UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA BÁRBARA PRISCILLA SÁ ROBERTA ALINY SANTOS BENDINI AVALIAÇÃO DO ESMALTE BOVINO CLAREADO E ESCOVADO COM DENTIFRÍCIO COM E SEM BICARBONATO DE SÓDIO – ANÁLISE EM RUGOSÍMETRO ITAJAÍ, (SC) 2006 1 BÁRBARA PRISCILLA SÁ ROBERTA ALINY SANTOS BENDINI AVALIAÇÃO DO ESMALTE BOVINO CLAREADO E ESCOVADO COM DENTIFRÍCIO COM E SEM BICARBONATO DE SÓDIO – ANÁLISE EM RUGOSÍMETRO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgiã-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Profa. Lídia C. Morales Justino Itajaí SC, 2006 2 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, que esteve sempre ao nosso lado, dando-nos coragem e determinação. Aos nossos Pais e Irmãos, por nos apoiarem nos momentos mais difíceis, estando sempre ao nosso lado, mesmo quando longe. Acreditando em nossos sonhos, muitas vezes abrindo mão dos seus... Sem medir esforços! Aos Professores Celso Yamashita, David Tames, Nivaldo Diegoli, Elizabete Bottan e Shirley Imianowski, que nos guiaram nessa trajetória. Ao Serginho e Josué, pelo apoio e boa vontade, sempre prontos a nos ajudar. A todos os amigos queridos, especialmente a Karlinha, e aqueles que contribuíram direta e indiretamente para conclusão desse trabalho. A nossa querida orientadora Prof.ª Lídia, que nos orientou com toda sua competência, paciência e dedicação, se tornando uma amiga, exemplo de vida e profissionalismo. À Banca examinadora, por ter aceitado nosso convite e pelo conhecimento acrescentado em nosso trabalho. 3 AVALIAÇÃO DO ESMALTE BOVINO CLAREADO E ESCOVADO COM DENTIFRÍCIO COM E SEM BICARBONATO DE SÓDIO – ANÁLISE EM RUGOSÍMETRO Bárbara Priscila SÁ e Roberta Aliny Santos BENDINI Orientadora: Profa. Lídia Conceição Morales Justino Defesa: Abril de 2006 Resumo: O propósito desse estudo foi avaliar o desgaste e a alteração de rugosidade superficial do esmalte dental bovino clareado com peróxido de carbamida a 16% e submetido à escovação simulada com dentifrícios com e sem bicarbonato de sódio. Foram selecionados 15 dentes, sendo esses seccionados em dois sentidos, um no sentido axial e outro no sentido perpendicular da coroa. As partes cervicais foram descartadas, obtendo-se dois grupos, um mésio-incisal (MI) e outro disto-incisal (DI). O clareamento (Whiteness Perfect 16%, FGM) foi realizado na superfície dos fragmentos, numa área delimitada de 3x3mm, por duas horas diárias, durante 14 dias. Entre as sessões de clareamento realizou-se a escovação por 1 minuto nos fragmentos, sendo o grupo MI escovado com dentifrício contendo bicarbonato de sódio e o grupo DI escovado com dentifrício sem bicarbonato de sódio. Um perfilômetro foi utilizado para determinar os valores da média de dureza Ra e Rzmáx. inicial (antes do experimento) e final (após o experimento). O rugosímetro utilizado foi Taylor Hobson Pneumo – Forme Taly Surfe series 2. As médias de rugosidade superficial foram submetidas à análise estatística pelo Teste t de Student. Os resultados não revelaram diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos. Palavras-chaves: rugosimetria. bicarbonato de sódio, clareamento dental, escovação dentária, 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 05 2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................. 07 2.1 Esmalte dental .................................................................................................. 07 2.2 Dentes bovinos ................................................................................................. 09 2.3 Clareamento dental........................................................................................... 11 2.4 Escovação dental ............................................................................................. 14 2.5 Dentifrício .......................................................................................................... 16 2.6 Bicarbonato de sódio ....................................................................................... 20 2.7 Rugosimetria..................................................................................................... 22 3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 26 3.1 Materiais ............................................................................................................ 26 3.2 Amostra ............................................................................................................. 28 3.3 Experimento ...................................................................................................... 33 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 35 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47 5 1 INTRODUÇÃO A preocupação com a aparência pessoal, a questão da estética, o desenvolvimento tecnológico, com inserção de novas técnicas e materiais e, ainda, o incentivo da mídia na busca de padrões de beleza têm despertado, em muitos pacientes, o interesse pelo clareamento dental, impulsionando para uma evolução importante na odontologia estética e estimulando a realização de pesquisas na área. Relatos apontam que os agentes clareadores são utilizados há mais de cem anos, mas que se tornaram populares com o uso da técnica de clareamento caseiro, descrita por Haywood e Heymann, em 1989, a qual traz comodidade, apresenta custos relativamente baixos e conta com uma variedade de produtos com essa finalidade. (BARATIERI et al., 1993; PÉCORA et al., 1996; JUSTINO, 2000) O clareamento caseiro apresenta uma série de vantagens como alternativa de tratamento estético; entretanto, também apresenta limitações e riscos. Dentre esses riscos, há referências a alterações na estrutura dental, como por exemplo, a alteração na morfologia do esmalte superficial, perda de componentes minerais e modificação nos valores de microdureza do esmalte. (JUSTINO, 2000; MARIN; CESA, 2002) A partir da verificação da remoção de tecido mineral do esmalte, como o cálcio, e das alterações verificadas em valores de microdurometria, outras questões passam a serem focalizadas. Se um tecido mineralizado perde mineral e mostra menores valores de microdureza, qual seria a ação da escovação nessas condições? Como agiria o abrasivo contido nos cremes dentais em tais circunstâncias? Acrescendo-se a ação mecânica da escova, como se comportaria tal tecido? 6 O bicarbonato de sódio é usado há séculos na higiene oral e atualmente é ingrediente de muitos dentifrícios, chegando diretamente ao consumidor, sem informações precisas quanto a sua ação sobre o esmalte. Esse agente é capaz de remover manchas extrínsecas do esmalte, placa bacteriana pela sua ação abrasiva, mesmo sendo um abrasivo fino. (SANTOS; SANTOS, 1991) Cabe ao profissional da Odontologia ter conhecimentos claros, precisos e fundamentados cientificamente sobre os produtos odontológicos e de higiene oral, seus mecanismos de ação e segurança biológica, para indicação correta aos pacientes e, assim, estar efetivamente contribuindo para a promoção e conservação da saúde bucal. Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar a rugosidade superficial do esmalte dental bovino escovado com dentifrício contendo bicarbonato de sódio após a ação do agente clareador peróxido de carbamina a 16% . 