INTRODUÇÃO Nos últimos anos ouvimos muito falar sobre a necessidade de evangelizar. Um impulso extraordinário nesta direção deu o Concilio Vaticano II. Os papas, tanto Paulo VI como João Paulo II manifestaram uma grande preocupação escrevendo vários documentos sobre este assunto. Surgiram também na Igreja várias iniciativas tomando como objetivo a evangelização. Tudo isso porque se percebe que o homem moderno está se afastando de Deus com maior facilidade que no passado. Este subsidio, que chamamos “Vade-mécum do evangelizador”, tem por objetivo ser uma ajuda para os missionários paroquiais e outros evangelizadores que reconhecerão o chamado do Espírito Santo para este serviço. Que Deus abençoe todos missionários e evangelizadores. Campo Maior, 10 de março de 2006. Dom Eduardo Zielski Bispo de Campo Maior. ESTRUTURA DO MANUAL CAPÍTULO I O que é a evangelização? por que é necessária? 1. Significado da palavra evangelização. 2. Necessidade da evangelização e os destinatários. CAPÍTULO II Como e o que deve anunciar a evangelização. 1. Verdades fundamentais da evangelização. 2. Regras essenciais da evangelização. I. Evangelização anuncia e traz a salvação. II. Evangelização é um testemunho que conduz a fé e confiança. III. Evangelização não é apresentação das opiniões nem persuasão, mas é manifestação da fé. IV. Evangelização traz a libertação. V. Evangelização prega a Cruz de Cristo e o perdão dos pecados. VI. Evangelização conduz à aliança com Deus. VII.Evangelização conduz à nova comunidade. VIII.Evangelização conduz à “escola” de Cristo. IX.Evangelização apresenta o perfil da vida cristã. X. Evangelização é a obra do Espírito Santo. 3. O que evangelização não é. CAPÍTULO III Quem deve evangelizar? 1. Os leigos como sujeitos da evangelização. 2. Equipe evangelizadora, isto é, “diaconia de evangelização”. 3. Ecumenismo e a obra de evangelização. CAPÍTULO IV Estratégia e metodologia da evangelização. 1. Evangelização no processo da renovação e crescimento da Igreja na comunidade local. 2. Como fazer a evangelização. CAPÍTULO I O que é a evangelização? Por que é necessária? O termo “evangelização” apresenta-se hoje em vários contextos e com vários significativos. Sendo assim é necessário, iniciando este subsídio, determinar em que sentido usaremos este termo no nosso manual. Somente assim poderemos perceber que a evangelização manifesta-se como algo absolutamente necessário para a Igreja e para o mundo, e que precisa ser assumido por todos cristãos como um dever. 1. SIGNIFICADO DA PALAVRA EVANGELIZAÇÃO. A palavra evangelizar tem sua origem na palavra “EVANGELHO”. Foi adotada da palavra grega “eu-angelion” e significa literalmente: boa ou alegre noticia, ou anunciação. Esta palavra foi adotada para significar um acontecimento bem concreto, isto é, a chegado do Filho de Deus à terra, a obra da salvação realizada por Ele através da morte na cruz, através da ressurreição e através do envio do Espírito Santo. O Evangelho é pois o primeiro relato sobre este acontecimento feito pelas testemunhas oculares. Evangelizar, por sua vez, não é somente a transmissão desta noticia às novas gerações, mas acima de tudo é a forma de incorporar as pessoas nesta realidade da pessoa de Jesus Cristo e da sua obra salvífica, para que todos possam se tornar participantes dos frutos desta realidade. São três significados da palavra evangelização que aparecem com maior freqüência. a/ Evangelização no sentido geral e largo: Neste sentido a palavra evangelização é usada simultaneamente com o termo de missões ou apostolado e significa toda atitude que visa a transformação do mundo conforme o plano de Deus Criador e Redentor. O Decreto do Concílio Vaticano II sobre o apostolado dos leigos, define a evangelização da forma larga dizendo: “Nasceu a Igreja com a missão de expandir o reino de Cristo por sobre a terra, para a glória de Deus Pai, tornando os homens todos participantes da revelação salutar e orientando de fato através deles o mundo inteiro para Cristo. Todo esforço do Corpo Místico de Cristo que persiga tal escopo recebe o nome de apostolado. Exerce-o a Igreja através de todos os seus membros”. (AA nº. 02). Neste mesmo sentido entende a evangelização também a Exortação Apostólica do Papa Paulo VI “A evangelização no mundo contemporâneo” (Evangelii Nuntiandi) promulgada no dia 08 de dezembro de 1975. Neste documento no número 18 lemos: ”Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: "Eis que faço novas todas as coisas". (Ap 21,5). No entanto não haverá humanidade nova, se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida segundo o Evangelho. A finalidade da evangelização, portanto, é precisamente esta mudança interior e se fosse necessário traduzir isso em breves termos. O mais exato seria dizer que a Igreja evangeliza quando, unicamente firmada na potência divina da mensagem que proclama, ela procura converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens, a atividade em que eles se aplicam e a vida, e o meio concreto que lhes são próprios”. No sentido semelhante entende a evangelização o Conselho Mundial das Igrejas: “Jesus Cristo é o próprio evangelho que anunciamos. Identifica-se também com aquele que o anuncia... Evangelizar significa participar na vida e serviço de Cristo em favor da humanidade... Evangelizar significa conduzir as pessoas à Cristo que é Senhor e Salvador para que tenham a participação na vida eterna”. (cf. Philip Potter representante do Conselho Mundial das Igrejas durante o Sínodo dos Bispos em Roma 1974). b/ Evangelização no sentido estreito: Neste sentido deve se entender a evangelização como primeiro anúncio da Boa Nova sobre Jesus a quem ainda não a conhece ou a quem ainda não a acolheu. O Evangelii Nuntiandi diz: “Pode-se assim definir a evangelização em termos de anúncio de Cristo àqueles que o desconhecem” (nº. 17). Mas a mesma Exortação do Paulo VI acha que esta definição não é completa e denomina-a em outro lugar como pré-evangelização: “Dar a conhecer Jesus Cristo e o seu Evangelho àqueles que não os conhecem, é precisamente, a partir da manhã do Pentecostes, o programa fundamental que a Igreja assumiu como algo recebido do seu Fundador... Esse primeiro anúncio de Jesus Cristo efetua-o a Igreja por meio de uma atividade complexa e diversificada, que algumas vezes se designa com o nome de "préevangelização", mas que, a bem dizer, já é evangelização, embora no seu estádio inicial e ainda incompleto” (nº. 51). Assim entendida a evangelização apresenta-se como um etapa no caminho de “tornar-se cristão”. Este deve ser antecipado com um catecumenato, isto é, por um período de sistemático esforço para viver do modo cristão e em conseqüência levar a pessoa para o batismo. Normalmente a evangelização deveria antecipar o começo de catecumenato. c/ Evangelização no sentido especifico: Neste sentido a evangelização significa uma ação especial para ajudar as pessoas “tornar-se cristão”. As Igrejas Protestantes têm neste campo uma experiência muito considerável. Diferenciam a evangelização individual e coletiva. Grandes sucessos neste ministério manifestou o pastor batista Billy Graham. Construiu um método interessante da evangelização coletiva. A evangelização deve ter três etapas: preparação, celebração evangelizadora e consolidação dos resultados da evangelização. A própria celebração evangelizadora deve possuir momentos seguintes: parte inicial (orações, cantos, testemunhos), parte principal (a pregação evangelizadora) e parte final (a chamada para tomar uma decisão concreta de receber Jesus exteriorizando esta decisão). Na tradição da Igreja Católica até agora são muito raras este tipo de ações. Nossa tradição se baseia na experiência de chamadas missões populares ou retiros paroquiais. Neste tempo moderno, em que vivemos, percebe-se a necessidade de dar a estas ações um caráter mais evangélico e não há nada contra que usássemos as experiências de outras Igrejas Cristãs. A evangelização que pretendemos fazer deve ajudar aos católicos que ainda não alcançaram o nível da fé madura para que tenham a possibilidade de adquiri-la, isto é, receber Jesus como pessoal Senhor e Salvador. 