3ª Edição - Revista Onco

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3ª Edição
Entrevista
Evanius Wiermann fala como
novo presidente da SBOC
Sábado, 26 Outubro de 2013
3
Tempo de celebrar
Destaques do Dia
Confira os destaques da
programação científica
deste sábado
www.sboc.org.br
4
Aconteceu
Acompanhe a síntese das
apresentações que marcaram
a programação de ontem 5, 6, 7
Holofotes
As imagens do XVIII
Congresso da SBOC 8,9
Indústria
Os simpósios satélites e
as novidades da indústria
10,11
O
s números são superlativos. No coração
de Brasília, em uma área de 54 mil metros quadrados, o congresso da SBOC
chega ao seu quarto e último dia com mais de
2.500 congressistas e 703 apresentações orais e
em forma de pôster, apresentadas por 380 palestrantes nacionais e internacionais.
Depois de promover debates em diferentes temáticas e abrir espaço a reflexões importantes,
o XVIII Congresso reforçou nosso compromisso
com a prevenção, o diagnóstico precoce do câncer e a busca da excelência no tratamento oncoló-
gico. Dedicamos também nossa contribuição ao
debate de experiências inspiradoras, desafios e
oportunidades, sempre com a tônica na interdisciplinaridade e na busca de novas perspectivas.
Em clima de missão cumprida, deixamos aqui
os nossos agradecimentos a todos os que direta
e indiretamente tornaram possível a realização
de mais este encontro da Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica e deixamos desde já o convite
para o próximo Congresso da SBOC. Até lá!
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Brasília, 26 outubro – sábado
Institucional SBOC
3
ll SBOC
Desafios e perspectivas da nova diretoria
E
vanius Wiermann, presidente recém-empos-
EW - No momento atual observamos grande
sado da Sociedade Brasileira de Oncologia
falta de consenso entre as diversas entidades go-
Clínica (SBOC) conversou com o Jornal da SBOC
vernamentais, o que dificulta a entrada de novas
sobre a nova gestão. Entre os desafios, a regio-
tecnologias que muito contribuem no avanço dos
nalização da sociedade, a inclusão do ensino de
tratamentos no nosso país. Isto gera um grande
oncologia nas universidades e a redução da desi-
descompasso entre a medicina praticada no setor
gualdade entre os tratamentos do sistema públi-
público e o privado, separadas por anos de pro-
co e privado de saúde.
gressos não incorporados. Os oncologistas clíni-
Qual será a filosofia da Diretoria eleita?
EW - A SBOC vislumbra um futuro onde
todos os pacientes terão acesso a um tratamento oncológico digno e de qualidade. Sabemos da
importância do oncologista clínico, nosso associado, na construção e alcance desta meta. A filo-
cos e esta diretoria rejeitam com veemência esta
medicina que discrimina os cidadãos. Desejamos
reduzir esta desigualdade tornando a SBOC cada
vez mais presente no debate sobre as incorporações de tecnologias, tanto pelo SUS quanto pela
saúde suplementar. Teremos um “boom” de neoplasias nos próximos anos e contamos com um
A interiorização da SBOC e a criação de regionais são fundamentais para a integração dos
oncologistas. Quais as ações da próxima Diretoria nesse sentido?
EW - Temos um claro objetivo de fortaleci-
sofia de trabalho da nova diretoria é de apoio ao
sistema de saúde de bases frágeis para absorver
crescimento profissional, aliado à participação
tratamentos complexos e de alto custo. A SBOC
cada vez maior na discussão das políticas de me-
tem muito a contribuir no debate sobre a aloca-
lhorias estruturais e de acesso ao atendimento
ção de recursos, principalmente para um projeto
oncológico. O associado terá nesta nova gestão
total transparência e adesão a processos de qua-
sério e de longo prazo.
lidade internos, para que elas possam realmente
Como será a educação médica continuada na
sua gestão?
representar sua região e contribuir para o de-
EW - A educação continuada é indispensá-
A SBOC foi uma das protagonistas da lei de
restrição do cigarro em ambientes fechados. A
nova Diretoria já escolheu algum tema para
uma campanha de prevenção de doença e promoção de saúde?