7 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Esmalte dental Segundo Busato et al. (1997) o esmalte dental é um sólido microporoso, translúcido e de aspecto vítreo, característica que lhe possibilita refletir a cor da dentina, e que quando sofre desmineralização torna-se mais poroso, alterando a sua translucidez. É o tecido mais mineralizado do organismo, sendo a estrutura que recobre os dentes. Sua formação é dada através de células epiteliais originadas do ectoderma. Quando totalmente formado e após a erupção do dente é completamente acelular, ou seja, não mantém relação com as células que o formaram. A composição do esmalte dental é dada por 97% de material inorgânico, o que lhe confere extrema dureza. É representado por cristais de hidroxiapatita (cristais de fosfato de cálcio), possuindo ainda carbonato, sódio, magnésio, cloreto, potássio e flúor. Em relação à composição orgânica (2%), essa é dada por proteínas, escassos carboidratos e lipídios. A água representa 1% da composição do esmalte dental. (KATCHBURIAN; ARANA, 1999) Clinicamente a superfície do esmalte de um dente recém-erupcionado pode parecer lisa e brilhante, porém, uma análise sob microscopia mostra uma superfície irregular. No processo de amelogênese ocorrem sucessivas aposições de camadas de esmalte. Quando se faz um corte transversal da coroa, pode-se visualizar essas aposições na forma de círculos concêntricos, em torno do eixo da coroa, chamados Linhas de Retzius. (BHASKAR, 1989) Por ser extremamente mineralizado, apresenta grande dureza, porém, torna- 8 se altamente friável. Sua estrutura resulta numa aparência translúcida, embora a cor do esmalte varie do amarelo claro ao branco acinzentado. Quanto maior o grau de mineralização do esmalte maior é sua translucidez, devido a sua natureza cristalina. (KATCHBURIAN; ARANA, 1999; TEN CATE, 2001) A espessura máxima de esmalte encontrada é de 2,5 mm na região de vértices de cúspides e bordas incisais. Aproximando-se da região cervical, essa espessura torna-se mais delgada, influenciando a cor do esmalte, uma vez que a dentina amarela subjacente é vista através das regiões menos espessas. (ibidem) Por sua constituição essencialmente mineral, uma vez submetida a condições específicas, o esmalte pode sofrer desmineralização. Frente a ataques ácidos ou processos de desequilíbrios, o meio bucal pode tornar-se insaturado e, na busca pelo equilíbrio, o esmalte perde minerais para o meio, o que é chamado de processo des x re – desmineralização versus remineralização. (BARATIERI et al., 1993) Com a idade a cor dos dentes torna-se mais escura. Este fato pode ser ocasionado por três fatores, sendo estes: por alteração na estrutura do esmalte; por adição de material orgânico a partir do meio bucal e podendo também ser devido a um escurecimento da cor da dentina vista através do esmalte delgado. (TEN CATE, 2001) Ten Cate (2001) ainda afirmou que o tamanho dos poros está relacionado com a idade do indivíduo. O esmalte jovem permite a lenta passagem de água e substâncias de pequeno peso molecular através de poros entre os cristais, comportando-se como uma membrana semipermeável. Com a idade os poros diminuem à medida que os cristais incorporam mais íons e aumentam de tamanho. Os estudos realizados por Justino (2000) e Marin e Cesa (2002) relataram que ocorreu redução na microdureza do esmalte dental quando há a remoção de cálcio 9 por meio do clareamento dental (peróxido de carbamida a 10% e 16% respectivamente) e quando os dentes não são submetidos ao meio bucal, no qual sofreriam a ação remineralizadora da saliva. Os mesmos autores concluíram que a dinâmica do meio bucal interferiu nos valores, minimizando as alterações morfológicas, aumentando a dureza e reduzindo a perda de cálcio. Ribeiro e Langer Filho (2003) também relataram que a microdureza do esmalte dental bovino reduz após ser submetido ao peróxido de carbamida a 16%, porém, quando aplicado fluoreto de sódio a 0,05% é menor a redução dos valores de microdureza, entretanto, essa quantidade apresenta-se estatisticamente insignificante. 2.2 Dentes bovinos A utilização de dentes bovinos em uma pesquisa é indicada, pois esses animais são sacrificados em idades aproximadas (geralmente com dezoito meses de idade), podendo-se então controlar a faixa etária dos dentes. Nessa idade já são considerados adultos. Além disso, os dentes bovinos são de fácil acesso em matadouro, dispensando a análise de um comitê de ética. (OESTERLE et al., 1998) Cada maxilar é composto por oito incisivos, os quais apresentam superfícies relativamente planas, podendo assim ser bem aproveitado devido ao seu tamanho, e até podendo ser confeccionada mais de uma amostra com o mesmo dente. (ibidem) Azevedo (2005) observou em seu trabalho, que uma das características vantajosas desse substrato é a sua homogeneidade, mostrando-se algumas vezes com uma variabilidade biológica menor do que o esmalte humano, uma vez que não 10 sofrem desafios cariogênicos e não estão expostos a altas concentrações de flúor. Na análise estatística dos resultados, observou-se diferença significante entre as várias correlações propostas, comprovando que, mesmo com uma amostra relativamente pequena por grupo, pode-se obter diferença estatisticamente significativa entre eles em função da pequena variabilidade apresentada pelo substrato bovino. Semelhanças anatômicas e histológicas ocorrem entre os dentes de mamíferos. Em relação à adesão sobre esmalte e dentina superficial, as diferenças não são estatisticamente significativas quando comparadas a dentes humanos. Segundo o estudo dos autores, a força adesiva da dentina bovina foi 1,6 a 10,7 vezes maior na camada superficial do que na camada profunda. (NAKAMICHI et al., 1983) Bonfim (2000) verificou que a dentina bovina apresenta menor diâmetro nas proximidades da polpa e maior diâmetro nas proximidades do limite amelodentinário (apresentando-se ao contrário dos dentes humanos). Já em relação ao número de túbulos dentinários os dentes humanos e bovinos são semelhantes, apresentando maior número de túbulos dentinários próximos a polpa e menor número próximo ao limite amelodentinário. Saunders relatou, em 1988, que são semelhantes por unidade de área, o diâmetro, a orientação e a concentração de túbulos dentinários das dentinas humana e bovina. Em relação à distribuição da dentina intertubular bovina nas proximidades da polpa, esta não é uniforme ao longo do dente. A dentina bovina apresenta estruturas tubulares, estando essas estruturas presentes tanto na coroa como na raiz (porém, mais freqüentes na coroa), tendo assim uma distribuição irregular. (ibidem) 11 Segundo Savariz et al. (2005), em teste de resistência ao cisalhamento, quando utilizado o sistema de união Primer & Bond 2.1 com flúor, o esmalte bovino pode ser substituto do esmalte humano. 2.3 Clareamento dental As últimas décadas do século XIX foram muito produtivas no campo do clareamento dental e diversos pesquisadores colaboraram ativamente. O clareamento de dentes vitalizados, que tinham suas cores alteradas devido às manchas extrínsecas, foi difundido a partir do trabalho de Ames, publicado em 1937. Porém, a grande revolução ocorreu quando Haywood e Heymann, em 1989, apresentaram uma técnica com o uso do peróxido de carbamida a 10%, em forma de gel, e que poderia ser aplicado pelo paciente em sua residência. (PÉCORA et al.,1996) Esta técnica baseia-se na aplicação de agentes químicos que, por uma reação de oxidação, removem os pigmentos orgânicos dos dentes. As substâncias mais freqüentemente usadas são o peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida, em concentrações variadas, sendo que o peróxido de carbamida é composto por peróxido de hidrogênio e uréia. (BARATIERI et al., 1993) As soluções de peróxido de carbamida de 10% até 15% decompõem-se em peróxido de hidrogênio de 3% a 5% e uréia 7% a 10%, assim que entram em contato com os tecidos e a saliva. O peróxido de hidrogênio decompõem, ainda mais, em oxigênio e água, ao passo que a uréia se decompõem em amônia e dióxido de carbono. O peróxido de hidrogênio é considerado o agente ativo, enquanto o peróxido de uréia tem um papel importante na elevação do pH da placa. 