APRESENTAÇÃO. “O atual projeto da Igreja do Brasil parece que realmente caiu do céu, pois todos nós nos empolgamos por ele. Mas na verdade o que queremos? O projeto diz que deve acontecer: ‘... encontro pessoal com Jesus Cristo...’. Sim, mas como? Hoje, parece que, as palavras podem muito pouco principalmente nas questões de religião. Sentimos com muita dor como é difícil pôr em pratica os conhecimentos que aceitamos. Sentimos como é grande distância entre “saber” e “fazer”. E daí! Devemos então desistir de anunciar? Não, nunca! Mas precisamos impregnar algo novo. As palavras do “Prólogo” de São João nos inspiram: “E o Verbo se fez carne” (Jo 1,14). Reconheço que não basta a palavra. A palavra precisa se fazer carne. Se a palavra por si só teria poder de salvar, o Cristo não precisaria morrer. Sim, o Cristo anunciava, usava palavra para dar conhecimentos, mas também e acima de tudo, se fez carne, isto é, com seu exemplo manifestou que o que está dizendo, Ele mesmo está vivendo no seu dia a dia. Então, os missionários, os evangelizadores só terão poder de levar pessoas para o encontro pessoal com Cristo se eles mesmos testemunharão que o Cristo está presente na vida deles. O anuncio tem que ser fundamentado no testemunho “. Escrevi estas palavras no nosso boletim regional no final do ano passado e repito agora, colocando em vossas mãos o novo subsídio para mês de maio do ano 2005. Ele traz testemunhos das pessoas que tinham a graça de receber Jesus como seu único e pessoal Senhor e Salvador e com alegria concordaram repartir com vocês sobre isso. Ele traz também relatos, escritos no evangelho de São João, sobre encontros de várias pessoas com Jesus e como estes encontros foram fundamentais na transformação deles. Assim como em outros anos, vamos nos empenhar, lendo e refletindo, para que este novo projeto da nossa Igreja: “Queremos ver Jesus: Caminho, Verdade e Vida”, saia do papel e se torna realidade. Que Deus abençoe todos neste esforço. Dom Eduardo Zielski Bispo de Campo Maior. 01 de maio de 2005. “Veio para o que era seu e os seus não o receberam” Leitura bíblica: Jo 1,1-18 Sinônimo da palavra crer é a palavra receber. O Evangelho que ouvimos disse: “... a todos que O receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que crêem em seu nome...”. Não basta só saber que Jesus existe, que é Deus. Não basta só ter convicção da existência de Deus. Precisa RECEBER Jesus! Receber como seu pessoal Salvador e Senhor! Vamos fazer uma comparação: uma mãe está esperando um nenê. Ela sabe que a criança está se formando no seu ventre. Ela sente isso da forma muito concreta, muitas vezes através de movimentos da criança. A mãe sabe e se prepara para recebê-la. Ela prepara tudo o que é necessário: fraudas, berço, chupeta e tudo o que for preciso. Ela recebe a criança quando ela nasce, pois receber vai significar para ela: dar carrinho, cuidar da saúde dela, levantar muitas vezes da noite para atender o seu choro, dê-lhe o alimento necessário etc. A mãe faz tudo isso porque recebe o seu filho com amor. Algo semelhante tem que acontecer na nossa vida de fé. Jesus precisa ser recebido. Precisa se tornar alguém mais importante da nossa vida. Ele precisa ocupar o primeiro lugar da nossa vida. Isto significa acreditar. Isto significa ter fé! Podemos ver ainda outra comparação: imaginemos que à nossa casa chegou uma visita, mas nós muito ocupados deixamos a visita na sala e iremos para dentro da casa para continuar os nossos afazeres. Será que a visita vai ficar lá na sala sozinha? Será que não vai embora? Jesus disse: “Veio para o que era seu e os seus não O receberam”. Jesus veio para nós, e nós dissemos que cremos nele, mas nossa fé continua sendo teórica. Jesus está chegando para os seus, os batizados. Será que Ele é recebido por mim? Como está a minha fé? Jesus está no centro da minha vida ou Ele é só um “pronto socorro” nos momentos de aperto? Por que é que notamos cada vez menos pessoas na igreja, nas celebrações? Por que cada vez menos casamentos na igreja? Por que tanta injustiça? Por que tanta droga? Alcoolismo? Por que tanta corrupção e falta de ética? Qual é a resposta? Porque a LUZ veio ao mundo, mas os batizados não se aproximam da LUZ, pretendem as trevas! O problema hoje não é de não crer, o problema é que a fé não influencia a vida dos que dizem que tem fé. Um catequista sonhou, na noite de Natal, com um mundo para qual Jesus não tinha nascido. Em sonho ele viu-se caminhando pelas ruas. Entrou em lojas e igrejas, escutou conversa dos que transitavam ou se encontravam, mas ninguém falava de Jesus. Não viu nem presépio, nem árvore de Natal, nem qualquer referência ao nascimento do Salvador. Por toda parte dominava o ódio e a vingança, a violência e a ambição. Todos com quem se encontrava pareciam caminhando sem rumo. Voltou frustrado para casa, assentou-se a mesa para ler; mas não achou nenhum livro que falasse de Jesus. Alguém veio chamá-lo para visitar uma pessoa enferma. Apressou-se a ir. Sobre a mesa da sala encontrou uma Bíblia. Abriu-a procurando uma passagem confortadora do Evangelho. Mas ela terminava em Malaquias, o último livro do Antigo Testamento. Abaixou a cabeça e chorou com a enferma. Jesus não tinha chegado ainda. Trevas cobriam a terra. Foi quando acordou, ouvindo os acordes melodiosos de uma música bem conhecida. Levantou-se e foi ao encontro do grupo que cantava: Noite feliz! Noite feliz! Ó Senhor, Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém... Felizmente fora só um sonho. (Pe. Clovis Bovo, “Oração da vida” nº 04 pág. 142: “Se Ele não tivesse vindo”). 02 de maio de 2005. Testemunho do Padre Antonio. Leitura bíblica: Sb 1,6-7 O meu encontro com Jesus, como único e pessoal Salvador e Senhor, se deu por ocasião de retiro Oásis no ano de 2001, na cidade de Cocal de Telha. Convidado para participar de retiro por D. Eduardo, fui ao retiro com disponibilidade, porém, com um certo medo (do confronto com Jesus, do diferente, da verdade etc.), que logo após os cinco primeiros dias foi superado. Para mim foram muito significativas as palavras de D. Eduardo naquela ocasião. Dizia ele: “não podemos fazer o retiro Oásis e ao sairmos daqui vivermos como se nada tivesse acontecido”. Estas palavras ficaram gravadas no meu coração, e a partir destas palavras, como também das reflexões feitas durante as celebrações eucarísticas, dos momentos de oração pessoal na Tenda de Reunião e principalmente no dia do perdão (dia de confissão), notei que Jesus Cristo desejava de minha pessoa um testemunho de vida e um zelo pala evangelização. O retiro para mim foi um momento privilegiado, recompôs minhas forças, proporcionou-me um maior gosto pela leitura da Palavra de Deus, pela doutrina da Igreja, pelo aprofundamento da fé e valorização da dimensão comunitária e participativa. Antes deste encontro pessoal com Jesus, eu tinha feito vários retiros, porém, ainda não tinha despertado o desejo de conversão. Por um certo período achei que através do álcool encontraria a felicidade, porém, após o estado de embriaguez sempre apresentava um certo vazio. Sentia o desejo de uma espiritualidade consistente e que me ajudasse a trilhar bem o caminho vocacional. Durante muito tempo fui escravo dos meus instintos egoístas, buscando não a vontade de Deus, mas a minha vontade. Por um certo tempo pensei que com minhas próprias forças era capaz de fazer tudo. Depois do meu encontro pessoal com Jesus, descobri que só Deus é a felicidade plena e o único capaz de nos dar uma vida nova. A partir daí redescobri o valor da oração pessoal, do sacramento da Reconciliação, da Palavra de Deus, do trabalho em equipe e principalmente o valor da humildade. Senti-me questionado por Jesus e cheguei à conclusão de que buscar o novo rumo para minha vida. Descobri que apesar de meus pecados Deus me ama e tem um maravilhoso plano para minha vida e quer que diariamente eu renove o compromisso da conversão. Observei que isso só seria possível a partir de uma mudança de mentalidade. Reconheci minhas fraquezas e acreditei na promessa divina de salvação. Como cristão fui tomando a consciência: ou eu coloco Jesus Cristo como centro de minha vida ou minhas ações estão fadadas ao fracasso. O cristão deve buscar seguir a voz do Espírito Santo de Deus, pois Ele unge a natureza humana e prontifica-a para a missão. O pessoal recebimento de Jesus Cristo como nosso único e pessoal Salvador e Senhor é algo indispensável para a vida de um cristão. Não tenho dúvida: somente Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida, e cada cristão deve ser no mundo um sinal da presença de Deus. Cada cristão deve confiar nas palavras de Jesus e ser um discípulo seu. Ele não precisa de nós para fazer tudo o que planejou, mas Ele manifesta que quer a nossa participação e até se sujeitou, em várias situações, ao domínio dos homens. Ele quer que procedamos como filhos da luz. Abramos o coração para a Trindade Santa que nos chama a santidade confiando que Ela tudo fará por nós se nós a permitiremos. 03 de maio de 2005. Vinde e vede Leitura bíblica: Jo 1,35-51 João Batista indica aos seu dois discípulos, André e João, a pessoa de Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus”. E eles, ouvindo isso, foram atrás de Jesus. Vendo os e percebendo que estão seguindo-o, Jesus perguntou o que é que eles desejam. Deram uma resposta meio sem jeito: “Mestre onde moras?” Jesus disse: “vinde e vede”. Estas mesmas palavras Jesus dirige para nós: “vinde e vede”. Mas, estas palavras somente podem ouvir os que se decidiram seguir Jesus. Alguém indicou para os dois que Jesus é digno de ser seguido. Foi o João Batista, homem de confiança, autoridade incontestável entre os Israelitas. Então eles tomaram a decisão: foram atrás de Jesus. Os dois permaneceram com Jesus naquele dia. Este encontro com Jesus foi tão importante para eles que até gravaram a hora em que aconteceu: “Era a hora décima, aproximadamente”. Este encontro pessoal com Cristo, se ele realmente acontece, marca profundamente a pessoa, a tal ponto que se lembra o dia e a hora. O que aconteceu depois? Vamos para o texto do Evangelho. André encontra o seu irmão Pedro e conta para ele sobre este seu encontro com Jesus. Em seguida leva o para Jesus para que Pedro possa também recebê-lo. Isso realmente aconteceu, Pedro foi impressionado por Jesus e resolveu O seguir. Felipe faz o mesmo com Natanael. Quem verdadeiramente recebe Jesus não pode mais guardar isso para si, mas sente-se obrigado comunicar este fato aos outros. Isso também é um sinal para saber se eu realmente recebi Jesus. O fato que não estou podendo levar adiante o testemunho do meu pessoal encontro com Jesus, significa que na realidade eu não O recebi ainda. A regra é clara: só posso dar o que tenho, se não estou dando porque não tenho. Mas também, de outro lado é necessária a disponibilidade de recebê-lo. Se eu quero dar, mas o outro não quer receber, então não acontece nada. Por isso é muito necessário pedir o Espírito Santo para que Ele, com seu divino poder, toque o coração para que se abra e receba Jesus. O que fecha coração para Jesus é o pecado, permanência nas trevas. Quem se entrega ao pecado não é livre para receber Jesus. O coração dele é repleto de sujeira, não há lugar para Jesus. Só quem é livre pode receber Jesus. Precisa se livrar do pecado. Você quer ficar com Jesus ou com seus pecados? Quem é mais importante para você, Jesus ou o seu pecado? “Vinde e vede”, isto é, experimente a vida sem pecado e você vai ver como é bom, que grande alegria isso traz. Olhe para a situação de Natanael. O que ele fazia lá debaixo da figueira? Não se sabe, mas provavelmente nada que devia ser revelado. Jesus mostra que conhece a pessoa e mesmo assim quer entrar na vida dele. O pecado não assusta Jesus. Ele espera a nossa disponibilidade. Ele sabe que não conseguimos tudo de uma vez, mas Ele aguarda a nossa abertura. Ele pouco a pouca transformou os seus discípulos em gigantes de fé. Você pensa que Ele não quer fazer isso com você? A decisão é sua. Um bandido, com a alma carregada de crimes estava morrendo. Julgava-se perdido para sempre. Imaginou-se diante do tribunal de Deus e começou a chorar. Os soluços sacudiam-lhe o peito, as lágrimas rolavam pelas faces. O lenço que usara para enxugar os olhos estava todo encharcado. Morreu e foi levado perante o Juiz. O homem tremia como caniço agitado pelo furacão. Seus pecados foram despejados no prato da balança onde se lia “justiça”. O prato baixou tanto, até tocar o chão. Neste momento, porém, chegou ofegante o seu anjo de guarda. Vinha triste porque não pudera recolher nenhuma obra boa do criminoso. Trazia apenas um lenço molhado. Colocou-o no prato da balança onde estava escrito “misericórdia”. O lenço pesava tanto que o prato abaixou. Estava encharcado com as lágrimas do arrependimento. A misericórdia pesava mais do que a justiça. (Pe Clovis Bovo “Oração da vida” vol I pág. 42 “As lágrimas do arrependimento”). 