3. NECESSIDADE DA EVANGELIZAÇÃO E OS DESTINATÁRIOS. A necessidade da evangelização foi manifestada muito forte na Exortação Apostólica do Papa Paulo VI “Evangelii Nuntiandi”, pois surge ela da própria natureza e vocação da Igreja: “Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar” (nº. 14). O dever de evangelizar possua um caráter universal. “As últimas palavras de Jesus no Evangelho de São Marcos conferem à evangelização, de que o Senhor incumbe os apóstolos, uma universalidade sem fronteiras: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura". (Mc 16,15). A Igreja reanima-se constantemente com a sua inspiração mais profunda, aquela que lhe provém diretamente do Senhor: por todo o mundo! A toda a criatura! Até as extremidades da terra!” (EN. nº. 49 e 50). O dever e a necessidade da evangelização no sentido universal não exigem realmente as motivações somente a recordação, principalmente quando se esquece da sua realização. Mas pode surgir um questionamento quando se quer fazer a evangelização no meio de cristãos que já foram batizados e legalmente pertencem a Igreja. Será que a evangelização não deveria ser dirigida somente aos pagãos, aos que não acreditam, aos que ainda não conhecem a Boa Nova nem Jesus? As pesquisas dos últimos anos mostram que esta evangelização no meio dos cristãos é urgentemente necessária. Eis as razões: a/ A Igreja para evangelizar o mundo precisa sempre se evangelizar a si mesma. “Evangelizadora como é, a Igreja começa por se evangelizar a si mesma. Comunidade de crentes, comunidade de esperança vivida e comunicada, comunidade de amor fraterno, ela tem necessidade de ouvir sem cessar aquilo que ela deve acreditar as razões da sua esperança e o mandamento novo do amor. Povo de Deus imerso no mundo, e não raro tentado pelos ídolos, ele precisa ouvir, incessantemente, proclamar as grandes obras de Deus, que a converteram para o Senhor; precisa sempre ser convocada e reunida de novo por ele. Numa palavra, é o mesmo que dizer que ela tem sempre necessidade de ser evangelizada, se quiser conservar frescor, alento e força para anunciar o Evangelho. O Concílio Ecumênico Vaticano II recordou e depois o Sínodo de 1974 retomou com vigor este mesmo tema: a Igreja se evangeliza por uma conversão e uma renovação constantes, a fim de evangelizar o mundo com credibilidade”. (EN nº. 15). b/ A necessidade de evangelização dos que são batizados surge porque a fé de muitos manifesta um nível muito primitivo, fé sem profundidade, fé imatura, infantil. Embora que ocasionalmente praticam certos atos religiosos, mas ainda não despertaram para a fé no sentido de receber pessoalmente o Cristo como Salvador. A fé deles não influencia a vida cotidiana em nada, não se alimentem com a Palavra de Deus, a oração entendida como uma chata formalidade, não construa a vida. Estas pessoas precisam da evangelização. Diz o Evangelii Nuntiandi: “Se é verdade que este primeiro anúncio se destina especialmente àqueles que nunca ouviram a Boa Nova de Jesus e às crianças, é verdade também que ele se demonstra cada dia mais necessário, e isto por causa das situações de descristianização freqüentes nos nossos dias, igualmente para multidões de homens que receberam o batismo, mas vivem fora de toda a vida cristã, para as pessoas simples que, tendo embora uma certa fé, conhecem mal os fundamentos dessa mesma fé, para intelectuais que sentem a falta de um conhecimento de Jesus Cristo sob uma luz diversa da dos ensinamentos recebidos na sua infância, e para muitos outros ainda”. (nº. 52). c/ A necessidade de evangelização se manifesta urgente porque há um número crescente de pessoas que se declaram ateus ou sem religião. Eles, muitas vezes receberam o batismo quando crianças, mas depois não foram educadas na religião ou por alguns motivos a perderam. Sobre isso fala o documento de Paulo VI: “Ateus e incrédulos por um lado, e não praticantes pelo outro, opõem, assim, resistências à evangelização que não são para menosprezar. Os primeiros, a resistência de certa recusa, a incapacidade para aceitar a nova ordem das coisas, o sentido novo do mundo, da vida, da história, que não é possível se não se parte do Absoluto de Deus. Os segundos, a resistência da inércia, a atitude um tanto hostil da parte de alguns que se sentem de casa, que afirmam já saber tudo, já haver experimentado tudo e já não acreditarem em nada. Secularismo ateu e ausência de prática religiosa encontram-se entre os adultos e entre os jovens, nas elites e nas massas, em todos os setores culturais, no seio das antigas e das jovens Igrejas. A ação evangelizadora da Igreja, que não pode ignorar estes dois mundos nem ficar parada diante deles, tem de procurar constantemente os meios e a linguagem adequados para lhes propor a revelação de Deus e a fé em Jesus Cristo”. (EN nº. 56). Constatamos que em nossas Igrejas Particulares existem três categorias de pessoas que necessitam a evangelização: - Pessoas batizadas porém que não têm fé, são indiferentes, não praticam a religião. Eles necessitam a verdadeira conversão no sentido de receber o Deus e Jesus Cristo que traz a salvação. - Pessoas que acreditam, no sentido largo da palavra, mas ainda não se encontraram com Jesus como pessoal Salvador e não fizeram d’Ele o Senhor da sua vida. - Os cristãos praticantes que desejam renovar a sua fé para melhor testemunhar sobre esta fé diante dos outros e participar assim na obra da evangelização da Igreja. CAPÍTULO II Como e o que deve anunciar a evangelização. O sucesso da evangelização depende muito do missionário-padre e da equipe evangelizadora Eles precisam ter clara consciência o que querem e como querem alcançar os objetivos desejados. Eles precisam ter clara visão qual é o conteúdo da evangelização, isto é, ter conhecimento das verdades que devem ser transmitidas. Dizendo de outra forma, eles devem cuidar para que não se deixem levar pelos assuntos secundários que não fazem parte da essência da evangelização. As vezes acontece que alguns queiram puxar alguns temas, quem sabe importantes, mas que não estão compatíveis com objetivos da evangelização. Portanto, os evangelizadores também devem ter consciência clara o que evangelização não é. 1. Verdades fundamentais da evangelização. O ponto característico da evangelização são as verdades centrais da revelação cristã. Estas verdades são indiscutíveis, aceitas por todas as Igrejas Cristãs. Estas verdades constituem o mínimo necessário para a salvação. Depois da evangelização, durante o processo de formação, estas verdades serão aprofundadas e completadas. Quais são estas verdades que devem ser transmitidas no processo de evangelização? O decreto do Concilio Vaticano II sobre a atividade missionária da Igreja resume: “Onde quer que Deus abra uma porta à palavra para proclamar o mistério de Cristo a todos os homens, com confiança e sem cessar anunciese o Deus vivo e Aquele que enviou para a salvação de todos, Jesus Cristo. Assim os não-cristãos, aquém o Espírito Santo abre o coração, livremente hão de converter-se ao Senhor pela fé e sinceramente aderir Àquele que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Que satisfaz a todas as suas expectativas espirituais e mesmo as supera infinitamente. Deve considerarse esta conversão como um ponto de partida. Basta ao homem perceber que após afastá-lo do pecado, Deus o introduz no mistério de seu amor e o convida à sua intima amizade em Cristo”. (Ad gentes nº. 13). A Exortação do Paulo VI também enumera estas verdades que são fundamentais no processo de evangelização: “Não é supérfluo, talvez, recordar o seguinte: evangelizar é, em primeiro lugar, dar testemunho, de maneira simples e direta, de Deus revelado por Jesus Cristo, no Espírito Santo. Dar testemunho de que no seu Filho ele amou o mundo; de que no seu Verbo Encarnado ele deu o ser a todas as coisas e chamou os homens para a vida eterna”. (EN. nº. 26). E continua: “A evangelização há de conter também sempre, ao mesmo tempo como base, centro e ápice do seu dinamismo, uma proclamação clara que, em Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, morto e ressuscitado, a salvação é oferecida a todos os homens, como dom da graça e da misericórdia do mesmo Deus”. (EN. nº. 27). E ainda mais: “A evangelização contém, pois, também a pregação da esperança nas promessas feitas por Deus na Nova Aliança em Jesus Cristo: a pregação do amor de Deus para conosco e do nosso amor a Deus, a pregação do amor fraterno para com todos os homens, capacidade de doação e de perdão, de renúncia e de ajuda aos irmãos, que promana do amor de Deus e que é o núcleo do Evangelho; a pregação do mistério do mal e da busca ativa do bem. Pregação, igualmente, e esta sempre urgente, da busca do próprio Deus, através da oração, principalmente de adoração e de ação de graças, assim como através da comunhão como o sinal visível do encontro com Deus que é a Igreja de Jesus Cristo. Uma tal comunhão exprime-se, por sua vez, mediante a realização dos outros sinais de Cristo vivo e a agir na Igreja, quais são os sacramentos” (EN. nº. 28). As verdades que a evangelização vai anunciar podem ser esquematizadas em quatro: 1ª DEUS TE AMA E PREPAROU UM MARAVILHOSO PLANO PARA TUA VIDA (Jo 3,16; Jo 10,10b). 2ª O HOMEM É PECADOR E ESTÁ SEPARADO DE DEUS E NÃO PODE EXPERIMENTAR O PLANO DE AMOR QUE DEUS TEM PARA ELE. (Rm 3,23; Rm 6,23). 3ª JESUS CRISTO É A ÚNICA SOLUÇÃO DADA POR DEUS CONTRA O PECADO DO HOMEM. SOMENTE ATRAVES D’ELE PODE EXPERIMENTAR O AMOR DE DEUS E CONHECER O PLANO QUE DEUS PREPAROU PARA ELE. (1Tm 2,5; Rm 5,8; 1Cor 15,3-6; Jo 14,6; Ef 2,8-9). 