FORÇA MUSCULAR DE MEMBROS INFERIORES AVALIADA COM DINAMÔMETRO ISOCINÉTICO E MATURAÇÃO SOMÁTICA EM JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL. João Pedro Alves Nunes (Bolsista PIBIC/CNPq), Enio Ricardo Vaz Ronque, Leandro Ricardo Altimari, e-mail: [email protected] Universidade Física/CEFE. Estadual de Londrina/Departamento de Educação Área e sub-área do conhecimento: Ciências da Saúde/Educação Física. Palavras-chave: Jovens atletas; futebol; força muscular. Resumo O objetivo desse estudo foi verificar a força muscular de membros inferiores avaliada com dinamômetro isocinético e a maturação somática em jovens atletas de futebol. A amostra consistiu de 32 atletas de futebol do sexo masculino em clubes de formação de Londrina, PR. Para avaliação da força muscular foi utilizado um dinamômetro isocinético e os testes consistiram de contrações concêntricas máximas, sendo testados os músculos extensores e flexores do joelho à velocidades 60∙s-1. A maturação somática foi estimada por idade do pico de velocidade de crescimento. Para as comparações dos indicadores de força muscular de acordo com as classificações de maturidade somática foi aplicada ANOVA e de acordo com as categorias de jogo a ANCOVA adotando como covariáveis a idade, estatura e o IPVC. O nível de significância adotado foi de 5%. As diferenças se deram em ambas as ações musculares entre o grupo precoce comparado com os grupos tardio e no tempo. Não houve nenhuma diferença significativa quando comparada as ações musculares entre os grupos tardios e no tempo (P>0,05) e quanto às comparações da análise de covariância. Conclui-se que a força muscular de membros inferiores varia nos diferentes estados de maturidade, apresentando diferença principalmente no indivíduos maturados em relação aos seus pares não maturados. Introdução e objetivo A força muscular é uma variável comprovadamente relevante para o desempenho na prática de futebol e de outros esportes. Embora muito importante, a avaliação da força muscular em adolescentes se dá de forma complexa, pois essa pode ser influenciada pelas diferenças no estado de maturação. As variáveis de crescimento e os indicadores da maturação 1 biológica podem explicar, em partes, o desempenho das capacidades funcionais e das habilidades esportivas específicas de jovens atletas de futebol (MALINA et al., 2009). Dessa forma, o objetivo desse estudo foi verificar a força muscular de membros inferiores avaliada com dinamômetro isocinético e a maturação somática em jovens atletas de futebol. Procedimentos metodológicos Participaram do estudo 32 atletas de futebol do sexo masculino (Tabela 1). Todos foram selecionados voluntariamente de dois clubes de futebol de formação da cidade de Londrina, Paraná, Brasil. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Estadual de Londrina e todos os jovens entregaram um termo de consentimento assinado pelos pais. Tabela 1. Análise descritiva da amostra de jovens futebolistas (n=32). Variáveis Idade cronológica (anos) Massa corporal (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m²) ΣDC (mm) Nº de treinos (semana) Tempo de prática (anos) Média e Desvio padrão 15,0 ± 1,6 55,4 ± 11,6 165,8 ± 11,4 19,9 ± 2,2 67,6 ± 20,0 3,8 ± 1,3 6,2 ± 2,2 Nota: IMC = Índice de massa corporal; ΣDC = somatória de 6 dobras cutâneas; Nº de treinos = quantidade de sessões de treino por semana. Medidas antropométricas de massa corporal e estatura foram realizadas. O desempenho no dinamômetro isocinético foi determinado pelo resultado em ações concêntricas musculares recíprocas de EJ (extensão do joelho) e FJ (flexão do joelho) realizadas à velocidade angular de 60º∙s-1. A maturação somática foi estimada por idade do pico de velocidade de crescimento (IPVC). O protocolo para o inicio da maturidade ou a distância em anos da IPVC foi estimado mediante a aplicação da equação proposta por Mirwald et al. (2002). O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para verificar a normalidade dos dados. Para a caracterização da amostra foi empregada estatística descritiva de média e desvio padrão. Para as comparações dos indicadores de força muscular de acordo com as classificações de maturidade somática foi aplicada a ANOVA, e foi empregada a ANCOVA para as comparações da força muscular dos membros inferiores de acordo com as categorias de jogo. Posthoc de Bonferroni foi utilizado quando P<0,05, para a localização das diferenças. O nível de significância adotado foi de 5%. Os dados foram tratados no pacote computacional do SPSS versão 22.0 2 Resultados e discussão Diferenças significativas se deram, em ambas as ações musculares (EJ e FJ), entre os jovens do grupo precoce (n=21) comparado com os grupos tardio (n=3) e no tempo (n=8) (P<0,05). Não houve nenhuma diferença significativa quando comparada as ações musculares entre os grupos tardio e no tempo. O Gráfico 1 apresenta as comparações de indicadores de força e categorias de jogo adotando como covariáveis idade, estatura e maturidade somática. Não houve nenhuma diferença estatística significativa entre os grupos sub-13 (n=6), sub-15 (n=19) e sub-17 (n=7). Gráfico 1. Análise de covariância (ANCOVA) para comparações de indicadores de força muscular de membros inferiores e categorias de jogo ajustado por idade cronológica, estatura e maturidade somática. Notas: EJ = Extensão de joelho, FJ = Flexão de joelho. A força na infância e adolescência é afetada por diversos fatores, sobretudo as mudanças no físico e indicadores associados ao crescimento e a maturação. O presente estudo analisou a força muscular isocinética de jovens atletas de futebol de 12 a 17 anos, em processo de maturação. O principal resultado encontrado foi que os atletas classificados com maturidade precoce tiveram maior manifestação de força que seus pares classificados como no tempo e tardio. Malina et al., (2009) mostraram em rapazes que a força, no geral, aumenta de forma linear até por volta dos 14 anos e, em seguida, cresce abrupta e exponencialmente. Não se obteve diferença significativa entre os tardios e os no tempo, por outro lado houve entre os no tempo e os precoces. Isso se explica em partes, pois o aumento exponencial da força se dá após os 14 anos e a média de idade dos no tempo foi de 13,7 ± 0,9 anos. Resultados semelhantes com utilização de dinamômetro isocinético também foram encontrados (CARVALHO et al., 2012). Testes semelhantes de EJ e FJ foram realizados com grupos de crianças e adolescentes atletas e não- 3 atletas (SCHNEIDER; BENETTI; MEYER, 2004; SCHNEIDER; RODRIGUES; MEYER, 2002; CARVALHO et al., 2011) caracterizando um teste aplicável para mensuração da força muscular nessa faixa etária. Controlando-se idade cronológica, estatura e ainda maturidade somática observa-se que os valores de indicadores de força muscular foram semelhantes entre as categorias de jogo (Gráfico 1), indicando a necessidade de controlar essas variáveis antropométricas e de maturidade durante o processo de treino em jovens. Ainda que o presente estudo contou com uma amostragem pequena, os resultados vão de acordo com a maioria dos estudos encontrados sobre na literatura, e estudos com amostra maior se fazem necessários. Conclusão Com base nos resultados, conclui-se que a força muscular de membros inferiores varia nos diferentes estados maturacionais, apresentando diferença principalmente no indivíduos maturados em relação aos seus pares não maturados. Fatores como idade cronológica, estatura e maturação somática influenciam diretamente na força muscular e devem ser considerados nas análises e prescrição do treino de força para jovens futebolistas. Referências CARVALHO, H.M. et al. 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