12 (BARATIERI et al.,1993) Haywood e Heymann (1989) determinaram que as soluções de peróxidos possuem a capacidade de difundir-se livremente através do esmalte e da dentina, devido ao baixo peso molecular dessas substâncias. Tal fato possibilitaria o clareamento de regiões profundas mesmo que cobertas por restaurações de resina composta ou de porcelana. Sendo o peróxido de carbamida um forte agente oxidante, essa substância reage com as macromoléculas responsáveis pelos pigmentos. Os materiais orgânicos são convertidos em dióxido de carbono e em água, por um processo de oxidação, removendo assim, os pigmentos da estrutura dentária por difusão. (CONCEIÇÃO et al., 2000) O efeito do clareamento ocorre até que a cadeia alcance sua forma mais simplificada (ponto de saturação), momento no qual o tratamento deve ser interrompido sob risco de ocorrer a quebra da cadeia e a desestruturação total da matriz do esmalte. (BARATIERI et al., 1993) O estudo de Justino (2000) avaliou a microdurometria, a dosagem de cálcio e morfologia do esmalte dental humano submetido ao peróxido de carbamida a 10%. Os resultados encontrados foram: em relação à microdureza houve redução mais significativa nos fragmentos ciclados in vitro do que in situ, porém, sem significância estatística; na análise da perda de cálcio ocorreu maior perda nos fragmentos ciclados in vitro; quanto às alterações morfológicas superficiais, essas foram menos evidentes nos fragmentos in situ, também observados no estudo realizado por John e Rosa em 2001; entretanto, nesse estudo as amostras foram submetidas ao peróxido de carbamida a 16%. Segundo esses autores, os diversos fatores do meio bucal interferiram na morfologia da condição in situ. 13 Com o objetivo de avaliar o efeito da escovação sobre o esmalte dental em processo de clareamento Arend e Costa (2003), realizaram um experimento com 20 (vinte) incisivos bovinos os quais foram avaliados através da microscopia eletrônica de varredura (MEV). A partir da metodologia aplicada e resultados obtidos, concluíram que o processo de clareamento promove remoção de mineral do esmalte e associado à escovação esta perda mineral é mais acentuada. Perceberam, também, que a remoção mineral não é uniforme em um mesmo fragmento, podendo ser removidas em diferentes profundidades e áreas. Em estudo realizado por Pinto et al. (2004), verificou-se que a partir do clareamento dental houve perda de mineral, alterando a microdureza, e um aumento considerável da rugosidade da superfície. Pode ser observado também através da MEV alterações na morfologia do esmalte. Baptista Junior (2003) desenvolveu um estudo com o objetivo de quantificar a perda de cálcio da estrutura dental durante o processo de clareamento, utilizando o agente peróxido de carbamida a 16%. Em seus resultados observou que a perda de cálcio não foi significativamente expressiva, sendo que o padrão de descalcificação apresentou-se irregular. O autor ainda citou, que mesmo não sendo um valor significativo clinicamente, por se tratar de um material biológico sugere-se estudos mais aprofundados e preferencialmente in situ, pois suas amostras não sofreram ação da saliva, sendo este um agente remineralizador. Através da microscopia eletrônica de varredura (MEV), Tames et al. (1998), analisaram amostras de dentes humanos expostos ao agente clareador peróxido de carbamida a 10%, observando que houve o aumento no número de poros na superfície do esmalte clareado; que as alterações observadas não ocorreram com a mesma intensidade e de maneira uniforme em todas as amostras e ainda, que as 14 alterações encontradas assemelham-se ao padrão observado em lesões de erosão dental, sugerindo um efeito erosivo do agente clareador. De acordo com Salis et al. (1997a), quando utilizados corretamente, os clareadores não causam necrose pulpar ou lesões irreversíveis e nem reabsorção dentinária. Uma ligeira sensibilidade nos dentes ao frio e doces pode ocorrer (10% dos casos). Com a interrupção do tratamento (24 a 48 horas), esta sensibilidade tende a desaparecer, podendo assim, o paciente retornar ao protocolo de uso do agente clareador. O uso de dessensibilizantes como nitrato de potássio a 5% ou fluoretos está indicado na persistência da sensibilidade. (SALIS et al., 1997b) Para amenizar a erosão superficial causada no esmalte devido ao uso de agentes clareadores, pode-se fazer a utilização de uma terapia racional e diária de flúor, especialmente sob a forma de bochechos com soluções neutras fluoretadas, associados ao uso de dentrifícios fluoretados. É importante também orientar o paciente de evitar situações de abrasão imediatamente após a remoção das moldeiras com o agente clareador, como por exemplo, escovação dental com dentifrício abrasivo, pois podem desfavorecer a obtenção de resultados estéticos e causar prejuízo à estrutura dental. (TAMES et al., 1998) 2.4 Escovação dental A escovação dental é o recurso mais importante e utilizado para higienização bucal (LASCALA; MOUSSALLI, 1999). Entretanto, o uso freqüente da escova não é sinônimo de limpeza nem evita a perda dental. O fundamental é a qualidade da limpeza e não apenas a freqüência, porém estes critérios não são preenchidos 15 adequadamente pela maioria dos pacientes. (KRIGER et al., 1999; COSTA et al., 2001) Para a correta escolha de uma escova dental algumas características básicas devem ser observadas: cabeça pequena para alcançar até os últimos dentes; cerdas de nylon macias e agrupadas em tufos; pontas arredondadas para não ferir a gengiva e a superfície da parte ativa plana. A troca da escova dental deve ser realizada a cada três meses, pois neste período as cerdas ficam amassadas, perdendo sua eficácia na remoção da placa bacteriana e podendo causar danos ao periodonto de proteção. (FERRINHO, 2006) Os meios mecânicos mais utilizados para promover a limpeza dentária são as escovas convencionais, unitufulares e as elétricas, tendo ainda para as áreas restritas (interproximais) as opções dos fios e fitas dentais. (LASCALA; MOUSSALLI, 1999) Para a maioria da população, apesar da grande gama de recursos disponíveis para a remoção da placa bacteriana, a escova manual ainda é o principal método na manutenção de uma boa higiene bucal (COSTA et al., 2001). Pacientes portadores de deficiências ou pouca coordenação motora, restringindo assim a empunhadura ou o controle da escova, as escovas elétricas são particularmente úteis. (KRIGER et al., 1999) Segundo Kriger (1999) o tipo de escova não é fundamental para o êxito da higiene bucal, seja ela manual ou elétrica. O importante é a total adaptação e dedicação do paciente no momento da higienização. Lindhe (1992) apresentou vários métodos de controle de placa que podem ser aplicados pelo paciente. A classificação desses métodos pode ser realizada em categorias diferentes de acordo com o padrão de movimento executado: Rolante 16 (“Rolling Stoke”, “Stillman Modificado”); Vibratório (“Stillman”, “Bass”); Circular (“Fones”); Vertical (“Leonard”) e Horizontal (“Esfregação”). Entretanto, nenhum dos métodos citados mostrou claramente ser superior aos outros. O mais importante do que a seleção de um método de escovação dentária, é a disposição e a capacidade do paciente em realizar a higienização. 