4ª PRECISAMOS RECEBER JESUS COMO PESSOAL SALVADOR E SENHOR, POR MEIO DE UM CONVITE PESSOAL, PARA ASSIM EXPERIMENTAR O QUE DEUS PREPAROU PARA O HOMEM DENTRO DO SEU INFINITO AMOR. (Jo 1,12; Ap 3,20). Evangelização consiste na transmissão estas verdades. Não existe nenhuma dificuldade aceitar este esquema, mas com uma condição, que ele não seja fechado para outras verdades que são próprios para a Igreja Católica, principalmente o recebimento dos sacramentos como sinais da salvação e canais ordinários da graça de Deus. 2. Regras essenciais da evangelização. A evangelização não consiste na transmissão intelectual das verdades, mas o objetivo da evangelização é conduzir a pessoa para um encontro pessoal com a realidade salvadora, isto é, com a pessoa viva de Jesus Cristo. Em seguida apresentaremos dez reflexões que devem ajudar no entendimento de que a evangelização é um acontecimento salvífico. I. Evangelização anuncia e traz a salvação. A salvação é o tema central da Bíblia. Em conseqüência, a salvação é também o tema central do cristianismo e também o tema central da evangelização. Salvação precisa ser reconhecida como a história e atualidade da ação de Deus sobre a terra. Esta atividade de Deus, tanto na história do mundo, como na história de cada pessoa, possui três etapas: - Deus salva o ser humano; - Jesus Cristo é o Salvador; - Evangelho traz a salvação a cada pessoa que vive da fé. Deus salva o ser humano. No início Deus cria o mundo como lugar de vida para o ser humano. Então, quando tudo estava pronto, cria o homem como o cume de toda criação. Deus chama para a vida cada pessoa separadamente. A Bíblia ensina que homem não foi criado como mero membro do gênero humano, mas cada um é chamado para a vida como a pessoa concreta para qual Deus tem um plano de salvação bem concreto. A história da humanidade como também a história de cada pessoa se caracteriza pelo longo período de busca da salvação e do salvador. E o ser humano por causa da sua natureza pecaminosa, movido pela soberba, procura com próprias forças os caminhos da salvação; curte a vida, no progresso científico imagina encontrar a segurança e nos avanços tecnológicos pensa alcançar a felicidade. Algo semelhante esta acontecendo com os povos e nações. A história do povo de Israel, povo eleito, povo que foi de maneira ímpar agraciado por Deus é um exemplo que não pode ser ignorado. O que aconteceu com este povo acontecerá com cada pessoa que não quer entrar no caminho da salvação que Deus apresenta através dos profetas, através de Jesus Cristo e da Igreja. Mas Deus que quer salvar o homem toma iniciativa. Coloca diante dele todos os recursos necessários para que ele possa se encontrar com Ele. O Deus que salva é um Deus que tem um plano de amor para o homem. Ama a criação e o homem a tal ponto que sem se cansar se antecipa possibilitando este encontro. No seu amor para o homem Deus é fiel, mas também é ciumento, não aceita dividir o seu lugar na vida da pessoa com os ídolos. No seu amor deseja agraciar o homem com a plenitude de seus dons e com a força do Espírito Santo, para que nada lhe afaste da fé, do amor e da confiança. Deus quer salvar o homem, agraciá-lo com a plenitude da vida, mas o homem se mostra imaturo, infiel, demora para aprender ser fiel a Deus, demora para aprender o seu amor, demora para lhe confiar. O que atrapalha o homem são os próprios desejos e próprios planos para a vida. Deus, por sua vez, incansavelmente experimenta o homem e as nações, esperando até que aceitem o seu projeto de salvação. Esperando, o Deus se dirige ao homem através dos profetas e educa-o através dos seus preceitos. Mas tudo isso é um etapa inicial, pois Deus que ama ardentemente deseja salvar o homem, sabe muito bem que o homem por si só não é capaz de se salvar, como também não é capaz perceber a existência desta salvação e menos ainda é capaz de aceitá-la. Sabendo disso, quando se completou o tempo previsto, tempo de preparação e de educação, Deus envia o seu Filho Unigênito para que através d’Ele todos possam alcançar a salvação. Jesus Cristo é o Salvador. Desde a sua chegada todas as coisas foram modificadas. Deus que até agora indicava o caminho de salvação através do cumprimento da Lei, agora enviando o seu Filho Jesus Cristo através d’Ele liberta o homem da escravidão do pecado e envia ao homem graça após graça para seja fortificado na sua vida. O homem não precisa mais procurar o Salvador porque o Salvador já está com ele. O que o homem deve fazer? Recebê-Lo como seu pessoal Salvador e Senhor, isto é, despertar a verdadeira fé. O homem, que procura a salvação, é chamado agora para fazer uma escolha, receber Jesus Cristo e depois permitir que Ele guie a vida. Ele faz isso através do seu Espírito Santo que envia a cada pessoa que recebe Jesus. O homem que acolheu esta graça de apostar em Jesus recebe uma convicção indestrutível que é realmente salvo e que tem a vida eterna, e com isso recebe a força para se tornar o discípulo e testemunha desta fé diante dos outros. Evangelho traz a salvação a cada pessoa que vive da fé. Jesus é o Salvador de todas as pessoas, por isso todas as pessoas devem se tornar os seus discípulos. Ele é Mestre e Senhor. A escola de Jesus é uma escola de fé e de amor. Ele é o Senhor da nossa vida cotidiana. Ele é para cada um de nós Mestre, Senhor, a luz, o caminho, a verdade, isto é, Salvador através do seu Evangelho. É Ele, Jesus Cristo, que deve ser o único que a evangelização vai anunciar independente do “tema”, do tempo ou lugar em que o homem ocupa. A salvação é o tema central de toda e qualquer evangelização. O participante da evangelização deve levar no seu interior a convicção que encontrou nos evangelizadores pessoas que pertencem a uma comunidade de salvação, Igreja, onde não só se encontra a salvação, mas onde ela já se realiza. O evangelizando deve criar a consciência que sem Cristo e sem o Evangelho não há salvação. II. Evangelização conduz a fé e a confiança só através do testemunho. Evangelização não pode ser entendida como capacitação que fazem as organizações leigas, associações ou partidos políticos. Evangelização não pode ser entendida como um recrutamento de adeptos com uso de técnicas de “lavagem cerebral” ou convencimento intelectual. A essência da evangelização é o testemunho. Organizações, associações e partidos políticos realizam algum programa que tem a finalidade um futuro melhor que até agora não aconteceu. Algo muito diferente acontece com a evangelização. Evangelização não é nenhum recrutamento, muito pelo contrário é o testemunho da realidade que já está presente. Evangelização não é uma persuasão para convencer alguém de se tornar um membro da Igreja, mas é o testemunho das pessoas que encontraram na sua vida o Jesus e experimentaram o seu poder. Foram por Ele transformados e convertidos como também foram repletos do poder do Espírito Santo. Evangelização significa manifestação de uma realidade que já está acontecendo no meio das pessoas que vivem atualmente no mundo. Evangelização é o acontecimento que testemunha sobre Deus que já salvou o mundo. Evangelização é um testemunho sobre Deus que realiza algo muito maior de todas as realizações humanas. Os homens buscam a felicidade e fazem isso sem Deus. Mas a felicidade na linguagem bíblica significa ser salvo, alcançar a salvação, isto é, ser livre de tudo o que impede a felicidade e alegria. Evangelização significa anunciar o Evangelho, a Boa Nova que é o único meio para a salvação. Cada pessoa que não recebe o Evangelho como o único caminho que salva, ela deseja se salvar por si só. A evangelização precisa claramente distinguir a verdadeira salvação e a auto-salvação. Acontece que as pessoas desejam alcançar a salvação cumprindo certas práticas religiosas, mas não entraram para o caminho de vida conforme o Evangelho. Eles manifestam uma fé imatura. Evangelização quer levar as pessoas para que desistam do caminho de auto-salvação e para que entram no caminho do Evangelho que traz a salvação. A final: o que é a salvação? A salvação é a vida, já agora, conforme o modelo de Jesus Cristo; é a participação e a realização da vida cotidiana de obediência ao Pai no cumprimento do plano e da vocação recebida e assumida no amor e serviço; é a participação na vida, morte e ressurreição do Senhor; é participação nos frutos do Espírito Santo. Salvação não é algo que vem no futuro, mas a salvação é o presente. O principal objetivo da evangelização, portanto é testemunho dos evangelizadores que participam nos frutos da salvação independentemente do assunto, do tempo, ou do lugar da evangelização. Isso construa a fé madura que não é somente uma forma intelectual de aceitar as verdades da fé, mas é a confiança em Jesus Cristo; reconhecimento que, entregando a Ele toda minha vida no mistério da fé, então Ele a fará alegre, frutífera e realmente repleta do sentido. Portanto, a fé mostra-se como atitude de plena confiança em Jesus Cristo e radical abandono de um desejo irracional de auto-salvação. Isso não pode ser uma coisa somente verbal, mas uma confiança real onde a pessoa confia que todas as palavras do Evangelho vão se realizar na vida. III. Evangelização não é uma apresentação das opiniões, mas é o testemunho da fé. A transmissão da mensagem evangélica pode ser feita de três maneiras: - apresentação de opiniões; - apresentação de convicções; - testemunho de fé. O que a opinião? É um pronunciamento a onde a pessoa manifesta o seu ponto de vista. Muitas vezes acontece que quando ele encontra uma forte oposição sem problemas muda opinião. Cai fora. Não é capaz de lutar pelas suas opiniões. Neste grupo podemos enquadrar todas estas pessoas que gostam “modificar” o Evangelho conforme suas necessidades; manipulam o Evangelho inclinando-A para o seu ponto de vista. O que é a convicção? É a atitude da pessoa que no momento está convencida que as coisas são de jeito como as apresenta, mas não quer dizer que no futuro não vá modificá-los. A pessoa deste grupo age da maneira seguinte: Hoje, ma base do meu conhecimento inclino-me a dizer que... Neste grupo podemos enquadrar os evangelizadores que se perdem nas intermináveis buscas intelectuais. Sempre procurando algo mais e mais em vez de permitirem que o Evangelho os leve com sua força vivificadora. Sempre procuram algo a favor e contra. Nunca tenham certeza se a manhã agirão do mesmo modo como hoje. O testemunho de fé, porém é um credito que damos a Deus da nossa vida. É abdicar de conduzir a sua própria vida e se entregar totalmente a um Outro. A fé, portanto, não é tanto a atitude de intelecto que toma decisão, mas uma atitude de aceitar a proposta de Deus de se entregar totalmente a Ele. Em troca recebe de Deus o dom da vida nova. A pessoa que acreditou continua nas mesmas circunstancias da vida, mas vive diferente. Pois a fé não significa que a pessoa sabe mais que os outros. A fé significa, que graças ao Evangelho a pessoa vive diferente. Quem acredita em Deus, confiando plenamente a