Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 PKS PUBLIC KNOWLEDGE PROJECT REVISTA DE GEOGRAFIA OJS OPEN (UFPE) JOURNAL www.ufpe.br/revistageografia SYSTEMS DESCRIÇÃO DO SISTEMA GEOFÍSICO DO ASSENTAMENTO PATATIVA DO ASSARÉ - PATOS/PB Aretuza Candeia de Melo1; Hugo Orlando Carvallo Guerra2 1 Doutora em Recursos Naturais pelo Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais (CTRN) da Universidade Federal de Campina Grande-PB. Mestre em Teoria da Região e Regionalização pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco – Recife/PE. Graduada em Geografia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patos-PB. Professora Titular do Centro de Educação do Curso de Licenciatura Plena em Geografia da Universidade Estadual da Paraíba - Campus I - Campina Grande-PB. E-mail: [email protected] / [email protected] 2 Pós-Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade de Concepción – Chile. Doutor em Relações Agua-Solo-Planta pela Universidade de North Dakota State – Estados Unidos. Mestre em Solos pela Universidade de North Dakota State – Estados Unidos. Graduado em Agronomia pela Universidade de Concepción - Chile. Professor Titular da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande – Campus I - Campina Grande-PB. E-mail: [email protected] Artigo recebido em 09/09/2012 e aceito em 02/10/2012 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo descrever o sistema geofísico do Projeto de Assentamento Patativa do Assaré no município de Patos-PB, com o intuito de avaliar as interrelações entre os fatores geológicos, geomorfológicos, climatológicos, fitogeográficos, pedológicos e hidrográficos sobre a paisagem do geossistema. Os resultados obtidos permitiram mostrar que a maior parte das terras do assentamento é formada por rochas graníticas, gnáissicas e micaxistos, pertencentes ao Complexo Cristalino; situando-se em terço médio de elevação, apresentando declividade litológica variável, que vai de plano (13,69%), suavemente ondulado, moderadamente ondulado, ondulado e fortemente ondulado (85,99%) e montanhoso (0,32%). O clima predominante é o BSh, quente e seco, com a estação seca prolongada; predomínio de vegetação de caatinga hiperxerófila e hipoxerófila. Com relação a pedologia, os solos encontrados na área são os LUVISSOLOS Crômicos Órticos típicos (74,26%), NEOSSOLOS Litólicos Eutróficos típicos (15,77%) e NEOSSOLOS Flúvicos Eutróficos (9,97%). Quanto à acidez dos solos, 20% apresentaram-se ácidos, 70% alcalinos e 10% neutros. A área do assentamento apresenta baixo potencial fluvial, com tipo de drenagem endorréica, dispondo de cinco reservatórios artificiais de água, que ocupam 5,55% da área total do assentamento Palavras-chave: Sistema, geofísico, assentamento. DESCRIPTION OF THE SETTLEMENT SYSTEM GEOPHYSICAL PATATIVA OF ASSARÉ - PATOS/PB ABSTRACT This project had as objective describe the geophysics system of the Patativa the Assaré Settlement in the city of Patos/PB, aiming evaluate the interrelationships among geologic, geomorphologic, climatological, phytogeographic, soil and hydrographic factors over the landscape geossystem. The obtained results permitted to show that most part of the soil of the settlement is composed of granitic rocks, gneiss and mica which belong to the Crystalline Complex; standing at third medium of elevation, presenting a lithological variable slope, Melo e Guerra, 2013 148 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 which goes from plain (13,69%), slightly wavy, moderately wavy, wavy and very wavy (85,99%) and mountainous (0,32%). The prevailing climate is the BSh, hot and dry, with a long dry period; prevailing vegetation is hiperxerofila caatinga and hiperxerofila. In regards to pedology, the soils found in the area are the typical Chromic Orthic LUVISOIL (74,26%), the typical Euthropic Entisoil NEOSOIL (15,77%), and the typical Euthropic Fluvent NEOSOIL (9,97%). Regarding the soil acidity, 20% was acid, 70% was alkaline, and 10% was neutral. The settlement area presents low fluvial potential, with endrheic drainage, with five artificial water reservatories which occupy 5,55% of the total settlement area Keywords: System, geophysicist, settlement. inclinação INTRODUÇÃO O Semiárido brasileiro se estende por uma área que abrange a maior parte dos estados da região Nordeste (86,48%), a região setentrional do Estado de Minas Gerais (11,01%) e o norte do Espírito Santo (2,51%), ocupando uma área total de 976.743,3 Km2. É uma região que possui caracacterísticas naturais singulares, apresentando em boa parte dessa área a presença de registros geológicos da era précambiana, clima semiárido, vegetação de caatinga, irregularidade de chuvas, solos secos, rasos intermitentes e pedregosos, e deficit rios hidríco (SUASSUNA, 2002). O clima apresenta-se como a principal característica do sistema geofísico da região, como elemento natural determinante; sendo a seca o principal fator de percepção no saber popular regional. veiculado e difundido através dos meios de comunicação sobre a paisagem. Esquecendo que o indicador clima deve ser comparado com outros elementos, como a distribuição das chuvas durante o ano, a formação geológica, com dominância de rochas sedimentares Melo e Guerra, 2013 ou cristalinas, a do relevo dentre outros (RIBEIRO, 1999). Ribeiro (1999) descreve que nos estudos do sistema geofísico do Semiárido nordestino as análisadas e paisagens destacadas devem ser conforme as diferenças ocorridas no espaço e no tempo, entre os elementos do processo, tanto do potencial biológico (litologia, relevo, clima e hidrografia) como da exploração biológica (solo, vegetação e fauna). Essa complexos região se sistemas define por morfo-bio-pedo- climáticos que resultam do encadeamento entre clima-vegetação-alteração-solos- erosãomodelado-relevo e paisagens (MELO, 1998a). Esta abordagem perpassa pela paisagem do Assentamento Patativa do Assaré que expressa muito bem a influência desses elementos interrelacionados aos fatores zonais, característicos da zona tropical, como o clima e dos azonais, como a continentalidade, relevo, vento entre outros (MELO, 1998a). Portanto, este trabalho teve como objetivo descrever o sistema geofísico do Assentamento Patativa do Assaré, no município de Patos-PB, instituído pelo 149 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 INCRA-PB, em 05 de novembro de 2003, associados a certos tipos de exploração com o intuito de avaliar as correlações biológica. entre os elementos morfogenéticos sobre a paisagem da área em estudo. Na maior parte do tempo, a paisagem do Semiárido é constituída de espaços diversificados, que denotam os REVISÃO DE LITERATURA O sistema vários estágios de sua evolução no tempo e morfogenético ou no espaço, sendo mais sensíveis à sistema físico pode ser definido como um observação visual. Com a introdução do conjunto complexo de ações relacionado a homem no Semiárido, exercendo pressões um sistema morfoclimático controlado por por meio do desenvolvimento de atividades fatores geomorfológicos, diretas ou indiretas sobre ele, o mesmo