Fertilização no desenvolvimento da orquídea Cattleya 'Chocolate Drop' Vinicius Fernando Nogueira Alves (bolsista PIBIC/CNPq), Guilherme Augusto Cito Alves, Ricardo Tadeu de Faria, e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/ Departamento de Agronomia/ CCA. Ciências Agrárias, Agronomia 5.01.01.00.00-9 Palavras-chave: Fertilização química, fertilização orgânica, Orchidaceae. Resumo A falta de estudos sobre a fertilização de muitas orquídeas ocasiona a realização de adubações baseadas em experiências praticas, muitas vezes não atendendo a demanda nutricional de todas as espécies. O objetivo deste projeto foi avaliar os efeitos da fertilização química, orgânica e suas combinações no desenvolvimento da orquídea Cattleya 'Chocolate Drop'. Os tratamentos avaliados foram: T1) Sem adubação, T2) Peters 20-20-20, T3) torta de mamona, T4) Peters + torta de mamona, T5) Biofert 3-2-2, T6) Biofert 3-2-2 + torta de mamona, T7) Biofert 3-2-2 + torta de mamona + Peters 20-2020. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado contendo 7 tratamentos, com 10 repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey a 5% de significância. As características avaliadas foram: número de folhas, número de brotos, altura da planta, diâmetro do bulbo, massa seca da planta. Os tratamentos Peters 20-20-20 e Peters + torta de mamona apresentaram os melhores resultados para todos os parâmetros avaliados. Pode-se concluir que a fertilização com o adubo Peters 20-20-20 favoreceu o desenvolvimento da orquídea Cattleya ‘Chocolate Drop’, assim como o seu uso combinado com torta de mamona também é indicado na fertilização deste hibrido. Introdução e objetivo A família Orchidaceae é uma das mais numerosas entre as angiospermas, sendo representada por mais de 850 gêneros e cerca de 35.000 espécies (MILLER; WARREN, 1996). A Cattleya 'Chocolate Drop' é um cruzamento da Cattleya Guttata com a Cattleya Aurantiaca, e apresenta como característica marcante a fragrância levemente adocicada e o brilho ceroso de suas pétalas. Na produção em ambiente protegido, a maioria das fontes naturais de nutrientes está comprometida, tornando a fertilização indispensável ao 1 crescimento e desenvolvimento das orquídeas (NAIK et al., 2009). Em razão do desconhecimento das reais necessidades das plantas, os fertilizantes aplicados, na maioria das vezes, são insuficientes ou excessivos, ocasionando desequilíbrio na nutrição mineral das plantas (NELL et al., 1997). A adubação orgânica tem como vantagens a liberação gradual dos nutrientes, o aumento da atividade biológica, maior diversidade de nutrientes, devido às variadas composições, além de serem, em geral, produtos provenientes do aproveitamento de resíduos (Naik et al., 2009). A adubação mineral é amplamente utilizada, principalmente pela rápida disponibilidade de nutrientes para a planta e praticidade da aplicação, sendo realizados diversos estudos para avaliar o melhor manejo da fertirrigação (Wang e Konow, 2002) O presente trabalho teve como o objetivo avaliar os efeitos da fertilização química, orgânica e suas combinações no desenvolvimento da orquídea Cattleya 'Chocolate Drop'. Procedimentos metodológicos O ensaio foi conduzido em casa de vegetação no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Londrina (UEL) - PR. A irrigação do tipo aspersão foi realizada uma vez ao dia no período da manhã, com duração de dez minutos e 6 milímetros de água. A orquídea utilizada neste estudo foi a Cattleya 'Chocolate Drop’ obtida por meio de clonagem in vitro. O substrato utilizado foi uma mistura de casca de pinus e carvão vegetal, na proporção de 1 parte de carvão para 1 parte de casca de pinus. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado contendo 7 tratamentos, com 10 repetições. Os tratamentos avaliados foram: T1) Sem adubação, T2) Peters 20-20-20, T3) torta de mamona, T4) Peters + torta de mamona, T5) Biofert 3-2-2, T6) Biofert 3-2-2 + torta de mamona, T7) Biofert 32-2 + torta de mamona + Peters 20-20-20. O adubo Bioferte Orquídea apresenta as seguintes concentrações de nutrientes: 3,45% de N; 2,3% de P2O5; 2,3% K2O; 1,15% Ca; 0,575% de Mg; 1,15% S; 0,023% B; 0,23% de Cl; 0,0115% de Co; 0,075% Cu; 0,115% de Fe; 0,0575% de Mn; 0,00575% de Mo; 0,00575% de Ni; 0,115% de Zn. A torta de mamona utilizada foi da VitaPlan®, com garantia de 5% de N total e 35% de C total. O fertilizante solúvel Peters® foi utilizado na formulação NPK 20-20-20 (20% de N; 20% de P2O5; 20% de K2O; 0,05 % de Mg; 0,0125% de B; 0,0125% de Cu; 0,05% de Fe; 0,025% de Mn; 0,005% de Mo; 0,025% de Zn). O formulado Peters® foi aplicado a cada 30 dias na concentração de 3 g L 1, adicionando-se 50 mL por vaso do fertilizante diluído. O Biofert orquídea foi aplicado a cada 30 dias, adicionando-se 20 ml do produto em 1000 ml de agua e adicionado 50 mL dessa solução por vaso. A torta de mamona foi adicionada na borda do vaso a cada 90 dias, na quantidade de 5 g. 2 Após 14 meses do início do experimento foram avaliados os seguintes parâmetros: número de folhas, número de brotos, altura da planta, diâmetro do bulbo, massa seca da planta. