Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Mapeamento fisiográfico da microrregião de Jaguariaíva (PR) com o apoio de Sistemas de Informações Geográficas Sandra Mara Ayres e Figueiredo 1 Msc. Venina Prates2 Dr. Sandro José Briski (in memoriam)3 Msc. Aline Nikosheli Nepomuceno4 1 Universidade Tuiuti do Paraná – Núcleo de Pesquisa em Geografia Aplicada (NPGA-UTP) CEP: 82.620.045 – Curitiba – PR, Brasil [email protected] 2 Universidade Tuiuti do Paraná – Núcleo de Pesquisa em Geografia Aplicada (NPGA-UTP) Cep: 82.620.045 – Curitiba – PR, Brasil [email protected] 3 Universidade Tuiuti do Paraná - Núcleo de Pesquisa em Geografia Aplicada (NPGA-UTP) Cep: 82.620.045 – Curitiba – PR, Brasil 4 Universidade Tuiuti do Paraná – Núcleo de Pesquisa em Geografia Aplicada (NPGA-UTP) Cep: 82.620.045 – Curitiba – PR, Brasil [email protected] Abstract. The use of geotechnologies is relevant to the geographic space production, reproduction and analysis. The resulting reports enable solutions in order of improving the development in various territorial scales. In this context, it’s known the lack of teaching and planning materials in the State of Paraná which comprise and spatialize physical data and infrastructure. In this perspective, this paper aims to raise, organize and spatialize these pieces of information in the Jaguariaíva micro-region. These inquires will be introduced in a technical/courseware material. They will be presented through thematic mapping and description of their respective topics, besides characteristics of infrastructure, such as population data, urban equipments and economic potential, among others. The used methodology was developed from two main steps: office and GIS lab. At the office it was performed a study of relevant information to the infrastructure description as well as physical aspects and also about the final product preparation (technical-teaching material). The stage which involves the database creation and cartographic drafting of physiographical aspects of the micro-region was organized in the GIS lab. The resulting material allows integrated analysis of geographical space, because the cartographic information allied to their respective descriptions comprise the necessary elements for investigation of possible potentials and constraints that exist in the region. There is the need to update the database as well as the information regarding the social-economical infrastructure and related to the productive sector activities (primary, secondary and tertiary) in order to avoid economic and time waste. Palavras-chaves: Territorial Planning and Management, Teaching material, Geotechnologies 1.Introdução A organização espacial sempre esteve presente na história do homem, sendo assim o estudo e análise do espaço geográfico é fundamentalmente necessário para identificar as relações dos fenômenos transformadores e geradores do espaço geográfico. 5085 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE De acordo com Corrêa (1995), a organização espacial é decorrente do trabalho social em virtude de suas específicas necessidades, que é promovida através do desenvolvimento de técnicas que possibilitem o uso de determinada área, ou seja, a organização espacial é reflexo da condição social. Nessa perspectiva, o recorte da área a ser estudada é fundamental, uma vez que o nível de análise da organização espacial e dos conflitos existentes em determinada região, dependerá do recorte estabelecido. O Ministério da Integração Nacional (MIN) destaca através do Plano Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR, 2007) que a abordagem das desigualdades regionais terá que ser realizada em diversas escalas territoriais, visando à promoção de políticas pública a fim de auxiliar no desenvolvimento regional. Para que essa política e outras formas de gestão do espaço geográfico se concretizem realmente de modo significativo, de acordo com o zoneamento já estabelecido, é necessário conhecer as potencialidades da