ÍNDICE INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 UMA GERAÇÃO PARA O PARTIDO ............................................................................. 5 UMA GERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE E DE ÉTICA ................................................ 10 UMA GERAÇÃO DE LIBERDADE NA ESCOLA ............................................................. 12 UMA GERAÇÃO ACTIVA NA ECONOMIA .................................................................. 17 UMA GERAÇÃO DEMOCRÁTICA E HUMANISTA ....................................................... 20 UMA GERAÇÃO INTEGRADA NA EUROPA ................................................................ 24 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 25 2 UMA GERAÇÃO PARA O CDS INTRODUÇÃO O CDS e a JP são, indubitavelmente, as únicas organizações de cariz partidário no espaço do centro-direita com definições políticas claras e transparentes, que assumem de forma descomplexada a genética ideológica que desde cedo lhe está associada. Não escondemos que somos conservadores. Que respeitamos as tradições portuguesas, a conformação axiológica às origens judaico-cristãs do Ocidente, as limitações societárias ao voluntarismo legislativo, o respeito pelos arranjos políticos experimentados e, em particular, o municipalismo, peça fundamental do projeto político do CDS e garante da descentralização administrativa. Não escondemos que somos democratas-cristãos. Que pugnamos pela defesa da dignidade da pessoa humana, da vida desde a conceção à morte natural, da família como célula fundamental da sociedade, do trabalho como mecanismo dignificador e vetor de unificação nacional, da subsidiariedade como princípio de gestão, da caridade privada como complemento dignificador à solidariedade governamental. Não escondemos que somos liberais. Que defendemos a economia de mercado, a meritocracia como acordo fundamental alargado e garante de paz social, a flexibilização do mercado laboral, operada em nome da justiça geracional, o indivíduo como repositório basilar de direitos, em face dos quais o Estado deve limitar-se. Foi assim quando nos destacámos enquanto movimento cativo de oposição às forças marxistas; foi assim quando votámos contra a Constituição socialista em 1976; foi assim quando defendemos a soberania nacional, inserida num quadro de Mercado Comum, contra os movimentos federalistas; foi assim quando defendemos convictamente os valores da vida e da Família ou quando combatemos a liberalização das drogas; foi assim quando nos batemos contra as políticas de subsídio que marcaram o país nos anos 80 e 90 do século passado. 3 O período que vivemos exige um posicionamento inequívoco no que à política diz respeito. Assistimos, nos últimos meses, a uma alteração das regras não escritas resultantes do fim do Processo Revolucionário em Curso, a uma bipolarização do regime e ao fim, por decreto verbal do Partido Socialista, do chamado “arco da governação” que veio abrir as portas do exercício do poder a partidos de protesto, que se têm manifestado, desde sempre, contra os compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português e que têm construído a sua base de apoio num caminho revolucionário, de democracia duvidosa e de imposição forçada das suas utopias. O CDS deve, pois, assumir uma posição, ganhar voz mediática e materializar a vontade da grande maioria dos portugueses que não deseja mais do que viver em tranquilidade, ser dono do seu rendimento e escolher em liberdade. Assumi-la-emos com a coragem que este momento exige, apostando na afirmação de políticas reformistas contra a revolução em curso, na consolidação da política orçamental até agora seguida contra o despesismo que, seguramente, onerará a nossa e as futuras gerações, e na luta por um Portugal europeu, pacífico e livre. Urge, então, fazer crescer o CDS, formar mais e melhor os seus quadros, e contribuir para a construção de novas fronteiras de poder, alargando a sua base de apoio e consolidando-o como partido autónomo de Governo. Alargar horizontes, honrar a missão da política, dignificar a JP e o CDS, combater a abstinência cívica e partidária, lutar por uma geração com futuro, enobrecer um país com passado. É a estes desafios que pretendemos responder. É por causa destes desafios que queremos construir UMA GERAÇÃO PARA PORTUGAL. 4 UMA GERAÇÃO PARA O PARTIDO O CDS encontra na Juventude Popular (JP) a primeira garantia de renovação da sua linha dirigente, a segurança na continuação do Partido nos tempos vindouros e a certeza de que a abordagem aos mais novos consegue promover mais eficazmente o crescimento sustentável que desejamos. Embora o CDS e a JP sejam organizações autónomas no que respeita aos seus programas políticos e modelos de gestão, não podemos – nem queremos – escamotear a similitude ideológica que as une, a identidade de pensamento que as define, nem a proximidade no campo da ação que as orienta. O CDS deu a vida à JP. A JP dá vida ao CDS. É nessa relação simbiótica que devemos procurar situar-nos e manter-nos, sendo certo que a grandeza de uma medir-se-á pelo grau de força que a outra tiver, beneficiando ambas da convergência de sinergias na assunção dos objetivos comuns. Ao CDS e à JP, num salutar espírito de um entendimento natural, competir-lhes-á concertarem posições e coordenarem políticas conjuntas que visem idênticos fins, comportando-se dignamente como parceiros estratégicos e de