vade - mecum do evangelizador

Propaganda
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos ouvimos muito falar sobre a necessidade de evangelizar.
Um impulso extraordinário nesta direção deu o Concilio Vaticano II. Os
papas, tanto Paulo VI como João Paulo II manifestaram uma grande
preocupação escrevendo vários documentos sobre este assunto. Surgiram
também na Igreja várias iniciativas tomando como objetivo a evangelização.
Tudo isso porque se percebe que o homem moderno está se afastando de
Deus com maior facilidade que no passado. Este subsidio, que chamamos
“Vade-mécum do evangelizador”, tem por objetivo ser uma ajuda para os
missionários paroquiais e outros evangelizadores que reconhecerão o
chamado do Espírito Santo para este serviço.
Que Deus abençoe todos missionários e evangelizadores.
Campo Maior, 10 de março de 2006.
Dom Eduardo Zielski
Bispo de Campo Maior.
ESTRUTURA DO MANUAL
CAPÍTULO I
O que é a evangelização? por que é necessária?
1. Significado da palavra evangelização.
2. Necessidade da evangelização e os destinatários.
CAPÍTULO II
Como e o que deve anunciar a evangelização.
1. Verdades fundamentais da evangelização.
2. Regras essenciais da evangelização.
I. Evangelização anuncia e traz a salvação.
II. Evangelização é um testemunho que conduz a fé e confiança.
III. Evangelização não é apresentação das opiniões nem persuasão, mas é
manifestação da fé.
IV. Evangelização traz a libertação.
V. Evangelização prega a Cruz de Cristo e o perdão dos pecados.
VI. Evangelização conduz à aliança com Deus.
VII.Evangelização conduz à nova comunidade.
VIII.Evangelização conduz à “escola” de Cristo.
IX.Evangelização apresenta o perfil da vida cristã.
X. Evangelização é a obra do Espírito Santo.
3. O que evangelização não é.
CAPÍTULO III
Quem deve evangelizar?
1. Os leigos como sujeitos da evangelização.
2. Equipe evangelizadora, isto é, “diaconia de evangelização”.
3. Ecumenismo e a obra de evangelização.
CAPÍTULO IV
Estratégia e metodologia da evangelização.
1. Evangelização no processo da renovação e crescimento da Igreja na
comunidade local.
2. Como fazer a evangelização.
CAPÍTULO I
O que é a evangelização? Por que é necessária?
O termo “evangelização” apresenta-se hoje em vários contextos e com vários
significativos. Sendo assim é necessário, iniciando este subsídio, determinar
em que sentido usaremos este termo no nosso manual. Somente assim
poderemos perceber que a evangelização manifesta-se como algo
absolutamente necessário para a Igreja e para o mundo, e que precisa ser
assumido por todos cristãos como um dever.
1. SIGNIFICADO DA PALAVRA EVANGELIZAÇÃO.
A palavra evangelizar tem sua origem na palavra “EVANGELHO”. Foi
adotada da palavra grega “eu-angelion” e significa literalmente: boa ou
alegre noticia, ou anunciação. Esta palavra foi adotada para significar um
acontecimento bem concreto, isto é, a chegado do Filho de Deus à terra, a
obra da salvação realizada por Ele através da morte na cruz, através da
ressurreição e através do envio do Espírito Santo. O Evangelho é pois o
primeiro relato sobre este acontecimento feito pelas testemunhas oculares.
Evangelizar, por sua vez, não é somente a transmissão desta noticia às
novas gerações, mas acima de tudo é a forma de incorporar as pessoas nesta
realidade da pessoa de Jesus Cristo e da sua obra salvífica, para que todos
possam se tornar participantes dos frutos desta realidade.
São três significados da palavra evangelização que aparecem com maior
freqüência.
a/ Evangelização no sentido geral e largo:
Neste sentido a palavra evangelização é usada simultaneamente com o termo
de missões ou apostolado e significa toda atitude que visa a transformação
do mundo conforme o plano de Deus Criador e Redentor. O Decreto do
Concílio Vaticano II sobre o apostolado dos leigos, define a evangelização da
forma larga dizendo: “Nasceu a Igreja com a missão de expandir o reino de
Cristo por sobre a terra, para a glória de Deus Pai, tornando os homens
todos participantes da revelação salutar e orientando de fato através deles o
mundo inteiro para Cristo. Todo esforço do Corpo Místico de Cristo que
persiga tal escopo recebe o nome de apostolado. Exerce-o a Igreja através de
todos os seus membros”. (AA nº. 02). Neste mesmo sentido entende a
evangelização também a Exortação Apostólica do Papa Paulo VI “A
evangelização no mundo contemporâneo” (Evangelii Nuntiandi) promulgada
no dia 08 de dezembro de 1975. Neste documento no número 18 lemos:
”Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da
humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las
a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: "Eis que faço novas
todas as coisas". (Ap 21,5). No entanto não haverá humanidade nova, se não
houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida
segundo o Evangelho. A finalidade da evangelização, portanto, é
precisamente esta mudança interior e se fosse necessário traduzir isso em
breves termos. O mais exato seria dizer que a Igreja evangeliza quando,
unicamente firmada na potência divina da mensagem que proclama, ela
procura converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos
homens, a atividade em que eles se aplicam e a vida, e o meio concreto que
lhes são próprios”.
No sentido semelhante entende a evangelização o Conselho Mundial das
Igrejas: “Jesus Cristo é o próprio evangelho que anunciamos. Identifica-se
também com aquele que o anuncia... Evangelizar significa participar na vida
e serviço de Cristo em favor da humanidade... Evangelizar significa conduzir
as pessoas à Cristo que é Senhor e Salvador para que tenham a participação
na vida eterna”. (cf. Philip Potter representante do Conselho Mundial das
Igrejas durante o Sínodo dos Bispos em Roma 1974).
b/ Evangelização no sentido estreito:
Neste sentido deve se entender a evangelização como primeiro anúncio da
Boa Nova sobre Jesus a quem ainda não a conhece ou a quem ainda não a
acolheu. O Evangelii Nuntiandi diz: “Pode-se assim definir a evangelização
em termos de anúncio de Cristo àqueles que o desconhecem” (nº. 17). Mas a
mesma Exortação do Paulo VI acha que esta definição não é completa e
denomina-a em outro lugar como pré-evangelização: “Dar a conhecer Jesus
Cristo e o seu Evangelho àqueles que não os conhecem, é precisamente, a
partir da manhã do Pentecostes, o programa fundamental que a Igreja
assumiu como algo recebido do seu Fundador... Esse primeiro anúncio de
Jesus Cristo efetua-o a Igreja por meio de uma atividade complexa e
diversificada, que algumas vezes se designa com o nome de "préevangelização", mas que, a bem dizer, já é evangelização, embora no seu
estádio inicial e ainda incompleto” (nº. 51).
Assim entendida a evangelização apresenta-se como um etapa no caminho
de “tornar-se cristão”. Este deve ser antecipado com um catecumenato, isto
é, por um período de sistemático esforço para viver do modo cristão e em
conseqüência levar a pessoa para o batismo. Normalmente a evangelização
deveria antecipar o começo de catecumenato.
c/ Evangelização no sentido especifico:
Neste sentido a evangelização significa uma ação especial para ajudar as
pessoas “tornar-se cristão”. As Igrejas Protestantes têm neste campo uma
experiência muito considerável. Diferenciam a evangelização individual e
coletiva. Grandes sucessos neste ministério manifestou o pastor batista Billy
Graham. Construiu um método interessante da evangelização coletiva. A
evangelização deve ter três etapas: preparação, celebração evangelizadora e
consolidação dos resultados da evangelização. A própria celebração
evangelizadora deve possuir momentos seguintes: parte inicial (orações,
cantos, testemunhos), parte principal (a pregação evangelizadora) e parte
final (a chamada para tomar uma decisão concreta de receber Jesus
exteriorizando esta decisão).
Na tradição da Igreja Católica até agora são muito raras este tipo de ações.
Nossa tradição se baseia na experiência de chamadas missões populares ou
retiros paroquiais. Neste tempo moderno, em que vivemos, percebe-se a
necessidade de dar a estas ações um caráter mais evangélico e não há nada
contra que usássemos as experiências de outras Igrejas Cristãs. A
evangelização que pretendemos fazer deve ajudar aos católicos que ainda
não alcançaram o nível da fé madura para que tenham a possibilidade de
adquiri-la, isto é, receber Jesus como pessoal Senhor e Salvador.
3. NECESSIDADE DA EVANGELIZAÇÃO E OS DESTINATÁRIOS.
A necessidade da evangelização foi manifestada muito forte na Exortação
Apostólica do Papa Paulo VI “Evangelii Nuntiandi”, pois surge ela da própria
natureza e vocação da Igreja: “Evangelizar constitui, de fato, a graça e a
vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para
evangelizar” (nº. 14). O dever de evangelizar possua um caráter universal.
“As últimas palavras de Jesus no Evangelho de São Marcos conferem à
evangelização, de que o Senhor incumbe os apóstolos, uma universalidade
sem fronteiras: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a
criatura". (Mc 16,15). A Igreja reanima-se constantemente com a sua
inspiração mais profunda, aquela que lhe provém diretamente do Senhor:
por todo o mundo! A toda a criatura! Até as extremidades da terra!” (EN. nº.
49 e 50).