2.5 Dentifrício Os dentifrícios foram até pouco tempo considerados essencialmente cosméticos, sendo utilizados após as refeições para remover restos de alimentos e conferir um hálito ao usuário. Atualmente apresentam um papel terapêutico muito importante, particularmente no controle do desenvolvimento da cárie dental. Isto tem sido atribuído à agregação do flúor na formulação dos dentifrícios. (CURY, 2002) O dentifrício tem como função primária limpar e polir as superfícies dos dentes, associado com o aspecto mecânico que uma escova dental proporciona. Pelo uso de fotografia intra-oral “antes” e “após” ou de reflectometria pode-se avaliar com precisão as modificações no brilho, levando em consideração o tipo de solvente abrasivo ou orgânico que eles contêm. (NEWBRUN, 1988) A composição básica de um dentifrício pode conter abrasivos, umectantes, água, aglutinantes, detergentes ativos na superfície, flavorizantes, conservantes e outros ingredientes. (CURY, 2002, NEWBRUN, 1988). Conforme Cury (2002), cada um dos componentes tem uma função para garantir a formulação, os efeitos cosméticos e preventivo-terapêuticos desejados. O componente principal por volume de um dentifrício é o agente polidor, que compreende em média de 40 – 50% do produto final. A abrasão de uma superfície 17 compreende o desgaste, enquanto o polimento implica fricções sucessivas até que se obtenha uma superfície lisa, que se encontre limpa. A abrasão que ocorre durante o uso de qualquer agente polidor do dentifrício é decorrente da dureza inerente ao material abrasivo, do tamanho e forma da partícula do produto polidor, das propriedades de mistura abrasiva (pH, viscosidade, condutividade de calor), da dureza das cerdas, da força aplicada durante a escovação, das propriedades da superfície que sofre a abrasão (exemplo, esmalte versus dentina). Quanto mais duro for o abrasivo, mais cortantes as partículas, e quanto mais baixo o pH da mistura, tanto maior será o desgaste da superfície dentária. (NEWBRUN, 1988) Santos e Santos (1991) relataram que o tamanho, a distribuição e a forma das partículas abrasivas dos dentifrícios são diferentes. Assim, diferentes técnicas têm sido usadas para medir a abrasividade dos dentifrícios, por exemplo, avaliando perda em estrutura, em peso do elemento dental, ou ainda traçando uma curva correspondente à sombra do perfil da dentina desgastada. Andrade Júnior et al. (1998) avaliaram a abrasividade de 15 dentifrícios, sendo que estes apresentaram uma grande variação entre as marcas comercias analisadas. Segundo Davis e Winter (1976 apud ANDRADE JÚNIOR et al., 1998), não é a quantidade de abrasivo que é importante para o grau de abrasividade de um dentifrício, e sim as características físicas dos minerais que compõem os cremes dentais. Os cremes dentais menos abrasivos apresentaram em sua fórmula carbonato de cálcio como agente de polimento, justificado pela forma mais regular de suas partículas. As embalagens dos dentifrícios indicam apenas o tipo abrasivo principal utilizado na fórmula, deixando de apresentar dados fundamentais como o formato e o tamanho das partículas. Isto demonstra a necessidade de estudos mais regulares 18 sobre a abrasividade de cremes dentais, para que assim os profissionais da área odontológica saibam indicar o dentifrício que melhor se adapta às necessidades específicas de cada paciente. (DAVIS; WINTER, 1976 apud ANDRADE JÚNIOR et al., 1998). A abrasividade ainda pode estar relacionada com o pH do dentifrício, apresentando menor grau de abrasão as marcas com pH mais alcalino, enquanto os com pH mais baixo apresentam maior abrasividade, podendo indicar assim uma possível combinação de efeito erosivo e abrasivo. Os autores sugerem trabalhos futuros em relação a esse tema para que assim o real significado desses achados possa ser melhor investigado. (ANDRADE JÚNIOR et al., 1998) Para Saxton (1976 apud ANDRADE JÚNIOR et al., 1998), a escovação com dentifrícios mais abrasivos é mais vantajosa, pois controlaria melhor o manchamento dentário e promoveria uma limpeza mais rápida, evitando-se assim danos aos tecidos duros. Porém, alguns autores consideram que o risco de lesão aos tecidos duros é muito grande com o uso de dentifrícios altamente abrasivos. Portanto, ao ser indicado um creme dental, este deveria seguir uma avaliação básica das necessidades individuais de cada paciente. (ROBINSON, 1969 apud ANDRADE JÚNIOR et al., 1998; SVINNSETH et al., 1987 apud ANDRADE JÚNIOR et al., 1998) Outro componente presente nos dentifrícios é o umectante, que são fundamentais para evitar a desidratação e o ressecamento do dentifrício dentro da embalagem. Os umectantes mais comumente usados são o glicerol, o sorbitol e o propilenoglicol. Os aglutinantes (calóides hidrófilos) têm por função estabilizar a preparação e impedir a separação das porções sólidas e líquidas durante o armazenamento, garantindo assim, a homogeneidade da formulação. 19 Carboximetilcelulose, goma arábica, goma karaite e a goma de cantina, são os aglutinantes mais utilizados. (CURY, 2002; NEWBRUN,1988) Os detergentes ativos de superfície são agentes que diminuem a tensão superficial, penetram e amolecem os depósitos da superfície, emulsionando ou suspendendo os resíduos que são removidos da superfície dentária pelo dentifrício. Estes detergentes são solúveis em água, atuam nas soluções ácidas ou alcalinas e não se precipitaram com a água pesada ou com a saliva. Não há nenhuma evidência indicando que os detergentes por si só possam remover a placa clinicamente; um abrasivo é necessário para esse fim. Estas substâncias contribuem na propriedade espumosa da mistura produzindo uma sensação agradável, sendo que os mais utilizados são: sulfosulccinatosódico, alcilsulfoaceta de sódio, laurilsulfato de sódio e sarcosinato de N-lauril sódico. (NEWBRUN, 1988) Quantitativamente, os ingredientes que dão sabor e são responsáveis pelo “bom hálito” que perdura por algum tempo após a escovação, constituem uma porção muito pequena (1 a 2%) nos dentifrícios. Entretanto, o sabor de um dentifrício, é uma das mais importantes propriedades, no que se refere à sua aceitação pelo público. Os sintomas de queimação da mucosa bucal (gengivoestomatite) têm sido atribuídos à quantidade excessiva de óleos aromáticos nas formulações. (CURY, 2002) E, por último, os dentifrícios têm outros ingredientes no qual incluem um agente corante para tornar o produto mais atrativo para o consumidor. Os agentes corantes usados incluem o azul FD e C1, o verde FD e 3, vermelho FD e 3 (eritosina), o amarelo FD e C5 e outros. O dióxido titânio, um pó branco insolúvel é também freqüentemente usado para dar aos dentifrícios uma coloração branca. (NEWBRUN, 1988) 20 2.6 Bicarbonato de sódio Segundo Newbrun (1988) o bicarbonato de sódio também é conhecido como bicarbonato ou sal monossódico de ácido carbônico (nome químico). Foi desenvolvido por químicos europeus por solução ou carbonatação seca do carbonato de sódio. O material é menos alcalino que o carbonato, sendo assim mais compatível fisiologicamente. O bicarbonato de sódio é usado como agente de polimento em dentifrícios, para retirar manchas, clarear dentes e remover placa bacteriana. É um abrasivo fino, capaz de remover manchas extrínsecas e causar abrasão gerando um aspecto opaco ao dente, porém, a partir de um determinado momento, com o uso continuado, haverá maior polimento e menor abrasão. Para esses autores, o abrasivo deveria idealmente possibilitar o máximo de limpeza com o mínimo de abrasão, sendo um componente dos dentifrícios, cuja ação depende do tipo de substância, da forma e do tamanho das partículas. (SANTOS; SANTOS, 1991) O material é utilizado há séculos, porém, a razão da recente popularidade do bicarbonato de sódio como um ingrediente do dentifrício, baseia-se em sua segurança, baixo custo, baixa abrasão, solubilidade em água, capacidade de tamponamento, atividade bacteriana (quando em alta concentração) e compatibilidade com flúor. A dureza intrínseca do bicarbonato de sódio é relativamente baixa, sendo da mesma magnitude da própria dentina e inferior à do esmalte e de outros abrasivos de dentifrícios comumente usados, como por exemplo, o carbonato de sódio. Sua ação antiplaca depende da concentração, sendo necessárias cerca de 700 mmol/l ou em torno de 6% para atividade bactericida contra patógenos selecionados. Um grande problema para se utilizar 21 misturas de bicarbonato e sal para higiene oral é o paladar. Assim, os dentifrícios modernos conseguem disfarçar o gosto salgado do bicarbonato por meio de agentes aromatizantes e adoçantes. (NEWBRUN, 1988) Associa-se aos dentifrícios uma importante função estética, pois pode tornar