Ele, toma na vida totalmente outro rumo, rumo que Deus pensou para ele no seu divino plano da salvação e assim a vida se torna feliz e frutífera. A fé, então é o dom da vida nova fundamentada no Evangelho de Jesus Cristo. Este modelo de pregar o Evangelho corresponde também a tríplice resposta das pessoas. A fé de muitas pessoas pára no nível da opinião. Dizem que têm fé, mas não tem capacidade de apresentar esta sua fé, nem com palavras, nem com ações. A fé de outros pára no nível de convicção. É uma fé intelectual. Esta pessoa nunca experimentou a conversão, ainda não entrou no caminho da transformação a luz do Evangelho. E por último. Lá onde a fé foi apresentada pela testemunha que se entregou à Deus e ao plano da salvação, aí a fé das pessoas que receberam o Evangelho começa amadurecer conforme o mesmo Evangelho. Este é o principal objetivo da evangelização: o evangelizando precisa se encontrar com o autentico testemunha de fé. Diante do evangelizando tem que se apresentar alguém que já antes se entregou ao Evangelho e experimentou os frutos desta entrega. Pois a evangelização não é uma apresentação de teorias sobre as vantagens que traz a vida conforme o Evangelho, mas o relato sobre o que Deus faz com àqueles que confiam ao seu Evangelho. Agora olharmos para nós que queremos ser evangelizadores. Muitos de nós está ainda no nível da fé intelectual que não tem nada com a entrega à Cristo. Quantas situações casuais na nossa vida! Quantas decisões casuais que tomamos! Impressiona a incapacidade de conhecermos a nossa vocação e carismas que recebemos. Como são poucos os que podem dizer o que Cristo fez na sua vida desde o momento do batismo! Assim, com este nível do cristianismo, queremos ser evangelizadores. Realmente, só pode anunciar Cristo quem vive em Cristo. Ainda mais, este nível da vida cristã não nos autoriza para dissermos que é a vida cristã. O nome “cristão” não foi dado para as pessoas por causa do batismo, mas por causa da vida semelhante a do Cristo. A esta vida conduz somente o Evangelho a qual precisa-se acreditar da forma incondicional. IV. Evangelização traz a libertação. O ser humano tem capacidade fazer muitas coisas com suas próprias forças. Pode transformar o mundo economicamente, politicamente e culturalmente. Pode dar ao mundo uma fisionomia que ele mesmo deseja. Para sua autoafirmação deseja fazer o mundo conforme a sua própria imagem. O ser humano deseja se sentir bem no mundo e de fato se sente bem tanto tempo quanto dura o sistema por ele criado. Mas existem três coisas das quais o ser humano não pode se livrar pelas próprias forças. São elas: o pecado, a morte e sofrimento, e limitações impostas pelas leis (regras). Quando eles não o tocam diretamente o ser humano sente se seguro e tranqüilo. Quando, porém, eles começam aparecer, o ser humano procura soluções nas ilusões, nas fantasias, nas descobertas tecnológicas e outras. O ser humano não encontrará paz tanto tempo quando tempo estará longe de Deus. Pois só em Cristo é possível encontrar todas as respostas. Só encontro com Cristo e o Evangelho dará a possibilidade de chamar pecado de pecado; entender o sofrimento e a morte como a chance de uma vida diferente, melhor, uma vida nova; perceber toda lei como o caminho para a felicidade e a paz que já foi percorrido por Jesus Cristo; entender que a graça e obediência ao Espírito Santo significam muito mais que todas as forças humanas para alcançar a salvação pelo próprio esforço. A evangelização deve manifestar ao ser humano qual é a sua situação neste mundo. O termo “mundo” deve se entender da mesma maneiro como o entendeu o Cristo, isto é, como o sinônimo da situação que vive o ser humano: ele vive no mundo, num ambiente que podemos chamar como inicio da caminhada para algum fim e este fim é o encontro com Jesus Cristo. O ser humano é chamado para sair de todas estas situações que encontrou entrando no mundo o que está dentro dele e ao redor dele, e entrar no caminho da conversão e transformação e assim passar para uma nova realidade que o Evangelho chama o Reino dos Céus. O termo “mundo” deve se entender como tudo isso da qual o ser humano não pode se libertar por si só, isto é, o pecado, o sofrimento e a morte, como também o falso pensamento que pode se salvar observando as leis. Por outro lado, a evangelização deve mostrar para os evangelizados Alguém que já realizou por nós todo plano salvífico. A evangelização precisa mostrar o Cristo que através da sua entrada no mundo revelou o Deus que é amor e que deseja salvar todos os homens. A evangelização precisa mostrar o Cristo que através do Evangelho apresenta-nos um caminho da vida e não mais uma doutrina humana ou mais uma filosofia. Entrar neste caminho traz a salvação que através de Jesus Cristo foi doada à nós por Deus. Graças a força do Espírito Santo cada ser humano pode alcançar esta salvação. A evangelização deve indicar o caminho de transformação do “homem velho” – homem que guia a sua vida movido pelos desejos da carne – ao “homem novo” – homem que confia a Cristo e que entrega ao Espírito Santo a sua vida, sabendo que assim terá uma autêntica alegria, felicidade, paz e a vida eterna; reconhecendo que tudo isso é um presente imerecido, mas dado a todos que confiam em Deus e não em si próprio. Por isso a fé e a confiança é um dos temas centrais da evangelização. Aí o fator indispensável para que a evangelização seja frutífera: ela não pode ser um conjunto de conhecimentos humanos, embora que sejam mais importantes do mundo, mas é verdadeiro anúncio da Palavra de Deus. Ela tem que ser realmente uma forma única de aproximar aos participantes o Evangelho que liberta de um estilo de vida movido pelas rações humanas e desperta a vontade de uma vida nova. Sendo assim, a evangelização deve apresentar um estilo de vida verdadeiramente cristã. Deve manifestar ao homem que Deus tem para sua vida um plano concreto, mas o plano que é subordinado a sua fé e confiança. Mas é importante que saiba que Deus sempre cumpre as sua promessas, pois tem poder de realizá-las. Para que a evangelização possa trazer os frutos é necessária, da parte dos participantes, a atitude de abertura. Sem esta atitude não há como evangelizar. Por isso desde primeiros momentos da ação evangelizadora os participantes devem receber um chamado direto para ter esta abertura. Assim fizeram os apóstolos no dia de Pentecostes: “Homens da Judéia e todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai ouvidos as maravilhas de Deus... O que está acontecendo é o que foi dito por intermédio do profeta”. (At 2,14 e 16). Os apóstolos não tinham receio de batizar logo os que receberam a sua mensagem, pois sabiam que não estão introduzindo as pessoas numa teoria nova, mas num acontecimento concreto, numa nova vida. Por outro lado aquele que foi batizado também sabia que é assim. Evangelização anuncia algo que está se realizando aqui e agora; anuncia um fato, uma pessoa Jesus Cristo, que está presente e chama a pessoa para fazer parte desta realidade. Para experimentar esta realidade a pessoa precisa se abrir e a acolher, e isso depende dele. O pecado, o sofrimento, a morte, a incapacidade de cumprir as leis, a fraqueza diante das investidas em prol de se salvar com próprias forças, tudo isso impossibilita o verdadeiro desenvolvimento do ser humano. O homem que se guia com as próprias forças é cercado de medo e egoisticamente, só pensa sobre si mesmo. A evangelização deve cortar esta seqüência de medos e conduzir o homem á fé e à confiança em Deus. Deve libertar a pessoa da vida cercada de medos, medos do presente, medos do futuro, pois deve apresentar a vida cheia de felicidade e alegria, e no futuro à vida eterna. A evangelização não elimina o pecado, nem sofrimento, nem a morte, nem as leis que limitam a pessoa, mas quando o Evangelho é recebido com fé, como a Palavra de Deus vivida no cotidiano do homem, ela apresenta todas estas coisas em nova luz, em novo entendimento, pois verdadeiramente, sem o Evangelho não será possível entendê-las e nenhuma filosofia, por mais perfeita que fosse não tem capacidade de explicá-las. A vida e a plenitude da vida sempre é um dom de Alguém, Alguém que tem a plenitude da vida e só este Alguém tem a capacidade de dá-la e a explicá-la. Portanto, nenhum sistema humano, nenhuma teoria filosófica tem esta capacidade. Diante das pessoas, batizadas ou não, precisa aparecer Jesus de Nazaré, Jesus autêntico e verdadeiro, este Jesus que foi visto pelos homens anunciando o Evangelho de conversão e de salvação. Diante do homem moderno precisa aparecer este Jesus que é possível conhecer principalmente nos círculos bíblicos. Diante dos cristãos de hoje precisa aparecer Cristo em quem é possível acreditar e confiar. Cristo revestido de poder, pois fui crucificado, mas ressuscitou e enviou o Espírito Santo. Isso os evangelizadores dever testemunhar, quer dizer, isso que vivenciam pela fé adquirida no encontrado pessoal com Jesus e não o que aprenderam nos estudos teológicos. Pois a evangelização é o anúncio de Jesus Cristo que está presente e age nas pessoas durante a evangelização e que é presente na vida dos evangelizadores. Os participantes precisam perceber que o Evangelho mudou a vida dos evangelizadores. Isto é imprescindível. Não há lugar para outro modo de anunciar o Evangelho. Anunciar o Evangelho somente como verdades intelectuais é uma anulação da autenticidade do Evangelho, pois o Evangelho precisa se tornar a Palavra da vida no dia a dia das pessoas e não basta só um acolhimento de certas verdades que não significam