04 de maio de 2005. Testemunho de José Everaldo. Leitura bíblica: Sb 1, 12-15 Eis aí o meu testemunho de como e quando me encontrei com Jesus. Sou filho de pais separados. Até meus 19 anos minha vida era assim: muitas mulheres (prostitutas), muitas bebidas, jogos apostados, etc. Aos 18 anos fui morar em Belém na casa de meu tio E... Ele tinha devoção de ler a Bíblia todos os dias. Em um destes dias coincidiu eu estar presente quando ele fazia leitura do evangelho de São Mateus 28,18-19 e explicava assim: Jesus tem poder sobre nós no Céu e na Terra. Passaram alguns meses e em uma tarde de domingo, as 14:00 horas voltando de uma praia, muito bêbado, com o meu irmão, ao descer de um ônibus coletivo, caí em uma calçada defronte da rodoviária. Comecei a chorar. Chorei muito. E, então, vieram no pensamento as palavras do meu tio: Jesus tem poder sobre nós no Céu e na Terra. Logo pronunciei: Senhor, se Tu existes mesmo, levanta-me daqui! Que nunca mais eu bebo. E naquele exato momento senti o Senhor apertando a minha mão e me levantando. Fiquei curado totalmente da embriaguez como se nunca estivesse tocado em bebida alcoólica. Chegando em casa fui à igreja de Nazaré, participei logo de três Missas consecutivas. Durante três meses estudei o catecismo da Igreja, preparando-me para a Primeira Eucaristia, pois só era batizado. Ainda, durante três anos, fiz jejum de pão e água todas as quartas e sextas feiras. Só assim, com o poder da oração e pela graça de Deus, hoje tenho 35 anos, sou casado, tenho dois filhos, sou Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, catequista, rezo o cenáculo de Maria em famílias e estou muito feliz. 05 de maio de 2005. “Os seus discípulos creram n’Ele”. Leitura bíblica: Jo 2.1-11 No episódio de Caná da Galiléia Jesus se encontra com várias pessoas: Maria, discípulos, noivos, mestre-sala e serventes. Jesus fez um milagre: transformou água em vinho. Queremos ver quais foram as reações dos personagens deste episódio. - Os noivos: provavelmente preocupados com falta de vinho. Pode ser que choraram pensando da vergonha que iriam passar, pois não tinham a capacidade de prevenir os gastos. Eles só pensam na sua dificuldade momentânea. Procurando aliviar seu sofrimento repartem a sua tristeza com Maria. Sabemos qual foi a reação dela. “Filho, eles não têm mais vinho”. - Os serventes: podemos pensar que sabiam da dificuldade dos noivos, sabiam que faltou o vinho, mas o que podiam fazer? Ficaram na sua, imaginemos, com cara indiferente, esperando que quem sabe a festa terminará mais sedo e poderão ir para casa descansar. Então ouviram o recado de Maria: “Fazei tudo o que ele vos disser” e Jesus ordenou: ”Enchei as talhas de água”. Eles estavam aqui para servir, então encheram seis grandes vasos com água assim como Jesus mandou. Depois Jesus ordenou: “Tirai agora e levai a mestre-sala”. E eles, sem nenhuma emoção, levaram a prova ao mestre-sala. - O mestre-sala: a narrativa evangélica nos diz que ele provou o liquido que os serventes trouxeram e ficou extasiado, pois era um vinho de primeiríssima qualidade. - Agora vamos parar um pouco para refletir que efeito espiritual causou nestas pessoas a participação ativa no milagre de Jesus. Interessante que o Evangelho não diz nada qual foi a reação deles. Participaram em um milagre. Com os próprios olhos viram que água mudou em vinho. Será que na mente deles não surgiu alguma pergunta: quem é este homem que fez uma coisa tão impossível? O Evangelho não diz nada. Podemos imaginar que é assim porque realmente as preocupações do momento foram tão fortes que bloquearam uma reflexão mais profunda sobre o fato. - E os discípulos? O Evangelho diz: “E os discípulos creram n’Ele”. Só os discípulos! Eles estavam do lado, só observando, mas tiraram a conclusão: creram n’Ele. - E nós? Você se vê neste episódio? No lugar de quem você se colocaria? Noivos? Serventes? Mestre-sala? Ou os discípulos? Precisamos crer em Jesus, isto é, recebê-lo. Quantas vezes Ele já fez milagre para você. Você se beneficiou, mas continua na mesma, como noivos. Você se admirou como mestresala e só ficou nisso. Você até, quem sabe, ajudou para que Jesus cura alguém, assim como serventes e continua indiferente. A atitude que é desejada por Jesus é que você crê nele com uma fé viva, dinâmica, fé que reconhece Jesus como centro da vida, como alguém mais importante da vida. 06 de maio de 2005 Testemunho de Cris. Leitura bíblica: Sb 2,1B-6 A minha vida antes de receber Jesus era uma vida muito levada. Eu era uma pessoa muito rebelde, não respeitava os meus pais e brigava muito com a minha mãe; ela já chorou muito por minha causa. Eu ia para o colégio, chegava lá e muitas vezes não existia sequer uma aula. Gastava tempo passeando na praça da rodoviária com minhas colegas. Minha mãe me convidava para ir à Missa e eu já tinha para ela um NÃO na ponta da língua. Discutia também muito com meus professores. No final já estava percebendo que meus pais e meus irmãos estavam me desprezando. Houve um tempo que lá em casa nós estávamos passando por dificuldades. Um dia cheguei do colégio e peguei a mamãe chorando. Vendo isso prometi para ela que a partir daquele momento ia me voltar mais para Deus. Nesse tempo eu estava me preparando para receber o sacramento da Crisma e já estávamos nos últimos ensaios e quem ia fazê-las conosco era a Adenilza que coordenava a catequese. Um dia eu cheguei para ela e a Dedé e perguntei se eu poderia fazer parte do Movimento Evangelizador Luz-Vida e elas disseram-me que podia, mas precisava participar nas reuniões preparatórias. Quando cheguei em casa falei para mamãe, mas ela não acreditou, somente sorriu. Só se convenceu, quando viu que queria mudar mesmo. Quando comecei participar das Missas e reuniões minhas colegas tentaram me afastar do grupo, mas perceberam que não será possível, então partiram para as criticas, chamando-me de beata, de barata da igreja, etc. Agradeço a meus pais que nunca me abandonaram, ficando do meu lado, dando bons conselhos. Pouco a pouco comecei a perceber de que quem foi errada, fui eu. Em janeiro de 2002, na cidade de Coivaras ia acontecer um retiro de 15 dias e eu estava pronta para participar nele. Durante 15 dias meditamos os mistérios do terço, temos momento de estudo da Bíblia, temos orações comunitárias e individuais. Participamos também, todos os dias numa Santa Missa. E foi lá, durante este retiro, que no nono dia, eu recebi Jesus como meu pessoal Salvador e Senhor. Isso aconteceu à tarde, depois de jantar, fui à “Tenda de Reunião” (um lugar no qual temos momentos de intimidade com Deus), lendo a Bíblia comecei-me lembrar as reflexões feitas por D. Eduardo nas Missas, chegavam também na minha memória palavras da animadora Dêny pronunciadas todos os dias durante a “Caminhada de olhos abertos” (é um exercício espiritual de encontrar sinais de Deus na natureza) e aí me veio a pergunta: eu já recebi Jesus como meu único Salvador e Senhor? Naquele momento me deu uma inquietação. Senti que estava pronta para recebê-l’O e então, convidei Jesus para morar em meu coração. Não sei porque, mas de repente comecei-me lembrar da minha família, do tempo em que eu era muito rebelde. Dai senti um impulso no meu coração. Senti o Espírito Santo descer sobre mim como uma luz nova que começa a brilhar. Envolvida nestes sentimentos, fiz a Deus uma prece bem pessoal: Senhor eu quero entrar nesta caminhada do homem espiritual e quero voltar para casa sendo uma outra pessoa. Despertou em mim um arrependimento tão forte como nunca, por tudo que fiz no passado. Chorei muito de arrependimento e de alegria e tenho certeza que foi um dia mais feliz da minha vida, o dia em que recebi Jesus. Após este dia reconheço que sou uma pessoa nova. Ainda o velho me incomoda, mas estou no caminho para ser o homem espiritual. Todos também notaram as mudanças em minha vida, principalmente a minha família. Hoje sou outra pessoa, feliz por ter recebido Jesus. Esses 15 dias de retiro reconheço como experiência muito boa, de pura espiritualidade. Peço, ao Espírito Santo, cada dia que passa, que não se apague em mim esta luz que ascendeu durante o retiro e que guie a minha vida para que enxergue sempre o bem, principalmente nas pessoas. E assim minha vida cada dia muda para o melhor. Graças a Deus, hoje sou feliz por fazer parte da família Luz-Vida. 07 de maio de 2005. Nicodemos, homem que procura. Leitura bíblica: Jo 3.1-21 Nicodemos é o exemplo de pessoa que precisa ser evangelizada. Ele procura, ele sente que algo na vida dele precisa mudar. É como os apóstolos, André e João, que seguiram Jesus sem ter clara idéia o que pode acontecer, mas O seguiram. Com o Nicodemos acontece o mesmo. Alguma força interior impura-o para este encontro e com esta inquietação no coração procura Jesus, mas faz isso a noite, para que ninguém saiba; as escondidas, para não se comprometer, pois é um fariseu, um notável em Israel. E então ouve de Jesus estas palavras: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é Espírito”. Para Nicodemos é difícil entender isso. Procura se fazer de bobo: “Como pode um homem nascer sendo já velho? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?” Jesus continuou sem mágoa: “...quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino do Deus”. Sim. Como podemos entender isso? Para entender melhor, vamos distinguir duas coisas: batismo da água e batismo do Espírito Santo. Quando crianças recebemos o batismo sem sabermos nada. Nossos pais levaram-nos para a igreja e pediram o batismo para nós. Depois nos educaram na fé cumprindo o que prometeram a Deus e a Igreja no momento do nosso batismo. Assim os novos cristãos são levados para conhecimento da religião sem grande esforço intelectual ou espiritual. Mas ao passar dos anos, tornando se jovem e adulto, passando pelos momentos de rebeldia e auto-afirmação, o jovem cristão é chamado para dar uma resposta adulta na questão de fé. A fé de criança tem que se transformar em fé adulta. A Igreja espera que isso aconteça através da preparação para a Crisma e especialmente no momento da Crisma. O jovem cristão desperta e decide se continuará exercendo a fé, não mais empurrado pelos pais ou outros educadores como o padre, mas sozinho reconhecendo o seu valor e confirmando tudo o que recebeu na infância quando educado nos conhecimentos e princípios da fé. “Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho único, para que cada um que n’Ele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. Isso podemos chamar o batismo do Espírito Santo, pois é Ele quem leva a pessoa para esta decisão. O jovem cristão é chamado para dar uma resposta adulta e pessoal, isto é, receber Jesus como seu pessoal Salvador e Senhor, convidando-O para tomar posse do próprio interior, devolvendo a Ele o primeiro lugar na vida, o lugar mais importante da vida. Quem crer terá a vida e não qualquer vida, vida eterna. Precisamos receber Jesus como Senhor, como Salvador. Pois receber Jesus significa fazer d’Ele o centro da nossa vida, alguém mais importante na nossa vida. Uma história vai ajudar bastante para entender esta realidade. Uma mulher saiu de manha com seu filho. Essa criança era o único tesouro que possuía. Passando ao lado de uma montanha, eis que se abriu uma misteriosa porta. Olhou para dentro. Aquela montanha era uma imensa gruta, toda resplandecente de ouro e pedras preciosas. Uma misteriosa voz saindo da gruta dizia e repetia: Entre e esteja a vontade. Escolha o que quiser. Mas não esqueça o mais precioso, o importante. O tempo para escolher é limitado. Vencido o prazo, deverá sair imediatamente. A mulher ficou atordoada vendo tanta riqueza. Colocou a criança num cantinho para ter as mãos livres e começou a catar pedras preciosas. Ajuntou algumas no avental. Viu, porém, outras mais bonitas na frente. Largou o que ajuntara, para poder pegar aquelas. Foi avançando afobada, jogando as mais feias e catando as mais bonitas e mais preciosas. A voz misteriosa repetia sempre: não esqueça do mais importante. Estava ainda procurando algo melhor, quando a mesma voz ressoou: o tempo está vencido. Sair logo. Mas não esquecer o mais importante. Teve só o tempo necessário de pular para fora, antes que a porta se fechasse. Mas o avental estava cheio de pedras preciosas. De repente lembrou-se de ter deixado o filho lá dentro. Era tarde para ir buscá-lo. Apesar de todos os avisos, havia esquecido aquele que é o mais importante a mais precioso na vida de seu lar – o filho. (Pe Covis Bovo, “Oração da vida” vol. 04, pág. 48 “Não esqueça o mais importante”). Pergunte a si mesmo: Jesus é mais importante na minha vida? A resposta tem que ser sincera, não só assim da boca pra fora. Precisamos receber Jesus como pessoal Salvador e Senhor. Este novo nascimento do Espírito Santo depende de você. No Apocalipse Jesus disse: “Eis que estou a porta e bato, se alguém ouvir a minha voz e abrir, entrarei e cearei, eu com ele e ele comigo”. (Ap. 3,20). 