os dentes mais brancos em razão do efeito do clareamento. Em relação às manchas intrínsecas, estudos mostram que a sua remoção é mais efetiva com cremes dentais com bicarbonato de sódio que em relação aos dentifrícios sem a substância. (KLEBER et al., 1998) O estudo realizado por Lehne e Winston (1983), comparou a abrasividade de sete dentifrícios comerciais e a do bicarbonato de sódio, tanto em esmalte quanto em dentina de dentes humanos. Os resultados mostraram que o bicarbonato teve o menor valor abrasivo em relação aos dentifrícios. Os autores afirmaram que não se surpreenderam com os resultados, pois o bicarbonato de sódio é um produto mais macio do que os abrasivos presentes em muitas formulações de dentifrícios, sendo levemente mais duro que a dentina. Certamente, outros fatores como tamanho e forma das partículas, além da dureza, podem variar a abrasividade do produto. Os autores ainda afirmaram que a solubilidade do bicarbonato também pode ser um fator que contribui para sua baixa abrasividade, tornando-o um produto indicado para o uso onde um leve grau de abrasão é suficiente para remover as manchas dos dentes, não causando danos ao esmalte e não expondo a dentina radicular. A pesquisa de Schoembeger e Genero (2004) demonstrou em MEV que o esmalte dental bovino escovado com cremes dentais com bicarbonato de sódio, de diferentes marcas, apresentou estriações paralelas entre si significativas, compatíveis com a escovação mecânica mais a ação abrasiva do creme dental, comparadas ao grupo controle que não sofreu alterações significativas, cujas 22 amostras foram apenas submetidas à escovação com água. 2.7 Rugosimetria Machado (2002) definiu que o estudo da rugosidade superficial do esmalte dental e de restaurações é de suma importância estética, fisiológica e higiênica. A rugosidade é uma importante propriedade para os fenômenos de superfície. Seus efeitos influenciam em fricções, propicia a retenção mecânica de materiais e aumenta a área de superfície. (LEITÃO; HEGDAHL, 1981 apud MACHADO, 2002) Quanto maior a rugosidade, maior é a retenção de placa bacteriana; por este motivo, o estudo da rugosidade superficial é de extrema importância para a Odontologia. O aparelho rugosímetro utilizado na pesquisa serve pra determinar o perfil de uma superfície, determinando numericamente a rugosidade em função das irregularidades da superfície dos materiais. (ibidem) Willian et al. (1993, apud MACHADO 2002) obtiveram uma média da rugosidade de esmalte contra esmalte (0,64!m Ra), o que poderia ser considerado um padrão fisiológico. Porém, não se sabe exatamente o valor de rugosidade satisfatória, tanto do próprio esmalte como das superfícies restauradoras. Hondrum e Fernandez (1997) afirmaram que o brilho superficial é dependente da rugosidade das superfícies. A rugosidade pode influenciar não apenas a aparência, mas também a retenção de placa, a descoloração superficial e a inflamação gengival. Com o propósito de conhecer melhor as características das estruturas dentárias e superfícies das restaurações, vários autores deram ênfase à necessidade de determinar diversos parâmetros de rugosidade. Deve ficar claro o 23 fato de que não é a rugosidade do objeto que muda, e sim, a forma e os critérios de medida. (MACHADO, 2002) Aparelhos modernos permitem determinar vários tipos ou parâmetros de rugosidade. O trabalho de Machado (2002) descreveu a definição de alguns parâmetros, sendo estes: Linha média: é aquela que passa em uma posição onde as áreas correspondentes aos picos são iguais às áreas dos vales, ou seja, se localiza de maneira que as áreas acima dela (picos) são iguais às áreas abaixo dela (vales). Ra - determinada pela média aritmética de todas as distâncias absolutas do perfil de rugosidade, desde a linha central dentro da extensão considerada da leitura. Rt – É a distância entre o maior pico e o mais profundo vale, ao longo do percurso medido. Não importa se os picos e vales se localizam em um mesmo segmento (le) ou em diferentes. Rz - Im (extenção ou percurso da ponta palpadora sobre a superfície avaliada) é dividida em 5 (cinco) segmentos iguais (le) e dentro de cada um é determinada a distância entre o pico e o vale máximos. A média aritmética entre os 5 (cinco) Zi fornece o valor de Rz [(Z1 + Z2 + Z3 + Z4 + Z5)/5]. Ry – Este parâmetro é obtido pelo maior valor dos Zi. Tagliari et al. (2003) avaliaram a rugosidade do esmalte bovino após a aplicação de diferentes técnicas abrasivas. As leituras da rugosidade foram tomadas em três momentos: antes e após os tratamentos abrasivos e ao final, após o polimento com discos de lixa. Utilizaram dezoito dentes bovinos divididos em cinco fragmentos, sendo aplicado a cada grupo um tratamento microabrasivo: 1. ácido clorídrico a 10% + pedra pomes; 2. ácido clorídrico a 18% + pedra pomes; 3. ácido 24 fosfórico a 37% + pedra pomes; 4. PREMA e 5. Opalustre. Todos os tratamentos foram aplicados doze vezes por dez segundos cada. Concluíram que a rugosidade da superfície diminuiu após abrasão quando comparado ao esmalte bovino intacto, e o polimento final após as técnicas microabrasivas diminuiu ainda mais a rugosidade do esmalte dental bovino. Com o propósito de avaliar a rugosidade superficial do esmalte dental humano clareado com peróxido de carbamida a 35% e submetido a diferentes tratamentos superficiais de limpeza, Worschech et al. (2003) utilizaram quatro grupos: G1 – não escovado; G2 – escovado com dentifrício abrasivo fluoretado; G3 – escovado com dentifrício abrasivo sem flúor; e G4 - escovado sem dentifrício. A superfície foi avaliada no início e a cada sete dias após o tratamento clareador. Os grupos G2 e G3 mostraram aumento nos valores de rugosidade e G1 e G4 não apresentaram essas diferenças. Concluíram que o peróxido de carbamida a 35% não promove alteração na rugosidade superficial do esmalte dental humano, mas associado ao tratamento superficial com abrasivos, ocorre um aumento significante da rugosidade superficial. Azevedo (2005) avaliou o desgaste e a rugosidade superficial do esmalte bovino submetido a três diferentes técnicas clareadoras e escovação simulada. Quarenta fragmentos de esmalte dental foram divididos em 4 (quatro) grupos: G1= saliva artificial (controle); G2= peróxido de hidrogênio (PH) a 35% ativado com luz híbrida; G3= PH a 35% ativado com luz halógena e G4 = peróxido de carbamida a 16% por 2 (duas) horas diárias durante 14 (quatorze) dias. A rugosidade foi determinada antes e após o experimento. Os fragmentos ficaram imersos em saliva artificial até as leituras. A rugosidade final foi determinada pela média de 3 (três) leituras. Os resultados não apresentaram diferenças estatisticamente significantes 25 para os grupos clareados. Após a escovação houve diferença significante entre o grupo controle e os demais, sendo mais evidente entre o G4 em relação ao G2. As técnicas de clareamento dental empregadas na superfície de esmalte bovino proporcionaram aumento da rugosidade e do desgaste superficial, quando submetidos à escovação simulada. Machado (2002) teve como objetivo determinar a rugosidade superficial do esmalte dental humano. Foram utilizados 40 (quarenta) dentes extraídos e as leituras foram feitas nas faces vestibulares, sendo esta dividida em 3 (três) regiões: cervical, mediana e incisal. A leitura ainda foi feita seguindo direções vertical e horizontal. A rugosidade foi determinada sob diversos parâmetros: Ra, Rt, Ry e Rz, sendo útil para melhor entender a morfologia superficial, pois os diversos parâmetros determinaram valores diferentes entre si, pela característica de como são atribuídos os valores de rugosidade. O parâmetro Rt (o maior) obteve um valor médio de 5,5 vezes maior do que o Ra (o menor). Pode-se concluir, então, que a região cervical foi a área que maior rugosidade apresentou, porém, detectado com os parâmetros Rt, Ry e Rz. Nas outras regiões as rugosidades foram semelhantes. A direção das leituras (vertical e horizontal) também demonstrou rugosidades semelhantes. 