x-pag 01.qxd - Jornal da Saúde Angola

Propaganda
O Caminho do Bem
a saúde nas suas mãos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Ano 6 - Nº 67
Novembro
2015
Mensal Gratuito
jornal
European Society for
Quality Research
Lausanne
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
OXFORD
aude
A
da
EUROPE BUSINESS ASSEMBLY
N
G
O
L
A
"Funje" para
mosquitos
Investigadores desenvolvem
refeição artificial para mosquitos para evitar a sua alimentação com sangue
humano, ou animal, o que
levanta problemas éticos e
de segurança quando se tem
de produzir estes insectos
em larga escala para efeitos
de investigação. |Pag.6
Como prevenir
a diabetes?
É um facto: existem no
mundo cerca de 387 milhões
de diabéticos, dos quais 80%
encontram-se nos países de
médio e baixo rendimento.
Previsões da OMS apontam
para a duplicação deste
número dentro de 15 anos.
Angola não escapa à regra.
Saiba o essencial para não
entrar nesta estatística.
|Pags. 18 a 22
Como está a saúde
dos angolanos?
Quantos angolanos tiveram a sua primeira relação sexual antes dos 15 anos? Quantos
usam contraceptivos? Qual a prevalência do VIH/sida? Quantos analfabetos temos no
país? Qual a prevalência da má-nutrição em crianças? Quantas estão anémicas? E com
malária? Qual a cobertura vacinal? Estas são apenas algumas das perguntas para as
quais vamos ter respostas em breve, graças ao Inquérito de Indicadores Múltiplos e de
Saúde de Angola (IIMS) já em curso. Saiba quais são os 106 indicadores principais a
que terá acesso |Pags.10 e 11
Médicos reúnem-se em Congresso
É já nos próximos dias 26 e 27 de Janeiro de 2016 que a Ordem dos Médicos de Angola realiza o seu XI
Congresso, sob o lema "Os médicos e os seus contributos na consolidação social". Mais de mil médicos vão
analisar e debater os principais desafios que se colocam actualmente, e no futuro, aos angolanos. Serão 33
conferências, 10 painéis, 30 cursos e inúmeros temas livres. Em simultâneo, decorre a Médica Hospitalar –
um salão profissional com as últimas inovações em medicamentos e equipamentos médicos. Pags. 2 e 3
Há mais alunos
com deficiência
De acordo com o Instituto
Nacional de Educação Especial (INEE), a cada ano que
passa o número de alunos
com deficiência tende a
aumentar. Entre as dezoito
províncias, a Huíla lidera,
seguida pelo Cuanza Sul e
Luanda. |Pag. 8
2 EDITORIAl
Novembro 2015 JSA
QUADRO DE HONRA
Empresas Socialmente Responsáveis
O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças
ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente
responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos
e o desenvolvimento sustentável do país.
Carlos alberto Pinto de sousa
Bastonário da Ordem dos Médicos de Angola
XI Congresso Internacional dos Médicos em Angola
com um vasto programa científico de excelência
Mais de mil médicos vão debater
temas essenciais para a saúde
das populações
Ao longo dos últimos anos,por força das reflexões constantes do documento“Política Nacional de Saúde” e o seu instrumento operativo,
o “Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário”, a Ordem dos
Médicos de Angola (ORMED), no
âmbito da realização dos congressos, tem vindo a abordar o papel
dos médicos no desenvolvimento
social.
Em saúde, é no âmbito médico
que se verificam, de maneira mais
expressiva,os resultados concretos
da transformação positiva pela qual
passa a consolidação e ampliação
da cidadania mais interventiva
quanto ao conhecimento em si
mesmo e quanto à efectivação de
resultados. Quando a saúde está
em debate,o que acontece naturalmente de forma permanente e enriquecedora,a tendência natural está associada ao atendimento médico dispensado aos doentes e famílias, e o resultado, seja satisfatório
ou não, decorre desta relação dual.
Lema e números
do XI Congresso
Nesta conformidade,a Ordem dos
Médicos de Angola realiza o XI
Congresso Internacional dos Médicos em Angola, a 26 e 27 de Janeiro de 2016, onde reunirá mais de
mil médicos, sob o lema Os Médicos e os seus Contributos na Consolidação Social. O programa científico inclui várias conferências, painéis,cursos e inúmeros temas livres
e posters.
A escolha deste lema resulta da
reflexão que a Ordem dos Médicos
tem realizado e de que urge fortalecer a ideia de envolvimento e participação dos cidadãos e comunidades, de que a municipalização é um
instrumento decisivo, onde se podem materializar os pilares definidos pelo Ministério da Saúde. Refi-
transmissíveis –VIH/Sida, malária,
doenças diarreicas –, doenças crónicas não transmissíveis – hipertensão,diabetes,cancro,patologias cardiovasculares –, área da cirurgia –
cirurgia coloproctológica, técnicas
cirúrgicas no tratamento da obesidade mórbida, tratamento cirúrgico de cancro colo-retal, grandes
hérnias incisionais, entre outros – e
área da medicina, com abordagens
às doenças renais, reumatológicas
e cuidados paliativos.
Teremos a participação de prelectores provenientes daArgentina,
Brasil, Cuba, Holanda, Portugal,
Moçambique, CaboVerde e, naturalmente, de Angola.
ra-se que é no quotidiano das prestações de saúde que faz sentido
apelar à mudança comportamental
que conduza à consolidação dos pilares mencionados, para incentivar
a participação dos cidadãos,de modo que em cada acto médico floresça a ideia de conscientizar, educar e alertar.
É nesta lógica que se enquadram
os temas das conferências, dos painéis, dos cursos pré-congresso e
das próprias intervenções livres.
Perguntamos: quem beneficiará
das acções assentes nesta lógica e
se sentirá motivado para levar a cabo esta mudança comportamental
como contributo à consolidação
social? Decerto: os cidadãos e suas
famílias e as comunidades.
Temas a debater nos
painéis, conferências
e comunicações livres
Nos painéis serão debatidos temas
relativos às contribuições da epidemiologia para a consolidação dos
sistemas de saúde, saúde materna,
saúde das crianças,cooperação técnica entre países num mundo glo-
bal, o ensino médico e saúde, pesquisa científica e divulgação/comunicação,medidas no uso racional de
medicamentos, doenças transmissíveis, doenças crónicas não transmissíveis, e intervenções de saúde
pública,financiamento da saúde,segurança e saúde no trabalho.
As conferências incidirão sobretudo em temas clínicos, entre os
quais as doenças cardiovasculares,
oncológicas, hipertensão arterial,
diabetes, insuficiência renal, cirurgia
hepática,aterosclerose,hiperactividade, fibrose pulmonar, fibrilhação
auricular e acidente vascular cerebral e, ainda, problemas relacionados com o consumo drogas, álcool
e tabaco entre os jovens, a cirurgia
sem sangue, cirurgia robótica, e a
importância da estatística em saúde, abordagem cirúrgica às multifracturas das extremidades decorrentes da sinistralidade,neurocirurgia pediátrica, hidrocefalia, a nanotecnologia para diagnóstico molecular, entre outros.
As inúmeras comunicações livres a apresentar centram-se em
quatro grandes áreas: doenças
A feira profissional Médica
Hospitalar Angola 2016 reunirá meia centena de empresas
de 20 países
Em simultâneo, decorre a Médica
Hospitalar Angola – 4ª Feira Internacional de Equipamento, MédicoHospitalar,Tecnologia, Medicamentos e Consumíveis. O objectivo é
reunir e mostrar aos médicos, gestores hospitalares e outros profissionais de saúde todas as novidades
do mercado apresentadas por empresas credíveis e com qualidade,
proporcionando assim uma actualização de conhecimentos.A Médica Hospitalar posiciona-se como a
feira especializada de referência no
país, ao congregar a procura e a
oferta global do sector da saúde,
num ambiente profissional.A área
exposicional bruta é de 1.800 metros quadrados.
Na última edição, em Janeiro de
2015, participaram 56 empresas
expositoras que,por sua vez,representaram cerca de 150 marcas internacionais da indústria farmacêutica, de equipamentos hospitalares,
tecnologias e dispositivos médicos,
de 20 países.
FICHA TÉCNICA
Conselho editorial: Prof. Dr. Miguel
Bettencourt Mateus (coordenador),
Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra.
Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Alberto, Enf. Lic. Conceição Martins,
Dra. Filomena Wilson, Dra. Helga
Freitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra.
Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr.
Josinando Teófilo, Prof. Dra. Maria
Manuela de Jesus Mendes, Dr. Miguel Gaspar, Dr. Paulo Campos.
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
[email protected];
Redacção: Cláudia Pinto; Francisco
Cosme dos Santos; Magda Cunha
Viana.Correspondentes provinciais:
Elsa Inakulo (Huambo); Diniz Simão
(Cuanza Norte); Casimiro José
(Cuanza Sul); Victor Mayala (Zaire)
MARKETING E PUBLICIDADE:
Eileen Salvação Barreto Tel.: + 244
945046312 E-mail: [email protected] Edição deste número:
Cláudia Pinto, Fotografia: António
Paulo Manuel (Paulo dos Anjos). Edi-
tor: Marketing For You, Lda - Rua Dr.
Alves da Cunha, nº 3, 1º andar - Ingombota, Luanda, Angola, Tel.:
+(244) 935 432 415 / 914 780 462,
[email protected]. Conservatória Registo Comercial de Luanda nº 872-10/100505, NIF
5417089028, Registo no Ministério
da Comunicação Social nº
141/A/2011, Folha nº 143.
Delegação em Portugal: Beloura Office Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sintra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247
670 Fax: + (351) 219 247 679
E-mail: [email protected]
Director Geral: Eduardo Luís Morais
Salvação Barreto
Periodicidade: mensal
Design e maquetagem: Fernando Almeida;
Impressão e acabamento: Damer
Gráficas, SA
Transportes: Francisco Carlos de Andrade (Loy)
Tiragem: 20 000 exemplares.
Audiência estimada: 80 mil leitores.
Parceria:
www.jornaldasaude.org
JSA Novembro 2015
CONgRESSOS 3
4 65ª SeSSão do Comité RegionAl dA omS
Novembro 2015 JSA
Doenças Tropicais Negligenciadas
Para além do controlo do vector
Ministro José Van-Dúnem diz que o novo projecto especial alargado
é “um passo em frente no seu combate"
ANTECEDENTES
As DoençasTropicais Negligenciadas (DTN) são um grupo diversificado de doenças transmissíveis que afectam
uma em cada seis pessoas em todo o mundo.A Região
Africana arca com cerca de 40% do peso global das DTN.
Os países da Região progrediram no controlo e na eliminação das DTN com o apoio dos parceiros, da OMS e do
Programa Africano de Combate à Oncocercose (PACO).