08 de maio de 2005. Testemunho de Maria de Nazarth. Leitura bíblica: Sb 3,1-9 Hoje, 2° Domingo da Páscoa, dia em que celebramos a grande festa da Divina Misericórdia de Jesus. Não poderia deixar de testemunhar as graças que recebi através da Divina Misericórdia e pela intercessão de Santa Faustina. Há dois anos fui acometida de problemas no meu joelho direito. Várias vezes fui à Teresina a procura de médicos para melhorar. Consultei-me com Dr. Elias e depois com Dr. Wilson, ambos falaram de artrose; passaram muitos antibióticos que de nada serviram, apenas para doer mais o meu estômago. Usei por minha conta bolsa de água quente; de água gelada, mas também não serviram. Acredito que neste período muitas pessoas observavam que eu não me ajoelhava e mancava muito. Depois o problema de saúde já não era só meu. A minha filha, Maria do Socorro, que várias vezes chegava na minha casa dizendo que estava com fome, porque não conseguia colocar nenhum alimento na boca por causa de aftas que era demais: na mucosa da boca, na língua e na garganta; também foi a vários médicos e não obteve cura. Ela me falava que já não suportava mais. A mãe, geralmente, sofre duas vezes quando vê um filho doente; imediatamente implorei a Divina Misericórdia de Jesus e a Divina Misericórdia foi a nossa solução pela intercessão de Santa Faustina. Hoje estou curada! Faço caminhada de duas horas, de segunda à sexta feira, fico de joelhos por muito tempo e não sinto nada. Eu e minha filha agora vivemos para honra e glória de Deus. Aqui deixo o meu convite a todos meus irmãos: apeguem-se à Misericórdia Divina que é a cura para todos os problemas. Tenham fé! 09 de maio de 2005. Samaritana: exemplo de testemunha. Leitura bíblica: Jo 4,1-42 Jesus encontra-se com uma mulher samaritana. Conversa com ela. Manifesta a ela que conhece bem a sua vida. ”Tiveste cinco maridos e o que tens agora, não é o teu marido”. Mas mesmo assim, sabendo tudo sobre ele, revela-a quem Ele é. Isso Ele não fez com ninguém da Judéia. Uma das coisas que Jesus revela a mulher Samaritana é esta: “Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”. Esta é a nova religião que Jesus traz. Crer. Crer no sentido de receber Jesus como pessoal Salvador e Senhor. Observando as nossas atitudes religiosas parece que nós estamos ainda no Antigo Testamento. Mantendo o coração longe de Deus multiplicamos devoções e pensamos que elas nos salvam. Ele, porém, não faz parte do nosso dia a dia. (Isso os profetas criticavam. Parece que não precisava crer, bastava rigorosamente cumprir as prescrições da lei). Jesus disse: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou”. Isto é a verdadeira religião: fazer a vontade de Deus. Os 10 mandamentos, todos, são a expressão clara da vontade de Deus. Eis a essência do Cristianismo: a fé manifestada no cumprimento da vontade de Deus. Festas, terços, medalhas, procissões, até a Santa Missa, são os meios que levam a alcançar a verdadeira religião. É evidente que a fé leva pessoa a expressar o seu interior através dos gestos e sinais, pois quem tem fé, quem se esforça para fazer a vontade de Deus, pratica a religião por completo e não da forma seletiva. (Exemplo: pessoa diz que tem fé, mas não quer casar na Igreja, quer comungar sem se confessar, quer batizar filho sem dar garantias de educá-lo na fé etc.). No Evangelho de hoje Jesus usa também uma expressão muito significativa: “Se conhecesse o dom de Deus e quem é que te diz: dá-me de beber, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva”. Ele próprio, Jesus, se compara com a água. Ele é a água viva. Sabemos como a água é importante na vida da gente. Sem a água não há vida. Será que Jesus para mim é tão importante como a água? Será, que assim como não posso viver sem a água, não posso também viver sem Jesus? Hoje no evangelho ouvimos novamente estas palavras: “Vinde e vede”. Desta vez quem disse isso foi a mulher Samaritana que convida seus conterrâneos para o encontro com Jesus. Eles vieram e acreditaram. Jesus ficou com eles dois dias. Jesus espera que você abra a Ele o seu coração. Ele quer fazer parte da sua vida. Recebe Jesus como seu pessoal Salvador e Senhor. Ele está a porta e bate e espera! Tudo depende de você. 10 de maio de 2005. Testemunho de Rosa Filha. Leitura bíblica: Sb 4,7-14 O meu primeiro encontro pessoal com Deus aconteceu quando participei num encontro vocacional em agosto de 1996, coordenado pelas Irmãs Medianeiras que foram enviadas à nossa comunidade. Antes disso eu era completamente diferente: não era fiel ao Cristo, não gostava de participar nas Missas dominicais e a minha mãe praticamente tinha que me empurrar para que eu fosse. Muitas vezes somos egoístas e fechamos os olhos diante das coisas de Deus. Não deixamos o Cristo penetrar e habitar no nosso interior. Mas acredito que tudo tem seu dia determinado para acontecer. Quando permiti ser guiada pelo Cristo, percebi o quanto Ele nos ama e como é maravilhoso este amor que Ele tem para cada um de nós. A partir desta descoberta houve grande mudança na minha vida; engajei-me na comunidade, comecei servir como catequista, entrei ativamente no grupo de jovens e não deixei de participar em nenhum evento da igreja. Em dezembro de 2000 recebi um convite da missionária Izabel para participar de um retiro de 15 dias do Movimento Evangelizador Luz-Vida, em Coivaras. Não pensei duas vezes: imediatamente aceitei o convite. Durante o retiro, entre outras coisas, tivemos um estudo aprofundado sobre a doutrina católica, Bíblia, costumes, com muita oração e meditação, como também sadio lazer, tudo coordenado por D. Eduardo. A participação neste retiro confirmou em mim a certeza do que eu queria. Saí do retiro fortalecida no amor de Cristo. Foi uma experiência gratificante poder vivenciar e testemunhar este amor infinito de Jesus. A partir deste retiro alegro-me em poder confiar em infinita Misericórdia. Sinto, que sou chamada para anunciar a Boa Nova às pessoas que não conhecem a palavra da paz, do amor, do perdão, pois nós nos tornamos semeadores de Cristo quando somos guiados pelo Espírito Santo. Hoje para mim Cristo é tudo. 11 de maio de 2005. Enfermo na piscina de Betesda. Leitura bíblica: Jo 5,1-18 No Evangelho de hoje Jesus se encontra com um doente que sofria há 38 anos. Então Jesus, por iniciativa própria, devolve-lhe a saúde. “Levanta-te, tome o seu leito e anda”. O homem doente estava aqui para receber a cura. Preocupado com seu corpo que não estava em perfeitas condições havia 38 anos, somente uma coisa o interessava: receber a cura da sua longa enfermidade. Mas, é o dia de sábado, neste dia, pela lei dos judeus, é proibido fazer qualquer trabalho, mesmo fazer cura e mais ainda carregar objetos como a cama. Vendo isso os piedosos judeus levantaram a voz contra o homem curado perguntando quem foi que te fez isso e mandou carregar o leito. O homem não sabia responder, não conhecia ainda Jesus. Mais tarde quando Jesus o encontrou pela segunda vez, aí O conheceu. E o que fez este homem? Acreditou em Jesus? Reconheceu Jesus como Filho de Deus? Não! Ele só queria ser curado. Quem fez isso não importa. Importante é ser curado. O importante foi a cura e pronto. E o que ele fez? Foi e entregou Jesus aos fariseus. O que nos ensina este episódio? O homem se encontra com Jesus, recebe um grande benefício, mas continua sem crer em Jesus. Importante é analisar o segundo encontro dele com Jesus. Jesus lhe disse: “Eis que estás curado; não peques mais, para que não te suceda algo ainda pior!”. A tentativa de Jesus é que o curado tire a conclusão espiritual. Transfere o efeito carnal para o campo espiritual. Jesus fala que ele deve parar de pecar, se não pode acontecer com ele algo pior. Que algo pior pode acontecer para alguém que ficou 38 anos imobilizado? È que o pecado leva para a morte eterna ao passo que as doenças levam somente à morte física. Jesus falando assim quer chamar atenção dele para que comece crer e transformar a sua vida. O homem recebeu a cura, recebeu uma proposta direta de Jesus como deve proceder a partir de agora e mesmo assim ele não tratou sério a Jesus. Por que? Porque não acreditou! Porque não quis aceitar que Jesus pode ser alguém maior que os profetas. Porque não passou pela sua cabeça que Jesus pode ser o Filho de Deus. Então O entregou aos judeus. O que mais nos ensina este episódio? Jesus fala: “não peques mais”. O corpo é importante, mas nós temos o espírito dado a nós por Deus, que não pode ficar no segundo plano. A vida não é só corpo: “para que não te suceda algo pior”. Que algo pior pode acontecer se não a morte? Certamente a morte eterna. Pense, quantos encontros seus com Cristo já aconteceram na tua vida. Quanta coisa maravilhosa Jesus já fez na tua vida. E daí! Você acredita n’Ele? Acredita de verdade? E os pecados, já eliminou da tua vida? Precisamos receber Jesus como pessoal Salvador e Senhor. Precisamos permitir que Ele seja o primeiro na nossa vida. O mais importante na nossa vida. 12 de maio de 2005. Testemunho de Maria Marcilene. Leitura bíblica: Sb 5,15-23 Eu não tive uma mudança radical como muitos. Até porque sempre tive uma vida de Igreja. Desde pequena aprendi a rezar e a amar a Deus o que gerou em mim uma confiança e uma fé em Deus que pode se aprimorar e crescer com o Movimento Evangelizador Luz-Vida. No movimento Luz-Vida aprendi a amar a Deus na liturgia e nos irmãos tornando-me capaz de amar o meu próximo. Antes de conhecer o movimento eu era muito “explosiva” e acabava machucando muitas pessoas, queria resolver tudo sozinha, não me controlava, era muito vingativa, não era rancorosa, mas não conseguia esquecer o que me faziam o mal. Depois do retiro percebi que as vezes que achei que devia fazer tudo sozinha, era ilusão e pensar que Deus nem sempre estava comigo era bobagem. Pois Deus sempre esteve e estará sempre comigo, me conhece melhor do que alguém me conhece ou vai conhecer. Enfim, aprendi que Ele me ama e tem um plano de amor para minha vida. O retiro do Luz-Vida para mim não foi apenas um acontecimento, mas um acontecimento divino. Tive a oportunidade de conhecê-lo quando estava passando por vários problemas (minha comunidade estava toda contra mim) e não sabia o que fazer. O Luz-Vida veio me ensinar que o mais importante é o Senhor e o seu amor. Aconteceu que o meu irmão estava tendo problemas com o álcool (ele estava no Rio de Janeiro) e todos diziam que ele não ia parar de beber e nem votar mais para casa. Ele, inclusive, não queria voltar. Eu era muito apegada ao meu irmão e gostaria muito que ele mudasse e voltasse para casa, mas ouvindo tantas palavras contrarias quase cheguei a desanimar. E mesmo quando tudo estava provando contrário, Jesus me dizia: “Confia! Assim como meu Pai foi fiel a mim, a ti também será”. E eu sentia sua presença tão forte que podia imaginar seu rosto; senti suas mãos, e tudo aquilo me dava força para continuar rezando e confiando que meu irmão ia voltar. Lembrei-me tudo que aprendi no Luz-Vida, no primeiro e no segundo grau do retiro e voltava a minha fé e confiança, só que esta vez bem mais firme. Um dia olhei para toda minha vida e esta oração: “Senhor, se estou aqui, como catequista, no grupo de jovens (PJ), na liturgia, enfim se mudei meu modo de viver, não foi a toa, foi por tua vontade e se for da tua vontade traz meu irmão de volta para casa”. Duas semanas depois ele voltou. Aí eu percebi que algo mudou na minha vida, que minha fé se tornou mais viva, mais ligada com a realidade da minha vida. E percebo também, que isso aconteceu graças ao Movimento Evangelizador Luz-Vida que despertou em mim uma pessoa nova, pessoa que recebeu Jesus como Senhor e Salvador permitindo que o Espírito Santo guia a vida. E daí desabrochou em mim uma vontade imensa de ser freira (era o que eu pensava). Agora, não sei qual é a vontade de Deus para que eu seja freira, missionária, catequista ou algo diferente, mas uma coisa eu tenho certeza: quero servir a Deus. Não importa como. Eu quero e vou desafiar o mundo para servir ao meu Pai. Confio, que o Espírito Santo me dará forças para realizar isso. Por enquanto sirvo a Deus como catequista e membro do Movimento Evangelizador Luz-Vida, evangelizando e levando a Palavra de Deus a todos. 