o apoio que precisa para lidar com os desafios
de um setor público sucateado e de um setor
privado que frequentemente promove o achatamento de honorários. Para isso necessitamos
tornar nossos processos mais eficazes e enxutos,
aumentar nossa produtividade enquanto sociedade e mensurar nossa qualidade para aperfeiçoamento do nosso papel enquanto entidade de
vel na construção de uma massa crítica capaz
de produzir mudanças no âmbito das políticas
públicas e da saúde suplementar. Por isso, os
jovens oncologistas e médicos residentes recebe-
mento das lideranças regionais, realizado com
senvolvimento local.
rão especial atenção desta gestão. Também gos-
EW - Não podemos nos dar ao luxo de escolher
taríamos de desenvolver um projeto de inclusão
um único tema como bandeira. Nossas priorida-
A SBOC tem papel importante na inclusão
da disciplina de Oncologia na graduação médica,
des são no campo de prevenção e de tratamento,
de novas drogas no rol do SUS e no acesso
uma vez que na assistência básica este conheci-
mas nosso objetivo maior é reduzir a desigualda-
amplo a novas drogas pela ANS. Como vê esta
mento é fundamental para o diagnóstico precoce
de existente entre os tratamentos recebidos pelos
questão?
e redução da morbidade e mortalidade do câncer.
pacientes do SUS e da saúde suplementar.
utilidade pública.
O Jornal Diário do SBOC Sociedade Brasileira
de Oncologia Clínica é uma publicação
da Iaso Editora Ltda
Publisher:
Simone Simon
[email protected]
Editora e jornalista responsável:
Valéria Hartt (MTb 24.849)
[email protected]
www.iasoeditora.com.br • www.revistaonco.com.br
SP (11) 2478-6985 • RJ (21) 3798-1437
Reportagem:
Sergio Azman
[email protected]
Reportagem SBOC:
Andrea Penna
Fotos:
Maria Clara Diniz
Direção de arte/Prepress:
Ione Franco
[email protected]
Impressão: Positiva Gráfica • Tiragem: 3.000
Destaques do Dia
4
Brasília, 26 outubro – sábado
ll Cirurgia Oncológica
Avanços na cirurgia oncológica
Ademar Lopes comanda o módulo de Cirurgia Oncológica e fala com exclusividade ao
jornal da SBOC
JS – Como o senhor vê a cirurgia oncológica
hoje?
AL – A cirurgia oncológica hoje está em franco
progresso. O oncocirurgião tem que estar atento
à historia natural da doença, aos avanços da biologia molecular e ser um profundo conhecedor
do tratamento multidisciplinar. Algumas cirurgias estão se tornando mais conservadoras, e na
maioria das vezes uma cirurgia conservadora é
mais complexa que uma cirurgia radical. Uma
laringectomia parcial, por exemplo, é muito
mais complicada do que a total; o mesmo acontece com uma cirurgia radical e uma cirurgia
conservadora da mama.
JS – Na sua opinião, quais os destaques do módulo de cirurgia oncológica?
AL – O grande destaque será a cirurgia citorredutora mais quimioterapia intraperitonial hipertérmica para o tratamento da carcinomatose peritonial. A importância da patologia molecular
no diagnóstico, estadiamento e tratamento do
câncer é cada vez maior, bem como a maneira de
abordar os tumores hereditários, diferentemen-
te dos tumores esporádicos. Ressalto também as
grandes ressecções pélvicas para tumores localmente avançados e, ainda mais interessante, a
maneira como oriente e ocidente tratam o câncer
de reto, bastante diferentes.
JS – Qual a importância de um módulo inteiramente dedicado à cirurgia em um congresso de
oncologia clínica?
AL – É muito importante. O tratamento do câncer é de natureza multidisciplinar. A união do
oncologista clínico, do radioterapeuta e do cirurgião vai trazer melhores benefícios para o paciente. O Congresso Brasileiro de Cirurgia Oncológica, realizado semana passada, teve como um
dos pontos altos o enfoque multidisciplinar do
tratamento. Esse é o ponto alto também do congresso de oncologia clínica.
JS – O número de cirurgiões oncológicos no
Brasil é suficiente? Como formar novos profissionais?