interesses partilhados. Assiste a ambas a obrigação de facultarem à outra os meios tidos por convenientes para o cumprimento do seu papel, de acordo com a sua natureza. Do Partido espera-se que atenda e saiba integrar os quadros mais valiosos e promissores que a sua “Jota” for capaz de formar, provendo-lhes o destaque e o protagonismo que merecem, seja nos órgãos internos ou nas suas listas próprias. O preconceito existe em política e cabe-nos erradicá-lo através de um relacionamento intergeracional vantajoso nos dois sentidos. Rejeitamos, nessa medida, o entendimento de que os “jotinhas”, como vulgarmente são designados na opinião pública - num tom manifestamente pejorativo – servem apenas para realizar as tarefas acessórias e instrumentais na agenda quotidiana dos Partidos. A participação cívica dos mais jovens, no quadro da JP, não se caricatura com a figura do moço de recados, do lacaio que executa os fretes dos adultos, do menino que 5 abana as bandeiras, do verbo-de-encher os lugares de suplente, nem do figurante para compor as molduras humanas nos comícios. O argumento da inexperiência dos jovens não poderá colher quando o princípio geral nos diz que todos os militantes carecem de habilitações empíricas até lhes ser concedida a oportunidade de desempenharem determinadas funções. O que se advoga é que a falta de currículo político não seja causa de exclusão dos mais novos, a quem se reveja o perfil, as competências e a maturidade indicadas para justificarem a aposta do Partido. A verdadeira renovação não se atém na mera rotatividade de figuras. A simples alternância não introduz nenhum elemento novo no sistema. Não podem ser sempre os mesmos a perfilar-se para a sucessão aos mesmos lugares. Se cremos na renovação moderada e gradual temos obrigatoriamente que dar espaço a novas pessoas, para evitarmos incorrer numa desnecessária tautologia. A política precisa de personalidades novas – de preferência diferentes do comum - que, num ambiente de liberdade e de confiança, se tornem aptas a fazer as suas escolhas, dar largas à sua criatividade, tentar liderar e construir novas soluções. Não corroboramos a tese falaciosa que apresenta os Partidos como lojas de emprego. Cremos que esse é um rótulo que não assenta bem aos Partidos nem dignifica a democracia. Sabemos, para nosso sossego, que o CDS nunca se deixou transformar pela corrente facilitadora do clientelismo. Nessa medida, recusamo-nos somar gente nova acenando-lhes com essa propaganda enganosa, ao passo que não estamos dispostos a motivar filiados com base num pressuposto axiologicamente errado. Defendemos o mérito como o primordial critério de gestão aplicável a todas as decisões sobre pessoas, sem discriminar entre os mais velhos e os mais novos. Queremos os melhores na primeira linha da JP e na do CDS, a começar, desde logo, nas estruturas locais, até aos órgãos nacionais. Nesse contexto, à luz da importância histórica da JP na vida do CDS e dos jovens portugueses, que é coerente com o aparecimento contínuo de inegável valor humano, o qual, justiça lhe seja feita, tem granjeado simpatias junto de novos eleitorados, 6 justifica-se que o Partido olhe para os dirigentes da JP como apostas certas e fiáveis para não só requalificarem a arquitetura orgânica do CDS, como também para constarem das suas listas candidatas ao poder local e central. Nesse âmbito, permitimo-nos assinalar a vontade expressa da JP em voltar a dispor de representação em sede parlamentar, à semelhança do que sucede com as demais organizações de cariz juvenil dos principais partidos. Não o almejamos por termos predileção pela imitação dos outros, muito pelo contrário. Achamos, contudo, que merecemos travar o debate político no mesmo patamar que os nossos adversários diretos, contraditar dentro do mesmo domínio formal, escrutinar com idênticas armas e construir com poderes homólogos. Ambicionamo-lo por entendermos que a juventude portuguesa merece uma voz conservadora, democrata-cristã e liberal na Assembleia da República, que esteja colada aos pares que representa e que seja indissociável dos mesmos. Essa voz, que nesta legislatura se calou, é a da JP. Por seu turno, conta-se da JP que seja embaixadora da visão do Partido junto dos mais jovens, que convoque as novas gerações a participar civicamente no quadro da sua matriz fundacional e que não prescinda de contribuir para o aperfeiçoamento da vida interna do CDS. Cabe, pois, à JP fazer assentar o crescimento do Partido nas novas gerações, curar a vertigem pelo centrão, procurar introduzir a traduzir a nossa doutrina política ao destinatários mais jovens, formar consciências, educar para a cidadania, iniciar uma mudança de paradigma: colocar os pais a votar nos filhos e não os filhos a votar nos pais. A política, enquanto mecanismo de ação que visa a prossecução do bem comum e a prestação altruísta do serviço aos outros e ao País, é também para a JP o meio indispensável ao reconhecimento das liberdades do Homem. O que se exige a um político não é a criação de riqueza, mas a criação de condições para que outros a possam criar. O que se exige a um político não é a criação da igualdade, mas a criação de condições para que cada ser humano tenha a oportunidade de ascender socialmente. 