O PACO é uma parceria estabelecida em 1995 com a finalidade de ampliar a luta contra a oncocercose aos países1
que não foram abrangidos pelo Programa de Controlo da
Oncocercose2.A sua abordagem centrava-se na administração em massa de ivermectina recorrendo aos distribuidores comunitários. O programa contribuiu significativamente para a eliminação da oncocercose enquanto problema de saúde pública.
Nos últimos anos, decorreram algumas discussões envolvendo países endémicos, a OMS e parceiros no âmbito das
DTN para identificar formas de acelerar o controlo e a eliminação das DTN. Durante o Fórum de Acção Conjunta
que se realizou em Adis Abeba no mês de Dezembro de
2014, países onde as doenças são endémicas, organizações
não-governamentais do desenvolvimento (ONGD) e vários doadores do PACO decidiram encerrar o programa
em Dezembro de 2015 e criar uma “nova entidade para as
DTN” encarregue de supervisionar e apoiar a aceleração
da acção contra todas as DTN que respondem a quimioterapia preventiva (QP-DTN)3.
Em entrevista ao jornal da
65ª Sessão do Comité Regional da OMS para África,
que decorreu em N’Djamena, República do Chade, entre 23 a 27 de Novembro, o
ministro da Saúde de Angola, JoséVan-Dúnem, reconheceu que o novo “projecto especial alargado para a
eliminação das doenças tropicais negligenciadas” constitui “um passo em frente”
no seu combate. E também
porque “quando são trazidas para a agenda mundial
há uma oportunidade para
que a investigação aumente
e os produtores de medicamentos se interessem”.
—Qual a posição de Angola
ao novo Projecto Especial
Alargado para a Eliminação das Doenças Tropicais
Negligenciadas (ESPEN)?
—Angola considera que a
criação do Projecto Especial
Alargado para a Eliminação
das Doenças Tropicais Ne-
gligenciadas (ESPEN) significa um passo em frente. Isto
porque o projecto anterior
assentava na distribuição da
Ivermectina que cobria uma
parte apenas das doenças
tropicais negligenciadas,
com o foco num tratamento
de massas. A nova abordagem não se baseia apenas
sobre o vector, adoptando
uma combinação que inclui
a luta contra o vector, a quimioterapia preventiva, o
combate à pobreza, o aumento da produtividade e a
melhoria da qualidade de vida nas áreas afectadas. Deste modo, registamos um
progresso grande para a luta
contra as Doenças Tropicais
Negligenciadas (DTN).
— Como avalia os desafios
e a finalidade do ESPEN
nos países onde as DTN são
endémicas?
—Este conjunto de cinco
doenças são tropicais negligenciadas porque não têm o
número de medicamentos
modernos existentes para as
outras doenças. Mas, quando elas são trazidas para a
agenda dos países e para a
agenda mundial há uma
oportunidade para que a investigação aumente e os
produtores de medicamentos se interessem, surgindo
novas iniciativas que tornam a luta contras estas
doenças muito mais efectiva. Isto fará com que estas
doenças deixem de ser negligenciadas, passando a ser
doenças tropicais que vão
passar a ter a mesma atenção que outras como a malária, a tuberculose e outras.
A população afectada nestes
países é numerosa e as incapacidades que algumas
criam são muito graves,
afectando significativamente o desenvolvimento dos
países e a capacidade de
criar riqueza. Este é um passo importante do ponto de
vista da saúde e do bem-estar.
—O que espera do RC65 como recomendação, relativamente a esta questão?
—Em primeiro lugar, que
nós façamos uma advocacia
para que os fazedores de
opinião possam ter as ferramentas que lhes permitam
ser actores chaves da luta
pela difusão de conhecimentos; em segundo lugar,
fazer a advocacia para um
maior financiamento nacional para a resposta a estas
doenças. São doenças cuja
resposta assenta muito em
doações internacionais sendo necessário, por isso, uma
combinação com doações
nacionais. Há sectores que
poderiam ser envolvidos
neste tipo de actividades e
que ainda não o são suficientemente. Também, os
sistemas nacionais de saúde
deverão adaptar-se para
uma resposta mais efectiva.
Angola está a desenvolver
uma Municipalização dos
Serviços de Saúde, no âmbito da expansão e financiamento dos cuidados primários, sob a liderança das administrações municipais, e
este processo será um instrumento fundamental para
uma responsabilidade mais
efectiva, para que as doenças negligenciadas sejam
uma prioridade nacional e
os sistemas de saúde sejam
mais reforçados.
Nesse sentido, a OMS convocou uma reunião do Grupo
deTrabalho, em Abril de 2015, em Joanesburgo,4 bem como uma Reunião Consultiva das Partes Interessadas, em
Julho de 2015, em Genebra5. Essas reuniões produziram
um consenso acerca do quadro da nova entidade para as
DTN, doravante designado por Projecto Especial Alargado para a Eliminação das DTN (ESPEN) e o Plano de Acção para aTransição relativo a 2016, visando manter as
conquistas alcançadas no controlo da oncocercose e das
demais QP-DTN.
O ESPEN tem por finalidade fornecer apoio técnico aos
países onde as DTN são endémicas para controlarem e
eliminarem as cinco QP-DTN,6 incluindo a prevenção das
doenças e a gestão das incapacidades. Em última análise, a
nova entidade contribuirá para reduzir a pobreza, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de vida das
pessoas afectadas na Região. O ESPEN terá uma vigência
de cinco anos, de 2016 até 2020, sendo o primeiro ano um
período de transição, e ficará sediado no Escritório Regional da OMS para a África.
1Angola, Burúndi, Camarões, Chade, Etiópia, Gabão, Guiné Equatorial, Libéria, Malawi, Moçambique, Nigéria, Quénia, República Centro-Africana,
República Democrática do Congo, Ruanda, Sudão,Tanzânia e Uganda.
2 O Programa de Combate à Oncocercose, que foi estabelecido em
1974 em 11 países de África Ocidental, centrava-se no controlo do vector.
3 O Programa de Combate à Oncocercose, que foi estabelecido em
1974 em 11 países de África Ocidental, centrava-se no
controlo do vector.
4 Relatório da reunião do Grupo deTrabalho para a criação da Nova Entidade para as DTN, Joanesburgo,Abril de 2015.
5 Relatório da Reunião Consultiva das Partes Interessadas sobre o Estabelecimento da Nova Entidade para as DTN, Genebra, Julho de 2015.
6 Filaríase linfática, esquistossomíase, helmintíases transmitidas pelo solo, tracoma e oncocercose.
JSA Novembro 2015
publicidAde 5
6 ActuAlidAde
Novembro 2015 JSA
Dieta artificial evita alimentação com sangue humano
Mosquitos vão ter refeição especial
Investigadores do Instituto
de Higiene e MedicinaTropical e do Centro de Ciências
do Mar estão a desenvolver
uma refeição artificial para
mosquitos que evita a sua
alimentação com sangue
humano, ou animal, o que levanta problemas éticos e de
segurança quando se tem de
produzir estes insectos em
grande escala para efeitos
de investigação científica.
n O Instituto de Higiene e
Medicina Tropical (IHMT),
da Universidade Nova de
Lisboa, recebeu uma bolsa
Grand Challenges Explorations, uma iniciativa da Bill
& Melinda Gates Foundation, para criar uma refeição
artificial para os mosquitos,
que permita a colocação de
ovos e a sua reprodução,
sem recorrer à utilização de
sangue. O projeto, liderado
por Henrique Silveira do
centro de investigação
GHTM - Global Health and
Tropical Medicine do
IHMT, é desenvolvido em
colaboração com João Cardoso, Deborah Power e Rute
Félix do Centro de Ciências
do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve e tem
como título “Dieta artificial
complementada com um
fator de sangue humano”.
O programa Grand Challenges Explorations (GCE) financia projectos, em todo o
mundo, que possibilitem
descobrir novos paradigmas
na resolução de desafios relacionados com a saúde global e o desenvolvimento. Este projeto encontra-se entre
Henrique Silveira é professor catedrático no
IHMT e o coordenador
científico do GHTM.Tem
um doutoramento pelo
Imperial College, em
Londres, e foi investigador pós-doc na London
School of Hygiene and
Tropical Medicine. A sua
investigação centra-se
no desenvolvimento do
Plasmodium no interior
do mosquito, especialmente na forma como
a imunidade do mosquito pode ser manipulada
para impedir a transmissão da malária. Modelos
murinos, estudos in vitro,
proteómica e genómica
têm sido aplicados no
seu laboratório para
compreender os mecanismos envolvidos na resposta do mosquito à infeção e a sua modulação
por fármacos anti-maláricos e moléculas imunomoduladoras
mais de 50 ideias inovadoras
financiadas hoje pela Fundação Bill & Melinda Gates.
Silveira e a equipa do
CCMAR identificaram recentemente um péptido que
circula no sangue humano
que ao interagir com um
recetor do mosquito induz
a produção de ovos nos
mosquitos. Os investigadores querem agora produzir,
com recurso a esse péptido,
uma refeição artificial que
estimule uma produção de
ovos idêntica à obtida com a
refeição sanguínea. Esta
descoberta é importante
“porque os mosquitos necessitam de uma refeição
sanguínea para produzirem
ovos. E se precisarmos de
produzir mosquitos em
grande escala, em laboratório, para efeitos de controlo
da doença ou de investigação científica, estamos
sempre dependentes de
sangue humano ou animal,
o que levanta problemas éticos e de segurança”, explica
Henrique Silveira.
Sobre o programa Grand
Challenges Explorations
O programa Grand Challenges Explorations é uma iniciativa de 100 milhões de
dólares financiada pela Bill
& Melinda Gates Foundation. Lançada em 2008, já
atribuiu cerca de 1160 bolsas a projectos em mais de
60 países. O programa encontra-se aberto a qualquer
investigador, em qualquer
área e organização. O programa recorre a um processo de atribuição de bolsas
O Centro de Ciências do Mar (CCMAR) é uma organização privada sem fins lucrativos, situada na Universidade do Algarve,
com a missão de promover a investigação e educação nos
processos que envolvem o ambiente marinho, dando especial
enfâse às interacções biológicas e ao uso sustentável dos recursos. O CCMAR recebeu em 2014 a classificação de ‘Excelente’ como unidade de investigação, pela Fundação para a
Ciência e Tecnologia (FCT).
João Cardoso é investigador auxiliar CCMAR, graduou-se em
Engenharia Biotecnológica pela Universidade do Algarve e é
doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade Cambridge (Reino Unido).
Deborah Power é professora catedrática de biotecnologia, na
rápido e ágil, através da submissão de candidaturas online resumidas, com apenas
duas páginas, e sem exigência de submissão de dados
preliminares. As bolsas ini-
ciais, no valor de 100 mil dólares, são atribuídas bienalmente. Os projectos bemsucedidos têm a oportunidade de receber nova bolsa
até um milhão de dólares.