AL – O Brasil é um país gigantesco, e o número
de profissionais é insuficiente, ainda mais com
a incidência crescente do câncer por conta do
Ademar Lopes
aumento da longevidade das pessoas. A oncologia é a especialidade do momento e do futuro. A
quantidade de pesquisa sobre câncer é gigantesca. Com esse cenário, realmente é preciso formar
novos profissionais, especialistas, mas também
ensinar oncologia na graduação, o que hoje praticamente não acontece. Isso atrapalha muito o
diagnóstico precoce.
ll Patologia
Patologia molecular no diagnóstico, estadiamento e planejamento terapêutico das neoplasias
Fernando Augusto Soares, do AC Camargo, fala da importância da anatomia patológica no diagnóstico e tratamento do câncer
A
Fernando Augusto Soares
anatomia patológica é o método de escolha
no estabelecimento do diagnóstico, prognóstico e na determinação de fatores preditivos
da resposta terapêutica desde o final do século
XIX. Esta arte e ciência está bem estabelecida,
tem bases sólidas e é ainda o método mais seguro, barato e reprodutível em todo o mundo.
Entretanto, com o advento e popularização das
técnicas moleculares e da medicina personalizada, a patologia cirúrgica vem apresentando modificações substanciais nestes últimos dez anos.
Nunca deve-se perder a dimensão de que os conhecimentos da patologia morfológica tradicional têm séculos e desde a descrição da molécula
de DNA temos somente 60 anos. Isto faz com que
o terreno da patologia molecular ainda seja movediço e encontre dificuldades em sua execução.
Mas, indiscutivelmente, o trabalho diário da patologia sofreu mudanças substanciais.
A patologia hoje incorporou técnicas de biologia molecular que fazem parte do arsenal do
diagnóstico e na determinação dos fatores prognósticos e preditivos. O primeiro avanço subs-
tancial nos deu a possibilidade de marcação de
proteínas teciduais, tanto por imunofluorescência seguida do uso de cromógenos em imunohistoquímica. Estas técnicas estão amplamente
incorporadas à patologia cirúrgica e disponíveis
em qualquer recanto deste país. Hoje, um laboratório de imunohistoquímica conta com centenas
de marcadores para esclarecer a histogênese,
origem topográfica, determinação de malignidade e de comportamento biológico dos tumores.
O leque de opções para análise técnica nos
permite hoje observar alterações cromossômicas
por hibridização in situ, mutações por diferentes técnicas de sequenciamento, determinação de
neoplasias de sítio primário desconhecido por
perfil de RNA, perfil de expressão gênica por
painéis de genes específicos. Neste dois últimos
anos, a determinação de mutações em genes que
permitem ação terapêutica tornou-se disponível.
Hoje, pretendemos abordar como um laboratório
de patologia moderna pode auxiliar analisando
a perspectiva histórica e futura, indicando seus
benefícios, limites e utilizações.
Aconteceu
Brasília, 26 outubro – sábado
5
ll Políticas Públicas
Caminhos e possibilidades para a atenção oncológica
Paulo Hoff, diretor do Icesp, fala de gargalos e soluções institucionais para o atendimento
ao paciente de câncer no prazo de 60 dias
D
iante de um perfil demográfico em plena
transição, quando as taxas de natalidade decrescem e eleva-se a parcela da população idosa,
é compreensível e esperado o aumento significativo dos casos de câncer no Brasil. Com ese cenário, o câncer já preocupa como a segunda causa
de morte no País e desafia a construção de políticas públicas capazes de fazer frente a esse novo
panorama epidemiológico.
“Eu lembro a vocês que o Estado do Novo México nos EUA foi o primeiro estado americano
a ter o câncer como primeira causa de morte,
acima dos problemas cardiovasculares. No Brasil, também esperamos um aumento dramático
no número de casos, o que já vem acontecendo
nos últimos anos”, disse Paulo Hoff, diretor do
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, durante o Fórum de Políticas Públicas, realizado
ontem. O Fórum recebeu diferentes autoridades
para debater soluções e gargalos institucionais
para melhorar a atenção oncológica e fazer valer
na prática a Lei 12.732 de novembro de 2012,
que estabeleceu o prazo de 60 dias para que o
paciente com diagnóstico de câncer inicie seu
tratamento oncológico.