7 O que se exige a um político não são palavras vãs, mas a capacidade de as cumprir. O que se exige a um político não é a prescrição de modelos teóricos desligados da realidade, mas uma atitude personalista e pragmática. Para nós, é claro que o Homem e a Cidade antecedem e condicionam os modelos teóricos. É à escala do Homem que queremos moldar o Estado, e não o inverso. O que se exige a um político não é, por fim, o mesmo que se exige a uma divindade, mas sim aquilo que seríamos capazes de exigir a nós próprios se estivéssemos naquele papel. E é aí que todos devemos estar: na política, se não nos partidos, na gestão da res publica, na fiscalização consciente e participativa do exercício do poder, no cumprimento da lei, na dimensão ética da vida pública. Um cidadão afastado da política, um abstencionista, um abstémio partidário, não é mais que um ser humano suscetível de vir a ser atacado pela força coerciva do Estado ou pela força social dos partidos em qualquer uma das suas dimensões: no condicionamento da liberdade, na imposição de condutas, nos impostos, na sala de aula, na política externa, na percentagem de sal no pão. É por isso que um cidadão que participa, que se envolve, que milita, é um exemplo de coragem e de missão. É alguém que não está disposto a que sejam os outros a decidir por ele. É alguém que acredita, que arrisca e que se bate por valores e por princípios. Desculparmo-nos com os vícios partidários, com a podridão do sistema dos partidos, com a bipolarização e com a corrupção, não é mais que justificar a nossa inércia. Somos uma geração que faz política e que a quer fazer com ética. E não nos envergonhamos disso. Em conformidade, a JP deverá abrir as suas portas à sociedade civil, criando sinergias com organizações apartidárias de indubitável valor social, construindo pontes entre a juventude e o poder político, entre as ideias e a sua prática. É com base neste pressuposto que trazemos uma filosofia, um modelo e uma estratégia para a juventude de centro-direita, descomplexada e corajosa, que vê no CDS o seu referencial de militância politico-partidária. 8 Não vamos desperdiçar o futuro que desperta dentro da nossa Casa. A solução está em plantar no gosto do jovem algo transmitido pela experiência dos mais velhos; e semear no gosto dos mais velhos algo que provenha da irreverência dos mais novos: quem segue nesta jornada evolui e desenvolve-se. Não morre. 9 UMA GERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE E DE ÉTICA Não haverá reforço da participação política dos jovens sem que, do lado de quem já se encontra no palco da representação partidária, não se saiba corresponder a um desejo que é comum e transversal na sociedade portuguesa: a ética na política. Se é verdade que, no século XIX, os chamados caciques locais se serviam da satisfação de interesses e da criação de empregos para a manutenção da sua esfera de poder, não é menos verdade que essa lógica permanece no século XXI mas com recurso ao aparelho do Estado. A colonização da Administração Pública, o clientelismo partidário, as redes de favores, o jogo de influências, são hoje realidades que a nova geração de agentes políticos deve combater. O CDS não tem um apetite voraz pelos dinheiros públicos, pelos lugares de aparelho, nem faz parte da bolha de interesses de que fazem parte os partidos do centro. A JP, na mesma linha, sabe que a coisa pública se gere melhor se a vida do Estado assentar no mérito e na efemeridade do poder e não nas lealdades ou nos vínculos partidários. Defendemos, por isso, o emagrecimento do Estado socialista, a contínua despartidarização e dignificação da Administração Pública, a remuneração adequada das funções públicas, a proibição da acumulação de funções públicas e privadas eticamente incompatíveis, e o concurso público como regra. Um Estado grande é um Estado corrupto. E a legislação anti-corrupção não terá qualquer eficácia se mantivermos um Estado obeso, uma Administração Pública obsoleta e de parca mobilidade, e uma rede de interesses entre a esfera privada e a esfera pública em permanente conluio. É na prevenção que devemos insistir, e não na condenação. Não há prevenção mais eficaz do que aliviar o Estado dos partidos, dos sindicatos e das corporações. Acreditamos que um regime de transparência, por si só, não resolve os problemas de que a sociedade portuguesa, com justiça, se lamenta. Não se endireita a sombra de uma vara torta. Sabemos que só uma conduta impoluta e incorruptível servirá para fazer funcionar as normas de transparência já existentes, e as por existir, tal como 10 sabemos que só um regime legal em que o ser humano seja considerado como suscetível de errar e de corromper pode vingar. É com essa consciência que pretendemos liderar pelo exemplo, ao passo que exigimos, também, escrutínio e controlo sobre a nossa própria atividade. 