Universidade do Algarve, professora convidada na Shanghai
Ocean University (China) e Doutora Honoris Causa, pela Universidade de Gothenburg (Suécia). Rute Félix é pós doutorada no grupo de Endocrinologia Molecular e Biologia Integrativa do CCMAR, possui graduação em Biologia pela Universidade de Évora e doutoramento em Ciências Biomédicas pelo
Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Universidade Nova de
Lisboa.
A equipa do CCMAR possui competências na área do estudo da
evolução e função do sistema endócrino em invertebrados e
vertebrados. Cardoso liderou o projeto financiado pela FCT
que, em colaboração com Silveira, produziu os dados e as bases
conceptuais para este estudo.
Sobre o IHMT
e a equipa
O Instituto de Higiene e Medicina Tropical
(IHMT) da Universidade Nova de Lisboa é uma instituição de ensino e investigação que visa o desenvolvimento do conhecimento dos problemas de saúde
ligados ao meio tropical.A estratégia de investigação
do IHMT encontra-se consolidada no centro de investigação GHTM - Global Health andTropical Medicine, avaliado como ‘Excelente’, pela FCT. Henrique
Silveira é Professor Catedrático no IHMT e o coordenador científico do GHTM. Tem um doutoramento pelo Imperial College, em Londres, e foi investigador Pós-doc na London School of Hygiene
andTropical Medicine.A sua investigação centra-se
no desenvolvimento do Plasmodium no interior
do mosquito, especialmente na forma como a
imunidade do mosquito pode ser manipulada para
impedir a transmissão da malária. Modelos murinos,
estudos in vitro, proteómica e genómica têm sido
aplicados no seu laboratório para compreender os
mecanismos envolvidos na resposta do mosquito à
infeção e a sua modulação por fármacos anti-maláricos e moléculas imunomoduladoras.
JSA Novembro 2015
publicidAde 7
8 ActuAlidAde
Novembro 2015 JSA
Cresce o número de alunos
com deficiência
Romão BRandão
De acordo com o Instituto
Nacional de Educação Especial (INEE), a cada ano que
passa o número de alunos
com deficiência tende a aumentar. Entre as dezoito
províncias, a Huíla lidera, seguida pelo Kwanza Sul e
Luanda.
n Pelo menos 28467 crianças
com deficiências foram matriculadas em todo país no
ano transacto, sendo que o
maior número, 3354, são provenientes da província da
Huíla e o menor da província
do Huambo (365 alunos).
Segundo o director do
INEE, Jorge Pedro, existem
mais alunos com deficiência
intelectual (8.237), com deficiência auditiva (6990) e física
(3134 ). O grande problema
prende-se com as infra- es-
truturas para atender ao número de alunos com deficiência, que cresce cada vez
mais, já que em todo o país
existem apenas 20 escolas,
sendo que há províncias nas
quais não existe alguma unidade escolar para atender esse tipo de alunos.
As províncias de Cabinda e
de Malange não têm escola e
com a agravante de em Cabinda, todos os municípios registarem casos de alunos com
deficiência. “Essas províncias,
não tendo escolas especiais,
oferecem os serviços de escolas inclusivas”enfatizou.
A outra preocupação dos
educadores é que muita gente ainda pensa que a deficiência é uma doença e, por isso,
discriminam os seus portadores. “A deficiência, normalmente, é consequência
de alguma doença, logo, não
é uma doença. Muitos pais
negam colocar o seu filho a
estudar com alunos com deficiência, por este motivo, é
errado”.
É importante que a na grelha de formação de professores, nos Magistérios Primários, exista uma disciplina de
ensino especial, segundo o
responsável.
Outro desafio do INEE é a
aprovação da lei da língua
gestual angolana. Tão logo isso aconteça, será criada a figura do intérprete de língua
gestual, que infelizmente ainda não existe no sistema de
emprego angolano.
O atendimento aos alunos
superdotados, também conhecidos como pessoas com
altas habilidades, constitui
também motivo de preocupação.
Os materiais e equipamentos específicos à população com deficiência são ex-
"Molécula gigante"
contra Ébola pode
ser desenvolvida por cientistas
Uma equipa europeia descobriu um método para produzir facilmente uma "molécula gigante" potencialmente capaz de
bloquear o vírus Ébola, que já custou mais de 11.000 mortes na
África Ocidental, de acordo com um artigo publicado na revista Nature Chemistry.
"Conseguimos ultrapassar uma grande barreira, a produção de uma mega- molécula", que pode evitar que o vírus Ébola entre nas células, explica
o bioquímico Jean-François Nierengarten, um dos líderes da pesquisa
conduzidos em França, Espanha e Bélgica.
Testes in vitro mostraram que esta molécula foi capaz de "colar fortemente" no receptor usado pelo vírus assassino para entrar nas células
do corpo humano e, assim, de inibir a infecção, de acordo com Nierengarten que dirige o Laboratório de Química de Materiais Moleculares da
Universidade de Estrasburgo e do CNRS.
"É um estudo in vitro e ainda não testamos esta família de mega-moléculas in vivo. Este é o próximo passo", comentou, acrescentando que
os testes não mostraram até agora "qualquer toxicidade" para a molécula desenvolvida.Alguns vírus como o Ébola usam um receptor presente
na superfície da célula para colar nela e, depois, penetrá-la.
Uma estratégias anti-virais é a utilização de uma molécula inofensiva
mas capaz de se fixar fortemente na célula "à maneira de um velcro", para evitar que o vírus entre. "Um grande problema com esta abordagem é
a preparação de tais moléculas. Isto é tedioso e é difícil produzir estas
moléculas em grande escala", explica o pesquisador. Este trabalho mostra que agora é possível "produzir facilmente" essas moléculas complexas.
Esta pesquisa foi realizada por químicos da Universidade de Estrasburgo e do CNRS, em colaboração com a Universidade Complutense
de Madrid, a de Sevilha, na Espanha e de Namur, na Bélgica.
O surto de Ébola na África Ocidental, mais grave desde a identificação do vírus em 1976, deixou cerca de 11.300 mortos em Serra Leoa, Libéria e Guiné desde o final de 2013 e cerca de 27.500 pessoas infectadas.
A Libéria foi declarada livre da infecção no início de Setembro e Serra
Leoa foi declarada livre da epidemia no sábado, após 42 dias sem um novo caso.
tremamente caros e não existe coerência na obtenção dos
mesmos. O ministério da
educação, na medida do possível, tem adquirido e distribuído algum. É um problema
que precisa de ser resolvido
com urgência, por isso está a
ser elaborado o segundo volume do dicionário angolano
de língua gestual. Para acrescentar, fez saber que já foram
traduzidos os materiais da 1ª
a 7ª Classe em braille e aguardam por financiamento para
a sua reprodução.
Por seu turno, Fernando
Agostinho, quadro do Ministério do Ensino Superior, disse que os ISCED do Uíge e de
Benguela ministram o curso
superior de educação especial, do mesmo modo que a
universidade Lueji A’Nkonde
e a Escola Superior de Saurimo.
Cortesia do jornal O País
OMS alerta sobre a resistência
aos antibióticos
O aumento da resistência aos antibióticos representa "um imenso
perigo para a saúde mundial", informou a directora-geral da OMS,
Margaret Chan, apresentando a
primeira pesquisa da organização
sobre o tema.A resistência, afirmou Chan, "atinge níveis perigosamente elevados em todas as partes
do mundo".
n Durante conferência de imprensa, ela explicou que cada vez mais
os governos reconhecem que este
fenómeno será daqui para frente
"uma das maiores ameaças para a
saúde".
"As super-bactérias rondam os
hospitais e as unidades de cuidado
intensivo do mundo inteiro", alertou Chan, lembrando que se nada
for feito o mundo se dirigirá a uma
"era pós-antibiótica, na qual as infecções poderão começar a matar".
A pesquisa, publicada em Genebra,
revela que qualquer pessoa pode
um dia ser infectada por uma infecção resistente aos medicamentos.
A resistência aos antibióticos,
também chamada resistência antimicrobiana, ocorre quando uma
bactéria evolui e torna-se resistente
aos antibióticos utilizados para tratar as infecções, segundo a OMS.
Este problema global está principalmente relacionado ao uso excessivo
de antibióticos e seu mau uso.
Mas quase metade (44%) das
pessoas que participaram da pesquisa, que não pretende ser exaustiva e que foi realizada pela OMS em
12 países, acreditam que a resistência aos antibióticos é um problema
apenas para as pessoas que abusam desse tipo de remédio.
Dois terços das pessoas entrevistadas também pensam que não há
riscos de infecção resistente aos
medicamentos nos indivíduos que
tomam correctamente o tratamento antibiótico que foi prescrito.
"Na verdade, qualquer pessoa
pode a qualquer momento e em
qualquer país ser acometida por
uma infecção resistente aos antibióticos", ressaltou a OMS, que lança de 16 a 22 de Novembro a primeira "Semana mundial para o
bom uso dos antibióticos".
Desafio sanitário
Em Abril passado, a OMS lamentou
que os serviços de saúde no mundo
não actuem correctamente contra
o mau uso dos antibióticos, o que
conforta a resistência aos medicamentos e leva a mortes causadas
por doenças curáveis.
"Um dos maiores desafios sanitários do século XX, que vai precisar
de uma mudança mundial de com-
portamento por parte dos indivíduos como sociedades", lembrou
por sua vez o médico Keiji Fukuda,
representante especial do directorgeral para a resistência aos anti-microbianos. Para chegar a isso, a
OMS quer desmistificar as ideias
que circulam sobre o assunto.
Três quartos das pessoas entrevistadas acreditam assim que a resistência aos antibióticos ocorre
quando o organismo torna-se resistente aos antibióticos. Na realidade,
são as bactérias, e não os seres humanos ou os animais, que tornamse resistentes aos antibióticos e a
sua propagação é a causa de infecções difíceis de tratar.
Para acabar com o fenómeno, a
OMS recomenda tomar antibióticos apenas quando são prescritos
por um médico, sempre fazer o tratamento até o final do prazo determinado, mesmo que o paciente já
se sinta bem, não utilizar antibióticos de uma prescrição anterior e
nunca compartilhar antibióticos
com outras pessoas.