área. Segundo, BRISKI et al., 2009, pg. 27) “Para atingir níveis cada vez mais elevados da eficiência na utilização desses recursos, é fundamental o conhecimento, bem como a espacialização dos aspectos formadores do meio ambiente, considerando os aspectos do ambiente físico, biogeográfico e social (em suas diversas extensões)”. Desta forma o uso de geotecnologias é relevante para a produção, reprodução e análise do espaço geográfico. Entende-se por geotecnologias as novas tecnologias desenvolvidas no âmbito das geociências, possibilitando avanços nas ações de planejamento, dos processos de gestão, manejo dos vários aspectos relacionados à estrutura do espaço geográfico. Para o geógrafo é relevante o domínio de tais ferramentas, incluindo os SIGs (Sistemas de Informação Geográfica) e o Sensoriamento Remoto (FLORENZANO, 2007). Portanto, como a organização de dados físicos e estruturais poderá auxiliar no planejamento do setor público e privado ou como material de apoio para professores e alunos do ensino técnico e superior? Ao reunir as informações físicas e de infraestrutura da microrregião de Jaguariaíva em um material técnico/didático, pretende-se que este possa servir de consulta para profissionais e estudantes de diversas áreas, a fim de melhor compreender a dinâmica e a interação das localidades. Assim este trabalho tem como objetivo levantar, organizar e espacializar as informações por meio da cartografia e descrição dos aspectos físicos e de infraestrutura da microrregião de Jaguariaíva com o apoio de geotecnologias. 2 Materiais e métodos A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi organizada em duas etapas: escritório e laboratório de geoprocessamento. No escritório, primeiramente foram identificados os municípios pertencentes à microrregião de Jaguariaíva, para que se pudesse direcionar todo o levantamento referente a informações quantitativas a cerca da infraestrutura, demográficas e indicadores sociais, tendo como base, as fontes a seguir (Quadro 1). A segunda parte da pesquisa consistiu na realização do produto (laboratório de geoprocessamento), sendo utilizados os softwares ArcGis 9.3 e CorelDRAW X5, respectivamente para a elaboração, edição e geração dos layout´s dos aspectos físicos e estruturais da microrregião de Jaguariaíva. O produto compões mapas temáticos (geologia, geomorfologia, solo, cobertura vegetal primária, clima e limite) e de rede (hidrografia e rodoviário) extraídos dos receptivos instituto e órgão (Quadro 2), em escala de trabalho a nível Regional (Escalas entre 50.000 à 2.000.000). 5086 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Informações e dados Por municipio Fonte População Densidade demográfica Demográfico IBGE - censo 2010. População Urbana População Rural Territoriais Indicadores Km² ITCG citado por IPARDES, 2011. Índice de desenvolvimento humano IDH (PNUD/IPEA/FJP 2000) citado por IPARDES, 2011. Taxa de analfabetismo IBGE, 2000 citado por IPARDES, 2011. Hospitais DATASUS (Ministério da Saúde, 2000). Postos de Saúde Infraestrutura social Abastecimento de água (por domicílios) SANEPAR citado por IPARDES, 2011*. Rede de esgoto (por domicílio) Infraestrutura Econômica Energia elétrica (consumidores) Atividade Econômica por setores (VAF**) Secundário COPEL 2010 citado por IPARDES, 2011. Primário IPARDES, 2011 Terciário Quadro 1 – Caracterização das fontes por informação coletada. Base Cartográfica Escala Fonte Clima 1:50.000 ITCG, 2008 Geologia 1:250.000 MINEROPAR, 2006 Geomorfologia 1:250.000 MINEROPAR, 2007 1:2.000.000 ITCG, 2008 1:50.000 (considerndo as classes do 1° nível categorico de solos) Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SBCS) Solo Hidrografia 1:250.000 ITCG, 2010 Fitogeográfico (Cobertura Vegetal Primária) 1:2.000.000 ITCG, 2009 Político Rodoviário 1:900.000 Departamento de Estradas de Rodagem (DER), 2011 Quadro 2 – Caracterização das fontes por informação coletada. 