IV SãoPaulo, Paulo,126 126(30) (30) II ––São Diário Oficial Poder Executivo - Seção II quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016 Na Unicamp, de acordo com a pró-reitora Gláucia Pastore, uma força-tarefa específica havia sido formada em dezembro, com o objetivo de conciliar linhas de pesquisas e pesquisadores em torno de um objetivo comum. “A ideia era juntar os estudos que a Unicamp tem sobre o tema, para podermos realizar ações mais rapidamente”, explica a professora. Em reunião na sede do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), no dia 3 deste mês, foi formalizado o trabalho comum entre as três universidades. Na opinião da pró-reitora da Unicamp, há grandes desafios, já que muitos elementos ainda são desconhecidos da ciência. “É tudo muito complexo. Temos de estudar a estrutura do vírus, o modo de ação, as formas de coibir o vetor, etc. É uma situação em que a cada dia surge um fato novo”, afirma. O trabalho terá a colaboração da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Na Unicamp – A Rede Zika Unicamp reúne 25 docentes e pes- Força-tarefa da Unicamp reúne 25 docentes e pesquisadores de diferentes especialidades ANTONIO SCARPINETI Pesquisadores da USP, Unicamp e Unesp juntam esforços para ajudar a combater doenças virais transmitidas pelo mosquito, como Zika vírus, dengue e chicungunya DIVULGAÇÃO/CENA-USP A s universidades estaduais paulistas (USP, Unicamp e Unesp) uniram esforços na busca de soluções para combater o Zika vírus. Reunidos no início do mês, os pró-reitores de pesquisa das três instituições formalizaram a criação da Rede para Zika vírus. Trata-se de uma força-tarefa que trocará informações e atuará mais sintonizada no trabalho de prevenção e cuidados com as doenças virais transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (além do Zika, há também a dengue e a chicungunya). ANTONIO SCARPINETI Universidades paulistas unem-se contra o Aedes aegypti Pupas do mosquito são irradiadas com cobalto Gláucia: “Cada dia surge um fato novo” quisadores de diferentes especialidades. “Várias ações estão em andamento e algumas medidas já estão sendo aplicadas, como a realização de testes para identificar, em somente cinco horas, a presença de material genético do vírus Zika, da dengue e da chicungunya em amostras de saliva, sangue ou urina de pessoas doentes”, afirma a professora Gláucia. Para o segundo semestre, uma possibilidade é a realização de um congresso internacional sobre o vírus Zika, organizado pela Unicamp. De imediato, os vários grupos formados trabalham para unir pesquisas e esforços. O grupo Gestantes ficou responsável por acompanhar mulheres grávidas com suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus Zika. Serão investigados também eventuais casos de Gestantes com diagnóstico intraútero de microcefalia. O grupo Plantas e Produtos Naturais terá por desafio realizar uma triagem de compostos relevantes encontrados em espécies vegetais e em outros produtos naturais, a fim de verificar a sua viabilidade larvicida, ovicida e inibitória do vírus investigado. Pesquisadores vinculados ao grupo Imunopatogenicidade estudarão de que forma o sistema imunológico se comporta diante da infecção pelo vírus. O avanço de pesquisas nessa área é que tornará possível o desenvolvimento de uma vacina, por exemplo. O grupo Clínica vai trabalhar nas questões clínicas relacionadas ao Zika vírus na gestante, no recém-nascido e em pacientes que tiveram alterações neurológicas. A professora Gláucia Pastore lembra que vários estudos estavam sendo desenvolvidos e agora haverá um trabalho mais amplo e mais direcionado. Sobre a forçatarefa das universidades, a docente diz que o trabalho poderá trazer frutos para além da questão imediata: “É interessante, por ser uma nova forma de fazer pesquisas no País. As universidades têm expertise, mas muitas vezes o conhecimento não está conectado. Trabalhando juntos, virologistas de dois laboratórios distintos, por exemplo, podem conseguir resultados de forma mais rápida”, diz. Radiação