26 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais Foi utilizado o gel clareador a base de peróxido de carbamida a 16% da marca comercial Whiteness Perfect (FGM Produtos Odontológicos, Joinville – SC). (Fig. 01) Figura 01: Material utilizado na pesquisa: peróxido de carbamida a 16% da marca comercial Whiteness Perfect (FGM Produtos Odontológicos, Joinville – SC). Utilizou-se dentifrícios da marca Sorriso, com bicarbonato de sódio (Sorriso Juá + Bicarbonato de Sódio) e sem bicarbonato de sódio (Sorriso Fresh Crystal Mint). (Fig.02) 27 Figura 02: Material utilizado na pesquisa: dentifrícios da marca Sorriso, com bicarbonato de sódio (Sorriso Juá + Bicarbonato de Sódio) e sem bicarbonato de sódio (Sorriso Fresh Crystal Mint). A escovação foi realizada com uma escova elétrica de cerdas macias (marca Colgate), acoplada em dispositivo preparado para o experimento. (Fig.03) Figura 03: Escova elétrica de cerdas macias (marca Colgate), acoplada em dispositivo preparado para o experimento. 28 3.2 Amostra Para a confecção das amostras seguiu-se o seguinte protocolo: obtenção dos dentes bovinos junto ao matadouro de Itajaí(SC); remoção da polpa e armazenamento em solução fisiológica; seleção de vinte incisivos e avaliação com lupa estereoscópica, para descarte de elementos com alterações morfológicas visíveis; realização de profilaxia e armazenamento em solução fisiológica; remoção do terço cervical e da raiz dos dentes; secção da coroa em quatro partes, resultantes de um corte no sentido axial e outro corte no sentido perpendicular ao longo eixo dos dentes. (Fig.04) Figura 04: Marcação do terço cervical e da coroa em quatro partes, para secção. As partes cervicais foram descartadas, devido à menor espessura de esmalte dental presente na porção mais cervical (TEN CATE, 2001), sendo assim utilizados apenas os fragmentos incisais na constituição dos grupos experimentais, com 15 29 fragmentos cada: grupo 1 – " inferior mesial; grupo 2 – " inferior distal; separação dos grupos e armazenamento em solução fisiológica. Após, foi feita a fixação dos fragmentos em uma base de cera utilidade, pela face vestibular dos dentes e centralização em tubos de PVC, de 10mm de altura por 12mm de diâmetro; cobertura dos fragmentos com resina ortoftálica e, após a presa, remoção dos tubos de PVC obtendo-se os corpos-de-prova. (Fig.05) Figura 05: Fixação dos fragmentos em uma base de cera utilidade e cobertura dos fragmentos com resina ortoftálica. O acabamento e polimento foi realizado com lixas d’água de granulações 500, 600, 1200, 1500 em politriz (aparelho DPU 10 - Pamanbra). (Fig.06) 30 Figura 06: Acabamento e polimento realizado com lixas d’água de granulações 500, 600, 1200, 1500 em politriz (aparelho DPU 10 Pamanbra). Entre as granulações 500 e 600 verificou-se a superfície em microscópio óptico para analisar a quantidade de esmalte exposto (3mm X 3mm) e direção das ranhuras; polimento com pedra-pomes e água seguido de branco de Espanha e água, em torno de polimento; avaliação do resultado com lupa estereoscópica; recorte de papel adesivo com perfurador de 3 mm de diâmetro; fixação do círculo de papel sobre os fragmentos; colocação de esmalte de unha em torno do papel adesivo, delimitando a área experimental; após a secagem do esmalte, remoção do papel adesivo; numeração dos corpos-de-prova com etiquetas adesivas; marcação no acrílico no sentido cérvico-incisal utilizando micromotor e peça reta com ponta Minicutt, definindo assim a orientação da leitura pelo rugosímetro. (Fig.07) 31 Figura 07: Marcação no acrílico no sentido cérvico-incisal utilizando micromotor e peça reta com ponta Minicutt, definindo assim a orientação da leitura pelo rugosímetro. Armazenamento em solução fisiológica até o experimento. (Fig.08) Figura 08: Armazenamento em solução fisiológica até o experimento. Leitura inicial da rugosimetria, em aparelho Taylor Hobson Pneumo – Forme Taly Surfe series 2 (Fig.09) de alta sensibilidade com ponta ativa de diamante (Fig.10), em todos os fragmentos dentários, sendo a leitura realizada no sentido cérvico-incisal; as leituras foram realizadas na Fundação Certi – Fundação Centro de 32 Referência em Tecnologias Inovadoras - na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC; armazenamento em solução fisiológica para o experimento. Figura 09: Rugosimetria realizada em aparelho Taylor Hobson Pneumo – Forme Taly Surfe series 2. Figura 10: Rugosímetro de alta sensibilidade com ponta ativa de 33 diamante (Aparelho Taylor Hobson Pneumo – Forme Taly Surfe series 2). 3.3 Experimento Todos os grupos sofreram o processo de clareamento por 2 horas, durante 14 dias o qual foi realizado colocando-se 0,1 ml de gel de peróxido de carbamida a 16%, medido com uma seringa de insulina, sobre cada fragmento dentário (Fig.11). A remoção foi feita com água corrente. Figura 11: Processo de clareamento por 2 horas, durante 14 dias o qual foi realizado colocando-se 0,1 ml de gel de peróxido de carbamida a 16%, medido com uma seringa de insulina, sobre cada fragmento dentário. - Grupo 1 – " inferior mesial - clareado e escovado com dentifrício com bicarbonato de sódio. - Grupo 2 - " inferior distal - clareado e escovado com dentifrício sem bicarbonato de sódio. 34 Para o procedimento de escovação, foi montado um dispositivo em que a escova elétrica foi acoplada a uma base para a fixação, aplicando-se um peso de 100g sobre a escova dental e realizando a escovação com 0,1ml de dentifrício, durante 1 minuto. A escovação foi efetuada após cada tratamento clareador. Ao término dos procedimentos os fragmentos foram armazenados em solução fisiológica até submetê-los à segunda leitura de rugosimetria. A análise estatística dos dados obtidos foi realizada pelo método Teste t de Student. 35 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A técnica de clareamento caseiro com moldeiras individuais usando peróxido de carbamida, variando sua concentração de 10 a 35%, ainda é a mais difundida no meio odontológico. As orientações repassadas aos pacientes após a remoção das moldeiras incluem a escovação com creme dental para remover o agente clareador remanescente do meio bucal. Atualmente as formulações de cremes dentais são bastante diversificadas e podem conter substâncias com diferentes objetivos, os quais, por sua vez, podem evidenciar efeitos dos agentes clareadores, sobretudo associados ao procedimento mecânico executado. Os dentifrícios selecionados para essa pesquisa tiveram como critério de escolha a mesma composição, sendo que a diferença principal seria a presença de bicarbonato de sódio na formulação de um deles. Já o outro dentifrício selecionado não continha esses dois elementos. A metodologia adotada no trabalho objetivou verificar a superfície do esmalte dental bovino após ter sido submetido ao clareamento com peróxido de carbamida a 16% e, na seqüência, a escovação com creme com e sem bicarbonato de sódio em sua formulação. O quadro 01 apresenta os resultados obtidos antes do tratamento clareador e da escovação, nos grupos mésio-incisal e disto-incisal. 