JSA Novembro 2015
publicidAde 9
10 ESTATÍSTICA
Novembro 2015 JSA
Os resultados do inquérito permitirão conhecer a realidade do País, em termos de
saúde da população, fornecendo ainda outros indicadores sociodemográficos, como
qualidade da água, e taxa de natalidade,
por exemplo
Com 106 indicadores principais
Inquérito à saúde vai permitir-nos
conhecer com rigor a realidade do País
A amostra é de 16 mil agregados familiares
Para medir a prevalência doVIH/sida são recolhidas e analisadas amostras de sangue
Crianças são medidas, pesadas e o seu sangue analisado para avaliar anemia e malária
n “Os resultados do Inquéri-
to de Indicadores Múltiplos e
de Saúde de Angola (IIMS)
permitirão conhecer a realidade do País, em termos de
saúde da população, fornecendo ainda outros indicadores sociais, como a natalidade ou violência doméstica”, assegurou o director-geral do INE, Camilo Ceita, este
mês, em conferência de imprensa.
O estudo incide sobre 106
indicadores ligados à saúde,
incluindo reprodutiva, métodos contraceptivos, prevalência de violência doméstica,
indicadores sociodemográficos, como qualidade da água,
e taxa de natalidade, entre
outros.
O inquérito – que arrancou no passado dia 19 de Outubro e termina a 20 de Fevereiro de 2016 – é realizado por
28 equipas, com quatro elementos cada. Vai ainda recolher elementos sobre educação, violência conjugal, sexual, física e psicológica, bem
como desemprego e consumo de álcool e tabaco.
O inquérito custará nove
milhões de dólares norteamericanos. De acordo com
o responsável, o Governo
despenderá 2,3 milhões, a
Agência para o Desenvolvimento Internacional dos
EUA (USAID) 4,5 milhões, a
UNICEF 2,1 milhões e o Banco Mundial entra com o restante.
O inquérito, explicou,
abrange entrevistas a cerca de
16 mil agregados familiares
“seleccionados com base na
cartografia realizada no ano
passado no Censo Geral”. Recorre, pela primeira vez, a um
novo modelo de obtenção de
dados biométricos, incluindo
amostras de sangue.
Camilo Ceita lembrou que
Angola tem sido apontada internacionalmente como tendo indicadores sociodemográficos “débeis”– nomeadamente, a mortalidade infantil,
infanto-juvenil e materna –,
pelo que é importante que as
análises não sejam feitas de
“forma leviana”. Estes indicadores devem ser avaliados
“com inquéritos realizados
com intervalos de cinco
anos”, defendeu.
O último inquérito de indicadores múltiplos realizado em Angola decorreu em
2006, associado ao Inquérito
Integrado sobre o Bem-Estar
da População (IBEP), e, desde então, “não se realizou
mais nenhum e não tínhamos como calcular nenhum
destes indicadores. A recolha
O inquérito – que
arrancou no
passado dia 19 de
Outubro e termina
a 20 de Fevereiro
de 2016 – é
realizado por 28
equipas, com
quatro elementos
cada. Vai ainda
recolher elementos
sobre educação,
violência conjugal,
sexual, física e
psicológica, bem
como desemprego
e consumo de
álcool e tabaco.
CURIOSIDADE
Algumas das perguntas do inquérito
abordam questões sensíveis, como por
exemplo na área da sexualidade. Por isso,
para aumentar a probabilidade das respostas serem sinceras, cada uma das 28 equipas
tem três mulheres que inquirem precisamente as pessoas do sexo feminino. O
homem que integra a equipa trata de
obter as respostas dos inquiridos do sexo masculino.
do sangue, garantiu, é confidencial, ou seja, o nome das
pessoas não será conhecido,
uma vez que o objectivo é
apenas realizar um tratamento estatístico da informação”.
“O inquérito está a ser feito dentro das normas internacionais e com a Comissão
de Ética do Ministério da
Saúde”
Crianças medidas
e pesadas
A coordenadora da Comissão Técnica do IIMS, Rosa
Moreira, explicou que as
crianças menores de cinco
anos são medidas e pesadas,
sendo também recolhidas
gotas de sangue para a realização de exames à anemia e
malária, através de testes rápidos. "Por exemplo, se tiver a
hemoglobina menor do que
8, para além da respectiva
anotação, encaminha-se a
criança ao hospital", esclareceu. Nos casos dos homens
dos 15 aos 54 anos e das mulheres dos 15 aos 49, são recolhidas amostras de sangue
para testar o VIH/sida, através de picada no dedo. "Neste
caso, a amostra é enviada para o laboratório central, o que
significa que a pessoa não recebe o resultado na hora", referiu.
A Directora Nacional de
Saúde Pública, Adelaide de
Carvalho, sublinhou a vantagem deste estudo para se conhecer, por exemplo, a realidade da prevalência de
VIH/sida no País. “Só temos
dados sobre sida através dos
rastreios feitos a mulheres
grávidas, que depois são extrapolados para a população
em geral”, concluiu.
JSA Novembro 2015
11
Principais indicadores do IIMS
O que vamos ficar a saber
1.
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
CaraCterístiCas soCiodemográfiCas
Índice de dependência total
Índice de dependência de jovens
Índice de dependência de idosos
Índice de envelhecimento
Índice de masculinidade
5.
5.1
5.2
5.3
2
eduCação e ensino
Proporção da população com 15-24 anos de idade que sabe ler
e escrever – ODM
2.2
Taxa de alfabetização
2.3
Proporção de crianças com 5-18 anos
que nunca frequentaram a escola
2.4
Taxa de matrícula (crianças com 5-18 anos)
2.5
Abandono escolar (crianças com 5-18 anos)
2.6
Taxa líquida de frequência do ensino primário (crianças 6-11 anos)
2.7
Taxa líquida de escolarização no ensino primário
(crianças com 6-11 anos de idade)
2.8
Índice de paridade na escolarização das - ODM
2.9
Índice de paridade na escolarização do ensino primário
(crianças com 6 - 11 anos de idade) - ODM
2.10 Taxa líquida de frequência do ensino secundário
(crianças com 11-18 anos)
2.11 Taxa líquida de escolarização no ensino secundário
(população com 11-18 anos de idade)
2.11 Índice de paridade na escolarização no ensino secundário (crianças
com 11-18 anos de idade)
2.12 Razão entre a taxa de escolaridade feminina e masculina
na população com 15-24 anos – ODM
2.14 Razão entre a taxa de frequência escolar de crianças órfãs
e a taxa de frequência escolar de crianças não órfãs – ODM
2.1
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
3.6
3.7
3.8
4.
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6
4.7
4.8
4.9
4.10
4.11
4.11
4.12
4.14
4.15
4.16
4.17
4.18
5.4
5.5
5.6
5.7
5.8
5.9
5.10
5.11
5.11
5.11
5.12
mortalidade
Taxa de mortalidade das crianças com 0-30 dias/Probabilidade
de morrer durante o primeiro mês de vida/Mortalidade Neo-Natal
Taxa de mortalidade Pós-Neonatal/Probabilidade de morrer
entre 1-12 meses de idade/ (Mortalidade Pós-Neonatal
Taxa de mortalidade das crianças com 0-11 meses
de idade/Probabilidade de morrer durante o primeiro ano
de vida/Mortalidade Infantil – ODM
Taxa de mortalidade das crianças com 12-59 meses
de idade/Probabilidade de morrer entre 12 -59 meses
de idade/Mortalidade Infanto-juvenil
Taxa de mortalidade das crianças com 0-59 meses
de idade/Probabilidade de morrer antes de completar
cinco anos de vida/Mortalidade Infanto-Juvenil/ – ODM
Taxa de Mortalidade Materna – ODM
Taxa de Mortalidade Global
Esperança de vida ao nascer
nutrição
Proporção de nascidos vivos nos dois anos anteriores
ao inquérito que pesou abaixo de 2,500 kg
Prevalência de mal nutrição em crianças com 0-59 meses
Prevalência do nanismo nas crianças menores de 5 anos
Prevalência do marasmo (crianças 0–4 anos)
Prevalência de baixo peso entre as crianças com 0-4 anos
Proporção de crianças que foram amamentadas
nas primeiras 24 horas após o parto
Proporção de crianças menores de dois anos não amamentadas
Prevalência do aleitamento materno exclusivo nas crianças
com menos de 6 meses
Proporção de crianças menores de 6 meses amamentadas
e bebendo somente água
Taxa de amamentação continuada
(crianças com 12-15 meses e 20-23 meses)
Prevalência da alimentação de leite nas crianças
não amamentadas com 6-23 meses
Proporção de crianças menores de dois anos amamentadas
e consumindo alimentos complementares/Taxa de alimentação
complementar
Proporção de crianças com 0-12 mesess alimentadas
através do biberão
Proporção de crianças com 6-59 meses que tomaram dose elevada
deVitamina A/Cobertura do Suplemento deVitamina A
nas crianças com 6-59 meses
Proporção de mulheres com 15-49 anos com parto nos últimos
12 meses que tomaram dose elevada deVitamina A/Cobertura
do Suplemento deVitamina A nas grávidas com 15-49 anos
Proporção de recém-nascidos de baixo peso ao nascer
(abaixo de 2,500 kg)
Proporção de crianças com 6-59 meses que receberam
desparasitantes
Proporção de agregados que consomem sal ionizado
6.
6.1
6.2
6.3
6.4
6.5
6.6
6.7
6.8
6.9
6.10
6.11
6.11
6.12
6.14
6.15
6.16
6.17
6.18
6.19
6.20
6.21
6.22
7.
7.1
7.2
7.3
saúde infantil
Cobertura vacinal contra BCG, Pólio 3, DTP 3, Sarampo,
Febre-Amarela e Hepatite B (crianças com 0-12 meses e 12-23 meses)
Proporção de crianças com 0-59 meses que tiveram diarreia nas duas
últimas semanas/Prevalência de diarreia nas crianças com 0-59 meses
Proporção de crianças com 0-59 meses que tiveram diarreia
nas duas últimas semanas e tomaram Soro de Reidratação
Oral (SRO) ou outra solução caseira apropriada
Proporção de crianças com 0-59 meses
com diarreia nas últimas duas semanas que tomaram
SRO e que continuaram a ser alimentadas durante
a ocorrência da diarreia
Proporção de crianças com 0-59 meses com Infecção Respiratória
Aguda (IRA) nas duas últimas semanas
Proporção de crianças com 0-59 meses com IRA nas duas últimas
semanas e que receberam tratamento adequado
Proporção de crianças com 0 -59 que dormiram protegidas por uma
rede de mosquiteiro tratada com insecticida de longa duração
durante a noite anterior a entrevista
Proporção de crianças menores de 5 anos que tiveram febre nas duas
últimas semanas e que tomaram antimaláricos apropriados (ACT).