3. Resultados e discussões A microrregião de Jaguariaíva situa-se na Mesorregião Centro Oriental Paranaense, compreende os municípios de Arapoti, Jaguariaíva, Sengés e Piraí do Sul (Figura 1), localizada entre as coordenadas planas no sistema UTM, Fuso 22°S: 568.239mS; 688.049mS; 7.259.756mW; 7.368.723mW, possuindo área total de 5.601,89 km² e população estimada de 100.299 mil habitantes (IBGE, 2010), nos quais 81% da população residem na área urbana, atingindo um grau médio de urbanização de 80,25% (IPARDES, 2011). 5087 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Figura 1 – Localização da microrregião de Jaguariaíva Em relação os dados estruturais, 27.157 domicílios estão ligados à rede de fornecimento de água contra apenas 11.036 domicílios que possuem rede de esgoto tratada e aproximadamente 65% dos consumidores possuem rede de energia elétrica (SANEPAR, 2011; COPEL 2010 citado por IPARDES, 2000; DATASUS, 2000). Em contrapartida todos os municípios pertencentes à microrregião de Jaguariaíva apresentam ao menos 1 hospital e 9 unidades de atendimento a população. Quanto aos aspectos educacionais, os municípios de Piraí do Sul e Sengés destacam-se pelos menores e maiores índices de analfabetos maior que 15 anos, apresentando respectivamente taxa de 6,7% e 13,4% (IBGE, 2000). Em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os municípios da microrregião de Jaguariaíva apresentam seus valores classificados como médio (0,710 a 0,760) (PNUD, IPEA, FJP, 2000 citado por IPARDES). A atividade econômica que se destaca abrange as indústrias de transformação e prestação de serviços, atribuído principalmente, as indústrias de papel e celulose existentes na microrregião de Jaguariaíva. A malha viária de jurisdição Estadual é distribuída em todos os municípios da microrregião, sendo as PR-151 e a PR-092 as principais rodovias de ligação das porções sudoeste a nordeste e das porções sudeste a noroeste da microrregião (Figura 2). Figura 2 – Mapa Político Rodoviário 5088 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE A microrregião de Jaguariaíva está inserida, parte na unidade morfoescultural do Primeiro Planalto Paranaense e parte na unidade do Segundo Planalto Paranaense (Figura 3). No Primeiro Planalto, há a ocorrência do Planalto Dissecado do Alto do Ribeira, localizado no sudeste da microrregião, no limite com a microrregião de Cerro Azul, predominando solos do tipo CAMBISSOLO, LATOSSOLO e Afloramentos de rocha (Figura 4). Figura 3 – Mapa de Geomorfologia Figura 4 – Mapa de Solo No Planalto de Castro, localizado na porção centro-sudoeste da microrregião, há ocorrência de solos do tipo CAMBISSOLO, LATOSSOLO, GLEISSOLO e Afloramento de rocha (Figura 4). E o Planalto do Alto Jaguariaíva, localizado na porção centro sudeste da microrregião, predominando solos do tipo ARGISSOLO, LATOSSOLO, CAMBISSOLO, NEOSSOLO, GLEISSOLO e Afloramentos de rocha (Figura 4). A área que compreende a unidade morfoescultural do Segundo Planalto Paranaense (Figura 3) há ocorrência do Planalto de São Luiz do Purunã, localizado na porção centro leste da microrregião de Jaguariaíva, com predominância de solos do tipo: CAMBISSOLO, NEOSSOLO e Afloramentos de rocha (Figura 4). O Planalto de Jaguariaíva é o mais abrangente desta unidade, localizado na porção central da microrregião de leste a oeste, com predominância de solos do tipo: LATOSSOLO e CAMBISSOLO (Figura 4). O Planalto de Ponta Grossa (Figura 3) está inserido na porção norte de Arapoti, Jaguariaíva e Sénges, com solos do tipo: NEOSSOLO, CAMBISSOLO e ARGILOSSOLO (Figura 4). E o Planalto de Tibagi, localizado na porção noroeste entre os municípios de Arapoti, Jaguaraiaíva e Piraí do Sul e predominando LATOSSOLOS. Quanto a litologia da microrregião (Figura 5), na área do Primeiro Planalto Paranaense é composta por materiais do Grupo Açungui (1.000 a 500 M.a) com destaque para rochas da Formação Itaiacoca (mármores dolomíticos, metapelitos e metadoleritos intercaldos) e sedimentos recentes (1.8 M.a), deste Grupo destaca-se rochas do Complexo Cunhaporanga (MINEROPAR, 2006). A cobertura