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey a 5% de significância. Resultados e discussão Na tabela 1 são apresentados os resultados dos parâmetros avaliados da orquídea Cattleya 'Chocolate Drop submetidas aos tratamentos de adubação. Tabela 1: Médias do número de folhas, número de brotos, altura da planta, diâmetro do bulbo e massa seca da orquídea Cattleya 'Chocolate Drop submetida a diferentes adubações. Londrina – UEL – 2015. Número folhas T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 CV % 5,60 11,30 8,12 11,00 7,80 8,21 5,80 12,74 Número brotos C1 a b a b b c 1,00 2,40 1,70 2,20 1,80 1,60 1,60 25,53 Altura planta C A B A B B B 17,40 27,20 23,30 26,90 23,60 23,90 21,80 19,28 Diâmetro bulbo c a ab a ab ab ab 1,53 1,97 1,91 1,96 1,92 1,90 1,62 17,03 a a a a a a a Massa seca planta 8,72 17,27 12,87 16,56 11,88 11,64 10,20 22,38 C A B A Bc Bc C Fonte: o próprio autor T1: Sem adubação; T2: Peters 20-20-20; T3: torta de mamona; T4: Peters 20-20-20 + torta de mamona; T5: Biofert 3-2-2; T6: Biofert 3-2-2 + torta de mamona; T7: Biofert 3-2-2 + torta de mamona + Peters 2020-20; CV: coeficiente de variação; 1Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A adubação química com Peters 20-20-20 assim como Peters + TM mostraram-se vantajosos para o cultivo do hibrido Cattleya 'Chocolate Drop. Segundo Novais e Rodrigues, 2004, fertilizantes orgânicos utilizados juntos com fertilizantes minerais são benéficos ao desenvolvimento das orquídeas. Em relação ao número de folhas, os tratamentos que receberam Peters (T2) e Peters + TM (T4) foram os que obtiveram maiores médias, sendo superiores aos demais tratamentos. Para número de brotos o tratamento de recebeu Peters (T1) foi superior aos demais tratamentos só não ocorrendo diferença estatística com o tratamento fertilizado por Peters + TM (T4). Ichinose (2008), estudando D. nobile, verificou aumento do número de brotações com a adubação química. A altura da planta não apresentou variação entre os tratamentos aos quais as plantas foram submetidas, sendo que qualquer modo de fertilização promoveu incremento estatisticamente igual, diferindo somente da testemunha a qual não recebeu nenhum tipo de fertilização, contrariando Naik et al 2009 que 3 estudando Dendróbio conseguiu a maior altura de planta quando utilizou a fertilização de NPK associado a adubo orgânico. Em relação ao diâmetro de bulbo nenhum tratamento se mostrou superior, não havendo diferença estatística entre eles. Para massa seca, as plantas que receberam Peters e Peters + TM foram superiores a todos os demais tratamentos, com ganhos de 49,5% de massa seca nesses tratamentos em relação a média dos outros que não receberam Peters. Conclusão A fertilização com o adubo Peters 20-20-20 favoreceu o desenvolvimento da orquídea Cattleya ‘Chocolate Drop’, assim como o seu uso combinado com torta de mamona também é indicado na fertilização deste hibrido. Agradecimentos Ao professor Ricardo Tadeu de Faria, pela orientação, apoio е confiança. Ao colega Guilherme Cito pelo apoio e ajuda. Ao CNPq pela bolsa de iniciação cientifica. Referências Naik, S. K.; Usha, B. T.; Barman, D.; Devadas, R.; Rampal and Medhi, R. P. Status of mineral nutrition of orchid- a review. J. Ornamental Hortic. 12(1):114. 2009. NELL, T.A.; BARRET, J.E.; LEONARD, R.T. Production factor affecting post production quality of flowering potted plants. Hort Science, v.32, p.817-819, 1997. WANG, Y. T.; KONOW, E. A. Fertilizer source and medium composition affect vegetative growth and mineral nutrition of a hybrid moth orchid. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 127, n. 3, p. 442-447, 2002. NOVAIS, R.F & RODRIGUES, D.T. Nutrição e fertilização de orquídeas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BOTÂNICA, 2004, Viçosa. Anais... Simpósios Palestras e Mesas Redondas. Sociedade Botânica do Brasil, 2004. ICHINOSE, J. G. S. Desenvolvimento e acúmulo de nutrientes em duas espécies de orquídeas: Dendrobium nobile Lindl. e Miltonia flavescens Lindl. var. stellata Regel. 2008. 75 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal – SP. 4