“São muitos os desafios e temos de achar caminhos para melhorar a humanização da assistência”, propôs Hoff, argumentando que as dificuldades do paciente começam bem antes da sua
chegada a um centro de excelência em câncer.
“Os serviços primários nem sempre têm o expertise e o equipamento para fazer o diagnóstico.
O paciente chega tarde, com doença avançada,
o que indica que estamos tendo problema já no
atendimento inicial.
Para buscar soluções, o Estado de São Paulo
criou um comitê com a participação de 18 instituições com maior volume de atendimento SUS
no Estado, com a proposta de assessorar a secretaria da Saúde na esfera do câncer. Com quatro
câmaras técnicas – Prevenção, Diagnóstico, Tratamento e Cuidados Paliativos – essa iniciativa
culminou com a recente criação da Rede Hebe
Camargo. “É um esforço integrado em áreas-chave, o que traz reflexos importantes nos tempos de atendimento e ainda promove a humanização da assistência. A ideia é promover uma
integração administrativa de todas as esferas
Paulo Hoff
para usar racionalmente os recursos disponíveis”, concluiu.
ll Tumores Ginecológicos
Radioterapia no câncer uterino
Robson Ferrigno falou ontem sobre o papel da radioterapia no tratamento da doença avançada
O
câncer do colo do útero continua sendo a
segunda causa de câncer na mulher, ainda
responsável por altas taxas de morbimortalidade. Apesar dos esforços na prevenção, o câncer cervical continua desafiando as políticas de
saúde, com projeções de saltar das 300 mil mortes anuais verificadas hoje para 400 mil mortes
no ano de 2030. Hoje, 85% dos casos ocorrem
nos países em desenvolvimento e estão relacionados à carcinogênese induzida pelo papiloma
vírus humano.
Segundo as estimativas do INCA foram diagnosticados 17.540 novos casos de câncer uterino
no Brasil em 2012. Os dados do Instituto Nacional do Câncer também revelam que 44% dos
Robson Ferrigno
casos são de lesão precursora in situ. Nas fases
iniciais não há sintomas específicos, e apenas o
exame de Papanicolau é capaz de indicar a presença da doença. Mulheres diagnosticadas precocemente, se tratadas dentro das melhores práticas, têm praticamente 100% de chance de cura.
Robson Ferrigno, radioterapeuta do Hospital
São José e presidente da Sociedade Brasileira de
Radioterapia, falou ontem na SBOC, durante o
módulo de Tumores Ginecológicos. O especialista apresentou o tema “Câncer de colo de útero
localmente avançado: qual o estado da arte?”
O especialista argumentou a importância da
prevenção, com políticas públicas mais propositivas para a saúde da mulher.
Aconteceu
6
Brasília, 26 outubro – sábado
ll Cuidados Paliativos
O que posso fazer para melhorar os sintomas do câncer?
Ricardo Caponero, ex-presidente e um dos fundadores da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP), deixa lições importantes
e lembra que em termos de cuidados paliativos, quanto mais cedo, melhor
A
s neoplasias são um conjunto amplo e complexo de doenças. Em suas fases iniciais são
assintomáticas, daí a dificuldade do diagnóstico
precoce. Mas, na medida que progridem, passam
a comprometer de forma significativa a qualidade de vida.
A amplitude do cuidar em pacientes oncológicos inclui o controle rigoroso dos sintomas, a
compreensão da dinâmica familiar, das necessidades psicossociais do indivíduo e a contextualização da vida.
Os cuidados paliativos são um direito humano inalienável e promovem o alívio da dor e
outros sintomas estressantes; afirmam a vida,
e consideram a morte como um processo natural; não pretendem acelerar nem adiar a morte;
integram os aspectos psicológicos e espirituais
do cuidado ao paciente; oferecem um sistema de
suporte para ajudar os pacientes a viver tão ativamente quanto possível, até a morte.
Além do controle de sintomas estressantes,
devemos favorecer a compreensão da doença,
oferecendo esclarecimento a respeito dos objetivos do tratamento. Só com base na informação
adequada o paciente poderá fazer sua tomada
de decisão.