O dever e a necessidade da evangelização no sentido universal não exigem
realmente as motivações somente a recordação, principalmente quando se
esquece da sua realização. Mas pode surgir um questionamento quando se
quer fazer a evangelização no meio de cristãos que já foram batizados e
legalmente pertencem a Igreja. Será que a evangelização não deveria ser
dirigida somente aos pagãos, aos que não acreditam, aos que ainda não
conhecem a Boa Nova nem Jesus? As pesquisas dos últimos anos mostram
que esta evangelização no meio dos cristãos é urgentemente necessária. Eis
as razões:
a/ A Igreja para evangelizar o mundo precisa sempre se evangelizar a si
mesma. “Evangelizadora como é, a Igreja começa por se evangelizar a si
mesma. Comunidade de crentes, comunidade de esperança vivida e
comunicada, comunidade de amor fraterno, ela tem necessidade de ouvir
sem cessar aquilo que ela deve acreditar as razões da sua esperança e o
mandamento novo do amor. Povo de Deus imerso no mundo, e não raro
tentado pelos ídolos, ele precisa ouvir, incessantemente, proclamar as
grandes obras de Deus, que a converteram para o Senhor; precisa sempre
ser convocada e reunida de novo por ele. Numa palavra, é o mesmo que dizer
que ela tem sempre necessidade de ser evangelizada, se quiser conservar
frescor, alento e força para anunciar o Evangelho. O Concílio Ecumênico
Vaticano II recordou e depois o Sínodo de 1974 retomou com vigor este
mesmo tema: a Igreja se evangeliza por uma conversão e uma renovação
constantes, a fim de evangelizar o mundo com credibilidade”. (EN nº. 15).
b/ A necessidade de evangelização dos que são batizados surge porque a fé
de muitos manifesta um nível muito primitivo, fé sem profundidade, fé
imatura, infantil. Embora que ocasionalmente praticam certos atos
religiosos, mas ainda não despertaram para a fé no sentido de receber
pessoalmente o Cristo como Salvador. A fé deles não influencia a vida
cotidiana em nada, não se alimentem com a Palavra de Deus, a oração
entendida como uma chata formalidade, não construa a vida. Estas pessoas
precisam da evangelização. Diz o Evangelii Nuntiandi: “Se é verdade que este
primeiro anúncio se destina especialmente àqueles que nunca ouviram a
Boa Nova de Jesus e às crianças, é verdade também que ele se demonstra
cada dia mais necessário, e isto por causa das situações de descristianização
freqüentes nos nossos dias, igualmente para multidões de homens que
receberam o batismo, mas vivem fora de toda a vida cristã, para as pessoas
simples que, tendo embora uma certa fé, conhecem mal os fundamentos
dessa mesma fé, para intelectuais que sentem a falta de um conhecimento
de Jesus Cristo sob uma luz diversa da dos ensinamentos recebidos na sua
infância, e para muitos outros ainda”. (nº. 52).
c/ A necessidade de evangelização se manifesta urgente porque há um
número crescente de pessoas que se declaram ateus ou sem religião. Eles,
muitas vezes receberam o batismo quando crianças, mas depois não foram
educadas na religião ou por alguns motivos a perderam. Sobre isso fala o
documento de Paulo VI: “Ateus e incrédulos por um lado, e não praticantes
pelo outro, opõem, assim, resistências à evangelização que não são para
menosprezar. Os primeiros, a resistência de certa recusa, a incapacidade
para aceitar a nova ordem das coisas, o sentido novo do mundo, da vida, da
história, que não é possível se não se parte do Absoluto de Deus. Os
segundos, a resistência da inércia, a atitude um tanto hostil da parte de
alguns que se sentem de casa, que afirmam já saber tudo, já haver
experimentado tudo e já não acreditarem em nada.
Secularismo ateu e ausência de prática religiosa encontram-se entre os
adultos e entre os jovens, nas elites e nas massas, em todos os setores
culturais, no seio das antigas e das jovens Igrejas. A ação evangelizadora da
Igreja, que não pode ignorar estes dois mundos nem ficar parada diante
deles, tem de procurar constantemente os meios e a linguagem adequados
para lhes propor a revelação de Deus e a fé em Jesus Cristo”. (EN nº. 56).
Constatamos que em nossas Igrejas Particulares existem três categorias de
pessoas que necessitam a evangelização:
- Pessoas batizadas porém que não têm fé, são indiferentes, não praticam a
religião. Eles necessitam a verdadeira conversão no sentido de receber o
Deus e Jesus Cristo que traz a salvação.
- Pessoas que acreditam, no sentido largo da palavra, mas ainda não se
encontraram com Jesus como pessoal Salvador e não fizeram d’Ele o Senhor
da sua vida.
- Os cristãos praticantes que desejam renovar a sua fé para melhor
testemunhar sobre esta fé diante dos outros e participar assim na obra da
evangelização da Igreja.
CAPÍTULO II
Como e o que deve anunciar a evangelização.
O sucesso da evangelização depende muito do missionário-padre e da equipe
evangelizadora Eles precisam ter clara consciência o que querem e como
querem alcançar os objetivos desejados. Eles precisam ter clara visão qual é
o conteúdo da evangelização, isto é, ter conhecimento das verdades que
devem ser transmitidas. Dizendo de outra forma, eles devem cuidar para que
não se deixem levar pelos assuntos secundários que não fazem parte da
essência da evangelização. As vezes acontece que alguns queiram puxar
alguns temas, quem sabe importantes, mas que não estão compatíveis com
objetivos da evangelização. Portanto, os evangelizadores também devem ter
consciência clara o que evangelização não é.
1. Verdades fundamentais da evangelização.
O ponto característico da evangelização são as verdades centrais da
revelação cristã. Estas verdades são indiscutíveis, aceitas por todas as
Igrejas Cristãs. Estas verdades constituem o mínimo necessário para a
salvação. Depois da evangelização, durante o processo de formação, estas
verdades serão aprofundadas e completadas.
Quais são estas verdades que devem ser transmitidas no processo de
evangelização?
O decreto do Concilio Vaticano II sobre a atividade missionária da Igreja
resume: “Onde quer que Deus abra uma porta à palavra para proclamar o
mistério de Cristo a todos os homens, com confiança e sem cessar anunciese o Deus vivo e Aquele que enviou para a salvação de todos, Jesus Cristo.
Assim os não-cristãos, aquém o Espírito Santo abre o coração, livremente
hão de converter-se ao Senhor pela fé e sinceramente aderir Àquele que é o
caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Que satisfaz a todas as suas
expectativas espirituais e mesmo as supera infinitamente. Deve considerarse esta conversão como um ponto de partida. Basta ao homem perceber que
após afastá-lo do pecado, Deus o introduz no mistério de seu amor e o
convida à sua intima amizade em Cristo”. (Ad gentes nº. 13).
A Exortação do Paulo VI também enumera estas verdades que são
fundamentais no processo de evangelização: “Não é supérfluo, talvez,
recordar o seguinte: evangelizar é, em primeiro lugar, dar testemunho, de
maneira simples e direta, de Deus revelado por Jesus Cristo, no Espírito
Santo. Dar testemunho de que no seu Filho ele amou o mundo; de que no
seu Verbo Encarnado ele deu o ser a todas as coisas e chamou os homens
para a vida eterna”. (EN. nº. 26). E continua: “A evangelização há de conter
também sempre, ao mesmo tempo como base, centro e ápice do seu
dinamismo, uma proclamação clara que, em Jesus Cristo, Filho de Deus
feito homem, morto e ressuscitado, a salvação é oferecida a todos os
homens, como dom da graça e da misericórdia do mesmo Deus”. (EN. nº.
27). E ainda mais: “A evangelização contém, pois, também a pregação da
esperança nas promessas feitas por Deus na Nova Aliança em Jesus Cristo:
a pregação do amor de Deus para conosco e do nosso amor a Deus, a
pregação do amor fraterno para com todos os homens, capacidade de doação
e de perdão, de renúncia e de ajuda aos irmãos, que promana do amor de
Deus e que é o núcleo do Evangelho; a pregação do mistério do mal e da
busca ativa do bem. Pregação, igualmente, e esta sempre urgente, da busca
do próprio Deus, através da oração, principalmente de adoração e de ação de
graças, assim como através da comunhão como o sinal visível do encontro
com Deus que é a Igreja de Jesus Cristo. Uma tal comunhão exprime-se, por
sua vez, mediante a realização dos outros sinais de Cristo vivo e a agir na
Igreja, quais são os sacramentos” (EN. nº. 28).
As verdades que a evangelização vai anunciar podem ser esquematizadas em
quatro:
1ª DEUS TE AMA E PREPAROU UM MARAVILHOSO PLANO PARA TUA
VIDA (Jo 3,16; Jo 10,10b).
2ª O HOMEM É PECADOR E ESTÁ SEPARADO DE DEUS E NÃO PODE
EXPERIMENTAR O PLANO DE AMOR QUE DEUS TEM PARA ELE. (Rm
3,23; Rm 6,23).
3ª JESUS CRISTO É A ÚNICA SOLUÇÃO DADA POR DEUS CONTRA O
PECADO
DO
HOMEM.
SOMENTE
ATRAVES
D’ELE
PODE
EXPERIMENTAR O AMOR DE DEUS E CONHECER O PLANO QUE DEUS
PREPAROU PARA ELE. (1Tm 2,5; Rm 5,8; 1Cor 15,3-6; Jo 14,6; Ef 2,8-9).
4ª PRECISAMOS RECEBER JESUS COMO PESSOAL SALVADOR E
SENHOR, POR MEIO DE UM CONVITE PESSOAL, PARA ASSIM
EXPERIMENTAR O QUE DEUS PREPAROU PARA O HOMEM DENTRO DO
SEU INFINITO AMOR. (Jo 1,12; Ap 3,20).
Evangelização consiste na transmissão estas verdades. Não existe nenhuma
dificuldade aceitar este esquema, mas com uma condição, que ele não seja
fechado para outras verdades que são próprios para a Igreja Católica,
principalmente o recebimento dos sacramentos como sinais da salvação e
canais ordinários da graça de Deus.
2. Regras essenciais da evangelização.
A evangelização não consiste na transmissão intelectual das verdades, mas o
objetivo da evangelização é conduzir a pessoa para um encontro pessoal com
a realidade salvadora, isto é, com a pessoa viva de Jesus Cristo. Em seguida
apresentaremos dez reflexões que devem ajudar no entendimento de que a
evangelização é um acontecimento salvífico.