13 de maio de 2005. A fé manifesta-se na confiança Leitura bíblica: Jo 6,1-15 O Evangelho não conta sobre isso. Mas vamos soltar a nossa imaginação. Jesus reuniu no deserto uma enorme multidão. Pessoas empolgadas ficaram com Ele ouvindo seus sermões e testemunhando os milagres que operava. No final Jesus queria despedir as multidões, mas teve pena deles, pois com fome poderiam desfalecer no caminho para casa. Então se dirigiu ao Filipe: “Onde compraremos pão para que eles comam?” Filipe, manifestou a sua preocupação: “Duzentos denários de pão não seriam suficiente para que cada um recebesse um pedaço”. Neste momento entrou na conversa o André: “Há aqui um menino, que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas que é isso para tantas pessoas?” Imaginemos o que agora poderia acontecer. Os discípulos de Jesus se dirigem ao menino. De repente doze homens barbudos cercam a pobre criança e a levam para o Mestre. Jesus olhando para o menino estende a mão e pede: menino entrega este pão para mim! O rapaz começa pensar: Porque o Mestre quer o meu pão? Será que está com fome e quer tirar de mim o pouco que me restou, tudo o que guardei com cuidado para ter no caminho para casa? Mas Jesus, como de costume não força ninguém, espera que o menino por vontade própria entregue o pão. Permanece diante do rapaz com a mão estendida e pede: menino entregue o pão para mim! Imaginemos a luta que o menino travou no seu interior. O que eu faço. Dou ou não dou. Se der, passarei fome e voltando para casa todo mundo vai rir de mim que fui atrás do Mestre e Ele pegou de mim o pão que mim sobrou. O que eu faço? Olha para Jesus. E Ele fixando seu olhar meigo e penetrante no rosto do menino, com a mão estendida, espera a sua decisão: menino passa este pão para mim! O menino não sabia o que Jesus vai fazer com o pão. Ninguém sabia. No final o rapaz não resistiu. Tirou seu alforje e entregou o pão a Jesus. Não se sabe se fez isso com alegria ou chorando. O fato é que entregou. Deu a Jesus tudo o que tinha para seu sustento. E sabemos que as crianças não gostam muito de fazer isso, pois nesta idade são muito egocêntricas. Tendo o pão na mão sabemos o que Jesus fez. Podemos imaginar a alegria que começou encher o peito e os olhos deste menino quando viu as pessoas comerem. E o pão não terminava. Jesus cortava pedaços e sempre tinha pão na mão. Que alegria! Voltando para casa, todo radiante, o menino podia dizer a todos: Jesus e eu fizemos milagre. Alimentamos com meus cinco pães e dois peixinhos uma grande multidão de pessoas. Somos chamados para ter fé. Mas a fé basta? Não. Precisa ainda confiar! A fé se manifesta na confiança. Falamos: ele acreditou por isso fez. Uma história vai ilustrar ainda mais esta questão que não basta acreditar precisa ainda confiar. Um artista do circo havia esticado um cabo de aço de um prédio a outro. Um grande público aguardava com expectativa o número mais sensacional do espetáculo. O equilibrista ia atravessar a praça de um ponto a outro, caminhando sobre o cabo. A praça foi dominada pelo silêncio absoluto. Todos acompanhavam com a respiração suspensa o lento caminhar do artista. Quando chegou no fim, sorridente e tranqüilo, todos soltaram um suspiro de alívio e o aplaudiram freneticamente. Para encerrar o espetáculo, caminharia novamente por sobre o cabo, mas empurrando um carrinho de mão. A expectativa e o nervosismo do povo cresceram ainda mais. O artista perguntou a multidão eletrizada: Vocês acham que vou conseguir refazer o caminho, empurrando agora este carrinho? Todos responderam que sim, num grande aplauso. Ele fez uma pausa. A multidão, pensando que ele estava com medo, encorajou-o: Vamos! Coragem! Você consegue! O artista sem nenhum problema percorreu o mesmo caminho em cima do cabo empurrando na sua frente o carrinho de mão. Terminada a prova parou levantando as mãos num gesto de triunfo e alegria. Em seguida voltou-se para os espectadores e perguntou: Vocês acreditam que consigo caminhar sobre o cabo carregando neste carrinho uma pessoa? Os espectadores responderam: É claro, acreditamos, você vai conseguir. Então o equilibrista dirigindo-se a um deles convidou: Nesse caso, suba aqui e assenta-se nele. O espectador virou as costas: Rapaz! Está pensando que sou doido? Ninguém da multidão teve coragem para se arriscar. (Pe Covis Bovo, “Oração da vida” vol. 04, pág. 90 “O equilibrista e a platéia”). A fé se manifesta na confiança. 14 de maio de 2005. Testemunho de Maria Izabel. Leitura bíblica: Sb 6, 1-11 Aos 14 anos de idade precisei ausentar-me de minha cidade (Ibimirim-Pe) para complementar os meus estudos. Assim fui morar na cidade vizinha, Floresta que fica a 100 km de distância. Para mim era muito difícil essa adaptação longe da família, mas graças a educação recebida dos meus pais, não tive problemas em conduzir a minha vida. Sentia–me frágil, porém, confiante na esperança de vencer. Neste período que fiquei fora tive oportunidade de alimentar o meu viver com a participação e escuta da palavra na Eucaristia, mesmo sem compreender muito, eu me sentia chamada a participar, a ponto de ser criticada por minhas colegas que me achavam uma beata. Na minha cidade não tinha essa oportunidade por não haver um padre residente, tínhamos apenas uma Missa por mês e só. Na verdade o que aprendi de religião foi na minha família e na escola. No dia da minha formatura, durante a Celebração Eucarística, aconteceu algo muito especial em minha vida. Ouvindo um canto vocacional surgiu dentro de mim uma inquietude. Cristo se revelava mostrando-me que não devia continuar parada sem conhecê-lo melhor e anunciá-lo. A partir deste momento despertou em mim a vontade de reunir as crianças para falar-lhes de Jesus e também juntar os adultos para rezar o terço, fazer novenas, vias sacras. Não sabia ainda o que era catequese, mas o fervor em realizála era tão forte que não hesitava em fazer. Em novembro de 1990 chegou na minha cidade (Ibimirim) o Padre Eduardo para ser o nosso Pároco. Logo me propus como colaboradora, muito embora não soubesse fazer nada. Juntamente com outros jovens preparei-me para participar num retiro de 15 dias, do Movimento Evangelizador Luz-Vida. Foi em janeiro de 1992 que aconteceu este retiro que foi para mim como se fosse uma porta que se abria para a compreensão e entendimento: compreendi o amor que Deus tem por mim, o plano de amor e principalmente conheci Jesus e o recebi como pessoal Salvador e Senhor. Tudo o que era obscuro na minha mente de repente ficou claro, descobri a minha vocação, tornei-me catequista e o padre Eduardo deu-me a oportunidade de ser colaboradora dele no serviço da evangelização da paróquia. Agora vivo a minha vocação porque sei que Deus me ama e serei testemunha desse amor diante dos homens. O Movimento Evangelizador Luz-Vida me ajudou a entender o que é ser Igreja e a viver a missão de cristão batizado; me permitiu também entender os valores da vida guiada pelo Espírito Santo, como ainda ajudou-me compreender que a vida espiritual é um processo em permanente crescimento. Tenho ainda muito que aprender e sinto-me aberta para isso. 15 de maio de 2005. Mulher adúltera, exemplo de conversão. Leitura bíblica: Jo 8,1-12 Para entender este episódio é necessário refletir: como se sente esta mulher flagrada cometendo pecado. Vergonha? Arrependimento? Percebeu que a vida dele estava por um fio. Na verdade já se viu morta. Os fariseus, querendo também apanhar Jesus em algum deslize da Lei, trouxeram a mulher diante dele com este questionamento: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante delito de adultério. Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. Tu, porém, que dizes?” Jesus demora em dar a resposta. Ele também quer conseguir, neste caso algo mais importante. Fica calado rabiscando no chão. O que é que Jesus deseja? Ele quer que todas as pessoas reconheçam que são pecadores, tanto a mulher como os seus acusadores e se arrependam: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!” Jesus é a encarnação da misericórdia de Deus: “Pois Deus não enviou seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. (Jo 3,17). O arrependimento chama perdão e misericórdia. A história que apresentaremos, ilustra esta dependência entre o arrependimento e o perdão: A nova parábola do filho pródigo. Um jovem viajando de trem está sentado num dos vagões de frente de um outro passageiro. O jovem, timidamente, começa a conversa confidenciando ao desconhecido a sua história: Sabe, eu estou voltando da prisão, pois já cumpri a minha pena. Eu levava uma vida ruim. Os meus pais passavam vergonha por minha causa e depois de muita luta da parte deles para que eu mude o meu comportamento me rejeitaram. E eu, sem dar ouvidos aos seus conselhos. Mas eu quero voltar. Quero começar uma vida nova. Mas não sei se meus pais queiram me receber. Tenho medo deste encontro. Antes de sair da prisão escrevi para eles uma carta. Na carta escrevi mais ou menos assim: Daqui alguns dias cumprirei a minha pena. O meu desejo é voltar para casa. Quero começar vida nova. Sei que tendes o direito de me rejeitar. Nunca recebi a vossa resposta das cartas que vos escrevi. Não sei se ireis me aceitar. Tenho medo deste encontro. Por isso peço, se quereis me receber de volta, então me fazei um sinal. O trem passará em frente da nossa casa. Se quiserdes que eu volte, então pendurem na árvore em frente da casa um lenço branco. Estarei olhando pela janela. Vendo este sinal saberei que em casa me espera o perdão. Assim, o jovem ex-prisioneiro, contava sua história e o trem aproximava-se à sua terra natal. Quando já estavam perto, o jovem fez ao seu companheiro de viajem este pedido: Tenho muito medo, pensando que na árvore não aparecerá nenhum sinal. Peço-lhe, olhe para mim, sim? E escondeu o rosto nas mãos. De repente escuta o grito do companheiro: Vem! Olhe! Retomou a coragem e olhou pela janela, enxergou algo maravilhoso: A árvore não tinha só um lenço, mas toda foi enfeitada de lenços brancos. Sobre cada galho estava pendurado um lenço branco. Este foi o sinal que o pai e a mãe o esperavam com o perdão. O verdadeiro encontro com Cristo, se ele acontecer, ele muda a vida da pessoa. A luz que entra no nosso interior ilumina as camadas mais profundas do nosso ser e de repente sabemos com tanta clareza tudo o que precisa ser mudado porque não combina com a presença de Jesus. A pessoa se converte. Escuta dentro de si estas palavras de Jesus: “Vai, e de agora em diante não peques mais”. Tudo depende de nós. 16 de maio de 2005. Testemunho de Leda. Leitura bíblica: Sb 6,12-21 Para testemunhar o recebimento de Jesus em minha vida, volto àqueles dias de retiro e recordo-me alegremente a forma como Jesus preparava todas as situações pra esse nosso encontro. Os dias que precederam o retiro Luz-Vida (2002) foi o período em que eu estava mais voltada para as coisas do mundo, especialmente: festas, bebedeiras e namoro. Deus permitiu que eu experimentasse diversas vezes o fundo do poço, para só então me dar a mão e chamar-me para uma nova experiência com alguém que de fato me amava e oferecia-me uma vida nova. O chamado para participar do retiro de 15 dias saiu do coração de Jesus e veio a mim pela boca de um grande amigo e a partir daquele momento começou a se cumprir o plano de amor que há tempos Deus queria realizar em minha vida. Os dias do retiro se passavam e em nada eu desejava que Deus me modificasse, pois estava apegada por demais à tudo que havia deixado lá fora. No nono dia começou em mim algo diferente. Foi na hora de Via Sacra. Não sabia bem o porque, mas não conseguia parar de chorar. Isso se repetia novamente na celebração eucarística do décimo dia. Por mais que procurasse conter as lágrimas, não tinha forças para fazê-lo. Só, no dia seguinte, dia da confissão, que percebi o que estava acontecendo. Era Deus que queria me perdoar e eu não estava aceitando seu perdão e sua misericórdia. Quando recebi o sacramento da confissão, no meu coração entrou uma paz tão grande que parei de chorar. Como se fosse próprio Deus falando pra mim: para de chorar, você esta perdoada. Este momento reconheço como meu encontro pessoal com Jesus; momento em que aceitei seu perdão e seu amor misericordioso. Lembro-me que no final do retiro, na hora do testemunho, falei que só saberia se realmente havia recebido Jesus, quando chegasse em minha cidade. De fato constatei que sim, pois as coisas que entes me eram indispensáveis foram perdendo lugar para Cristo “a cada dia foi se tornando mais exigente comigo”. Hoje vivo continuamente a minha “Via Sacra”, caindo e levantando, mas sempre buscando servir com amor a Igreja por Ele instituída. 