Proporção de crianças menores de 5 anos doentes com febre
e que receberam tratamento com antimaláricos (ACT) no mesmo
dia ou no seguinte ao início da febre
Prevalência da anemia moderada nas crianças de 6-59 meses
Prevalência da anemia grave nas crianças de 6-59 meses
Proporção de nascimentos ocorridos nos últimos 5 anos
protegidos contra tétano neonatal
Proporção de grávidas com 15-49 anos de idade que dormiram
debaixo de uma rede de mosquiteiro tratada com insecticida durante
a noite anterior ao inquérito
Prevalência da malária nas crianças com 6-59 meses
feCundidade e saúde reprodutiva
Proporção de mulheres com 15-24 anos de idade actualmente
casadas ou em união de facto
Proporção de mulheres com 15-24 anos de idade, casadas ou em
união de facto, cujos parceiros são 10 ou mais anos mais velhos
Proporção de homens com 18 ou mais anos de idade que vivem
com mais de uma esposa
Taxa de fecundidade na adolescência (mulheres com 15-19 anos)
Proporção de mulheres que iniciaram a procriação antes dos 18 anos
(entre as mulheres de 25 anos ou mais)
Taxa de fecundidade (total, específica e na adolescência)
Idade mediana ao nascimento do primeiro filho
Proporção de mulheres com 15-49 anos que utilizam
ou os parceiros usam algum método contraceptivo
Proporção de mulheres com 15-49 anos com necessidades
de planeamento familiar não atendidas
Prevalência de gravidez indesejada
Proporção de nascimentos nos últimos cinco anos, cujas mães estavam
protegidas pelo tratamento preventivo da malária (tomaram 2
ou mais doses de SP/Fansidar durante a última gravidez)
Proporção de mulheres com 15-49 anos que fizeram 4 ou mais
consultas pré-natal durante a última gravidez
Proporção de mulheres com 15-49 anos com filhos nascidos vivos
nos últimos 12 meses, atendidas por pessoal de saúde qualificado
nas consultas de pré-natal,
Proporção de mulheres com 15-49 anos com filhos nascidos vivos
nos últimos 12 meses em unidades institucionais de saúde
Proporção de mulheres com 15-49 anos com filhos nascidos vivos
nos últimos 12 meses, cujos partos foram assistidos por pessoal
de saúde qualificado – ODM
Proporção de mulheres com 15-49 anos que dormiram debaixo
de uma rede de mosquiteiro tratada com insecticida de longa
duração durante a noite anterior ao inquérito
Idade mediana da 1ª relação sexual (15-49 anos de idade)
Taxa de prevalência de contraceptivos
Proporção de mulheres com 15-49 anos com filhos nascidos vivos
nos últimos 5 anos, que fizeram 4 ou mais consultas de pré-natal,
por pessoal de saúde qualificado
Proporção de mulheres com 15-49 anos de idade, com filhos
nascidos vivos nos últimos 5 anos, protegidas contra tétano neonatal
Proporção de mulheres com 15-49 anos de idade, com filhos nascidos
vivos nos últimos 5 anos, cujos partos foram assistidos por pessoal
de saúde qualificado
Proporção de mulheres com 15-49 anos de idade, com filhos nascidos
vivos nos últimos 5 anos, cujo parto foi por cesariana
direito das Crianças
Proporção de crianças com 0-17 anos de idade órfãs
de pai ou de mãe (Taxa de orfandade)
Proporção de crianças com 0-17 anos de idade
que não vivem com os pais biológicos
Razão entre a frequência escolar das crianças
7.4
7.5
7.6
8
8.1
8.2
8.3
8.5
8.6
8.7
8.8
8.9
8.10
9.
9.1
9.2
9.3
9.4
9.5
10.
10.1
10.2
10.3
10.4
com 10-14 anos de idade órfãs de ambos os pais
e a frequência escolar das crianças não que vivem
com pelo menos um dos pais
Proporção de crianças com 0-5 anos sem registo de nascimento
Proporção de crianças com 5-14 anos envolvidas em trabalho infantil
Proporção de crianças com 5-14 anos de idade envolvidas em
actividades de trabalho infantil e a frequentar a escola
viH e sida
Proporção da população com 15-24 anos de idade que identificaram
correctamente as principais formas de transmissão e prevenção
doVIH e rejeitaram as formas falsas sobre a transmissão
doVIH - ODM
Proporção da população com 15-49 anos de idade que demonstraram
atitudes de estigma para com as pessoas comVIH/SIDA.
Proporção da população com 15-24 anos de idade que teve a
primeira relação sexual antes dos 15 anos de idade
Proporção da população com 15-49 anos que
reportaram ter tido múltiplos parceiros sexuais
nos últimos 12 meses
Proporção da população com 15-49 anos
de idade que teve mais de um parceiro(a) sexual
nos últimos 12 meses e usou preservativo na última relação sexual
Proporção da população com 15-49 anos de idade, que fez teste
doVIH nos últimos 12 meses e receberam os resultados
Proporção de mulheres com 15-49 anos de idade, com filhos nascidos
vivos nos últimos 5 anos que receberam aconselhamento sobre
oVIH e SIDA durante as consultas de pré-natal
Proporção de mulheres com 15-49 anos com filhos nascidos vivos
nos últimos 5 anos, que receberam aconselhamento e testagem
sobre oVIH e SIDA durante as consultas de pré-natal
Proporção de mulheres com 15-49 anos de idade, com filhos nascidos
vivos nos últimos 5 anos que fizeram o teste doVIH e SIDA durante
as consultas de pré-natal
violênCia doméstiCa
Proporção de mulheres de 15-49 anos de idade alguma vez casados
ou em união marital que já sofreram violência conjugal alguma vez
ou durante os 11 últimos meses
Proporção de mulheres de 15-49 anos
de idade alguma vez casados ou em união marital
que já sofreram de violência emocional alguma
vez ou durante os 11 últimos meses
Proporção de mulheres de 15-49 anos de idade alguma vez casados
ou em união marital que já sofreram de violência física alguma vez
e durante os 11 últimos meses
Proporção de mulheres de 15-49 anos de idade alguma vez casados
ou em união marital que já sofreram de violência sexual alguma vez
e durante os 11 últimos meses
Idade média à primeira agressão sexual
uso de álCool e detabaCo
Proporção da população com 15-49 anos
que consome bebidas alcoólicas
Proporção da população que consumiu
bebidas alcoólicas antes dos 15 anos
Proporção da população com 15 anos ou mais que fuma cigarro
ou cachimbo
Proporção da população que consumiu cigarro ou cachimbo
antes dos 15 anos
11.
aCesso a Habitação, água e saneamento básiCo
Proporção de agregados familiares chefiados por mulheres
Média de pessoas por agregado familiar
Proporção de agregados familiares com acesso a electricidade
Proporção de agregados familiares que possuem pelo menos uma
rede de mosquiteiro tratada com insecticida
11.6 Proporção de agregados familiares, cujas habitações foram
pulverizadas com insecticida de efeito residual durante
os últimos 12 meses
11.7 Proporção da população que usa uma
fonte apropriada de água para beber – ODM
11.81 Proporção da população que usa uma instalação sanitária
apropriada – ODM
11.9 Proporção de agregados familiares que utilizam combustível sólido
para cozinhar - ODM
11.10 Proporção de agregados familiares com um lugar apropriado para
a lavagem das mãos
11.1
11.3
11.4
11.5
12.
12.1
12.2
uso dasteCnologias
de informação e ComuniCação -tiC
Proporção da população com acesso ao telefone
da rede fixa
Proporção da população com acesso ao telefone da rede móvel
Saúde Cuanza norte
JSA Novembro 2015 12
Técnicos de saúde aprimoram
conhecimentos em Quiculungo
vinte técnicos dos vários
postos de saúde do município de Quiculungo, província do Cuanza Norte,
participaram, este mês,
num seminário de capacitação técnica sobre o
novo método de diagnóstico, tratamento e gestão
do programa da malária.
n A acção formativa, pro-
movida pela Direcção
Provincial da Saúde, em
parceria com a organização humanitária “World
Vision”, teve a duração
de três dias e abordou
matérias sobre a nova
fórmula do tratamento e
gestão da malária simples e grave.
A cerimónia de abertura foi orientada pelo
administrador munici-
pal adjunto, António Victorino Watica, que
adiantou, na ocasião,
que a malária é uma
doença dinâmica, dada a
constante mutação do
plasmódio, tendo como
consequência a resistência deste parasita aos fármacos, razão pela qual,
aconselha-se a superação permanente dos técnicos, com vista fortalecer os conhecimentos e
contornar a situação.
Pediu aos formandos
maior empenho e dedicação no sentido de absorverem os conhecimentos a serem transmitidos, de maneira a corresponderem com as novas exigências do diagnóstico e tratamento do
paludismo.
Por sua vez, o supervisor provincial do Programa de Luta contra a Malária, Gonçalves Tanda-
la, salientou que o perfil
desta doença, ao longo
do ano, tem tendência a
aumentar, facto que leva
o sector da saúde na província e parceiros, a envidarem esforços para se
inverter o quadro.
Gonçalves Tandala
declarou que a malária é
um problema de saúde
pública e constitui a
principal causa de internamentos e mortes, sobretudo de crianças menores de cinco anos de
idade e mulheres grávidas.
Com uma rede sanitária constituída por um
hospital municipal, oito
postos de saúde e um
centro de tratamento de
doenças infectocontagiosas, o município do
Quiculungo registou, durante o terceiro trimestre
deste ano, 1.019 casos de
malária.
A malária é um problema de saúde pública e constitui a principal causa de internamentos e mortes, sobretudo de crianças menores de cinco anos de idade e mulheres grávidas
Ambaca assinala ganhos
da independência no sector da saúde
o director municipal da saúde de
Ambaca, Cuanza Norte, Caetano
José Miguel, assinalou este mês,
em Camabatela (sede municipal), o crescimento do sector da
saúde nos domínios de infraestruturas e recursos humanos durante os 40 anos de independência nacional, o que permitiu assegurar a assistência médica de
qualidade às populações.
Em declarações a propósito dos ganhos da independência, Caetano José
Miguel, apontou a construção do novo
hospital municipal, completamente
equipado com tecnologia de ponta,
como um dos principais ganhos do
sector registado nesse período, o que
tem permitido prestar assistência humanizada e condigna aos munícipes.
Sublinhou que a unidade sanitária
com múltiplas valências possui uma capacidade de internamento de 70 pacientes e dispõe de serviços como pediatria, gineco-obstetrícia, oftalmologia, cirurgia, ortopedia, diagnóstico por
imagem, raio X, entre outros, que permitem a realização das pequenas e
grandes cirurgias.
“Ate 2009 a circunscrição tinha como unidade sanitária de referência um
centro de saúde que funcionava numa
residência adaptada assegurada por
apenas um médico e uns 10 enfermei-
ÁlvAro ZitA viegAs Médico,
com o curso de especialização em
gestão da saúde, anterior director
municipal da saúde, recordou que,
até 2009, “a circunscrição tinha como
unidade sanitária de referência um
centro de saúde que funcionava numa residência adaptada, assegurada
por apenas um médico, cerca de 10
enfermeiros e registava uma gritante
falta de unidade sanitárias nas zonas
rurais, situação que dificultava o
atendimento ao público”
ros e registava-se uma gritante falta de
unidade sanitárias nas zonas rurais, situação que dificultava o atendimento
ao público”, disse Álvaro Zita Viegas,
director municipal da saúde entre os
anos 2002 a 2009.
