Hemangioma cavernoso vertebral em gestante: relato de caso Luzo Dantas Neto1; Guilherme A. B. Domingues1; Isadora B. Mota1; Ana Caroline Siquara2; Luis Antônio de Vasconcellos Melca3. 1: Acadêmico de Medicina EMC – UNIRIO; 2: Patologista Clínica, MSc. Profª Assistente EMC – UNIRIO; 3: Ginecologista e Obstetra, MSc. Profº Assistente EMC – UNIRIO. INTRODUÇÃO A coluna vertebral é o sítio mais comum de hemangioma ósseo, com prevalência entre 10-12% de casos na população geral, sendo que destes, apenas 1% apresentam manifestações clínicas, tendo como importante fator de risco a gravidez. Dorsalgia, paraplegia aguda ou subaguda (que ocorre em mais de 50% dos casos) e perda sensorial compõem o típico quadro sintomatológico. OBJETIVOS Descrever a apresentação clínica de rara lesão do tipo cavernoma vertebral em gestante. DELINEAMENTO E MÉTODOS Relato de caso Imagem 1:Hemangioma cavernoso. Observa-se proliferação vascular benigna de caráter cavernoso em meio a tecido ósseo (hematoxilinaeosina, 40x). RELATO DO CASO Paciente feminina, 18 anos, natural do Rio de Janeiro e com 36 semanas de idade gestacional, relatou dificuldades para deambular e espasmos musculares, evoluindo na internação com plegia de membros inferiores e paraplegia espástica. Referiu quadro de dorsalgia torácica desde os 12 anos, com diagnóstico de escoliose. Ao exame a paciente encontrava-se restrita ao leito e apresentava parestesia de dermátomos abdominais (principalmente em epigastro e parte distal dos membros inferiores), mantendo maior sensibilidade no dimídio direito. Os membros inferiores apresentavam espasticidade transitória, hiper-reflexia, sinal de Babinsky positivo e clônus bilateralmente. Realizou ressonância magnética que evidenciou tumoração compressiva da coluna em nível de T4. Foi encaminhada para cesárea eletiva seguida de laminectomia descompressiva. A análise histopatológica revelou hemangioma cavernoso. Após duas semanas ela recebeu alta médica, com quadro neurológico inalterado. Após alta, a paciente foi submetida a tratamento radioterápico com 26 sessões, porém houve interrupção por nova gravidez, que foi detectada com oito semanas. Faltaram duas sessões para o término da radioterapia. Imagem 2: Hemangioma cavernoso. Observa-se proliferação vascular benigna de caráter cavernoso, com vasos dilatados e congestos, em meio a tecido ósseo (hematoxilina-eosina, 40x). DISCUSSÃO A apresentação clínica geralmente é insidiosa, podendo cursar com parestesia, plegia e dor no local de expansão. Realiza diagnósticos diferenciais com mielopatias compressivas (hérnia de disco, traumas e neoplasias) e não compressivas (desmielinizantes, Síndrome de GuillanBarré, LES, infecções e deficiência de B12). O diagnóstico pode ser realizado por TC com contraste ou RNM, sendo que o diagnóstico definitivo é dado pela anatomia patológica. Algumas abordagens para o tratamento incluem embolização dos vasos do hemangioma, até a cirurgia de ressecção da lesão. O follow-up destes pacientes requer consultas periódicas, tratamento póscirúrgico com radio ou quimioterapia, além do aconselhamento ginecológico para evitar uma nova gestação. CONCLUSÃO Hemangiomas na coluna vertebral são raros e podem causar dor intensa e déficits neurológicos importantes. Embora seja lesão óssea, a compressão do espaço extradural causou dramáticos sintomas à paciente. Após dois anos houve a recuperação dos movimentos e sensibilidade por completo, indicando sucesso da cirurgia e tratamento posterior. Entretanto, o mal aconselhamento e a falta de conscientização quanto aos riscos de uma nova gestação, durante o tratamento radioterápico e a possibilidade de recidiva tumoral, culminaram com uma gravidez. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. SLIMANI, O.;JAYI, S.; ALAOUI, F. F.; BOUGUERN, H.; CHAARA, H.; FIKRI, G. An Aggressive Vertebral Hemangioma In Pregnancy: A Case Report. Journal of Medical Case Reports. 8 (June 18, 2014): p207. Chi, J. H.; Manley, G. T.;Chou, D. Pregnancy-Related Vertebral Hemangioma. Case Report, Review of the Literature, and Management Algorithm. Neurosurg Focus. 2005;19(3) Han, I. Pregnancy and Spinal Problems. Current Opinion in Obstetrics and Gynecology 2010, 22:477–481