nada na vida, que não exercem nenhuma influência na vida. O participante deve perceber que o evangelizador é uma pessoa livre e que esta liberdade recebeu graças ao encontro com o Evangelho de Cristo. Isso vai levá-lo também para receber Jesus e entrar de pouco a pouco no caminho de transformação em homem livre. V. Evangelização anuncia a Cruz de Cristo e o perdão dos pecados. A evangelização no início do cristianismo deve ser o nosso exemplo, pois ela anunciava a vida e não as fábulas que ilustram como a vida é. O evangelizador não pode pronunciar palavras vazias, slogans. Os participantes não estão conduzidos a um mundo abstrato, mas para a vida, esta vida que Cristo Jesus viveu para se tornarem participantes dela. O assunto que quer se empurrar no esquecimento e que é mais ameaçado na pregação no tempo moderno é o anúncio da Cruz e perdão dos pecados. O cristão que não vivenciará plenamente estes acontecimentos não conseguirá se encontrar com Cristo, será sempre um cristão superficial. A Cruz de Cristo continua “o sinal de escândalo para os Judeus e uma bobagem para os gentios”. Acontece que tanto uns como outros estão esperando a salvação, mas não conseguem sair fora desta mentalidade puramente humana que imagina a salvação como uma manifestação extraordinária de força. Não são capazes de aceitar que isso acontece através da aceitação da Cruz feita por um Inocente. Anunciar a Cruz de Cristo hoje é tão difícil como nos primeiros séculos do cristianismo, pois tanto lá como hoje, o ser humano quer alcançar a liberdade e a grandeza através de próprios esforços. Portanto a evangelização é o anúncio da Cruz de Cristo. Ele cumprindo de forma perfeita a vontade de Deus, através do sofrimento e efusão de seu sangue selou a aliança de Deus com homem que vai durar eternamente. Assim a Cruz mudou o seu significado: do sinal de sofrimento, do sangue e da morte, desprezado pelos antigos, tornou-se sinal de glória, não só para Cristo, mas também para todos cristãos. Anunciar a Cruz significa, portanto anunciar a glória que Deus Pai envolveu seu Filho como prêmio pela sua entrega. Pelo pecado o homem rompe a aliança com Deus, mas isso foi consertado através do sangue derramado na Cruz. A aliança foi novamente estabelecida. Os pecados dos homens não foram explicados, foram redimidos, pois da Cruz de Cristo brota o perdão dos pecados. Somente a Cruz de Cristo tem poder de nos possibilitar a entrada na vida eterna; somente a Cruz de Cristo nos introduz para glória; somente a Cruz de Cristo tem poder de aniquilar todos nossos pecados e nos devolver a liberdade e vida nova; somente a Cruz de Cristo nos dará a capacidade de aceitar a nossa complicada vida neste mundo. O dever da evangelização é conduzir os participantes a ter consciência que através de Cruz foi lhes oferecida a libertação dos pecados e basta aceita-lo e crer para ser purificado no Sangue de Cristo e receber o poder deste Sangue. Os evangelizadores precisam testemunhar que isto aconteceu na vida deles. Que recebendo a cruz de cada dia estão experimentando a força da Cruz de Cristo que possibilita a carregar a própria cruz em cada dia. Assim os participantes despertarão o desejo de receber de Cristo o perdão e a purificação dos pecados para viver uma vida nova, vida de Cristo. VI. Evangelização conduz à aliança com Deus. O fruto mais importante da evangelização deve ser a vontade de receber o batismo, isto é, o desejo de se encontrar com Cristo da forma pessoal. Fazer com Ele uma nova aliança, aliança comprometedora. O participante da evangelização precisa despertar para ter um novo nascimento, para receber verdadeira purificação dos pecados, para experimentar uma renovação, para receber uma vida nova de Cristo em Espírito Santo. Como fruto da evangelização o participante precisa sentir a necessidade de se separar do estilo mundano de vida e desejar um novo nascimento não mais de água nas do Espírito Santo. Diante do participante da evangelização deve se apresentar o Cristo do batismo de Jordão que se entrega a Deus e que é ungido, isto é, fortificado e plenificado pelo Espírito Santo. Ungido e por isso transformado e capacitado para realizar o plano da vontade do Pai. A evangelização, embora toque muitos assuntos, deve frisar com força o acontecimento do Jordão. O participante deve ver Jesus que recebe o batismo de João não para ser purificado dos pecados, mas como sinal de prontidão para fazer a vontade do Pai e saindo da água, ungido pelo Espírito Santo, está pronto para cumpri-lo. O participante deve desejar fazer parte desta obra salvífica de Jesus, mas antes de isso acontecer precisa perceber a essência desta obra, qual é a finalidade dela e qual é a possibilidade de participar nela. Só assim perceberá o valor e a importância do seu batismo. Só assim perceberá o valor da aliança com Deus e entenderá que o Evangelho é um programa da vida indispensável para realização desta aliança. Isto é a fé! A fé que Jesus espera de todos que recebam o batismo. VII. Evangelização conduz à nova comunidade. O ser humano, pela sua própria índole, é chamado para viver em sociedade: é o membro de uma nação, de um país, de algum grupo étnico, de uma família etc. Fazemos parte de certas sociedades sem nossa vontade e estamos com outras simplesmente pela necessidade da vida: andando em ônibus, na fila no correio ou no banco etc. Junto com estes grupos o homem realiza seus objetivos da vida. Sem estes grupos a vida seria impossível. Pertencer a uma sociedade é necessário e traz elementos positivos para o individuo, mas também pode ser o fundamento de divisões e até de hostilidades entre grupos e pessoas. O ser humano que faz parte do certo grupo identifica-se com seus interesses, mas na maioria das vezes os interesses e necessidades dividem as pessoas e não as unem. O individuo teme que outros estejam impedindo a realização dos seus objetivos. A evangelização deve apresentar para os participantes o novo tipo de sociedade. Deve mostrar uma comunidade de pessoas unidas, embora pertencentes de vários grupos sociais ou etnias. A evangelização deve mostrar que é possível a existência de uma comunidade entre as pessoas que são movidas não pela vontade humana, mas fazendo a vontade de Deus manifestada na pessoa de Jesus Cristo. A equipe evangelizadora precisa testemunhar que entre eles já existe esta nova comunidade submissa ao Evangelho de Jesus. A equipe de evangelizadores deve se mostrar como um grupo de pessoas que estão unidos para realização da mesma missão: através do testemunho atrair todos para o Cristo. A evangelização seja então um explicito convite para fazer parte desta comunidade que é a Igreja. Mas deve também conscientizar que quem se tornar o membro desta comunidade tem que se sentir responsável pelos outros tanto pessoas como comunidades. A evangelização também precisa mostrar qual é a verdadeira missão de todos os membros da Igreja – comunidade dos fieis: é a missão de anunciar o Evangelho de Jesus e servir aos outros através dos ministérios e carismas. O fruto desejado da evangelização é que os participantes despertam um forte desejo de fazer parte desta nova comunidade. Por isso a equipe evangelizadora precisa se manifestar como um núcleo desta comunidade, como parte madura da Igreja. VIII. A evangelização conduz à “escola” de Cristo. A evangelização deve ser de um lado a apresentação o que Deus fez pelo homem, mas de outro lado deve ter uma forma de atrair para participar na “escola evangélica de Cristo”. Deve apresentar o Cristo que na sua escola não ensina as verdades teóricas, mas ensina a vida nova. Jesus - Mestre não ensina a ciência teórica sobre Deus, mas descreve e construa em discípulo, entregue a Ele, uma forma nova de vida. Um dos frutos da evangelização deve ser o desejo de ingressar nesta escola de vida nova de Cristo. A escola de Cristo é em primeiro lugar a escola de amor. Ela manifesta o Pai de Cristo que é eterno amor. Deus, eterno amor, não quer ficar só. Ele doa gratuitamente a vida ao ser humano que cria na imagem e semelhança própria. Este Deus desde início dos tempos espera que o ser humano receba este dom da vida e deseje ter a comunhão eterna com Ele. Deus é amor até quando homem se afasta d’Ele, quando não quer nada com o plano que preparou para ele, quando rejeita o poder do Espírito Santo que é o eterno realizador do plano de salvação. O participante da evangelização precisa perceber que Deus continua agindo movido somente por ama. O participante da evangelização precisa perceber que Deus continua o seu plano de amor, plano de salvação. Precisa perceber que ele próprio é o templo de Deus onde deve se realizar o culto de amor. O participante da evangelização precisa perceber que fora do Evangelho não existe nada que possa autenticamente construir este mundo, pois só o amor que constrói. Por amor o Pai envia seu Filho e Ele por amor se oferece na Cruz para a salvação do homem e do mundo. Quem foi capaz de fazer um sacrifício igual? A evangelização e qualquer anúncio do Evangelho que não introduziria os ouvintes no mistério do amor de Deus não teria nenhuma razão de ser. O Evangelho de Jesus Cristo é o Evangelho de amor que perdoa pecados e liberta do mal. O Evangelho é pois um anúncio de amor que renova e oferece a vida nova. O Evangelho introduz as pessoas na vida de filhos da luz, oferece a dignidade de filhos de Deus. Todas as esferas da vida humana foram atingidas pelo pecado e se encontram em total desordem, mas o Evangelho de amor tem o poder de renová-la e devolvê-la a harmonia salvífica. A evangelização anuncia esta