I. Evangelização anuncia e traz a salvação.
A salvação é o tema central da Bíblia. Em conseqüência, a salvação é
também o tema central do cristianismo e também o tema central da
evangelização. Salvação precisa ser reconhecida como a história e atualidade
da ação de Deus sobre a terra. Esta atividade de Deus, tanto na história do
mundo, como na história de cada pessoa, possui três etapas:
- Deus salva o ser humano;
- Jesus Cristo é o Salvador;
- Evangelho traz a salvação a cada pessoa que vive da fé.
Deus salva o ser humano. No início Deus cria o mundo como lugar de vida
para o ser humano. Então, quando tudo estava pronto, cria o homem como o
cume de toda criação. Deus chama para a vida cada pessoa separadamente.
A Bíblia ensina que homem não foi criado como mero membro do gênero
humano, mas cada um é chamado para a vida como a pessoa concreta para
qual Deus tem um plano de salvação bem concreto. A história da
humanidade como também a história de cada pessoa se caracteriza pelo
longo período de busca da salvação e do salvador. E o ser humano por causa
da sua natureza pecaminosa, movido pela soberba, procura com próprias
forças os caminhos da salvação; curte a vida, no progresso científico imagina
encontrar a segurança e nos avanços tecnológicos pensa alcançar a
felicidade. Algo semelhante esta acontecendo com os povos e nações. A
história do povo de Israel, povo eleito, povo que foi de maneira ímpar
agraciado por Deus é um exemplo que não pode ser ignorado. O que
aconteceu com este povo acontecerá com cada pessoa que não quer entrar
no caminho da salvação que Deus apresenta através dos profetas, através de
Jesus Cristo e da Igreja. Mas Deus que quer salvar o homem toma iniciativa.
Coloca diante dele todos os recursos necessários para que ele possa se
encontrar com Ele. O Deus que salva é um Deus que tem um plano de amor
para o homem. Ama a criação e o homem a tal ponto que sem se cansar se
antecipa possibilitando este encontro. No seu amor para o homem Deus é
fiel, mas também é ciumento, não aceita dividir o seu lugar na vida da
pessoa com os ídolos. No seu amor deseja agraciar o homem com a plenitude
de seus dons e com a força do Espírito Santo, para que nada lhe afaste da fé,
do amor e da confiança.
Deus quer salvar o homem, agraciá-lo com a plenitude da vida, mas o
homem se mostra imaturo, infiel, demora para aprender ser fiel a Deus,
demora para aprender o seu amor, demora para lhe confiar. O que atrapalha
o homem são os próprios desejos e próprios planos para a vida. Deus, por
sua vez, incansavelmente experimenta o homem e as nações, esperando até
que aceitem o seu projeto de salvação. Esperando, o Deus se dirige ao
homem através dos profetas e educa-o através dos seus preceitos. Mas tudo
isso é um etapa inicial, pois Deus que ama ardentemente deseja salvar o
homem, sabe muito bem que o homem por si só não é capaz de se salvar,
como também não é capaz perceber a existência desta salvação e menos
ainda é capaz de aceitá-la. Sabendo disso, quando se completou o tempo
previsto, tempo de preparação e de educação, Deus envia o seu Filho
Unigênito para que através d’Ele todos possam alcançar a salvação.
Jesus Cristo é o Salvador. Desde a sua chegada todas as coisas foram
modificadas. Deus que até agora indicava o caminho de salvação através do
cumprimento da Lei, agora enviando o seu Filho Jesus Cristo através d’Ele
liberta o homem da escravidão do pecado e envia ao homem graça após
graça para seja fortificado na sua vida. O homem não precisa mais procurar
o Salvador porque o Salvador já está com ele. O que o homem deve fazer?
Recebê-Lo como seu pessoal Salvador e Senhor, isto é, despertar a
verdadeira fé. O homem, que procura a salvação, é chamado agora para
fazer uma escolha, receber Jesus Cristo e depois permitir que Ele guie a
vida. Ele faz isso através do seu Espírito Santo que envia a cada pessoa que
recebe Jesus. O homem que acolheu esta graça de apostar em Jesus recebe
uma convicção indestrutível que é realmente salvo e que tem a vida eterna, e
com isso recebe a força para se tornar o discípulo e testemunha desta fé
diante dos outros.
Evangelho traz a salvação a cada pessoa que vive da fé. Jesus é o
Salvador de todas as pessoas, por isso todas as pessoas devem se tornar os
seus discípulos. Ele é Mestre e Senhor. A escola de Jesus é uma escola de fé
e de amor. Ele é o Senhor da nossa vida cotidiana. Ele é para cada um de
nós Mestre, Senhor, a luz, o caminho, a verdade, isto é, Salvador através do
seu Evangelho.
É Ele, Jesus Cristo, que deve ser o único que a evangelização vai
anunciar independente do “tema”, do tempo ou lugar em que o homem
ocupa.
A salvação é o tema central de toda e qualquer evangelização. O participante
da evangelização deve levar no seu interior a convicção que encontrou nos
evangelizadores pessoas que pertencem a uma comunidade de salvação,
Igreja, onde não só se encontra a salvação, mas onde ela já se realiza. O
evangelizando deve criar a consciência que sem Cristo e sem o Evangelho
não há salvação.
II. Evangelização conduz a fé e a confiança só através do testemunho.
Evangelização não pode ser entendida como capacitação que fazem as
organizações leigas, associações ou partidos políticos. Evangelização não
pode ser entendida como um recrutamento de adeptos com uso de técnicas
de “lavagem cerebral” ou convencimento intelectual. A essência da
evangelização é o testemunho. Organizações, associações e partidos políticos
realizam algum programa que tem a finalidade um futuro melhor que até
agora não aconteceu. Algo muito diferente acontece com a evangelização.
Evangelização não é nenhum recrutamento, muito pelo contrário é o
testemunho da realidade que já está presente. Evangelização não é uma
persuasão para convencer alguém de se tornar um membro da Igreja, mas é
o testemunho das pessoas que encontraram na sua vida o Jesus e
experimentaram o seu poder. Foram por Ele transformados e convertidos
como também foram repletos do poder do Espírito Santo. Evangelização
significa manifestação de uma realidade que já está acontecendo no meio
das pessoas que vivem atualmente no mundo. Evangelização é o
acontecimento que testemunha sobre Deus que já salvou o mundo.
Evangelização é um testemunho sobre Deus que realiza algo muito maior de
todas as realizações humanas. Os homens buscam a felicidade e fazem isso
sem Deus. Mas a felicidade na linguagem bíblica significa ser salvo, alcançar
a salvação, isto é, ser livre de tudo o que impede a felicidade e alegria.
Evangelização significa anunciar o Evangelho, a Boa Nova que é o único
meio para a salvação. Cada pessoa que não recebe o Evangelho como o
único caminho que salva, ela deseja se salvar por si só. A evangelização
precisa claramente distinguir a verdadeira salvação e a auto-salvação.
Acontece que as pessoas desejam alcançar a salvação cumprindo certas
práticas religiosas, mas não entraram para o caminho de vida conforme o
Evangelho. Eles manifestam uma fé imatura. Evangelização quer levar as
pessoas para que desistam do caminho de auto-salvação e para que entram
no caminho do Evangelho que traz a salvação.
A final: o que é a salvação? A salvação é a vida, já agora, conforme o modelo
de Jesus Cristo; é a participação e a realização da vida cotidiana de
obediência ao Pai no cumprimento do plano e da vocação recebida e
assumida no amor e serviço; é a participação na vida, morte e ressurreição
do Senhor; é participação nos frutos do Espírito Santo. Salvação não é algo
que vem no futuro, mas a salvação é o presente.
O principal objetivo da evangelização, portanto é testemunho dos
evangelizadores que participam nos frutos da salvação independentemente
do assunto, do tempo, ou do lugar da evangelização. Isso construa a fé
madura que não é somente uma forma intelectual de aceitar as verdades da
fé, mas é a confiança em Jesus Cristo; reconhecimento que, entregando a
Ele toda minha vida no mistério da fé, então Ele a fará alegre, frutífera e
realmente repleta do sentido. Portanto, a fé mostra-se como atitude de plena
confiança em Jesus Cristo e radical abandono de um desejo irracional de
auto-salvação. Isso não pode ser uma coisa somente verbal, mas uma
confiança real onde a pessoa confia que todas as palavras do Evangelho vão
se realizar na vida.
III. Evangelização não é uma apresentação das opiniões, mas é o
testemunho da fé.
A transmissão da mensagem evangélica pode ser feita de três maneiras:
- apresentação de opiniões;
- apresentação de convicções;
- testemunho de fé.
O que a opinião? É um pronunciamento a onde a pessoa manifesta o seu
ponto de vista. Muitas vezes acontece que quando ele encontra uma forte
oposição sem problemas muda opinião. Cai fora. Não é capaz de lutar pelas
suas opiniões. Neste grupo podemos enquadrar todas estas pessoas que
gostam “modificar” o Evangelho conforme suas necessidades; manipulam o
Evangelho inclinando-A para o seu ponto de vista.
O que é a convicção? É a atitude da pessoa que no momento está
convencida que as coisas são de jeito como as apresenta, mas não quer dizer
que no futuro não vá modificá-los. A pessoa deste grupo age da maneira
seguinte: Hoje, ma base do meu conhecimento inclino-me a dizer que...
Neste grupo podemos enquadrar os evangelizadores que se perdem nas
intermináveis buscas intelectuais. Sempre procurando algo mais e mais em
vez de permitirem que o Evangelho os leve com sua força vivificadora.
Sempre procuram algo a favor e contra. Nunca tenham certeza se a manhã
agirão do mesmo modo como hoje.
O testemunho de fé, porém é um credito que damos a Deus da nossa vida.