climatológicos, fitográficos, pedológicos e deixou de ser um complexo de relações hidrográficos determinado entre os componentes bióticos e abióticos e geossistema regional e/ou territorial. É se transformou em um complexo natural importante destacar que cada sistema antropizado, denota um geossistema diferenciado, que (JANISE & LEONARDO, 2007). geológicos, de um resulta em variadas paisagens que se A denominado estrutura geossistema litológica que traduzem em uma unidade de formas e predomina no Semiárido é composta por fisionomias rochas gnaisses, migmatitos e os micaxistos diversificadas dentro do mesmo ambiente. Um dos fatores mais que, marcantes do domínio morfogenético da superfícies erodidas pavimentadas com paisagem do Semiárido nordestino é o seixos angulosos de quartzo, provenientes clima, que repercute sobre os demais dos filões que armam estas rochas “in situ”, componentes do sistema morfogenético e ou então, com uma mistura desses seixos e dos processos ambientais e antrópicos fragmentos provenientes da desagregação (AB’SABER, 1967). mecânica das rochas. Esse sistema é geralmemente, dão origem à Para Ab’Saber (2003) o Semiárido marcado pela coexistência de processos nordestino é uma região com posição mecânicos ou físicos de desagregação das azonal e, portanto, um raro exemplo de rochas durante a estação seca e de domínio morfoclimático intertropical, seco processos e bioquímica, semiárido, situado em latitudes de alteração muito química deficientes e e subequatoriais. Essa região é o resultado de incompletos e suas modalidades erosivas um complexo potencial ecológico que desempenham um papel fundamental na reflete as relações dos fatores físicos Melo e Guerra, 2013 150 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 morfogênese do Semiárido (AB’SABER, típicos das regiões tropicais úmidas, porém 2003). incompletos, uma vez que esta é muito O sistema é curta. A estação seca é longa e pode se marcado topograficamente por pedimentos. prolongar por vários meses ou anos (secas Estes são formados por rochas cristalinas periódicas). As chuvas são mal distribuídas circundada, algumas vezes, por rochas no tempo e no espaço. Como resultado, sedimentares, definido como uma vertente tem-se uma combinação complexa de longa, regular, dominada a montante por processos físicos e biológicos que lhe dão um relevo (maciço montanhoso, serra, características peculiares. serrote, De acordo com Lima (1989), os contrastes lajedos, rochosos, geomorfológico matacões, amontoados inselbergs), térmicos são pouco significativos modesta. anuais entre 24º C e 28º C, média das Associado ao relevo, esse sistema torna o temperaturas no inverno de 22º C, média quadro climático da região diversificado e das temperaturas no verão de 34º C e 38º complexo, sobretudo, quanto ao regime C). Entre essas estações (seca e chuvosa) pluviométrico que apresenta uma grande ocorrem variabilidade no tempo e no espaço. A estes relacionadas com a cobertura vegetal e com dois fatores de ação direta sobre o clima, se os acrescenta a posição geográfica da região pedogenéticos, responsáveis pela formação com relação aos sistemas meridionais e do zonais da circulação atmosférica, de que respectivamente. A vegetação é adaptada a resultam essa irregularidade e aos solos que, na sua os declividade sistemas um e (amplitude de 5º C, média das temperaturas com por blocos plano inclinado formado de pontões regionais de perturbações processos modelado nas condições morfogenéticos relevo e dos e solos, instabilidade ou estabilidade do tempo maioria, são rasos e pedregosos. (MELO 1998a). A estação chuvosa e a seca são bem Segundo Boyé (1999), o clima tropical definidas na paisagem dessa região. Esse semiárido apresenta uma estação chuvosa ritmo curta entre 3 a 5 meses, registrando chuvas variações dos aspectos fisionômicos da por vezes em apenas dois meses, que caatinga que, de uma estação para a outra, alterna com uma estação úmida curta, perde principalmente nos meses de março e abril. desaparecem e outros ressecam. A caatinga, Inversamente, durante a estação chuvosa, tipo vegetacional predominante da região verifica-se a ocorrência de processos Semiárida, mostra uma grande variação Melo e Guerra, 2013 se as reflete, folhas, principalmente, alguns 151 nas estratos Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 fisionômica e florística, relacionada à comportamento com relação à água. Nos heterogeneidade do clima, solo e relevo, as solos com textura arenosa, sob climas quais apresentam características xerofíticas semiáridos com longa estação seca, a (JANISE & LEONARDO, 2007). lixiviação é reduzida em virtude de sua Percebe-se que a pedogênese e as forte permeabilidade e de sua fraca condições edáficas do Semiárido são capacidade de retenção da água. Esta fenômenos complexos que integram não penetra nas partes mais profundas do solo e somente condições climáticas e litológicas armazena-se ao abrigo da evaporação como também diferentes fatores, tais como: (KUHLMANN, 1984). os aspectos geológicos, o modelado do Ainda de acordo com Kuhlmann relevo e sua exposição à umidade e a chuva (1984), a textura arenosa assegura uma (BOYÉ, 1999). A paisagem das caatingas, reserva de água que é colocada à disposição apresentam que das raízes, permitindo, desse modo, que as importante, plantas atravessem a estação seca, se os condições desempenham sobretudo, no um que edáficas papel diz respeito ao anos forem normais. Os solos com textura comportamento da água do solo, principal argilosa, embora dotados de uma fertilidade fator limitante nesses climas e também mais elevada do que a dos solos arenosos, potencializador da erosão hídrica. mas não totalmente utilizáveis devido à No Semiárido, a falta de água insuficiência da hidrólise dos minerais e do durante a estação seca e a pouca matéria seu comportamento com relação à água, orgânica fornecida ao solo pela vegetação, são pouco permeáveis porque a água é limitam pedogenéticos, rapidamente bloqueada na superfície por evoluam lentamente. causa da elevada capacidade de retenção Aliada a esses fatores, a morfogênese desses solos compactados. Encharcados na promovida estação os processos fazendo com que também pelos contribui agentes para mecânicos, interferir úmida, logo dessecados e na endurecidos, desde que cessam as chuvas, pedogênese. As chuvas, mesmo as de esses solos apresentam limitações sérias menor intensidade, atuam sobre as fracas para o desenvolvimento da vegetação e inclinações dos pediplanos e têm forte ação para as culturas agrícolas, principalmente, erosiva porque a ausência do tapete provenientes do escoamento superficial. herbáceo nessa estação não impede o Conforme Melo (1998a) o escoamento superficial. A textura dos solos escoamento superficial na região Semiárida intervém na pedogênese através do seu ocupa um lugar importante da dinâmica da Melo e Guerra, 2013 152 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 Caatinga, tanto hipoxerofila como a afloramentos rochosos, lajedos, matacões, hiperxerofila. A vegetação caducifólia, com maciços uma taxa de cobertura do solo muito