11 UMA GERAÇÃO DE LIBERDADE NA ESCOLA Somos uma geração sem dogmas, sem amarras e sem complexos. É por isso que olhamos para a mobilidade como um fenómeno a aprofundar e não a censurar. Desconfiamos de uma visão monolítica das escolas públicas, quanto aos seus projetos educativos, ao seu corpo docente e aos seus instrumentos de gestão. Queremos as escolas – privadas, públicas e cooperativas – mais descentralizadas e autónomas face aos desmandos ministeriais. Às famílias, pretendemos conceder a liberdade de escolher entre estabelecimentos de ensino e projetos educativos. No país que queremos, a excelência e o esforço devem ser suficientes para romper a eternização dos ciclos de pobreza. No país que queremos, o sucesso escolar não pode ser determinado pelo código postal. É nesse sentido que não olvidamos o papel do ensino enquanto fonte de mobilidade social, indutor do mecanismo de elevador, que possibilita o acesso a um nível de vida superior, pela via da aposta na formação curricular. Sabemos bem, aliás, que as escolas se inserem em contextos sociais diversos, respondem a desafios próprios e servem alunos diferentes. Não existe uma escola pública; existem escolas públicas. As nossas prioridades estão organizadas. Acreditamos que os alunos antecedem as escolas. Defendemos um ensino humanista e de proximidade, que forneça respostas descentralizadas a problemas específicos. Será esse, aliás, um dos terrenos de afirmação do “cristão regresso à pureza do princípio da subsidiariedade” por que Francisco Lucas Pires clamava no prefácio do seu Programa para Uma Nova Década. Um regresso longamente desejado por democratas-cristãos, conservadores e liberais, dentro das suas especificidades, e que a nossa geração, intrinsecamente diversa e desinstalada, acompanha. Atualmente, o quadro legal português permite a contratualização entre o Estado e os municípios, com vista à criação de estabelecimentos de ensino com gestão descentralizada. Em diversas autarquias, algumas das quais governadas pelo PS, surgiram já projetos-piloto que concretizam esta legislação. Centenas de alunos 12 portugueses já estudam em escolas cuja oferta educativa foi estruturada em função das necessidades locais e cujos centros de decisão foram decisivamente aproximados das famílias. Trata-se de uma inovação notável que a Juventude Popular e o CDS devem procurar proteger de qualquer tentativa de retrocesso. Seria inaceitável que as vidas de centenas de crianças e jovens fossem afetadas pelo radicalismo ideológico das esquerdas. Cumpre-nos, pois, defender o ensino municipalizado dos virulentos ataques da nova maioria. Devemos ainda pugnar, através dos autarcas do CDS e da Juventude Popular, pelo alargamento deste modelo a um número crescente de regiões do país. A liberdade ousa-se, conquista-se e preserva-se. É um combate nobre a que somos chamados novamente. Todavia, a defesa do ensino descentralizado e diverso não pode limitar-se à proteção do ensino municipalizado. A Juventude Popular deve almejar a devolução de poderes aos diretores das escolas estatais, permitindo-lhes adaptar a oferta educativa às necessidades reais das suas regiões. Acreditamos num sistema descentralizado, com diversidade curricular. Sabemos também que não existirá autêntica autonomia das escolas enquanto os diretores dos estabelecimentos de ensino estiverem dependentes de um sistema centralizado para contratar o seu pessoal. Particularmente quando esse sistema, em lugar de privilegiar o mérito profissional, se estrutura com base no critério da antiguidade, oferecendo aos docentes mais antigos o privilégio do emprego vitalício, em detrimento dos professores em início de carreira. É hoje claro que a centralização do processo de contratação falhou: criou um fosso geracional entre os professores; desligou os privilégios profissionais do mérito; afastou os jovens mais capazes da ambição de ensinar; bloqueou a renovação da carreira docente. Sobretudo, porém, é a marca de um sistema de ensino em que os professores – alguns professores – estão no centro, ao invés dos alunos e do seu superior interesse. Não acreditamos nesse modelo. Pugnaremos pela sua revisão. Qualquer gestor colocado à testa de uma empresa tem a possibilidade de contratar livremente. O diretor de uma escola não possui essa prerrogativa. Confrontado com 13 uma vaga no estabelecimento de ensino que dirige, cabe-lhe pedir ao Ministério da Educação que a preencha. Reconhecemos uma injustiça intrínseca e estrutural no atual modelo de contratação dos professores. Mas entendemos também que a liberdade absoluta de contratação por parte das direções das escolas, desligada de quaisquer controlos, poderia provarse permeável a clientelas e decisões em causa própria. Uma transição responsável para um modelo de autonomia de contratação pressupõe necessariamente o aumento do escrutínio das direções das escolas. Torna-se relevante reforçar os poderes fiscalizadores dos Conselhos Gerais e alargar a sua composição às forças vivas das comunidades locais. Ambicionamos uma escola que providencie mais oportunidades às famílias e à sociedade civil para se envolverem no processo educativo, escrutinando a ação da direção e preservando o superior interesse dos alunos; discutindo os currículos, fiscalizando as decisões pedagógicas e debatendo a oferta educativa. Também a Inspeção-Geral das Escolas deve ser relançada, para fiscalizar o processo de contratação e garantir a sua transparência e a ausência de conflitos de interesse. Precisamente porque entendemos as escolas públicas como entidades diversas e plurais que abarcam realidades educativas distintas, pretendemos estender a todas as famílias uma efetiva liberdade de escolha. Para milhares de jovens portugueses, a educação é a única oportunidade de quebrar ciclos geracionais de pobreza, atingindo o sucesso através do esforço e do mérito. Sabemos bem que as famílias mais abastadas podem oferecer aos seus filhos amplos horizontes de escolha. Não é justo que sejam precisamente os mais desfavorecidos que veem as suas opções coartadas. Não queremos viver num país onde seja possível prever o sucesso de um jovem através do seu código postal. Pretendemos que as escolas estatais possam diferenciar-se nos currículos, na