verdade que o amor realiza-se no pleno cumprimento do plano de Deus, Pai de todos. Deus que ama envia aos homens o seu Filho Jesus Cristo, o Servo e Mediador, para arrancá-los das situações de ódio e pecado. Os discípulos de Jesus, assim como Ele, são chamados a escutar e obedecer a vontade do Pai. A evangelização é pois um chamado para abandonar a vida infrutífera, morna, movida pelo egoísmo, ambição e ódio. A evangelização, portanto, deve ser um convite para ingressar na comunidade de discípulos de Cristo, pois somente na escola de Cristo possam receber a vida nova, sepultando o “homem velho” e experimentando a vida de amor. IX. Evangelização apresenta o perfil da vida cristã. Muitas pessoas vivem ser saber o que é a vida. O ser humano é cercado de várias teorias filosóficas que procuram explicar esta questão. O ser humano é cercado de conceitos oriundos de vários mestres e autoridades. Ouve muitas idéias nos ambientes que freqüenta: lugar de trabalho, escola, grupo de amigos, na própria casa, meios de comunicação etc. De tudo isso estamos escolhendo algumas coisas que achamos interessantes e formamos a nossa própria teoria da vida e a defendemos com veemência sempre sublinhando que é a nossa. Assim age o “homem velho” construindo o seu pensamento e sua atitude nos fatores puramente humanos. Mas, precisamos aceitar o conceito de vida denominada “a vida cristã”. Ela está apresentada no Evangelho. Em que consiste a conceição da vida cristã? Em modo geral diremos que a vida cristã é a vida inspirada pelo Evangelho anunciado por Jesus Cristo. Analisando o Evangelho e observando a vida das pessoas que testemunham o estilo evangélico de vida, percebemos quatro etapas desta vida: 1. O ser humano que ainda não tem fé, não conhece o Salvador é evangelizado pelos cristãos autênticos. Como resultado da evangelização aceita, recebe Jesus como seu pessoal Senhor e Salvador. (evangelização) 2. O ser humano, conscientemente recebe o batismo e fortificado pelo Espírito Santo experimenta primeiros passos na vida cristã. Ingressa na comunidade dos fieis – Igreja, pois reconhece que graças a ela, que é o guardião do Evangelho, conheceu Jesus. (iniciação) 3. Fincado na “rocha” que é o Cristo, o ser humano começa experimentar a vida cristã reconhecendo sempre mais a presença de Jesus em todas as coisas. (formação) 4. Somente aquele que percorreu este caminho e continua nele, terá a capacidade entender a essência do testemunho cristã. Aceita a vocação para participar ativamente nas obras apostólicas e missionárias da Igreja conforme o grau do seu desenvolvimento espiritual. (compromisso) Este modelo de vida podemos ver no próprio Jesus Cristo: 1. Ele é a Palavra que se fez carne. Palavra que é a realização do eterno desígnio de Deus. 2. No templo de Jerusalém é oferecido a Deus para servi-l’O. Em Nazaré cresce cercado das graças de Deus entregando-se totalmente a sua vontade. Em Jordão recebe o batismo de João e revela-se como ungido pelo Espírito Santo. 3. Revelando o plano de salvação que Deus tem para os homens realiza plenamente a vida humana apresentando-se como a Luz da Vida. 4. Percorrendo as cidades e aldeias, até o Calvário, realiza a sua missão e a sua vocação de servir aos irmãos e ao Pai. Este é um dos elementos fundamentais da evangelização: O participante deve despertar a vontade de abandonar a atual forma de vida e desejar a viver como cristão, viver imitando o Cristo, tornando-se o seu discípulo. X.Evangelização é a obra do Espírito Santo O Espírito Santo foi enviado por Jesus Cristo para ser o Consolador, o Renovador, o Espírito da Verdade ... Foi enviado para que n’Ele Jesus continua presente no meio dos homens. É Ele que faz de nós os participantes da palavra, das ações e da oração de Jesus Cristo. O anúncio do Evangelho não é uma narração dos acontecimentos da vida de Jesus que aconteceram no passado, mas a manifestação, que estes acontecimentos, são presentes hoje na vida do homem contemporâneo. Isto é possível através do Espírito Santo que apresenta Jesus na direita do Pai, mas que ao mesmo tempo é capaz de fazer que nossa vida possa se tornar a vida de discípulos de Jesus. O Espírito Consolador nos ampara quando faz que podemos ouvir o que ainda não ouvimos, que podemos ver o que ainda não vimos, que podemos desejar o que nem imaginávamos que poderíamos possuir. Anúncio do Evangelho, portanto, não pode se limitar de falar somente sobre Deus, embora que isso seja a mais pura verdade, o anúncio do Evangelho é, acima de tudo, transmissão o que o Espírito quer falar. O evangelizador e a equipe dos evangelizadores precisa ter consciência que anunciam tudo o que ouviram com os próprios ouvidos, o que viram com os próprios olhos. Hoje em dia muitos pregam o que leram nos livros e até o que leram na Bíblia, mas não anunciam o que tocaram com as próprias mãos e o que viram com os próprios olhos. Fazendo isso estão contrariando o Espírito Santo, a sua missão e a sua força. A força e o poder do Evangelho porém, consiste em simplicidade e não admite de emendas ou melhoramentos, nem qualquer manipulação. O Evangelho tem poder de se defender contra a incompreensão humana, pois é o Espírito Santo que o defende e guarda. É Ele que abre as mentes e move os corações para que seja anunciada e recebida, conduzindo as pessoas para a nova vida. O participante da evangelização precisa experimentar o fato que o Evangelho que está ouvindo da boca dos homens é anunciado pelo Espírito Santo enviado aos homens para atualizar a obra de Cristo. E mais, precisa ver no testemunho dos evangelizadores que Jesus Cristo através do seu Espírito Santo já realizou isso o que está ouvindo. A evangelização precisa ser percebida como o Pentecostes que se realiza aqui e agora. Pois Cristo disse: “Nesse dia compreendereis que estou em meu Pai e vós em mim, e eu em vós”. (Jo 14,20). Jesus falou isso anunciando a vinda do Espírito Consolador. A equipe de evangelizadores e os participantes da evangelização precisam experimentar a presença do Espírito Santo assim como no dia de Pentecostes. 3. O que evangelização não é. Para completar as reflexões sobre a evangelização vale a pena refletir um pouco sobre o que a evangelização não é. Isso para não cair na armadilha de se desviar de seus objetivos. Inicialmente vamos apresentar alguns pronunciamentos de Philip Potter o representante do Conselho Mundial das Igrejas durante o Sínodo dos Bispos no ano de 1974: “Alcançamos um acordo na questão, o que a evangelização não é. Em primeiro lugar, a evangelização não é uma propaganda, isto é, não é a propagação de alguma doutrina ou de algum estilo de vida de qualquer denominação religiosa, não é também a imposição de uma cultura de vida denominada cristã como supostamente superior de outras. O Conselho Missionário Internacional na sua assembléia em 1957 constatou claramente que: antes de todos nossos esforços, antes de qualquer nosso empreendimento, antes de nos oferecermos nossos serviços e antes de toda nossa dedicação, Deus enviou seu Filho para o mundo. E Ele chegou em forma de Servo, Servo sofredor até a morte na Cruz ... Preocupar-se para assegurar nossos interesses, nossa obra, influência da nossa Igreja, da nossa missão, da nossa organização, isso significa rejeitar a verdadeira vocação, significa não aceitar de servir ... Em segundo lugar, a evangelização não o proselitismo, no sentido pejorativo da palavra. Penso aqui sobre a declaração que apresentou o comitê central do Conselho no ano de 1960: o proselitismo é uma forma estragada do testemunho. O testemunho é podre, quando chamando alguém à conversão, recorre a bajulação, a corrupção, a pressão inadequada, a chantagem tanto direta ou subtil. O testemunho é falso quando acima de Jesus colocamos os interesses da nossa Igreja, quando somos desonestos comparando o ideal da nossa Igreja com a realização das outras, quando desejando o progresso da nossa obra caluniamos a outra Igreja, quando o egoísmo individual ou coletivo toma lugar da caridade devida a todos que se encontram sob a nossa tutela. Este tipo de testemunho é uma caricatura do testemunho cristã, é um sinal da falta de confiança no Espírito Santo, falta de respeito a natureza humana e falta de compreensão do verdadeiro caráter do Evangelho”. A evangelização não é a propagação de alguma ideologia, nem o recrutamento de adeptos para se tornarem partidários de alguma causa mais ou menos nobre. A evangelização não pode ser uma polemica com as ideologias a onde sejam apresentadas vantagens quando a pessoa irá confiar a Deus. O objetivo da evangelização não é a luta ideológica. O objetivo da evangelização não é anunciar algo que se realizará num futuro muito distante, mas é o anúncio de uma vida que já se realiza agora. O Evangelho não tem inimigos, tem somente os amigos e a única defesa contra os inimigos é a força do Espírito Santo. Jesus deseja que o Evangelho d’Ele não tenha inimigos, ao contrário, Ele espera que todos sejam seus amigos. E ainda mais, estes que não recebam a Jesus, não os chama de inimigos. Ele somente fala que todos que recebam o Evangelho podem ter os inimigos. O anúncio do Evangelho é o anúncio de Jesus Cristo que está aqui, que já realizou tudo o que Pai planejou e que não tem mais nenhuma obra a realizar. Agora, até o fim do mundo, deve se anunciar o que Deus prometeu a todos que creditarão n’Ele. CAPÍTULO III Quem deve evangelizar? Neste capítulo queremos falar sobre o sujeito da evangelização. No sentido tradicional o único sujeito das missões era o sacerdote-missionárioorientador e o sucesso das missões dependia muito da capacidade do mesmo, da sua personalidade, dos métodos por ele aplicados. A evangelização se apresenta bem diferente, o sujeito é coletivo, é uma equipe de evangelizadores a onde os leigos exercem funções indispensáveis e não somente auxiliares. 