações de Deus, para que
possamos nos preparar para eles de modo
adequado, do mesmo modo que fazemos em
relação às condições meteorológicas, para que
107
possamos nos prevenir em caso de previsão de
chuvas.
O cuidado que temos em relação à proteção do
nosso corpo para nos mantermos saudáveis,
deveria ser muito maior em relação às nossas
almas.
Assim como o tempo natural oferece indícios
para o que sucederá depois, de igual forma, por
vários indícios Deus havia dado aos judeus
vários indícios para o tempo da chegada do
Messias, e que estavam sendo cumpridos em
Jesus, e eles não estavam lhe dando grande
importância.
Assim, eram hipócritas em sua afirmação de
que estavam aguardando a chegada do Messias
prometido na Lei e nos profetas do Velho
Testamento.
Jesus veio para que
reconciliados com Deus.
pudéssemos
ser
Sem crer nele não podemos fazer as pazes com
Deus.
Não teremos esta oportunidade quando o nosso
tempo tiver sido esgotado, e se por descuido ou
voluntariamente, formos negligentes em nossa
previsão do tempo espiritual, rejeitando a paz
reconciliadora que é oferecida em Jesus, nada
108
mais podemos esperar senão o sermos lançados
numa prisão eterna.
Enquanto não somos justificados pela fé,
permanecemos como adversários de Deus.
Mas por Cristo, justificados pela fé, podemos ter
paz eterna com Ele (Rom 5.1).
109
Lucas 13
Lucas 13.1-5:
Lucas 13.1 Ora, naquele mesmo tempo estavam
presentes alguns que lhe falavam dos galileus
cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios
deles.
Lucas 13.2 Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós
que esses foram maiores pecadores do que
todos os galileus, por terem padecido tais
coisas?
Lucas 13.3 Não, eu vos digo; antes, se não vos
arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Lucas 13.4 Ou pensais que aqueles dezoito, sobre
os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram
mais culpados do que todos os outros habitantes
de Jerusalém?
Lucas 13.5 Não, eu vos digo; antes, se não vos
arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Diante da perplexidade de alguns com a
crueldade de Pilatos, o qual a propósito era um
governante cruel e não uma pessoa justa como
alguns consideram pelo fato de ter lavado
cinicamente as mãos na exaração da sentença
que dera contra Jesus, pois nosso Senhor
confirmou a sua culpa diante de Deus, que não
chegava a ser tão grande como a de Judas,
porque este último privara da Sua companhia.
110
Eles pensavam que isto fora permitido por Deus
a Pilatos porque julgavam que aqueles que
haviam sido executados por ele deveriam ter
grande culpa diante de Deus por pecados que
haviam praticado.
Para corrigir este erro que é tão comum à
mentalidade humana em geral, nosso Senhor
não somente lhes disse que isto não lhes
sucedeu por serem mais pecadores do que os
demais homens, como também lhes citou mais
um outro caso em que dezoito pessoas haviam
morrido num acidente debaixo de uma torre
que caíra sobre eles, e que não eram mais
culpados do que os demais habitantes de
Jerusalém.
Ele declarou a doutrina do pecado universal que
torna todos os homens culpáveis diante de Deus
e dignos do Seu juízo condenatório final, e do
qual somente podem escapar através do
arrependimento.
É somente pelo arrependimento e fé em Cristo
que podemos escapar da morte espiritual e
eterna.
Lucas 13.6-9:
Lucas 13.6 E passou a narrar esta parábola: Certo
homem tinha uma figueira plantada na sua
vinha; e indo procurar fruto nela, e não o achou.
111
Lucas 13.7 Disse então ao viticultor: Eis que há
três anos venho procurar fruto nesta figueira, e
não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a
terra inutilmente?
Lucas 13.8 Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a
este ano ainda, até que eu cave em derredor, e
lhe deite estrume;
Lucas 13.9 e se no futuro der fruto, bem; mas, se
não, cortá-la-ás.
O vinhateiro intercessor suplicou pela figueira
estéril: "Deixa-a ainda este ano," pedindo o prazo
de um ano, a partir do momento em que falou
isso. Evidentemente, um ano tinha transcorrido
quando chegou o tempo de buscar fruto na
figueira, e outro ano começava quando o
vinhateiro começou de novo sua obra de cavar e
podar.
Os homens são seres tão estéreis, que sua
produção de frutos não marca épocas certas. Por
isso, temos que dizer uns dos outros: "esse será
o começo de um novo ano."
Então, que assim seja. Congratulemo-nos uns
aos outros por ver a alvorada de "ainda esse ano",
e oremos juntos para que possamos entrar nele,
continuar nele, e chegar à sua conclusão,
debaixo da perene benção do Senhor a quem
pertence todos os anos.
I. O começo de um ano novo SUGERE UMA
RETROSPECTIVA.
112
Olhemos resoluta e honestamente. "Ainda este
ano"
Deus, que nos dá "ainda esse ano", nos tem dado
outros anos previamente. Sua paciente
misericórdia não é uma novidade. Sua paciência
já foi posta à prova por nossas provocações.
Primeiro, vieram nossos anos juvenis, quando,
inclusive, um pequeno fruto para Deus é
peculiarmente agradável a Ele. Como o
passamos? Acumulou-se toda nossa força na
casca silvestre e no cacho deixado como resto?
Se for assim, bem podemos lamentar o vigor
desperdiçado, e a vida mal gasta, esse
assombroso pecado multiplicado. Quem nos viu
usar indevidamente aqueles meses de ouro da
juventude, nos proporciona "ainda esse ano", e
temos de entrar nele com um santo zelo, para
que a força e o ardor que nos sobraram não
corram os mesmos caminhos de desperdício
como em anos anteriores.
Seguindo os calcanhares de nossos anos
juvenis, vieram os anos correspondentes à
maturidade, quando começamos a formar um
lar, e nos convertemos como uma árvore
plantada em seu lugar – também aí o fruto teria
sido precioso. Produzimos algum fruto?
Oferecemos a Ele as primícias de nossa força?
Se assim o fizemos, bem podemos adorar a graça
que nos salvou tão cedo, mas se não foi assim, o
113
passado nos repreende, e, levantando um dedo
acusador, nos adverte que não permitamos que
"ainda esse ano" siga o caminho do resto de
nossas vidas.
Aquele que tiver desperdiçado a juventude e a
manhã da maturidade dedicou tempo suficiente
à insensatez – o tempo passado deveria lhe
bastar para ter cumprido a vontade da carne;
seria um excesso de iniquidade permitir que
“ainda esse ano" seja espezinhado no serviço do
pecado.
Muitos de nós nos encontramos na flor da idade,
e os anos que já vivemos não são poucos. Ainda
necessitamos confessar que nossos anos são
comidos pelo gafanhoto e pelo pulgão? Acaso
ainda não sabemos aonde vamos?
Somos ainda néscios à idade de quarenta anos?
Temos cinquenta, de acordo com o calendário,
no entanto, nos encontramos a grande distância
do critério?
Ah, grandioso Deus, que ainda há homens que
passam essa idade e ainda não têm
conhecimento! Não são salvos aos sessenta, não
são regenerados aos setenta, não foram
despertados aos oitenta, não são renovados aos
noventa!
Todas e cada uma dessas considerações são
muito alarmantes. No entanto, porventura, cada
114
uma cairá em ouvidos que não poderão deixar
de formigar, ainda que as ouçam como se não as
tivessem ouvido. A continuidade no mal gera
dureza de coração, e quando a alma esteve
dormindo por largo tempo na indiferença, é
difícil despertá-la do estupor mortal.
O som das palavras "ainda esse ano", nos faz
lembrar os anos de grande misericórdia.
Esses anos foram colocados aos pés do Senhor?
Se não foram, como responderemos por eles, se
os desperdiçamos nos caminhos do abandono?
Produzimos
recebido?
de
acordo
com
o
benefício
Levantamo-nos da cama sendo mais pacientes e
mansos, odiados do mundo, e unicamente
unidos a Cristo?
Produzimos cachos de fruto para recompensar
o grande agricultor da vinha?
Não recusemos essas perguntas de autoexame,
pois isso poderá resultar em outro desses anos
de cativeiro, outra estação de forno.
O novo ano também nos lembra das
oportunidades de utilidade, que chegaram e se
foram, e de resoluções não cumpridas, que
floresceram só para murcharem – será "ainda
115
esse ano" como aqueles que transcorreram
antes?
Não poderíamos esperar que a graça avançasse
sobre a graça já ganha, e não deveríamos buscar
poder para transformar nossas enfermas
promessas em robusta ação?
Olhando o passado, lamentamos as loucuras
pela quais não queríamos ser mantidos "ainda
esse ano"; e adoramos a misericórdia
perdoadora, a providencia preservadora, a
liberalidade ilimitada e o amor divino, dos quais
esperamos ser participantes "ainda esse ano".
II. A segunda consideração: o texto MENCIONA
UMA MISERICÓRDIA.
Foi devido a uma grande benignidade, que foi
concedida à arvore que inutilizava a terra,
permanecer ainda outro ano, e a vida
prolongada sempre há de ser considerada uma
benção da misericórdia. Veremos "ainda esse
ano"... como uma dádiva da graça infinita. É mal
falar como se a vida não nos importasse, e
considerar nossa estada aqui como um mal ou
um castigo – estamos aqui "ainda esse ano" como
resultado das intercessões do amor, e em
cumprimento dos desígnios do amor.
O homem perverso deveria considerar que a
paciência do Senhor aponta para sua salvação, e
permitir que as cordas de amor o atassem a ela.
116
Por acaso, lhes é concedida vida para que
amaldiçoem, corram desenfreados e desafiem
seu Criador? Esse deveria ser o único fruto da
paciente misericórdia?
Como é que o Senhor tem sido indulgente com
ele, e tolerado suas vaciladas e titubeios? Esse
ano de graça será mal gasto da mesma forma?
As impressões passageiras, as precipitadas
resoluções e as apostasias terão de ser a mesma
história trilhada que se repete uma e outra vez?
A consciência assustada, a tirânica paixão, a
emoção reprimida. Serão esses os sinais de
"ainda esse ano"?
Que Deus não permita que nenhum de nós
duvide ou adie ao longo de "ainda esse ano".
A piedade infinita detém a lança da justiça – será
ela insultada pela repetição dos pecados que a
provocaram? O que poderia ser mais
atemorizante para o coração da bondade que a
indecisão?
Bem faz o profeta do Senhor em se colocar
impaciente e clamar:
Até quando coxeareis entre dois pensamentos?
(1Reis 18:21)
117
Deus pode muito bem exigir uma decisão e uma
resposta imediata.
Oh, alma indecisa; ainda oscilará muito tempo
entre o céu e o inferno, e atuará como se fosse
difícil decidir entre a escravidão de Satanás e a
liberdade do lar de amor do Grandioso Pai?
"Ainda esse ano" será o amor divino convertido
em uma ocasião para um continuo pecado?
Oh, não atue dessa forma vil, de maneira tão
adversa a todo instinto nobre, de maneira tão
injuriosa para seus próprios e melhores
interesses.
O crente é conservado fora do céu "ainda esse
ano" em amor, e não na ira. Existem alguns por
cuja causa é necessário que habite na carne,
alguns que serão ajudados por Ele em seu
caminho até o céu, e outros que serão
conduzidos aos pés do Redentor por Sua
instrução. O céu de muitos santos ainda não está
preparado para eles, porque seus companheiros
mais próximos não chegaram ainda, e seus
filhos espirituais não se reuniram na glória em
número suficiente, para dar-lhes uma completa
bem-vinda celestial; terão de esperar "ainda
esse ano" para que seu repouso seja mais
glorioso, e os feixes que levarão possam
proporcionar-lhes um gozo maior.
118
Verdadeiramente, por causa das almas, pelo
deleite de glorificar nosso Senhor, e pelo
incremento de joias em nossa coroa podemos
estar contentes de esperar aqui embaixo "ainda
esse ano".
III. Nossas últimas palavras frágeis lhes
recordarão que a expressão "ainda esse ano"
IMPLICA EM UM LIMITE.
O vinhateiro não pediu uma suspensão da
sentença maior que um ano. Se o labor de cavar
e adubar não mostrassem ser eficazes, não
intercederia mais, e a árvore deveria cair.
Mesmo quando Jesus é o intercessor, a
solicitação de misericórdia tem seus limites e
tempos. Não é para sempre que seremos
deixados a sós, e nos seja permitido inutilizar a
terra; se não nos arrependermos, devemos
perecer; se não queremos ser beneficiados pela
enxada, devemos cair pelo golpe do machado.
Virá um último ano a cada um de nós: portanto,
que cada um diga a si mesmo: esse é meu último
ano?
Se fosse o último ano para o pregador, cingiria
seus lombos para entregar a mensagem do
Senhor com toda sua alma e pedir a seus
semelhantes que sejam reconciliados com
Deus.
119
Querido amigo, "ainda esse ano" será seu último
ano? Está preparado para ver a cortina se
levantar revelando a eternidade? Está
preparado para ouvir o grito da meia noite, e
entrar na ceia das Bodas?
O juízo e tudo o que se seguir são de forma
certíssima, a herança de todo homem. Benditos
aqueles que pela fé em Jesus são capazes de
enfrentar o tribunal de Deus sem pensamentos
de terror.
Se vivêssemos para ser contatos entre os
habitantes mais velhos, ainda assim devemos
partir: tem que haver um fim, e a voz deve ser
ouvida: "Assim diz o Senhor, morrerá esse ano".
Oh homem mortal, reflita! Prepare-se para ir ao
encontro de teu Deus, pois deves encontrar-se
com Ele. Busque ao Salvador, sim, busque-O
antes que outro sol se oculte para seu descanso.
Mais uma vez, "ainda esse ano" - e poderá ser só
por esse ano – a cruz é levantada como o farol do
mundo; a única luz à qual nenhum olho mira em
vão.
Oh, que milhões de pessoas olhassem para esse
local e vivessem. O Senhor pronto virá uma
segunda vez, e então o resplendor de Seu trono
ocupará o lugar do ligeiro esplendor de Sua
cruz: o Juiz será visto no lugar do Redentor.
120
Agora Ele salva, porém naquele momento Ele
destruirá. Ouçamos Sua voz nesse momento. Ele
tem posto um limite de graça. Creiamos em
Jesus nesse dia, vendo que poderia ser nosso
último dia.
Essas são as súplicas de alguém que agora
encosta-se a seu travesseiro, absorto na
debilidade. Ouça-as por causa de sua própria
alma e viva.
Texto de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e
adaptado pelo Pr Silvio Dutra.
Lucas 13.10-17:
Lucas 13.10 Jesus estava ensinando numa das
sinagogas no sábado.
Lucas 13.11 E estava ali uma mulher que tinha
um espírito de enfermidade havia já dezoito
anos; e andava encurvada, e não podia de modo
algum endireitar-se.
Lucas 13.12 Vendo-a Jesus, chamou-a, e disselhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade;
Lucas 13.13 e impôs-lhe as mãos e
imediatamente ela se endireitou, e glorificava a
Deus.
Lucas 13.14 Então o chefe da sinagoga, indignado
porque Jesus curara no sábado, tomando a
palavra disse à multidão: Seis dias há em que se
deve trabalhar; vinde, pois, neles para serdes
curados, e não no dia de sábado.
121
Lucas 13.15 Respondeu-lhe, porém, o Senhor:
Hipócritas, no sábado não desprende da
manjedoura cada um de vós o seu boi, ou
jumento, para o levar a beber?
Lucas 13.16 E não devia ser solta desta prisão, no
dia de sábado, esta que é filha de Abraão, a qual
há dezoito anos Satanás tinha presa?
Lucas 13.17 E dizendo ele essas coisas, todos os
seus adversários ficavam envergonhados; e todo
o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas
que eram feitas por ele.
Mais uma vez Jesus confrontou o formalismo
hipócrita religioso com a verdadeira piedade.
Na sinagoga poderia se ensinar, mas não curar,
porque isto era considerado uma forma de
trabalho sendo realizado no dia de sábado.
Uma mulher que estava possuída por Satanás há
dezoito anos e que andava por isso encurvada,
por uma forma do espirito imundo humilhá-la e
fazê-la sofrer foi libertada pelo Senhor.
O chefe da sinagoga ficou indignado e disse à
multidão que deveriam buscar a cura em outros
dias da semana, nos quais se podia trabalhar, e
não no dia de sábado.
Todavia Jesus repreendeu a hipocrisia deles
com um símile no qual expôs a verdade de que
eles trabalhavam aos sábados por soltarem da
manjedoura seus animais para dar-lhes de
122
beber, e no entanto, não consentiam que uma
pessoa que estava aprisionada por Satanás fosse
libertada.
Porventura Deus se ocupa mais de bois ou de
homens?
A que ponto pode chegar o endurecimento pelo
formalismo religioso!
Fé e Sofrimento
Quando a enfermidade ou a aflição assola por
longo tempo e de modo contínuo, parece que a
fé por fim sucumbirá e não resistirá, porque a
enfermidade e a aflição geram uma fraqueza na
alma, e perturbam a paz da nossa mente, de
maneira que pouco conseguimos fazer a não ser
clamar a Deus para que seja misericordioso para
conosco, dando-nos livramento de nossas dores.
Mas tal é a virtude da graça de nosso Senhor
Jesus Cristo, que Ele virá em nosso socorro,
mesmo quando não Lhe estivermos buscando
para sermos curados, senão para adorá-lo e
sermos instruídos por Ele, tal como fizera
aquela mulher enferma, há dezoito anos, que
fora à sinagoga para ouvi-Lo, tal como muitos
estavam fazendo na mesma ocasião.
Havia um culto solene na sinagoga, e não seria
de se esperar que ele fosse interrompido, na
123
sucessão dos atos relativos ao serviço de
orações, leitura e exposição da Palavra de Deus.
Todavia, foi o próprio Senhor Jesus Cristo que
tomou a iniciativa de parar a sua pregação para
chamar aquela mulher enferma para que a
curasse.
De modo muito diferente daqueles que entre
nós, seguem estrita e rotineiramente o costume
tradicional de pregarem sem permitirem que
qualquer ação, ainda que do Espírito Santo,
venha a interromper a sua oratória, nosso
Senhor Jesus Cristo nos mostrou o que deve ser
feito, mesmo quando estamos pregando,
porque interrompeu o seu ensino em pleno
culto da sinagoga, para realizar uma cura
específica de uma determinada pessoa que se
encontrava na congregação.
Nós vamos ao culto, ainda que em fraquezas de
enfermidades, perplexidades, aflições, e toda
sorte de sofrimentos, na expectativa de
simplesmente adorarmos ao Senhor e
aprendermos a Sua Palavra, mas, em Sua
infinita graça e misericórdia, o Senhor vai muito
além, e nos livra, muitas vezes, de nossas cargas
e sofrimentos.
Louvado seja o seu santo nome, que dia a dia,
carrega os nossos fardos.
124
Que nos ensina que o culto não é um mero
cumprimento de obrigações religiosas, mas um
meio vivo e eficaz de sermos abençoados por Ele
com toda a sorte de bênçãos, enquanto nos
dispomos apenas a adorá-lO.
Não importa que pessoas insensíveis e
hipócritas, fiquem escandalizadas com Seus
atos de misericórdia, tal como sucedeu na
Sinagoga, nosso Senhor haverá de atender as
nossas
mais
urgentes
necessidades,
independentemente da oposição que Lhe
possam fazer tais hipócritas religiosos
insensíveis, que não querem dar lugar algum, e
o mínimo desperdício de tempo, conforme eles
assim o consideram, com o exercício da
misericórdia.
Nosso Senhor continuará envergonhando estes
religiosos insinceros, enquanto o povo simples
e humilde que O adora, continuará se
regozijando e Lhe glorificando pelos Seus
poderosos feitos.
Não será permitido pelo Senhor que aqueles
que dão honra à Sua Palavra, tal como a mulher
enferma da nossa estória, fiquem encurvados
por um tempo além do que for permitido por
Ele, debaixo das cargas que lhes são impostas
por Satanás, e assim, os livrará no tempo
oportuno, para que seus filhos louvem a glória
da Sua graça, que Ele nos tem concedido
125
abundantemente, não pelos nossos méritos,
mas pela exclusiva fé nEle e na Sua misericórdia.
Louvado seja o Seu grande nome, para todo o
sempre.
Lucas 13.18,19 - Vide Mateus 13.31,32
Lucas 13.18 Ele, pois, dizia: A que é semelhante o
reino de Deus, e a que o compararei?
Lucas 13.19 É semelhante a um grão de mostarda
que um homem tomou e lançou na sua horta;
cresceu, e fez-se árvore, e em seus ramos se
aninharam as aves do céu.
Lucas 13.20,21 - Vide Mateus 13.33-35
Lucas 13.20 E disse outra vez: A que compararei
o reino de Deus?
Lucas 13.21 É semelhante ao fermento que uma
mulher tomou e misturou com três medidas de
farinha, até ficar toda ela levedada.
Lucas 13.22-30:
Lucas 13.22 Assim percorria Jesus as cidades e as
aldeias, ensinando, e caminhando para
Jerusalém.
Lucas 13.23 E alguém lhe perguntou: Senhor, são
poucos os que se salvam? Ao que ele lhes
respondeu:
126
Lucas 13.24 Porfiai por entrar pela porta estreita;
porque eu vos digo que muitos procurarão
entrar, e não poderão.
Lucas 13.25 Quando o dono da casa se tiver
levantado e cerrado a porta, e vós começardes,
de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abrenos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois;
Lucas 13.26 então começareis a dizer: Comemos
e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas
nossas ruas;
Lucas 13.27 e ele vos responderá: Não sei donde
sois; apartai-vos de mim, vós todos os que
praticais a iniquidade.
Lucas 13.28 Ali haverá choro e ranger de dentes
quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os
profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.
Lucas 13.29 Muitos virão do oriente e do
ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à
mesa no reino de Deus.
Lucas 13.30 Pois há últimos que serão primeiros,
e primeiros que serão últimos.
Quando alguém perguntou a Jesus se são
poucos os que são salvos por Deus para a vida
eterna, ele respondeu com a doutrina da
eleição, pela qual sabemos que a salvação não é
para quem quer ou quem corre, como no dizer
do apóstolo Paulo, mas por Deus exercer
misericórdia em eleger alguns entre os
pecadores para a salvação. Eleição esta que está
baseada na santificação do Espírito Santo,
127
segundo a presciência de Deus, conforme
palavras do apóstolo Pedro.