oferta e na qualidade dos quadros docentes. Desejamos que o Estado reconheça às famílias o direito de optar entre diversas escolas, consoante as necessidades e os interesses dos seus filhos. Mais do que isso, porém, reconhecemos que são públicas todas as escolas que se encontram abertas ao público, e não apenas as que são detidas pelo Estado. À 14 semelhança do programa eleitoral do CDS em 1985, advogamos “um maior equilíbrio e igualdade entre ensino público e privado”. Defendemos ainda que as escolas privadas não devem ser prerrogativa dos mais abastados. Se um jovem carenciado desejar frequentar uma escola privada cujo currículo tenha sido abalizado pelo Ministério da Educação, deve o Estado financiar a sua opção do mesmo modo que a financiaria se o estudante tivesse escolhido uma escola pública. No fim de contas, não importa a identidade do detentor da escola; importa que o aluno estude onde escolheu, em lugar de ser bloqueado por falta de possibilidades materiais. Importa que a escola seja um instrumento legítimo e nobre de mobilidade social e sublimação pelo mérito. Em nome dessas convicções, brandiremos o chequeensino como opção radical pela liberdade. E, se queremos oferecer aos jovens e às famílias ampla liberdade de escolha entre escolas com diversidade curricular e gestão descentralizada, defendemos também a existência de instrumentos centralizados de mensuração da qualidade das escolas. Para além da ação enérgica da Inspeção-geral das Escolas, de que já se falou, parecenos relevante que, no final de cada ciclo de ensino, sejam realizados exames nacionais nas disciplinas nucleares. Estas provas ajudam a cultivar um clima de exigência e seriedade, habituando as crianças e os jovens à pressão do mercado laboral. O seu propósito cumpre-se também quando assistem as famílias na comparação entre os estabelecimentos de ensino e na escolha do melhor ambiente para os seus educandos. Em Portugal, as escolas cooperativas com contrato de associação constituem um excelente exemplo desta dinâmica. Nascidas da vontade coletiva de uma comunidade, para suprir a ausência de um estabelecimento de ensino estatal, estão curricularmente integradas no sistema de ensino e cumprem as mesmas funções que as escolas detidas pelo Estado. Do Ministério, recebem uma subvenção por cada aluno que instruem, à semelhança do que sucede com as escolas detidas pelo Estado. No entanto, em diversas ocasiões, essa subvenção foi ameaçada por motivos ideológicos. À Juventude Popular e ao CDS, reclama-se a clarividência de defender as escolas cooperativas com contrato de associação, face ao ativismo doutrinário que ocasionalmente ameaça purgá-las. 15 Em todo o caso, vale a pena referir que o investimento privado organizado no âmbito do ensino é ainda pouco expressivo. De acordo com a edição de 2015 do estudo “Education at a Glance”, produzida pela OCDE, no ensino primário, secundário e vocacional, mais de 80% dos custos são suportados pelo Estado, cabendo às famílias o resto da fatura. O investimento privado revela-se incipiente, o que não sucede noutros países estudados pela organização. Sonhamos um país em que a ação concertada das comunidades contribua crescentemente para melhorar o sistema educativo. Esse contributo não deve restringir-se às escolas privadas ou com contrato de associação. Pelo contrário, os estabelecimentos de ensino detidos pelo Estado devem abrir-se aos inputs da sociedade civil, alargando os Conselhos Gerais a novos membros e outorgando-lhes mais poderes no âmbito da gestão das escolas. Cada vez mais, devem ser as comunidades locais e as suas forças vivas a escrutinar o comportamento dos órgãos de gestão escolar e a colaborar com estes com vista a defender as escolas. 16 UMA GERAÇÃO ACTIVA NA ECONOMIA Importa desmistificar a nomenclatura da austeridade. Austeridade implica, numa atitude conservadora, ser-se parcimonioso nos gastos de forma a que estes não ultrapassem as receitas e não coloquem em risco o sentido de poupança. Até hoje, e mesmo depois de 3 anos de intervenção externa que trouxe a necessidade imperativa de cortar gastos e aumentar receitas, continua o Estado a gastar mais do que coleta. Assim sendo, facilmente se conclui que o Estado e os Governos europeus não têm sido, por definição, austeritários. Têm sido, isso sim, um pouco mais parcimoniosos nos gastos e bem mais ávidos e criativos na coleta. Há que, por isso, colocar um fim a essa tendência, reduzindo os encargos com a despesa e aplicando à receita métodos eficazes que não a destruam a riqueza, de modo a poder dela beneficiar. A taxação tem de uma forma geral aumentado em todos os sectores, tornando-se cada vez mais um empecilho à mobilidade social sustentada nos frutos do trabalho dos cidadãos. A taxação progressiva, em nome de uma responsabilidade social difícil de quantificar, discrimina de facto cidadãos com base no seu salário. Não há lobbies nem clamor de direitos humanos que defendam o esbulho fiscal que, justificado sempre como direcionado aos mais ricos, atinge especialmente a classe média. Trabalhar mais e ambicionar mais, sob a pena de transição de escalão tributário, praticamente não compensa: é um crivo Estatal sempre presente até ao mais pequeno degrau. Pela justiça social, pelo direito à não discriminação, pelo respeito ao trabalho e à propriedade privada, pelo combate à burocracia asfixiante e à evasão fiscal, deve estudar-se a hipótese de aplicar em Portugal sistema