descontinuidades litológicas ou pequenas variável, explica porque o escoamento logo rupturas na declividade. A dinâmica do após as enxurradas tem um forte poder escoamento superficial se processa de duas erosivo. maneiras, segundo Melo (1998b): Os detritos oriundos do de vegetação, árvores, intemperismo são transportados pelas águas 1. O escoamento como fase inicial de que escoam na superfície do solo e alimentação do escoamento organizado em exercem, eles próprios, uma ação erosiva in um sistema de drenagem; situ para, em seguida, se depositarem nas 2. O escoamento superficial, agente da partes mais baixas do relevo. erosão hídrica que atinge particularmente Segundo Ab´Saber (1980), por efeito do escoamento superficial produzemse acumulações de soluções salinas em as terras cultivadas e que apresenta quatro modalidades: a) laminar, quando há remoção torno dos perímetros irrigados, baixios, homogênea várzeas e represas. No Semiárido, onde a formando sulcos; água escassa e a pedogênese funcionam lentamente, os solos são rasos e, na sua maioria, pedregosos. Alguns deles são propensos a problemas de salinização e alcalinização. A matéria orgânica e o de uma capa de solos, b) difuso, quando organizado em filetes de água; c) em lençol, quando os córregos se reúnem formando um lençol de água; d) concentrado, formando ravinas. húmus existem em menor quantidade do Albuquerque (1970) considera que nos geossistemas úmidos e sua dois tipos de escoamento: 1) o escoamento decomposição é muito lenta em virtude da de saturação, que ocorre quando os solos duração da estação seca. são saturados de água por causa de chuvas Conforme Melo (1980), as águas prolongadas; 2) e o escoamento superficial escoam e carregam os detritos provenientes de intensidade, quando a intensidade das das rochas alteradas e desagregadas para as chuvas partes mais baixas. Todas as encostas infiltração. apresentam micro-formas arqueadas para granulometria das formações superficiais montante, resultando ao mesmo tempo do (teor em argila ou em silte), declividade do escoamento superficial difuso e em lençol, terreno, índice pluviométrico e sua duração. que contorna Melo e Guerra, 2013 obstáculos, tais ultrapassa a Ambos como: 153 velocidade de dependem da Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 Na concepção de Koechlin & Este é o quadro da paisagem Melo (1990), o escoamento e a erosão sistêmica subsequente algumas Portanto, é todo um complexo de condições variáveis, tais como utilização do solo, que favorece o escoamento superficial, o estado atual da vegetação, propriedades qual não é impedido pela vegetação, físicas do solo, repartição e regime das sobretudo, se ela for representada por chuvas, declividade e comprimento da vegetações baixas e esparsas se o clima for encosta. As características estruturais da mais seco e o pedoclima mais árido, como vegetação e sua taxa de recobrimento do é solo, a periodicidade caracterizada pela (BERTRAND, perda das folhas durante a estação seca e a condições do sistema geofísico dessa região ausência de tapete herbáceo favorecem a apresentam frágeis e agravadas pelas ações ação mecânica do escoamento superficial. antropicas secular, que podem favorecer a Sobre os solos expostos, o impacto das formação de núcleos de desertificação em chuvas dá origem a uma crosta erodida de vários estados do Nordeste, e em especial alguns milímetros ou centrímetros de da Paraíba. dependem de o do caso Semiárido da caatinga 1972). No nordestino. hiperxerófila geral, as espessura que modifica o regime hídrico dos solos e favorece o escoamento MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada numa superficial difuso. Conforme Albuquerque (1970), os antiga área pertencente à Fazenda Jacú, maciços de vegetação, as árvores isoladas e atualmente conhecida como Assentamento os Patativa afloramentos rochosos constituem do Assaré. Localiza-se no obstáculos à concentração do escoamento Nordeste brasileiro no Estado da Paraíba na das águas e este, toma sempre a forma mesorregião do Sertão Paraibano, no difusa. No conjunto dos pedimentos e Município de Patos, especificamente no vertentes submetidos a estas ações, o Distrito de Santa Gertrudes, distante 14 km escoamento se organiza em sulcos, assim da sede municipal e cerca de 310 km de que encontra os obstáculos mencionados, João Pessoa, capital do Estado da Paraíba concentrando-se e (Figura 1). Integra a Bacia do Rio Piranhas, carregando as argilas, siltes e areias finas inserido no Semiárido nordestino. Possui para as partes baixas das encostas, terraços uma área de 2.239,60 ha e encontra-se às fluviais e fundos dos vales, rios, córregos e margens das Rodovias Federais BR-230, no riachos. trecho que liga Patos a Pombal e da BR- Melo e Guerra, 2013 logo após eles 154 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 110 que liga Patos ao município de Serra Negra do Norte-RN (INCRA-PB, 2010). Figura 1: Localização do Assentamento Patativa do Assaré. Fonte: IBGE, 2007 e LAGUAEF/UFCG, 2011. Trata-se de um Projeto de O método empírico-analítico Assentamento Rural (P.A), criado no dia 05 utilizado nessa pesquisa resultou de um de novembro de 2003 e reconhecido através levantamento da 2003.82.01.006671-1 oportunizando a observação, interpretação (SR/18/PB) pelo INCRA-PB (INCRA-PB, e análise da paisagem, relacionado a 2003). A área do assentamento caracteriza- conhecimentos teórico-práticos da região, se por apresentar fortes limitações físicas e no qual se buscou descrever os atributos ambientais, por estar inserida numa Zona físicos como a geologia, climatologia, Intertropical susceptivel a processos e pedologia e a hidrografia, separadamente. Portaria Nº núcleos de desertificação. Antes de ser teórico Quanto ao e documental, método inventário implementada como assentamento, essa utilitário por amostragem (tamanho da area era utilizada com culturas do algodão e amostra por quadrado ou comprimento) a variou em função dos atributos geofísicos criação de gado, pela Empresa Agropecuária Wanderley Ltda. A embasou-se metodologia nos métodos selecionados. Esse caracterizou-se pela empregada empírico- pequisa de campo de natureza generalizada semi-detalhada, utilizado pelo INCRA analítico (GIL, 1999) e de inventário (2010) e EMBRAPA (1996); compreendeu utilitário por amostragem (INCRA, 2010 e a EMBRAPA, 1996). observatória. Dada sua capacidade semi- análise científica exploratória e detalhadora foi utilizado para analisar e Melo e Guerra, 2013 155 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 descrever os elementos geofísicos como a A segunda etapa foi norteada pela geomorfologia, fitografia e a pedologia, pesquisa de campo. Essa atividade in loco, isoladamente. principalmente, buscou descrever os A técnica utilizada nesse estudo atributos geomorfológicos, fitográficos e foi a exploratório-descritiva, baseada na pedológicos da área pesquisada, tendo pesquisa bibliográfica, documental e de como base o referencial de diversos estudos campo (SAMPIERI, et. al., 2006). O do sistema geofísico regional, sobre a presente trabalho procurou