vegetal primária era composta por Floresta Ombrófila Mista Montana, Altomontana (Mata dos Pinhais), Aluvial e Campos (Figura 6). Na microrregião há ocorrência de rochas do Grupo Paraná (395 a 345 M.a) predominantemente no Planalto de Jaguariaíva com a Formação Furnas composta por rocha constituídas por arenitos e siltitos em contato com a Formação Ponta Grossa, no Planalto de Tibagi, que compões predominantemente rochas composta por folhelhos e siltitos cinzentos (MINEROPAR, 2006). No Planalto de Ponta Grossa há de materiais do Grupo Itararé (280 a 230 M.a.), localizado ao norte dos municípios de Arapoti e Sengés, predominando rochas composta por arenitos (MINEROPAR, 2006). A vegetação primária era composta pelas mesmas formações do Primeiro Planalto Paranaense, porém com remanescentes de Cerrado, nos municípios de Piraí do Sul, Arapoti e Jaguariaíva (Figura 6). 5089 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE Figura 5 – Mapa de Geologia Figura 6 – Cobertura Vegetal Primária A microrregião de Jaguariaíva está situada nas Regiões Hidrográficas do Atlântico Sudeste e a Região do Paraná (Conselho Nacional de Recursos Hídricos, 2003 citado por IBGE, 2009) constituída pela Bacia hidrográfica do rio Itararé, Bacia hidrográfica do rio das Cinzas, e a Bacia hidrográfica do rio Tibagi (Instituto das águas) (Figura 7). Quanto ao clima, na microrregião de Jaguariaíva, predomina a classe Cfb, sendo designado para regiões mesotérmicas, chuvas bem distribuídas e verão brando (MAACK, 2002) a média anual de precipitação varia entre 1.400 a 1.800 mm e a temperatura varia entre 16ºC a 19°C (IAPAR). No trimestre mais chuvoso a média de precipitação varia de 500 a 700 mm, já no trimestre mais seco varia entre 225 a 250 mm (IAPAR). No trimestre mais quente as temperaturas variam de 27ºC a 23ºC, já no trimestre mais frio as temperaturas variam de 16ºC a 12ºC (IAPAR) (Figura 8). Figura 7 – Mapa de Hidrografia Figura 8 – Mapa de clima 4. Considerações finais Com a organização das informações cartográficas e suas respectivas descrições foi possível identificar a relação entre os fenômenos físicos da microrregião de Jaguariaíva, estes que possibilitam a utilização do espaço geográfico voltadas para as atividades que se destacam na microrregião. Com o uso das geotecnologias é fundamental para a evolução do conhecimento do espaço geográfico, pois possibilita criação de um banco de dados que viabiliza a utilização integrada das informações, agilizando e aumentando a eficácia de ações de planejamento em diversas escalas territoriais, trazendo melhorias no que tange o meio ambiente e a sociedade. 5090 Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE O material técnico/didático possibilita a análise integrada do espaço geográfico, pois as informações cartográficas aliadas às suas respectivas descrições compõem os elementos necessários para averiguação das possíveis potencialidades e restrições existentes na microrregião de Jaguariaíva. Há a necessidade da atualização do banco de dados, bem como das informações a cerca da infraestrutura social, econômica e das atividades do setor produtivo (primário, secundário e terciário) para evitar desperdícios econômicos e de tempo. 5. Referências Bibliográficas BRASIL, 2007. Plano Nacional de Desenvolvimento Regional. Ministério de Integração Nacional. (disponível em: WWW.INTEGRACAO.GOV.BR/PUBLICACOES/DESENVOLVIMENTOREGIONAL/PROPOSTA_POLIIT ICA_DESENVOLVIMENTO.ASP - acessado em: 26/03/2011). BRISKI, J. Sandro et all. Análise geopolítica do Estado do Paraná por microrregiões. Paraná: Tuiuti: Ciência e Cultira, n. 42, p. 25-38, Curitiba, 2009. CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. São Paulo: Editora Ática, SP, 1995. DATASUS. Ministério da Saúde. Disponível em: www.tabnet.datasus.gov.br. Acesso em: 10 de abril de 2012. FLORENZANO. Teresa Gallotti. Iniciação em sensoriamento remoto. 2 ed. São Paulo: Oficina de textos, 2007. 101 p. IAPAR. 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