É abdicar de conduzir a sua própria vida e se entregar totalmente a um
Outro. A fé, portanto, não é tanto a atitude de intelecto que toma decisão,
mas uma atitude de aceitar a proposta de Deus de se entregar totalmente a
Ele. Em troca recebe de Deus o dom da vida nova. A pessoa que acreditou
continua nas mesmas circunstancias da vida, mas vive diferente. Pois a fé
não significa que a pessoa sabe mais que os outros. A fé significa, que graças
ao Evangelho a pessoa vive diferente. Quem acredita em Deus, confiando
plenamente a Ele, toma na vida totalmente outro rumo, rumo que Deus
pensou para ele no seu divino plano da salvação e assim a vida se torna feliz
e frutífera. A fé, então é o dom da vida nova fundamentada no Evangelho de
Jesus Cristo.
Este modelo de pregar o Evangelho corresponde também a tríplice resposta
das pessoas.
A fé de muitas pessoas pára no nível da opinião. Dizem que têm fé, mas não
tem capacidade de apresentar esta sua fé, nem com palavras, nem com
ações. A fé de outros pára no nível de convicção. É uma fé intelectual. Esta
pessoa nunca experimentou a conversão, ainda não entrou no caminho da
transformação a luz do Evangelho. E por último. Lá onde a fé foi
apresentada pela testemunha que se entregou à Deus e ao plano da
salvação, aí a fé das pessoas que receberam o Evangelho começa
amadurecer conforme o mesmo Evangelho.
Este é o principal objetivo da evangelização: o evangelizando precisa se
encontrar com o autentico testemunha de fé. Diante do evangelizando tem
que se apresentar alguém que já antes se entregou ao Evangelho e
experimentou os frutos desta entrega. Pois a evangelização não é uma
apresentação de teorias sobre as vantagens que traz a vida conforme o
Evangelho, mas o relato sobre o que Deus faz com àqueles que confiam ao
seu Evangelho.
Agora olharmos para nós que queremos ser evangelizadores. Muitos de nós
está ainda no nível da fé intelectual que não tem nada com a entrega à
Cristo. Quantas situações casuais na nossa vida! Quantas decisões casuais
que tomamos! Impressiona a incapacidade de conhecermos a nossa vocação
e carismas que recebemos. Como são poucos os que podem dizer o que
Cristo fez na sua vida desde o momento do batismo! Assim, com este nível
do cristianismo, queremos ser evangelizadores. Realmente, só pode anunciar
Cristo quem vive em Cristo. Ainda mais, este nível da vida cristã não nos
autoriza para dissermos que é a vida cristã. O nome “cristão” não foi dado
para as pessoas por causa do batismo, mas por causa da vida semelhante a
do Cristo. A esta vida conduz somente o Evangelho a qual precisa-se
acreditar da forma incondicional.
IV. Evangelização traz a libertação.
O ser humano tem capacidade fazer muitas coisas com suas próprias forças.
Pode transformar o mundo economicamente, politicamente e culturalmente.
Pode dar ao mundo uma fisionomia que ele mesmo deseja. Para sua autoafirmação deseja fazer o mundo conforme a sua própria imagem. O ser
humano deseja se sentir bem no mundo e de fato se sente bem tanto tempo
quanto dura o sistema por ele criado. Mas existem três coisas das quais o
ser humano não pode se livrar pelas próprias forças. São elas: o pecado, a
morte e sofrimento, e limitações impostas pelas leis (regras).
Quando eles não o tocam diretamente o ser humano sente se seguro e
tranqüilo. Quando, porém, eles começam aparecer, o ser humano procura
soluções nas ilusões, nas fantasias, nas descobertas tecnológicas e outras. O
ser humano não encontrará paz tanto tempo quando tempo estará longe de
Deus. Pois só em Cristo é possível encontrar todas as respostas. Só encontro
com Cristo e o Evangelho dará a possibilidade de chamar pecado de pecado;
entender o sofrimento e a morte como a chance de uma vida diferente,
melhor, uma vida nova; perceber toda lei como o caminho para a felicidade e
a paz que já foi percorrido por Jesus Cristo; entender que a graça e
obediência ao Espírito Santo significam muito mais que todas as forças
humanas para alcançar a salvação pelo próprio esforço.
A evangelização deve manifestar ao ser humano qual é a sua situação neste
mundo. O termo “mundo” deve se entender da mesma maneiro como o
entendeu o Cristo, isto é, como o sinônimo da situação que vive o ser
humano: ele vive no mundo, num ambiente que podemos chamar como
inicio da caminhada para algum fim e este fim é o encontro com Jesus
Cristo. O ser humano é chamado para sair de todas estas situações que
encontrou entrando no mundo o que está dentro dele e ao redor dele, e
entrar no caminho da conversão e transformação e assim passar para uma
nova realidade que o Evangelho chama o Reino dos Céus.
O termo “mundo” deve se entender como tudo isso da qual o ser humano
não pode se libertar por si só, isto é, o pecado, o sofrimento e a morte, como
também o falso pensamento que pode se salvar observando as leis.
Por outro lado, a evangelização deve mostrar para os evangelizados Alguém
que já realizou por nós todo plano salvífico. A evangelização precisa mostrar
o Cristo que através da sua entrada no mundo revelou o Deus que é amor e
que deseja salvar todos os homens. A evangelização precisa mostrar o Cristo
que através do Evangelho apresenta-nos um caminho da vida e não mais
uma doutrina humana ou mais uma filosofia. Entrar neste caminho traz a
salvação que através de Jesus Cristo foi doada à nós por Deus. Graças a
força do Espírito Santo cada ser humano pode alcançar esta salvação.
A evangelização deve indicar o caminho de transformação do “homem velho”
– homem que guia a sua vida movido pelos desejos da carne – ao “homem
novo” – homem que confia a Cristo e que entrega ao Espírito Santo a sua
vida, sabendo que assim terá uma autêntica alegria, felicidade, paz e a vida
eterna; reconhecendo que tudo isso é um presente imerecido, mas dado a
todos que confiam em Deus e não em si próprio. Por isso a fé e a confiança
é um dos temas centrais da evangelização.
Aí o fator indispensável para que a evangelização seja frutífera: ela não pode
ser um conjunto de conhecimentos humanos, embora que sejam mais
importantes do mundo, mas é verdadeiro anúncio da Palavra de Deus. Ela
tem que ser realmente uma forma única de aproximar aos participantes o
Evangelho que liberta de um estilo de vida movido pelas rações humanas e
desperta a vontade de uma vida nova. Sendo assim, a evangelização deve
apresentar um estilo de vida verdadeiramente cristã. Deve manifestar ao
homem que Deus tem para sua vida um plano concreto, mas o plano que é
subordinado a sua fé e confiança. Mas é importante que saiba que Deus
sempre cumpre as sua promessas, pois tem poder de realizá-las.
Para que a evangelização possa trazer os frutos é necessária, da parte dos
participantes, a atitude de abertura. Sem esta atitude não há como
evangelizar. Por isso desde primeiros momentos da ação evangelizadora os
participantes devem receber um chamado direto para ter esta abertura.
Assim fizeram os apóstolos no dia de Pentecostes: “Homens da Judéia e
todos vós, habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e prestai
ouvidos as maravilhas de Deus... O que está acontecendo é o que foi dito por
intermédio do profeta”. (At 2,14 e 16). Os apóstolos não tinham receio de
batizar logo os que receberam a sua mensagem, pois sabiam que não estão
introduzindo as pessoas numa teoria nova, mas num acontecimento
concreto, numa nova vida. Por outro lado aquele que foi batizado também
sabia que é assim. Evangelização anuncia algo que está se realizando aqui e
agora; anuncia um fato, uma pessoa Jesus Cristo, que está presente e
chama a pessoa para fazer parte desta realidade. Para experimentar esta
realidade a pessoa precisa se abrir e a acolher, e isso depende dele.
O pecado, o sofrimento, a morte, a incapacidade de cumprir as leis, a
fraqueza diante das investidas em prol de se salvar com próprias forças,
tudo isso impossibilita o verdadeiro desenvolvimento do ser humano. O
homem que se guia com as próprias forças é cercado de medo e
egoisticamente, só pensa sobre si mesmo. A evangelização deve cortar esta
seqüência de medos e conduzir o homem á fé e à confiança em Deus. Deve
libertar a pessoa da vida cercada de medos, medos do presente, medos do
futuro, pois deve apresentar a vida cheia de felicidade e alegria, e no futuro à
vida eterna. A evangelização não elimina o pecado, nem sofrimento, nem a
morte, nem as leis que limitam a pessoa, mas quando o Evangelho é
recebido com fé, como a Palavra de Deus vivida no cotidiano do homem, ela
apresenta todas estas coisas em nova luz, em novo entendimento, pois
verdadeiramente, sem o Evangelho não será possível entendê-las e nenhuma
filosofia, por mais perfeita que fosse não tem capacidade de explicá-las. A
vida e a plenitude da vida sempre é um dom de Alguém, Alguém que tem a
plenitude da vida e só este Alguém tem a capacidade de dá-la e a explicá-la.
Portanto, nenhum sistema humano, nenhuma teoria filosófica tem esta
capacidade.
Diante das pessoas, batizadas ou não, precisa aparecer Jesus de Nazaré,
Jesus autêntico e verdadeiro, este Jesus que foi visto pelos homens
anunciando o Evangelho de conversão e de salvação. Diante do homem
moderno precisa aparecer este Jesus que é possível conhecer principalmente
nos círculos bíblicos. Diante dos cristãos de hoje precisa aparecer Cristo em
quem é possível acreditar e confiar. Cristo revestido de poder, pois fui
crucificado, mas ressuscitou e enviou o Espírito Santo. Isso os
evangelizadores dever testemunhar, quer dizer, isso que vivenciam pela fé
adquirida no encontrado pessoal com Jesus e não o que aprenderam nos
estudos teológicos. Pois a evangelização é o anúncio de Jesus Cristo que está
presente e age nas pessoas durante a evangelização e que é presente na vida
dos evangelizadores. Os participantes precisam perceber que o Evangelho
mudou a vida dos evangelizadores. Isto é imprescindível. Não há lugar para
outro modo de anunciar o Evangelho. Anunciar o Evangelho somente como
verdades intelectuais é uma anulação da autenticidade do Evangelho, pois o
Evangelho precisa se tornar a Palavra da vida no dia a dia das pessoas e não
basta só um acolhimento de certas verdades que não significam nada na
vida, que não exercem nenhuma influência na vida. O participante deve
perceber que o evangelizador é uma pessoa livre e que esta liberdade recebeu
graças ao encontro com o Evangelho de Cristo. Isso vai levá-lo também para
receber Jesus e entrar de pouco a pouco no caminho de transformação em
homem livre.
