FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA MÓDULO 14 Índice 1. A elasticidade da demanda e sua importância na formação de preços de venda (continuação) ............................... 3 2. As cinco forças competitivas básicas ........................... 5 2 Formação de Preço de Venda - Módulo 14 1. A ELASTICIDADE DA DEMANDA E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE PREÇOS DE VENDA (CONTINUAÇÃO) Gráfico 10 - Variação de preço e quantidade no caso de bens substitutos Observa-se, à esquerda do gráfico 10, um aumento do preço do mamão reduzindo a quantidade demandada do produto. No gráfico da direita, em que pese o preço do produto abacaxi estar constante, houve um deslocamento da curva de demanda do produto, de D – linha pontilhada – para D’ – linha cheia. Isto porque a demanda de um produto é função não só do preço deste produto, mas também do preço de bens substitutos, bens complementares, gosto, cor, tamanho, renda do consumidor e muitas outras variáveis. Neste caso, já não prevalece a hipótese coeteris paribus, porque, agora, todos os demais fatores interferem na demanda do produto. Esta notação matemática se faz, portanto, assim: Vejamos o caso de produtos complementares. Café e açúcar, por exemplo, comum para a maioria dos consumidores. Quem bebe café, geralmente o faz com açúcar. A demanda de um destes produtos pode sofrer a interferência de variações no preço do outro. Um aumento no preço 3 Formação de Preço de Venda - Módulo 14 do café pode influenciar negativamente a quantidade demandada de café e, por extensão, a demanda do açúcar pode se retrair, com sua curva de demanda deslocando-se para a esquerda, ainda que o preço do açúcar permaneça constante. Veja a demonstração gráfica no gráfico 11: Gráfico 11 - Variação de preço e quantidade no caso de bens complementares A elasticidade-preço cruzada da demanda Edx é definida por uma relação entre a variação percentual da quantidade do bem n e a variação percentual do preço do bem k, tal que: A correlação entre os bens será deduzida a partir da magnitude deste Edx: a. se Edx > 0, então n e k são bens substitutos, porque variações positivas no preço de k induzem um aumento da quantidade demandada de n. Com o numerador e o denominador da fração com sinal positivo, o resultado desta operação será um número maior do que zero, ou seja, um número positivo; b. se Edx < 0, então n e k são bens complementares, porque variações positivas no preço do bem k, por exemplo, provocam uma diminuição na quantidade demandada de n. Ou, então, queda no preço do bem k provoca um aumento na quantidade demandada de n. Com sinais inversos no numerador e denominador, isto é, positivo em cima e negativo embaixo, ou negativo em cima e positivo embaixo, o resultado desta operação será um número negativo e, portanto, menor do que zero; c. se Edx = 0, então não há correlação entre os bens. Isso ocorre quando variações no preço do bem k não provocam variações na quantidade demandada do bem n. Com o numerador da fração igual a zero, o resultado será zero. Como se pode observar, os aspectos relacionados à elasticidade-preço interferem na formação de preços de venda de um produto ou serviço. Por isso, é preciso ficar atento aos preços de bens substitutos e bens complementares no momento da precificação, analisando sua evolução ao longo do tempo e o próprio grau de correlação, dado pelo tamanho – ou pela magnitude – do Edx. 4 Formação de Preço de Venda - Módulo 14 Em situações de competitividade-preço, é recomendável que o pricemaker (o responsável pela precificação) tenha plena consciência do grau de elasticidade-preço da demanda do seu produto, dadas as interferências na receita total do negócio e, consequentemente, no potencial de lucro do negócio. Veja mais sobre a “economia da sensibilidade a preço”, como designado por Nagle e Holden (2003), no Apêndice 4A de sua obra, páginas 107-108. 2. AS CINCO FORÇAS COMPETITIVAS BÁSICAS Porter (1992) evidenciou em sua obra as cinco forças competitivas que determinam a rentabilidade de uma determinada indústria – no sentido de “setor” ou conjunto de firmas que atuam em determinado segmento de mercado, como, por exemplo, a indústria automotiva, a indústria bancária, a indústria gráfica –, influenciando os preços, os custos e o investimento necessário das empresas que atuam no setor. Segundo Porter, a primeira força reside no grau de rivalidade entre as empresas existentes. Em alguns segmentos, esta rivalidade não é de todo percebida nem pelos clientes, nem pelos acionistas. Neste caso, as empresas que aí atuam geralmente apresentam elevada lucratividade. É o caso, por exemplo, da extração mineral, com empresas como a Vale, que apresentam um considerável lucro e faturamento crescente ao longo do tempo. Em outros, a rivalidade pode assumir características predatórias, afetando seriamente a rentabilidade do negócio. Tome-se, por exemplo, o caso da indústria de computadores pessoais, em que as marcas disputam palmo a palmo cada cliente ou grande distribuidor. A segunda força diz respeito à ameaça de novos concorrentes. A preocupação com os preços, neste caso, faz com que ele funcione como uma barreira à entrada de novos concorrentes neste setor, ao lado de outros elementos como economia de escala (lembramos que economia de escala significa obtenção de maior quantidade de produto, utilizando uma mesma quantidade de fatores de produção), identidade de marca, produtos licenciados ou patenteados, acesso a canais de distribuição, política governamental e retaliação esperada, ou seja, “castigos” que seriam impostos a novos entrantes no mercado. A terceira força preconizada por Porter, um economista operando na área industrial, reside no poder de negociação dos fornecedores, que é determinado por fatores como a diferenciação dos insumos, a existência de insumos substitutos, o grau de concentração dos fornecedores, a importância de volume para o fornecedor, o custo de mudança de fornecedor e outros aspectos desta natureza. A quarta força demarca o poder de negociação dos compradores. Este poder se dá quando o mercado é altamente concentrado do lado da clientela, ou seja, quando existem poucos compradores, o que faz com que o poder de negociação de cada um seja suficientemente grande para impor condições à indústria. Também colabora para o aumento do poder de negociação dos compradores o volume de compras, os custos de mudança do comprador em relação aos custos de mudança da empresa, o grau de informação do comprador, a existência de produtos substitutos e outros aspectos que denotam a alavancagem da negociação. A quinta força diz respeito à ameaça de produtos substitutos, um aspecto que está ligado à percepção do comprador e sua propensão a substituir, 5 Formação de Preço de Venda - Módulo 14 além dos custos de mudança e o desempenho do preço relativo dos substitutos. A figura 2 sintetiza estas cinco forças competitivas numa clássica abordagem de Porter. Figura 2 - As cinco forças competitivas que determinam a rentabilidade da indústria Fonte: Adaptado de Porter (1986) 6 Formação de Preço de Venda - Módulo 14