Então não é correto o pensamento de muitos de
que Deus esteja implorando aos pecadores que
se convertam a Ele, como se estivessem lhe
fazendo um grande favor com isso. Ao contrário,
é Deus que favorece a nós, pecadores, que não
somos dignos e nem merecedores da sua graça
e misericórdia.
O critério da eleição passa então pelo teste da
evidência do nosso amor à santidade, pois os
que amam a iniquidade, ainda que desejem ser
salvos, e se esforcem atendendo a demandas
religiosas, não serão salvos por Deus de modo
algum.
Jesus, como não poderia agir de modo diferente,
disse a verdade com suas palavras, e não
procurou amenizar ou agradar as expectativas
dos homens, tentando facilitar as coisas para
nós, por nos alimentar com falsas esperanças
para sermos salvos, sem que houvesse nisto
qualquer critério da parte de Deus para ser
atendido.
Sabemos que o grande critério é a fé e o
arrependimento, e que portanto, todos os que se
arrependem e se convertem a Cristo, serão
salvos eternamente, pois jamais lançará fora a
qualquer que vier a ele com os motivos corretos
fixados por Deus.
128
Lucas 13.31-35:
Lucas 13.31 Naquela mesma hora chegaram
alguns fariseus que lhe disseram: Sai, e retira-te
daqui, porque Herodes quer matar-te.
Lucas 13.32 Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a
essa raposa: Eis que vou expulsando demônios e
fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia
serei consumado.
Lucas 13.33 Importa, contudo, caminhar hoje,
amanhã, e no dia seguinte; porque não convém
que morra um profeta fora de Jerusalém.
Lucas 13.34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os
profetas, e apedrejas os que a ti são enviados!
Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos,
como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das
asas, e não quiseste!
Lucas 13.35 Eis aí, abandonada vos é a vossa casa.
E eu vos digo que não me vereis até que venha o
tempo em que digais: Bendito aquele que vem
em nome do Senhor.
Fingindo estarem preocupados com a
segurança de Jesus, alguns fariseus vieram a ele
dizendo que se retirasse de Jerusalém porque
Herodes queria matá-lo. Na verdade queriam se
livrar dele e conduzi-lo à obscuridade, e então a
resposta que receberam foi a de que deveriam a
ir a Herodes, a quem Jesus chamou de raposa,
por causa da sua astúcia política, que ele
continuaria expulsando demônios e fazendo
curas naquele dia e no seguinte, e sabia que
129
nada lhe aconteceria, porque somente no
terceiro dia seria preso para que fosse
consumado o seu propósito de vir ao mundo,
para morrer em Jerusalém, de onde Herodes,
por inspiração do diabo e pelo secretariado
daqueles fariseus, estava tentando persuadi-lo a
violar o cronograma que já estava estabelecido
por Deus.
Com estas palavras nosso Senhor afirmou que
sabia que o dia da sua morte estava mui
próximo, e que importava continuar pregando o
evangelho em Israel, e não fugir para outro país,
descumprindo a sua missão, preocupado com
algum cuidado pessoal.
Ao Senhor aguardava o mesmo destino que
havia sido experimentado por vários profetas
que foram enviados por Deus a Jerusalém no
passado, para o bem da cidade, e que em vez de
serem recebidos e ouvidos, os apedrejaram e
mataram.
130
Lucas 14
Lucas 14.1-6:
Lucas 14.1 Tendo Jesus entrado, num sábado, em
casa de um dos chefes dos fariseus para comer
pão, eles o estavam observando.
Lucas 14.2 Achava-se ali diante dele certo
homem hidrópico.
Lucas 14.3 E Jesus, tomando a palavra, falou aos
doutores da lei e aos fariseus, e perguntou: É
lícito curar no sábado, ou não?
Lucas 14.4 Eles, porém, ficaram calados. E Jesus,
pegando no homem, o curou, e o despediu.
Lucas 14.5 Então lhes perguntou: Qual de vós, se
lhe cair num poço um filho, ou um boi, não o
tirará logo, mesmo em dia de sábado?
Lucas 14.6 A isto nada puderam responder.
Por passagens do evangelho semelhantes a esta
muitos incautos afirmam que Jesus violava a lei
do sábado deliberadamente, e que com isto
estava pecando porque transgredia a um dos
mandamentos da Lei de Moisés.
O absurdo desta forma de pensar está no fato
mesmo de que Jesus é o autor da Lei de Moisés
juntamente com Deus Pai e o Espírito Santo, e
como poderia ser transgressor daquilo que Ele
mesmo estabeleceu pela sua própria autoridade
e poder?
131
Ademais, deve ser considerado que caso Jesus
tivesse transgredido qualquer mandamento da
Lei, em um só momento que fosse, Ele não
poderia ter morrido em nosso lugar, porque não
teria cumprido perfeitamente a Lei, e importava
que a Sua obediência pudesse nos ser imputada
vicariamente, com vistas à nossa justificação.
Jesus nada violou ou transgrediu da Lei e nem a
revogou, antes a cumpriu por nossa causa, pois
com a mesma autoridade com que a cumpriu
para que pudesse morrer no nosso lugar,
revogou a obrigação dos mandamentos
cerimoniais da Lei que apontavam para Ele em
figura, depois da sua morte e ressurreição,
quando foi inaugurada uma nova aliança no
lugar da antiga.
Em todo o caso, curar, fazer o bem ao próximo,
nunca foi proibido pela Lei. Isto foi acrescido
pelos fariseus e escribas que criaram várias
listas do que era permitido ou não se fazer no dia
de sábado.
Este nunca fora o espírito da Lei que fora
revelada por Deus a Moisés para ser cumprida
pelo povo de Israel em relação aos
mandamentos cerimoniais.
132
Lucas 14.7-14:
Lucas 14.7 Ao notar como os convidados
escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes
esta parábola:
Lucas 14.8 Quando por alguém fores convidado
às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não
aconteça que esteja convidado outro mais digno
do que tu;
Lucas 14.9 e vindo o que te convidou a ti e a ele,
te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha,
tenhas de tomar o último lugar.
Lucas 14.10 Mas, quando fores convidado, vai e
reclina-te no último lugar, para que, quando
vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais
para cima. Então terás honra diante de todos os
que estiverem contigo à mesa.
Lucas 14.11 Porque todo o que a si mesmo se
exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo
se humilhar será exaltado.
Lucas 14.12 Disse também ao que o havia
convidado: Quando deres um jantar, ou uma
ceia, não convides teus amigos, nem teus
irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos
ricos, para que não suceda que também eles te
tornem a convidar, e te seja isso retribuído.
Lucas 14.13 Mas quando deres um banquete,
convida os pobres, os aleijados, os mancos e os
cegos;
Lucas 14.14 e serás bem-aventurado; porque eles
não têm com que te retribuir; pois retribuído te
será na ressurreição dos justos.
133
Esta admoestação de Jesus não apenas aos
convidados como também ao que havia feito o
convite, tinha em vista principalmente revelar
que o espírito de exaltação é um grande
obstáculo à salvação que Ele veio trazer para os
pecadores, pois dificilmente uma pessoa que
exalte a si mesma, se arrependerá e se
encurvará diante de Deus em busca de perdão
dos seus pecados.
O fato de buscar o favor e o reconhecimento dos
homens nos
afasta
do
favor
e
do
reconhecimento de Deus.
Nenhuma recompensa de caráter eterno pode
nos ser concedida pelos homens, ainda que pelo
mais poderoso e influente deles.
Lucas 14.15-24 - Mateus 22.1-14
Lucas 14.15 Ao ouvir isso um dos que estavam
com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado
aquele que comer pão no reino de Deus.
Lucas 14.16 Jesus, porém, lhe disse: Certo
homem dava uma grande ceia, e convidou a
muitos.
Lucas 14.17 E à hora da ceia mandou o seu servo
dizer aos convidados: vinde, porque tudo já está
preparado.
Lucas 14.18 Mas todos à uma começaram a
escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um
134
campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te que me dês por
escusado.
Lucas 14.19 Outro disse: Comprei cinco juntas de
bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me dês
por escusado.
Lucas 14.20 Ainda outro disse: Casei-me e
portanto não posso ir.
Lucas 14.21 Voltou o servo e contou tudo isto a
seu senhor: Então o dono da casa, indignado,
disse a seu servo: Sai depressa para as ruas e
becos da cidade e traze aqui os pobres, os
aleijados, os cegos e os coxos.
Lucas 14.22 Depois disse o servo: Senhor, feito
está como o ordenaste, e ainda há lugar.
Lucas 14.23 Respondeu o senhor ao servo: Sai
pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar,
para que a minha casa se encha.
Lucas 14.24 Pois eu vos digo que nenhum
daqueles homens que foram convidados
provará a minha ceia.
Lucas 14.25-33:
Lucas 14.25 Ora, iam com ele grandes multidões;
e, voltando-se, disse-lhes:
Lucas 14.26 Se alguém vier a mim, e não
aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a
irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida,
não pode ser meu discípulo.
Lucas 14.27 Quem não leva a sua cruz e não me
segue, não pode ser meu discípulo.
135
Lucas 14.28 Pois qual de vós, querendo edificar
uma torre, não se senta primeiro a calcular as
despesas, para ver se tem com que a acabar?
Lucas 14.29 Para não acontecer que, depois de
haver posto os alicerces, e não a podendo
acabar, todos os que a virem comecem a zombar
dele,
Lucas 14.30 dizendo: Este homem começou a
edificar e não pode acabar.
Lucas 14.31 Ou qual é o rei que, indo entrar em
guerra contra outro rei, não se senta primeiro a
consultar se com dez mil pode sair ao encontro
do que vem contra ele com vinte mil?
Lucas 14.32 No caso contrário, enquanto o outro
ainda está longe, manda embaixadores, e pede
condições de paz.
Lucas 14.33 Assim, pois, todo aquele dentre vós
que não renuncia a tudo quanto possui, não
pode ser meu discípulo.
No afã de enfatizarmos somente, que realmente
a salvação é pela graça, mediante a fé em Cristo,
podemos contribuir para enviar um grande
contingente de almas para o inferno, enquanto
lhes enfatizamos somente esta verdade. Não
pela verdade que dizemos, mas pelo modo que
as pessoas possam entendê-la.
Para alertar as pessoas daquela grande multidão
que Lhe seguia, e também a qualquer um de nós,
Jesus disse estas palavras de Lucas 14.25-33, de
que aqueles que foram verdadeiramente salvos
136
pela graça, mediante a fé nEle, são os que
mostram a evidência da operação da cruz em
suas vidas, especialmente no bom combate da
fé, que travarão continuamente contra a carne,
o diabo e o mundo.
Por isso, Ele manda que este custo que
acompanha a verdadeira salvação, seja
devidamente avaliado por aqueles que
pretendem ser Seus discípulos.
Milhões se iludiram e ainda continuam se
iludindo pensando terem obtido a salvação, pelo
simples fato de terem feito um dia, uma
profissão verbal de fé em Cristo; no entanto,
nunca mostraram em suas vidas terem sorvido
uma única gota do cálice de sofrimentos em
favor do evangelho, que deve ser sorvido por
aqueles que alcançaram verdadeiramente a
salvação. Esta será uma evidência de que nunca
houve de fato, um trabalho da graça
transformando os seus corações, apesar das
convicções que têm em si mesmos, de que são
crentes e que irão para o céu quando deixarem
este mundo.
A parábola do semeador demonstra de modo
muito claro, quantos se iludem a respeito de
terem alcançado a vida eterna, por pensarem,
que por terem dado acolhida à Palavra, isto seria
suficiente para serem salvos; e que, esta Palavra
não somente deveria germinar, como também
gerar frutos em seus corações.
137
Jesus falou em se calcular o custo para se ir à
guerra, porque todo crente verdadeiro é um
soldado em batalha. Batalha esta que durará até
o dia da sua morte. Paulo disse a Timóteo, para
se comportar como bom soldado no exército de
Cristo, porque nenhum crente é chamado para
sentar num sofá e ficar esperando ir para o céu
numa vida de completa tranquilidade e
prosperidade, desfrutando de toda a segurança
possível, que possa ser alcançada pelos bens
disponíveis neste mundo.
Nós precisamos combater o bom combate da fé
e demonstrarmos com isto, que somos de fato
aqueles crentes vencedores, aos quais Jesus
prometeu nas cartas dirigidas às Igrejas em
Apocalipse, que os que vencessem reinariam
com Ele em glória. Há portanto, muitos
inimigos para serem vencidos por um crente
verdadeiro, e somente aqueles que têm
evidenciado pelo testemunho de suas vidas, que
têm se empenhado nesta batalha diária contra
os poderes das trevas, podem ter a certeza e
segurança da sua salvação, porque estão
demonstrando isto por meio da disposição em
pagarem o preço da perseverança na fé, para
serem salvos.
Se não combatemos o bom combate da fé, isto
pode ser uma evidência de que ainda estamos
perdidos. Se continuamos apegados e amando
ao mundo, sabendo que isto é inimizade contra
138
Deus, é uma outra forma de demonstrarmos
que não calculamos de fato, o custo que é
exigido para a nossa salvação.
Jesus salva pela graça e mediante a fé, mas
somente àqueles que estão dispostos a tomarem
o reino dos céus por esforço, contra a carne, o
diabo e o mundo, para a santificação de suas
vidas.
Nossos adversários (o diabo, a carne e o mundo)
nunca estão dormindo, e estarão sempre
procurando nos afastar da presença do Senhor.
Então, precisamos estar sempre vigilantes e
revestidos com toda a armadura de Deus, para
vencer a todos eles por uma firme fé em Cristo.
O fato de termos um Inimigo, que tem um
grande exército, lançando continuamente
sobre nós seus dardos inflamados, e de termos
uma carne fraca, que se inclina para o pecado e
o
mundo,
nos
deixaria
totalmente
desencorajados de calcular o custo e pagar o
preço necessário para garantir e manter a nossa
salvação, mas é encorajador saber que esta luta
não é vencida propriamente por nós, mas pelo
nosso General, que é Cristo.
É permanecendo nEle que somos mais do que
vencedores, porque é Ele quem batalha por nós.
Ainda que saibamos que estamos sujeitos,
especialmente, no começo da nossa vida cristã,
139
a termos muitas oscilações no vigor da nossa fé;
devemos, entretanto, nos esforçar para
permanecer no Senhor e na Sua Palavra,
sabendo que Ele aumentará nossa fé e nos
fortificará com a Sua graça, à medida que
perseverarmos em segui-lo com fidelidade em
nossos corações.
É a nossa confiança permanente na prontidão
de Cristo, para nos auxiliar em nossas lutas, que
manterá nossa fé viva e nos dará a condição de
prevalecer contra todos os inimigos espirituais.
Cristo nos ensinará a usar o escudo da fé, com o
qual podemos apagar todos os dardos
inflamados do Maligno.
Ninguém pode ser um crente verdadeiro, sem
se achar empenhado no combate da fé; porque
Satanás, a carne e o mundo sempre lutam
contra aqueles que procuram andar no Espírito,
sendo este, o único modo pelo qual devem andar
os verdadeiros crentes, nada dispondo para a
carne e suas cobiças.
É neste bom combate que devemos gastar
nossas energias, e não em obter fama e riquezas
neste mundo, que de nada poderão nos valer no
dia da nossa morte; porque o que adianta ganhar
o mundo inteiro e vir a perder a alma?
Somos convocados a tomar a nossa cruz e a
sermos bons soldados de Jesus Cristo, porque
140
apenas frequentar regularmente um lugar
público de adoração, sem este testemunho da
presença de Jesus em nossa vida, estando em
obediência à Sua vontade, não é nenhuma
evidência de salvação de nossa alma. Nós não
encontramos uma evidência tão barata na
Bíblia, mas a necessidade de vigilância e oração
constantes; diligência, perseverança até o fim,
paciência na tribulação; e tudo o mais que deve
ser visto como evidência de que fomos de fato;
salvos pela graça de Jesus, pois onde a graça
estiver
habitando
realmente,
ela
nos
impulsionará a um viver santo, separado do
mundo.
A salvação é pela graça, mas impõe a todos os
salvos, um modo de vida que não é fácil e barato.
A graça convocará a uma guerra terrível contra
a carne e o diabo, da qual nenhum verdadeiro
crente será excluído, tanto para que negue sua
justiça própria, negue-se a si mesmo e confie tão
somente em Cristo, como também para estar
em empenho constante, para abandonar toda
forma de pecado e tentação do mundo.
Jesus sempre se mostrará acolhedor a qualquer
pecador que esteja disposto a mortificar os seus
pecados. Mas, não se pode dizer o mesmo em
caso contrário; por isso, Ele sempre pregou a
necessidade do arrependimento precedendo a
fé. Ambos estão unidos e Ele não aceitará um
sem o outro.
141
A disposição de se pagar o custo da salvação pela
graça será observado também, naqueles que se
empenham de fato na obra do Senhor, não como
meros ativistas na Igreja, os quais a propósito,
geram muitos problemas quando o fazem na
carne, mas que se envolvem antes, com o
próprio Senhor da obra, por amor a Ele,
obedecendo-Lhe e se esforçando para pregar o
evangelho com vistas à salvação e edificação de
vidas.
Quem diz amar ao Senhor e não consagra a Ele o
seu tempo, dinheiro, e tudo o mais que se
relacione à sua vida, não está calculando o custo
da salvação. Deste modo, poderá ter uma
terrível surpresa no dia que deixar este mundo,
por ter confiado numa fé sem obras, que é morta
em si mesma, e que, portanto, não pode ser
evidência de uma salvação genuína pela graça.
Uma outra evidência de se não estar de fato,
empenhado na guerra do Senhor, pelo temor de
se pagar o custo que é exigido; são as aflições,
injúrias, rejeições e tudo o mais que um crente
verdadeiro sofre da parte do mundo. Aquele que
nunca aprendeu a se regozijar no Senhor, nas
calúnias, perseguições, e ridicularizações que
sofre por ser um crente; que nunca está disposto
a renunciar a determinadas práticas mundanas,
para não ser objeto de incompreensão e não ser
desprezado
e
rejeitado,
deve
refletir
142
seriamente, se chegou a calcular o custo
necessário à salvação.
Uma profissão de fé cristã que nada nos custa,
que não tem nenhuma cruz para carregarmos,
não é a verdadeira fé cristã que a Bíblia ensina;
sobre a qual Jesus falou enfaticamente para nos
alertar, quanto a não nos sentirmos seguros,
iludidos,
enganados,
pensando
que
O
encontramos de fato como nosso Salvador e
Senhor.
Não é o fato de ter nascido numa família cristã,
e
ter
frequentado
o
culto
público
dominicalmente, nem mesmo ter atendido a
um apelo para aceitar a Cristo debaixo de uma
forte emoção, ou mesmo convicção forte sob a
Palavra que foi pregada, que pode ser a
evidência da nossa salvação, mas o fato de
estarmos empenhados no bom combate da fé,
sendo auxiliados pelo Espírito a obter vitórias
contra o pecado, o diabo e o mundo. Esta é a
grande testificação da nossa salvação, a saber,
que o Espírito Santo habita de fato em nós,
transformando-nos à imagem do Senhor Jesus
Cristo.
Quando Jesus mandou calcular o custo, para se
empenhar nesta batalha, na condição de Seu
discípulo, Ele não o fez para desencorajar
ninguém a segui-Lo, mas mostrar às multidões
que não é por admirá-Lo, aplaudi-Lo, apoiar Sua
doutrina verbalmente ou mentalmente, que
143
alguém é verdadeiramente salvo. É necessário
revelar as evidências da operação da graça em
suas vidas, conforme Ele havia ensinado,
sobretudo no dever de ser amado e obedecido
acima de qualquer laço de parentesco, e até
mesmo, pelo amor que temos às nossas próprias
vidas, pela negação do “eu”, da mortificação do
pecado pela crucificação da carne, e por um
viver
verdadeiramente
no
Espírito,
contrariando até mesmo nossa vontade, para
que seja feita a dEle.
Quando os israelitas saíram do Egito, pensaram
que entrariam logo em Canaã e desfrutariam de
uma vida somente aprazível e confortável. Eles
não imaginaram que havia um custo a ser
calculado, para ser do povo de Deus que habitará
o céu. Assim, a maioria deles pereceu no
deserto, porque não suportaram as provações
que o Senhor lhes enviou como a fome, sede e os
inimigos que teriam que combater para
conquistar a terra.
O mesmo se dá com aqueles que desejam se
alistar no exército do Senhor Jesus. Eles devem
saber que lhes esperam grandes lutas e
provações. Há um trabalho árduo e difícil para
ser realizado, ao qual o Pr Richard Baxter bem
descreveu em seu livro, “O Pastor Reformado”,
cuja leitura recomendamos a todos que
pretendem aprender sobre o modo pelo qual
144
importa servirmos a Deus, e a andarmos na Sua
casa, que é a Igreja.
À luz de todas estas considerações, torna-se
dispensável detalhar quanta desilusão e engano
há, portanto em decisões por Cristo, às dúzias,
às centenas, por um simples atendimento a um
apelo, para que se decidam a tornarem-se
crentes. Não que, não haja conversões
instantâneas;
que
Deus
queira
impor
dificuldades para que alguém se aproxime de
Cristo, mas ninguém deve ser enganado,
pensando que alguém se converte e se torna um
crente, pelo simples gesto de levantar a mão,
dizendo que aceita a Jesus como seu Salvador.
É preciso ensinar sobre estas evidências do
custo, que todo verdadeiro crente deverá pagar,
se pretende estar certo e convicto de que
chegou de fato, a ser salvo pela graça do Senhor.
É por isso, que não há nenhuma contradição no
ensino do Senhor no Sermão do Monte, ao
concluir as bem-aventuranças, quando disse
que deveríamos nos alegrar e exultar, quando
fôssemos perseguidos por causa da justiça do
evangelho, exatamente porque é uma
comprovação de que alcançamos a salvação da
nossa alma.
Por outro lado, não deveria ser motivo de
nenhuma alegria para qualquer pessoa que se
diga crente, o fato de nunca estar sendo
atingindo por lutas e tribulações espirituais por
145
causa do evangelho; uma vez que os tais não têm
de fato nenhum motivo para se alegrarem e
esperarem qualquer galardão no céu, já que não
têm em suas vidas as evidências de uma
verdadeira salvação, que é a única que pode
livrar da condenação eterna no inferno.