verificar se os temática descrita. Foram realizados os atributos seguintes procedimentos: geofísicos regionais são os mesmos encontrados no Assentamento Patativa do Assaré. utilizada Na primeira etapa foi realizada a descrição dos elementos climatológicos, a) Na análise geomorfológica foi geológicos, ferramenta do georreferenciamento com GPS, a partir do plano de reclassificação do Modelo Digital e de Elevação do Terreno, a partir do qual foi de elaborado o mapa da declividade, conforme pesquisas bibliográficas e documentais, a classificação de intervalos das classes no extraidos de diversos órgãos do Estado da LAGUAEF/UFCG1 (2011), por meio do Paraíba e federal. Essa etapa seguiu os programa SIG-Idrise Andes, V. 14.0 e do seguintes procedimentos: AutoCAD 2006. hidrográficos, pedológicos a obtidos por meio a) A descrição geológica e climática b) Com relação à classificação seguiu a determinação do levantamento da fitográfica foi utilizada a técnica de pesquisa bibliográfica, amostragem de modo aleatório, numa elaborados nas documental, adjacências da área estudada. escala de 200 metros de um ponto a outro, seguindo os atributos da caatinga arbustiva b) Para a classificação pedológica, e arbórea, no qual foram destacados para a com base nas classes de solos, foram classificação dessas espécies o nome vulgar utilizados os trabalhos realizados pelo o (regional), simbologia, nome científico e INCRA-PB e EMBRAPA no âmbito do família. assentamento. c) As c) Para a classificação e análise das informações dos recursos classes de intervalos do pH dos solos, foi hídricos foram obtidas de dados fornecidos utilizada a técnica de abertura de trincheiras pelo o INCRA-PB e AESA. 1 Laboratório de Geoprocessamento da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande. Melo e Guerra, 2013 156 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 de modo aleatório, numa escala de 200 magmáticas e as metamórficas, sendo metros de um ponto a outro. Foram ambas coletadas terrenos cristalinos; constitui-se de uma 30 amostras em campo e enviados ao LASAG2 (2011). habitualmente sequência denominadas migmatizada, de deformada, subordinada em dois domínios principais: RESULTADOS E DISCUSSÃO biotita-gnaisses Geologia ortognaisses migmatizados e granito-granodiroríticos, os Assentamento quais se encontram geralmente associados Patativa do Assaré indica um estágio aos micaxistos e granitos, incluindo diques avançado do processo de pediplanação de de quartzo. Com base em Ab’Saber (2003), feição dominante, constituindo uma vasta os planura ondulados, micaxistos e granitos, bastante susceptíveis unidade à ação do intemperismo químico desta área A geologia com do aspectos encontrando-se sobre litoestratigráfica que a se constitui de graníticos, dão origem gnáissicos, a superfícies migmatitos, erodidas, afloramento sobre rochas muito antigas. De pavimentadas com seixos angulosos de acordo com a CDRM (1982), a área fica quartzo provenientes dos filões que armam inserida no Complexo Nordestino da estas rochas “in situ”, ou então, com uma unidade mistura litoestratigráfica da era Pré- desses seixos e fragmentos Cambriana do período Paleoproterozóico, provenientes da desagregação mecânica das denominado rochas. de Complexo Gnáissico- O Migmatítico. Apresenta quase que em sua Complexo Gnáissico- embasamento Migmatítico é marcado por um tectonismo cristalino, estando inserida nas Folhas Patos intenso, onde as zonas de cizalhamento, (SB.24.Z-D-I) e Serra Negra do Norte fraturamentos, dobramentos e falhamentos (SB.24-Z-B-IV) (SUDEMA, 2004). dispersos por toda a área do assentamento totalidade, rochas Scheid classificam do Ferreira (1991) favoreceu a ocorrência de superfícies unidade como planas ou de ondulações suaves (CPRM, afloramento sobre 2005). & essa litoestratigráfica de Complexo Considerando os estudos de Leal, representadas et. al., (2005), o resultado da origem do predominantemente pelas rochas ígneas ou substrato geológico sobre o geossistema do rochas muito antigas Gnáissico-Migmatítico, do assentamento condicionou uma estrutura 2 Laboratório de Solo e Água da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande. Melo e Guerra, 2013 litoestratigráfica constituída 157 por solos Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 predregosos e rasos, com a rocha-mãe vertentes curtas, topos arredondados e vales escassamente decomposta a profundidades secos e abertos, configurando-se assim, exíguas e muitos afloramentos de rochas. restos de superfícies erosivas formadas em A limitação de áreas com declives acentuados originou-se do processo de pediplanação seguindo A superfície de pedimentação da processos erosivos (TRICART, 1994): o área apresenta cotas altimétricas com primeiro, esfoliação milimétrica, peculiar a mínima de 210m e máxima de 401m. Situa- este geossistema e com apenas alguns se milímetros de profundidade, resulta em apresentando sedimentos levados pelas águas correntes variável, segundo a classificação de Prado dos pedimentos, modelando as áreas mais (1995), que vai de plano (Classe A - inclinadas; 13,69%), o segundo tipos sob o clima semiárido (CPRM, 2005). de e dois condições de morfogênese pela dissecação processo, em terço médio de declividade litológica suavemente ondulado, esfoliação métrica, apresenta cerca de um moderadamente metro de profundidade e manifesta fissuras fortemente ondulado (Classes B, C, D, E - paralelas à superfície do embasamento, 85,99%) e montanhoso (Classe F - 0,32%) - com (PESQUISA DE CAMPO, 2011). As grandes blocos de rochas de embasamento cristalino. características ondulado, elevação, das seis ondulado classes e de declividade estão assim discriminadas e Geomorfologia O como pode ser observada na Figura 2: Assentamento do a) Classe A - O declive do terreno Assaré estende-se pelas áreas aplainadas do não oferece dificuldade quanto ao uso de Sertão de culturas agrícolas, não apresenta erosão Depressão hídrica significativa, salvo solos altamente Sertaneja, que faz parte do Domínio das suscetíveis ao receberem enxurradas de Depressões Periféricas e Interplanálticas do áreas vizinhas de maior declive. Paraibano, Depressão de Patativa denominada Patos ou Sertão Nordestino, que circundam os b) Classes B, C, D, E - Nestas classes contornos do Planalto da Borborema na agregadas, a declividade das classes B e C Paraíba (AB’SABER, 2003). A superfície apresentam características semelhantes às do assentamento converge para o Baixo da classe A. Já as classes D e E, apresentam Sertão Paraibano, apresentando evidências solos com alto índice de erodibilidade tipológicas de relevo que variam de plano a tornando-se necessária a implementação de ondulado; são registrados níveis suspensos terraceamentos. de pedimentação, Melo e Guerra, 2013 caracterizado pelas 158 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 c) Classe F - Compreende as áreas extremamente suscetível à erosão hídrica e com declives acentuados (montanhoso), eólica; portanto, deve-se promover o chegando a determinados pontos a 401 reflorestamento, objetivando a proteção da metros de altitude. Esta