V. Evangelização anuncia a Cruz de Cristo e o perdão dos pecados.
A evangelização no início do cristianismo deve ser o nosso exemplo, pois ela
anunciava a vida e não as fábulas que ilustram como a vida é. O
evangelizador não pode pronunciar palavras vazias, slogans. Os
participantes não estão conduzidos a um mundo abstrato, mas para a vida,
esta vida que Cristo Jesus viveu para se tornarem participantes dela.
O assunto que quer se empurrar no esquecimento e que é mais ameaçado na
pregação no tempo moderno é o anúncio da Cruz e perdão dos pecados. O
cristão que não vivenciará plenamente estes acontecimentos não conseguirá
se encontrar com Cristo, será sempre um cristão superficial. A Cruz de
Cristo continua “o sinal de escândalo para os Judeus e uma bobagem para
os gentios”. Acontece que tanto uns como outros estão esperando a salvação,
mas não conseguem sair fora desta mentalidade puramente humana que
imagina a salvação como uma manifestação extraordinária de força. Não são
capazes de aceitar que isso acontece através da aceitação da Cruz feita por
um Inocente. Anunciar a Cruz de Cristo hoje é tão difícil como nos primeiros
séculos do cristianismo, pois tanto lá como hoje, o ser humano quer
alcançar a liberdade e a grandeza através de próprios esforços. Portanto a
evangelização é o anúncio da Cruz de Cristo. Ele cumprindo de forma
perfeita a vontade de Deus, através do sofrimento e efusão de seu sangue
selou a aliança de Deus com homem que vai durar eternamente. Assim a
Cruz mudou o seu significado: do sinal de sofrimento, do sangue e da morte,
desprezado pelos antigos, tornou-se sinal de glória, não só para Cristo, mas
também para todos cristãos. Anunciar a Cruz significa, portanto anunciar a
glória que Deus Pai envolveu seu Filho como prêmio pela sua entrega.
Pelo pecado o homem rompe a aliança com Deus, mas isso foi consertado
através do sangue derramado na Cruz. A aliança foi novamente estabelecida.
Os pecados dos homens não foram explicados, foram redimidos, pois da
Cruz de Cristo brota o perdão dos pecados. Somente a Cruz de Cristo tem
poder de nos possibilitar a entrada na vida eterna; somente a Cruz de Cristo
nos introduz para glória; somente a Cruz de Cristo tem poder de aniquilar
todos nossos pecados e nos devolver a liberdade e vida nova; somente a Cruz
de Cristo nos dará a capacidade de aceitar a nossa complicada vida neste
mundo.
O dever da evangelização é conduzir os participantes a ter consciência que
através de Cruz foi lhes oferecida a libertação dos pecados e basta aceita-lo e
crer para ser purificado no Sangue de Cristo e receber o poder deste Sangue.
Os evangelizadores precisam testemunhar que isto aconteceu na vida deles.
Que recebendo a cruz de cada dia estão experimentando a força da Cruz de
Cristo que possibilita a carregar a própria cruz em cada dia. Assim os
participantes despertarão o desejo de receber de Cristo o perdão e a
purificação dos pecados para viver uma vida nova, vida de Cristo.
VI. Evangelização conduz à aliança com Deus.
O fruto mais importante da evangelização deve ser a vontade de receber o
batismo, isto é, o desejo de se encontrar com Cristo da forma pessoal. Fazer
com Ele uma nova aliança, aliança comprometedora. O participante da
evangelização precisa despertar para ter um novo nascimento, para receber
verdadeira purificação dos pecados, para experimentar uma renovação, para
receber uma vida nova de Cristo em Espírito Santo. Como fruto da
evangelização o participante precisa sentir a necessidade de se separar do
estilo mundano de vida e desejar um novo nascimento não mais de água nas
do Espírito Santo. Diante do participante da evangelização deve se
apresentar o Cristo do batismo de Jordão que se entrega a Deus e que é
ungido, isto é, fortificado e plenificado pelo Espírito Santo. Ungido e por isso
transformado e capacitado para realizar o plano da vontade do Pai. A
evangelização, embora toque muitos assuntos, deve frisar com força o
acontecimento do Jordão. O participante deve ver Jesus que recebe o
batismo de João não para ser purificado dos pecados, mas como sinal de
prontidão para fazer a vontade do Pai e saindo da água, ungido pelo Espírito
Santo, está pronto para cumpri-lo. O participante deve desejar fazer parte
desta obra salvífica de Jesus, mas antes de isso acontecer precisa perceber a
essência desta obra, qual é a finalidade dela e qual é a possibilidade de
participar nela. Só assim perceberá o valor e a importância do seu batismo.
Só assim perceberá o valor da aliança com Deus e entenderá que o
Evangelho é um programa da vida indispensável para realização desta
aliança. Isto é a fé! A fé que Jesus espera de todos que recebam o
batismo.
VII. Evangelização conduz à nova comunidade.
O ser humano, pela sua própria índole, é chamado para viver em sociedade:
é o membro de uma nação, de um país, de algum grupo étnico, de uma
família etc. Fazemos parte de certas sociedades sem nossa vontade e
estamos com outras simplesmente pela necessidade da vida: andando em
ônibus, na fila no correio ou no banco etc. Junto com estes grupos o homem
realiza seus objetivos da vida. Sem estes grupos a vida seria impossível.
Pertencer a uma sociedade é necessário e traz elementos positivos para o
individuo, mas também pode ser o fundamento de divisões e até de
hostilidades entre grupos e pessoas. O ser humano que faz parte do certo
grupo identifica-se com seus interesses, mas na maioria das vezes os
interesses e necessidades dividem as pessoas e não as unem. O individuo
teme que outros estejam impedindo a realização dos seus objetivos. A
evangelização deve apresentar para os participantes o novo tipo de
sociedade. Deve mostrar uma comunidade de pessoas unidas, embora
pertencentes de vários grupos sociais ou etnias. A evangelização deve
mostrar que é possível a existência de uma comunidade entre as pessoas
que são movidas não pela vontade humana, mas fazendo a vontade de Deus
manifestada na pessoa de Jesus Cristo. A equipe evangelizadora precisa
testemunhar que entre eles já existe esta nova comunidade submissa ao
Evangelho de Jesus. A equipe de evangelizadores deve se mostrar como um
grupo de pessoas que estão unidos para realização da mesma missão:
através do testemunho atrair todos para o Cristo. A evangelização seja então
um explicito convite para fazer parte desta comunidade que é a Igreja. Mas
deve também conscientizar que quem se tornar o membro desta comunidade
tem que se sentir responsável pelos outros tanto pessoas como
comunidades. A evangelização também precisa mostrar qual é a verdadeira
missão de todos os membros da Igreja – comunidade dos fieis: é a missão de
anunciar o Evangelho de Jesus e servir aos outros através dos ministérios e
carismas. O fruto desejado da evangelização é que os participantes
despertam um forte desejo de fazer parte desta nova comunidade. Por isso a
equipe evangelizadora precisa se manifestar como um núcleo desta
comunidade, como parte madura da Igreja.
VIII. A evangelização conduz à “escola” de Cristo.
A evangelização deve ser de um lado a apresentação o que Deus fez pelo
homem, mas de outro lado deve ter uma forma de atrair para participar na
“escola evangélica de Cristo”. Deve apresentar o Cristo que na sua escola
não ensina as verdades teóricas, mas ensina a vida nova. Jesus - Mestre não
ensina a ciência teórica sobre Deus, mas descreve e construa em discípulo,
entregue a Ele, uma forma nova de vida. Um dos frutos da evangelização
deve ser o desejo de ingressar nesta escola de vida nova de Cristo.
A escola de Cristo é em primeiro lugar a escola de amor. Ela manifesta o Pai
de Cristo que é eterno amor. Deus, eterno amor, não quer ficar só. Ele doa
gratuitamente a vida ao ser humano que cria na imagem e semelhança
própria. Este Deus desde início dos tempos espera que o ser humano receba
este dom da vida e deseje ter a comunhão eterna com Ele. Deus é amor até
quando homem se afasta d’Ele, quando não quer nada com o plano que
preparou para ele, quando rejeita o poder do Espírito Santo que é o eterno
realizador do plano de salvação. O participante da evangelização precisa
perceber que Deus continua agindo movido somente por ama. O participante
da evangelização precisa perceber que Deus continua o seu plano de amor,
plano de salvação. Precisa perceber que ele próprio é o templo de Deus onde
deve se realizar o culto de amor. O participante da evangelização precisa
perceber que fora do Evangelho não existe nada que possa autenticamente
construir este mundo, pois só o amor que constrói. Por amor o Pai envia seu
Filho e Ele por amor se oferece na Cruz para a salvação do homem e do
mundo. Quem foi capaz de fazer um sacrifício igual?
A evangelização e qualquer anúncio do Evangelho que não introduziria os
ouvintes no mistério do amor de Deus não teria nenhuma razão de ser. O
Evangelho de Jesus Cristo é o Evangelho de amor que perdoa pecados e
liberta do mal. O Evangelho é pois um anúncio de amor que renova e oferece
a vida nova. O Evangelho introduz as pessoas na vida de filhos da luz,
oferece a dignidade de filhos de Deus. Todas as esferas da vida humana
foram atingidas pelo pecado e se encontram em total desordem, mas o
Evangelho de amor tem o poder de renová-la e devolvê-la a harmonia
salvífica.