Assim, onde houver luta da carne contra o
Espírito, e do Espírito contra a carne, temos uma
boa evidência de salvação, em razão do combate
da fé que está ocorrendo com tal pessoa. Mas,
ninguém deveria se sentir confortável diante de
Deus, onde não existir tal combate, e deveria,
portanto se empenhar em oração pedindo-Lhe
que o aliste de fato, nas fileiras do Seu exército.
Nenhum crente deve portanto, ficar satisfeito,
se não tem fome e sede de justiça; se não sente
um mover da graça em seu coração anelando
por maior santidade de vida e consagração ao
serviço de Deus. Onde estiverem faltando estas
coisas, é possível que tal pessoa não esteja de
posse do Espírito Santo, que é quem gera em nós
todo este impulso, para conhecer a Deus e
crescer
neste
conhecimento.
Não
é
simplesmente,
adquirir
conhecimentos
teológicos, mas experiências espirituais reais
com Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo.
146
Lucas 14.34,35 - Vide Mateus 5.13
Lucas 14.34 Bom é o sal; mas se o sal se tornar
insípido, com que se há de restaurar-lhe o
sabor?
Lucas 14.35 Não presta nem para terra, nem para
adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça.
147
Lucas 15
Lucas 15.1,2:
Lucas 15.1 Ora, chegavam-se a ele todos os
publicanos e pecadores para o ouvir.
Lucas 15.2 E os fariseus e os escribas
murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores,
e come com eles.
Os fariseus e escribas se indignavam muito com
o fato de Jesus não andar exclusivamente na
companhia de homens religiosos como eles, e
por isso consideravam que ele não fosse um
homem santo pois recebia e comia com os
pecadores.
Eles não sabiam que não é o fato de alguém ser
religioso que o torna alguém sem pecado.
Todos necessitamos da graça e da misericórdia
de Deus reveladas na pessoa amiga de Jesus.
Lucas 15.3-7 - Mateus 18.10-14
Lucas 15.3 Então ele lhes propôs esta parábola:
Lucas 15.4 Qual de vós é o homem que,
possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas,
não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai
após a perdida até que a encontre?
Lucas 15.5 E achando-a, põe-na sobre os ombros,
cheio de júbilo;
148
Lucas 15.6 e chegando a casa, reúne os amigos e
vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque
achei a minha ovelha que se havia perdido.
Lucas 15.7 Digo-vos que assim haverá maior
alegria no céu por um pecador que se
arrepende, do que por noventa e nove justos que
não necessitam de arrependimento.
Lucas 15.8-10:
Lucas 15.8 Ou qual é a mulher que, tendo dez
dracmas e perdendo uma dracma, não acende a
candeia, e não varre a casa, buscando com
diligência até encontrá-la?
Lucas 15.9 E achando-a, reúne as amigas e
vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque
achei a dracma que eu havia perdido.
Lucas 15.10 Assim, digo-vos, há alegria na
presença dos anjos de Deus por um só pecador
que se arrepende.
O reino de Deus deve ser procurado por nós,
assim como se aprende desta parábola e da
seguinte (do filho pródigo), mas também há
uma procura de Deus por nós, como se vê na
parábola da ovelha perdida.
A conclusão das três parábolas citadas neste
capítulo é a mesma quanto à alegria que há no
céu por um só pecador que se arrepende, pois
foi uma ovelha, uma moeda e um filho que
149
foram achados, depois de terem estado por
algum tempo perdidos.
Esta condição de perdição aponta para o nosso
estado como pecadores não justificados.
Mas quando somos achados por Cristo e
retornamos por meio dele para Deus, então
tornamos a viver, pois a condição de estar
perdido é de inutilidade para Deus e para o
próximo.
Aqui, na parábola da dracma perdida é ensinado
que a nossa busca do reino de Deus deve ser
diligente até que o encontremos, de modo que,
a par de sabermos que a salvação é operada
exclusivamente pela graça do Senhor, todavia
devemos nos esforçar não somente para entrar
no reino dos céus, como também para
permanecer firmes nele.
Lucas 15.11-32:
Lucas 15.11 Disse-lhe mais: Certo homem tinha
dois filhos.
Lucas 15.12 O mais moço deles disse ao pai: Pai,
dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiulhes, pois, os seus haveres.
Lucas 15.13 Poucos dias depois, o filho mais
moço ajuntando tudo, partiu para um país
distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo
dissolutamente.
150
Lucas 15.14 E, havendo ele dissipado tudo, houve
naquela terra uma grande fome, e começou a
passar necessidades.
Lucas 15.15 Então foi encontrar-se a um dos
cidadãos daquele país, o qual o mandou para os
seus campos a apascentar porcos.
Lucas 15.16 E desejava encher o estômago com
as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém
lhe dava nada.
Lucas 15.17 Caindo, porém, em si, disse: Quantos
empregados de meu pai têm abundância de pão,
e eu aqui pereço de fome!
Lucas 15.18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai
e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de
ti;
Lucas 15.19 já não sou digno de ser chamado teu
filho; trata-me como um dos teus empregados.
Lucas 15.20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai.
Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheuse de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao
pescoço e o beijou.
Lucas 15.21 Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o
céu e diante de ti; já não sou digno de ser
chamado teu filho.
Lucas 15.22 Mas o pai disse aos seus servos:
Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e
ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
Lucas 15.23 trazei também o bezerro, cevado e
matai-o; comamos, e regozijemo-nos,
Lucas 15.24 porque este meu filho estava morto,
e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E
começaram a regozijar-se.
151
Lucas 15.25 Ora, o seu filho mais velho estava no
campo; e quando voltava, ao aproximar-se de
casa, ouviu a música e as danças;
Lucas 15.26 e chegando um dos servos,
perguntou-lhe que era aquilo.
Lucas 15.27 Respondeu-lhe este: Chegou teu
irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque
o recebeu são e salvo.
Lucas 15.28 Mas ele se indignou e não queria
entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
Lucas 15.29 Ele, porém, respondeu ao pai: Eis
que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi
um mandamento teu; contudo nunca me deste
um cab1 Porque todo o que a si mesmo se exaltar
será humilhado, e
Lucas 15.30 vindo, porém, este teu filho, que
desperdiçou os teus bens com as meretrizes,
mataste-lhe o bezerro cevado.
Lucas 15.31 Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre
estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
Lucas 15.32 era justo, porém, regozijarmo-nos e
alegramo-nos, porque este teu irmão estava
morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.
A Parábola do Filho Pródigo é realmente uma
bela e profunda parábola, mas Jesus não a
apresentou para ser uma espécie de resumo do
que seja a vida cristã, mas para ilustrar uma
parte do que significa esta vida.
Por exemplo: ela não faz qualquer alusão à
expiação do pecado pelo sangue de Cristo, mas
152
sabemos que foi esta expiação que possibilitou
que o pai, que representa Deus na parábola,
corresse para o filho e pudesse perdoá-lo e
recebê-lo para estar reconciliado com ele,
apesar de toda a sua dívida de faltas e pecados
cometidos contra o seu pai.
Fazer portanto, desta parábola um resumo de
todo o cristianismo é incorrer em grande erro,
porque o amor de Deus pelos pecadores
perdidos não se fundamenta em mero
sentimento ou emoção.
Seu amor se funda na eleição incondicional na
qual não conta qualquer mérito da nossa parte.
O pai não recebeu o filho pelo fato de
reconhecer que havia algo de valor no rapaz, ou
então porque houvesse da sua parte bons atos
praticados no passado que deveriam ser
recompensados com o seu acolhimento.
Ele fora filho no coração do pai antes mesmo de
ter sido criado, mas importava que esta filiação
se confirmasse pelo arrependimento e busca do
pai para compartilhar da sua intimidade.
Isto a parábola revela, ainda que não de modo
direto.
Esta verdade está ali nela contida, sublinhada
com a declaração do pai de que o pródigo se
achava morto e perdido, antes de retornar ao lar.
153
E o que permitiu o seu acolhimento foi o
arrependimento e fé na bondade e misericórdia
do seu pai.
Outro ponto essencial do cristianismo que não é
citado nesta parábola é a ação do Espírito Santo
na nossa conversão e transformação, e o esforço
empreendido por Deus na sua busca incansável
dos perdidos.
Por isso, temos nas duas outras parábolas que
nosso Senhor apresentou na mesma ocasião
(Ovelha Perdida e Dracma Perdida), o esforço
anteriormente citado.
Sem o todo da revelação que temos em outras
partes das Escrituras, e caso nosso Senhor
tivesse contado a Parábola do Filho Pródigo para
ser um resumo do cristianismo, o que não é o
caso, nós poderíamos afirmar que se alguém
está afastado de Deus, por sua própria iniciativa,
como foi o caso do pródigo, então estaríamos
autorizados a não fazer qualquer esforço com
nossas orações intercessórias, e outros meios,
para trazer o perdido de volta à vida.
Todavia, sabemos claramente que não temos
nenhuma autorização das Escrituras para
adotarmos este tipo de comportamento.
Por isso o propósito da parábola é exatamente o
de demonstrar que há grande alegria no céu
pela conversão dos pecadores, e que Deus está
154
plenamente disposto a receber todos os
perdidos que vierem a Ele em busca de
reconciliação.
A parábola tem este grande objetivo de
incentivar os pecadores a buscarem refúgio em
Deus, com plena confiança de que não serão
rejeitados.
Nosso Senhor havia afirmado em outra ocasião
que não rejeitaria a qualquer pessoa que viesse
a Ele em busca de salvação, e que jamais a
lançaria fora.
Nada e ninguém poderá impedir que o pai
receba o filho no lar celestial, nem mesmo os
que tentarem impedi-lo sob a alegação de
estarem servindo a Deus fielmente, como se
destaca na parábola no procedimento do irmão
mais velho do pródigo.
Um pecador pode ser muito vil para toda e
qualquer outra coisa, mas ele não pode ser
muito vil para a salvação.
Estas verdades podem ser vistas de modo muito
claro na Parábola do Filho Pródigo.
A Parábola do Filho Pródigo
Por D. M. Lloyd Jones
155
"E disse: Um certo homem tinha dois filhos. E o
mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte
da fazenda que me pertence. E ele repartiu por
eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais
novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra
longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda,
vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado
tudo, houve naquela terra uma grande fome, e
começou a padecer necessidades. E foi e
chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o
qual o mandou para os seus campos a
apascentar porcos. E desejava encher o seu
estômago com as bolotas que os porcos comiam,
e ninguém lhe dava nada. E, caindo em si, disse:
Quantos trabalhadores de meu pai têm
abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dirlhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já
não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me
como um dos teus trabalhadores. E, levantandose, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe,
viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão,
e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o
beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o
céu e perante ti e já não sou digno de ser
chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus
servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vestilho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos
pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e
comamos e alegremo-nos, porque este meu
filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e
foi achado. E começaram a alegrar-se. E o seu
156
filho mais velho estava no campo; e, quando veio
e chegou perto de casa, ouviu a música e as
danças. E, chamando um dos servos, perguntoulhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu
irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque
o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou e não
queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele.
Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te
sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o
teu mandamento, e nunca me deste um cabrito
para alegrar-me com os meus amigos. Vindo,
porém, este teu filho, que desperdiçou a tua
fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o
bezerro cevado. E ele lhe disse: Filho, tu sempre
estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas.
Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos,
porque este teu irmão estava morto e reviveu;
tinha-se perdido e foi achado” (Lucas 15:11-32)
Não há parábola ou discurso de nosso Senhor
que seja tão conhecido e tão popular como a
parábola do filho pródigo. Nenhuma outra
parábola é citada com mais frequência em
discussões religiosas, ou mais usada para apoiar
várias teorias ou controvérsias em relação a este
assunto. E é verdadeiramente espantoso e
admirável quando observamos as inumeráveis
formas em que ela é usada, e a infinita variedade
de conclusões a que afirmam que ela leva. Todas
as escolas de pensamentos parecem ter uma
reivindicação sobre a mesma: ela é usada para
provar toda espécie de teorias e ideias opostas,
157
que combatem umas às outras e que se excluem
mutuamente. É bastante claro, portanto, que a
parábola pode facilmente ser manipulada ou
mal interpretada. Como podemos evitar esse
perigo? Quais os princípios que devem nos
orientar
quando
a
interpretamos?
Pessoalmente creio que há dois principais
fundamentais que devem ser observados, e que
se observados, garantirão uma interpretação
correta.
O primeiro principio é que sempre devemos nos
precaver do perigo de interpretar qualquer
passagem das Escrituras de uma forma que
entre em conflito com o ensino geral da Bíblia. O
Novo Testamento deve ser examinado como um
todo. É uma revelação completa e integral, dada
por Deus através dos Seus servos – uma
revelação que foi dada em partes que, unidas,
formam uma unidade completa. Portanto, não
há contradições entre essas várias partes, não
há conflito nem passagens ou declarações
irreconciliáveis. Isso não significa que podemos
entender cada uma de suas declarações. O que
estou dizendo é que não há contradição nas
Escrituras e sugerir que os ensinos de Jesus
Cristo e de Paulo, ou os ensinos de Paulo e dos
demais apóstolos não concordam entre si é
contrário a todas as reivindicações do Novo
testamento em si, e as reivindicações da Igreja
através dos séculos, até o levantamento da
chamada escola da alta crítica, há cerca de cem
158
anos atrás. Não preciso abordar a questão aqui.
Basta dizer que são apenas os críticos mais
superficiais, os que agora estão ultrapassando
em muitos anos, que ainda tentam defender
uma antítese entre o que chamam de “a religião
de Jesus” e a “fé do apóstolo Paulo”. Escrituras
devem ser comparadas com Escrituras. Cada
teoria que desenvolvemos deve ser testada pelo
conjunto geral de doutrinas e dogmas da Bíblia
toda, e que foi definido pela Igreja. Se esta regra
fosse lembrada e observada, a maioria das
heresias jamais teria surgido.
O segundo princípio é um pouco mais
específico: sempre devemos evitar o perigo de
chegar a conclusão negativas a respeito dos
ensinos de uma parábola. Isso não se aplica
somente a esta parábola em particular, mas a
toda as parábolas. Uma parábola nunca tem o
propósito de ser um esboço completo da
verdade. Seu objetivo é comunicar uma grande
lição, ou apresentar um grande aspecto de uma
verdade positiva. Sendo esse o seu objetivo e
propósito, nada é mais tolo do que chegar a
conclusões negativas a respeito de uma
parábola. A omissão de certas coisas numa
parábola não tem qualquer significado
particular. Uma parábola é importante e
significativa por causa daquilo que ela diz, e não
devido às coisas que não diz. O seu valor é
exclusivamente positivo, e de forma alguma
negativo. Ora, digo a vocês que a
159
desconsideração desta simples regra tem sido
responsável pela maioria das estranhas e
fantásticas teorias e ideias supostamente
desenvolvidas a partir desta parábola do filho
pródigo. É impressionante que tal coisa tenha
sido possível, pois se aquele que fizeram isso
tão-somente tivessem examinado as outras
duas parábolas que encontramos neste mesmo
capítulo, teriam compreendido imediatamente
até
que
ponto
seus métodos foram
injustificáveis. Porque então, não tiraram delas
também conclusões negativas? E igualmente
com todas as outras parábolas?
Mas, à parte disso, como é ridículo e ilógico,
basear e estabelecer nosso sistema de doutrina
sobre algo que não é dito! É por demais
desonesto! Desonesto, porque ignora toda a
autoridade, deixando-nos sem quaisquer
padrões exceto nossos próprios preconceitos,
desejos e imaginações. E isso, repito, é o que tem
sido feito com esta parábola com tanta
frequência. Quero ilustrar isso, lembrando-lhes
de algumas das falsas conclusões tiradas desta
parábola. Não seria esta parábola a qual se
referem constantemente quando tentam provar
que ideias de justiça, juízo e ira são
completamente estranhas à natureza de Deus e
aos ensinos de Jesus a respeito dEle? “Não
vemos nada aqui”, dizem, “acerca da ira do pai,
nem qualquer exigência de certos atos por parte
do filho – somente amor, puro amor, nada senão
160
amor”. Este é um exemplo típico de uma
conclusão negativa tirada desta parábola. Só
porque ela não apresenta um ensino declarado
sobre a justiça e ira de Deus, presumem que tais
características não fazem parte da natureza de
Deus. O fato de Jesus Cristo enfatizar essas
características
em
outros
textos
é
completamente ignorado. Outro exemplo é o
ensino de que esta parábola elimina a absoluta
necessidade de arrependimento. Ouvi falar de
um pregador que tentou provar que o pródigo
era um farsante, mesmo quando voltou para
casa, que ele decidiu dizer algo que soasse bem,
ainda que realmente não viesse do seu coração,
apenas para impressionar o pai, e que a
repetição exata de suas palavras provava isso. O
ponto crucial era que, apesar de tudo isso,
apesar da repetição hipócrita das palavras, ainda
assim o pai o perdoou. O argumento final desse
pregador era que o pai não disse uma palavra
concernente ao arrependimento. Portanto, uma
vez que ele nada disse a respeito, não é
importante; uma vez que o arrependimento não
é ensinado nem enfatizado pelo pai, isso
significa que arrependimento diante de Deus
não importa!
Mas talvez a mais séria de todas as conclusões
falsas é aquela que declara que não há
necessidade de um mediador entre Deus e o
homem e que a ideia de expiação é estranha ao
evangelho – a qual deve ser atribuída à mente
161
legalista de Paulo. “A parábola não faz qualquer
menção”, dizem, “de alguém entre o pai e o
filho. Nenhuma referência é feita sobre outra
pessoa pagando um resgate, ou fazendo uma
expiação; vemos apenas uma interação direta
entre o pai e o filho, resultante apenas da volta
do filho daquela terra distante”. Desde que tais
coisas não são mencionadas ou enfatizadas de
forma específica na parábola, essas pessoas
concordam que elas não são realmente
importantes ou imprescindíveis. Como se o
objetivo de nosso Senhor nesta parábola fosse
apresentar um esboço completo de toda a
verdade cristã, e não apenas ensinar um aspecto
dessa verdade. Certamente deve ser óbvio para
você que, se um processo semelhante fosse
aplicado a todas as parábolas, teríamos um
completo caos, e enfrentaríamos uma multidão
de contradição!
O propósito de uma parábola, então, é nos
apresentar e ensinar uma grande verdade
positiva. E se há um caso em que isso deve ser
claro e evidente, é no caso desta parábola. Não é
por acaso que ela é parte de uma série de três
parábolas. Nosso Senhor parece ter feito um
esforço especial para nos proteger do perigo ao
qual estou referindo. Contudo, mesmo à parte
disso, a chave de tudo nos é oferecida nos dois
primeiros versículos do capítulo, que nos
fornecem o contexto essencial. “E chegavam-se
a ele os publicamos para o ouvir. E os fariseus e
162
os escribas murmuravam, dizendo: este recebe
pecadores, e come com eles”.. Então se seguem
estas três parábolas, obviamente com o objetivo
de tratar dessa situação específica, e responder
às objeções dos escribas e fariseus. E, como se
desejasse acrescentar uma ênfase especial,
nosso Senhor apresenta uma certa moral ou
conclusão ao término de cada parábola. O
elemento principal, certamente, é que há
esperança para todos que o amor de Deus
alcança, até mesmo publicanos e pecadores. A
gloriosa verdade que brilha nesta parábola, e
que o Senhor quer gravar em nós, é o
maravilhoso amor de Deus, seu escopo e sua
extensão; e isso é feito especialmente em
contraste com as ideias dos fariseus e dos
escribas sobre o assunto.
As primeiras duas parábolas têm o propósito de
nos mostrar o amor de Deus expresso numa
busca ativa do pecador, esforçando-se por
encontrá-lo resgatá-lo; e elas nos mostram a
alegria de Deus e de todas as hostes celestiais
quando uma única alma é salva. E então
chegamos a esta parábola do filho pródigo. Por
que ela foi acrescentada? Por que essa
elaboração suplementar? Por que um homem,
em vez de uma ovelha ou moeda perdida?
Certamente pode haver uma resposta. As
primeiras
duas
parábolas
enfatizam
unicamente a atividade de Deus sem nos dizer
coisa alguma a respeito das ações, reações ou
163
condições do pecador; porém esta parábola é
apresentada para realçar esse aspecto e esse
lado da questão, para que ninguém seja tolo ao
ponto de pensar que todos seremos salvos
automaticamente pelo amor de Deus, assim
como a ovelha e a moeda foram encontradas. O
ponto fundamental ainda é o mesmo, mas sua
aplicação aqui se torna mais direta e mais
pessoal. Qual, então é o ensino desta parábola,
qual é a sua mensagem para nós hoje? Vamos
examiná-la à luz dos seguintes parâmetros.
A primeira verdade que ela proclama é a
possibilidade de um novo começo, a
possibilidade de um novo início, uma nova
oportunidade, uma nova chance. O próprio
contexto e cenário da parábola, como já
mencionei, demonstra isso com perfeição. Foi
porque eles sentiram e viram isso em Seus
ensinos que os publicanos e pecadores
“chegavam-se a ele para ouvir” – pois sentiam
que havia uma oportunidade até mesmo para
eles e que nos ensinos desse homem havia uma
nova e viva esperança. E até mesmo os fariseus e
os escribas viram exatamente a mesma coisa. O
que irritava era que o Senhor tivesse qualquer
tipo de associação com os publicanos e
pecadores. Eles sempre tinham considerado tais
pessoas como irrecuperáveis, sem qualquer
esperança de redenção. Essa era a opinião
ortodoxa de tais pessoas. Eram consideradas tão
irremediáveis que eram totalmente ignoradas.
164
A religião era para pessoas boas e nada tinha a
ver com os que eram maus, e certamente nada
tinha a lhes dar, nem aconselhava que boas
pessoas se misturassem com os maus, tratandoos com bondade e oferecendo-lhes novas
possibilidades. Então os ensinos de Senhor
irritavam os fariseus e os escribas. Para eles
qualquer um que visse possibilidade ou
esperanças para um publicano ou pecador devia
ser um blasfemo, e estava totalmente errado.
Exatamente o mesmo ponto surge na parábola,
nas diferentes atitudes do pai e do irmão mais
velho para com o pródigo – não como ele devia
ser recebido de volta, mas se ele devia ser
recebido de volta, ou se merecia alguma coisa.
Isso, então é o que se salienta imediatamente.