classe não permite área declivosa. A Figura 1 e a Tabela 1 qualquer tipo de cultura ou qualquer outra demonstram a classificação de intervalos de forma de exploração (a não ser culturas classes mais leves, com limitações). O solo nesta Patativa do Assaré. de declive do Assentamento declividade, sem cobertura vegetal, é Figura 2: Mapa da declividade do Assentamento Patativa do Assaré. Fonte: LAGUAEF/UFCG, 2011. Tabela 1 - Classificação de intervalos de classes de declive Classes de Declividade (%) 0–2 306,48 % em Relação ao Assentamento 13,69 2–5 890,53 39,77 Moderadamente Ondulado Ondulado 5 – 10 10 – 15 819,62 140,27 36,59 6,27 E Fortemente Ondulado 15 – 45 75,43 3,36 F Montanhoso 45 – 70 - 7,27 2.239,6 0,32 100,00 Classes de Relevo A Plano B Suavemente Ondulado C D Total Área (ha) Fonte: Adaptado de Prado (1995) e Pesquisa de campo, 2011. Observou-se que quanto à classe moderadamente ondulada (5-10%), de declive, a primeira classe em área representando 36,59% e a terceira classe ocupada é a suavemente ondulada (2-5%), (0-2%), é a plana, que ocupa 13,69% da representando 39,77%, seguida da classe área total; a classe de declive ondulada (10- Melo e Guerra, 2013 159 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 15%) apresentando 6,27% da área total, ocorrência de serras e serrotes, que são sendo a quarta maior classe; a classe de massas declive fortemente ondulada (15-45%) elevações isoladas disseminadas sobre a compreendendo 3,36% e a classe com superfície pediplanada com a presença de declive montanhosa (45-70%)correspondeu matacões, seixos, lajedos, cristas e serras a 0,32% da área total do assentamento. formando relevos residuais, simétricas ou predominantemente rochosas, Segundo Melo (1998a), a região assimétricas, com topo por vezes plano a onde se insere a área do assentamento ondulado, às vezes contendo vegetação, apresenta flancos mais ou menos regulares ou multi- algumas características geomorfológicas que são: convexos e desprovidos de cobertura a) topo maciço, de forma convexa vegetal. e/ou com modelado ruiniforme, associado A área do assentamento está ou não com pequenos agrupamentos de circundada por um pediplano, formado por vegetação uma lenhosa ou sub-lenhosa e rupícola; superfície desenvolvida de a erosão partir sedimentar de agentes b) parte inferior soterrada sob blocos modeladores exógenos tais como o clima e de diversos tamanhos, provenientes da a chuva (ROSS, 2005). Essa erosão fragmentação rochas, sedimentar é geralmente com ou sem vegetação. São frequência nas também encontrados relevos residuais, vegetação, nas proximidades dos Rios exíguos Panaty e Santa Gertrudes, além dos riachos ou mecânica com maior das envergadura, isolados, agrupados ou em maciços altos c) Têm geralmente uma repartição áreas com desprovidas mais de e estradas que cortam o assentamento. (altura nunca excedendo os 401 metros), ou rebaixados quase ao nível do solo; verificada Observou-se que essa modelagem geomorfológica está condicionada pelos fatores climáticos regionais posição em relação à drenagem, seja por determinantes para a formação dos solos e sua maior resistência aos processos de dos alteração e de desagregação mecânica, seja assim, que a força dos agentes exógenos por esses dois fatores ao mesmo tempo. (naturais) e antrópicos são determinantes processos por pluviométricos determinada, seja por sua localização ou Ao se analisar a geomorfologia da que, e sua erosivos são evidenciando, para a dinâmica do geossistema estudado. área do assentamento tomando por base os trabalhos de Tricart (1997), observou-se a Melo e Guerra, 2013 vez, 160 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 insolação de, aproximadamente, 2.455 Climatologia A climatologia está incluída no horas/ano e a umidade relativa do ar domínio semiárido subequatorial e tropical apresenta uma variação média anual entre que constitui o chamado Polígono das 59 e 76% (AESA, 2010). Secas. De acordo com a classificação de A estação chuvosa é regulada Köppen, o clima predominante é do tipo principalmente pelas variações da Zona de BSh (quente e seco), marcado por uma Convergência Intertropical (ZCIT), que é estação seca prolongada e outra mais curta, relevante para a convergência de ventos com chuvas de verão (BRASIL-MA, 1978). para a determinação do clima tropical classificação semiárido. Nas estações de verão-outono, a bioclimática de Gaussen, domina na área o Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) tipo 4aTh termoxeroquimênico acentuado tende a se deslocar em direção ao sul (rumo (tropical acentuada) à linha do Equador), proporcionando o características chamado período chuvoso ou inverno, parâmetros ocorrendo a partir de janeiro até abril Segundo quente (IDEME, extremas 2000), dentre a de seca com os meteorológicos: alta radiação solar, baixa (AB’SABER, 2003). nebulosidade, altas temperaturas média O assentamento está inserido em anual, baixas taxas de umidade relativa do área que sofre uma concentração de 50 a ar, evapotranspiração potencial elevada e, 70% de chuvas em apenas três meses, sobretudo, e constituindo-se em um clima sazonal muito irregulares, limitadas a um período muito forte (AESA, 2010). Devido às oscilações curto no ano (LEAL, et. al., 2005). dos precipitações baixas De acordo com o PERH-PB elementos insolação, climáticos (temperaura, baixo índice pluvimétrico, (2006), a temperatura média anual é 26,5º estiagem prolongada entre outros), podem C, com mínimas de 20,8 e máximas de ocasionar secas em períodos consecutivos. 32,8º C, apresentando índices xerotérmicos Em determinados anos a estiagem na área que variam de 200 a 300 mm/aa. A resulta numa estação seca com duração de precipitação média anual oscila em torno de sete a nove meses, chegando a prolongar-se 400 a 800 mm/aa, sendo sua pluviometria até por alguns anos. bastante irregular, com altas taxas de Estudando a região da evapotranspiração que contribuem para a microrregião de Patos, Melo (1998a) formação de rios temporários com pouca concluiu que o fenômeno das secas afeta de retenção de água subterrânea, com uma maneira Melo e Guerra, 2013 endêmica provocando 161 sérios Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 impactos sobre o meio natural, social, do Semiárido no Domínio das Caatingas econômico e ambiental. A seca na área é com 1.304,11 ha de caatinga arbustivo- compreendida fenômeno arbórea aberta e caatinga arbustivo-arbórea meteorológico que ocorre quando as chuvas fechada. Para Silva (1986), as caatingas são inferiores à média durante um ano ou podem ser caracterizadas como matas vários anos consecutivos e está relacionada arbustivas a anomalias no sistema de circulação compreendendo, principalmente, árvores e atmosférica da Zona de Convergência arbustos Intertropical (ZCIT). apresentam espinhos, microfilia (tamanho como um Melo (1998a) identificou três tipos de secas na região: e baixos, arbóreas savanizadas, muitos dos quais reduzido dos organismos que economizam água e alimentos) e algumas características 1. Seca hidrológica é uma diminuição xerofíticas. Conforme Maia (2004), tais do escoamento dos rios e o rebaixamento características xerofíticas estão associadas dos lençóis freáticos com relação à normal com caules carnudos para armazenar água, conhecida. folhas reduzidas, raízes longas e a queda 2. Seca edáfica é a diminuição da infiltração da água no das folhas que ao cobrirem o solo, solo, protegem as plantas contra a alta insolação, consequentemente menor umidade do solo impedindo que o solo sofra erosão e proteja em período de estiagem, o que vem os seres vivos que nele vivem. acentuar a aridez do meio. Como na área os A vegetação da área estudada, por solos são poucos desenvolvidos, possuem está localizado no Domínio Semiárido, é reduzida capacidade de retenção hídrica dotada favorecendo a seca edáfica. adaptado ao xerofilismo. As caatingas na 3. Seca agrícola é um déficit hídrico área de do um mecanismo assentamento funcional apresentam durante o ciclo vegetativo das culturas. Ela características é determinada em relação às necessidades constituídas por uma vegetação que abriga de água pelas atividades agrícolas e muitas espécies. acontece quando estes recursos tornam-se rarefeitos. heterogêneas, sendo As fisionomias são muito variadas, dependendo do regime de chuvas e do tipo de solo; com relação ao porte, identificam- Fitografia Fitograficamente se desde as matas baixas a altas com 5 o assentamento, com base nos estudos realizados por Tricart centímetros (arbustos) 10 metros (arbóreos) de altura, em áreas de solos (1994), encontra-se inserido numa porção Melo e Guerra, 2013 até 162 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 secos ou em áreas mais úmidas, até adaptação ao meio (composição pedológica afloramentos de solos rasos e pedregosos, escassez e rochosos com arbustos esparsos e espalhados, com cactos nas irregularidade fendas. espécies As tipologias vegetacionais nas chuvas); encontram-se algumas em fase de regeneração, variando entre 5 centímetros a predominantes no assentamento, refletem 3 as condições do meio em que ocorrem. fisionômicos Basicamente estão associadas a dois tipos: diretamente relacionados às características hipoxerófila Essas edafo-climáticas e ocorrem em tempos e longa espaços diferentes, provocando grandes adaptação às condições de semiaridez e que contrastes entre os períodos secos e atestam chuvosos. formações e hiperxerófila. resultam uma paleoclimática de uma relativa que estabilidade compreendem metros de altura. e Os contrastes vegetacionais estão as Há predominância na área, das formações xerófilas lenhosas, em geral tipologias de caatinga arbustivo-arbórea espinhosas plantas aberta, caatinga arbustivo-arbórea fechada, suculentas, com tapete herbáceo estacional. além da herbácea. Na Tabela 2, encontram- entremeadas A vegetação de que ocorre no assentamento, pode ainda ser caracterizada se as espécies vegetais mais frequentes na área. quanto à fisionomia em caatinga arbustivoarbórea aberta e caatinga arbustivo-arbórea fechada. Tais formações refletem a Tabela 2 - Espécies vegetais mais frequentes do Assentamento Patativa do Assaré Nome Vulgar Simbologia Nome Científico Angico Ang Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan. Jurema preta Jurema branca Sabiá Aroeira Baraúna Algaroba Cumaru Mata-pasto Mulungu Umari Capim elefante Cardeiro Facheiro Mandacaru Xique-xique Jup Jub Sab Aro Bar Alg Cum Mtp Mul Uma Cae Cad Fac Man Xiq Mimosa tenuiflora (Willd.) Poiret. Piptadenia stipulaceae (Benth.) Ducke. Mimosa caesalpiniifolia Benth. Myracrodruon urundeuva Fr. All. Schinopsis brasiliensis Engl. Prosopis juliflora (Sw.) DC. Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm. Senna obtusifolia (L.) H. S. Erythrina velutina Jacq. Geoffraea spinosa Pennisetum purpureum Schum Cereus giganteus sp. Cereus squamosus Guerke Cereus giganteus D.C. Pilosocereus gounellei Weber. Melo e Guerra, 2013 Família Mimosaceae Anacardiaceae Leguminosae Poaceae Cactaceae 163 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 Catingueira Mororó Craibeira Carnaúba Favela Marmeleiro Velame Imburana Juazeiro Macambira Mofumbo Pereiro Cat Mor Cra Car Fav Mar Vel Imb Jua Mac Mof Per Poincianella poycianella (Tul.) L. P. Queiros Caesalpiniaceae Bauhinia fortificata Lin. Tabebuia áurea Bignoniaceae Copernicia prunifera Arecaceae Cnidosculus phylloncanthus Pax.& K.Huf. Cróton sonderianus Muell. Euphorbiaceae Croton campestris A. St. Hil. Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet. Burseraceae Rhamnaceae Zizyphus jozeiro Mart. Bromélia laciniosa (Mart.) Ex. Schult. Bromeliaceae Combretum leprosum Mart. Combretaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. Apocynanceae Fonte : Pesquisa de campo, 2011. Com relação às espécies, foi catingueira, xique-xique, observado que as mais frequentes na área facheiro, mata-pasto, angico, são: a jurema preta, seguida da favela, elefante, dentre outras (Gráfico 1). algaroba, capim Gráfico 1: Espécies vegetais com maior frequência no Assentamento Patativa do Assaré. Fonte: Pesquisa de campo, 2011. Melo e Guerra, 2013 164 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 No Gráfico 2, estão listadas as Todas estas famílias exibem famílias das espécies vegetacionais mais características de espécies de clima bem representadas no Assentamento, que semiárido, que são espontâneas, densas, totalizam 14, perfazendo uma soma de 28 baixas, retorcidas, de aspecto seco, com espécies da caatinga, nas quais se raízes rasas, de folhas pequenas de destacam caráter xérico e umas poucas plantas com Mimosaceae, Leguminosae, Cactaceae, com 14,29% de cada uma das espécies encontradas (42,87%). Em seguida Caesalpinaceae e representando 10,71% aparecem órgãos de reservas subterrâneas. Com fulcro nos estudos as desenvolvidos por Aubreville (1961), Euphorbiaceae, conclui-se que a fitogeografia da área, em uma virtude da aridez climática e edáfica, (21,42%), além da Anacardiaceae, que deveria apresentar características nítidas corresponde a 7,15%. As demais famílias de pobreza em espécies, famílias e como uniformidade, Plantagineae, cada Bignoniaceae, mas, adaptam-se Arecaceae, Burseraceae, Rhamnaceae, facilmente as altas temperaturas e à Bromeliaceae, e evapotranspiração do ambiente semiárido Apocynanceae, mesmo que em menor e, de certa forma, mesmo em ambientes proporção, apresentou 3,57% cada uma submetidos às fortes pressões antrópicas, (28,56%) - (PESQUISA DE CAMPO, ainda apresentam significativa riqueza 2011) – (Gráfico 2). vegetacional, como as espécies citadas Combretaceae nesta pesquisa. Gráfico 2: Famílias das espécies vegetais mais encontradas do Assentamento Patativa do Assaré. Fonte: Pesquisa de campo, 2011 Melo e Guerra, 2013 166 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 . Como já visto, os solos estão Pedologia cobertos por uma vegetação do tipo A pedologia da área resulta de um mosaico de solos com características variadas dentro de um pequeno território. As classes de solos mais frequentes foram classificadas em três tipos: os LUVISSOLOS Crômicos Órticos típicos (nomenclatura antiga Brunos Cálcicos), NEOSSOLOS Eutróficos típicos (nomenclatura