36 Peça Ra Rz1máx [!m] [!m] MI 01 0,1072 1,1274 MI 02 0,0525 MI 03 Peça Ra Rz1máx Lc [!m] [!m] [mm] DI 01 0,1005 0,8829 0,5804 DI 02 0,0746 0,6294 0,0639 1,6445 DI 03 0,0426 0,4472 MI 04 0,0467 0,5490 DI 04 0,1064 1,3546 MI 05 0,0600 0,6170 DI 05 0,0321 0,5327 MI 06 0,0393 0,5432 DI 06 0,0722 0,5982 MI 07 0,0483 0,5516 DI 07 0,0679 0,7571 MI 08 0,0674 1,2407 DI 08 0,0721 0,9578 MI 09 0,0530 0,8657 DI 09 0,0847 0,7733 MI 10 0,0677 1,0986 DI 10 0,0521 0,5010 MI 11 0,0588 0,5811 DI 11 0,0675 0,9593 MI 12 0,0502 0,5685 DI 12 0,1814 5,7440 MI 13 0,0633 0,7345 DI 13 0,0648 0,6761 MI 14 0,0433 0,5569 DI 14 0,0856 0,8348 MI 15 0,0591 0,7935 DI 15 0,0813 1,0984 0,25 Incerteza de Medição: 5% Quadro 01: Resultados obtidos antes do tratamento clareador e da escovação nos grupos mésio-incisal e disto-incisal. A seqüência numérica de 01 (um) a 15 (quinze) identifica as amostras utilizadas. Conforme foi descrito na metodologia, cada elemento dental foi seccionado em quatro partes (um corte no sentido axial e outro perpendicular, ambos no meio do elemento dental), obtendo-se quatro fragmentos, dos quais foram selecionados os fragmentos mésio-incisais (MI) e disto-incisais (DI). Assim, o número 01 (um) identifica o mesmo dente, dividido em duas partes. Como se pode observar, em um mesmo elemento dental há diferenças na rugosidade superficial do esmalte. No parâmetro Ra, entre as partes mesiais e distais, os valores variam de 0,1814 !m (fragmento disto-incisal número 12 até 37 0,0393 !m (fragmento mésio-incisal número 06). Porém, a análise estatística não revela diferença significativa entre os fragmentos do mesmo dente. Com o objetivo de determinar a rugosidade do esmalte dental humano, nas faces vestibulares, Machado (2002) avaliou 40 (quarenta) dentes humanos nas regiões cervical, mediana e incisal, nas direções vertical e horizontal. O aparelho utilizado para esse estudo foi o rugosímetro Surftest 301 (Mitutoyo). Os dados individuais de rugosidade, segundo o parâmetro Ra (!m), na região incisal variou de 0,40 a 2,70 !m. As diferenças de valores encontrados podem ser explicadas por duas razões principais. Primeiro, os dentes usados por Machado (2002) foram dentes humanos, incisivos centrais superiores, enquanto no presente trabalho foram incisivos centrais bovinos. Segundo, os aparelhos mensuradores foram diferentes. Quanto à substituição de dentes humanos por bovinos em trabalhos de pesquisa, alguns autores relatam ser totalmente aceitável, pois principalmente o esmalte dental é bastante semelhante. Porém, seus trabalhos referem-se a outras variáveis, como testes de adesão (NAKAMISHI et al., 1983) quantidade e localização de túbulos dentinários (BONFIM, 2000) e resistência de cisalhamento (SAVARIZ et al., 2002). O único trabalho encontrado relativo à rugosidade do esmalte normal foi o de Machado (2002), e avaliando o esmalte dental humano. No presente trabalho foi utilizado um aparelho com maior sensibilidade à leitura (rugosímetro Taylor Robson Pneumo – Forme Taly Surfe series 2), o qual serve inclusive para calibrar os demais tipos de rugosímetros portáteis, como o utilizado por Machado (2002). 38 Considerando-se a sensibilidade de leitura, a diferença entre os valores encontrados no presente trabalho e os de Machado (2002) são pertinentes. Seu trabalho evidenciou que a rugosidade foi semelhante nas regiões mediana e incisal, como também nas direções vertical e horizontal. Somente a região cervical dos incisivos centrais humanos foi significantemente diferente. Segundo o parâmetro Ra (média) 32% dos dentes apresentaram rugosidade menor que 1 (um) !m, o que reitera os valores também encontrados neste trabalho na leitura feita antes do experimento ser aplicado. O quadro 02 mostra os valores de leituras inicial e final do grupo de 15 (quinze) fragmentos mésio-incisais, clareados e escovados com creme dental com bicarbonato de sódio em sua formulação. Mésio-incisal – inicial e final com bicarbonato Rz1máx Rz1máx Peça Ra ICB mi Ra FCB mi ICB mi FCB mi MI01 0,1072 1,1274 0,1041 # 0,7221 # MI02 0,0525 0,5804 0,0599 $ 0,5040 # MI03 0,0639 1,6445 0,0808 $ 0,9909 # MI04 0,0467 0,5490 0,0758 $ 0,9393 $ MI05 0,0600 0,6170 0,0623 $ 0,4931 # MI06 0,0393 0,5432 0,0765 $ 0,7741 $ MI07 0,0483 0,5516 0,0716 $ 0,6417 $ MI08 0,0674 1,2407 0,0629 # 0,5481 # MI09 0,0530 0,8657 0,0520 # 0,5858 # MI10 0,0677 1,0986 0,0649 # 1,1962 $ MI11 0,0588 0,5811 0,0815 $ 1,2289 $ 0,4884 ! MI 12 0,0502 0,5685 0,0587 $ 0,5987 ! MI 13 0,0633 0,7345 0,0655 $ MI 14 0,0433 0,5569 0,0515 $ 0,7323 $ 0,7267 ! MI 15 0,0591 0,7935 0,0799 $ Quadro 02: Valores das leituras inicial e final do grupo mésio-incisal, clareado e escovado com bicarbonato de sódio em sua formulação. Pode-se observar que nos 15 (quinze) fragmentos mésio-incisais clareados e escovados com creme dental com bicarbonato de sódio, 11 (onze) tiveram aumento 39 nos valores de rugosidade no parâmetro Ra (média), valores próximos ao grupo disto incisal, o qual apresentou aumento em 10 (dez) fragmentos. Ou seja, a escovação sobre o esmalte clareado, independente do creme dental conter ou não bicarbonato de sódio alterou os valores de rugosidade do esmalte da maioria dos fragmentos. Entretanto, ao se aplicar o teste estatístico, tais alterações não se mostraram significantes. (Tabela 01) Tabela 01: Análise estatística do grupo mésio-incisal (clareados e escovados com bicarbonato de sódio) em relação ao parâmetro Ra, mostrando não ser significativo as alterações na rugosidade do esmalte. RaICB mi RaFCB mi Média 0,05871333 0,06986 Variância 0,00025485 0,000188555 15 15 Observações Hipótese da diferença de média gl 0 27 Stat t -2,0501783 P(T<=t) uni-caudal 0,02508602 t crítico uni-caudal 1,70328842 P(T<=t) bi-caudal 0,0502 t crítico bi-caudal 2,05183049 O parâmetro Ra, também chamado CLA (Center Line Average – linha central média) expressa o valor da soma das áreas abaixo da linha média (vales) e acima dela (picos), não especificando as diferenças entre picos e vales, ou seja, Ra é a altura média em relação à linha média. (MACHADO, 2002) (Fig. 12) 40 Figura 12: O parâmetro Ra expressa o valor da soma das áreas abaixo da linha média (vales) e acima dela (picos), não especificando as diferenças entre picos e vales, ou seja, Ra é a altura média em relação à linha média. O quadro 03 apresenta os valores das leituras inicial (pré-tratamento) e final (pós-tratamento), segundo os parâmetros Ra e Rz máx. do grupo de 15 (quinze) fragmentos disto-incisais, clareados e escovados com creme dental sem bicarbonato de sódio. Disto-incisal – inicial e final sem bicarbonato Rz1máx Rz1máx Peça Ra ISB di Ra FSB di ISB di FSB di DI01 0,1005 0,8829 0,1435 $ 1,4772 $ DI02 0,0746 0,6294 0,0922 $ 0,8272 $ DI03 0,0426 0,4472 0,0415 # 0,7125 $ DI04 0,1064 1,3546 0,0912 # 0,7118 # DI05 0,0321 0,5327 0,0795 $ 1,2695 $ DI06 0,0722 0,5982 0,2099 $ 1,7071 $ DI07 0,0679 0,7571 0,0670 # 0,9671 $ DI08 0,0721 0,9578 0,0782 $ 0,6358 # DI09 0,0847 0,7733 0,0889 $ 0,9382 $ DI10 0,0521 0,5010 0,0540 $ 0,3944 # 0,0685 " 1,1166 " DI 11 0,0675 0,9593 0,0391 ! 0,3249 ! DI 12 0,1814 5,7440 0,0875 " 0,8861 " DI 13 0,0648 0,6761 0,0994 " 0,7515 ! DI 14 0,0856 0,8348 0,0607 ! 0,5420 ! DI 15 0,0813 1,0984 Quadro 03: Valores das leituras inicial e final do grupo disto-incisal, clareado e escovado sem bicarbonato de sódio em sua formulação. 41 Em relação ao parâmetro Ra de rugosidade, observa-se que dos 15 (quinze) fragmentos disto-incisais avaliados, 10 (dez) deles (2/3) tiveram aumento nos valores verificados, o que equivale a 66,6%. (Quadro 03) Porém, aplicando a análise estatística, Teste t de Student, verifica-se que os resultados não apresentam significância ao nível de 95% (p= 0,05). (Tabela 02) Tabela 02: Análise estatística do grupo disto-incisal (clareados e escovados sem bicarbonato de sódio) em relação ao parâmetro Ra, mostrando não ser significativo as alterações na rugosidade do esmalte. RaISB di RaFSB di Média 0,071742857 0,090142857 Variância 0,000413501 0,001775966 Observações 14 14 Hipótese da diferença de média 0 gl 19 Stat t -1,471338698 P(T<=t) uni-caudal 0,078784476 t crítico uni-caudal 1,729132792 P(T<=t) bi-caudal 0,157568953 t crítico bi-caudal 2,09302405 Quanto ao parâmetro de Rzmáx. São observadas algumas diferenças tanto no grupo mésio-incisal quanto no disto-incisal. O parâmetro Rz é obtido pela média aritmética dos máximos e mínimos dentro de um determinado segmento. Este parâmetro considera os picos e vales máximos e mínimos, o que é de interesse para a Odontologia, na medida em que os picos e os vale mais pronunciados representam áreas de maior retentividade de placa bacteriana e clinicamente se manifestam como uma (MACHADO, 2002; KATCHBURIAN; ARANA, 1999) (Fig.13) superfície irregular. 