Este médico lembrou que naquela
altura o município não dispunha de
ambulância para a evacuação de doentes e a unidade sanitária não tinha iluminação pelo que o funcionamento no
período nocturno, sobretudo em casos de emergências, era feito à luz de
velas, facto que já não se regista nos
dias actuais, visto que a nova unidade
já conta com ambulâncias e é abastecido de água e energia eléctrica 24/24
horas.
Com uma população calculada em
60.835 habitantes, o município de Ambaca conta actualmente com uma rede
sanitária constituída por um hospital
municipal e 10 postos de saúde espalhados nas quatro comunas, construídos pelo governo à luz do programa
de municipalização dos serviços de
saúde que têm permitido a expansão
da rede sanitária em todo o município
A rede sanitária do município é
presentemente, assegurada por 10
médicos e 50 enfermeiros, fruto do reforço da capacidade do sector em termos de recursos humanos, acrescentou o director municipal de Ambaca da
Saúde, Caetano José Miguel.
Cidadãos do Quiculungo
aconselhados a aderirem
os testes de VIH/Sida
O apelo foi feito pelo ponto focal do Instituto Nacional de Luta
contra o Sida,Domingos Garcia Xita,durante uma palestra que
orientou,no comando municipal da Polícia Nacional,subordinado
ao tema“Reflexão sobre oVIH/Sida,que antecipou a abertura das
jornadas comemorativas alusivas ao Dia Mundial da Luta Contra a
Sida,a celebrar a 1 de Dezembro.
Referiu que cada indivíduo deve realizar periodicamente,de três
em três meses,testes voluntários com a finalidade de conhecer o
seu estado serológico e tomar medidas cautelares em relação a
doença.
Por outro lado,declarou que o teste é gratuito e secreto,o resultado é apenas do domínio do técnico ligado ao centro de aconselhamento e testagem voluntário (CATV) e do utente.
Domingos Garcia Xita pediu a solidariedade da sociedade para
com os portadores da doença,por forma a não se sentirem discriminados.
Durante a palestra foram ainda abordadas as formas de contágios,
manifestações e prevenção da doença.
Actividades do género vão decorrer noutras instituições e locais
de maior aglomerado populacional,para sensibilizar e consciencializar os cidadãos,sobre o perigo que representa a enfermidade.
O CATV do hospital municipal do Quiculungo,criado em 2008,
diagnosticou,até ao momento,47 casos deVIH.Destes,oito pessoas portadoras do vírus da Sida são residentes que beneficiam de
assistência médica com terapia antirretroviral.
Com uma superfície de 475 quilómetros quadrados,o município
de Quiculungo tem uma população de 10.060 habitantes,distribuídos por 29 aldeias.
A sua sede,vila de Quiculungo,dista 138 quilómetros de Ndalatando,capital da província do Cuanza Norte.
JSA Novembro 2015
publicidAde 13
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Saúde Cuanza Sul
JSA Novembro 2015 14
Hospital Regional da Gabela
Novos serviços elevam capacidade
de atendimento ao público
internamento, das 250 camas
da sua capacidade potencial.
CaSimiro JoSé
Correspondente no Cuanza Sul
Falta de técnicos
Outra preocupação apontada pela directora administrativa do hospital regional da
Gabela tem a ver com o reduzido número de técnicos de
saúde, de médicos e outros
especialistas para atenderem
à demanda. “Temos grandes
desafios que apontam para o
aumento de mais médicos,
elevação da capacidade técnica, diversificar os serviços e
melhorar a assistência médica e medicamentosa e humanizada, por isso são necessários mais recursos humanos
e equipamentos”, frisou.
Apesar dos constrangimentos conjunturais que
afectam a instituição, Marta
Ngueve considerou satisfatória a prestação do Hospital
Regional da Gabela, salientando que estão operacionais
os serviços de medicina geral,
gineco-obstectrícia, radiologia, estomatologia, ortopedia,
cirurgia, laboratório e hemoterapia, entrando brevemente em cena os serviços de fisioterapia e imagiologia.
Quanto aos recursos humanos, o hospital conta com
cinco médicos, 60 técnicos de
diagnóstico e terapêutica e 66
enfermeiros de vários escalões.
Quanto ao pessoal auxiliar, a directora administrativa considerou preocupante,
contando com dois catalogadores, igual número de porteiros, um maqueiro e uma
vigilante.
Texto e fotografias
o Hospital regional da gabela, no município do amboim, no cuanza sul, conta,
a partir do corrente mês,
com novos serviços, elevando assim a sua capacidade de
atendimento ao público da
região e áreas limítrofes.
DirEctora
aDministrativa,
marta ngUEvE
“com a entrada em
funcionamento de
novos serviços e
equipamentos estamos a trilhar uma
nova era, comprometidos com o bem
servir os nossos pacientes. mas necessitamos de mais médicos e enfermeiros”
n Com o corte da fita pelo Go-
vernador da província, Eusébio de Brito Teixeira, no quadro das comemorações dos
40 anos da independência
nacional, assinalado a 11 de
Novembro, entrou em funcionamento o banco de urgências, reabilitado e ampliado, equipado com meios modernos, como camas, monitores, aspiradores e sondas,
que vai prestar assistência
primária de medicina, pediatria e traumatologia. Ao mesmo tempo, a unidade hospitalar ganhou um laboratório
de análises clínicas, construído de raiz, equipado com
aparelhos de bioquímica e de
hemograma, capazes de
efectuarem exames de ureia,
glicémia, colesterol, hemoglobina, leucócitos, plaquetas e fórmula leucocitárias.
O laboratório, que funciona com dez técnicos, tem a
capacidade de atender 35 pacientes por dia em condições
normais. Foram igualmente
inaugurados novos serviços,
nomeadamente o consultório de psicologia clínica, a
funcionar pela primeira vez
ao nível da província, e o Gabinete de Assistência e Testagem Voluntária (GATV).
A directora administrativa
do Hospital regional da Gabela, Marta Ngueve, disse ao
Jornal da Saúde que a entrada em funcionamento de novos serviços traduz inovação
para bem servir os pacientes.
“Com a entrada em funcionamento de novos serviços e
equipamentos estamos a trilhar uma nova era, comprometidos com o bem servir os
nossos pacientes”, garantiu.
Banco de Urgências foi
reabilitado e ampliado
Marta Ngueve salientou
que o hospital regional da
Gabela enfrenta carências de
médicos nas especialidades
de gineco-obstectrícia e clínica geral para fazer face à procura na região. Pela sua localização geográfica atende casos provenientes dos municípios limítrofes. “O hospital regional da Gabela tem um carácter regional, porque recebe pacientes não só do município anfitrião, como também dos limítrofes, como
Quilenda, Ebo e Conda, por
isso deve ser reforçado com
mais equipamentos e pessoal
médico”, defendeu Marta
Ngueve.
Instalações clamam por
uma reabilitação profunda
Marta Ngueve disse ao Jornal
da Saúde que a unidade hospitalar há muito que não recebe obras de reabilitação e
com as chuvas frequentes
Equipamentos garantem melhoria na prestação de serviços
que se abatem na região o estado das suas infraestruturas
está a deteriorar-se consideravelmente, principalmente
no seu tecto. “Nós temos um
hospital com paredes intactas, mas o seu tecto apresenta
fissuras, que, nas épocas chuvosas, deixa penetrar água
para dentro, situação que nos
incomoda e complica o atendimento aos pacientes”, disse.
Marta Ngueve disse que
com a deterioração de algumas salas por causa das
águas das chuvas que penetram no interior, a unidade
hospitalar dispõe actualmente apenas de 150 camas para
Falta de médicos
e enfermeiros
A directora administrativa
adiantou que o hospital regional da Gabela necessita
com urgência de médicos para atenderem as áreas de obstectrícia, cirurgia e ortopedia.
No cômputo geral, a unidade
hospitalar necessita de mais
300 enfermeiros e 25 médicos.
Sobre os desafios do presente e do futuro, Marta
Ngueve adiantou que, entre
as acções previstas, pretendese incrementar a formação
técnica dos enfermeiros e outros técnicos, e garantir a humanização dos serviços aos
pacientes.
Aprovado
quadro orgânico
do Hospital
Regional
da Gabela
O administrador municipal do Amboim, Francisco Manuel Mateus,
garantiu ao Jornal da
Saúde que a aprovação,
este ano, do estatuto
orgânico do hospital
regional da Gabela
constitui um passo importante para a gestão
da unidade hospitalar.
Referiu que as condições estão criadas para
adequar os recursos
humanos à altura das
necessidades do momento.“Estamos felizes com a aprovação
do estatuto orgânico
do hospital regional da
Gabela, pois assim temos a protecção legal
que nos permite recrutar o pessoal, de acordo com as nossas necessidades”, disse.
Francisco Manuel Mateus garantiu que administração que dirige
vai continuar a priorizar o sector da saúde
com a execução de
programas e projectos
que visem melhorar a
assistência médicomedicamentosa no
município.
Entre as acções programadas, o administrador municipal do
Amboim anunciou a
reabilitação dos hospitais municipais da sede
e da Boa Entrada, dando continuidade aos
trabalhos de manutenção dos equipamentos
fornecidos nas unidades hospitalares.
O Município do Amboim tem uma superfície de 1.027 quilómetros quadrados e conta
com uma população
estimada em 241.471
habitantes.Administrativamente está dividido
por duas comunas,
sendo a sede e a do Assango, com três áreas
administrativas, nomeadamente, Salinas,
Honga e Boa Entrada
(EX-CADA).
JSA Novembro 2015
ACTUALIDADE 15
16 reSponSAbilidAde SociAl
Novembro 2015 JSA
Um grupo de 23 estudantes da pós-graduação em direito de petróleo e gás (llM) da Universidade agostinho neto (Uan) visitou, no final de novembro, as instalações da BP angola nas Torres do Carmo, em
luanda, no quadro do apoio que a petrolífera presta à
Faculdade de direito, desde 2007
Boas práticas
Apoio da BP Angola à Universidade
Agostinho Neto forma quadros úteis ao país
Francisco cosme
com João Damasceno
alunos da pós-graduação
em direito de petróleo e gás,
da Faculdade de direito da
Universidade agostinho neto, visitam as instalações da
petrolífera.
n Um grupo de 23 estudantes
da pós-graduação em direito
de petróleo e gás (LLM) da
Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto
(UAN) visitou no final do mês
de Novembro, as instalações
da BP Angola nas Torres do
Carmo. A visita enquadrouse no âmbito do apoio que a
BP Angola presta, desde 2007,
à Faculdade de Direito da
UAN ao programa de pósgraduação (LLM) em direito
de petróleo e gás.