Para melhorar o controle de sintomas no câncer devemos agir pró-ativamente, de forma integrada e multidisciplinar, desde o diagnóstico.
Quase todos os sintomas, como dor, náuseas,
obstipação intestinal, perda de libido, etc. são comprovadamente subdimensionados e, consequentemente, subtratados. O questionário de Edmonton
é uma ferramenta útil e de fácil visualização. Uma
vez identificados e corretamente avaliados em sua
intensidade, existem diretrizes publicadas sob o
tratamento da maioria dos sintomas
É fundamental compreender a natureza ampla do sintoma, oferecer tratamento integrado,
multiprofissional e adequado. A clareza e efetividade da comunicação é que nos permitirão
avaliar as modulações na percepção e a interferência do estado cognitivo, dos afetos, do nível
cultural e da biografia do paciente no significa-
Ricardo Caponero
do e função do sintoma.
E o mais importante: avaliar, avaliar, reavaliar sempre...
Aconteceu
Brasília, 26 outubro – sábado
7
ll Oncologia Baseada em Evidência
A Humanização da Evidência
Pablo Gonzales Blasco, fundador e diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina
de Família falou sobre educação médica e humanismo
O
progresso técnico e os avanços na investigação rendem multidão de trabalhos e um
número incontável de informação. Torna-se preciso apurar estas informações, de modo racional,
obtendo as melhores evidências científicas para
aprimorar a função do médico. Surge a Medicina
Baseada em Evidências como qualidade da informação. Agora o desafio é do médico que deverá
fazer chegar esta qualidade técnica até o paciente, em linguagem inteligível. Dissolver a técnica
em humanismo para que o paciente possa assimilá-la. E o humanismo reveste-se neste caso de
contemplar outros níveis de significância que,
aparentemente subjetivos, são os que contam
para o paciente. Assim, considera-se o nível de
significância estatística – que confere alto nível
de evidência a um estudo -, seguido do nível de
significância clínico – até que ponto é possível
aplicar este estudo à população e ao paciente em
questão? Soma-se um terceiro nível de signifi-
cância, denominado pessoal. É uma terceira dimensão que pode se resumir no significado que
a doença tem para um determinado paciente. São
os valores, atitudes, crenças, medos e expectativas do paciente que determinarão, em último
termo, a eficácia do tratamento e, evidentemente, a adesão a ele.
A dupla função do médico – entender a doença e entender o doente – requer uma integração
metodológica dos conhecimentos objetivos, das
evidências médicas, assim como a compreensão
dos aspectos que caem no âmbito da subjetividade, e que o médico é capaz de captar, interpretar
e, naturalmente, utilizar em benefício do próprio paciente.
Conhecer a pessoa que tem a doença é pelo
menos tão importante como conhecer a doença
que tem aquela pessoa. E, como o paciente é um
bom diagnosticador do relacionamento com o
seu médico, sabe-se mais seguro com um médico
sábio do que com um médico treinado artificialmente. Sabedoria, pois, que é conhecer a pessoa
para nela investigar a doença, aspecto essencial
neste relacionamento que se deseja humanizar.
Mergulhar neste mundo do paciente requer metodologia, sistemática, mudança de perspectiva
na abordagem e no relacionamento.
Também aqui as humanidades nos trazem luz
e explicação sobre este ponto. “Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos”, dizia
Kant. E o poeta, Fernando Pessoa escreve: “A
vida é o que fazemos dela/ As viagens são os viajantes/ O que vemos não é o que vemos/ Senão o
que somos”. Humanizar o relacionamento é obrigação do médico. Requer preparar o espírito,
limpando o ânimo de distrações, para dedicar-se
ao paciente que está diante dele, e saber pensar
em algo óbvio mas que, por vezes, se esquece na
rotina metodológica do pesquisador. “Por que
ele está aqui, na minha frente? O que espera de
mim?”. Esta simples frase, que coloca o centro
do relacionamento no paciente, pode ser um bom
lembrete para humanizar as evidências.