de “Flat Tax”, à semelhança do usado em diversos países de economias comparáveis à portuguesa. A flexibilização é fundamental. Seja através de políticas que façam depender os salários e os seus aumentos da produtividade, de políticas de redução progressiva da carga fiscal, de redução da progressividade confiscatória dos impostos diretos, da defesa de uma política de liberdade de ensino, de aprendizagem e de escolha do estabelecimento de ensino, da criação de cheques escolares ou de bolsas-empréstimo, 17 da flexibilização da negociação dos salários, da adaptabilidade da duração e horários de trabalho, da defesa de horários de trabalho adaptados à vida familiar e escolar, da redução dos encargos fiscais sobre a habitação, seja em matéria de propriedade ou de arrendamento, de incentivo ao regresso às atividades tradicionais, como a agricultura ou as pescas. Defendemos um Estado que nos deixe viver e que trate os seus cidadãos como adultos responsáveis e capazes de conduzir as suas próprias vidas, de errar e de corrigir os seus próprios erros. Não acreditamos, e bater-nos-emos sempre por destrui-la, numa ideia de Estado planificador e igualitário. Ademais, o conceito de estipulação de um valor mínimo para o salário nacional é algo que deveria aglutinar em si variáveis como: os sectores de atividade e os anos de experiência dos seus trabalhadores. Os salários mínimos devem respeitar critérios de diferenças profissionais, etárias e geográficas. Deve competir por isso às profissões organizadas e às instâncias políticas locais (principalmente nos casos omissos) o ónus de definição mais sensata de um valor mínimo remuneratório do trabalho. Acreditamos que o valor do salário mínimo nacional deva ser calculado de forma diferenciada, de sector para sector. Assim, um sector mais produtivo e exigente não deverá ter por base o mesmo valor salarial que seja cominado a um sector menos produtivo e dinâmico. A fixação de um ‘’salário-base’’ acima da produtividade de um determinado sector de atividade provoca, irremediavelmente, despedimentos e constitui um entrave ao seu próprio desenvolvimento. Empresas de dimensão reduzida não são capazes de crescer e conservar-se nestas condições. A concertação de um salário mínimo que difira de sector para sector de atividade deve ser entendida entre os chamados stakeholders. Ou seja, tem de ser discutida entre todas as partes interessadas. O salário mínimo terá, então, de ser negociado entre as plataformas patronais e os sindicatos referentes a um dado sector de atividade, e o Governo. Assim, a determinação de vários montantes de salários mínimos a serem atribuídos consoante os diferentes sectores de atividade a que estejam associados seria mais justa, estimulante para o referido sector e envolveria mais interlocutores na discussão. 18 O valor que lhe seja atribuído tem de levar em consideração os anos de experiência de cada trabalhador em concreto, encontrando-se, deste modo, um justo montante médio com o intuito de não prejudicar os mais inexperientes. Todavia, a verdade é que a solução atualmente convencionada não favorece a entrada no mercado de trabalho, por exemplo, de recém-licenciados, constituindo uma verdadeira barreira ao seu ingresso no sector laboral. 19 UMA GERAÇÃO DEMOCRÁTICA E HUMANISTA O CDS sempre se afirmou, desde os seus primórdios, como Partido de cariz humanista e personalista. Quer isto dizer que, para nós, o ser humano sempre foi o centro da sociedade, onde a família é o seu núcleo fundamental e que nos batemos pelo princípio da dignidade da pessoa humana. Assim deveremos continuar, de resto cumprindo o legado de Adelino Amaro da Costa, quando dizia que “somos contra a exploração do Homem pelo Homem e do Homem pelo Estado”. É nesse sentido que defendemos uma política de incentivo à família, ao elevador social, à produtividade e à flexibilidade da sociedade. A desconfiança da sociedade em relação às preocupações sociais da direita, apesar de ser essencialmente fomentada pela esquerda, tem sido também gerada por um certo elitismo que tem subsistido no seio do nosso espectro político. É contra essa ideia – já, em parte, esbatida pela ação do CDS e, com ele, do XIX Governo Constitucional – que lançaremos as bases necessárias para a construção de uma agenda social conservadora. O humanismo no CDS deve, assim, combater a perceção de que a direita não tem preocupações sociais, o que tem obstado a que as pessoas identifiquem sensibilidade social com o nosso quadrante político, preferindo procura-las nos partidos socialistas, progressistas ou, pasme-se, comunistas. Denunciamos a ideia de que a redistribuição de dinheiro e da riqueza resolvem os problemas da pobreza, como entendem os partidos à esquerda, mas rejeitamos também a ideia de que cada pessoa carenciada deve sair dessa condição através da abertura de um negócio próprio, como alguns sectores mais liberais têm vindo a defender. Propomos que o CDS assente a sua mensagem em três pilares essenciais: a transformação social, a ajuda material e a criação de oportunidades. Em primeiro lugar, afirmaremos o apoio social através da transformação moral da sociedade, asseverando a necessidade de uma mudança no quadro de valores que 20 preceda a intervenção económica junto dos mais desfavorecidos. Essa transformação assenta em três ideias fundamentais: a Família, a comunidade e o trabalho. O CDS, através das suas estruturas locais, desempenhará um papel comunitário a