A evangelização anuncia esta verdade que o amor realiza-se no pleno
cumprimento do plano de Deus, Pai de todos. Deus que ama envia aos
homens o seu Filho Jesus Cristo, o Servo e Mediador, para arrancá-los das
situações de ódio e pecado. Os discípulos de Jesus, assim como Ele, são
chamados a escutar e obedecer a vontade do Pai. A evangelização é pois um
chamado para abandonar a vida infrutífera, morna, movida pelo egoísmo,
ambição e ódio. A evangelização, portanto, deve ser um convite para
ingressar na comunidade de discípulos de Cristo, pois somente na escola de
Cristo possam receber a vida nova, sepultando o “homem velho” e
experimentando a vida de amor.
IX. Evangelização apresenta o perfil da vida cristã.
Muitas pessoas vivem ser saber o que é a vida. O ser humano é cercado de
várias teorias filosóficas que procuram explicar esta questão. O ser humano
é cercado de conceitos oriundos de vários mestres e autoridades. Ouve
muitas idéias nos ambientes que freqüenta: lugar de trabalho, escola, grupo
de amigos, na própria casa, meios de comunicação etc. De tudo isso estamos
escolhendo algumas coisas que achamos interessantes e formamos a nossa
própria teoria da vida e a defendemos com veemência sempre sublinhando
que é a nossa. Assim age o “homem velho” construindo o seu pensamento e
sua atitude nos fatores puramente humanos. Mas, precisamos aceitar o
conceito de vida denominada “a vida cristã”. Ela está apresentada no
Evangelho. Em que consiste a conceição da vida cristã? Em modo geral
diremos que a vida cristã é a vida inspirada pelo Evangelho anunciado por
Jesus Cristo. Analisando o Evangelho e observando a vida das pessoas que
testemunham o estilo evangélico de vida, percebemos quatro etapas desta
vida:
1. O ser humano que ainda não tem fé, não conhece o Salvador é
evangelizado pelos cristãos autênticos. Como resultado da
evangelização aceita, recebe Jesus como seu pessoal Senhor e
Salvador. (evangelização)
2. O ser humano, conscientemente recebe o batismo e fortificado pelo
Espírito Santo experimenta primeiros passos na vida cristã. Ingressa
na comunidade dos fieis – Igreja, pois reconhece que graças a ela, que
é o guardião do Evangelho, conheceu Jesus. (iniciação)
3. Fincado na “rocha” que é o Cristo, o ser humano começa experimentar
a vida cristã reconhecendo sempre mais a presença de Jesus em todas
as coisas. (formação)
4. Somente aquele que percorreu este caminho e continua nele, terá a
capacidade entender a essência do testemunho cristã. Aceita a
vocação para participar ativamente nas obras apostólicas e
missionárias da Igreja conforme o grau do seu desenvolvimento
espiritual. (compromisso)
Este modelo de vida podemos ver no próprio Jesus Cristo:
1. Ele é a Palavra que se fez carne. Palavra que é a realização do eterno
desígnio de Deus.
2. No templo de Jerusalém é oferecido a Deus para servi-l’O. Em Nazaré
cresce cercado das graças de Deus entregando-se totalmente a sua
vontade. Em Jordão recebe o batismo de João e revela-se como ungido
pelo Espírito Santo.
3. Revelando o plano de salvação que Deus tem para os homens realiza
plenamente a vida humana apresentando-se como a Luz da Vida.
4. Percorrendo as cidades e aldeias, até o Calvário, realiza a sua missão e
a sua vocação de servir aos irmãos e ao Pai.
Este é um dos elementos fundamentais da evangelização: O participante
deve despertar a vontade de abandonar a atual forma de vida e desejar a
viver como cristão, viver imitando o Cristo, tornando-se o seu discípulo.
X.Evangelização é a obra do Espírito Santo
O Espírito Santo foi enviado por Jesus Cristo para ser o Consolador, o
Renovador, o Espírito da Verdade ... Foi enviado para que n’Ele Jesus
continua presente no meio dos homens. É Ele que faz de nós os
participantes da palavra, das ações e da oração de Jesus Cristo.
O anúncio do Evangelho não é uma narração dos acontecimentos da vida de
Jesus que aconteceram no passado, mas a manifestação, que estes
acontecimentos, são presentes hoje na vida do homem contemporâneo. Isto é
possível através do Espírito Santo que apresenta Jesus na direita do Pai,
mas que ao mesmo tempo é capaz de fazer que nossa vida possa se tornar a
vida de discípulos de Jesus. O Espírito Consolador nos ampara quando faz
que podemos ouvir o que ainda não ouvimos, que podemos ver o que ainda
não vimos, que podemos desejar o que nem imaginávamos que poderíamos
possuir. Anúncio do Evangelho, portanto, não pode se limitar de falar
somente sobre Deus, embora que isso seja a mais pura verdade, o anúncio
do Evangelho é, acima de tudo, transmissão o que o Espírito quer falar. O
evangelizador e a equipe dos evangelizadores precisa ter consciência que
anunciam tudo o que ouviram com os próprios ouvidos, o que viram com os
próprios olhos. Hoje em dia muitos pregam o que leram nos livros e até o que
leram na Bíblia, mas não anunciam o que tocaram com as próprias mãos e o
que viram com os próprios olhos. Fazendo isso estão contrariando o Espírito
Santo, a sua missão e a sua força. A força e o poder do Evangelho porém,
consiste em simplicidade e não admite de emendas ou melhoramentos, nem
qualquer manipulação. O Evangelho tem poder de se defender contra a
incompreensão humana, pois é o Espírito Santo que o defende e guarda. É
Ele que abre as mentes e move os corações para que seja anunciada e
recebida, conduzindo as pessoas para a nova vida.
O participante da evangelização precisa experimentar o fato que o Evangelho
que está ouvindo da boca dos homens é anunciado pelo Espírito Santo
enviado aos homens para atualizar a obra de Cristo. E mais, precisa ver no
testemunho dos evangelizadores que Jesus Cristo através do seu Espírito
Santo já realizou isso o que está ouvindo. A evangelização precisa ser
percebida como o Pentecostes que se realiza aqui e agora. Pois Cristo disse:
“Nesse dia compreendereis que estou em meu Pai e vós em mim, e eu em
vós”. (Jo 14,20). Jesus falou isso anunciando a vinda do Espírito
Consolador. A equipe de evangelizadores e os participantes da evangelização
precisam experimentar a presença do Espírito Santo assim como no dia de
Pentecostes.
3. O que evangelização não é.
Para completar as reflexões sobre a evangelização vale a pena refletir um
pouco sobre o que a evangelização não é. Isso para não cair na armadilha de
se desviar de seus objetivos.
Inicialmente vamos apresentar alguns pronunciamentos de Philip Potter o
representante do Conselho Mundial das Igrejas durante o Sínodo dos Bispos
no ano de 1974: “Alcançamos um acordo na questão, o que a evangelização
não é.
Em primeiro lugar, a evangelização não é uma propaganda, isto é, não é a
propagação de alguma doutrina ou de algum estilo de vida de qualquer
denominação religiosa, não é também a imposição de uma cultura de vida
denominada cristã como supostamente superior de outras. O Conselho
Missionário Internacional na sua assembléia em 1957 constatou claramente
que: antes de todos nossos esforços, antes de qualquer nosso
empreendimento, antes de nos oferecermos nossos serviços e antes de toda
nossa dedicação, Deus enviou seu Filho para o mundo. E Ele chegou em
forma de Servo, Servo sofredor até a morte na Cruz ... Preocupar-se para
assegurar nossos interesses, nossa obra, influência da nossa Igreja, da
nossa missão, da nossa organização, isso significa rejeitar a verdadeira
vocação, significa não aceitar de servir ...
Em segundo lugar, a evangelização não o proselitismo, no sentido pejorativo
da palavra. Penso aqui sobre a declaração que apresentou o comitê central
do Conselho no ano de 1960: o proselitismo é uma forma estragada do
testemunho. O testemunho é podre, quando chamando alguém à conversão,
recorre a bajulação, a corrupção, a pressão inadequada, a chantagem tanto
direta ou subtil. O testemunho é falso quando acima de Jesus colocamos os
interesses da nossa Igreja, quando somos desonestos comparando o ideal da
nossa Igreja com a realização das outras, quando desejando o progresso da
nossa obra caluniamos a outra Igreja, quando o egoísmo individual ou
coletivo toma lugar da caridade devida a todos que se encontram sob a nossa
tutela. Este tipo de testemunho é uma caricatura do testemunho cristã, é
um sinal da falta de confiança no Espírito Santo, falta de respeito a natureza
humana e falta de compreensão do verdadeiro caráter do Evangelho”.
A evangelização não é a propagação de alguma ideologia, nem o
recrutamento de adeptos para se tornarem partidários de alguma causa
mais ou menos nobre.
A evangelização não pode ser uma polemica com as ideologias a onde sejam
apresentadas vantagens quando a pessoa irá confiar a Deus. O objetivo da
evangelização não é a luta ideológica. O objetivo da evangelização não é
anunciar algo que se realizará num futuro muito distante, mas é o anúncio
de uma vida que já se realiza agora. O Evangelho não tem inimigos, tem
somente os amigos e a única defesa contra os inimigos é a força do Espírito
Santo. Jesus deseja que o Evangelho d’Ele não tenha inimigos, ao contrário,
Ele espera que todos sejam seus amigos. E ainda mais, estes que não
recebam a Jesus, não os chama de inimigos. Ele somente fala que todos que
recebam o Evangelho podem ter os inimigos. O anúncio do Evangelho é o
anúncio de Jesus Cristo que está aqui, que já realizou tudo o que Pai
planejou e que não tem mais nenhuma obra a realizar. Agora, até o fim do
mundo, deve se anunciar o que Deus prometeu a todos que creditarão n’Ele.