Holofotes
8
Cristiano Gomes (MSD)
Jorge Filho e Debora Andersen
Roberto Alvarenga (Merck Serono)
Simone Rocha e Eliseu Mattioli
Brasília, 26 outubro – sábado
Equipe Boehringer Ingelheim
(Teva)
(Astrazeneca)
Eduardo Valverde, Daniele Cardoso
Nilva Bortoleto (Zodiac), Claudio Vasconcelos (EMS), José Roberto (Blau) e
Paulo Pinton (Bristol), Eduardo Alves (Oncoclínica) e Herbert Silva (Bristol)
e Ricardo Silveira (Pfizer)
Paulo Menutti (Bayer)
Marcello Ferretti
Rodrigo Pinheiro, Roberto Gil e
Carlos Ferreira e Marco Ferrazoli
(Pfizer)
Equipe da SBOC na posse da nova diretoria
Rafael Schmerling
Keith Flaherty
Felipe Coimbra
Gilberto Schwartsmann
Carla Ismael e Cristian Domenge
Sergio Azevedo
Gonzales Blanco
Mariana Fonseca, Marcela Borim, Rodrigo De Paula, Riad Younes, Ana Oton
e Graziela Lanzara
Equipe Glenmark
Fátima Gauí
Betina Zimmermann e
Michel Conti, Roberta Monteiro e Paulo Freitas (Bristol)
Luciana Bezerra (Roche)
Robert Coleman e Fernando Maluf
Rui Fernando Weschenfelder
Anelisa Coutinho
Anderson Silvestrini
Graeme Poston
Daniel Herchenhorn
Fabio Souza, Erica Mota, Alex Carvalho e Renata Almeida (Pierre Faber)
Equipe da Mundipharma
Solange Botelho e Sandra Navarro
Sergio Bielo, Christiane Mitne e
(Bayer)
Carolina Pinheiro (GSK)
Holofotes
Brasília, 26 outubro – sábado
Carla Birnfe, Ephraim Junior e
Fábio Schuzt
Debora Uehara (Achè)
Oren Smaletz
Equipe SBOC
Robson Ferrigno
Angelo Di Leo
Monica Lancha, Ricardo Travassos,
Equipe Oncoprod
Ligia Bahia, Roberto Gil e
Ricardo Fama, Sandra Franco e
Eduardo Morato
Jackson Morishita (Amgen)
Modelos à japonesa (Astellas)
Equipe MSD
Nilva Bortoleto e José Muradas
Rogério Alves, Hercules Moraes e
Mayra Figueiredo e Jorge Lattaro
Otemar Junior (Blau)
(Sandoz)
Fernando Dias
Daniela Rosa
Equipe Bristol
Auditório
9
Evanius Wiermann
Enrique Pulido
Equipe Progenetica/Hermes Pardini
Jose Carlos Sadalla
Equipe Bristol
Douglas Monteiro, Rafaela Monte e
Carla Mazzuco e Nêmora Muller
Marcelo Walkowski (Lilly)
(Bristol)
Anderson Silvestrini, Fernando
Luiz Paulo Kowalski
João Victor Salvajoli
Sergio Roithmann
Maluf e André Rego
Equipe Bayer
ABAC Luz
Gabriel Prolla
Robert Coleman
Campanha Recomeçar
10
Simpósio Satélite
Brasília, 26 outubro – sábado
Ampliando horizontes no tratamento do
câncer de ovário
O
câncer de ovário é o mais mortal dos tipos de câncer ginecológico e
o mais difícil de ser diagnosticado precocemente.Tumores de ovário
são responsáveis por 54% das mortes por câncer ginecológico nos Estados Unidos. No Brasil, estimativas do INCA apontaram 6.190 novos casos.
Lamentavelmente, sabe-se que cerca de 75% dos casos apresentam doença
avançada no momento do diagnóstico.
Entre os fatores de risco, a idade acima de 50 anos e a história familiar
de câncer de mama, ovário ou intestino devem ser considerados, além da
mutação BRAC1/2 e do câncer de cólon hereditário (HNPCC).
Para enfocar esse cenário, a Roche promoveu um simpósio satélite
com o tema “Ampliando Horizontes no Tratamento do Câncer Epitelial
de Ovário”, apresentado durante o XVIII SBOC, tendo como conferencista
Andrea Gadelha.