Existe a possibilidade de um novo começo, e isso
para todos, mesmo para aqueles que parecem
estar além de toda esperança. Não podia haver
caso pior do que o do filho pródigo. Todavia até
mesmo ele pode começar de novo. Ele chegara
ao fim de si mesmo, tinha tocado os limites
máximos da degradação, caindo tanto que não
podia descer mais! Não há quadro mais
desesperador do que o desse jovem, num país
distante, em meio aos porcos, sem dinheiro e
sem amigos, desesperançado e miserável,
abandonado e desalentado. Mas até mesmo ele
tem a oportunidade de um novo início; até
mesmo ele pode começar outra vez. Há um
ponto decisivo que pode resultar em êxito e
165
felicidade, até mesmo para ele. Que evangelho
abençoado, especialmente num mundo como o
nosso! Que diferença a vida de Jesus Cristo
operou! Ele trouxe nova esperança para a
humanidade. Nada demonstra e prova mais o
fato de que o evangelho de Jesus Cristo
realmente é a única filosofia de vida otimista
oferecida ao homem, do que publicanos e
pecadores se chegarem a Ele para ouvi-lO. E a
mensagem que ouviram, como nesta parábola
do filho pródigo, era algo inteiramente novo.
Mas quero que observem que isso não só era
novo para os judeus e os seus líderes, mas
também para o mundo todo. A esperança
estendida pelo evangelho aos mais vis e
desesperados não só contrariava o miserável
sistema dos judeus, mas também a filosofia dos
gregos. Aqueles grandes homens tinham
desenvolvido suas teorias e filosofias; todavia
nenhum deles tinha algo a oferecer aos
derrotados e liquidados. Todos exigiam um
certo nível de inteligência, integridade moral e
pureza. Todos requeriam muito da natureza
humana à qual se dirigiam. Também não eram
realistas. Escreviam e falavam de forma
altamente intelectual e fascinante a respeito de
suas utopias e suas sociedades ideais, mas
deixavam a humanidade exatamente na mesma
situação. Eram totalmente alienados à vida
diária do homem comum. As únicas pessoas que
podiam tentar colocar em prática seus métodos
166
idealistas e humanísticos para resolver os
problemas da vida eram os ricos e os
desocupados, e mesmo estes invariavelmente
descobriam
que
esses
métodos
não
funcionavam. Não havia, como nunca houvera
antes, qualquer esperança para os desesperados
do mundo antes da vinda de Jesus Cristo. Ele foi
o único que proclamou a possibilidade de um
novo começo.
Ora, esse ensino não era novo apenas naquela
época, durante os Seus dias aqui na terra; ainda
é novo hoje em dia. Ainda é surpreendente e
assombroso, e ainda espanta o mundo moderno
tanto quanto espantou o mundo antigo há quase
dois mil anos atrás. O mundo continua sem
esperança e a filosofia que o controla ainda é
profundamente pessimista. E isso talvez possa
ser percebido com maior clareza quando ele
tenta ser otimista, pois vemos que quando tenta
nos confortar, ele sempre aponta para o futuro
com suas possibilidades desconhecidas, e nos
diz que no novo ano as coisas certamente serão
melhores ou que de qualquer forma não podem
piorar! E argumenta que a depressão já durou
tanto que certamente uma mudança da maré
deve ser iminente! Alegra-se que um ano
terminou e outro vai começar. Qual é o segredo
de um novo ano? Seu grande segredo está no
fato de que nada sabemos a seu respeito! Tudo
que sabemos é ruim; daí tentarmos nos consolar
contemplando o que nos é desconhecido,
167
imaginando que vai ser muito melhor. Ouçam
também as suas ideias e seus planos para
melhorar a humanidade. Tudo o que pode dizer
é que está tentando tornar o mundo melhor
para seus filhos, tentando edificar algo para o
futuro e para a posteridade. Sempre no futuro!
Nada tem a oferecer no presente; sua única
esperança é tornar as coisas melhores para
aqueles que ainda não nasceram. E quanto mais
proclama isso e tenta colocá-lo em prática, mais
hesitante se torna. Como prova, basta
compararmos a linguagem de 1875 com a de
1935 ou mesmo a de 1905 com a de 1935.
Pois bem, se essa é a situação em relação à
sociedade em geral, quanto mais desesperada e
irremediável ela é quando considerada num
sentido mais individual e pessoal! Que solução o
mundo tem a oferecer para os problemas que
nos afligem? A resposta a essa pergunta pode
ser vista nos esforços frenéticos de homens e
mulheres para tentarem resolver seus
problemas. E, no entanto, nada é mais evidente
do que o fato que seus esforços são inúteis e
sempre fracassam. Ano após ano homens e
mulheres
fazem
novas
revoluções.
Compreendem que, acima de tudo, o que
precisam é de um novo começo. Decidem voltar
as costas ao passado e virar uma nova página –
ou, às vezes, começam um novo livro! Esse é o
seu desejo, essa é sua firme decisão e intenção.
Querem desvincular-se do passado, e por algum
168
tempo fazem o possível para isso, mas nunca
permanecem no intento. Aos poucos,
inevitavelmente, voltam à sua velha posição e
sua antiga situação. E depois de algumas
experiências assim, acabam desistindo de
tentar outra vez, e concluem que é tudo inútil.
Lutam e se esforçam por algum tempo, mas
finalmente a fadiga e o cansaço os vencem, a
pressão e a força do mundo e suas filosofias
parecem estar totalmente do outro lado, e eles
entregam os pontos. A posição parece ser
inteiramente sem esperança. Eu me pergunto:
quantos, até mesmo aqui neste culto hoje,
sentem que estão nessa situação, de uma forma
ou outra? Meu amigo, você sente que perdeu o
mundo,
que
se
desviou?
Sente-se
constantemente assediado pelo que “podia ter
sido”? Sente que está em tal situação, ou em tal
posição, que não tem nenhuma esperança de
sair dela e endireitar-se novamente? Sente que
esta tão longe daquilo que devia ser e do que
gostaria de ser, que não pode mais alcançá-lo?
Você sente que não tem mais esperança por
causa de alguma situação que está enfrentando,
ou devido alguma complicação em que se
envolveu, um pecado que o domina, o qual não
consegue vencer? Você já disse a si mesmo:
“Que adianta tentar outra vez? Já tentei tantas
vezes antes, e sempre fracassei; tentar outra vez
só pode produzir o mesmo resultado. Minha
vida é uma confusão; perdi minha oportunidade
e daí para frente devo me contentar em fazer o
169
melhor que posso na situação em que estou”.
São estes os seus sentimentos e pensamentos?
Já
está
convencido
que
perdeu
sua
oportunidade na vida, que o que passou, passou,
e que se você tivesse outra oportunidade tudo
seria diferente, todavia isso é impossível? É essa
a sua posição? Coitado! Quantos estão em tal
situação? Como é infeliz e sem esperança a vida
da maioria dos homens e das mulheres! Como é
triste! Ora, a primeira palavra do evangelho para
os que estão nessa situação é que eles devem
erguer suas cabeças, que nem tudo está
perdido, que ainda há esperança, ainda há
esperança de um novo começo, aqui e agora,
neste momento, sem qualquer relação com algo
imaginário e pertencente a um futuro
desconhecido; mas algo que se baseia num fato
que se passou há quase dois mil anos atrás, o
qual ainda é tão poderoso hoje como era então.
Até mesmo o pródigo tem esperança. Há um
ponto de retorno no caminho mais tenebroso e
irremediável. Há um novo começo oferecido até
mesmo aos publicanos e pecadores.
Contudo, quero enfatizar em detalhes o que já
mencionei de passagem: esta mensagem do
evangelho não é algo geral e vago como a
mensagem do mundo, mas é algo que contém
condições muito definidas. E é aqui que vemos
com maior clareza porque nosso Senhor
proferiu essa parábola em acréscimo às outras
duas. Para que possamos tirar proveito desse
170
novo começo oferecido pelo evangelho,
precisamos observar os seguintes pontos.
Ouçam amigos, permitam que eu enfatize a
importância de fazermos isso! Se vocês
simplesmente ficarem sentados, ouvindo e
permitindo que o quadro brilhante do
evangelho os emocione, voltarão para casa
exatamente como chegaram aqui. Todavia, se
observarem cada ponto com cuidado, e o
colocarem em prática, voltarão para casa como
pessoas totalmente diferentes. Se estão
ansiosos por tirarem proveito da nova
esperança e do novo começo oferecido pelo
evangelho, então devem seguir suas instruções
e seus métodos. Pois bem, quais são eles?
O primeiro é que devemos enfrentar nossa
situação com franqueza e honestidade. É uma
coisa estar numa posição má e difícil, outra
coisa completamente diferente é enfrentá-la
com sinceridade. Este filho pródigo estava
numa situação péssima por muito tempo antes
de chegar ao ponto de realmente compreender
isso. Uma pessoa não cai subitamente na
situação descrita aqui. Aquilo aconteceu aos
poucos, quase sem que ele percebesse. E mesmo
depois que aconteceu, ele levou algum tempo
para percebê-lo. O processo é tão sutil e tão
insidioso que a pessoa mal percebe. Ela
contempla seu rosto no espelho todas as
manhãs e não nota as mudanças que estão
acontecendo. Somente alguém que não a vê
171
com frequência pode notar os efeitos com mais
clareza. E muitas vezes, quando começamos a
sentir terrível realidade da nossa situação,
deliberadamente evitamos pensar a respeito.
Colocamos tais pensamentos de lado e nos
ocupamos com outras coisas comentando: “Que
adianta pensar a respeito disso? Essa é a
situação, acabou!” Ora, o primeiro passo no
caminho da volta, é enfrentar a situação com
honestidade e franqueza. Lemos que esse jovem
“caiu em si”. Foi exatamente o que ele fez! Ele
enfrentou a situação, e o fez com sinceridade.
Compreendeu que seus problemas eram
resultado exclusivo de suas próprias ações, que
ele fora um tolo, que não devia ter abandonado
a casa de seu pai, e certamente não devia tê-lo
tratado da maneira que fizera. Ele olhou para si
mesmo e mal conseguiu acreditar no que viu!
Olhou para os porcos e as bolotas à sua volta.
Encarou a situação de frente!
Meu amigo, você já fez isso? Já olhou para si
mesmo? Já pensou se todas as suas ações
durante o ano que passou fossem colocadas no
papel? E se tivesse mantido um registro de todos
os seus pensamentos e desejos, suas ambições e
imaginações? Você permitiria que isso fosse
publicado sob seu nome? O que você é hoje em
comparação com o que foi no passado? Olhe
para suas mãos – estão limpas? E os seus lábios –
são puros? Olhe para seus pés – onde eles
pisaram, que caminho percorreram? Olhe para
172
si mesmo! É realmente você? E então olhe à sua
volta, para a sua posição e o seu ambiente. Não
fuja! Seja honesto! Do que você está se
alimentando? Comida ou bolotas lançadas aos
porcos? Em que você tem gastado seu dinheiro?
Para que fins você usou dinheiro que talvez
devesse ser usado para alimentar sua esposa e
filhos, ou vesti-los? Do que você tem se
alimentado? Olhe! É alimento próprio para ser
humano? Avalie o que você gosta. Enfrente-o
com calma. É algo digno de uma criatura criada
por Deus, com inteligência e sabedoria? É coisa
que pelo menos honra o ser humano – quanto
mais a Deus? É alimento de porcos, ou é próprio
para ser consumido por um seu humano? Não
basta que você apenas lamente a sua sorte ou se
sinta miserável. Como acabou em tal estado ou
situação? Olhe para os porcos e as bolotas, e
compreenda que é tudo devido você ter
abandonado a casa do seu pai, agindo
deliberadamente contra os ditames da sua
própria
consciência,
deliberadamente
zombando da religião e de todos os seus
mandamentos e princípios; tudo é resultado
exclusivo de suas próprias decisões. A situação
em que se encontra hoje é consequência de suas
próprias escolhas, e de suas próprias ações.
Enfrente isso e admita-o. Esse é o primeiro passo
essencial no caminho da volta.
O passo seguinte é compreender que há
somente Um a que você pode recorrer, e
173
somente uma coisa a fazer. Não preciso elaborar
esse ponto em detalhes, no que se refere ao filho
pródigo, pois é bastante claro. “Ninguém lhe
dava nada”. Tentara de tudo, esgotara todos os
seus recursos e seus esforços, bem como os
esforços de outras pessoas. Tudo acabara para
ele e ninguém podia ajudá-lo – exceto um. O pai!
A última, a única esperança. O evangelho
sempre insiste que cheguemos a esse ponto.
Enquanto lhe resta um centavo que seja, o
evangelho não o ajudara. Enquanto tiver
amigos, ou entidades às quais pode recorrer em
busca de ajuda, crendo que lhe darão
assistência, o evangelho nada tem a lhe dar.
Naturalmente, enquanto o homem achar que
pode se manter recorrendo a qualquer um
desses outros métodos, ele continuará tentando
fazer isso. E em nossa estimativa, o mundo ainda
está longe da falência. Ele ainda crê em seus
métodos e em suas próprias ideias. E de que
forma patética nos agarramos a ele! Confiamos
em nossa força de vontade e em nosso próprio
esforço. Recorremos aos “anos novos” do nosso
calendário como se eles pudessem fazer
qualquer diferença em nossa situação!
Buscamos a ajuda de amigos e companheiros,
de parentes e queridos. Ah, vocês estão
familiarizados com o processo, não só em seus
esforços de acertar a sua própria vida, mas
também nos esforços de endireitar a vida de
outros a respeito de quem estão preocupados ou
ansiosos. E assim continuamos até termos
174
esgotados os recursos. Como o pródigo,
continuamos até nos tornarmos frenéticos, e
até ao ponto em que “ninguém nos dá nada”
Somente então é que nos voltamos para Deus.
Oh que insensatez! Permitam que eu estoure
essa falácia aqui, e agora. Enfrentem-na com
franqueza. Compreendam que todos os seus
reforços vão falhar, como sempre falharam até
aqui. Entendam que a melhora será meramente
transitória e temporária. Parem de se enganar a
si mesmos. Compreendam como é desesperada
a sua situação. E compreendam que existe
somente um poder que pode colocar suas vidas
no caminho certo – o Poder do Deus Todopoderoso. Vocês podem continuar confiando
em si mesmos e nos outros, e se esforçando ao
máximo. Mas daqui a um ano a sua situação não
só será a mesma, e sim muito pior. Somente
Deus pode salvá-los.
No entanto, ao se voltarem para Deus, vocês
precisam compreender também que nada
podem pleitear diante dEle, exceto a Sua
misericórdia e compaixão. Quando o pródigo
abandonou o lar, sua exigência foi: “Dá-me!”
“Ele exigiu seus direitos. Estava cheio de
autoconfiança e até mesmo presunção,
sentindo que não estava recebendo tudo a que
tinha direito. “Dá-me”! Mas quando voltou para
casa, o seu vocabulário mudou e o que ele diz
agora é: “Faz-me”. Anteriormente ele sentira
que era “alguém” e que estava na posição de
175
exigir direitos inerentes e dignos de uma pessoa
como ele. Agora ele sente-se reduzido a nada e
ninguém, e compreende que sua maior
necessidade é que algo seja feito de sua vida.
“Faz-me!”. Amigo, se você acha que tem
qualquer direito de exigir perdão de Deus, posso
lhe assegurar que está perdido e condenado. Se
sente que Deus tem o dever e a obrigação de
perdoá-lo, você certamente não será perdoado.
Se sente que Deus é severo e que está contra
você, então é culpado do maior de todos os
pecados. Se ainda sente que é “alguém” e que
tem direito de dizer “dá-me”, você nada
receberá além de miséria e contínua desolação.
Todavia, se compreender que pecou contra
Deus e O indignou, se sente que não passa de um
verme, ou menos que isso, indigno até de ser
considerado um ser homem – quanto mais
indigno de Deus! – se sente que nada é, em vista
da forma como se afastou dEle e Lhe voltou as
costas, ignorando-O e zombando dEle, se se
lançar diante dEle e da sua misericórdia
implorando-Lhe que na sua infinita bondade e
amor, Ele faça algo da sua vida, então tudo será
diferente. Nunca foi a vontade de Deus que você
acabasse na situação em que esta. Foi contra a
vontade dEle que você se afastou. A decisão foi
toda sua. Diga-lhe isso, e confesse também que
o que mais o preocupa e aflige não é apenas a
miséria que trouxe à sua própria vida, porém o
fato de ter desobedecido a Ele, insultando-O e
ofendendo-O.
176
Então, tendo compreendido tudo isso, ponha-o
em prática! Abandone a terra distante. Sua
presença neste culto significa que você se
levantou dentre os porcos e as bolotas. Mas
afasta-te dessa terra longínqua. Faça-o! Volte-se
para Deus, busque a reconciliação com Ele!
Tome uma decisão. Entregue-se a Ele! Ouse
confiar nEle! Como teria sido ridículo se o filho
pródigo tivesse limitado a pensar aquilo tudo,
sem colocá-lo em prática! Teria continuado na
terra longínqua. Mas ele agiu. Pôs em pratica a
sua decisão. Cumpriu sua resolução. Voltou
para o pai e entregou-se à sua misericórdia e
compaixão, e você precisa fazer o mesmo, da
forma como já indiquei.
E se fizer isso, descobrirá que no seu caso, como
no caso do filho pródigo, haverá um novo
começo para a sua vida, um novo princípio firme
e sólido. O impossível acontecerá, e você ficará
assombrado e maravilhado com o que
descobrirá. Não vou me deter na alegria e no
gozo e na emoção disso tudo hoje, para que
possa enfatizar a realidade desse novo começo
que o evangelho nos dá. Não é algo etéreo ou
trivial. Não é uma simples questão de
sentimentos ou emoções. Não é uma anestesia
ou um sedativo que amortece nossos sentidos,
levando-nos a sonhar com um mundo brilhante
e feliz. É real, é verdadeiro. Em Jesus Cristo, um
novo começo, real e genuíno, é possível. E é
possível somente através dele! A grandeza do
177
amor do pai nesta parábola não é expressada
tanto em sua atitude como no que ele fez. Amor
não é um mero sentimento vago, ou uma
disposição geral. O amor é algo ativo! É a
atividade mais dinâmica do mundo, e
transforma tudo. É por isso que também aqui
somente o amor de Deus pode realmente nos
dar um novo começo, uma nova oportunidade.
O amor de Deus não se limita a falar sobre um
novo começo: “Porque Deus amou o mundo de
tal maneira que deu…”. O pai fez certas coisas
pelo seu filho pródigo; e somente Deus pode
fazer por nós e para nós aquilo que nos levantará
outra vez. Observemos como Ele o faz. Oh, a
maravilha do amor de Deus, que realmente faz
novas todas as coisas, o único que realmente
pode fazer isso!
Observem como o pai oblitera o passado. Ele vai
ao encontro do filho como se nada tivesse
acontecido, ele o abraça e beija como se sempre
tivesse sido zeloso e exemplar em toda sua
conduta! E com que rapidez ordena aos servos
que removam os farrapos e andrajos da terra
longínqua, e com eles todos os traços e vestígios
do seu passado pecaminoso. Com todas essas
ações ele apaga o passado de uma forma que
mais ninguém poderia fazer. Somente ele podia
perdoar de fato, somente ele podia apagar o que
o filho fizera contra ele e contra a família; e ele o
fez. Removeu todos os traços do passado. E essa
sempre é a primeira coisa que acontece quando
178
um pecador se volta para Deus da forma como
estamos descrevendo. Voltamo-nos para Ele
esperando tão pouco quanto o pródigo, cuja
expectativa era que fosse feito um servo. Quão
infinitamente Deus transcende todas as nossas
maiores expectativas quando Ele começa a
tratar conosco! Tudo que pedimos é alguma
forma de começara outra vez. Deus nos
maravilha e surpreende com Sua primeira ação
– obliterando todo o nosso passado! E isso,
enfim, é o que almejamos acima de tudo. Como
podemos ser felizes e livres em vista do nosso
passado? Mesmo que não cometamos mais
certas ações ou um certo pecado, o passado está
presente e sempre temos diante de nós o que
fizemos. Esse é o problema. Quem pode nos
libertar do nosso passado? Quem pode apagar
do livro da nossa vida aquilo que já fizemos? Há
somente Um! E Ele pode fazê-lo! O mundo tenta
me persuadir que não importa, que posso voltar
as costas ao passado e esquecê-lo. Mas eu não
posso esquecer – ele sempre me volta à
lembrança. E me lança em miséria e desespero.
Posso tentar de tudo, porém meu passado
permanece um fato sólido, terrível, medonho.
Há alguma forma de me livrar dele? Algum
modo de apagá-lo? Há somente um que pode
removê-lo dos meus ombros. Eu só posso ter
certeza que meus farrapos e andrajos se foram
quando os vejo na Pessoa de Jesus Cristo, o Filho
de Deus, que os tomou sobre Si e Se fez maldição
em meu lugar. O Pai mandou que Ele tirasse de
179
sobre mim os meus farrapos, e Ele o fez. Ele
levou minha iniquidade, e Se vestiu e cobriu
com meu pecado. Ele o tirou, lançando-o no mar
do esquecimento de Deus. E quando eu
compreendo e creio que Deus em Cristo não só
perdoou meu passado, mas também o
esqueceu, quem sou eu para procurar por ele e
tentar encontrá-lo? Minha única consolação,
quando considero o passado, é lembrar que
Deus o apagou. Ninguém mais podia fazer isso.
Mas Ele o fez. E este é o primeiro passo essencial
para um novo começo. O passado precisa ser
apagado; e ele é apagado em Cristo e em Sua
morte expiatória.
Todavia, para ter um começo realmente novo,
mais uma coisa é necessária. Não basta que
todos os traços do meu passado sejam
removidos. Preciso de algo no presente. Preciso
ser vestido, necessito de algo que me cubra.
Preciso de confiança para começar outra vez e
para enfrentar a vida, as pessoas e os problemas
que fazem parte dela. Embora o pai tenha
corrido ao encontro do filho e o beijado, isso por
si só não lhe teria dado segurança. Ele saberia
que todos veriam os andrajos e a lama. Por essa
razão, o pai não se limitou a isso. Ele vestiu o
rapaz com roupas dignas de um filho, com todas
as provas externas dessa posição. Anunciou a
todos que seu filho retornou, e o vestiu de forma
que o rapaz não se sentisse envergonhado
diante dos outros. Ninguém mais além do pai
180
podia fazer isso. Outros podiam ter ajudado o
rapaz, mas somente o pai podia restaurá-lo à sua
posição de filho e prover tudo o que estava
associado a ela.