este propósito, envolvendo-se, divulgando a palavra, auxiliando o próximo, aprofundando a nossa matriz judaico-cristã, cultivando o valor do trabalho. Não se trata com isto de impor à sociedade uma ou outra forma de viver. Não queremos com isto incutir no indivíduo ditames de vida em sociedade. Trata-se, sim, de dar o exemplo de vida em liberdade e em comunidade, alicerces fundamentais de um país livre e democrático. Em segundo lugar, relativamente à ajuda material, defenderemos a criação de uma rede de segurança sustentável, em que o Estado é agente supletivo, ao contrário dos partidos progressistas, que preferem um sistema cada vez maior e mais complexo de redistribuição de rendimentos, de confisco e de controlo exclusivamente estatal. Sabemos que este trabalho foi desenvolvido, por ação do CDS, na execução do programa do XIX Governo Constitucional, mas sabemos também que é necessário aprofundar ainda mais esta ideia e implementar largamente as medidas intrínsecas ao princípio da subsidiariedade. De forma a evitar que o impacto das falências dos Estados destrua os sistemas de proteção social, é importante manter a política orçamental, salvaguardando o essencial e prevenindo problemas futuros. Nesse âmbito, salientamos que o problema do sistema, mais que económico, é ético, na medida em que as pessoas se tornam cada vez mais prisioneiras e dependentes daquele, sem capacidade de recuperação social e económica, sem capacidade de recurso ao elevador social. Destarte, o objetivo final da rede de segurança não pode ser a subsistência perpétua nem a impotência crónica. Consideramos que a criação de emprego é fundamental à construção de uma sociedade de bases sólidas, mas acreditamos na lei do mercado. O emprego gera-se não por decreto ou por aumento impraticável de salários, mas por políticas de âmbito fiscal que favoreçam o emprego, nomeadamente por um IRC ainda mais competitivo e por um alargamento das isenções de contribuições para a Segurança Social de 21 empregadores que contratem jovens à procura de primeiro emprego, e o rendimento disponível estabiliza com base na descida do IRS. Deve procurar implementar-se um sistema de pagamentos diretos e de empréstimos a juros baixos, de forma a que desempregados de longa duração possam deslocar-se para áreas geográficas onde existam mais oportunidades de emprego, o elevador social nem sempre para no andar onde nos encontramos. Em terceiro lugar, o CDS deverá bater-se pela criação de mais oportunidades, através de uma educação universal que crie capital humano e de um sistema económico que recompense o trabalho, o mérito, a inovação e a responsabilidade. Medidas como o cheque-ensino ou a ligação direta entre a remuneração do professor e o desempenho do aluno (avaliado por terceiro) estarão nesta agenda social conservadora que aqui defendemos. Acreditamos que o Estado existe para ajudar aqueles que dele mais precisam. Assim, é fundamental reforçar o papel e a sustentabilidade do Estado e da Segurança Social, assegurando que os mecanismos de proteção servem quem devem servir. Por um lado, pugnamos por um Estado Social que, servindo a todos na medida das suas necessidades e das suas capacidades, seja um mecanismo de apoio aos seus utentes e não uma rede de obras públicas. O Estado Social, seja através da rede pública, do sector privado ou das misericórdias, presta serviços aos cidadãos – não é um mero complexo de betão. Nesse sentido, a liberdade de escolha deve ser assegurada, bem como a criação de condições para que todos possamos aceder aos serviços do Estado Social, financiando-o na medida das nossas possibilidades. Por outro lado, sabemos que não se combate a insustentabilidade da Segurança Social sem uma política demográfica competente. É nesse sentido que se defende, a par de uma reforma com carácter de permanência do regime e da criação de um limite máximo às pensões de reforma, a extinção dos constrangimentos legais à família. Mais do que apoios à natalidade, precisamos que o Estado não lhe crie obstáculos. Nenhum casal de jovens terá mais filhos por receber, por exemplo, um cheque-bebé, mas pode vir a tê-los se daí advierem consequências substanciais em matéria de tributação ou de 22 horários de trabalho, caso estes sejam adaptados à vida pessoal de cada um, compensados através de políticas de estímulo à produtividade, de criação de objetivos, de prémios e de variação salarial em função do valor produzido. No plano de defesa de um serviço público de saúde qualitativo, eficaz e tendencialmente gratuito, a abertura à concessão privada pode ser explorada através do desenvolvimento de planos de concessão já bem sucedidos. Pode ser disso exemplo o sistema de ADSE, cujos princípios e implementação seria interessante fazer abranger a mais sectores para além da Função Pública, de uma forma equilibrada e faseada. Por fim, a geração da mobilidade, sendo individualista, não é egoísta. O princípio da solidariedade intergeracional não é, pois, algo de que estejamos dispostos a abdicar. E dizemo-lo na sua dimensão bi-direccional. Somos responsáveis pelo conforto dos mais velhos, e por isso estamos dispostos a abdicar de algo em seu benefício, na expectativa sinalagmática de que os mais velhos tenham preocupações com o nosso futuro, e que por isso abdiquem de algo em nosso favor. A defesa da qualidade das nossas instituições e o aprofundamento da democracia representativa estará também no centro das nossas atenções e da nossa atuação política. É nesse sentido que, de forma a aprofundar a representatividade do nosso sistema eleitoral, pugnaremos pela reforma dos círculos eleitorais e pela criação de um círculo nacional de compensação. 