Em um cenário com poucos avanços na última década, bevacizumabe
tem demonstrado resultados superiores em combinação com quimioterapia padrão (carboplatina e paclitaxel) como tratamento de primeira linha
para mulheres com câncer avançado. O estudo randomizado de fase III
GOG0218 comparou carboplatina e paclitaxel mais placebo com carboplatina e paclitaxel mais bevacizumabe no tratamento de câncer de ovário epitelial. Os pacientes foram randomizados em três braços. O primeiro braço
recebeu carboplatina + paclitaxel + placebo. O segundo recebeu carboplatina + paclitaxel + bevacizumabe (15 mg/kg, por 5 ciclos). O terceiro braço
recebeu carboplatina + paclitaxel + bevacizumabe (15 mg/kg) por 15 meses
ou até a progressão da doença.
O tempo livre de progressão, critério definido como endpoint primário,
foi de 10,6 meses no braço 1; 11,6 meses no braço dois e finalmente de
14,7 meses no terceiro braço de pacientes (n=1873, HR 0,70; p < 0,0001).
Não houve benefício em sobrevida global, critério fixado como endpoint
secundário.
Andrea Gadelha e Lenio Alvarenga
Ana Cláudia Oliveira, Marci Pietrocola e Adriana Zancheta
Bristol-Myers Squibb fala dos avanços
no tratamento do melanoma
A
biofarmacêutica global Bristol-Myers Squibb apresentou na sexta-feira a palestra com o tema “O Papel da Equipe Multidisciplinar no
Suporte ao Paciente com Melanoma Avançado”, iniciativa que reuniu na
prática a diversidade de profissionais que entram em cena nos cuidados
ao paciente. Como parte dessa temática, Ana Cláudia Oliveira, coordenadora de enfermagem do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São
José, falou do novo panorama do melanoma metastático, em apresentação
intitulada “Sobrevida de longo prazo redefine o sucesso no tratamento do
Melanoma Avançado”.
Para completar a programação, a Bristol também convidou Adriana
Zancheta, coordenadora de enfermagem do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês, que falou sobre “Ipilimumabe: Manejo Clínico Gastrointestinal”. Finalmente, Marci Pietrocola, Coordenadora da AMIGOH
- Sociedade Israelita Brasileira Albert Einsten discorreu sobre o perfil de
toxicidade do novo agente, com a palestra “Ipilimumabe: Manejo Clínico
da Endocrinopatia.
Em 2012, a Bristol-Myers Squibb foi eleita a “Companhia Global mais
Admirada” pela revista “Fortune” e campeã da lista das “100 Melhores
em Cidadania Corporativa”, pela revista “Corporate Responsability”. Foi
reconhecida, em 2011, como a empresa com a linha de pesquisa mais
inovadora pela “R&D Directions” e a melhor grande farmacêutica pela
revista “Forbes”.
Brasília, 26 outubro – sábado
Simpósio Satélite
11
Avanços no tratamento de primeira linha
no CCRm
C
etuximabe associado a FOLFIRI mostra ganho de sobrevida global
(OS) em pacientes com câncer colorretal metastático (CCRm) com
status RAS selvagem ,quando comparado a FOLFIRI em associação com
bevacizumabe como tratamento de primeira linha. Esta foi a principal conclusão do estudo randomizado de fase III FIRE-3, que serviu de referência
aos médicos que participaram do Simpósio Satélite realizado ontem pela
Merck para falar dos avanços no tratamento de primeira linha do CCRm.
Entre os palestrantes, Dirck Arnold, da Universidade de Friburg, na Alemanha; Graeme Poston, do Hospital Aintree, no Reino Unido; Anelisa Coutinho, da Clínica AMO, em Salvador, e Túlio Pfiffer, do Instituto do Câncer
do Estado de São Paulo (ICESP).
O estudo FIRE-3 mostra aumento de 7,5 meses na mediana da OS nos
doentes com CCRm com status selvagem do RAS (n=342) tratados com
Cetuximabe + FOLFIRI em comparação com aqueles que receberam bevacizumabe em associação com FOLFIRI (OS: 33,1 meses vs. 25,6 meses, respectivamente; hazard ratio [HR]: 0.70, p=0.011).