Exatamente o mesmo acontece quando nos
voltamos para Deus. Ele não só nos perdoa e
apaga nosso passado, mas também nos torna
filhos. Ele nos dá uma nova vida e novo poder. E
Ele lhe dará tal certeza do Seu amor, meu amigo,
que você poderá olhar para os outros sem
qualquer sentimento de vergonha. Ele o vestirá
com o manto da justiça de Cristo, e não só lhe
dirá que o vê como filho, mas na verdade fará
com que sinta que realmente o é. Quando olhar
para si mesmo, você nem sequer se
reconhecerá! Olhará para o seu corpo e verá
esse manto de valor inestimável, olhará para os
seus pés e os verá calçados de sandálias novas,
olhará para sua mão e verá o anel, o selo do amor
de Deus. E quando fizer isso, sentirá que pode
enfrentar o mundo todo de cabeça erguida, sim,
e poderá enfrentar o diabo e todos os poderes
que o enganaram no passado e que arruinaram
a sua vida. Sem essa posição e confiança, um
novo começo não passa de um produto da
imaginação. P mundo tenta limpar suas velhas
vestes, buscando dar-lhes uma aparência
respeitável. Somente Deus, em Cristo pode nos
vestir com um manto novo, e realmente nos
tornar fortes. Que o mundo tente apontar o dedo
para nós, querendo trazer à tona o nosso
181
passado! Que tente lançar seus piores
estratagemas contra nós! Basta que olhemos
para o manto, as sandálias e o anel, e saberemos
que tudo está bem.
E se você ainda requer uma prova clara da
realidade de tudo isso, ela pode ser encontrada
no fato que até mesmo o mundo tem de
reconhecer que é verdade. Ouça as palavras do
servo, falando com o irmão mais velho. O que ele
diz? “Um homem de aparência estranha, em
andrajos, apareceu aqui hoje?” Não! “Veio o teu
irmão”. Como ele soube que era o irmão? Ah, ele
vira as ações do pai e ouvira suas palavras! Ele
jamais teria reconhecido o filho, porém o pai o
reconheceu, mesmo à distância. O pai o
reconheceu! E Deus reconhece você, e quando
você se volta para Ele e permite que Ele o vista,
todos ficarão sabendo. Até mesmo o irmão mais
velho ficou sabendo. Era a última coisa que ele
queria saber, mas os cânticos e os sons de júbilo
e alegria não deixavam dúvidas quanto à
conclusão inevitável. Ele estava por demais
aviltado para dizer “meu irmão”, no entanto, até
mesmo ele teve que dizer: “Este teu filho”. Não
passou prometer que todos o amarão que
falarão bem a seu respeito se entregar sua vida a
Deus em Cristo. Muitos certamente o odiarão, e
o perseguirão zombando de você e fazer muitas
outras coisas contra você, mas, ao fazerem isso,
estarão na verdade testemunhando que eles
também perceberam que você é uma nova
182
pessoa, que sua vida foi renovada e recebeu a
oportunidade de um novo começo.
O que mais você requer?
Aqui está a oportunidade para um começo
realmente novo. É o único meio. O próprio Deus
o tornou possível, enviando Seu Filho unigênito
a este mundo, para viver, morrer e ressuscitar.
Não importa o que você tenha sido no passado,
nem o que é no momento. Basta que se volte
para Deus, confessando seu pecado contra Ele,
lançando-se sobre Sua misericórdia em Cristo
Jesus, reconhecendo que somente Ele pode
salvar e guardar você, e descobrirá que
O passado será esquecido
Gozo dado no presente,
Graça futura prometida E uma coroa de glória no céu.
Venha! Amém.
183
Lucas 16
A Parábola do Administrador Infiel (Lucas 16.112)
Lucas 16.1 Dizia Jesus também aos seus
discípulos: Havia certo homem rico, que tinha
um mordomo; e este foi acusado perante ele de
estar dissipando os seus bens.
Lucas 16.2 Chamou-o, então, e lhe disse: Que é
isso que ouço dizer de ti? Presta contas da tua
mordomia; porque já não podes mais ser meu
mordomo.
Lucas 16.3 Disse, pois, o mordomo consigo: Que
hei de fazer, já que o meu senhor me tira a
mordomia? Para cavar, não tenho forças; de
mendigar, tenho vergonha.
Lucas 16.4 Agora sei o que vou fazer, para que,
quando for desapossado da mordomia, me
recebam em suas casas.
Lucas 16.5 E chamando a si cada um dos
devedores do seu senhor, perguntou ao
primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
Lucas 16.6 Respondeu ele: Cem cados de azeite.
Disse-lhe então: Toma a tua conta, senta-te
depressa e escreve cinquenta.
Lucas 16.7 Perguntou depois a outro: E tu,
quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de
trigo. E disse-lhe: Toma a tua conta e escreve
oitenta.
184
Lucas 16.8 E louvou aquele senhor ao injusto
mordomo por haver procedido com sagacidade;
porque os filhos deste mundo são mais sagazes
para com a sua geração do que os filhos da luz.
Lucas 16.9 Eu vos digo ainda: Granjeai amigos
por meio das riquezas da injustiça; para que,
quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos
tabernáculos eternos.
Lucas 16.10 Quem é fiel no pouco, também é fiel
no muito; quem é injusto no pouco, também é
injusto no muito.
Lucas 16.11 Se, pois, nas riquezas injustas não
fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
Lucas 16.12 E se no alheio não fostes fiéis, quem
vos dará o que é vosso?
Seja o que for que tenhamos, a propriedade de
todas as coisas pertence a Deus; nós somente
recebemos a graça de usufruir destas conforme
o mandamento de nosso Senhor, e para a sua
honra. Este mordomo desperdiçou os bens de
seu Senhor. Todos estamos sob a mesma
acusação; não tiramos o devido proveito daquilo
que
Deus
tem
colocado
sob
nossa
responsabilidade. O mordomo não podia negar
este fato; deveria prestar contas e ir embora.
Este exemplo pode nos ensinar que a morte virá,
e nos privará das oportunidades que temos
agora. o mordomo ganhará amigos dentre os
devedores e inquilinos de seu Senhor,
eliminando uma parte considerável da dívida
deles para com este. O Senhor a quem é feita
185
alusão nesta parábola não elogiou a fraude, mas
o procedimento do mordomo. Somente destacase neste aspecto. Os homens mundanos são
néscios ao escolherem os seus objetivos, mas
em sua atividade e perseverança, são muitas
vezes mais sábios do que os crentes. o injusto
mordomo não nos é dado como exemplo de
engano para com o seu Senhor, nem como
justificativa da desonestidade, mas para
destacar o cuidado que os homens mundanos
dedicam. Bom seria que os filhos da luz
aprendessem uma parte da sabedoria e
prudência dos homens do mundo, e seguissem
com igual diligência o seu objetivo como
cristãos, que é melhor do que o daqueles que
não conhecem a Deus.
As verdadeiras riquezas significam bênçãos
espirituais; e se um homem gasta ou acumula
aquilo que Deus lhe tem confiado, quanto às
coisas exteriores, que prova poderá ter de que é
herdeiro de Deus por meio de Cristo? As
riquezas deste mundo são enganosas e incertas.
Convençamo-nos de que são verdadeiramente
ricos, e muito ricos, aqueles que são ricos na fé,
ricos para com Deus, ricos em Cristo e em suas
promessas; então, acumulemos o nosso tesouro
no céu, e esperemos de lá a nossa porção.
Lucas 16.13-17:
Lucas 16.13 Nenhum servo pode servir dois
senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao
186
outro, o há de odiar a um e amar ao outro, o há
de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não
podeis servir a Deus e às riquezas.
Lucas 16.14 Os fariseus, que eram gananciosos,
ouviam todas essas coisas e zombavam dele.
Lucas 16.15 E ele lhes disse: Vós sois os que vos
justificais a vós mesmos diante dos homens,
mas Deus conhece os vossos corações; porque o
que entre os homens é elevado, perante Deus é
abominação.
Lucas 16.16 A lei e os profetas vigoraram até
João; desde então é anunciado o evangelho do
reino de Deus, e todo homem forceja por entrar
nele.
Lucas 16.17 É, porém, mais fácil passar o céu e a
terra do que cair um til da lei.
Não temos outra maneira de provar para nós
mesmos que somos de fato servos de Deus do
que a de nos darmos inteiramente ao seu
serviço, bem como fazer de Mamom, ou seja, de
todo o nosso ganho mundano, utilizável para o
seu serviço (v. 13) : Nenhum servo pode servir a
dois senhores, cujos interesses e comandos são
tão diferentes quanto os que são de Deus e os
que são de Mamom.
Se alguém amar o mundo, automaticamente
desprezará a Deus e se fará seu inimigo.
As exigências do serviço a Deus poderão colidir
em muitos pontos com os seus interesses
mundanos, quer no que tange à qualidade e tipo
187
destes interesses, quer quanto ao tempo
necessário para ser despendido com Deus.
O que está em foco não é se devemos ou não nos
ocupar com atividades seculares, pois isto é
necessário na maioria dos casos dos crentes que
necessitam fazê-lo para a sua subsistência e de
seus familiares. Havendo inclusive ordens
específicas de Deus que trabalhemos para
atender a tal propósito.
Então em que consiste esta incompatibilidade
entre o serviço de Deus e o de Mamom.
Simplesmente no princípio que governa os
nossos corações, pois como já dissemos antes,
os ganhos que temos de Mamom devem
atender aos interesses do reino de Deus e serem
usados para a Sua glória, e nisto se inclui o nosso
cuidado pessoal e de nossos familiares, ou de
outros que estiverem sob o nosso cuidado
providencial.
Mas, em todo o caso, devemos considerar que
com estas palavras, nosso Senhor visava
sobretudo responder aos fariseus que haviam
ficado indignados com a parábola que ele havia
contado sobre o administrador infiel, citada no
início deste capítulo, por entenderem que
estava se referindo a eles.
Os fariseus eram gananciosos, como se afirma
no texto.
188
Eles estavam zombando de Jesus por estar
ensinando tais coisas que contrariavam seus
interesses gananciosos, pois na condição de
religiosos não buscavam o que fosse para a
glória de Deus, senão para atender a seus
próprios interesses gananciosos.
Não admira que tivessem ficado ofendidos, pois
faziam da religião uma ocasião para ganho
financeiro pessoal, e não para salvar e edificar
almas na verdade da Palavra de Deus
Então nosso Senhor demonstrou quão
incompatíveis eram os interesses deles com os
de Deus a quem eles diziam representar na
terra.
Como eram muito estimados pelo povo, que
ignorava a verdadeira condição deles perante
Deus, consideravam-se justificados e elevados,
todavia nosso Senhor lhes alertou que não eram
elevados, mas uma abominação aos olhos de
Deus.
Eles tinham ainda contra eles e seus interesses
o fato de que o evangelho estava inaugurando
uma nova dispensação e todo o sistema judaico
da antiga aliança cairia, e como era nele que
estava baseada a ministração deles, teriam o seu
negócio arruinado, pois estavam fazendo um
uso indevido da religião.
189
A antiga aliança seria revogada (o sistema de
culto), mas não a Lei, e por isso nosso Senhor fez
questão de finalizar afirmando que seria mais
fácil passar o céu e a terra do que cair um til
(menor caráter da lei juntamente com o iota). A
eles cabia ensinar e cumprir a lei e não
corrompê-la e descumpri-la conforme era o
costume deles, e portanto seriam devidamente
julgados e condenados por Deus.
Lucas 16.18 - Vide Mateus 19.9-12
Lucas 16.18 Todo aquele que repudia sua mulher
e casa com outra, comete adultério; e quem casa
com a que foi repudiada pelo marido, também
comete adultério.
Lucas 16.19-31:
Lucas 16.19 Ora, havia um homem rico que se
vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os
dias se regalava esplendidamente.
Lucas 16.20 Ao seu portão fora deitado um
mendigo, chamado Lázaro, todo coberto de
úlceras;
Lucas 16.21 o qual desejava alimentar-se com as
migalhas que caíam da mesa do rico; e os
próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras.
Lucas 16.22 Veio a morrer o mendigo, e foi
levado pelos anjos para o seio de Abraão;
morreu também o rico, e foi sepultado.
190
Lucas 16.23 No hades, ergueu os olhos, estando
em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a
Lázaro no seu seio.
Lucas 16.24 E, clamando, disse: Pai Abraão, tem
misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para
que molhe na água a ponta do dedo e me
refresque a língua, porque estou atormentado
nesta chama.
Lucas 16.25 Disse, porém, Abraão: Filho, lembrate de que em tua vida recebeste os teus bens, e
Lázaro de igual modo os males; agora, porém,
ele aqui é consolado, e tu atormentado.
Lucas 16.26 E além disso, entre nós e vós está
posto um grande abismo, de sorte que os que
quisessem passar daqui para vós não poderiam,
nem os de lá passar para nós.
Lucas 16.27 Disse ele então: Rogo-te, pois, ó pai,
que o mandes à casa de meu pai,
Lucas 16.28 porque tenho cinco irmãos; para que
lhes dê testemunho, a fim de que não venham
eles também para este lugar de tormento.
Lucas 16.29 Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os
profetas; ouçam-nos.
Lucas 16.30 Respondeu ele: Não! pai Abraão;
mas, se alguém dentre os mortos for ter com
eles, hão de se arrepender.
Lucas 16.31 Abraão, porém, lhe disse: Se não
ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco
acreditarão, ainda que ressuscite alguém
dentre os mortos.
191
Aqui as coisas espirituais estão representadas
por uma descrição do diferente estado do bom e
do mau neste mundo e no porvir. Não nos é dito
que o rico obteve a sua fortuna por meio de
fraude ou de opressão; porém, Cristo mostra
que um homem pode ter muitas riquezas,
pompa e prazer neste mundo, e perecer para
sempre sob a ira e a maldição de Deus. O pecado
deste rico era que somente fazia provisão para si
mesmo. Aqui há um santo varão, nas
profundezas da adversidade e da angústia que
será feliz para sempre no porvir.
Muitas vezes a sorte de alguns dos santos e
servos mais amados de Deus é a de serem
grandemente afligidos neste mundo. Não nos é
dito que o rico tenha infligido algum dano a
Lázaro, o pobre, mas não encontramos que
tivesse se interessado por este.
Aqui está a diferente condição, após a morte, de
um pobre e santo, e de um rico ímpio. o rico, no
inferno, levantou os olhos, estando em
tormentos. Não é provável que existam
conversas entre os santos glorificados e os
pecadores condenados; porém, este diálogo
mostra a miséria e o desespero, e os desejos
infrutíferos nos quais entram os espíritos
condenados. Chegará o dia em que aqueles que
hoje odeiam e desprezam o povo de Deus,
receberão alegremente a bondade deles;
192
porém, o condenado no inferno jamais terá o
mínimo alívio de seu tormento.
Os pecadores são agora chamados a ponderar a
respeito de suas vidas, mas não o fazem, não
querem fazê-lo e encontram maneiras de evitálo. Como as pessoas más somente possuem boas
coisas nesta vida, e na morte são para sempre
separados de todo o bem, assim, o povo santo
sofre situações más somente nesta vida, e na
morte são para sempre separados delas. Bendito
seja Deus, que neste mundo não exista um
abismo insondável entre o estado natural e a
graça; podemos passar do pecado a Deus, mas se
morrermos em nossos pecados, não haverá
saída.
O rico tinha cinco irmãos, e teria desejado detêlos em seu rumo pecaminoso. Chegarem a este
lugar de tormentos pioraria a sua desgraça, pois
teria ajudado a mostrar-lhes o caminho a este
lugar. Quantos desejariam agora retratar-se ou
desfazer o que escreveram ou fizeram!
Aqueles que gostariam que o pedido do rico a
Abraão justificasse orar aos santos já mortos,
ficam deste modo tão longe de ter provas
verdadeiras, quando o erro do pecador
condenado é tudo o que podem encontrar como
exemplo. É óbvio que não haveria qualquer
estímulo para seguir o exemplo daquele homem
rico, uma vez que todas as suas petições foram
feitas em vão.
193
Um mensageiro vindo dentre os mortos não
poderia dizer mais do que aquilo que foi dito nas
Escrituras. A mesma força da corrupção que
irrompe através das convicções da Palavra
escrita, triunfaria acima de um testemunho de
mortos. Busquemos a lei e o testemunho (Is 8.19,
20), porque esta é a palavra correta da profecia,
sobre a qual podemos ter a maior certeza (2 Pe
1.19). As circunstâncias de cada época mostram
que os terrores e os argumentos não podem dar
o verdadeiro arrependimento sem a graça
especial de Deus, que renova o coração do
pecador.
COMO A PALAVRA PRODUZ A FÉ
Luc 16:29 “... Eles têm Moisés e os Profetas;
ouçam-nos.”
Na parábola do rico e do mendigo, Jesus usou
esta expressão Moisés e os Profetas, que era
uma das formas de se referir a todo o conjunto
das Escrituras do Antigo Testamento, que foram
produzidas por revelação e inspiração de Deus.
Não é nosso propósito neste momento
comentar toda a parábola, mas destacar um dos
seus pontos muito importantes, para que
possamos entender o modo designado por Deus
para a salvação das nossas almas.
O rico, estando no inferno, pensava
erroneamente que poderia ter sido salvo por um
194
sinal poderoso que lhe fosse enviado do céu,
como o envio do mendigo Lázaro a seus cinco
irmãos que ainda viviam na terra, para lhes
servir de testemunho, vendo o estado de glória
em que ele se encontrava, pois o haviam
conhecido muito bem em sua miséria quando
vivia na terra, e no entender do rico, isto lhes
convenceria de que havia de fato um céu.
Foi dado como resposta ao seu pedido,
simplesmente que seus irmãos deveriam ouvir
Moisés e os profetas, ou seja, as Escrituras, para
que fossem salvos.
Ou seja, eles deveriam dar atenção ao
testemunho
que
as
Escrituras
dão
relativamente à santidade de Deus e de Cristo,
como também da ruína completa dos homens
em face da sua natureza pecaminosa, mas que
Deus, em Sua misericórdia afirma que o justo
viverá pela fé, ou seja ele terá vida eterna, pela fé
na Palavra do Senhor.
Este é o significado interior de se ouvir Moisés e
os profetas.
È o de nos arrependermos de nossa condição
caída e buscar refúgio na graça do Senhor Jesus
que nos está sendo oferecida gratuitamente por
darmos crédito à Sua Palavra.
195
O firme fundamento repousa nisto, a saber, em
se honrar a Palavra do Senhor, porque Ele dá
muita honra à mesma.
Por isso nos deu a revelação da Sua pessoa e
vontade nas Escrituras, para que mesmo sem
um sinal visível do céu, sem qualquer coisa
extraordinária que nos seja enviada por Ele para
ser testemunhada pela nossa visão natural,
creiamos em tudo o que Ele afirma na Sua
Palavra escrita, de modo que demonstramos
com isso que damos de fato crédito ao que Ele
tem dito.
Não foi justamente o oposto disto que aconteceu
na queda do jardim do Éden?
O homem e a mulher deram crédito à palavra da
serpente e desconsideram aquilo que Deus lhes
havia falado.
Então não seria por nenhum sinal enviado do
céu, como o rico da parábola insistiu pedindo
que outras pessoas que haviam morrido e
ressuscitado, fossem enviadas a seus irmãos
para que eles cressem.
Mas esta foi a resposta que lhe foi dada:
“Se não ouvem a Moisés e aos Profetas,
tampouco se deixarão persuadir, ainda que
ressuscite alguém dentre os mortos.”
196
Não porque fossem duros o bastante para não
reconhecer o poder de Deus em ressuscitar,
mas porque não foi este o método designado por
Deus para a salvação, que é o de ter fé na Sua
palavra revelada, de modo que a fé vem pelo
ouvir a Palavra.
Não será pela visão do arcanjo Miguel, de um
Serafim, dos querubins, do próprio Cristo, que
alguém será salvo.
A salvação sempre ocorrerá somente quando
acolhermos com mansidão e fé a Palavra do
Senhor.
Hoje, temos mais do que Moisés e os profetas,
porque por meio de nosso Senhor Jesus Cristo,
temos também as Escrituras do Novo
Testamento.
Então temos uma maior e melhor razão para
cremos, lendo, amando, acolhendo e praticando
a Palavra de Deus. Pela fé em tudo o que nos tem
sido revelado por Ele, para que crendo em Sua
Palavra, que nos aponta Cristo, como nossa
única esperança, sejamos salvos.
Ouvir com fé. Esta é a chave que nos conduz para
o céu e para a vida do céu.
Lembremos sempre desta afirmação solene,
que é a fórmula da salvação:
197
“...Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.”
198
Lucas 17
Lucas 17.1,2 - Vide Mateus 18.6
Lucas 17.1 Disse Jesus a seus discípulos: É
impossível que não venham tropeços, mas ai
daquele por quem vierem!
Lucas 17.2 Melhor lhe fora que se lhe
pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e
fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um
destes pequeninos.
Lucas 17.3-10 - Vide Mateus 18.21,22
Lucas 17.3 Tende cuidado de vós mesmos; se teu
irmão pecar, repreende-o; e se ele se
arrepender, perdoa-lhe.
Lucas 17.4 Mesmo se pecar contra ti sete vezes
no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo:
Arrependo-me; tu lhe perdoarás.
Lucas 17.5 Disseram então os apóstolos ao
Senhor: Aumenta-nos a fé.
Lucas 17.6 Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé
como um grão de mostarda, diríeis a esta
amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar; e
ela vos obedeceria.
Lucas 17.7 Qual de vós, tendo um servo a lavrar
ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do
campo: chega-te já, e reclina-te à mesa?
Lucas 17.8 Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia,
e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido
e bebido, e depois comerás tu e beberás?
199
Lucas 17.9 Porventura agradecerá ao servo,
porque este fez o que lhe foi mandado?
Lucas 17.10 Assim também vós, quando fizerdes
tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos
inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
Lucas 17.11-19:
Lucas 17.11 E aconteceu que, indo ele a
Jerusalém, passava pela divisa entre a Samaria e
a Galileia.
Lucas 17.12 Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe
ao encontro dez leprosos, os quais pararam de
longe,
Lucas 17.13 e levantaram a voz, dizendo: Jesus,
Mestre, tem compaixão de nós!
Lucas 17.14 Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e
mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que,
enquanto iam, ficaram limpos.