17 de maio de 2005. Cego de nascença, exemplo de quem acreditou. Leitura bíblica: Jo 9,1-38 Eu fui ou ainda sou um cego. Na vida da gente acontecem muitos encontros com Jesus que quer nos abrir os olhos: batismo, confissões, conselhos dos pais, conselho dos amigos bem intencionados etc. Definitivamente, nossos olhos se abrirão na passagem da escuridão desta vida à eternidade. Em que consiste esta cegueira que podemos chamar de cegueira espiritual? A cegueira no sentido bíblico da palavra significa não perceber Deus como luz. É a cegueira da incredulidade. A pessoa só aceita o que vê com seus próprios olhos. Não quer acreditar em Deus nem diante das evidências inconfundíveis. A Bíblia chama também de cegueira quando a pessoa não permite ver a si mesma na luz. Não aceita a verdade sobre o ser humano apresentada na Palavra de Deus. Não quer admitir esta verdade, que nós somos isso o que somos aos olhos de Deus. O Evangelho que hoje foi lido apresenta-nos a saída desta cegueira. Jesus disse: “Vai lavar-te na piscina de Siloé que quer dizer ‘Enviado’”. O Evangelho logo explica que a palavra Siloé significa o Espírito Santo. É verdade. É o Espírito Santo que foi enviado para nós pelo Pai através de Jesus para nos abrir os olhos. Vejamos a atitude de Jesus. Ele toma toda iniciativa. O cego não pediu nada. Jesus quis curá-lo. Somente exigiu que ele vá a piscina e se lave. Então, o que acontece, a vida do cego, quando recuperou a vista? Mudou completamente! A mudança dele logo foi percebida por todos a tal ponto que os que o conheciam, pensavam que não era ele, mas alguém parecido. Em seguida levaram-no para a sinagoga diante da autoridade. Aí o homem que era cego revelou que foi Jesus que o curou. Ouvindo as acusações contra Jesus da parte dos fariseus ele declara a sua convicção de que Jesus deve ser um profeta: “Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos de um cego de nascença”. Então expulsaram-no da sinagoga. Sabendo isso Jesus procura o ex-cego pela segunda vez e lhe oferece a graça da fé: “Tu crês no Filho do Homem?” O homem não sabia de quem se trata: “Quem é Senhor, para que eu creia nele?” Jesus lhe respondeu: “Tu o estás vendo, é quem fala contigo” O Homem curado da cegueira se prostra diante de Jesus e professa a fé: “Creio, Senhor!” Tudo isso deve acontecer conosco! No primeiro encontro com Cristo que aconteceu no momento do batismo Jesus nos livra da nossa cegueira: “Eu sou a luz do mundo”. (Jo 8,12). Somos lavados nas águas batismais. Mas, Jesus nos encontra pela segunda vez “Crês no Filho do Homem?” A fé de criança tem que se transformar em fé adulta. É o Espírito Santo que causa isso em nós. Quem se abre às inspirações do Espírito Santo logo percebe que algo novo está acontecendo no seu interior. Pode ser que até você ficará muito inquieto, perturbado, perde a sua falsa tranqüilidade. Como se fosse a lama que Jesus colocou nos olhos do cego. “Fez lama com a saliva, aplicou-a sobre os olhos do cego”. Você de repente vai ver a sua vida de outro ângulo. Pode ser que as pessoas vão estranhar, não lhe reconhecerão mais. Pode ser que vão expulsar você da roda dos amigos porque você para eles se tornou um estranho. Confia, Jesus te encontrará pela segunda vez para te conformar. Tudo depende de você. Precisa acreditar, confiar, ir para Espírito Santo (Siloé) e se lavar. Confiar sem entender, sem medo. Confiar. Muito bonito sobre este assunto escreveu o São Teófilo de Antioquia: As pessoas vêem com os olhos do corpo, percebendo o que se passa nesta vida terrena, e observam as diferenças entre a luz e as trevas, o branco e o preto, o feio e o belo, o disforme e o formoso, o que tem proporções e o que é sem medida, o que tem partes a mais e o que é incompleto; o mesmo se pode dizer no que se refere ao sentido do ouvido: sons agudos, graves e harmoniosos. Assim também acontece com os ouvidos do coração e com os olhos da alma, no que diz respeito à visão de Deus. Na verdade Deus é visível para aqueles que são capazes de vê-lo, porque mantém abertos os olhos da alma. Todos têm olhos, mas alguns os têm obscurecidos e não vêem a luz do sol. E se cegos não vêem, não é porque a luz do sol deixou de brilhar; a si mesmos e a seus olhos é que devem atribuir a falta de visão. É o que ocorre contigo: tens os olhos da alma velados pelos teus pecados e tuas más ações. O homem deve ter a alma pura, qual um espelho reluzente. Quando o espelho está embaçado, o homem não pode ver nele o seu rosto; assim também, quando há pecado no homem, não lhe é possível ver a Deus. Mas, se quiseres, podes ficar curado. Confia-te ao Médico e ele abrirá os olhos de tua alma e de teu coração. Quem é este Médico?... Se compreenderes tudo isso, ó homem, se a tua vida for santa, pura e justa, poderás ver a Deus. Se deres preferência em teu coração à fé e ao temor de Deus, então compreenderás. (Do livro “A Autólico” de século II). 18 de maio de 2005. Testemunho da Maria Lúcia. Leitura bíblica: Sb 6,22-25 Em maio de 2000, a Diocese de Campo Maior recebeu um novo bispo, Dom Eduardo. Na missa de posse foi grande a perseguição de certos líderes da igreja Catedral, para que eu não pudesse ficar perto do presbitério. Por que? Porque na visão deles eu provocava a desordem na igreja. Este comportamento foi motivado por duas razões: pala decisão de Dom Abel que me proibiu de participar nas assembléias diocesanas e de um padre que não permitia que eu cantasse no coral da igreja. Esta proibição aconteceu por causa de uma calúnia levantada contra mim por uma pessoa da Igreja. Magoada, desisti do curso de teologia que fazia na Universidade Federal. Passei cerca de 10 anos sem comungar a Santa Hóstia. A palavra “perdão” nem gostava de pronunciar, simplesmente risquei do meu vocabulário. Até tinha medo de rezar o “Pai nosso”. Eu tremia de ódio quando via as pessoas que me ofenderam. Na época foi Padre Mário que acompanhou bem de perto toda esta situação e me orientava espiritualmente, mas infelizmente logo morreu. Outros padres (Pe. Lisardo e Pe. Carlos), convidando-me para ajudá-los nas suas paróquias, sem ter consciência disso, alimentavam a minha fé. A partir de maio de 2000 voltei a participar das missas dominicais do bispo. Gosto muito de ouvir discursos, homilias... A oratória é a arte que mais admiro. Acho que quem vive da palavra é um artista que precisa sempre se renovar lendo, refletindo e principalmente ouvindo os outros. Ao saber disso, a Dedé, a missionária, convidou-me, à participar, em janeiro de 2001, num retiro de 15 dias em Cocal de Telha, dizendo que lá poderei ouvir as falas do Dom Eduardo. Aceitei o convite, mas perdi dois dias por causa de meus compromissos. Já conhecia o bispo, pois havia me convidado a participar da Assembléia Diocesana no final do ano 2000. Já gostava dele pela determinação de unir FÈ e VIDA na diocese. Mas, falando a verdade, fui para o retiro do Movimento Evangelizador Luz-Vida, muito mais para “conhecer a peça”, como dizia para minhas amigas. Eu queria descobrir, se polonês era diferente do espanhol. Pensei que treze dias seriam suficientes para saber. Aí, percebi, realmente, que a metodologia do encontro garante várias “revelações”. A “peça” que conheci melhor, não foi o bispo polonês, mas uma “peça” do outro mundo – JESUS CRISTO, O MISERICORDIOSO. Aqueles dias “fora do ar” como eu dizia antes de ir, foram para mim como uma desintoxicação do ódio, da raiva e do rancor. Foi como uma internação ou como um treinamento para a ação. Também não foi um “fora do ar” como eu imaginava. Entre outros, o momento mais marcante para mim foi quando Dom Eduardo mandou-nos, assim sem nada, apenas ir às casas para ouvir as pessoas e depois convidálas para a missa. A senhora que visitamos estava revoltada com o Estatuto da Criança e do Adolescente, embora sem o conhecer, pois não o tinha lido. A revolta dela se baseou nas conversas. Ela acreditou que este Estatuto era um mal para a sociedade. Então, eu que havia feito vários cursos sobre o assunto, tentei ajudá-la no seu entendimento. No final do retiro, o Espírito Santo deu-me a graça de me confessar e voltar a comungar. Até hoje sou fiel a esta prática. Gostaria também, testemunhar sobre um outro assunto. Tenho um sobrinho que foi dependente químico e várias vezes foi preso por causa disso. A única solução seria interná-lo numa clinica. Para isso precisaríamos um bom dinheiro. Eu rezava piedosamente pedindo a Deus um jeito. Durante aqueles dias ele teve uma forte gripe e foi para ver minha mãe que estava na casa de sua tia. Ficou lá, pois a gripe não lhe permitiu a voltar para própria casa. Recuperado da gripe mostrou o desejo de continuar aí. Parou de usar a droga e voltou a estudar. Em setembro do mesmo ano fui para ver de perto se realmente estava curado do vício. Constatei que sim, sem precisar internação. Percebi que minhas orações foram atendidas, pois é isso que pedi a Jesus Misericordioso e a Santa Faustina, durante o retiro. A partir deste momento passei a acreditar na Misericórdia Divina. Todos os dias rezo o terço da misericórdia antes de dormir e outro as cinco horas da manhã. Não tenho mais ódio de ninguém. No lugar dele sinto pena de quem não sabe amar, nem tolerar o diferente. Já consigo ouvir os insultos contra mim sem responder nada. Enfrentar questões na justiça sem perder a calma e compreender que tais fatos são uma oportunidade para alimentar e fortificar o espírito. Hoje eu vivo a conversão sobre qual o saudoso Padre Mário tanto falava. Aconselho, a quem tiver a dificuldades semelhantes a estes que estou testemunhando, participem de retiros espirituais. Juntamente com Dom Eduardo, sou grata ao Padre Jerônimo que também teve sua importância na cura “pós-desintoxicação” do tal ódio. 19 de maio de 2005. Lázaro, exemplo de quem começou vida nova. Leitura bíblica: Jo 11,1-46 “Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro”. Deus ama o homem (Jo 3,16). Jesus foi tão próximo do Lázaro que o Evangelho diz que “Jesus chorou!” Aqui acontece uma coisa muito difícil para entendermos. Jesus ama a ponto de chorar, mas mesmo assim, permite que ele morra. Por que? A resposta está nos versículos 25 e 26: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá”. O que importa a Jesus é a vida que começa no batismo e continuará na eternidade. Por que? Porque ama o homem e quer que ele viva para sempre. Jesus quer que nós morramos ao pecado para recuperarmos a verdadeira vida. Mas, será que Ele vai fazer tudo sozinho? Não. Ele ordena: “Retirai a pedra!”. Que pedra? Pedra da velha mentalidade, mentalidade materialista, que se preocupa só com as coisas de aqui e agora, pedra do pecado, pedra do egoísmo, pedra da busca desenfreada do prazer, pedra de vanglória e prepotência, pedra de tirar vantagens em tudo, pedra de pisar nos outros para subir na vida. Jesus é poderoso. Ele pode fazer tudo sozinho. Até ressuscitou o Lázaro que fazia quatro dias quando foi sepultado. Mas Ele não quer. Ele não age assim. Ele quer a nossa colaboração. Ele espera a nossa confiança que supera até o mau cheiro do cadáver de quatro dias. Se nós damos a Ele este sinal, Ele fará a parte d’Ele: milagre da ressurreição. Não lá na eternidade, isto vem na hora certa, mas já agora, nos ressuscitará da morte do pecado para vivermos uma vida nova que valerá para a eternidade. Jesus espera de você este sinal. Jesus espera o seu sinal. “Tirai a pedra”. Certa vez um homem dado às ciências foi passear no sítio. Levou seus livros, pois eram companheiros inseparáveis. Quando quis atravessar o rio para chegar à fazenda do amigo, a ponte estava caída. E agora? Felizmente um barqueiro estava ali perto. Então lhe pediu que o levasse para o outro lado. A travessia começou. O cientista, que gostava de um dedinho de prosa, começou o bombardeio de perguntas: - Como você se chama? - José, mas todos me tratam por Zé Pescador. - Pois bem, seu José. Você sabe ler e escrever? - Não sei, professor. - Não sabe ler nem escrever? Já perdeu um pedaço de vida. O canoeiro disse “É” e continuou a remar. Após pequena pausa: - Mas sabe a geografia? Qual é a capital do Brasil? - Nada disso eu sei, professor. - Então perdeu mais um pedaço da vida. Lá se foi metade da sua vida. O caipira nem teve tempo de dizer ”É” porque a canoa bateu num tronco de árvore e virou. Que susto! Que tragédia! Os dois foram para o fundo da água. O canoeiro que sabia nadar voltou à tona e agarrou-se na barca. Mas o professor continuava bebendo água. Esquecera-se até dos seus livros, que também naufragaram. Desta vez foi o canoeiro que fez uma pergunta ao cientista: - sabe nadar, professor? O homem, com a boca cheia de água, não conseguia responder. O caipira arrematou: - Então você perdeu não só a metade, mas a vida inteira. (Pe. Clovis Bovo: “Oração da vida” vol. 04, pág. 114 “O cientista e o barqueiro”). É bom saber leitura, matemática, geografia e toda as ciências do mundo. Mas, faltando Deus nada disso adianta. 