Na análise post hoc observou-se que o braço de pacientes com RAS mutado (n=178) que recebeu Cetuximabe em associação com FOLFIRI como terapêutica de primeira linha não obteve ganhos significativos de sobrevida
global (OS de 20,3 meses vs. os 20,6 meses, HR: 1,09; p=0,60).
“Juntamente com os conhecimentos obtidos através de outros estudos
relevantes, estes resultados sugerem que a primeira linha de tratamento dos doentes com RAS selvagem deve também contemplar a terapêutica
anti-EGFR”, sublinhou Anelisa Coutinho, acrescentando que em breve a
estratificação de outras variantes da família RAS pode ser o padrão ouro.
Em conclusão, o estudo demonstra que a detecção de novas mutações
nos genes RAS (KRAS e NRAS) seleciona os pacientes com maior probabilidade de responder à terapia com anti-EGFR.
Tulio Pfiffer, Dirk Arnold, Anelisa Coutinho e Graeme Poston
Caio Rocha-Lima e Anelisa Coutinho
Bayer mostrar resultados do Regorafenibe
em câncer colorretal metastático
A
Bayer patrocinou ontem um simpósio satélite sobre as novas possibilidades terapêuticas para o tratamento do câncer colorretal metastático. O encontro teve a participação de Anelisa Coutinho, Rui Fernando
Werchenfelder e Caio Rocha Lima, que falaram sobre a situação atual do
tratamento do CCRm, do estudo CORRECT e da experiência clínica de uso
do Regorafenibe.
O estudo CORRECT considerou elegíveis os pacientes com câncer colorretal metastático que tiveram progressão durante a vigência do tratamento
com as terapias padrão ou até três meses depois. Entre os regimes padrão
estão fluoropirimidina, oxaliplatina, irinotecan e bevacizumabe. Pacientes
com status KRAS selvagem também tinham como critério de elegibilidade
o tratamento prévio com cetuximabe ou panitumumabe
Um total de 760 pacientes foi randomizados aleatoriamente na proporção de 2:1 para receber regorafenibe (= 505 pts/ 160mg uma vez ao dia por
três semanas, interrompendo por uma semana) ou placebo (=255 por três
semanas, com intervalo de uma semana). Os pacientes foram selecionados
de acordo com terapia prévia anti-VEGF e tempo do diagnóstico das metástases. O endpoint primário foi a sobrevida global. Os endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão, taxa de resposta global, taxa
de controle da doença, segurança e qualidade de vida.
Regorafenibe é um inibidor oral de múltiplas quinases e a análise detalhada dos subgrupos demonstra que o agente melhorou a sobrevida global
(OS) e a sobrevida livre de progressão da doença (PFS). A razão de risco
(RR) para a sobrevida global foi de 0,77 (IC 95% 0,64-0,94; p=0,0052), indicando uma redução de 23% no risco de óbito. Isso se traduziu em uma
diferença na mediana de sobrevida de 1,4 meses (5 meses para o placebo
versus 6,4 meses para o regorafenibe). A razão de risco para a sobrevida
livre de progressão foi de 0,49 (IC 95% 0,42-0,58; p<0,000001) com uma
mediana de sobrevida livre de progressão de 1,9 meses com o regorafenibe
comparado com 1,7 meses com o placebo.
Adicionalmente, enquanto pacientes com KRAS tipo mutante se beneficiaram com o tratamento com o regorafenibe, a razão de risco foi de 0,867
(IC95% 0,670-1,123) comparado com 0,653 (0,476-0,895) em pacientes com
KRAS do tipo selvagem. Ao observar os dados de sobrevida livre de progressão nos subgrupos, todos os pacientes mostraram um benefício com
o tratamento com o regorafenibe, incluindo aqueles com o cólon ou o reto
como sítio primário da doença (RR=0,348, IC 95% 0,163-0,745) e aqueles
com tumores com KRAS do tipo mutante (RR=0,525; IC 95% 0,425-0,649).
“Diante dos novos dados, é bastante provável que a análise All-Ras
passe a valer com gold standard”, concluiu Anelisa Coutinho, para quem
os achados do estudo CORRECT abrem novos caminhos para o tratamento
do câncer colorretal metastático.
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