Lucas 17.15 Um deles, vendo que fora curado,
voltou glorificando a Deus em alta voz;
Lucas 17.16 e prostrou-se com o rosto em terra
aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era
samaritano.
Lucas 17.17 Perguntou, pois, Jesus: Não foram
limpos os dez? E os nove, onde estão?
Lucas 17.18 Não se achou quem voltasse para dar
glória a Deus, senão este estrangeiro?
Lucas 17.19 E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé
te salvou.
200
A lepra era uma doença que os judeus julgavam
que era infligida para a punição de algum
pecado em particular, e para ser, mais do que
outras doenças, uma marca do desagrado de
Deus; e, portanto, Cristo, que veio para tirar o
pecado, e desviar a ira divina, teve um cuidado
especial para limpar os leprosos que
atravessaram seu caminho.
Eram dez leprosos que estavam longe, sabendo
que pela lei a sua doença obrigava-os a manter
distância. Então levantaram a voz, clamando que
Jesus tivesse misericórdia deles.
Jesus os enviou para o sacerdote, para ser
inspecionado por ele, conforme determinado
pela Lei de Moisés.
Nisto vemos como nosso Senhor tinha o cuidado
de cumprir mesmo a lei cerimonial, apesar de
saber que depois de sua morte e ressurreição
não haveria mais a necessidade de ser
cumprida. Até então ele cumpriu em tudo a Lei
para que pudesse morrer no nosso lugar, para
livrar-nos da maldição da Lei, que está sobre
todos aqueles que transgridem os seus
mandamentos.
Quando eles iam, ficaram limpos, e assim
tornaram-se aptos para serem examinados pelo
sacerdote e ser certificado que estavam limpos
para poderem retornar ao convívio social.
201
Um deles, e apenas um, voltou para dar graças.
Quando ele viu que estava curado, em vez de ir
adiante ao sacerdote, para ser por ele declarado
limpo,
e
assim
dispensado
do
seu
confinamento, o que foi tudo o que os demais
apenas visaram, ele voltou na direção de quem
foi o autor de sua cura, a quem ele desejava dar
graças, antes de ir ter com o sacerdote.
Os nove que não voltaram para dar graças a Deus
eram judeus, e seria de se esperar que a gratidão
partisse deles, e no entanto, quem voltou foi um
estrangeiro, provavelmente um samaritano,
porque Marcos informa que isto ocorreu na
divisa entre a Galileia e Samaria..
Esta passagem revela que não é de fato por
sermos religiosos, nascidos numa família que
tem a seu dispor a Bíblia, que podemos ter a
garantia de que somos de Deus e que o amamos.
O endurecimento que veio aos israelitas foi visto
até mesmo em leprosos que foram curados por
Jesus, e enquanto isto, um samaritano entrava
no reino de Deus pois viu em Cristo muito mais
do que alguém que fosse poderoso para curar a
lepra do corpo, como também a do espírito.
Lucas 17.20-37:
Lucas 17.20 Sendo Jesus interrogado pelos
fariseus sobre quando viria o reino de Deus,
202
respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com
aparência exterior;
Lucas 17.21 nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Eí-lo ali!
pois o reino de Deus está dentro de vós.
Lucas 17.22 Então disse aos discípulos: Dias virão
em que desejareis ver um dos dias do Filho do
homem, e não o vereis.
Lucas 17.23 Dir-vos-ão: Ei-lo ali! ou: Ei-lo aqui!
não vades, nem os sigais;
Lucas 17.24 pois, assim como o relâmpago,
fuzilando em uma extremidade do céu, ilumina
até a outra extremidade, assim será também o
Filho do homem no seu dia.
Lucas 17.25 Mas primeiro é necessário que ele
padeça muitas coisas, e que seja rejeitado por
esta geração.
Lucas 17.26 Como aconteceu nos dias de Noé,
assim também será nos dias do Filho do homem.
Lucas 17.27 Comiam, bebiam, casavam e davamse em casamento, até o dia em que Noé entrou
na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos.
Lucas 17.28 Como também da mesma forma
aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam,
compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
Lucas 17.29 mas no dia em que Ló saiu de
Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os
destruiu a todos;
Lucas 17.30 assim será no dia em que o Filho do
homem se há de manifestar.
Lucas 17.31 Naquele dia, quem estiver no eirado,
tendo os seus bens em casa, não desça para tirá-
203
los; e, da mesma sorte, o que estiver no campo,
não volte para trás.
Lucas 17.32 Lembrai-vos da mulher de Ló.
Lucas 17.33 Qualquer que procurar preservar a
sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder,
conservá-la-á.
Lucas 17.34 Digo-vos: Naquela noite estarão dois
numa cama; um será tomado, e o outro será
deixado.
Lucas 17.35 Duas mulheres estarão juntas
moendo; uma será tomada, e a outra será
deixada.
Lucas 17.36 [Dois homens estarão no campo; um
será tomado, e o outro será deixado.]
Lucas 17.37 Perguntaram-lhe: Onde, Senhor? E
respondeu-lhes: Onde estiver o corpo, aí se
ajuntarão também os abutres.
Temos aqui um discurso de Jesus relativo ao
reino de Deus, isto é, o reino do Messias, que
agora estava prestes a ser inaugurado, e quanto
ao qual havia uma grande expectativa.
Foi uma pergunta feita pelos fariseus sobre
quando viria o reino que precipitou esta
resposta na qual nosso Senhor diz que o reino
não deveria ser esperado como algo visível
como o são os reinos deste mundo, pois ele se
manifesta no coração de cada um daqueles que
nele creem.
204
Que o reino do Messias era para ser um reino
espiritual, e não temporal e externo, e assim a
sua entrada é silenciosa, sem pompa e ruído.
O evangelho estava destinado a progredir no
mundo até que fosse atingido o estado final da
sua glória por ocasião do seu retorno para julgar
o mundo e entregar o reino ao Pai.
Muitos trabalhariam para este propósito mas
não o veriam cumprido em seus dias, pois
somente Deus conhece o dia da volta do Filho
com poder e grande glória.
O mundo seguia em seu curso natural e normal,
como ocorreu nos dias de Noé e de Ló, e
sobreveio repentinamente e sem aviso, o dia do
dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra. E
de igual modo os juízos que serão precipitados e
acompanharão a Sua volta hão de acontecer de
modo repentino.
Somente a verdadeira fé em Deus, a confiança
total nele poderá preservar a vida daqueles que
estiverem vivendo no Dia do Senhor, que é um
dia de trevas, e não de luz, como vemos nos
profetas do Velho Testamento.
Tentar preservar a própria vida sem esta
confiança em Deus será inútil pois Ele
preservará somente aqueles que nele confiam.
205
A ceifa do juízo do Senhor passará sobre a terra,
mas pessoas que se acharem nas mesmas
circunstâncias e lugares serão distintamente
tratadas por Ele, com base na sua fé, pois alguns
serão deixados e outros serão tomados pelo
juízo que virá, de modo que haverá muitos
mortos e de tantos que são não haverá quem os
sepulte, e por isso os abutres se ajuntarão para
consumir suas carcaças putrefatas.
206
Lucas 18
Lucas 18.1-8
1 Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de
orar sempre e nunca esmorecer:
2 Havia em certa cidade um juiz que não temia a
Deus, nem respeitava homem algum.
3 Havia também, naquela mesma cidade, uma
viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a
minha causa contra o meu adversário.
4 Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas,
depois, disse consigo: Bem que eu não temo a
Deus, nem respeito a homem algum;
5 todavia, como esta viúva me importuna,
julgarei a sua causa, para não suceder que, por
fim, venha a molestar-me.
6 Então, disse o Senhor: Considerai no que diz
este juiz iníquo.
7 Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que
a ele clamam dia e noite, embora pareça
demorado em defendê-los?
8 Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça.
Contudo, quando vier o Filho do Homem,
achará, porventura, fé na terra?:
Não há dever mais fortemente enfocado na
Escritura do que o da oração; nem há qualquer
outro que necessite ser mais inculcado na
consciência.
207
Para aqueles que nunca se envolveram nesta
tarefa com espiritualidade real de mente, pode
parecer ser de fácil realização, mas aqueles que
são mais sérios no seu desempenho, encontram
muitas dificuldades para serem enfrentadas.
Para nos encorajar a perseverar na oração, a
despeito de todas as dificuldades, nosso Senhor
falou a parábola diante de nós.
Devemos considerar o que diz o juiz injusto.
Havia uma viúva laborando sob alguma pesada
opressão.
O pecado tem universalmente armado os
homens contra seus semelhantes. O mundo
está cheio de roubo e opressão de todos os tipos,
Sl 74.20, e os que são mais indefesos geralmente
sofrem os maiores danos. Cada um está pronto
para se aproveitar do órfão e da viúva. Então é o
conforto deles, saber que a par de terem
inimigos na Terra, que têm um amigo no céu.
A viúva foi a um magistrado para apresentar
suas queixas.
A nomeação de magistrados é uma bênção rica
para a comunidade, e eles deveriam ser
considerados com muito respeito e gratidão.
Nós não deveríamos de fato recorrer à lei por
ninharias. Devemos sim resolver nossas
disputas, se possível, por meio de arbitragem,
208
mas nas circunstâncias da viúva, era correto
solicitar a interferência do magistrado.
O juiz, por um longo tempo, não deu qualquer
atenção ao seu pedido.
O juiz demonstrou não ser uma pessoa de
caráter: ele não temia o santo, onisciente,
onipotente Deus; e nem sequer considerava a
boa opinião dos homens. Assim, ele não possuía
qualquer regra de conduta, mas o seu próprio
capricho ou interesse. Certamente, ao lado de
um ministro vicioso, não pode haver maior
maldição para um bairro do que um magistrado
desleixado como este. Nós temos motivos para
bendizer a Deus, no entanto, apesar de tais
caracteres serem muito comuns, são raramente
encontrados entre a magistratura.
Não é à toa que o tal juiz era surdo aos clamores
da equidade e da compaixão.
Finalmente, ele agiu sob a importunação da
viúva.
Ele se gloriava em seu desprezo a todas as leis
humanas e divinas; mas não podia suportar os
constantes apelos da viúva. Portanto, apenas
para se livrar dela, atendeu à sua petição, e fez
para sua própria comodidade, aquilo que
deveria ter feito a partir de um melhor motivo.
Assim, infelizmente! proclamou sua própria
209
vergonha, mas declarou, de forma muito
marcante, a eficácia da importunação.
Sua fala, ímpia como foi, pode ser vista como
rentável para as nossas almas; conforme a
aplicação feita por nosso Senhor.
Todos nós, do ponto de vista espiritual, nos se
assemelhamos a esta viúva indefesa.
Estamos cercados de inimigos no nosso interior
e também externamente: nossos conflitos com
a corrupção do pecado que habita em nós são
grandes e múltiplos. Temos, sobretudo, que
lutar com todos os poderes das trevas; e não
temos em nós mesmos qualquer força para
resistir aos nossos adversários.
Mas Deus, o juiz de todos, nos ajudará se
apelarmos a ele.
Deus tem prometido ouvir as súplicas de seu
povo; ele tem declarado que ele não irá lançar
fora a qualquer pessoa que vier a ele.
Ele pode, de fato, por razões sábias atrasar as
respostas à oração; ele pode suportar tanto
tempo com a gente, como para nos fazer pensar
que ele não irá ouvir, mas ele nunca vai deixar
de nos socorrer em qualquer época.
Isto pode ser fortemente deduzido a partir da
citada parábola.
210
A viúva era uma estranha sem qualquer
relacionamento com o juiz; mas nós somos
eleitos de Deus, seu povo peculiar e favorito. O
juiz injusto não estava interessado na concessão
de seu pedido; mas a honra de Deus se preocupa
em aliviar as necessidades das pessoas do seu
povo. Podemos até tratá-lo na língua de Davi, Sl
74.22. Havia pouca esperança de prevalecer com
tal juiz injusto e não misericordioso, mas nós
tratamos com um compassivo Pai de amor.
Além disso, a viúva não tinha ninguém para
interceder por ela, mas temos um advogado
justo e todo-suficiente.
Ela estava em perigo de irritar o juiz por suas
súplicas; mas quanto mais importunos somos,
mais Deus se agrada de nós, Isa 62.7. Ela, apesar
de todas as suas dificuldades, obteve resposta ao
seu pedido. Quanto mais, iremos nós, que em
vez de suas dificuldades, temos esses incentivos
abundantes! Certamente esta dedução é tão
consoladora quanto simples e óbvia, e nosso
Senhor, com sinceridade peculiar, o confirma:
“Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça.“.
Há muito pouco de tal importunação para ser
achada; nem é de se admirar, uma vez que há tão
pouca "fé sobre a Terra".
A fé é o princípio de onde a oração sincera
procede. Se nós cremos nas declarações de
Deus, devemos nos sentir fracos e indefesos; se
cremos nas suas promessas, vamos reconhecer
211
a sua prontidão para nos ajudar, e se cremos na
realidade e importância das coisas eternas,
vamos fervorosamente buscar a ajuda de Deus;
nem estaremos indispostos por esperar até que
ele nos responda. Mas quão pouco há de tal fé no
mundo! Quão poucos são fiéis às convicções de
suas próprias consciências! Quão poucos
mantêm essa constância santa e fervor na
oração! Quão poucos podem ser realmente
chamados de um povo íntimo de Deus!
Se Cristo viesse agora para juízo, iria encontrar
esta fé em nós?
Alguns vivem sem qualquer reconhecimento de
Deus na oração; eles parecem ter esquecido de
que haverá um dia de julgamento; outros se
envolvem com seus deveres habituais e ficam
satisfeitos com um recital sem sentido de certas
palavras. Há outros ainda que sob a pressão da
aflição irão clamar a Deus, mas logo se cansarão
de um serviço no qual eles não têm prazer.
Poucos, muito poucos, é para ser lamentado, se
assemelham à viúva importuna. Poucos oram,
como se eles cressem completamente na
eficácia da oração. Se Cristo viesse agora ele
encontraria tal fé em nós? Ele certamente irá
investigar o que diz respeito à nossa fé, como às
nossas obras, e se nós não temos a fé que nos
estimula à oração, ele lançará a nossa parte com
os infiéis.
212
Tradução, adaptação e redução feitas pelo Pr
Silvio Dutra, de um texto de Charles Simeon, em
domínio público.
Lucas 18.9-14:
Lucas 18.9 Propôs também esta parábola a uns
que confiavam em si mesmos, crendo que eram
justos, e desprezavam os outros:
Lucas 18.10 Dois homens subiram ao templo
para orar; um fariseu, e o outro publicano.
Lucas 18.11 O fariseu, de pé, assim orava consigo
mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como
os demais homens, roubadores, injustos,
adúlteros, nem ainda com este publicano.
Lucas 18.12 Jejuo duas vezes na semana, e dou o
dízimo de tudo quanto ganho.
Lucas 18.13 Mas o publicano, estando em pé de
longe, nem ainda queria levantar os olhos ao
céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê
propício a mim, o pecador!
Lucas 18.14 Digo-vos que este desceu justificado
para sua casa, e não aquele; porque todo o que a
si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que
a si mesmo se humilhar será exaltado.
213
Em várias outras passagens Jesus havia
repreendido a confiança que os escribas e
fariseus depositavam em suas práticas
religiosas externas sem que houvesse um
devido acompanhamento do conhecimento da
Palavra e do poder de Deus aplicado às suas
vidas.
Eles negligenciavam a justiça, a fé, o amor, a
misericórdia de Deus, e punham toda a sua
confiança para serem aceitos por Ele no simples
fato de jejuarem, serem dizimistas e por
observarem as práticas cerimoniais que eles
haviam inventado.
Para demonstrar a insensatez deles Jesus
contou esta parábola para mostrar que nada
disto os tornava justos aos olhos de Deus, e que
a confiança na própria justiça que os levava a
desprezarem outras pessoas que não agiam
como eles, era totalmente infundada.
E a comparação foi de tal ordem contundente e
impressiva que o desprezado da parábola não foi
um pecador comum, senão um publicano que
era odiado pelos judeus por cobrar deles
impostos para Roma, e não raro se apropriava de
parte dos valores arrecadados.
O publicano, por seu arrependimento e
humildade diante de Deus foi justificado,
enquanto que o orgulhoso fariseu se gabava em
sua oração dirigida para si mesmo, apesar de ter
214
usado o nome de Deus, por ser diferente dos
demais homens, pois não roubava, não era
injusto e nem ainda adúltero como aquele
publicano que Deus havia justificado. Além
disso achava que o fato de jejuar duas vezes por
semana e dar o dízimo de tudo quanto tinha o
recomendava a Deus.
Ele foi rebaixado porque se exaltava, e o
publicano foi exaltado porque se humilhou.
A salvação e a nossa aceitação por Deus são
consequência exclusiva da sua grande graça e
misericórdia e não de algum bom ato praticado
por nós, ou por algum mérito que pensemos ter
diante dele.
Todos somos dotados de uma natureza que foi
corrompida pelo pecado, e por melhores ou
piores que sejamos, nos encontramos nas
mesmas condições perante Deus no que diz
respeito à nossa justificação (salvação) por ele, a
qual sempre será concedida pela graça e
mediante a fé..
Cremos que o publicano que foi justificado não
teve mais motivos para se envergonhar, por
suas más obras, a ponto de sequer ser
considerado digno de elevar os olhos ao céu,
pois em Jesus, temos paz com Deus e nos
tornamos seus filhos amados. O pecado já não
terá mais domínio sobre nós, porque a graça nos
215
dá uma nova inclinação para o senhorio de
Deus, e não do pecado.
Lucas 18.15-17 - Vide Mateus 19.13-15
Lucas 18.15 Traziam-lhe também as crianças,
para que as tocasse; mas os discípulos, vendo
isso, os repreendiam.
Lucas 18.16 Jesus, porém, chamando-as para si,
disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as
impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
Lucas 18.17 Em verdade vos digo que, qualquer
que não receber o reino de Deus como criança,
de modo algum entrará nele.
Lucas 18.18-23 - Vide Mateus 19.6-23
Lucas 18.18 E perguntou-lhe um dos principais:
Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida
eterna?
Lucas 18.19 Respondeu-lhe Jesus: Por que me
chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é
Deus.
Lucas 18.20 Sabes os mandamentos: Não
adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás
falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.
Lucas 18.21 Replicou o homem: Tudo isso tenho
guardado desde a minha juventude.
Lucas 18.22 Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe:
Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens
216
e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no
céu; e vem, segue-me.
Lucas 18.23 Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de
tristeza; porque era muito rico.
Lucas 18.24-30 - Vide Mateus 19.23-30
Lucas 18.24 E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão
dificilmente entrarão no reino de Deus os que
têm riquezas!
Lucas 18.25 Pois é mais fácil um camelo passar
pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico
no reino de Deus.
Lucas 18.26 Então os que ouviram isso disseram:
Quem pode, então, ser salvo?
Lucas 18.27 Respondeu-lhes: As coisas que são
impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
Lucas 18.28 Disse-lhe Pedro: Eis que nós
deixamos tudo, e te seguimos.
Lucas 18.29 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade
vos digo que ninguém há que tenha deixado
casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos,
por amor do reino de Deus,
Lucas 18.30 que não haja de receber no presente
muito mais, e no mundo vindouro a vida eterna.
Lucas 18.31-34 - Vide Mateus 20.17-19
Lucas 18.31 Tomando Jesus consigo os doze,
disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se
cumprirá no filho do homem tudo o que pelos
profetas foi escrito;
217
Lucas 18.32 pois será entregue aos gentios, e
escarnecido, injuriado e cuspido;
Lucas 18.33 e depois de o açoitarem, o matarão;
e ao terceiro dia ressurgirá.
Lucas 18.34 Mas eles não entenderam nada
disso; essas palavras lhes eram obscuras, e não
percebiam o que lhes dizia.
Lucas 18.35-43 - Vide Mateus 20.29-34
Lucas 18.35 Ora, quando ele ia chegando a Jericó,
estava um cego sentado junto do caminho,
mendigando.
Lucas 18.36 Este, pois, ouvindo passar a
multidão, perguntou que era aquilo.
Lucas 18.37 Disseram-lhe que Jesus, o nazareno,
ia passando.
Lucas 18.38 Então ele se pôs a clamar, dizendo:
Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Lucas 18.39 E os que iam à frente repreendiamno, para que se calasse; ele, porém, clamava
ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de
mim!
Lucas 18.40 Parou, pois, Jesus, e mandou que lho
trouxessem. Tendo ele chegado, perguntou-lhe:
Lucas 18.41 Que queres que te faça? Respondeu
ele: Senhor, que eu veja.
Lucas 18.42 Disse-lhe Jesus: Vê; a tua fé te salvou.
Lucas 18.43 Imediatamente recuperou a vista, e
o foi seguindo, gloficando a Deus. E todo o povo,
vendo isso, dava louvores a Deus.
218
Lucas 19
Lucas 19.1-10:
Lucas 19.1 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia
atravessando a cidade.
Lucas 19.2 Havia ali um homem chamado
Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era
rico.
Lucas 19.3 Este procurava ver quem era Jesus, e
não podia, por causa da multidão, porque era de
pequena estatura.
Lucas 19.4 E correndo adiante, subiu a um
sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar
por ali.
Lucas 19.5 Quando Jesus chegou àquele lugar,
olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce
depressa; porque importa que eu fique hoje em
tua casa.
Lucas 19.6 Desceu, pois, a toda a pressa, e o
recebeu com alegria.
Lucas 19.7 Ao verem isso, todos murmuravam,
dizendo: Entrou para ser hóspede de um
homem pecador.
Lucas 19.8 Zaqueu, porém, levantando-se, disse
ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres
metade dos meus bens; e se em alguma coisa
tenho defraudado alguém, eu lho restituo
quadruplicado.
Lucas 19.9 Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação
a esta casa, porquanto também este é filho de
Abraão.
219
Lucas 19.10 Porque o Filho do homem veio
buscar e salvar o que se havia perdido.
Aqueles
que,
como
Zaqueu,
desejam
sinceramente ver a Cristo, vencerão qualquer
obstáculo e se esforçarão para vê-lo. Cristo
oferece uma visita à casa de Zaqueu. Aonde quer
que Cristo vá, abre o coração daqueles que são
sinceros, inclinando-os a recebê-lo. Aqueles que
desejam seguir a Cristo serão conhecidos por
Ele, e os que são chamados por Cristo devem se
humilhar e descer de suas posições.