20 de maio de 2005. Testemunho do Raimundo Nonato Leitura bíblica: Sb 7,24-30 Antes de conhecer o Maravilhoso Plano de Amor que Deus tem para minha vida, eu era um jovem que vivia sem perspectivas. Apesar de ser de família católica não freqüentava a igreja e muito menos tinha conhecimento das riquezas e das graças que nos são proporcionadas por Jesus através da Celebração Eucarística e dos outros sacramentos. Ao completar idade certa para fazer o catecismo, fiz a primeira comunhão forçado por minha mãe. Por ter um coração endurecido para as coisas de Deus a minha primeira comunhão não fez muito efeito em minha vida. Assim mais uma vez me afastei da Igreja e voltei ter atitudes de pagão. Retornei para o grupo de amigos que só sabiam beber e andar por maus caminhos. Eu não tinha consciência que era um jovem rebelde. Não me sentia responsável pelas minhas atitudes e me deixava influenciar facilmente pelas coisas erradas. Sem razão, muitas vezes cheguei ferir os meus avós, embora são as pessoas que mais amo. Foram eles, que em sua simplicidade, me criaram e me educaram da melhor maneira possível. Por ser neto e filho, eles sofriam muito quando chegava bêbado em casa. Muitas vezes eu os xingava, por estar cheio de ouvir as reclamações de sempre. No dia seguinte eu mim dava conta das coisas feias que eu tinha feito e ficava aflito por ver a tristeza nos olhos dos meus pais-avós. Vendo isso começava em minha alma uma luta interior por não saber lidar com a pessoa má que habitava em mim. Mas Deus tinha reservado algo para mim. Eu sentia que Ele queria me resgatar... Só não sabia como, nem quando. Até que no ano 2002, Deus usou como instrumento Dom Eduardo e por meio dele chegaram em Jatobá, cidade onde moro, as missionárias leigas para realizarem na comunidade trabalhos de formação na fé. Entre as três, a que mais me chamou a atenção, foi a missionária Maria Isabel. Nela eu vi a pessoa de Cristo. Ela aproximou-se de mim e começou a fazer parte da minha vida, colocando em prática a obra de misericórdia espiritual - o conselho - e em uma de nossas conversas ela me convenceu participar da Igreja. Logo me preparei para confirmar a minha fé através da Crisma. A partir daí comecei sentir a ação do amor de Deus em mim. Aos poucos estava mudando de vida, ou seja, convertendo-me. Reconheço que o ano de 2002 foi para mim um ano cheio do Espírito Santo. No início do ano 2003 a missionária Maria Isabel vendo-me empolgado com todas descobertas que tinha feito durante o ano de preparação para crisma, convidou-me para participar de um retiro de quinze dias que ia acontecer na cidade de Coivaras. Sem questionamentos, logo aceitei. Durante os dias de retiro esforcei-me para assimilar, na medida do possível, tudo que o Dom Eduardo pregava e falava. O que mais me tocou foi ouvir sobre as maravilhas que Deus faz no homem quando ele está aberto para acolher a sua misericórdia. Cada dia Dom Eduardo perguntava-nos: “você já recebeu Jesus como seu pessoal Salvador e Senhor? Eu somente pude entender isso no décimo segundo dia, quando percebi a presença do Espírito Santo muito forte em mim. Neste dia, fomos enviados para evangelizar, visitando as casas. Eu, ainda, não tinha experiência na caminhada da Igreja, tinha apenas alguns meses em que assumi compromisso com minha fé. Tímido, inseguro e sem saber falar, me questionei, como vou falar para os outros sobre o projeto de Deus, sou apenas um jovem que estou iniciando uma vida cristã. Lembrei-me, então, do que o Dom Eduardo havia pronunciado várias vezes, “basta apenas abrir a boca e deixar o Espírito Santo agir”. Foi o que eu fiz. Realmente, percebi a ação do Espírito Santo em mim e através de mim. Foi um momento muito especial. Reconheço, que nesta hora recebi Jesus como meu pessoal Salvador e Senhor. Este encontro pessoal com Cristo transformou minha vida. Hoje posso testemunhar, que sou verdadeiro cristão, sou uma nova criatura, pois tenho Deus em minha vida e já não sei viver a não ser para minha Igreja. 21 de maio de 2005. Maria, irmã do Lázaro: exemplo de gratidão. Leitura bíblica: Jo 12,1-11. Jesus está novamente em Betânia, na casa de Marta, Lázaro e Maria. Jesus está na mesa fazendo uma refeição com eles. Aí acontece uma coisa inesperada: Maria toma um perfume e unge os pés de Jesus, depois enxuga os com seus cabelos. Vejo aí um sinal de gratidão, pois seis dias atrás Jesus ressuscitou o irmão dela, o Lázaro. Interessante que as pessoas beneficiadas pelos milagres de Jesus, muitas vezes oferecem para Ele um banquete. “Eis que estou a porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”. (Ap 3,20). Mas, o que aconteceu aqui surpreendeu todos: Maria unge com perfume os pés de Jesus, não a cabeça. Enxuga-os com os cabelos, e não com a toalha. É um sinal de profundo reconhecimento da pessoa de Jesus, quem Ele é. Reconhecimento, que Ele é o Filho de Deus: pois ressuscitou o Lázaro. Jesus é recebido por eles com maiores honras: banquete, perfume, etc. No meio dos discípulos de Jesus encontra-se um, que embora esteja perto, não entende nada: é o Judas Iscariotes. São palavras dele: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários para dá-los aos pobres?” A resposta de Jesus é imediata: “Deixa-a... pobres tereis sempre convosco; a mim nem sempre tereis”. A pessoa beneficiada pela milagrosa intervenção faz loucuras de gratidão, de amor. Porque ama, compra um caríssimo buquê de flores, que no dia seguinte vai murchar e oferece a pessoa amada; porque ama, anda quilômetros só para se encontrar com amado, sem medir esforços; quem recebe um ilustre visitante, ornamenta a casa, põe na mesa o que tem de melhor para mostrar a sua estima e sua gratidão. Oh! Se nós tivéssemos realmente recebido Jesus como Senhor e Salvador. Isso se manifestaria na nossa vida, em gestos bem concretos, como o de Maria no Evangelho de hoje. Por que em nosso meio não se vê estes sinais? Porque somos pobres!? Sim! Somos pobres, mas também, porque no nosso tempo o materialismo reina em todas as camadas sociais; porque a busca do prazer sem limites faz as pessoas obcecadas; porque as pessoas não levam Jesus a sério, só lembra d’Ele na hora da precisão. Gente! Estamos perdendo a fé! A fé não se vê nas ruas, nas casas, nos negócios, no ambiente de trabalho. Será que somos uma moderna encarnação de Judas Iscariotes? Jesus disse: “Pobres tereis sempre convosco”. Nós temos que ajudar aos pobres. Sim! Isto é a caridade. E com certeza, quem recuperou a verdadeira fé entenderá isso perfeitamente. Jesus é o maior exemplo disso. Mas Ele permitiu a loucura de Maria que desperdiçou um caro perfume por amor a Jesus. Este Evangelho nos interroga novamente sobre a nossa fé. Jesus já é um ilustre hóspede do teu coração? Já expulsou o fedor do pecado e seu coração ficou limpo e perfumado para que Ele possa entrar? Você já preparou um banquete para Ele? 22 de maio de 2005. Testemunho de Antonio Júnior. Leitura bíblica: Sb 9,1-18 Desde criança eu me sentia chamado por Deus para realizar algo que era totalmente desconhecido para mim. Mas por causa do meu egoísmo e do desejo de viver as coisas que o mundo oferecia eu procurava me distanciar e não responder ao chamado de Deus. Então passei a viver como um dissimulado só em festas e bebedeiras. Em minha ignorância e rebeldia desrespeitava meus pais pensando que não seu amado por eles. Eu sentia que sou diferente de todo mundo e isso contribuiu muito para me tornar uma pessoa cheia de complexos. Pensei que nunca sairia dessa. Mas Deus olhou com amor para os jovens da minha cidade e em especial para mim. Ele enviou para Jatobá três missionárias leigas, que começaram um trabalho maravilhoso de evangelização dando ênfase maior aos jovens. Comecei a observar de longe tudo o que elas faziam. Eu achava lindo todo aquele desprendimento das três jovens que deixaram suas famílias, sonhos e idéias para vir servir a nossa comunidade. O trabalho que elas faziam era diferente e comecei a ser tocado mais uma vez por Deus. Nesse mesmo ano as missionárias convidaram os jovens para se prepararem para receber o sacramento da crisma. A forma como nos convidavam fez com que eu percebesse isso como um convite de Jesus. Então, pedi a minha mãe que fizesse a minha matrícula. Preparei-me e confirmei a minha fé. Mas, faltava-me algo, não sabia o que era... Continuei a buscar. Certa vez a Maria, uma das missionárias, ao me ver triste, angustiado e confuso, aproximou-se de mim, e aí lançou a rede. Fez-me um convite muito especial para participar do retiro oásis do Movimento Evangelizador Luz-Vida. Naquele momento percebi que eu era amado especialmente por Deus e sem hesitação aceitei o convite. O retiro aconteceu a partir do dia 17 de janeiro no ano de 2003 na cidade de Coivaras. Lá tínhamos muitos momentos de reflexão e aprofundamento da Palavra de Deus. O que mais me impressionou durante o retiro, era a forma como Dom Eduardo nos conduziu para o nosso encontro pessoal com Jesus. Nele eu sentia presença visível do Espírito Santo. Ouvindo isso e refletindo muito, deixei-me guiar pelo Espírito Santo. No quarto dia do oásis aconteceu comigo algo de extraordinário, algo que não consigo encontrar palavras exatas para descrever. Eu estava rezando na “Tenda de Reunião”, (lugar que é preparado para termos nosso momento íntimo com Deus) e lá, na minha oração pessoal, envolvido por uma força maior, força que é a misericórdia, que me faz amar e me sentir amado por Deus, recebi Jesus como meu pessoal Salvador e Senhor. Ao retornar para casa, a minha família e as pessoas da comunidade, perceberam o homem novo que habitava em mim. O homem velho com todas as tribulações, magoas e complexos foi sepultado, dando lugar a misericórdia e ao perdão. Hoje, sou testemunha de tudo que aprendi no retiro e tento através da evangelização conduzir outros jovens a passarem pela experiência tão maravilhosa que é, o encontro pessoalmente com Jesus. Em 2004 recebi mais uma graça, fui convidado para participar do Retiro de 2º grau. O mesmo foi realizado em uma pequena comunidade na paróquia de Piracuruca. Tivemos como pregador o Padre André. No retiro de 2º grau aumentei e aprofundei o conhecimento sobre as verdades da nossa fé e confirmei o meu compromisso com a Igreja. Hoje sou feliz por servir a minha comunidade como catequista e coordenador do Movimento Evangelizador Luz-vida e faço parte da equipe de liturgia. 23 de maio de 2005. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Leitura bíblica: Jo 14,1-21. Jesus prepara seus discípulos para a sua saída, para a sua morte. Promete que não os deixará órfãos. Vai enviar a eles o Consolador, o Espírito Santo, o Espírito da Verdade. Promete também que voltará para levá-los consigo lá, onde preparou para eles o lugar, na casa do Pai, pois lá tem muitos lugares. Jesus indica também o caminho que leva para a casa do Pai: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. E acrescenta: “Ninguém vai ao Pai a não ser por mim”. Como entender que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida? Jesus sozinho explica como é. Em primeiro lugar precisa CRER! Quem realmente crê, fará as coisas até maiores que o próprio Jesus: “Quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas”. E disse mais: “O que pedirdes em meu nome eu o farei”. Olha que promessa fantástica. Em seguida Jesus disse, que é necessário AMAR. “Quem me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e me manifestarei a ele”. Jesus explica neste ponto o que significa amá-lo. “Se me amais, observareis meus mandamentos”. E ainda: “Quem tem meus mandamentos e os observa é que me ama”. O Espírito Santo, o Espírito que Jesus enviou a nós, nos faz entender, que crer significa receber Jesus como Salvador, como Senhor. Jesus e o Caminho, a Verdade e a Vida, não existe outro caminho, não existe outra verdade, nem outra vida. Não existe outra possibilidade de nos realizarmos na vida a não ser Ele, Jesus. Será que isso ficou claro para nós? E agora, só quem verdadeiramente crê terá a possibilidade de amar. Não é possível amar o que não se conhece. Não há como amar sem antes aceitar. O próprio Jesus disse, que amar significa observar os mandamentos. Mas como posso aceitar e cumprir os preceitos de Deus se não creio. Ou ainda, como posso caminhar seguindo orientações de Deus se não O conheço e em conseqüência não O aceito? Por isso precisamos fazer para nós mesmos esta pergunta fundamental: EU CREIO? A fé é a base. Sobre este fundamento surge amor e cumprimento dos mandamentos. Quem caminhará por este caminho, quem aceitará esta verdade, terá a vida, esta vida que Jesus promete, a vida na casa do Pai, a vida sem fim, a vida eterna. É o Espírito Santo que nos aproxima este entendimento. Basta pedir o mesmo Espírito Santo para que incline nossa rebelde e preguiçosa vontade, para que tudo o que compreendemos tenhamos coragem de aplicar em nossa vida. 24 de