Litólicos com antiga Não- A fraco LITÓLICOS Eutróficos) e NEOSSOLOS Flúvicos Eutróficos ALUVIAIS (nomenclatura Eutróficos) (EMBRAPA, classificadas utilizando-se a metodologia do inventário utilitário de campo adotado pelo o INCRA-PB, para avaliação e de amostragem do geossistema estudado. no assentamento são de baixa fertilidade natural. Quanto à distribuição espacial dos solos no universo estudado, os LUVISSOLOS Crômicos Órticos típicos, representam 74,26% (1.439,3 ha), os Litólicos rochosos desenvolvem-se ondulados e em e Eutróficos típicos, correspondem a 15,77% (353,20 ha), enquanto que, os NEOSSOLOS Flúvicos Eutróficos representam apenas 9,97% (223,24 ha) da área total do relevos serranos. planos, Apresentam limitações fortes pela carência de água além de forte vulnerabilidade erosiva. Os fatores morfogonéticos que deram origem a estes solos foram constituídos pelo material de origem das rochas PréCambrianas do embasamento cristalino de unidades sedimentares localizados. A decomposição dessas rochas na superfície assentamento da área deram total formação do aos LUVISSOLOS Crômicos Órticos típicos, NEOSSOLOS Litólicos Eutróficos típicos com horizonte A fraco e os NEOSSOLOS Flúvicos Eutróficos, que intervalos de pH do solo: 7% apresentou acidez média, 13% de acidez baixa e 10% neutro; com relação a alcalinidade foi identificado 27% de alcalinidade baixa, 30% de alcalinidade média e 13% de alcalinidade elevada. Nesta análise não ocorreu a presença da classe de acidez elevada (LASAG, 2011). Embasado no trabalho realizado por Souza, et. al., (2007), infere-se que os LUVISSOLOS são solos assentamento (INCRA, 2010). Melo e Guerra, 2013 pedregosos; apresentaram as seguintes classes de As classes de solos ocorrentes NEOSSOLOS profundos, antiga 2006). As classes de solos foram procedimentos caatinga, caracterizados por serem pouco 166 altamente Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 intemperizados, resultantes da remoção das estiagens, além do aproveitamento de sílica e de bases trocáveis do perfil, intensivo das vazantes e baixios (SILVA, desenvolvem-se especialmente a partir de 1986). gnaisses e micaxistos, com ou sem Com relação aos NEOSSOLOS contribuição de materiais transportados, Litólicos podendo também ser constituídos da horizonte A fraco, Sousa, et. al., (2007), procedência de outras rochas, como definem calcários, siltitos, filitos e sedimentos associados a muitos afloramentos de argilo-arenosos. rocha. Correspondem a solos pouco Apesar como típicos solos muito com rasos, apresentarem evoluídos, apresentando substrato de pequenas profundidades, expressam uma rochas cascalhentas, filíticas e xistosas, significativa se com horizonte A fraco, comumente de comparados aos NEOSSOLOS Litólicos, textura média e com drenagem que varia além dos grandes fatores restritivos para a de baixa a moderada e muito rasos. sua de Eutróficos fertilidade utilização são natural com Este tipo de solo origina-se de declividades, ondulações, pedregosidade diferentes tipos litológicos, destacando-se e a vulnerabilidade à erosão, tanto natural os migmatitos e os gnaisses; caracteriza- como áreas, se por serem pouco desenvolvidos e intensificadas pelo o uso das terras, estão rasos, textura arenosa, fase pedregosa propensas associada a afloramentos rochosos, ocupa antrópica. a alcalinização as Algumas ocorrência e áreas a de acidez, processos de erodibilidade (EMBRAPA, 2006). apresentando uma série de atributos Embora as condições edáficas e climáticas da área sejam relevos planos, ondulados a serranos, favoráveis a alta vulnerabilidade de fatores processos erosivos devido a sua pequena limitantes, não são impeditivos para o uso profundidade. Tem ocorrência fracionada da terra com culturas anuais leves, pela unidade da área estudada, com principalmente no período chuvoso. Os exceção dos espaços úmidos, ou seja, das LUVISSOLOS são mais utilizados para vazantes e baixios. criação de gado. Verificou-se que o Os NEOSSOLOS Litólicos não potencial para a agricultura é baixo, mas apresentam condições para a utilização o uso e aproveitamento são indicados agrícola, tendo em vista as fortes para limitações existentes, provocadas pelo pecuária, intensificado o desde cultivo que de seja plantas forrageiras com reservas para o período Melo e Guerra, 2013 relevo ondulado, afloramentos pedregosidade, rochosos 167 e pequena Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 profundidade dos solos, além da carência encontra-se na rede de drenagem, nas de água que só permite culturas que margens dos rios, riachos e dos pequenos resistem às estiagens. Só é possível a córregos que descem das áreas serranas. exploração destes solos pelos sistemas Os NEOSSOLOS Flúvicos tradicionais de agricultura, devido à possuem grande potencial agrícola, sendo necessidade do controle conservacionista recomendada a sua utilização de forma (CAVALCANTE, et. al, 2005). semi-intensiva, tanto pela agricultura Pode-se ação quanto pela pecuária. São indicados para antrópica nas áreas onde este tipo de solo o cultivo do milho, feijão, banana, se a melancia, mandioca, abóbora, manga, aceleração do processo de degradação se cana-de-açúcar, maracujá, entre outros, relaciona muito mais ao inadequado uso além do capim elefante (pastagens para o do que pelo agravamento dos fatores gado). Esses tipos de solos quando morfoclimáticos. Esta classe de solo sofre explorados com técnicas de irrigação, forte escassez de água e, em sua maioria, mesmo está ocupado pela vegetação secundária cuidados especiais, tendo em vista a e/ou terciária; praticamente não têm susceptibilidade utilidade para as práticas agrícolas, sendo salinização, conforme observado em mais utilizada pela pecuária extensiva. algumas apresenta, Os observar a evidenciando NEOSSOLOS que Flúvicos que rudimentares, para áreas inspiram processos do de assentamento (CAVALCANTE, et. al., 2005). Eutróficos, também conhecidos como O uso dos LUVISSOLOS, solo de várzea ou solo aluvial, são solos NEOSSOLOS Litólicos e NEOSSOLOS pouco evoluídos, não hidromórficos, Flúvicos formados em depósitos aluviais recentes. quando sob condições regulares de chuva, São os são utilizados para a agricultura de NEOSSOLOS subsistência e a criação de gado; a mais profundos LUVISSOLOS e os que na área do Litólicos. Apresentam fertilidade que vegetação nativa varia de alta, mediana a baixa; textura forragem, estimulando argilosa ou arenosa desde ácidos até extensiva, os rebanhos bovino, caprino e alcalinos, com mediana profundidade (no ovino. No período chuvoso, devido à geral atividade não excedem dois metros), vulnerabilidade encontram-se geossistema. relevo geralmente utilizada criatória, imperfeita a moderadamente drenados, em é assentamento, pecuária eleva-se ambiental plano. A maior parte desse tipo de solo Melo e Guerra, 2013 a 168 como a deste Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 Não se pode fazer partículas mais finas como argila, silte e a generalizações com relação a toda área do areia fina, e deixa para trás a areia grossa, assentamento, tendo em vista que em cascalho e