Bem podemos receber com gozo aquele que traz
consigo todo o bem. Zaqueu deu provas públicas
de ter chegado a ser um verdadeiro convertido.
Este não procura ser justificado por suas obras,
como o fariseu, mas por suas boas obras
demonstra a sinceridade de sua fé, e o
arrependimento pela graça de Deus. Zaqueu é
considerado feliz, agora que se voltou do pecado
a Deus.
Agora que é salvo de seus pecados, de sua culpa,
do poder destes, todos os benefícios da salvação
já são seus Cristo veio à sua casa, e aonde Cristo
vai, chega com Ele a salvação. Veio a este mundo
perdido para buscá-lo e salvá-lo. o seu objetivo é
salvar, e não há salvação em nenhum outro,
senão em Jesus Cristo. Ele busca aqueles que
não o buscam, e que nem mesmo perguntam
por Ele.
220
Lucas 19.11-27:
Lucas 19.11 Ouvindo eles isso, prosseguiu Jesus,
e contou uma parábola, visto estar ele perto de
Jerusalém, e pensarem eles que o reino de Deus
se havia de manifestar imediatamente.
Lucas 19.12 Disse pois: Certo homem nobre
partiu para uma terra longínqua, a fim de tomar
posse de um reino e depois voltar.
Lucas 19.13 E chamando dez servos seus, deulhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu
venha.
Lucas 19.14 Mas os seus concidadãos odiavamno, e enviaram após ele uma embaixada,
dizendo: Não queremos que este homem reine
sobre nós.
Lucas 19.15 E sucedeu que, ao voltar ele, depois
de ter tomado posse do reino, mandou chamar
aqueles servos a quem entregara o dinheiro, a
fim de saber como cada um havia negociado.
Lucas 19.16 Apresentou-se, pois, o primeiro, e
disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.
Lucas 19.17 Respondeu-lhe o senhor: Bem está,
servo bom! porque no mínimo foste fiel, sobre
dez cidades terás autoridade.
Lucas 19.18 Veio o segundo, dizendo: Senhor, a
tua mina rendeu cinco minas.
Lucas 19.19 A este também respondeu: Sê tu
também sobre cinco cidades.
Lucas 19.20 E veio outro, dizendo: Senhor, eis
aqui a tua mina, que guardei num lenço;
221
Lucas 19.21 pois tinha medo de ti, porque és
homem severo; tomas o que não puseste, e
ceifas o que não semeaste.
Lucas 19.22 Disse-lhe o Senhor: Servo mau! pela
tua boca te julgarei; sabias que eu sou homem
severo, que tomo o que não pus, e ceifo o que
não semeei;
Lucas 19.23 por que, pois, não puseste o meu
dinheiro no barco? então vindo eu, o teria
retirado com os juros.
Lucas 19.24 E disse aos que estavam ali: Tirai-lhe
a mina, e dai-a ao que tem as dez minas.
Lucas 19.25 Responderam-lhe eles: Senhor, ele
tem dez minas.
Lucas 19.26 Pois eu vos digo que a todo o que
tem, dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, até
aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
Lucas 19.27 Quanto, porém, àqueles meus
inimigos que não quiseram que eu reinasse
sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de
mim.
O teor desta parábola é semelhante à dos
talentos que se encontra comentada em Mateus
25.14-30.
Lucas 19.28-44 - Vide Mateus 21.1-11 ou João 12.1219
Lucas 19.28 Tendo Jesus assim falado, ia
caminhando adiante deles, subindo para
Jerusalém.
222
Lucas 19.29 Ao aproximar-se de Betfagé e de
Betânia, junto do monte que se chama das
Oliveiras, enviou dois dos discípulos,
Lucas 19.30 dizendo-lhes: Ide à aldeia que está
defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um
jumentinho em que ninguém jamais montou;
desprendei-o e trazei-o.
Lucas 19.31 Se alguém vos perguntar: Por que o
desprendeis? respondereis assim: O Senhor
precisa dele.
Lucas 19.32 Partiram, pois, os que tinham sido
enviados, e acharam conforme lhes dissera.
Lucas
19.33
Enquanto
desprendiam
o
jumentinho, os seus donos lhes perguntaram:
Por que desprendeis o jumentinho?
Lucas 19.34 Responderam eles: O Senhor
precisa dele.
Lucas 19.35 Trouxeram-no, pois, a Jesus e,
lançando os seus mantos sobre o jumentinho,
fizeram que Jesus montasse.
Lucas 19.36 E, enquanto ele ia passando, outros
estendiam no caminho os seus mantos.
Lucas 19.37 Quando já ia chegando à descida do
Monte das Oliveiras, toda a multidão dos
discípulos, regozijando-se, começou a louvar a
Deus em alta voz, por todos os milagres que
tinha visto,
Lucas 19.38 dizendo: Bendito o Rei que vem em
nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.
Lucas 19.39 Nisso, disseram-lhe alguns dos
fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende
os teus discípulos.
223
Lucas 19.40 Ao que ele respondeu: Digo-vos que,
se estes se calarem, as pedras clamarão.
Lucas 19.41 E quando chegou perto e viu a
cidade, chorou sobre ela,
Lucas 19.42 dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao
menos neste dia, o que te poderia trazer a paz!
mas agora isso está encoberto aos teus olhos.
Lucas 19.43 Porque dias virão sobre ti em que os
teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te
sitiarão, e te apertarão de todos os lados,
Lucas 19.44 e te derribarão, a ti e aos teus filhos
que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti
pedra sobre pedra, porque não conheceste o
tempo da tua visitação.
Lucas 19.45.48 - Vide Mateus 21.12-17
Lucas 19.45 Então, entrando ele no templo,
começou a expulsar os que ali vendiam,
Lucas 19.46 dizendo-lhes: Está escrito: A minha
casa será casa de oração; vós, porém, a fizestes
covil de salteadores.
Lucas 19.47 E todos os dias ensinava no templo;
mas os principais sacerdotes, os escribas, e os
principais do povo procuravam matá-lo;
Lucas 19.48 mas não achavam meio de o fazer;
porque todo o povo ficava enlevado ao ouvi-lo.
224
Lucas 20
Lucas 20.1-8 - Vide Mateus 21.23-27
Lucas 20.1 Num desses dias, quando Jesus
ensinava o povo no templo, e anunciava o
evangelho,
sobrevieram
os
principais
sacerdotes e os escribas, com os anciãos.
Lucas 20.2 e falaram-lhe deste modo: Dize-nos,
com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou,
quem é o que te deu esta autoridade?
Lucas 20.3 Respondeu-lhes ele: Eu também vos
farei uma pergunta; dizei-me, pois:
Lucas 20.4 O batismo de João era do céu ou dos
homens?
Lucas 20.5 Ao que eles arrazoavam entre si: Se
dissermos: do céu, ele dirá: Por que não crestes?
Lucas 20.6 Mas, se dissermos: Dos homens, todo
o povo nos apedrejará; pois está convencido de
que João era profeta.
Lucas 20.7 Responderam, pois, que não sabiam
donde era.
Lucas 20.8 Replicou-lhes Jesus: Nem eu vos digo
com que autoridade faço estas coisas.
Lucas 20.9-18 - Vide Mateus 21.33-46
Lucas 20.9 Começou então a dizer ao povo esta
parábola: Um homem plantou uma vinha,
arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se do
país por muito tempo.
225
Lucas 20.10 No tempo próprio mandou um servo
aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos
da vinha; mas os lavradores, espancando-o,
mandaram-no embora de mãos vazias.
Lucas 20.11 Tornou a mandar outro servo; mas
eles espancaram também a este e, afrontandoo, mandaram-no embora de mãos vazias.
Lucas 20.12 E mandou ainda um terceiro; mas
feriram também a este e lançaram-no fora.
Lucas 20.13 Disse então o senhor da vinha: Que
farei? Mandarei o meu filho amado; a ele talvez
respeitarão.
Lucas 20.14 Mas quando os lavradores o viram,
arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro;
matemo-lo, para que a herança seja nossa.
Lucas 20.15 E lançando-o fora da vinha, o
mataram. Que lhes fará, pois, o senhor da vinha?
Lucas 20.16 Virá e destruirá esses lavradores, e
dará a vinha a outros. Ouvindo eles isso,
disseram: Tal não aconteça!
Lucas 20.17 Mas Jesus, olhando para eles, disse:
Pois, que quer dizer isto que está escrito: A pedra
que os edificadores rejeitaram, essa foi posta
como pedra angular?
Lucas 20.18 Todo o que cair sobre esta pedra
será despedaçado; mas aquele sobre quem ela
cair será reduzido a pó.
Lucas 20.19-26 - Vide Mateus 22.15-22
Lucas 20.19 Ainda na mesma hora os escribas e
os principais sacerdotes, percebendo que
226
contra eles proferira essa parábola, procuraram
deitar-lhe as mãos, mas temeram o povo.
Lucas 20.20 E, aguardando oportunidade,
mandaram espias, os quais se fingiam justos,
para o apanharem em alguma palavra, e o
entregarem à jurisdição e à autoridade do
governador.
Lucas 20.21 Estes, pois, o interrogaram, dizendo:
Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente,
e que não consideras a aparência da pessoa, mas
ensinas segundo a verdade o caminho de Deus;
Lucas 20.22 é-nos lícito dar tributo a César, ou
não?
Lucas 20.23 Mas Jesus, percebendo a astúcia
deles, disse-lhes:
Lucas 20.24 Mostrai-me um denário. De quem é
a imagem e a inscrição que ele tem?
Responderam: De César.
Lucas 20.25 Disse-lhes então: Dai, pois, a César o
que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Lucas 20.26 E não puderam apanhá-lo em
palavra alguma diante do povo; e admirados da
sua resposta, calaram-se.
Lucas 20.27-40 - Vide Mateus 22-23-33
Lucas 20.27 Chegaram então alguns dos
saduceus, que dizem não haver ressurreição, e
perguntaram-lhe:
Lucas 20.28 Mestre, Moisés nos deixou escrito
que se morrer alguém, tendo mulher mas não
227
tendo filhos, o irmão dele case com a viúva, e
suscite descendência ao irmão.
Lucas 20.29 Havia, pois, sete irmãos. O primeiro
casou-se e morreu sem filhos;
Lucas 20.30 então o segundo, e depois o
terceiro, casaram com a viúva;
Lucas 20.31 e assim todos os sete, e morreram,
sem deixar filhos.
Lucas 20.32 Depois morreu também a mulher.
Lucas 20.33 Portanto, na ressurreição, de qual
deles será ela esposa, pois os sete por esposa a
tiveram?
Lucas 20.34 Respondeu-lhes Jesus: Os filhos
deste mundo casaram-se e dão-se em
casamento;
Lucas 20.35 mas os que são julgados dignos de
alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição
dentre os mortos, nem se casam nem se dão em
casamento;
Lucas 20.36 porque já não podem mais morrer;
pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus,
sendo filhos da ressurreição.
Lucas 20.37 Mas que os mortos hão de ressurgir,
o próprio Moisés o mostrou, na passagem a
respeito da sarça, quando chama ao Senhor;
Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de
Jacó.
Lucas 20.38 Ora, ele não é Deus de mortos, mas
de vivos; porque para ele todos vivem.
Lucas 20.39 Responderam alguns dos escribas:
Mestre, disseste bem.
228
Lucas 20.40 Não ousavam, pois, perguntar-lhe
mais coisa alguma.
Lucas 20.41-44 - Vide Mateus 22.41-46
Lucas 20.41 Jesus, porém, lhes perguntou: Como
dizem que o Cristo é filho de Davi?
Lucas 20.42 Pois o próprio Davi diz no livro dos
Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assentate à minha direita,
Lucas 20.43 até que eu ponha os teus inimigos
por escabelo dos teus pés.
Lucas 20.44 Logo Davi lhe chama Senhor como,
pois, é ele seu filho?
Lucas 20.45-47 - Vide Mateus 23.1-12
Lucas 20.45 Enquanto todo o povo o ouvia, disse
Jesus aos seus discípulos:
Lucas 20.46 Guardai-vos dos escribas, que
querem andar com vestes compridas, e gostam
das saudações nas praças, dos primeiros
assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares
nos banquetes;
Lucas 20.47 que devoram as casas das viúvas,
fazendo, por pretexto, longas orações; estes hão
de receber maior condenação.
229
Lucas 21
Lucas 21.1-4:
Lucas 21.1 Jesus, levantando os olhos, viu os ricos
deitarem as suas ofertas no cofre;
Lucas 21.2 viu também uma pobre viúva lançar
ali dois denários;
Lucas 21.3 e disse: Em verdade vos digo que esta
pobre viúva deu mais do que todos;
Lucas 21.4 porque todos aqueles deram daquilo
que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu
tudo o que tinha para o seu sustento.
Jesus havia acabado de advertir seus discípulos
para se guardarem de imitar os escribas, porque
estes "querem andar com vestes compridas, e
gostam das saudações nas praças, dos primeiros
assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares
nos banquetes; que devoram as casas das viúvas,
fazendo, por pretexto, longas orações; estes hão
de receber maior condenação.(Lucas 20.24-27).
O motivo da maior condenação que eles
receberiam por devorar as casas das viúvas foi
revelado por ele aos discípulos na prática,
quando lhes mostrou uma viúva pobre lançando
no cofre do templo todo o seu salário de um dia,
relativo ao seu sustento, com a intenção de que
fosse usado para atender às necessidades de
outros pobres como ela.
230
E sabidamente a administração dos escribas não
era justa e honesta - ao contrário eram
exploradores do povo, e especialmente dos
pobres (alguma semelhança com os nossos
dias?) e certamente isto seria contado por Deus
como uma agravante contra eles no dia do juízo.
Há um outro ensino importante nesta curta
passagem para desestimular aos que confiam
que estão contribuindo muito para Deus quando
fazem grandes ofertas, e desprezam aquelas que
são de pequeno vulto segundo a consideração
deles, pois, para Deus, o real valor é segundo a
proporcionalidade do que temos e não do
quanto demos, e também não deixa de julgar o
motivo e o modo com que ofertamos, se com fé
e amor, ou para nos gabarmos diante dos outros.
Faríamos bem em sempre lembrar o que
sucedeu a Ananias e Safira.
Lucas 21.5,6 - Vide Mateus 24.1,2
Lucas 21.5 E falando-lhe alguns a respeito do
templo, como estava ornado de formosas pedras
e dádivas, disse ele:
Lucas 21.6 Quanto a isto que vedes, dias virão em
que não se deixará aqui pedra sobre pedra, que
não seja derribada.
231
Lucas 21.7-19 - Vide Mateus 24.3-14
Lucas 21.7 Perguntaram-lhe então: Mestre,
quando, pois, sucederão estas coisas? E que
sinal haverá, quando elas estiverem para se
cumprir?
Lucas 21.8 Respondeu então ele: Acautelai-vos;
não sejais enganados; porque virão muitos em
meu nome, dizendo: Sou eu; e: O tempo é
chegado; não vades após eles.
Lucas 21.9 Quando ouvirdes de guerras e
tumultos, não vos assusteis; pois é necessário
que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim
não será logo.
Lucas 21.10 Então lhes disse: Levantar-se-á
nação contra nação, e reino contra reino;
Lucas 21.11 e haverá em vários lugares grandes
terremotos, e pestes e fomes; haverá também
coisas espantosas, e grandes sinais do céu.
Lucas 21.12 Mas antes de todas essas coisas vos
hão de prender e perseguir, entregando-vos às
sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à
presença de reis e governadores, por causa do
meu nome.
Lucas 21.13 Isso vos acontecerá para que deis
testemunho.
Lucas 21.14 Proponde, pois, em vossos corações
não premeditar como haveis de fazer a vossa
defesa;
Lucas 21.15 porque eu vos darei boca e sabedoria,
a que nenhum dos vossos adversáriospoderá
resistir nem contradizer.
232
Lucas 21.16 E até pelos pais, e irmãos, e parentes,
e amigos sereis entregues; e matarão alguns de
vós;
Lucas 21.17 e sereis odiados de todos por causa
do meu nome.
Lucas 21.18 Mas não se perderá um único cabelo
da vossa cabeça.
Lucas 21.19 Pela vossa perseverança ganhareis
as vossas almas.
Lucas 21.20-24 - Vide Mateus 24.15-28
Lucas 21.20 Mas, quando virdes Jerusalém
cercada de exércitos, sabei então que é chegada
a sua desolação.
Lucas 21.21 Então, os que estiverem na Judeia
fujam para os montes; os que estiverem dentro
da cidade, saiam; e os que estiverem nos campos
não entrem nela.
Lucas 21.22 Porque dias de vingança são estes,
para que se cumpram todas as coisas que estão
escritas.
Lucas 21.23 Ai das que estiverem grávidas, e das
que amamentarem naqueles dias! porque
haverá grande angústia sobre a terra, e ira
contra este povo.
Lucas 21.24 E cairão ao fio da espada, e para todas
as nações serão levados cativos; e Jerusalém
será pisada pelos gentios, até que os tempos
destes se completem.
233
Lucas 21.25-28 - Vide Mateus 24.29-31
Lucas 21.25 E haverá sinais no sol, na lua e nas
estrelas; e sobre a terra haverá angústia das
nações em perplexidade pelo bramido do mar e
das ondas.
Lucas 21.26 os homens desfalecerão de terror, e
pela expectação das coisas que sobrevirão ao
mundo; porquanto os poderes do céu serão
abalados.
Lucas 21.27 Então verão vir o Filho do homem
em uma nuvem, com poder e grande glória.
Lucas 21.28 Ora, quando essas coisas
começarem a acontecer, exultai e levantai as
vossas cabeças, porque a vossa redenção se
aproxima.
Lucas 21.29-38 - Vide Mateus 24.32-44
Lucas 21.29 Propôs-lhes então uma parábola:
Olhai para a figueira, e para todas as árvores;
Lucas 21.30 quando começam a brotar, sabeis
por vós mesmos, ao vê-las, que já está próximo o
verão.
Lucas 21.31 Assim também vós, quando virdes
acontecerem estas coisas, sabei que o reino de
Deus está próximo.
Lucas 21.32 Em verdade vos digo que não passará
esta geração até que tudo isso se cumpra.
Lucas 21.33 Passará o céu e a terra, mas as
minhas palavras jamais passarão.
Lucas 21.34 Olhai por vós mesmos; não aconteça
que os vossos corações se carreguem de
234
glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da
vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso
como um laço.
Lucas 21.35 Porque há de vir sobre todos os que
habitam na face da terra.
Lucas 21.36 Vigiai, pois, em todo o tempo,
orando, para que possais escapar de todas estas
coisas que hão de acontecer, e estar em pé na
presença do Filho do homem.
Lucas 21.37 Ora, de dia ensinava no templo, e à
noite, saindo, pousava no monte chamado das
Oliveiras.
Lucas 21.38 E todo o povo ia ter com ele no
templo, de manhã cedo, para o ouvir.
235
Lucas 22
Lucas 22.1-4 - Vide Mateus 26.14-16
Lucas 22.1 Aproximava-se a festa dos pães
ázimos, que se chama a páscoa.
Lucas 22.2 E os principais sacerdotes e os
escribas andavam procurando um modo de o
matar; pois temiam o povo.
Lucas 22.3 Entrou então Satanás em Judas, que
tinha por sobrenome Iscariotes, que era um dos
doze;
Lucas 22.4 e foi ele tratar com os principais
sacerdotes e com os capitães de como lho
entregaria.
Lucas 22.5,6
Lucas 22.5 Eles se alegraram com isso, e
convieram em lhe dar dinheiro.
Lucas 22.6 E ele concordou, e buscava ocasião
para lho entregar sem alvoroço.
Lucas 22.7-13 - Vide Mateus 26.17-19
Lucas 22.7 Ora, chegou o dia dos pães ázimos, em
que se devia imolar a páscoa;
Lucas 22.8 e Jesus enviou a Pedro e a João,
dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a
comamos.
Lucas 22.9 Perguntaram-lhe eles: Onde queres
que a preparemos?
236
Lucas 22.10 Respondeu-lhes: Quando entrardes
na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem,
levando um cântaro de água; segui-o até a casa
em que ele entrar.
Lucas 22.11 E direis ao dono da casa: O Mestre
manda perguntar-te: Onde está o aposento em
que hei de comer a páscoa com os meus
discípulos?
Lucas 22.12 Então ele vos mostrará um grande
cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos.
Lucas 22.13 Foram, pois, e acharam tudo como
lhes dissera e prepararam a páscoa.
Lucas 22.14-18:
Lucas 22.14 E, chegada a hora, pôs-se Jesus à
mesa, e com ele os apóstolos.
Lucas 22.15 E disse-lhes: Tenho desejado
ardentemente comer convosco esta páscoa,
antes da minha paixão;
Lucas 22.16 pois vos digo que não a comerei mais
até que ela se cumpra no reino de Deus.
Lucas 22.17 Então havendo recebido um cálice, e
tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o
entre vós;
Lucas 22.18 porque vos digo que desde agora não
mais beberei do fruto da videira, até que venha
o reino de Deus.
Lucas 22.19-23 - Vide Mateus 26.26-30
Lucas 22.19 E tomando pão, e havendo dado
graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu
237
corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória
de mim.
Lucas 22.20 Semelhantemente, depois da ceia,
tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo
pacto em meu sangue, que é derramado por vós.
Lucas 22.21 Mas eis que a mão do que me trai
está comigo à mesa.
Lucas 22.22 Porque, na verdade, o Filho do
homem vai segundo o que está determinado;
mas ai daquele homem por quem é traído!
Lucas 22.23 Então eles começaram a perguntar
entre si qual deles o que ia fazer isso.
Lucas 22.24-30:
Lucas 22.24 Levantou-se também entre eles
contenda, sobre qual deles parecia ser o maior.
Lucas 22.25 Ao que Jesus lhes disse: Os reis dos
gentios dominam sobre eles, e os que sobre eles
exercem autoridade são chamados benfeitores.
Lucas 22.26 Mas vós não sereis assim; antes o
maior entre vós seja como o mais novo; e quem
governa como quem serve.
Lucas 22.27 Pois qual é maior, quem está à mesa,
ou quem serve? porventura não é quem está à
mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem
serve.
Lucas 22.28 Mas vós sois os que tendes
permanecido comigo nas minhas provações;
Lucas 22.29 e assim como meu Pai me conferiu
domínio, eu vo-lo confiro a vós;
238
Lucas 22.30 para que comais e bebais à minha
mesa no meu reino, e vos senteis sobre tronos,
julgando as doze tribos de Israel.