nuclear – Um dos trabalhos que poderá reduzir as populações do Aedes aegypti é a Técnica do Inseto Estéril (TIE), por meio da qual mosquitos machos se tornam inférteis após serem expostos à radiação nuclear. A pesquisa nesse sentido é desenvolvida em conjunto pelos laboratórios do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP), em Piracicaba, e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/CNEN-SP), em São Paulo. A TIE é empregada para reduzir as populações de outros insetos; um exemplo é a mosca-das-frutas. O estudo procura avaliar doses letais e esterilizantes de radiação ionizante a serem aplicadas aos insetos em suas quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. Consiste em expor os machos do Aedes aegypti a raios X ou gama e, assim, tornar o esperma estéril. Esses mosquitos machos criados em laboratório poderiam, então, ser liberados para cruzar com as fêmeas, porque os ovos depositados por elas nunca se desenvolveriam. O pesquisador Valter Arthur, do CenaUSP, informa que já houve resultados positivos para a esterilização na fase de pupa, na qual há a metamorfose do estágio larval para o adulto. “O ideal seria irradiar na fase adulta, mas fica difícil manter uma grande população adulta do Aedes aegypti. Precisaríamos ter um local maior, porque os insetos voam. Ao passo que a pupa é pequena. O recipiente plástico onde as colocamos tem 500 mililitros”, diz Arthur. O cientista explica que, ao serem liberados, os machos inférteis competirão com os machos nativos pelas fêmeas. “É necessário liberar, no mínimo, 9 machos estéreis para cada macho nativo, porque nesse caso a chance de o nativo cruzar será mínima. Quanto mais estéreis forem soltos, mais eficiente será a técnica, pois aumenta a possibilidade de que apenas eles cruzem”, completa. Os ovos serão depositados pelas fêmeas, mas não darão origem a novos insetos. O estudo é uma tese de doutorado em que se pretende avaliar a esterilização em todas as fases do inseto. Na pupa, já houve uma conclusão, definindo-se a dose de 30 grays como a necessária para obter o resultado esperado (gray é a unidade que mede a quantidade de energia de radiação ionizante absorvida). No caso dos ovos, ainda estão sendo feitos testes para se determinar a dose ideal. Os pesquisadores avaliam como importante a obtenção de resultados nessa fase, já que o transporte dos insetos irradiados para outros locais ficaria mais fácil. Cláudio Soares Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial Assessorias de Imprensa da Unicamp e do Ipen A Secretaria de Estado da Saúde pagará um valor extraordinário para que agentes das prefeituras paulistas atuem aos sábados no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, Zika vírus e chicungunya. As cidades que aderirem à campanha Todos juntos contra o Aedes aegypti receberão repasses do Fundo Estadual de Saúde para o pagamento de diárias aos profissionais que trabalharem aos sábados, dia em que é mais provável encontrar os moradores em casas. A remuneração extra será de R$ 120 por agente para cada dia de trabalho. O município interessado em participar precisará assinar um termo de adesão, indicando o número de agentes e de supervisores mobilizados na campanha em sua jurisdição. Feito isso, cada prefeitura deverá garantir que esses profissionais realizem o trabalho de campo durante todos os sábados, desde a data de assinatura do termo até o dia 30 de abril. As equipes municipais terão a atribuição de realizar vistorias domiciliares para eliminação de criadouros e potenciais focos do mosquito, bem como mobilizar a população para evitar novas infestações. O Estado fornecerá apoio técnico e orientação para o desenvolvimento das atividades, além do material educativo a ser utilizado. Mais informações em http://goo.gl/BceMvw. PAULO CESAR ALEXANDROWITSCH Combate ao mosquito terá pagamento extra Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial Assessoria de Imprensa da Secretaria da Saúde Guerra ao mosquito: remuneração extra dos agentes será de R$ 120 por dia de trabalho