pedras caracterizando as cada extensas plataformas de detritos; compartimento registra-se uma dinâmica particular, impulsionada pela 3) concentração de fluxos herança do sistema geofísico, aliada às descendentes de águas correntes das áreas contingências atuais do clima e da ação planas inclinadas, onde se unem para antrópica, formar os Rios Panaty, Santa Gertrudes e influenciando diretamente sobre a vegetação e os solos, resultando pequenos na temporária. morfodinâmica atual e na configuração de cenários de degradação e/ou conflito ambiental. riachos Pode-se com drenagem observar que a hidrografia do assentamento consiste em cursos de água interminentes sazonais Hidrografia Com com drenagem endorréica, ou seja, os de Rios Panaty, Santa Gertrudes e os riachos estudada correm para o interior do continente. Em constitui uma geo-região de condição anos mais chuvosos, deságuam no Rio climática sazonal com relação às faixas Espinharas, tropicais e subtropicais da Terra. Esse chuvosos a água se evapora ou se infiltra geossistema encontra-se inserido na área rapidamente (AB’SABER, 2003). Ab’Saber base (2003), nos a estudos área mas em anos menos de abrangência da Bacia do Rio Piranhas, A partir da concepção de Leal, na Sub-bacia do Rio Espinharas, além de et. al., (2005), pode-se afirmar que tais ser cortado pelos Rios Santa Gertrudes e rios fluem durante a estação chuvosa, Panaty. A ação do sistema geofísico da mas drenagem das águas das chuvas sobre a gradualmente. Uma inversão hidrológica superfície do assentamento, com base nos ocorre logo que as chuvas cessam, sendo estudos de Tricart (1997), apresenta três responsável pelo desaparecimento dos formas de escoamento: cursos de água; os rios retroalimentam o 1) nas serras e serrotes, com embasamento cristalino com afloramentos rochosos, ocorre drenagem rápida e imediata da água da chuva; logo após desaparecem lençol freático e permanecem secos até o próximo período chuvoso. A assentamento rede é de drenagem bastante do incipiente, 2) drenagem difusa ao longo dos constituída por pequenos rios e riachos pedimentos, a água corrente transporta as que correm de forma mais ou menos Melo e Guerra, 2013 169 Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 paralela na direção ao Rio Panaty, águas pluviais em reservatórios considerado o mais importante, em artificiais, cujo volume estimado é de 3,7 decorrência da sua extensão e do volume milhões de m3, ocupa uma área de 124,29 de água, apesar de ser temporário. A rede ha, ou seja, 5,55% da área territorial percorre um longo trecho entre o Distrito (INCRA, 2010). de Santa Gertrudes até o município de Esse potencial hídrico deve-se São José de Espinharas, no sentido Sul- ao fato da área contar com cinco grandes Norte, principalmente, no perímetro do açudes - Jacobina, Lama, Linha, Paus e assentamento permitindo assim, algumas Saco, além de apresentar outros de menor culturas temporárias de subsistência nas capacidade de captação e armazenagem. suas margens em períodos chuvosos. Devido à área está sobre o A ação combinada da baixa embasamento cristalino, registra-se baixo altitude em relação ao Planalto da potencial hídrico subsuperficial, a rede de Borborema e da disposição do relevo, que drenagem apresenta-se bem restrita, com se constitui em barreira para circulação apenas 364,87 ha, o equivalente a 16,29% das massas de ar úmidas oriundas do da área total, evidenciando a importância Oceano Atlântico, faz com que a área, em de se coibir a retirada da vegetação das seu margens dos cursos de água, pois o solo conjunto, possui pluviométricos muito índices baixos em determinados anos, com médias anuais carreado vem erodindo e assoreando os mesmos. em torno de 300 a 800 mm. Em decorrência disto, as No entanto, observou-se uma condições conjugação de fatores que contribuem pluviométricas interferem na rede de para o baixo potencial hídrico-fluvial, drenagem, e na inserindo-se entre eles, o clima semiárido açudagem para e que apresenta alta taxa de insolação e, consequentemente a captação armazenagem de água (AESA, 2010). consequentemente, uma intensa Os estudos do PTDRS (2006) evapotranspiração e o fator solo, em que sobre fatores abióticos da região indicam as condições de umidade, bem como a que profundidade efetiva, são limitantes. o potencial hidrogeológico é satisfatório em termos de captação de água, por localizar-se numa área de CONSIDERAÇÕES FINAIS A pediplanação. Os recursos hídricos superficiais são exclusivamente da acumulação de Melo e Guerra, 2013 formação geológica do Assentamento Patativa do Assaré data da era Pré-Cambriana, do 170 período Revista de Geografia (UFPE) V. 30, No. 1, 2013 Paleoproterozóico, encontrando-se sobre típicos com A fraco e os NEOSSOLOS o Complexo Gnáissico-Migmatítico, com Flúvicos Eutróficos. Os solos, em geral, predomínio e são de baixa fertilidade natural, pouco graníticas apresentando quase que em sua profundos, rochosos e pedregosos, com totalidade predomínio de pH alcalino. Apresentam de rochas sobre gnáissicas o embasamento cristalino. limitações fortes pela carência de água A estrutura estende-se pelas geomorfológica áreas além da vulnerabilidade erosiva hídrica. aplainadas, A rede de drenagem apresenta denominada de Depressão de Patos ou baixo potencial fluvial, tendo como Depressão Sertaneja, apresentando o principais Rios predominio de declividade suavemente Gertrudes (ambos onduladas a fortemente onduladas. coletam a totalidade das águas drenadas o Panaty e Santa temporários), que O assentamento está incluído no no interior da área, por intermédio de chamado Polígono das Secas, com clima pequenos riachos e córregos, na estação BSh (quente e seco), com chuvas de chuvosa. verão. endorréica, A precipitação média anual distribui-se irregular e temporalmente, apresentando temperatura da cobertura vegetal encontra-se sobre o domínio das Caatingas hipoxerófila e hiperxerófila, estratos arbustivos e arbóreos baixos com tapete herbáceo estacional, que atestam uma relativa estabilidade paleoclimática que compreendem as formações xerófilas. Predomina a espécie jurema preta, vegetação invasora, com forte indicativo da exploração nativa da área. Os solos mais frequentes encontrados foram os LUVISSOLOS Crômicos Órticos típicos, seguidos pelos NEOSSOLOS Melo e Guerra, 2013 com cursos é do de tipo água interminentes sazonais. BIBLIOGRAFIA composição apresentando drenagem elevada durante todo o ano. A A Litólicos Eutróficos AB’SABER, A. N. O Domínio Morfoclimático Semi-Árido das Caatingas Brasileiras. Craton e Intacraton. São José do Rio Preto-SP: UNESP, 2003. 159p. ___________. Nordeste Seco. Revista Estudos Avançados. São Paulo-SP: Floram: 1980. pp. 149-174. ___________. Domínios Morfolclimáticos e Províncias Fitogeográficas do Brasil. Orientação. Nº 3. São Paulo-SP: USP, 1967. pp.116-125. AESA. Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. Governo do Estado da Paraíba. Agência Regional de Patos. Patos-PB: AESA, 2006. 89p. ___________. Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. 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