CAPÍTULO III
Quem deve evangelizar?
Neste capítulo queremos falar sobre o sujeito da evangelização. No sentido
tradicional o único sujeito das missões era o sacerdote-missionárioorientador e o sucesso das missões dependia muito da capacidade do
mesmo, da sua personalidade, dos métodos por ele aplicados. A
evangelização se apresenta bem diferente, o sujeito é coletivo, é uma equipe
de evangelizadores a onde os leigos exercem funções indispensáveis e não
somente auxiliares.
1. Os leigos como sujeitos da evangelização.
A participação dos leigos na evangelização surge da nova visão da Igreja
como Povo de Deus, conforme o Concilio Vaticano II. Esta nova visão tem um
forte apoio nas fontes bíblicas: a Igreja toda com todos os seus membros é o
sujeito da missão de Jesus Cristo e é a continuadora da obra que Deus Pai
confiou a Jesus. Toda Igreja por sua natureza é missionária e é o sujeito da
evangelização. “A obra da evangelização é o dever fundamental do Povo de
Deus” (EN 35). Os leigos são os participantes desta tarefa pelo fato que
pertencem a Igreja principalmente pela força do caráter sacramental do
Batismo e da Crisma. Numa ação evangelizadora esta missão dos leigos
encontra a sua forma concreta e se atualiza.
A Exortação Apostólica do papa Paulo VI sobre a evangelização chama
atenção para o papel de novas comunidades (chamadas Comunidades
Fundamentais ou Comunidades de Base). São muitos que surgem na Igreja
nos últimos tempos. Estas comunidades podem se tornar nas Igrejas
particulares, nas paróquias, verdadeiros seminários da evangelização. O
papa diz: “sendo ouvintes do Evangelho e recebendo-O devem tornar-se sem
hesitação os anunciadores do mesmo”. (EM nº 58). E no número 72 chama
atenção na necessidade da participação dos jovens: “é uma coisa urgente
para que os jovens formados na fé e na oração se tornam cada vez mais
apóstolos dos seus colegas”.
“A presença ativa dos leigos nas realidades temporais assume toda a sua
importância. No entanto, é preciso não descurar ou não deixar no
esquecimento outra dimensão: os leigos podem também sentir-se chamados
ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios Pastores ao serviço da
comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, pelo exercício
dos ministérios muito diversificados, segundo a graça e os carismas que o
Senhor houver por bem depositar neles.
Não é sem experimentar intimamente uma grande alegria que nós vemos
uma legião de Pastores, religiosos e leigos, apaixonados pela sua missão
evangelizadora, a procurarem moldes mais adaptados para anunciar
eficazmente o Evangelho; e encorajamos a abertura que, nesta linha e com
esta preocupação, a Igreja demonstra ter alcançado nos dias de hoje.
Abertura para a reflexão, em primeiro lugar; e depois, abertura para
ministérios eclesiais susceptíveis de rejuvenescer e de reforçar o seu próprio
dinamismo evangelizador.
É certo que, ao lado dos ministérios ordenados, graças aos quais alguns fiéis
são colocados na ordem dos Pastores e passam a consagrar-se de uma
maneira particular ao serviço da comunidade, a Igreja reconhece também o
lugar de ministérios não-ordenados, e que são aptos para assegurar um
especial serviço da mesma Igreja.
Tais ministérios virão a ter um verdadeiro valor pastoral na medida em que
se estabelecerem com um respeito absoluto da unidade e aproveitando-se da
orientação dos Pastores, que são precisamente os responsáveis e os artífices
da mesma unidade da Igreja.
Para todos os obreiros da evangelização é necessária uma preparação séria;
e é necessária de modo muito particular para aqueles que se dedicam ao
ministério da Palavra. Animados pela convicção, incessantemente
aprofundada, da nobreza e da riqueza da Palavra de Deus, aqueles que têm
a missão de transmiti-la devem dedicar a maior atenção à dignidade, à
precisão e à adaptação da sua linguagem. Todos sabem que a arte de falar se
reveste hoje em dia de uma grandíssima importância. E como poderiam
então os pregadores e os catequistas descurá-la?” (EN nº 73).
A importância da participação dos leigos na evangelização vem
principalmente do valor do testemunho nesta ação. Pois o testemunho dos
leigos sobre o recebimento de Cristo, como confirma a experiência, tem uma
eloqüência maior que o testemunho dos padres ou religiosas que
testemunham a sua fé em Cristo como se fosse “ex oficio” e por outro lado
muitos duvidam da autenticidade deste testemunho.
2. Equipe evangelizadora, isto é, a “diaconia de evangelização”.
A evangelização prepara e executa um grupo de pessoas que podemos
chamar a equipe evangelizadora ou a “diaconia de evangelização”. A
preparação destas pessoas tem um papel fundamental para alcanças
desejados frutos da missão.
a/ Composição da equipe evangelizadora.
É importante que compõem esta equipe as pessoas da mesma comunidade
local (paróquia) ou pelo menos da mesma região onde será feita a
evangelização. Desta equipe deve fazer parte o padre responsável pelo local,
que conhece as realidades locais (pároco). Ele, por sua vez, deve convidar as
pessoas que conhece, seus colaboradores mais próximos. Podem ser os
agentes pastorais, animadores de comunidades de base existentes na
paróquia, lideres dos movimentos que fazem parte da Igreja local,
representantes das associações de vida apostólica.
Quais devem ser requisitos dos membros desta equipe? O principal requisito
é este: “NEMO DAT, QUOD NON HABET” (não posso dar o que não tenho).
O membro da equipe evangelizadora precisa ter a experiência do encontro
pessoal com Cristo, quando O recebeu como seu Salvador e Senhor. Precisa
testemunhar que no Espírito Santo está vivendo uma vida nova para assim
poder atrair outros para a Deus. Precisa amar a Cristo e os irmãos a tal
ponto que esteja pronto de assumir a missão de serviço do Evangelho e da
salvação. Precisa ser a pessoa de fé, de confiança e de oração, que não se
apóia nas próprias convicções, mas na força do Espírito Santo. Porém, não
se exige que o membro da equipe evangelizadora possua estes requisitos no
grau pleno e perfeito logo no início da ação evangelizadora, eles devem
aparecer e crescer durante a preparação.
b/ Preparação da equipe evangelizadora.
Esta preparação possui certos etapas:
Primeiro etapa é procurar os candidatos. Isso pode acontecer através das
conversas individuais ou través dos encontros com os pequenos grupos.
Estas conversas são feitas por aqueles que tomaram a consciência da
necessidade da evangelização.
Segundo etapa é a preparação dos evangelizadores através de cursos e
retiros. Esta preparação é indispensável. Nestes cursos e retiros devem
acontecer os seminários de aprofundamento bíblico, introdução no espírito e
método da evangelização, mas acima de tudo, não pode faltar a oração e um
esforço redobrado para formar uma comunidade orante e apostólica que será
capaz assumir a obra da evangelização. Estes cursos e retiros devem
terminar com os testemunhos dos participantes que exteriorizarão a vontade
de ingressar na equipe evangelizadora e como sinal da aprovação eclesiástica
serão enviados para a missão.
Terceiro etapa consiste nos encontros da equipe local dos evangelizadores,
pelo menos uma vez por semana, para que no clima de oração, com presença
da Palavra de Deus, continuar alimentando a preocupação da própria
responsabilidade pela evangelização.
Quarto etapa serão os encontros durante a evangelização propriamente dita,
para rezar e repartir as observações sobre as atividades empregadas na ação
evangelizadora.
c/ Tarefas e funções da equipe evangelizadora.
A equipe evangelizadora precisa assumir certas tarefas:
- estudar e conhecer as realidades locais e preparar a estratégia da ação;
- convidar várias pessoas, grupos e comunidades para rezarem na intenção
da evangelização (suporte espiritual);
- convidar e convencer as pessoas a participarem nos encontros e
celebrações evangelizadores através das conversas individuais e visitas nas
casas (evangelização individual);
- convidar as pessoas pela divulgação nos meios de comunicação, pelos
cartazes e avisos na igreja;
- acolher com afabilidade, na porta da igreja, os que chegam para as
celebrações;
- preparar cuidadosamente as celebrações;
- acolher amorosamente aqueles que pedem uma conversa individual;
- dar um largo apoio para depois da evangelização, chamada “pós-missão”.
A equipe evangelizadora precisa também dividir entre si várias funções,
embora que certas funções serão assumidos por todos, isso não elimina o
fato que alguém se responsabiliza para coordená-las. A equipe toda será
coordenada por um moderador que normalmente deve ser um padre. Entre
os evangelizadores precisa distinguir estas funções:
- diaconia sociológica ou de planejamento;
- diaconia de oração;
- diaconia de visitas ou de evangelização individual;
- diaconia de acolhida;
-
diaconia
diaconia
diaconia
diaconia
litúrgica;
do testemunho;
de divulgação;
da pós-missão ou pós-evangelização
3. A importância do canto durante a evangelização.
Um papel muito importante durante a evangelização tem o canto religioso. É
indispensável a presença de alguém que vai sustentar o canto nas
celebrações e propor uns cantos novos para os participantes. Mas, é
igualmente importante, para que os cantores não sejam meros executores de
uma tarefa da qual são especialistas, eles precisam ter uma profunda
sintonia com toda equipe evangelizadora. A participação deles deve ter um
caráter de testemunho de fé e de oração.
