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4 B A GAZETA
CUIABÁ, 12 DE JULHO DE 2009
LUTA PELA VIDA
Dosagem errada agrava problema
Mãe de Vitor Hugo denuncia que filho de 7 anos recebeu medicamento insuficiente e saúde da criança acabou piorando devido ao erro
RAQUEL FERREIRA
do pelo neurologista. Selma contratou o bioquímico
Frederico Moreira Tosta para avaliar a embalagem. O
laudo atestou o gotejador em micro-gotas. Diante da
constatação do laudo particular, a mãe denunciou na
Problema de dosagem no gotejador de um mediouvidoria de Cuiabá, de Mato Grosso, Promotoria da
camento distribuído pela Policlínica do Planalto pode
Infância e Juventude, Ministério Público da União e
ter agravado o estado de saúde de Vitor Hugo Arcanjo
Ministério Público do Estado. Selma registrou BoleFerreira, 7. A denúncia é feita pela mãe da criança,
tim de Ocorrência no Centro Integrado de Segurança
Selma Ferreira. Ela reclama ainda da falta de regularie Cidadania (Cisc) do Planalto.
dade na entrega de fraldas e suplementos alimentares
O frasco do fenobarbital também foi avaliado
pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), obrigada
pela Agência Nacional de Vigilância
judicialmente a dar assistência.
Sanitária (Anvisa), que não constatou
Vitor Hugo tem problemas neuroirregularidade. Porém, um terceiro
lógicos e atualmente não fala, não anda
laudo - feito pela Perícia Oficial e
e se alimenta somente por sonda. O
Identificação Técnica (Politec) a pedidiagnóstico que atestará se a dosagem
do do delegado Waldeck Duarte Júinsuficiente do medicamento adminisnior - atestou novamente o problema
trado por conta do gotejador fora do
sugerido pela mãe e pelo bioquímico.
padrão será divulgado em setembro,
Segundo a mãe, o
No MP, o promotor Miguel Slhessaconforme Selma. Ela afirma que o Fedefeito foi percebido renko acompanha o caso e aguarda innobarbital, do laboratório União Química, distribuído pela saúde pública por ela, que começou formações solicitadas à Anvisa.
investigar os frascos
A Secretaria de Saúde de Cuiatem o gotejador em microgotas, quanbá, responsável pela distribuição de
do deveria ser em gotas. “Minha preodos medicamentos
medicamentos nas policlínicas, afirma
cupação é que várias outras crianças
que o gotejador passou por avaliação
usam o medicamento”.
da Anvisa, que não constatou irregularidade no lote,
Segundo a mãe, o defeito foi percebido por ela,
que foi retirado de circulação durante os testes.
que começou investigar os frascos dos medicamentos
Sobre o problema na entrega das fraldas e supleutilizados para evitar as convulsões de Vitor. Selma
mentos, a SES garante que leva os materiais todo dia
destaca que o gotejador em micro-gotas a levava a ad15 de cada mês na casa do paciente. Em junho, houve
ministrar menos quantidade de remédio que o indicaDA REDAÇÃO
“
Marcus Vaillant
Mãe acredita que gotejador inadequado aliado à sucessão de erros contribuiu para quadro atual
Laudos de bioquímico e Politec atestam irregularidade; o da Anvisa aponta dosagem correta
um problema com o tamanho das fraldas, que não serve mais na criança. A mãe devolveu os pacotes, solicitando o tamanho adequado, que já foi adquirido e será
entregue ainda esta semana.
História - A luta pela saúde de Vitor Hugo dura
mais de 5 anos. O menino foi internado diversas vezes em Unidades Intensiva de Tratamento (UTIs) e foi
desenganado por médicos de Cuiabá e Ribeirão Preto
(SP). A mãe acredita que aliado ao gotejador inadequado, uma sucessão de erros pode ter contribuído
para a situação do menino hoje.
Vitor nasceu em 11 de abril de 2002 e se comportou dentro do padrão normal de crianças recémnascidas. Aos 8 meses, a mãe percebeu que ele não
“enturmava” e procurou um neurologista, que descreveu o problema como “emocional” e prescreveu medicamentos.
Em seguida, um outro médico diagnosticou que
Vitor teria epilepsia. Aos 2 anos,
Selma conta que levava a criança
ao médico otorrino, quando Vitor
simplesmente parou de andar.
“Entrei no hospital e contei o que
estava acontecendo, o médico indicou que eu procurasse o pediatra”.
O pediatra afirmou que Vitor
estava com princípio de paralisia e
o encaminhou ao neurologista,
que fez a medicação e mandou a
criança de volta ao pediatra, que
solicitou a presença do neurologista, mas ele não compareceu.
Selma retirou a criança do
hospital e a internou em outra unidade de saúde, onde o menino foi
medicado contra encefalite.
“Quando o remédio estava terminando, Vitor começou a convulsionar foi reanimado”.
Esta foi a primeira internação na UTI. Durou mais de 15
dias. Ao receber alta, voltou a se
desenvolveu bem e aos 4 anos teve nova crise. Por indicação médi-
Luta pela saúde de Vitor
Hugo dura mais de 5 anos;
menino foi internado
diversas vezes em UTIs e foi
desenganado por médicos
de Cuiabá e Ribeirão Preto
ca, Selma tentou levar o filho a São Paulo. A mãe tentou vaga de transporte pelo SUS, mas teve o pedido
negado. No mesmo dia, Vitor convulsionou e voltou
para a UTI, onde ficou 1 mês.
Ao conseguir vaga em um hospital de Ribeirão
Preto, o SUS encaminhou o menino para a cidade, onde ficou 13 dias fazendo exames e voltou para Cuiabá. Vitor voltou para a UTI de Mato Grosso e a falta
de fisioterapia motora levou a criança a desenvolver
trombose em uma das pernas. Selma afirma que o
hospital chegou a fazer exame na perna errada, descartando a chance da doença. Em junho de 2007, Vitor voltou para casa no sistema Home Care.
Tempos depois, Selma foi a São Paulo novamente e o filho fez outros exames, que constataram
um problema degenerativo. Mais tarde, descobriu-se
que o resultado não era verídico e os laudos dos pacientes haviam sido trocados.
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