42 Figura 13: O parâmetro Rz é obtido pela média aritmética dos máximos e mínimos dentro de um determinado segmento. Dos 15 (quinze) fragmentos do grupo MI, 06 (seis fragmentos) tiveram aumento da rugosidade e 09 (nove) apresentaram redução nos valores de Rz1max., conforme pode ser visualizado no Quadro 02. Porém, de acordo com a tabela 03, não há significância estatística. Tabela 03: Análise estatística do grupo mésio-incisal (clareados e escovados com bicarbonato de sódio) em relação ao parâmetro Rz, mostrando não ser significativo as alterações na rugosidade do esmalte. Rz1máxICB mi Rz1máxFCB mi Média 0,80350667 0,744686667 Variância 0,11037029 0,05867092 15 15 Observações Hipótese da diferença de média gl 0 26 Stat t 0,5540824 P(T<=t) uni-caudal 0,29212855 t crítico uni-caudal 1,7056179 P(T<=t) bi-caudal 0,58425711 t crítico bi-caudal 2,05552942 Quanto ao grupo DI, o Rz1max observado no quadro 03 mostra um aumento nos valores de rugosidade em 09 (nove) dos 15 (quinze) fragmentos distais 43 analisados. Porém, de acordo com a tabela 04, também não se verificou significância estatística. Tabela 04: Análise estatística do grupo disto-incisal (clareados e escovados sem bicarbonato de sódio) em relação ao parâmetro Rz, mostrando não ser significativo as alterações na rugosidade do esmalte. Rz1máxISB di Rz1máxFSB di Média 0,785914286 0,924071429 Variância 0,063481311 0,132121802 14 14 Observações Hipótese da diferença de média Gl 0 23 Stat t -1,168824968 P(T<=t) uni-caudal 0,1272231 t crítico uni-caudal 1,713871517 P(T<=t) bi-caudal 0,254446201 t crítico bi-caudal 2,068657599 Por outro lado, há que se considerar o papel polidor dos cremes dentais, além da microabrasão decorrente de seu uso contínuo. Ao mesmo tempo em que a escovação promove abrasão da superfície, o polimento promovido na seqüência ameniza o desgaste abrasivo provocado. Lehne e Winston (1983) realizaram um estudo comparando a abrasividade de 7 (sete) dentifrícios comerciais e do bicarbonato de sódio, tanto em esmalte como em dentina. Os resultados mostraram que o bicarbonato de sódio apresentou o menor valor abrasivo em relação aos dentifrícios. Os autores justificam esses resultados referindo-se ao bicarbonato de sódio como um produto mais macio do que os abrasivos presentes nas formulações dos dentifrícios. Outros fatores além de dureza, como o tamanho e a forma das partículas podem variar a abrasividade do 44 produto. E ainda a relativa alta solubilidade do bicarbonato de sódio também pode ser um fator que contribui para sua baixa abrasividade. Newbrun (1988) afirmou que a abrasão de um dentifrício sobre os dentes depende de vários fatores, como a dureza intrínsica, tamanho e forma das partículas, pH do produto e outros fatores como freqüência de escovação, dureza das cerdas e pressão aplicada. O bicarbonato de sódio tem uma abrasão dental relativamente baixa, devido em parte, à sua baixa dureza do bicarbonato de sódio e sua alta solubilidade. Sua dureza intrínseca é inferior a do esmalte e a de outros abrasivos, como carbonato de cálcio, fosfato dicálcico anidro e pirofosfato de cálcio. Analisando a rugosidade do esmalte dental bovino submetido à microabrasão com diferentes materiais, Tagliari et al. (2003) concluíram que as técnicas de microabrasão testadas diminuíram a rugosidade do esmalte em relação ao esmalte bovino intacto; as técnicas entre si não mostraram diferenças na rugosidade do esmalte bovino e, o polimento final após as técnicas microabrasivas diminui significantemente a rugosidade do esmalte bovino, comparado ao esmalte bovino hígido e após a microabrasão. Esses achados corroboram as afirmações de Newbrun (1988) e explicam o papel do bicarbonato de sódio como agente polidor após repetidas aplicações. Vários trabalhos têm apontado alterações superficiais do esmalte dentário submetido ao clareamento com diferentes concentrações de peróxido de carbamida, seja na morfologia, dosagem de cálcio ou microdureza. (JUSTINO, 2000; JOHN; ROSA, 2001; MARIN; CESA, 2002; RIBEIRO; LANGER FILHO, 2003; AREND; COSTA, 2003; BAPTISTA JÚNIOR, 2003) Worschech et al. (2003) avaliando in vitro a rugosidade (Ra) superficial do esmalte dental humano clareado com peróxido de carbamida a 35% e submetido à 45 escovação com dentifrícios abrasivos, concluíram que o clareamento não alterou a rugosidade superficial. Porém, quando a escovação desse esmalte foi realizada com dentifrício abrasivo houve significativo aumento nos valores de rugosidade. Os autores acrescentam que a abrasão inicial do esmalte promove uma degradação da camada superficial, promovendo uma “nova” superfície, com maiores valores de rugosidade. Azevedo (2005) avaliou o desgaste e a rugosidade superficial do esmalte bovino submetido ao clareamento e a escovação simulada, concluindo que o clareamento leva a superfície do esmalte à maior susceptibilidade, ao aumento de rugosidade e desgaste superficial, quando submetido à escovação simulada. As alterações superficiais decorrentes de procedimentos clareadores, como perda de cálcio, redução de dureza e alterações morfológicas do esmalte estão evidenciados em vários trabalhos já citados anteriormente. Por outro lado, também é comprovado o papel abrasivo e ao mesmo tempo polidor dos cremes dentais mais comumente utilizados. Ambos, por sua vez, removem estrutura mineral, seja por meio químico, seja por meio mecânico. O clareamento promove uma superfície irregular pela remoção de cálcio e a escovação faz o polimento dessa superfície, tornando-a novamente regular. Pinto et al. (2004) relatou que o resultado de regimes de clareamento leva à redução da microdureza devido à perda de mineral, a qual pode ser minimizada ou controlada pela saliva ou soluções remineralizadoras. Clinicamente, para recobrir o esmalte alterado e restaurar o brilho que foi alterado pelo gel de peróxido de hidrogênio, é indicado o polimento do esmalte após as sessões de clareamento. Entretanto, procedimentos de polimento podem resultar na perda de alguns 46 micrometros do esmalte, reduzindo sua espessura e removendo a camada superficial. Assim, considerando-se o papel de agente polidor atribuído aos dentifrícios, é de se esperar uma regularização da superfície dental, aplicando-se repetidas escovações. A partir dessas considerações era de se esperar que a escovação com dentifrícios sem bicarbonato de sódio promovesse maior rugosidade do esmalte dental, o que não ficou evidenciado neste trabalho, a partir da metodologia aplicada. Finalmente, o que se recomenda para reflexão é o fato de que qualquer remoção de estrutura adamantina deve ser considerada pelos profissionais na medida em que a espessura do esmalte dental é bastante reduzida em algumas áreas do dente e a relação perda de estrutura versus resultado almejado deve ser profunda e cuidadosamente avaliado pelo cirurgião-dentista. 47 5 CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos pode-se concluir que a rugosimetria do esmalte dental bovino, após clareamento com peróxido de carbamida a 16% e escovação com dentifrício com e sem bicarbonato de sódio mostrou aumento em seus valores finais, porém, tais valores não mostraram significância estatística. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE JÚNIOR, A.C.C. et al. Estudo in vitro da abrasividade de dentifrícios. Rev Odontol Univ Sao Paulo, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 231-236, jul./set. 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em: 16 set. 2005. AREND, E. A.; COSTA, M. C. D. 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