maio de 2005. Testemunho de Antonio Francisco. Leitura bíblica: Eclo 1,1-10 Olhando para a minha vida antes do meu pessoal encontro com Jesus, vejo que era um jovem extravagante, porém muito persistente. Pois desde cedo tive que aprender a lidar com a violência doméstica. Meu pai por ser alcoólatra quase sempre chegava em casa bêbado e cresci vendo a minha família aos poucos se destruindo. Ele era violento com todos, principalmente com minha mãe. Diante de tal situação resolvi estudar com o objetivo de aprender principalmente o que não aprendia em casa. Foi uma tentativa frustrada, pois a escola preocupa-se mais com a formação intelectual e eu precisava de formação espiritual que não recebi na família. Assim, levianamente, deixei-me levar pelas tentações e comecei me satisfazer com o pecado. Sem perceber, a cada dia me distanciava mais e mais de Deus e de sua infinita misericórdia. A pessoa de Jesus Cristo era para mim como um mito, alguém que estava muito distante de mim. Lembro, com muita tristeza, o dia em que mais uma vez o meu pai chegou em casa bêbado e descontrolado. Bateu em minha mãe. Mas achando pouco, arrastou-a pelo chão puxando pelos cabelos. Aí, eu não consegui me controlar. Desesperado, corri junto dele e o bati. Narro este fato com muita tristeza. No final, meus pais se separaram. E eu arrependido, angustiado e sem encontrar o sentido da vida, parti para a bebedeira sem controle. Chegava a beber durante três dias consecutivos fazendo descaso do sofrimento de minha mãe. Mas, com a saída da casa do meu pai a responsabilidade pesou sobre mim. Percebi que preciso dar jeito para minha vida, pois não queria que a minha mãe passasse por dificuldades. A partir daí comecei a freqüentar a igreja, mas, como muitos batizados, sem nenhum compromisso. Ao ouvir as missionárias falarem do compromisso que os cristãos devem ter com a evangelização brotou em mim o desejo de engajar-me no grupo de jovens que se formara, mas, por ser ainda imaturo na fé, na primeira tribulação abandonei o grupo. Voltei para aquela vida mesquinha de antes. Com a graça de Deus no ano 2004 chegaram para Jatobá os missionários que logo tentaram me resgatar. E devido a sua insistência conseguiram trazer-me de volta para a igreja. Assumi a coordenação do novo grupo de jovens. Este compromisso me fez crescer espiritualmente. Em dezembro recebi com grande alegria o convite para participar do retiro do Movimento Evangelizador Luz-Vida. Reconheci isso como novo sinal da a graça de Deus. Imediatamente respondi que sim. O retiro aconteceu na cidade de Coivaras no mês de janeiro deste ano. Nos primeiros dias fiquei inquieto por não conseguir compreender as quatro verdades de nossa fé, que foram apresentadas nos quatro primeiros dias do oásis. Eu me encontrei em grande questionamento: “Senhor, será que sou digno de o receber?” Mesmo assim, no sexto dia, num momento de profunda oração a qual convidava Jesus para vir fazer morada em mim, uma pessoa de maneira inexplicável se aproxima e entrega-me o Diário de Santa Faustina destacando um trecho, onde Jesus fala assim: ”Até quando eu hei de ter paciência contigo, até quando tu desiludirás o meu coração”. Isso foi de mais! Parei de duvidar. Foi neste momento que recebi Jesus como meu pessoal Salvador e Senhor. Tornei-me um homem novo. Abrasei com ardor a filosofia do Movimento Evangelizador Luz-Vida; “... jovem evangelizado, evangeliza jovens...” Aprendi fazer a vontade de Deus que coloco acima da minha vontade própria. Assim tenho confiança de que estou realizando o plano de amor que Deus tem para minha vida. 25 de maio de 2005. Pedro – fortificado pela graça de Deus ajuda os outros encontrar Jesus. Leitura bíblica: Jo 21,15-23 Ouvimos no Evangelho, que acabamos de ler: “Simão filho de João, tu me amas?” Sem medo de errar podemos também perguntar: Maria, tu me amas? José, tu me amas? Rosa, tu me amas? Francisco, tu me amas? Jesus nos pergunta sobre o amor. Você ama Jesus? A única coisa que Jesus espera de nós é o amor. Ele não pergunta se sabemos ler, escrever. Não pergunta se temos diploma universitário. Somente quer saber se O amamos. Diante de nós o exemplo do apóstolo Pedro. Vejamos, através dos registros evangélicos, como foi a vida de Pedro. São estas as palavras de Jesus que Pedro ouviu: “... vai te embora satanás...” – quando sabendo da boca de Jesus que deve sofrer e ser crucificado tentou persuadir a Jesus que isso não acontecerá com Ele; “... por que duvidaste homem de pouca fé?...” – quando permitiu que Pedro andasse por sobre as águas, mas ele se assustou e começou afundar; “... antes de o galo cantar, três vezes me negarás...” – quando Pedro na última Ceia declarava que nunca abandonará o Mestre e que é capaz até de dar a vida por Ele. Olhando para Pedro, enxergamos, como no espelho, a nós mesmos. Toda nossa fraqueza e fragilidade. Jesus conhece nossos pecados. Sabe que somos fracos. Assim como conheceu profundamente a fragilidade de Pedro. Mesmo assim, confiou a ele o posto mais importante na sua Igreja tornando-o o seu representante na terra. Jesus não chegou para chamar os anjos, mas os homens com todas sua limitações, confiando-lhes a sua obra. Somente exige de nós uma coisa, que O amemos. Oh! Se nós O amássemos verdadeiramente, o pecado não nos iria afastar de Jesus, pois este amor nos levaria ao verdadeiro arrependimento e conversão. Você ama Jesus? Ama de verdade ou somente da boca pra fora? O Evangelho de João apresenta ainda mais um episódio digno de reflexão. Quando Judas e os guardas do templo chegaram para prender Jesus, o Pedro, tendo uma espada, cortou a orelha de um dele, Malco. Qual foi a reação de Jesus? “Guarda a espada na bainha”. A atitude de Pedro é típica de fanáticos. O fanático é intolerante, odeia a quem não confessa a mesma fé. Cristãos não podem ser fanáticos. Devemos ser cristãos fervorosos. E qual é a diferença entre o fanático e o fervoroso? A diferença é o amor. Fanático não ama, ao passo que o cristão fervoroso ama. Ama até estes, que tramam contra a sua vida. Ama e por isso se esforça para converter a quem erra. Ama e por isso suporta os sofrimentos causados pelos outros. Conta-se que um homem, enquanto esperava na porta do céu, conseguiu entrar sorrateiramente no salão de audiências do Senhor Deus. Junto ao trono divino, vários tamboretes reservados para os convidados. A sala estava vazia. Teve então a ousadia de ocupar o trono divino. Apenas sentou-se, apareceu diante dele tudo o que se passava no mundo. Chamou-lhe a atenção uma lavadeira estendendo a roupa no varal. Quando terminou o trabalho entrou em casa para fazer o almoço. De repente entrou um ladrão, pegou a roupa e correu. O homem, assentado no trono de Deus, ficou indignado com o ladrão, pegou um daqueles tamboretes e atirou-o em sua cabeça. Nisto ouviu rumores. Era o Senhor que vinha chegando. Desceu depressa do trono e voltou para o seu lugar lá fora. O Senhor percebeu logo a falta de um tamborete e perguntou a São Pedro se sabia do seu paradeiro. O santo porteiro do céu respondeu: - Só pode ser aquele homem que está esperando ali fora. - Mande-o entrar. Ele entrou, um tanto ressabiado, e o Senhor o perguntou: - Sabe dar notícia do banquinho que estava aqui? - Peguei, sim Senhor. Mas não fiquei com ele. Eu o joguei na cabeça de um ladrão que estava roubando as roupas da lavadeira. - A é?! Assentou-se em meu trono sem pedir licença e já foi dando uma de reformador!? Se eu começasse a matar todos os malfeitores, este mundo não existiria mais... (Pe. Clovis Bovo: “Oração da vida” vol. 04, pág. 120 “A cadeirada”). Jesus formou o seu apóstolo preferido, Pedro, através de duras provações. O orgulho de Pedro e sua auto-suficiência foram por água baixo. Jesus permitiu que passasse por severas humilhações. Tudo isso para que Pedro fortificado pelo perdão e misericórdia de Jesus possa conduzir os outros à Deus. Nós também devemos ser cristãos fervorosos. Jesus espera isso de nós; a Igreja espera isso de nós. Preciso receber Jesus como pessoal Salvador e Senhor convidado-O para que faça parte da minha vida no meu cotidiano. Isso significa ter fé. Isso significa amar Jesus. 26 de maio de 2005. Testemunho de Pedro. Leitura bíblica: Eclo 1,11-20 Somente posso dar o que tenho. Só posso falar de Jesus se realmente O recebi como meu único e pessoal Salvador e Senhor. Através deste testemunho não quero dizer que sou melhor que os outros ou que sou um santo. Quero, com toda simplicidade, transmitir a quem quer me escutar, que o amor de Deus é maravilhoso, que realmente nos transforma destruído o homem velho que habita em nós e criando um homem novo. Em fim, experimenta uma alegria inefável. O meu recebimento pessoal de Jesus como meu Senhor aconteceu no 2002 em Coivaras quando tive a oportunidade de participar do retiro de 15 dias do Movimento Evangelizador Luz-Vida. Ouvindo as pregações de Dom Eduardo despertou em mim um desejo maior de receber Jesus na minha vida. Com insistência durante as missas Dom Eduardo perguntava: “você já recebeu Jesus como seu único e pessoal Salvador e Senhor?” Também quando refletimos o evangelho sobre Lázaro (Jo 11,1-44) ele dizia com força: “tirai a pedra do vosso coração!” Estas palavras começaram me incomodar a ponto que perdia toda tranqüilidade. Então no dia 25 de janeiro de 2002 por volta das 16:00 horas (isto foi o 11° dia do retiro, dia da confissão) eu resolvi dar um “sim” a Jesus. E graças a este “sim” sinto-me feliz, pois sei que Deus está comigo. Hoje continuo feliz e creio que sempre serei assim, pois a minha felicidade é verdadeira, ele vem de Jesus. Manifesto esta minha felicidade freqüentemente a Deus repetindo o salmo 23. Hoje Jesus é o centro da minha vida. Ele é tudo o que tenho de mais importante. Ele é o pastor que me conduz pelos caminhos e vales tenebrosos. Ele me guia em todos os momentos da minha vida. Sua mão poderosa está sobre mim e em sua casa habitarei pelos tempos infinitos. Sei, que assim como eu, Jesus quer que todas as pessoas acolham esta mesma graça. Realmente, o amor de Deus transforma a vida. Hoje sou missionário e dou, na medida do possível testemunho de tudo o que recebi e de tudo o que podia aprender. 27 de maio de 2005. Evangelizar, Acompanhar, Santificar. Leitura bíblica: Jo 17,1-26 Evangelho que acabamos de ler apresenta três indicações para quem deseja ser missionário: 1. Evangelizar: esta palavra e todo conteúdo que ela carrega, devemos colocar no primeiro lugar. Qual é o essencial da evangelização? “... que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro e aquele que enviaste”. Tantas pessoas não acreditam em Deus. Tantas pessoas recebem o batismo, mas depois não são educados nos conhecimentos religiosos. Tantos batizados vivem como pagãos. Tantas comunidades, principalmente na zona rural, que raramente são visitadas tanto pelo padre como pelos evangelizadores. Isso deve deixar-nos preocupados, perplexos e tristes. Deve, até causar em nós um verdadeiro sofrimento como o de Cristo. Acredite, quem recebeu de Deus a graça da conversão, a graça da perseverança e a graça do conhecimento das coisas de Deus e tudo isso guardou só para si, este será severamente julgado pelo pecado de omissão. Lembra-se a parábola sobre os talentos. Lembra-se a sentença sobre aquele que guardou o talento na terra. É o pecado de omissão! No início deste novo milênio devemos nos lançar para a nova evangelização, atendendo as exortações do Papa João Paulo II. 2. Acompanhar: As pessoas evangelizadas necessitam de acompanhamento, pois quem recebeu Jesus como seu pessoal Salvador e Senhor, ainda precisa muito de aprender para se tornar verdadeiro discípulo de Cristo. Quem pela evangelização despertou para acreditar em Cristo é como uma criança recém-nascida. Precisa crescer na fé, no conhecimento e na vivência. O evangelho de hoje nos exorta: “... guardei-os e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para cumprir-se a Escritura”. Jesus, na sua passagem pela terra, se preocupou, para que ninguém se perde dos que acreditarão n’Ele. Isto é um grande exemplo para nós. Como isso vai acontecer? Os que receberam a graça de crer devem ser acompanhados através da catequese, cursos, retiros, conferencias, pregações, homilias, etc. Somos chamados para fortificar estes que receberam a graça de fé. Esta responsabilidade cai principalmente sobre os padres, religiosas e religiosos, missionários, como também, sobre outros apóstolos leigos que abraçaram a vocação de servir a Deus na Igreja. Um dia Alguém vai nos perguntar: “Confiei aos teus cuidados tantas pessoas boas, dando-lhes a graça da fé e eles a acolheram. Onde são eles? Por que não chegaram à casa do Pai?” Será que me apresentarei, diante do Juiz, com consciência tranqüila? 