23 UMA GERAÇÃO INTEGRADA NA EUROPA É possível habitar uma posição intermédia e moderada entre o dogma institucional europeísta e um unilateralismo de rejeição e abandono abrupto do projeto europeu que se trilhou durante as últimas décadas. O avanço camuflado de um federalismo não declarado, não explicado e não sufragado de forma transparente pode e deve ser denunciado e combatido sem prejuízo de uma perfilhação da importância da existência de um projeto europeu conjunto. Há na Europa muitas Europas: a da Comissão Europeia e Parlamento Europeu e a do Conselho Europeu, a do euro e a das moedas nacionais, a federal e a da cooperação entre Estados Nações. Em nome da construção de um novo império a ser “player” de peso no jogo mundial tem-se demasiadas vezes atropelado princípios fundacionais como a autodeterminação dos povos, o respeito da soberania nacional, a descentralização e a subsidiariedade. Na honra da liberdade com que se fez o caminho da integração e entrega de poderes deve a Europa sempre respeitar e facilitar igual liberdade de um caminho de devolução dos mesmos, se tal for o entendimento dos povos. Será neste sistema de “checks and balances”, onde a liberdade de pertencer é absoluta, que a Europa se pode reformar e evoluir. É no respeito entre iguais que o compromisso se firma. O contínuo trilhar de um caminho único rumo ao federalismo terá como consequência a mais que provável amputação de membros da União e, com isso, o ferir de morte de um projeto que enquanto essencialmente fundeado na liberdade de circulação de bens e pessoas, trouxe de uma forma geral paz e prosperidade a um continente. Há no pensamento conservador uma inclinação natural a desconfiar da relativização das soberanias, das tradições e das culturas. Existe riqueza na diversidade e foi nessa diversidade que a Europa se forjou e deu mundos ao mundo. Uma integração vertical de nações com realidades, poderes e projeções de transcendência tão distintas acabará sempre por ser um domínio encapotado e por vezes comprado dos mais fortes sobre os mais fracos, na eterna guerra que é a economia. 24 CONCLUSÃO Parece pois claro que Portugal sem um CDS forte e uma JP expressiva, é uma país politicamente descompensado. Cumpre-nos verter na prática politica, com a isenção que nos é conhecida e com a liberdade que nos é natural, estas ideias e aspirações de glória para o país. Cabe aos nossos dirigentes, autarcas e parlamentares personalizar esta ideia de que o melhor caminho é o que queremos sobre estas pedras trilhar. Vivemos um momento politico conturbado. Achávamos não ser preciso uma regra ser escrita para ser uma regra, todos nós sempre soubemos leis de cabeça, até as crianças conhecem os princípios dos jogos do recreio de cor, e mesmo as relações humanas materializam-se sem serem positivas. Entenderam, no entanto, as mentes socialistas fintar a derrota com a quebra das regras de formação governativa, matando a primazia do partido mais votado e, com ela, sucumbiu também a lógica do voto (in)útil; ou, nas palavras do Professor Adriando Moreira, o voto que só é útil “para quem o recebe” – que sempre nos castigou na justiça dos resultados. Será sobre um novo tabuleiro, um novo princípio e um novo paradigma que se vão confrontar todas as forças políticas a futuro. O que sabemos dessas batalhas é que também se fazem com sangue novo. Os cidadãos eleitores são de vários estratos e escalões etários e por muito que queiramos procura de voto, sem oferta não é possível resultados. A política não se faz só de ideias, aliás, se assim fosse, há partidos que nem sequer existiam. Faz-se também de pessoas. Se a classe média se revê na bancada parlamentar do CDS, o “jovem” da faculdade, ao momento, tem mais dificuldade em encontrar o seu igual. Este é um momento do CDS no País, ao passo que é o tempo da JP no CDS. Poder-se-iam citar razões, argumentos, fundamentos, autores nacionais ou estrangeiros, mas entendemos que bastam nomes, nomes de dirigentes de hoje do CDS que o foram da JP. Parece inegável, a JP é a verdadeira escola de quadros do CDS e o que ambiciona é simples: 25 Quer este Portugal antigo, dono de si, país da Europa que a deixa sê-lo, terra onde cada um se pode evoluir e crescer em liberdade. Quer um país que não amarra os jovens à ignorância, onde lhes é possível estudar para vencer e vencer para estudar. Com opções de escolha, mérito e exigência, porque a escola é um simulacro da vida. Quer um país com uma economia livre, onde cada um pode escolher o que fazer com o seu dinheiro em vez de ter como sócio para a vida um estado fiscal violento e esfomeado. Quer um país com um sistema previdente e de saúde publica, uma rede, uma segurança que de tão segura se assegura a si mesma, com boa gestão e contenção, porque um estado magro é mais rápido a correr para ajudar, do que um estado tropeço e obsoleto. Quer uma classe política impoluta, digna no cumprimento do seu ideário em nome do povo, que sirva os outros e não si própria. Quer um País com cada vez mais jovens a pensar como ela e a rever-se nas suas tomadas de posição. A Juventude Popular quer dar ao CDS para poder receber. Oferecemos o que temos de melhor: Uma Geração para o CDS. Uma Geração para Portugal. 26 27