4. Ecumenismo e a obra de evangelização.
Precisamos reconhecer que nossos irmãos de outras Igrejas cristãos têm
uma vasta experiência no campo de evangelização e inclusive estão na frente
nesta atividade. Sabendo isso podemos também nós aproveitar estas
experiências para nossa ação evangelizadora. Esta cooperação entre as
Igrejas na obra de evangelizar está perfeitamente em sintonia com o decreto
do Concilio Vaticano II sobre o ecumenismo. O papa Paulo VI na sua
Exortação Apostólica sobre a evangelização frisou fortemente que devemos
ser unidos na colaboração em prol da evangelização: “A força da
evangelização virá a encontrar-se muito diminuída se aqueles que anunciam
o Evangelho estiverem divididos entre si, por toda a espécie de rupturas. Não
residirá nisso uma das grandes adversidades da evangelização nos dias de
hoje? Na realidade, se o Evangelho que nós apregoamos se apresenta
vulnerado por querelas doutrinais, polarizações ideológicas, ou condenações
recíprocas entre cristãos, ao capricho das suas maneiras de ver diferentes
acerca de Cristo e acerca da Igreja e mesmo por causa das suas concepções
diversas da sociedade e das instituições humanas, como não haveriam
aqueles a quem a nossa pregação se dirige vir a encontrar-se perturbados,
desorientados, se não escandalizados?
O testamento espiritual do Senhor diz-nos que a unidade entre os fiéis que o
seguem, não somente é a prova de que nós somos seus, mas também a
prova de que ele foi enviado pelo Pai, critério de credibilidade dos mesmos
cristãos e do próprio Cristo.
Como evangelizadores, nós devemos apresentar aos fiéis de Cristo, não já a
imagem de homens divididos e separados por litígios que nada edificam, mas
sim a imagem de pessoas amadurecidas na fé, capazes de se encontrar para
além de tensões que se verifiquem, graças à procura comum, sincera e
desinteressada da verdade. Sim, a sorte da evangelização anda sem dúvida
ligada ao testemunho de unidade dado pela Igreja. Nisto há de ser vista uma
fonte de responsabilidade, como também de reconforto.
Quanto a este ponto, nós quereríamos insistir sobre o sinal da unidade entre
todos os cristãos, como via e instrumento da evangelização. A divisão dos
cristãos entre si é um estado de fato grave, que chega a afetar a própria obra
de Cristo. O Concílio Ecumênico Vaticano II afirma com justeza e com
firmeza que ela prejudica a santíssima causa de pregar o Evangelho a toda a
criatura e fecha a muitos o acesso à fé. Por isso mesmo, consideramos
necessário recordar a todos os fiéis do mundo católico que a reconciliação de
todos os homens com Deus, nosso Pai, pressupõe o estabelecimento da
comunhão plena entre aqueles que já reconheceram e acolheram, pela fé,
Jesus Cristo como o Senhor da misericórdia, que liberta todos os homens e
os une no Espírito de amor e de verdade.
É com um grande sentimento de esperança que nós vemos os esforços que
estão a ser envidados no mundo cristão para tal recomposição da plena
unidade querida por Cristo. E São Paulo assegura-nos que ‘a esperança não
desilude’.
Assim, ao mesmo tempo que continuamos a trabalhar a fim de obter do
Senhor a plena unidade, queremos que se intensifique a oração nesse
mesmo sentido. Ademais fazemos nosso o voto dos Padres da terceira
Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, isto é, que se colabore com maior
empenho com os irmãos cristãos com os quais não estamos ainda unidos
por uma comunhão perfeita, baseando-se sobre o fundamento do batismo e
sobre o patrimônio de fé que é de todos, para dar daqui por diante mais
amplo testemunho comum de Cristo diante do mundo. A isso nos impele o
mandamento do Cristo, exige-o a obra de pregar e de dar testemunho do
Evangelho”. (EN nº77).
CAPÍTULO IV
Estratégia E MOTODOLOGIA DA Evangelização
Neste capítulo apresentaremos a estratégia e tática (metodologia) que deve
ser empregada durante a evangelização. Isto é necessário tanto para os
evangelizadores como para os participantes, pois devem entender a
evangelização da forma mais abrangente, como um caminho, como etapa de
um processo e não como um evento isolado.
1. Evangelização no processo da renovação e crescimento da Igreja na
comunidade local.
Observando o cristianismo em nossas comunidades locais, nossas
paróquias, estamos percebendo uma situação que poderíamos chamar de
“diminutiva”. A participação nas Missas dominicais está diminuindo, na
vida cotidiana a fé e motivações religiosas estão ausentes, nas decisões da
vida, na solução dos problemas, a fé não exerce nenhuma influência. A
paróquia se apresenta como uma paróquia estática. Ela tem um ponto
permanente onde está o pároco que espera os paroquianos para atender
suas necessidades religiosas. Ele atende os fregueses nas igrejas,
eventualmente na sala de catequese ou no escritório paroquial. As pessoas,
“os fieis”, estão chegando a este ponto, na maioria das vezes por necessidade
ou pelo costume, tratando a igreja como, “sui generis”, “o ponto de serviços
religiosos”. Mas nem todos estão chegando e os que chagam são diminuindo.
Em todos os locais existem pessoas que não participam, indiferentes,
descrentes e este grupo cresce ano após ano. Os padres abrangem com o seu
atendimento só estes que ainda chegam. Mas não conseguem influenciá-los
que sendo o católico praticante que com fidelidade cumprem suas obrigações
religiosas devem despertar a verdadeira fé, a fé madura que se manifesta no
testemunho que tem poder de atrai outros para Deus. Na vida destes
“católicos corretos” não se percebe nenhum dinamismo apostólico,
missionário e evangelizador. Precisamos constatar sem exagero, se esta
tendência continuar, se este modelo de paróquia não mudar, então a nossa
Igreja está morrendo. Este modelo não tem em si a força nem capacidade de
barrar o crescente processo de secularização e descristianização das nossas
comunidades. Nesta situação a evangelização se apresenta como único meio
que pode solucionar esta tendência. Pois somente através da evangelização é
que podemos chegar a todas estas pessoas que estão afastados, indiferentes,
para lhes apresentar o Evangelho de uma forma totalmente nova, atraindo
os para a conversão, para que recebam Jesus como seu pessoal Salvador e
Senhor. Somente a evangelização tem poder de mudar a atitude das pessoas
que acreditam e praticam a religião da forma tradicional, estática,
infrutífera, para que sejam dinâmicos e assumam atitude missionária e
apostólica. Somente a ação evangelizadora tem poder de se opor na paróquia
a este processo de descristianização e reverter esta situação partindo para a
ofensiva e renovação. Mas, tem uma condição, a evangelização não pode ser
uma ação isolada e sim um começo, um elemento inicial que exige a
continuidade. O fruto da evangelização deve ser a formação de grupos de
pós-evangelização ou pós-missão onde todos que receberam Jesus como seu
pessoal Salvador e Senhor possam, num trabalho formativo, se tornar
cristãos maduros. (círculos bíblicos). Cristãos que vivem no seu dia a dia a
Palavra de Deus, rezam na forma pessoal, alimentam-se com a Eucaristia,
cultivam o espírito de conversão, testemunham a sua fé em Cristo, se
comprometem com a Igreja conforme carismas recebidos do Espírito Santo.
Esta
formação
permanente
que
podemos
também
chamar
o
deuterocatecumenato irá despertar novos apóstolos, missionários e
evangelizadores que serão co-responsáveis pela sua Igreja local, pelo seu
crescimento e sua vida, preocupados pelos que estão afastados, que ainda
não encontraram Jesus e não o receberam como seu pessoal Salvador e
Senhor.
Portanto, a evangelização, que gera a necessidade de uma evangelização
permanente é um elemento fundamental no processo de renovação da Igreja.
Somente esta estratégia tem poder de vencer os perigos que cercam a Igreja
por causa da morosidade das comunidades tradicionais.
2. Como fazer a evangelização?
O primeiro etapa da evangelização podemos comparar com a atuação de
São João Batista. (Tempo de São João Batista – Pré-missão). Ele chamava
as pessoas à conversão para que sejam prontos para a chegada de Cristo.
Antes de ouvirem o Evangelho, as pessoas são chamadas para a conversão,
para a transformação, para fazerem a penitência. Antes de começar a
evangelização propriamente dita, é necessário conscientizar as pessoas que
isto é importante. Arrancá-los deste letargo de auto-suficiência, desta falsa
convicção que são bons católicos. Precisa apresentar, através de dados
estatísticos, que nosso “autêntico catolicismo” é uma ficção, pois a nossa
vida não se apóia no Evangelho e sim nos desejos carnais, pois diminua
significativamente a participação nas Missas dominicais, pois aumenta o
número de casais que não procuram o sacramento do matrimonio, pois
cresce a indiferença diante dos irmãos necessitados, pois é igual a zero a
participação dos católicos nas obras sociais.
O segundo etapa é a preparação da equipe evangelizadora e a evangelização
propriamente dita. (Tempo de Jesus – Missão). Sobre isso já foi falado no
capítulo anterior. Este etapa podemos comparar com a situação do episódio
de bodas em Caná da Galiléia. Aqui o papel de Maria é indiscutível. Ela falou
aos serventes e fala também para nós: “Fazei tudo o que ele vos disser”
(Jo 2,5). Jesus disse então aos serventes e para nós: “Enchei as talhas de
água” (Jo 2,7). Os evangelizadores são enviados para, obedecendo a Jesus,
encherem estes vasos humanos com a água do conhecimento do próprio
Jesus e de tudo o que Ele ensinou e preparou para aqueles que O recebam.
O terceiro etapa é a pós-evangelização ou pós-missão. (Tempo do Espírito
Santo). Ele abrange todos aqueles que receberam Jesus e despertaram a
vontade de continuar unidos para conhecer mais Jesus e a sua obra.
Podemos comparar este etapa com a ação do Espírito Santo. São estas as
palavras de Jesus: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá
à verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará as coisas futuras”. (Jo 16,13). Agora é Ele que guia
a vida dos cristãos conduzindo os para uma fé madura, uma fé adulta. É o
tempo de formação. É o tempo de catecumenato.
Download