1. Os leigos como sujeitos da evangelização. A participação dos leigos na evangelização surge da nova visão da Igreja como Povo de Deus, conforme o Concilio Vaticano II. Esta nova visão tem um forte apoio nas fontes bíblicas: a Igreja toda com todos os seus membros é o sujeito da missão de Jesus Cristo e é a continuadora da obra que Deus Pai confiou a Jesus. Toda Igreja por sua natureza é missionária e é o sujeito da evangelização. “A obra da evangelização é o dever fundamental do Povo de Deus” (EN 35). Os leigos são os participantes desta tarefa pelo fato que pertencem a Igreja principalmente pela força do caráter sacramental do Batismo e da Crisma. Numa ação evangelizadora esta missão dos leigos encontra a sua forma concreta e se atualiza. A Exortação Apostólica do papa Paulo VI sobre a evangelização chama atenção para o papel de novas comunidades (chamadas Comunidades Fundamentais ou Comunidades de Base). São muitos que surgem na Igreja nos últimos tempos. Estas comunidades podem se tornar nas Igrejas particulares, nas paróquias, verdadeiros seminários da evangelização. O papa diz: “sendo ouvintes do Evangelho e recebendo-O devem tornar-se sem hesitação os anunciadores do mesmo”. (EM nº 58). E no número 72 chama atenção na necessidade da participação dos jovens: “é uma coisa urgente para que os jovens formados na fé e na oração se tornam cada vez mais apóstolos dos seus colegas”. “A presença ativa dos leigos nas realidades temporais assume toda a sua importância. No entanto, é preciso não descurar ou não deixar no esquecimento outra dimensão: os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios Pastores ao serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, pelo exercício dos ministérios muito diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor houver por bem depositar neles. Não é sem experimentar intimamente uma grande alegria que nós vemos uma legião de Pastores, religiosos e leigos, apaixonados pela sua missão evangelizadora, a procurarem moldes mais adaptados para anunciar eficazmente o Evangelho; e encorajamos a abertura que, nesta linha e com esta preocupação, a Igreja demonstra ter alcançado nos dias de hoje. Abertura para a reflexão, em primeiro lugar; e depois, abertura para ministérios eclesiais susceptíveis de rejuvenescer e de reforçar o seu próprio dinamismo evangelizador. É certo que, ao lado dos ministérios ordenados, graças aos quais alguns fiéis são colocados na ordem dos Pastores e passam a consagrar-se de uma maneira particular ao serviço da comunidade, a Igreja reconhece também o lugar de ministérios não-ordenados, e que são aptos para assegurar um especial serviço da mesma Igreja. Tais ministérios virão a ter um verdadeiro valor pastoral na medida em que se estabelecerem com um respeito absoluto da unidade e aproveitando-se da orientação dos Pastores, que são precisamente os responsáveis e os artífices da mesma unidade da Igreja. Para todos os obreiros da evangelização é necessária uma preparação séria; e é necessária de modo muito particular para aqueles que se dedicam ao ministério da Palavra. Animados pela convicção, incessantemente aprofundada, da nobreza e da riqueza da Palavra de Deus, aqueles que têm a missão de transmiti-la devem dedicar a maior atenção à dignidade, à precisão e à adaptação da sua linguagem. Todos sabem que a arte de falar se reveste hoje em dia de uma grandíssima importância. E como poderiam então os pregadores e os catequistas descurá-la?” (EN nº 73). A importância da participação dos leigos na evangelização vem principalmente do valor do testemunho nesta ação. Pois o testemunho dos leigos sobre o recebimento de Cristo, como confirma a experiência, tem uma eloqüência maior que o testemunho dos padres ou religiosas que testemunham a sua fé em Cristo como se fosse “ex oficio” e por outro lado muitos duvidam da autenticidade deste testemunho. 2. Equipe evangelizadora, isto é, a “diaconia de evangelização”. A evangelização prepara e executa um grupo de pessoas que podemos chamar a equipe evangelizadora ou a “diaconia de evangelização”. A preparação destas pessoas tem um papel fundamental para alcanças desejados frutos da missão. a/ Composição da equipe evangelizadora. É importante que compõem esta equipe as pessoas da mesma comunidade local (paróquia) ou pelo menos da mesma região onde será feita a evangelização. Desta equipe deve fazer parte o padre responsável pelo local, que conhece as realidades locais (pároco). Ele, por sua vez, deve convidar as pessoas que conhece, seus colaboradores mais próximos. Podem ser os agentes pastorais, animadores de comunidades de base existentes na paróquia, lideres dos movimentos que fazem parte da Igreja local, representantes das associações de vida apostólica. Quais devem ser requisitos dos membros desta equipe? O principal requisito é este: “NEMO DAT, QUOD NON HABET” (não posso dar o que não tenho). O membro da equipe evangelizadora precisa ter a experiência do encontro pessoal com Cristo, quando O recebeu como seu Salvador e Senhor. Precisa testemunhar que no Espírito Santo está vivendo uma vida nova para assim poder atrair outros para a Deus. Precisa amar a Cristo e os irmãos a tal ponto que esteja pronto de assumir a missão de serviço do Evangelho e da salvação. Precisa ser a pessoa de fé, de confiança e de oração, que não se apóia nas próprias convicções, mas na força do Espírito Santo. Porém, não se exige que o membro da equipe evangelizadora possua estes requisitos no grau pleno e perfeito logo no início da ação evangelizadora, eles devem aparecer e crescer durante a preparação. b/ Preparação da equipe evangelizadora. Esta preparação possui certos etapas: Primeiro etapa é procurar os candidatos. Isso pode acontecer através das conversas individuais ou través dos encontros com os pequenos grupos. Estas conversas são feitas por aqueles que tomaram a consciência da necessidade da evangelização. Segundo etapa é a preparação dos evangelizadores através de cursos e retiros. Esta preparação é indispensável. Nestes cursos e retiros devem acontecer os seminários de aprofundamento bíblico, introdução no espírito e método da evangelização, mas acima de tudo, não pode faltar a oração e um esforço redobrado para formar uma comunidade orante e apostólica que será capaz assumir a obra da evangelização. Estes cursos e retiros devem terminar com os testemunhos dos participantes que exteriorizarão a vontade de ingressar na equipe evangelizadora e como sinal da aprovação eclesiástica serão enviados para a missão. Terceiro etapa consiste nos encontros da equipe local dos evangelizadores, pelo menos uma vez por semana, para que no clima de oração, com presença da Palavra de Deus, continuar alimentando a preocupação da própria responsabilidade pela evangelização. Quarto etapa serão os encontros durante a evangelização propriamente dita, para rezar e repartir as observações sobre as atividades empregadas na ação evangelizadora. c/ Tarefas e funções da equipe evangelizadora. A equipe evangelizadora precisa assumir certas tarefas: - estudar e conhecer as realidades locais e preparar a estratégia da ação; - convidar várias pessoas, grupos e comunidades para rezarem na intenção da evangelização (suporte espiritual); - convidar e convencer as pessoas a participarem nos encontros e celebrações evangelizadores através das conversas individuais e visitas nas casas (evangelização individual); - convidar as pessoas pela divulgação nos meios de comunicação, pelos cartazes e avisos na igreja; - acolher com afabilidade, na porta da igreja, os que chegam para as celebrações; - preparar cuidadosamente as celebrações; - acolher amorosamente aqueles que pedem uma conversa individual; - dar um largo apoio para depois da evangelização, chamada “pós-missão”. A equipe evangelizadora precisa também dividir entre si várias funções, embora que certas funções serão assumidos por todos, isso não elimina o fato que alguém se responsabiliza para coordená-las. A equipe toda será coordenada por um moderador que normalmente deve ser um padre. Entre os evangelizadores precisa distinguir estas funções: - diaconia sociológica ou de planejamento; - diaconia de oração; - diaconia de visitas ou de evangelização individual; - diaconia de acolhida; - diaconia diaconia diaconia diaconia litúrgica; do testemunho; de divulgação; da pós-missão ou pós-evangelização 3. A importância do canto durante a evangelização. Um papel muito importante durante a evangelização tem o canto religioso. É indispensável a presença de alguém que vai sustentar o canto nas celebrações e propor uns cantos novos para os participantes. Mas, é igualmente importante, para que os cantores não sejam meros executores de uma tarefa da qual são especialistas, eles precisam ter uma profunda sintonia com toda equipe evangelizadora. A participação deles deve ter um caráter de testemunho de fé e de oração. 