O Vice-Presidente para
área de Comunicação e Relações Externas da BP Angola,
Paulo Pizarro, lembrou aos
estudantes que o objectivo do
apoio consiste em formar
profissionais angolanos para
servir adequadamente os interesses da indústria petrolífera e do Estado angolano, a
fim de tornar os contratos de
partilha de petróleo benéficos para todos. Paulo Pizarro
aproveitou também para
partilhar com os futuros especialistas os valores que re-
o objectivo do apoio consiste em formar profissionais angolanos para servir adequadamente os interesses da indústria petrolífera e do estado, a fim de tornar os contratos de
partilha de petróleo benéficos para todos
gem a BP Angola e, sobretudo, as principais operações
em curso no país.
Já o Director de Sustentabilidade e Relações Públicas,
Adalberto Fernandes, acrescentou que a visita dos estudantes marca o bom nível de
relação que a BP Angola desenvolve com a sociedade
angolana, especialmente
com as instituições de ensino
superior. Para esta petrolífera
o apoio na área de educação
é de extrema importância,
pelo facto de a educação ser o
pilar da edificação do país.
Os apoios da BP ao ensino
superior não ficam só pela
pós-graduação em direito de
petróleo e gás. A BP patrocina
também o mestrado em gestão e governança ambiental
da Faculdade de Ciências,
além dos apoios à Faculdade
de Medicina na aquisição de
equipamentos e à Faculdade
de Engenharia da UAN, lembrou o responsável.
Formação profissional
e vocacional
Segundo Adalberto Fernandes o apoio à educação não se
fica somente pelo ensino superior. A BP está neste momento a investir em projectos
de formação profissional e
vocacional. Com outros parceiros, nomeadamente com
a Sonangol, está envolvida na
construção de escolas rurais.
Os estudantes tiveram
ainda a oportunidade de ficar a conhecer os investimentos que a BP Angola
tem feito ao longo dos últimos anos no capital humano, nos projectos de responsabilidade social que
tem desenvolvido com as
diversas comunidades e,
ainda, o que têm feito a nível do ambiente.
Tânia Avelino, estudante
da pós-graduação em direito de petróleo e gás, no final
da visita disse que a sociedade pode esperar de si uma
profissional empenhada e
dedicada em mostrar o que
aprendeu na formação e
contribuir com os seus conhecimentos para o crescimento do país. Acrescentou
que a visita feita à BP lhe
permitirá enquadrar os ensinamentos teóricos que
obteve com a prática profissional.
Tânia avelino “a sociedade pode esperar de
mim uma profissional
empenhada e dedicada
em mostrar o que aprendi na formação e contribuir com os meus conhecimentos para o crescimento do país. a visita
feita à BP permitiu-me
enquadrar os ensinamentos teóricos que obtive com a prática profissional”
adalBerTo Fernandes “a visita dos estudantes
marca o bom nível de relação que a BP angola desenvolve com a sociedade, nomeadamente com as instituições de ensino superior”
JSA Novembro 2015
Raio X
Monitores e Ventiladores Mecânicos
Equipamentos para o Bloco Operatório
Equipamento Post Mortem
Equipamentos para Investigação Forense
Materiais e Reagentes de Laboratório
Redes de Gases Medicinais, Industriais e Vácuo
Acessórios e Consumíveis para os Hospitais
Oxigenoterapia ao Domicílio
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publicidAde 17
18 diAbeteS
Novembro 2015 JSA
Marcha pela Diabetes
Faça exercício, combata a obesidade, corte nos doces,
sal, equilibre a alimentação e meça a tensão arterial
Francisco cosme dos santos
com cláudia Pinto
Médicos, enfermeiros, outros profissionais do sector e
público em geral participaram na marcha pela Diabetes promovida pela Direcção Nacional de Saúde Pública, do Ministério da Saúde. Consciencializar a população para a importância
dos estilos de vida saudáveis
na prevenção e tratamento
da doença, bem como alertar para este problema de
saúde pública foram os objectivos da iniciativa.
n No dia 14 de Novembro comemorou-se o Dia Mundial
da Diabetes. Esta doença
constitui já um problema de
saúde pública inserindo-se
no grupo das doenças crónicas não transmissíveis estando relacionada com os estilos
de vida não saudáveis. “O número de pessoas que padece
desta doença está a aumentar
em Angola”, afirmou a Directora Nacional de Saúde Pública, Adelaide de Carvalho, por
ocasião da marcha de comemoração deste dia realizada
na capital. O evento, promovido pelo Ministério da Saúde
e subordinada ao lema “Contra a Diabetes, Excesso de Peso e Obesidade, Mexe-te Angola” percorreu a Avenida 4
de Fevereiro e terminou no
Banco Nacional de Angola.
Não existe ainda um sistema que permita apurar o número exacto de diabéticos no
país. “Existem várias unidades hospitalares, quer do nível primário, quer do secundário e terciário que cuidam
da assistência destas pessoas
que possuem a doença em
todo o país. Estamos a traba-
SAÚDE EM CONSTRUÇÃO Tal como a cidade, e o país, a saúde está em construção
CARLOS PINTO DE SOUSA, Bastonário da Ordem dos Médicos, mede o valor
da glicémia. E revela ao repórter que “face ao aumento de casos de pessoas portadoras de diabetes, o colégio da especialidade da Ordem dos Médicos decidiu fazer
acções formativas de forma a ser actualizado o conhecimento desta doença”
lhar arduamente, quer na
promoção da saúde, quer no
conhecimento da diabetes e
na forma de prevenção de
forma a influenciar as pessoas a controlar a glicémia
(níveis de açúcar no sangue)
e a cumprir as orientações
dos profissionais de saúde”,
acrescentou.
Ainda existe um grande
desconhecimento por parte
da população relativamente
a esta doença sendo que muitos pacientes não estão devidamente diagnosticados. A
partir do momento em que
recebem o diagnóstico é importante que aceitem a nova
condição e que tenham os
devidos cuidados relativamente à diabetes, como a
medição dos níveis de açúcar
no sangue, bem como a
adopção de medidas preventivas estabelecidas para con-
ADELAIDE CARVALHO “Os factores de risco associados à diabetes são a obesidade, o sedentarismo, a hipertensão arterial e a alimentação pouco equilibrada”
trolo da doença. “Os factores
de risco associados à diabetes
são a obesidade, o sedentarismo, a hipertensão arterial e a
alimentação pouco equilibrada”, explicou a responsável. Por sua vez, o Bastonário
da Ordem dos Médicos de
Angola, Carlos Alberto Pinto
de Sousa, reforçou que a marcha pelo Dia Mundial da Diabetes serviu como “agente catalisador para alertar a sociedade sobre a prevenção da
diabetes e a adopção de estilos de vida saudáveis, como
uma boa alimentação e a prática de exercício físico que
contribuem para a melhoria
da saúde geral dos angolanos”. Só assim é possível controlar melhor a doença neste
A médica Joseth de Sousa, incansável, dinamizou o evento
país. “Face ao aumento de casos de pessoas portadoras de
diabetes, o colégio da especialidade da Ordem dos Médicos médicos decidiu fazer
acções formativas de forma a
ser actualizado o conheci-
mento desta doença”, salientou. Antes do início do evento
propriamente dito, foi possível aos participantes medirem a sua glicémia, bem como assistirem a palestras sobre a doença.
JSA Novembro 2015
publicidAde 19
20 diAbeteS
Novembro 2015 JSA
Detectar a pré-diabetes
para prevenir a diabetes de tipo 2
saúde. Este artigo alinha-se
por este diapasão e tem como público alvo, não apenas
o leitor leigo, mas também
as diferentes classes de profissionais da saúde.
João Guerra |
Medical advisor
(Chevron Clinic – Luanda)
assistente Graduado de Medicina Interna
Mestre em Gestão da Doença
[email protected]
n De acordo com os dados
da Organização Mundial de
Saúde (OMS) existem actualmente no mundo cerca
de 387 milhões de diabéticos, dos quais 80% se encontram nos países de médio e
baixo rendimento. As projecções da Organização
Mundial da saúde (OMS)
apontam para uma duplicação daquele número em
2030, ou seja, daqui a escassos 15 anos. A missão desta
prestigiada organização tem
sido a de alertar para a prevenção da diabetes, sempre
que possível e, onde e quando tal não for possível, desencadear esforços concertados para minimizar as
complicações e maximizar a
qualidade de vida. Em perfeita consonância com esta
missão, a OMS define as
normas e os padrões de cuidados para estes doentes,
promove a vigilância, encoraja a prevenção, aumenta o
nível de consciência e da necessidade de se reforçar a
prevenção e o controlo da
doença por parte das autoridades e dos profissionais da
Características
dos tipos de diabetes
A diabetes é uma doença
crónica que ocorre quando
o pâncreas não produz insulina suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais da pessoa, ou quando o
corpo não consegue usar eficazmente a insulina que
produz. Neste caso desenvolve-se a diabetes de tipo 2,
também conhecida como
diabetes não insulinodependente, ou diabetes do
adulto, que representa mais
de 90% dos casos de diabetes.
A diabetes de tipo 1, conhecida como insulino dependente, ou de início na juventude, como o próprio
nome indica, resulta da
completa ausência de produção de insulina pelo pâncreas, dependendo a sobrevivência da administração
de insulina injectável para
toda a vida. Infelizmente, até
ao presente, não há conhecimento de meios que possam prevenir a diabetes de
tipo 1, ao contrário do que se
passa com a diabetes de tipo
2.
A insulina é a hormona
que regula o metabolismo
do açúcar. A hiperglicémia,
ou o açúcar elevado no sangue, é o resultado final de
uma diabetes não controlada e que, se esse descontrolo
se prolongar ao longo de vá-
rios anos, acaba por conduzir ao aparecimento de lesões graves em muitos órgãos do corpo, como o coração, os olhos, os rins, os nervos e os vasos sanguíneos,
conduzindo à instalação de
doenças crónicas e a mortes
prematuras.
Duas diferenças importantes entre estes dois tipos
de diabetes devem ser realçadas, porque têm implicações nas políticas de prevenção e controlo. Enquanto
que a diabetes de tipo 1 resulta da interacção de factores auto-imunes e ambientais, não controláveis, a diabetes de tipo 2 tem, subjacentes, factores genéticos e
ambientais/ comportamentais como a inactividade física e o excesso de peso, ambos modificáveis através de
mudanças de comportamento, tornando a diabetes
de tipo 2 uma doença potencialmente prevenível.
Aspectos
epidemiológicos
Muitos países estão a documentar um número elevado
de casos diagnosticados de
diabetes de tipo 1, com um
padrão semelhante a epidemias de doenças infecciosas, particularmente entre
os mais jovens.