3. Santificar: Em seguida devemos reconhecer o nosso dever de trabalhar para que nós e outros, sejamos santificados. Pois somos chamados para sermos santos. A pessoa evangelizada e catequizada é levada para os sacramentos – fontes da santificação. Para quem não foi ainda batizado, a evangelização deve levá-lo para o batismo. Quem já foi batizado, será levado através da catequese e outros acompanhamentos, para os sacramentos do perdão e eucaristia. São estas as palavras de Jesus, do evangelho de hoje, que nos ajudam entender isso: “... por eles eu me santifico, para que sejam santificados na verdade”. Acontece que ficamos chateados quando percebemos que poucas pessoas participam nas missas dominicais. Mas, pode ser, que esperamos presença nas missas dos que ainda não foram conscientizados que isso é indispensável para a santificação!? Não posso colher se não semeei! A participação nas missas, realmente, é o fruto da evangelização e do acompanhamento perseverante sobre os que abraçaram a fé. Não podemos nos contentar quando nos festejos ou em outras ocasiões temos igrejas cheias, pois a razão pela qual as pessoas chegam para igreja é outra e raramente é a pessoa de Jesus que foi recebido como Salvador e Senhor que a pessoa quer adorar e louvar e por isso não mede esforços para sempre estar com Ele e não só nos momentos festivos ou de alguma necessidade. Mas, está participando na eucaristia consciente da presença de Jesus que esta aqui para o santificar. Estas são as três tarefas que Jesus coloca diante de nós. No começo deste novo milênio, devemos nos sentir impelidos para dar uma resposta concreta a Jesus e a Igreja. Vamos nos lanças para esta aventura. 28 de maio de 2005. Testemunho de Maria José. Leitura bíblica: Eclo 1,25-30 Antes de qualquer conhecimento de Deus tinha uma vida muito pacata. Sem graça e sem fé. Era levada para igreja por minha mãe, mas isso não me ajudava em nada. Ainda não compreendia o valor daqueles mistérios. Era muito tímida. Tinha medo de exercer qualquer atividade em comunidade. Não me esforçava para crescer como pessoa. Por ser de família bem numerosa e sendo a única filha mulher, meus pais eram muito rígidos comigo. Nunca permitiam que saísse de casa sem companhia deles. Essa proteção exagerada fez com que me sentisse insegura e sem iniciativa, fechando-me cada vez mais em mim mesma. Com a chegada de Padre Eduardo, hoje Dom Eduardo, à paróquia de Ibimirim–PE. iniciou-se um trabalho com a juventude. No ano de 1994 fui convidada a participar de um retiro promovido pelo Movimento Evangelizador Luz-Vida coordenado por ele. Foi neste retiro que tive a certeza da presença de Deus em minha vida. Passei a conhecer mais Jesus e finalmente, recebê-lo como meu pessoal Salvador e Senhor. Isso se concretizou no 13° dia do oásis, dia de Pentecostes. Desde então, criei asas. Cresci espiritualmente e também cresci como pessoa. Engajei-me nos trabalhos da Igreja. Procuro sempre mais me aprofundar nos ensinamentos de Deus, buscando aí o verdadeiro motivo para servir ao próximo, pois creio que Ele é esta água que nunca matará a minha sede. Após oito anos de caminhada fui convidada para fazer a experiência de diaconia permanente, isto é, dedicar-me totalmente ao serviço de Deus na Igreja. Este ministério exigia de mim a separação da família e a minha família dependia muito da minha ajuda. Embora dentro de mim permaneciam muitas incertezas e interrogações, pois não tinha clareza se é isso mesmo que devia fazer, abracei esta nova oportunidade com alegria. Hoje, mesmo que as incertezas não foram totalmente superadas e as fraquezas humanas estão com freqüência me humilhando, eu confio em Deus. Confio que Ele cuidará de mim e também da minha família. 29 de maio de 2005. Só, quem recebe Jesus, permanece n’Ele. Leitura bíblica: Jo 15,1-14 Iniciaremos esta reflexão com estas palavras do evangelho de hoje: “Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo em mim que não produz fruto ele o corta, e todo o que produz fruto ele o poda, para que produza mais fruto ainda”. Você, que recebeu Jesus como seu pessoal Salvador e Senhor, é chamado para produzir o fruto para o Pai. Ele vai habilitar você para que você produza este fruto. Ele vai te podar; Ele vai te formar. Como isso vai acontecer? Esta pergunta fez a Nossa Senhora quando recebeu a visita do anjo. Esta é também a nossa pergunta. Como isso vai acontecer? Vejamos como Deus preparava a Santa Faustina para a missão de apóstola da misericórdia: “No final do primeiro ano do noviciado, começou a escurecer dentro da minha alma. Não sentia nenhum consolo na oração, tinha que fazer um grande esforço para a meditação, o medo começou a tomar conta de mim. Penetrando mais profundamente em mim mesma, nada vi além de uma grande miséria. Vi, também, claramente a grande santidade de Deus; não tinha coragem de levantar os olhos para Ele, mas lançava-me por terra a Seus pés, implorando misericórdia. Passaram-se assim quase seis meses e o estado da minha alma não mudava em nada. Aproximava-se o segundo ano do noviciado. Quando me lembrava que tinha que fazer os votos, um tremor penetrava a minha alma. Não compreendia nada daquilo que lia, não era capaz de meditar. Parecia-me que a minha oração não era agradável a Deus. Ao receber os Santos Sacramentos, imaginava que, com isso, ofendia ainda mais a Deus. Contudo, o confessor não permitiu que eu abandonasse uma só Santa Comunhão. Deus agia de maneira estranha na minha alma. Eu não compreendia absolutamente nada do que o confessor me dizia. Verdades simples da fé tornavam-se incompreensíveis para mim; a minha alma se atormentava por não encontrar satisfação em nada. Num certo momento, tive a firme idéia de ter sido rejeitada por Deus. Esse pensamento terrível atravessou a minha alma. Nesse sofrimento, a minha alma começou a agonizar. Queria morrer e não podia. Veio-me o pensamento – por que buscar as virtudes? Por que me mortificar, se nada disso agrada a Deus? Quando contei isso à Madre Mestra, recebi esta resposta: <Saiba, a irmã que Deus a está destinando a uma grande santidade. É sinal de que Deus deseja ter a irmã no céu, bem perto de si. Que a irmã confie muito em Jesus, nosso Senhor>”. Sim. Deus prepara a pessoa para a missão de maneira aparentemente muito estranha. O evangelho usa a palavra “podar”. Isso significa que algo deve ser arrancado dentro de nós, algo que não é compatível com Deus e isso sempre causa um grande sofrimento. Deus nos “poda” através das provações, humilhações e sofrimentos. Tudo isso para confiarmos somente n’Ele; para que reconhecemos que tudo depende d’Ele e tudo o que temos recebemos d’Ele. O evangelho de hoje também nos da a informação o que precisa ser feito para suportar este tratamento do divino agricultor: “permanecei em mim”, disse Jesus. Analisando mais o evangelho de hoje descobrimos os conselhos que Jesus dê para permanecermos n’Ele: “... a minha palavra precisa permanecer em vós”. E mais: “... permanecei no meu amor...”, e ainda: “... observai os meus mandamentos...”. Fazendo isso teremos a capacidade de suportar tudo o que acontece e seremos prontos para a missão a qual Deus quer nos enviar: aprofundar-se na Palavra de Deus (a Bíblia), amar a Jesus e viver na observância dos mandamentos de Deus. Passando por tudo isso, possamos atribuir a nós mesmos, estas palavras de Jesus: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que senhor faz; mas eu vos chamo amigos...”. Você que recebeu Jesus como seu único e pessoal Salvador e Senhor, prepare-se para uma missão que Deus reservou para ti. O caminho não é fácil, mas é o caminho de Deus. Se confiares serás vitorioso; serás o amigo de Jesus. 30 de maio de 2005. Testemunho de Natália. Leitura bíblica: Eclo 2,1-18 Nunca fui muito rebelde e sim fechada em mim mesma e num mundo que criei para me refugiar. Se alguém tentasse penetrar nesse meu mundo tornava-me agressiva. Desde infância carrego em mim um trauma. Por ser filha de pais separados achava que não era amada por eles. Cheguei a pensar que não devia ter nascido. Cultivava em mim a magoa pelo resto do mundo. Nada fazia sentido para mim, desejava apenas sumir e me isolar. Sentimentos e opiniões dos outros não me interessavam. Enfim, este meu modo de ser me causava muito sofrimento. Sabia que devia mudar, mas não sabia como. Deus na sua infinita misericórdia colocou em minha vida uma pessoa muito especial, o meu avô. Nele depositei toda minha confiança e tornei-me mais segura e feliz por saber que era amada como filha. Aos meus quinze anos o meu avô morreu! Isso foi a pior coisa que podia me acontecer. Outra vez me encontrei sozinha, e sem esperança. A minha vida começou a desmoronar. Angustiada cheguei a ponto de não falar com as pessoas da minha família, pois já não as considerava como família. Deus havia tirado de mim a minha única família (meu avô). O Deus mais uma vez me socorreu. A minha tia, por ser uma pessoa muito religiosa, soube que o Movimento Evangelizador Luz-Vida organiza um retiro de 15 dias. Então, incentivou-me a participar nele. O mesmo aconteceu no ano de 2001 na cidade de Cocal de Telha. No decorrer do retiro não permiti ser tocada pela a ação do Espírito Santo. Lá errei como qualquer outro ser humano que não tem nenhuma perspectiva de mudança. Mas, este erro me fez acordar. Resolvi mudar de vida. Comecei levar a sério todos os ensinamentos que eram transmitidos por Dom Eduardo. Aberta espiritualmente para a ação do Espírito Santo, permiti que a misericórdia de Deus agisse em mim, transformando-me. No 11º dia do oásis, que é o dia da reconciliação, durante o sacramento da confissão, senti que algo especial e diferente de tudo que já havia vivenciado aconteceu comigo - o meu ser estava inundando por uma paz inédita. Tudo isso era tão maravilhoso que não tinha palavras para explicá-lo. Todas as barreiras que me impediam de perceber o amor de Deus foram destruídas. Este foi o momento culminante de toda a minha vida, recebi Jesus como meu pessoal Salvador e Senhor. Hoje sou catequista. No meu relacionamento com as pessoas tento superar os traumas da infância. Reconheço que aconteceu em um nascimento espiritual que precisa sempre crescer. Tento também, com ajuda de Deus, testemunhar a nova criatura que busco ser a cada dia. 31 de maio de 2005. O papel do Espírito Santo para permanecer em Jesus. Leitura bíblica: Jo 16,7-15 Sem a assistência do Espírito Santo, a obra de Deus, iniciada por Jesus, não teria condições de se manter. Jesus disse: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade... e vos anunciará as coisas futuras”. Voltando para o céu Jesus envia o Espírito Santo. Ele está agora continuando a missão de Jesus. Mas o Espírito Santo convoca as pessoas para colaborarem com Ele. Na verdade todos os batizados e mais, todos os crismados, são chamados a esta colaboração. E de maneira muito mais os padres, religiosos e religiosas. Mas, também no meio de leigos o Espírito Santo convoca várias pessoas e confia a eles uma missão especifica. Você, que recebeu Jesus como seu único e pessoal Salvador e Senhor, é chamado para evangelizar os outros, principalmente os batizados que se encontram longe de Deus. E saiba que o Espírito Santo está com você. Ele vem com todos os dons que são necessários para a missão. Entre outros destacamos na Igreja, sete dons. São eles: ciência, conselho, entendimento, sabedoria, piedade, fortaleza e temor de Deus. Estes sete dons devemos dividir em dois grupos: primeiro grupo formam os quatro dons, o segundo grupo formam os três dons que sobraram. O Espírito Santo com os dons de ciência, conselho, entendimento e sabedoria, auxilia a nossa inteligência. Estes dons são dados para que possamos ter um bom conhecimento das coisas de Deus. Não se trata aqui da inteligência puramente humana, mas do conhecimento das coisas que são indispensáveis para a salvação da alma. Ele é dado para nós para tenhamos possibilidade de assimilar tudo o que é preciso para superar a nossa ignorância religiosa. Mas, o conhecimento não basta. As verdades aprendidas devem formar a nossa vida e nosso comportamento. Para isso precisamos o auxílio da vontade. Muitas vezes a pessoa sabe o que deve ser feito, mas não o faz. Por que? Porque a vontade é fraca e muito mais inclinada para fazer o errado do que o certo. Aí, vem ao nosso socorro o Espírito Santo com outros três dons: piedade, fortaleza e temor de Deus. Eles são dados para inclinar a nossa fraca e rebelde vontade para fazermos a vontade de Deus. Eles são dados para que tudo o que aprendemos tenhamos força de colocar em prática. Não podemos esquecer isso. Precisamos muito rezar ao Espírito Santo, não só para iluminar a nossa mente, o que fazemos com freqüência, mas para que inclina nossa vontade a fazer a vontade de Deus. Não basta saber, precisa também fazer.