4. Ecumenismo e a obra de evangelização. Precisamos reconhecer que nossos irmãos de outras Igrejas cristãos têm uma vasta experiência no campo de evangelização e inclusive estão na frente nesta atividade. Sabendo isso podemos também nós aproveitar estas experiências para nossa ação evangelizadora. Esta cooperação entre as Igrejas na obra de evangelizar está perfeitamente em sintonia com o decreto do Concilio Vaticano II sobre o ecumenismo. O papa Paulo VI na sua Exortação Apostólica sobre a evangelização frisou fortemente que devemos ser unidos na colaboração em prol da evangelização: “A força da evangelização virá a encontrar-se muito diminuída se aqueles que anunciam o Evangelho estiverem divididos entre si, por toda a espécie de rupturas. Não residirá nisso uma das grandes adversidades da evangelização nos dias de hoje? Na realidade, se o Evangelho que nós apregoamos se apresenta vulnerado por querelas doutrinais, polarizações ideológicas, ou condenações recíprocas entre cristãos, ao capricho das suas maneiras de ver diferentes acerca de Cristo e acerca da Igreja e mesmo por causa das suas concepções diversas da sociedade e das instituições humanas, como não haveriam aqueles a quem a nossa pregação se dirige vir a encontrar-se perturbados, desorientados, se não escandalizados? O testamento espiritual do Senhor diz-nos que a unidade entre os fiéis que o seguem, não somente é a prova de que nós somos seus, mas também a prova de que ele foi enviado pelo Pai, critério de credibilidade dos mesmos cristãos e do próprio Cristo. Como evangelizadores, nós devemos apresentar aos fiéis de Cristo, não já a imagem de homens divididos e separados por litígios que nada edificam, mas sim a imagem de pessoas amadurecidas na fé, capazes de se encontrar para além de tensões que se verifiquem, graças à procura comum, sincera e desinteressada da verdade. Sim, a sorte da evangelização anda sem dúvida ligada ao testemunho de unidade dado pela Igreja. Nisto há de ser vista uma fonte de responsabilidade, como também de reconforto. Quanto a este ponto, nós quereríamos insistir sobre o sinal da unidade entre todos os cristãos, como via e instrumento da evangelização. A divisão dos cristãos entre si é um estado de fato grave, que chega a afetar a própria obra de Cristo. O Concílio Ecumênico Vaticano II afirma com justeza e com firmeza que ela prejudica a santíssima causa de pregar o Evangelho a toda a criatura e fecha a muitos o acesso à fé. Por isso mesmo, consideramos necessário recordar a todos os fiéis do mundo católico que a reconciliação de todos os homens com Deus, nosso Pai, pressupõe o estabelecimento da comunhão plena entre aqueles que já reconheceram e acolheram, pela fé, Jesus Cristo como o Senhor da misericórdia, que liberta todos os homens e os une no Espírito de amor e de verdade. É com um grande sentimento de esperança que nós vemos os esforços que estão a ser envidados no mundo cristão para tal recomposição da plena unidade querida por Cristo. E São Paulo assegura-nos que ‘a esperança não desilude’. Assim, ao mesmo tempo que continuamos a trabalhar a fim de obter do Senhor a plena unidade, queremos que se intensifique a oração nesse mesmo sentido. Ademais fazemos nosso o voto dos Padres da terceira Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, isto é, que se colabore com maior empenho com os irmãos cristãos com os quais não estamos ainda unidos por uma comunhão perfeita, baseando-se sobre o fundamento do batismo e sobre o patrimônio de fé que é de todos, para dar daqui por diante mais amplo testemunho comum de Cristo diante do mundo. A isso nos impele o mandamento do Cristo, exige-o a obra de pregar e de dar testemunho do Evangelho”. (EN nº77). CAPÍTULO IV Estratégia E MOTODOLOGIA DA Evangelização Neste capítulo apresentaremos a estratégia e tática (metodologia) que deve ser empregada durante a evangelização. Isto é necessário tanto para os evangelizadores como para os participantes, pois devem entender a evangelização da forma mais abrangente, como um caminho, como etapa de um processo e não como um evento isolado. 1. Evangelização no processo da renovação e crescimento da Igreja na comunidade local. Observando o cristianismo em nossas comunidades locais, nossas paróquias, estamos percebendo uma situação que poderíamos chamar de “diminutiva”. A participação nas Missas dominicais está diminuindo, na vida cotidiana a fé e motivações religiosas estão ausentes, nas decisões da vida, na solução dos problemas, a fé não exerce nenhuma influência. A paróquia se apresenta como uma paróquia estática. Ela tem um ponto permanente onde está o pároco que espera os paroquianos para atender suas necessidades religiosas. Ele atende os fregueses nas igrejas, eventualmente na sala de catequese ou no escritório paroquial. As pessoas, “os fieis”, estão chegando a este ponto, na maioria das vezes por necessidade ou pelo costume, tratando a igreja como, “sui generis”, “o ponto de serviços religiosos”. Mas nem todos estão chegando e os que chagam são diminuindo. Em todos os locais existem pessoas que não participam, indiferentes, descrentes e este grupo cresce ano após ano. Os padres abrangem com o seu atendimento só estes que ainda chegam. Mas não conseguem influenciá-los que sendo o católico praticante que com fidelidade cumprem suas obrigações religiosas devem despertar a verdadeira fé, a fé madura que se manifesta no testemunho que tem poder de atrai outros para Deus. Na vida destes “católicos corretos” não se percebe nenhum dinamismo apostólico, missionário e evangelizador. Precisamos constatar sem exagero, se esta tendência continuar, se este modelo de paróquia não mudar, então a nossa Igreja está morrendo. Este modelo não tem em si a força nem capacidade de barrar o crescente processo de secularização e descristianização das nossas comunidades. Nesta situação a evangelização se apresenta como único meio que pode solucionar esta tendência. Pois somente através da evangelização é que podemos chegar a todas estas pessoas que estão afastados, indiferentes, para lhes apresentar o Evangelho de uma forma totalmente nova, atraindo os para a conversão, para que recebam Jesus como seu pessoal Salvador e Senhor. Somente a evangelização tem poder de mudar a atitude das pessoas que acreditam e praticam a religião da forma tradicional, estática, infrutífera, para que sejam dinâmicos e assumam atitude missionária e apostólica. Somente a ação evangelizadora tem poder de se opor na paróquia a este processo de descristianização e reverter esta situação partindo para a ofensiva e renovação. Mas, tem uma condição, a evangelização não pode ser uma ação isolada e sim um começo, um elemento inicial que exige a continuidade. O fruto da evangelização deve ser a formação de grupos de pós-evangelização ou pós-missão onde todos que receberam Jesus como seu pessoal Salvador e Senhor possam, num trabalho formativo, se tornar cristãos maduros. (círculos bíblicos). Cristãos que vivem no seu dia a dia a Palavra de Deus, rezam na forma pessoal, alimentam-se com a Eucaristia, cultivam o espírito de conversão, testemunham a sua fé em Cristo, se comprometem com a Igreja conforme carismas recebidos do Espírito Santo. Esta formação permanente que podemos também chamar o deuterocatecumenato irá despertar novos apóstolos, missionários e evangelizadores que serão co-responsáveis pela sua Igreja local, pelo seu crescimento e sua vida, preocupados pelos que estão afastados, que ainda não encontraram Jesus e não o receberam como seu pessoal Salvador e Senhor. Portanto, a evangelização, que gera a necessidade de uma evangelização permanente é um elemento fundamental no processo de renovação da Igreja. Somente esta estratégia tem poder de vencer os perigos que cercam a Igreja por causa da morosidade das comunidades tradicionais. 2. Como fazer a evangelização? O primeiro etapa da evangelização podemos comparar com a atuação de São João Batista. (Tempo de São João Batista – Pré-missão). Ele chamava as pessoas à conversão para que sejam prontos para a chegada de Cristo. Antes de ouvirem o Evangelho, as pessoas são chamadas para a conversão, para a transformação, para fazerem a penitência. Antes de começar a evangelização propriamente dita, é necessário conscientizar as pessoas que isto é importante. Arrancá-los deste letargo de auto-suficiência, desta falsa convicção que são bons católicos. Precisa apresentar, através de dados estatísticos, que nosso “autêntico catolicismo” é uma ficção, pois a nossa vida não se apóia no Evangelho e sim nos desejos carnais, pois diminua significativamente a participação nas Missas dominicais, pois aumenta o número de casais que não procuram o sacramento do matrimonio, pois cresce a indiferença diante dos irmãos necessitados, pois é igual a zero a participação dos católicos nas obras sociais. O segundo etapa é a preparação da equipe evangelizadora e a evangelização propriamente dita. (Tempo de Jesus – Missão). Sobre isso já foi falado no capítulo anterior. Este etapa podemos comparar com a situação do episódio de bodas em Caná da Galiléia. Aqui o papel de Maria é indiscutível. Ela falou aos serventes e fala também para nós: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Jesus disse então aos serventes e para nós: “Enchei as talhas de água” (Jo 2,7). Os evangelizadores são enviados para, obedecendo a Jesus, encherem estes vasos humanos com a água do conhecimento do próprio Jesus e de tudo o que Ele ensinou e preparou para aqueles que O recebam. O terceiro etapa é a pós-evangelização ou pós-missão. (Tempo do Espírito Santo). Ele abrange todos aqueles que receberam Jesus e despertaram a vontade de continuar unidos para conhecer mais Jesus e a sua obra. Podemos comparar este etapa com a ação do Espírito Santo. São estas as palavras de Jesus: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras”. (Jo 16,13). Agora é Ele que guia a vida dos cristãos conduzindo os para uma fé madura, uma fé adulta. É o tempo de formação. É o tempo de catecumenato.