Um texto semelhante a este está comentado em
Mateus 20.20-28.
Lucas 22.31-34 - Vide Mateus 26.31-35
Lucas 22.31 Simão, Simão, eis que Satanás vos
pediu para vos cirandar como trigo;
Lucas 22.32 mas eu roguei por ti, para que a tua
fé não desfaleça; e tu, quando te converteres,
fortalece teus irmãos.
Lucas 22.33 Respondeu-lhe Pedro: Senhor,
estou pronto a ir contigo tanto para a prisão
como para a morte.
Lucas 22.34 Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro,
que não cantará hoje o galo antes que três vezes
tenhas negado que me conheces.
Lucas 22.35-48:
Lucas 22.35 E perguntou-lhes: Quando vos
mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltouvos
porventura
alguma
coisa?
Eles
responderam: Nada.
Lucas 22.36 Disse-lhes pois: Mas agora, quem
tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e
239
quem não tiver espada, venda o seu manto e
compre-a.
Lucas 22.37 Porquanto vos digo que importa que
se cumpra em mim isto que está escrito: E com
os malfeitores foi contado. Pois o que me diz
respeito tem seu cumprimento.
Lucas 22.38 Disseram eles: Senhor, eis aqui duas
espadas. Respondeu-lhes: Basta.
Lucas 22.39 Então saiu e, segundo o seu
costume, foi para o Monte das Oliveiras; e os
discípulos o seguiam.
Lucas 22.40 Quando chegou àquele lugar, disselhes: Orai, para que não entreis em tentação.
Lucas 22.41 E apartou-se deles cerca de um tiro
de pedra; e pondo-se de joelhos, orava,
Lucas 22.42 dizendo: Pai, se queres afasta de
mim este cálice; todavia não se faça a minha
vontade, mas a tua.
Lucas 22.43 Então lhe apareceu um anjo do céu,
que o confortava.
Lucas 22.44 E, posto em agonia, orava mais
intensamente; e o seu suor tornou-se como
grandes gotas de sangue, que caíam sobre o
chão.
Lucas 22.45 Depois, levantando-se da oração,
veio para os seus discípulos, e achou-os
dormindo de tristeza;
Lucas 22.46 e disse-lhes: Por que estais
dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não
entreis em tentação.
Lucas 22.47 E estando ele ainda a falar, eis que
surgiu uma multidão; e aquele que se chamava
240
Judas, um dos doze, ia adiante dela, e chegou-se
a Jesus para o beijar.
Lucas 22.48 Jesus, porém, lhe disse: Judas, com
um beijo trais o Filho do homem?
Lucas 22.49-53 - Vide Mateus 26.47-56 ou João
18.1-11
Lucas 22.49 Quando os que estavam com ele
viram o que ia suceder, disseram: Senhor, ferilos-emos a espada?
Lucas 22.50 Então um deles feriu o servo do
sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita.
Lucas 22.51 Mas Jesus disse: Deixei-os; basta. E
tocando-lhe a orelha, o curou.
Lucas 22.52 Então disse Jesus aos principais
sacerdotes, oficiais do templo e anciãos, que
tinham ido contra ele: Saístes, como a um
salteador, com espadas e varapaus?
Lucas 22.53 Todos os dias estava eu convosco no
templo, e não estendestes as mãos contra mim;
mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.
Lucas 22.54-65 - Vide Mateus 26.69-75 ou João
15.18, 25-27
Lucas 22.54 Então, prendendo-o, o levaram e o
introduziram na casa do sumo sacerdote; e
Pedro seguia-o de longe.
241
Lucas 22.56 E tendo eles acendido fogo no meio
do pátio e havendo-se sentado à roda, sentou-se
Pedro entre eles.
Lucas 22.57 Mas Pedro o negou, dizendo:
Mulher, não o conheço.
Lucas 22.58 Daí a pouco, outro o viu, e disse: Tu
também és um deles. Mas Pedro disse: Homem,
não sou.
Lucas 22.59 E, tendo passado quase uma hora,
outro afirmava, dizendo: Certamente este
também estava com ele, pois é galileu.
Lucas 22.60 Mas Pedro respondeu: Homem, não
sei o que dizes. E imediatamente estando ele
ainda a falar, cantou o galo.
Lucas 22.61 Virando-se o Senhor, olhou para
Pedro; e Pedro lembrou-se da palavra do
Senhor, como lhe havia dito: Hoje, antes que o
galo cante, três vezes me negarás.
Lucas 22.62 E, havendo saído, chorou
amargamente.
Lucas 22.63 Os homens que detinham Jesus
zombavam dele, e feriam-no;
Lucas 22.64 e, vendando-lhe os olhos,
perguntavam, dizendo: Profetiza, quem foi que
te bateu?
Lucas 22.65 E, blasfemando, diziam muitas
outras coisas contra ele.
Lucas 22.66-71 - Vide Mateus 26.57-68
Lucas 22.66 Logo que amanheceu reuniu-se a
assembleia dos anciãos do povo, tanto os
242
principais sacerdotes como os escribas, e o
conduziam ao sinédrio deles, onde lhe
disseram:
Lucas 22.67 Se tu és o Cristo, dize-no-lo.
Replicou-lhes ele: Se eu vo-lo disser, não o
crereis;
Lucas 22.68 e se eu vos interrogar, de modo
algum me respondereis.
Lucas 22.69 Mas desde agora estará assentado o
Filho do homem à mão direita do poder de Deus.
Lucas 22.70 Ao que perguntaram todos: Logo, tu
és o Filho de Deus? Respondeu-lhes: Vós dizeis
que eu sou.
Lucas 22.71 Então disseram: Por que ainda temos
necessidade de testemunho? pois nós mesmos
o ouvimos da sua própria boca.
243
Lucas 23
Lucas 23.1-25 - Vide Mateus 27.1-26 ou João 18.2819.16
Lucas 23.1 E levantando-se toda a multidão
deles, conduziram Jesus a Pilatos.
Lucas 23.2 E começaram a acusá-lo, dizendo:
Achamos este homem pervertendo a nossa
nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo
ser ele mesmo Cristo, rei.
Lucas 23.3 Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o
rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como
dizes.
Lucas 23.4 Então disse Pilatos aos principais
sacerdotes, e às multidões: Não acho culpa
alguma neste homem.
Lucas 23.5 Eles, porém, insistiam ainda mais,
dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a
Judeia, começando desde a Galileia até aqui.
Lucas 23.6 Então Pilatos, ouvindo isso,
perguntou se o homem era galileu;
Lucas 23.7 e, quando soube que era da jurisdição
de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também
naqueles dias estava em Jerusalém.
Lucas 23.8 Ora, quando Herodes viu a Jesus,
alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava
vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e
esperava ver algum sinal feito por ele;
Lucas 23.9 e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele
nada lhe respondeu.
244
Lucas 23.10 Estavam ali os principais sacerdotes,
e os escribas, acusando-o com grande
veemência.
Lucas 23.11 Herodes, porém, com os seus
soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele,
vestiu-o com uma roupa resplandecente e
tornou a enviá-lo a Pilatos.
Lucas 23.12 Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes
tornaram-se amigos; pois antes andavam em
inimizade um com o outro.
Lucas 23.13 Então Pilatos convocou os principais
sacerdotes, as autoridades e o povo,
Lucas 23.14 e disse-lhes: Apresentastes-me este
homem como pervertedor do povo; e eis que,
interrogando-o diante de vós, não achei nele
nenhuma culpa, das de que o acusais;
Lucas 23.15 nem tampouco Herodes, pois no-lo
tornou a enviar; e eis que não tem feito ele coisa
alguma digna de morte.
Lucas 23.16 Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
Lucas 23.17 [E era-lhe necessário soltar-lhes um
pela festa.]
Lucas 23.18 Mas todos clamaram à uma,
dizendo: Fora com este, e solta-nos Barrabás!
Lucas 23.19 Ora, Barrabás fora lançado na prisão
por causa de uma sedição feita na cidade, e de
um homicídio.
Lucas 23.20 Mais uma vez, pois, falou-lhes
Pilatos, querendo soltar a Jesus.
Lucas 23.21 Eles, porém, brandavam, dizendo:
Crucifica-o! crucifica-o!
245
Lucas 23.22 Falou-lhes, então, pela terceira vez:
Pois, que mal fez ele? Não achei nele nenhuma
culpa digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e o
soltarei.
Lucas 23.23 Mas eles instavam com grandes
brados, pedindo que fosse crucificado. E
prevaleceram os seus clamores.
Lucas 23.24 Então Pilatos resolveu atender-lhes
o pedido;
Lucas 23.25 e soltou-lhes o que fora lançado na
prisão por causa de sedição e de homicídio, que
era o que eles pediam; mas entregou Jesus à
vontade deles.
Lucas 23.26 - Vide Mateus 27.32
Lucas 23.26 Quando o levaram dali tomaram um
certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e
puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse
após Jesus.
Lucas 23.27-32:
Lucas 23.27 Seguia-o grande multidão de povo e
de mulheres, as quais o pranteavam e
lamentavam.
Lucas 23.28 Jesus, porém, voltando-se para elas,
disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim;
chorai antes por vós mesmas, e por vossos
filhos.
Lucas 23.29 Porque dias hão de vir em que se
dirá: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres
246
que não geraram, e os peitos que não
amamentaram!
Lucas 23.30 Então começarão a dizer aos
montes: Caí sobre nós; e aos outeiros: Cobri-nos.
Lucas 23.31 Porque, se isto se faz no lenho verde,
que se fará no seco?
Lucas 23.32 E levavam também com ele outros
dois, que eram malfeitores, para serem mortos.
Lucas 23.33-38 - Vide Mateus 27.33-44 ou João
19.17-27
Lucas 23.33 Quando chegaram ao lugar
chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e
também aos malfeitores, um à direita e outro à
esquerda.
Lucas 23.34 Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes;
porque não sabem o que fazem. Então
repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre
elas.
Lucas 23.35 E o povo estava ali a olhar. E as
próprias autoridades zombavam dele, dizendo:
Aos outros salvou; salve-se a si mesmo, se é o
Cristo, o escolhido de Deus.
Lucas 23.36 Os soldados também o escarneciam,
chegando-se a ele, oferecendo-lhe vinagre,
Lucas 23.37 e dizendo: Se tu és o rei dos judeus,
salva-te a ti mesmo.
Lucas 23.38 Por cima dele estava esta inscrição
[em letras gregas, romanas e hebraicas:] ESTE É
O REI DOS JUDEUS.
247
Lucas 23.39-43:
Lucas 23.39 Então um dos malfeitores que
estavam pendurados, blasfemava dele, dizendo:
Não és tu o Cristo? salva-te a ti mesmo e a nós.
Lucas 23.40 Respondendo, porém, o outro,
repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a
Deus, estando na mesma condenação?
Lucas 23.41 E nós, na verdade, com justiça;
porque recebemos o que os nossos feitos
merecem; mas este nenhum mal fez.
Lucas 23.42 Então disse: Jesus, lembra-te de
mim, quando entrares no teu reino.
Lucas 23.43 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te
digo que hoje estarás comigo no paraíso.
Lucas 23.44-49 - Vide Mateus 27.45-56 ou João
19.28-30
Lucas 23.44 Era já quase a hora sexta, e houve
trevas em toda a terra até a hora nona, pois o sol
se escurecera;
Lucas 23.45 e rasgou-se ao meio o véu do
santuário.
Lucas 23.46 Jesus, clamando com grande voz,
disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.
E, havendo dito isso, expirou.
Lucas 23.47 Quando o centurião viu o que
acontecera, deu glória a Deus, dizendo: Na
verdade, este homem era justo.
Lucas 23.48 E todas as multidões que
presenciaram este espetáculo, vendo o que
havia acontecido, voltaram batendo no peito.
248
Lucas 23.49 Entretanto, todos os conhecidos de
Jesus, e as mulheres que o haviam seguido
desde a Galileia, estavam de longe vendo estas
coisas.
Lucas 23.50-56 - Vide Mateus 27.57,61 ou João 1938-42
Lucas 23.50 Então um homem chamado José,
natural de Arimateia, cidade dos judeus,
membro do sinédrio, homem bom e justo,
Lucas 23.51 o qual não tinha consentido no
conselho e nos atos dos outros, e que esperava o
reino de Deus,
Lucas 23.52 chegando a Pilatos, pediu-lhe o
corpo de Jesus;
Lucas 23.53 e tirando-o da cruz, envolveu-o num
pano de linho, e pô-lo num sepulcro escavado
em rocha, onde ninguém ainda havia sido posto.
Lucas 23.54 Era o dia da preparação, e ia
começar o sábado.
Lucas 23.55 E as mulheres que tinham vindo
com ele da Galileia, seguindo a José, viram o
sepulcro, e como o corpo foi ali depositado.
Lucas 23.56 Então voltaram e prepararam
especiarias e unguentos. E no sábado
repousaram, conforme o mandamento.
249
Lucas 24
Lucas 24.1-12 - Vide Mateus 28.1-10
Lucas 24.1 Mas já no primeiro dia da semana,
bem de madrugada, foram elas ao sepulcro,
levando as especiarias que tinham preparado.
Lucas 24.2 E acharam a pedra revolvida do
sepulcro.
Lucas 24.3 Entrando, porém, não acharam o
corpo do Senhor Jesus.
Lucas 24.4 E, estando elas perplexas a esse
respeito, eis que lhes apareceram dois varões
em vestes resplandecentes;
Lucas 24.5 e ficando elas atemorizadas e
abaixando o rosto para o chão, eles lhes
disseram: Por que buscais entre os mortos
aquele que vive?
Lucas 24.6 Ele não está aqui, mas ressurgiu.
Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda
na Galileia.
Lucas 24.7 dizendo: Importa que o Filho do
homem seja entregue nas mãos de homens
pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia
ressurja.
Lucas 24.8 Lembraram-se, então, das suas
palavras;
Lucas 24.9 e, voltando do sepulcro, anunciaram
todas estas coisas aos onze e a todos os demais.
Lucas 24.10 E eram Maria Madalena, e Joana, e
Maria, mãe de Tiago; também as outras que
250
estavam com elas relataram estas coisas aos
apóstolos.
Lucas 24.11 E pareceram-lhes como um delírio
as palavras das mulheres e não lhes deram
crédito.
Lucas 24.12 Mas Pedro, levantando-se, correu ao
sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos
de linho; e retirou-se, admirando consigo o que
havia acontecido.
Lucas 24-13-35:
Lucas 24.13 Nesse mesmo dia, iam dois deles
para uma aldeia chamada Emaús, que distava de
Jerusalém sessenta estádios;
Lucas 24.14 e iam comentando entre si tudo
aquilo que havia sucedido.
Lucas 24.15 Enquanto assim comentavam e
discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia
com eles;
Lucas 24.16 mas os olhos deles estavam como
que fechados, de sorte que não o reconheceram.
Lucas 24.17 Então ele lhes perguntou: Que
palavras são essas que, caminhando, trocais
entre vós? Eles então pararam tristes.
Lucas 24.18 E um deles, chamado Cleopas,
respondeu-lhe: És tu o único peregrino em
Jerusalém que não soube das coisas que nela
têm sucedido nestes dias?
Lucas 24.19 Ao que ele lhes perguntou: Quais?
Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o
251
nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e
palavras diante de Deus e de todo o povo.
Lucas 24.20 e como os principais sacerdotes e as
nossas autoridades e entregaram para ser
condenado à morte, e o crucificaram.
Lucas 24.21 Ora, nós esperávamos que fosse ele
quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso,
é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas
aconteceram.
Lucas 24.22 Verdade é, também, que algumas
mulheres do nosso meio nos encheram de
espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro
Lucas 24.23 e, não achando o corpo dele
voltaram, declarando que tinham tido uma
visão de anjos que diziam estar ele vivo.
Lucas 24.24 Além disso, alguns dos que estavam
conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim
como as mulheres haviam dito; a ele, porém,
não o viram.
Lucas 24.25 Então ele lhes disse: ó néscios, e
tardos de coração para crerdes tudo o que os
profetas disseram!
Lucas 24.26 Porventura não importa que o
Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua
glória?
Lucas 24.27 E, começando por Moisés, e por
todos os profetas, explicou-lhes o que dele se
achava em todas as Escrituras.
Lucas 24.28 Quando se aproximaram da aldeia
para onde iam, ele fez como quem ia para mais
longe.
252
Lucas 24.29 Eles, porém, o constrangeram,
dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já
declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
Lucas 24.30 Estando com eles à mesa, tomou o
pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava.
Lucas 24.31 Abriram-se-lhes então os olhos, e o
reconheceram; nisto ele desapareceu de diante
deles.
Lucas 24.32 E disseram um para o outro:
Porventura não se nos abrasava o coração,
quando pelo caminho nos falava, e quando nos
abria as Escrituras?
Lucas 24.33 E na mesma hora levantaram-se e
voltaram para Jerusalém, e encontraram
reunidos os onze e os que estavam com eles,
Lucas 24.34 os quais diziam: Realmente o
Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão.
Lucas 24.35 Então os dois contaram o que
acontecera no caminho, e como se lhes fizera
conhecer no partir do pão.
Temos aqui a aparição de Cristo aos dois
discípulos que iam caminhando para a aldeia de
Emaús no mesmo dia em que havia
ressuscitado.
O nome de um deles é mencionado, Cleopas, e
pelo teor inicial de sua conversação com o
Senhor denota-se que se encontravam muito
desconsolados com a sua morte, ainda depois de
terem se passado três dias. Talvez este seja um
dos motivos pelos quais nosso Senhor lhes
253
apareceu, com o intento de consolá-los e
confirmar a fé de ambos para que dessem
testemunho dele posteriormente sem qualquer
dúvida a respeito da sua ressurreição.
Aqueles eram dias difíceis quando os cristãos
estavam sendo perseguidos duramente pelas
autoridades religiosas de Israel, e não seria nada
popular proclamar uma notícia, como a da
ressurreição do Senhor, que em vez de aplauso
geraria perseguição. Então, esta é mais uma das
evidências de que aqueles que deram
testemunho da ressurreição do Senhor o
haviam feito com o risco de perderem suas
vidas, e não seria de se esperar que o fizessem
caso não tivessem uma firme convicção acerca
disso, a qual era confirmada pelo testemunho
interno do Espirito Santo em seus corações.
Para o mesmo propósito deste testemunho, não
bastava apenas que tivessem visto o Cristo
ressuscitado, mas que compreendessem o teor
de todas as Escrituras relativas à sua pessoa, e
por este motivo o Senhor abriu o entendimento
de ambos e e lhes expôs tudo o que havia sido
profetizado a seu respeito, começando pelo
Pentateuco escrito por Moisés.
Tão amável é a presença do Senhor que os dois
discípulos o constrangeram a permanecer na
companhia deles durante a noite que se
aproximava, e ele consentiu nisto.
254
Dá para conceber, pelo Espirito, a grande alegria
que invadiu o coração de ambos em não
somente verem o Seu Senhor e Salvador
ressuscitado, como também desfrutando
pessoalmente da companhia deles.
Eles não haviam reconhecido inicialmente o
Senhor pelo seu rosto, mas puderam
reconhecê-lo por sua palavra, e de igual modo
sucede conosco que agora amamos o Senhor
estando ele invisível, mas que se revela a nós
pela sua palavra.
Quando Jesus se retirou deles logo foram ter
com os apóstolos que se encontravam com
outros discípulos em Jerusalém.
Aqueles que dariam testemunho do evangelho
estavam tendo o privilégio de ver o Senhor
ressuscitado, coisas que não estava ocorrendo
com os incrédulos, pois isto não somente de
nada lhes aproveitaria, como também para a
glória de Deus.
Lucas 24.36-43 - Vide João 20.19-23
Lucas 24.36 Enquanto ainda falavam nisso, o
próprio Jesus se apresentou no meio deles, e
disse-lhes: Paz seja convosco.
Lucas 24.37 Mas eles, espantados e
atemorizados, pensavam que viam algum
espírito.
255
Lucas 24.38 Ele, porém, lhes disse: Por que estais
perturbados? e por que surgem dúvidas em
vossos corações?
Lucas 24.39 Olhai as minhas mãos e os meus
pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede;
porque um espírito não tem carne nem ossos,
como percebeis que eu tenho.
Lucas 24.40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as
mãos e os pés.
Lucas 24.41 Não acreditando eles ainda por
causa da alegria, e estando admirados,
perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa
que comer?
Lucas 24.42 Então lhe deram um pedaço de
peixe assado,
Lucas 24.43 o qual ele tomou e comeu diante
deles.
Lucas 24.44-49:
Lucas 24.44 Depois lhe disse: São estas as
palavras que vos falei, estando ainda convosco,
que importava que se cumprisse tudo o que de
mim estava escrito na Lei de Moisés, nos
Profetas e nos Salmos.
Lucas 24.45 Então lhes abriu o entendimento
para compreenderem as Escrituras;
Lucas 24.46 e disse-lhes: Assim está escrito que
o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse
dentre os mortos;
256
Lucas 24.47 e que em seu nome se pregasse o
arrependimento para remissão dos pecados, a
todas as nações, começando por Jerusalém.
Lucas 24.48 Vós sois testemunhas destas coisas.
Lucas 24.49 E eis que sobre vós envio a promessa
de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do
alto sejais revestidos de poder.
Lucas registra a ordem que foi dada por Jesus
aos discípulos para que permanecessem em
Jerusalém em oração até que fossem revestidos
do alto com o poder do Espírito Santo, que seria
derramado no dia de Pentecostes. Ele antecipa
também a informação da ascensão de nosso
Senhor, nos versículos finais do seu evangelho,
e voltaria a registrá-la no início do livro de Atos,
também escrito por ele, dando outras
informações do que ocorreu neste dia, e nos que
se seguiram a ele, quando o evangelho começou
a ser pregado em Jerusalém, na Judeia, Samaria,
e até aos confins da terra.
Lucas 24.50-53:
Lucas 24.50 Então os levou fora, até Betânia; e
levantando as mãos, os abençoou.
Lucas 24.51 E aconteceu que, enquanto os
abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao
céu.
Lucas 24.52 E, depois de o adorarem, voltaram
com grande júbilo para Jerusalém;
Lucas 24.53 e estavam continuamente no
templo, bendizendo a Deus.
257
Download