Facto mais preocupante,
porém, é a recente identificação de um crescente número de casos de diabetes
de tipo 2 em crianças e adolescentes, de tal magnitude
que, nalgumas partes do
globo a diabetes de tipo 2 está a tornar-se o tipo de diabetes com maior prevalên-
cia entre as crianças. O aumento global da obesidade e
da inactividade física na infância desempenha, seguramente um papel crucial
neste processo. Embora os
relatos em África sejam ainda escassos, a diabetes de tipo 2 está a ser reportada em
crianças e adolescentes neste continente, devido à ocidentalização dos estilos de
vida.
Neste contexto, se os decisores políticos da saúde se
deixarem vencer pela inércia e nada fizerem, este sério
problema de saúde populacional, vai atingir proporções incontroláveis nos próximos anos. O marketing social nas escolas, focalizado
na promoção da educação
para a saúde e estilos de vida
saudáveis que incorporem
uma dieta equilibrada e incentivos à actividade física
"A avaliação
do risco de
contrair a
diabetes de tipo
2 deve ser
encorajada e
estendida às
comunidades ...
e justifica a
criação e o
desenvolvimento
de um programa
nacional de
controlo da
diabetes"
regular para manter o peso
adequado, pode ser um dos
melhores antídotos contra o
aumento da prevalência
desta doença. A recomendação para a medição da glicémia a todas as crianças
obesas e com história familiar de diabetes de tipo 2 nos
postos e centros de saúde
deve tornar-se mandatória.
Sabemos que a efectividade
destas intervenções aumenta substancialmente se forem integradas num programa nacional.
Os sintomas de alerta
na diabetes de tipo 1 e 2
Os sintomas incluem a eliminação excessiva de urina(poliúria), sede (polidipsia), fome constante (polifagia), por vezes compulsiva,
perda de peso, alterações na
visão e fadiga. Estes sintomas podem ocorrer de repente, o que acontece, tipicamente, na diabetes de tipo 1.
Os sintomas na diabetes
de tipo 2 podem ser semelhantes aos da diabetes tipo
1. Mas, geralmente, são menos acentuados e, algumas
vezes, insidiosos e noutras é
completamente silenciosa.
Como resultado, a doença
pode ser diagnosticada vários anos após o início, podendo os primeiros sintomas resultar de complicações, entretanto, já estabelecidas. Como acima se referiu, até recentemente, este
tipo de diabetes era visto
apenas em adultos, mas, actualmente, verifica-se também em crianças e adolescentes.
A diabetes gestacional
As mulheres grávidas que
nunca tiveram diabetes antes, mas que desenvolvem
níveis elevados de glucose
no sangue durante a gravidez têm uma diabetes gestacional. De acordo com uma
análise de2014 pelo Centro
de Controlo e Prevenção de
Doenças, a prevalência de
grávidas com diabetes gestacional atinge os9,2%. Nós
não sabemos o que causa a
diabetes gestacional, mas
existem algumas pistas.Com
efeito, a placenta suporta o
feto enquanto ele cresce e as
suas hormonas contribuem
para o seu desenvolvimento.
Mas essas hormonas também bloqueiam a acção da
insulina da mãe no corpo do
feto, sendo este fenómeno
designado por resistência à
insulina, a qual pode levar o
corpo da mãe a uma deficiente utilização da insulina.
Assim, a mãe pode necessitar até três vezes mais quantidade de insulina para o
corpo poder utilizar a glicose
para a produção de energia.
A diabetes gestacional começa quando o corpo da
mãe não é capaz de produzir
e/ou e utilizar toda a insulina de que necessita para a
gravidez. Sem insulina suficiente, a glicose não é consumida pelas células e acumula-se no sangue atingindo níveis elevados (hiperglicémia). A diabetes gestacional não tratada ou mal controlada pode prejudicar o
desenvolvimento do feto.
Na grávida com diabetes
gestacional, o pâncreas trabalha para produzir um hi-
publicidAde 21
JSA Novembro 2015
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22 diAbeteS
perinsulinismo compensatório, mas a insulina não
consegue fazer baixar os
seus níveis de glicose no
sangue, por causa da resistência. Embora a insulina
não atravesse a placenta, a
glicose e os outros nutrientes atravessam-na, expondo
o feto a uma oferta exagerada de calorias da glucose,
contras as quais ele não tem
meios para se defender. Assim, as calorias em excesso
são armazenadas como gordura corporal, o que pode
levar ao exagerado ganho de
peso do feto, resultando na
conhecida macrossomia
(bebés grandes à nascença,
geralmente com mais de 4
kg de peso).
Os sintomas da diabetes
gestacional são semelhantes
aos da diabetes de tipo 2,
mas, ela é mais frequentemente diagnosticada através de testes de despiste prénatal do que pelos sintomas
referidos.
O diagnóstico
da pré-diabetes
Há várias formas de se diagnosticar a diabetes. Cada
um dos métodos utilizados,
geralmente, necessita de ser
repetido uma segunda vez
para se confirmar o diagnóstico de diabetes. Os testes
devem, idealmente, ser realizados no contexto dos serviços de saúde (públicos ou
privados), quer nos consultórios médicos, quer nos laboratórios. A detecção de
um valor muito alto de glucose no sangue ou a presença dos sintomas clássicos
acima descritos, associados
a um teste positivo, pode
dispensar a realização de
um segundo teste para diagnosticar a diabetes.
A hemoglobina A1c
O teste da hemoglobina A1c
glicada (HbA1c) mede a média da glucose dos últimos
dois a três meses. As vantagens deste método consistem em não ser necessário
estar em jejum, nem em ter
de beber líquidos açucarados. O valor normal é abaixo
de 5.7%. A pré-diabetes
diagnostica-se dentro da
margem entre 5.7% a 6.4% e
a diabetes é diagnosticada
quando os valores da A1c
são iguais ou superiores a
6.5%(Figura 1).O uso da
HbA1c está a tornar-se obrigatório para assegurar um
bom padrão de qualidade
dos cuidados diabetológicos, devido à evidência científica resultante das investigações científicas nas últimas duas décadas. A HbA1c
como reflexo da hiperglicémia crónica também se está
a transformar num indica-
Novembro 2015 JSA
Diabetes
Diabetes
Diabetes
>6,5%
>126 mg/dl
>200 mg/dl
<6,5%
<126 mg/dl
<200 mg/dl
preDiabetes
preDiabetes
preDiabetes
>5,7%
>100 mg/dl
>140 mg/dl
<5,7%
<100 mg/dl
<140 mg/dl
normal
normal
normal
Figura 1
Figura 2
Figura 3
dor chave que se utiliza cada
vez mais para o diagnóstico
da diabetes. Contudo, os
profissionais de saúde das
regiões rurais dos países de
recursos limitados não têm
acesso a esta importante ferramenta de diagnóstico e de
monitorização do controlo
da diabetes, situação que está a ser questionada por estes países. Segundo a Federação Internacional da Diabetes, está a decorrer um estudo multicêntrico, em 10
postos de saúde da Guiné e
Camarões, com o objectivo
de avaliar a viabilidade e os
benefícios alcançados durante um ano, como consequência da melhoria do
acesso à medição da HbA1c
e disponibilização imediata
da informação aos doentes
sobre os resultados relativos
ao controlo das respectivas
diabetes.
Glucose em jejum (GJ)
Este teste mede os níveis da
glucose em jejum. O jejum
significa que não se comeu
nem bebeu durante as últimas 8 horas antes do teste,
pelo que, em geral é realizado antes do pequeno almoço. O valor normal da glicémia é inferior a 100 mg por
decilitro. Valores entre os
100 mg/dl e 125 mg/dl define o diagnóstico de pré-diabetes. O diagnóstico de diabetes confirma-se quando
se obtém um valor igual ou
superior a 126 mg por decilitro (Figura 2).
Prova de tolerância
à glucose oral (PTGO)
A Prova de Tolerância à Glucose Oral (PTGO) é um teste
de duas horas (120 minutos)
que verifica os níveis de glicose no sangue antes e 2 horas depois de beber uma bebida doce com uma concentração padrão de glucose. O
resultado deste teste informa o médico sobre como está o organismo a processar a
glucose. Os valores abaixo
de 140 mg/dl são considerados normais. Os valores entre os 140 mg/dl e os 199 mg/
dl definem o diagnóstico de
pré-diabetes. Com este mé-
"Existem
actualmente no
mundo cerca
de 387 milhões
de diabéticos,
dos quais 80%
encontram-se
nos países de
médio e baixo
rendimento. As
projecções da
OMS apontam
para uma
duplicação
daquele número
em 2030, ou
seja, daqui a
escassos 15
anos"
todo a diabetes é diagnosticada quando os valores da
glucose no sangue são iguais
ou superiores a 200mg/dl às
2 horas após a ingestão (Figura 3).
Teste aleatório
da glicémia
É um teste realizado a qualquer hora do dia, quando o
paciente apresenta sintomas inequívocos de diabetes. Neste caso a diabetes é
diagnosticada quando a glucose do sangue for igual ou
superior a 200 mg/ dl.
O que é a pré-diabetes?
O diagnóstico clínico da diabetes tipo 2 é, quase sempre,
precedido pela fase da prédiabetes, a qual se caracteriza por níveis de glucose no
sangue que são mais altos
do que o normal, mas ainda
não suficientemente elevados para satisfazer o critério
diagnóstico de diabetes. A
pré-diabetes é, muitas vezes,
referida como tolerância diminuída à glicose (TDG) ou
alteração da glicémia de jejum (AGJ), dependendo do
teste que foi utilizado para o
despiste da situação. É importante ter em mente que a
pré-diabetes, englobando
estas duas disfunções metabólicas, acarreta um maior
risco de desenvolvimento da
diabetes de tipo 2 e de complicações cardiovasculares.Com efeito, a pré-diabetes não apresenta sintomas
típicos, pelo que ela pode estar presente ou já ter complicações, sem a pessoa saber.
O diagnóstico da pré-diabetes assenta em três critérios:
1) uma A1C de 5.7% – 6.4%
2) uma glicémia de jejum
entre 100 – 125 mg/dl e 3)
uma PTGO ás 2 horas entre
140 mg/dl – 199 mg/dl (Figuras 1,2 e 3).
Neste sentido e tendo em
vista uma estratégia de prevenção precoce do risco cardiovascular intrínseco, a
pré-diabetes representa
uma condição clínica que
deve ser activamente pesquisada pelos médicos, particularmente, nas pessoas
com antecedentes familiares de diabetes, obesos e hipertensos e agressivamente
combatida com as modificações terapêuticas dos estilos
de vida.
A prevenção
da diabetes
de tipo 2
É importante saber que o fato de uma pessoa ter uma
pré-diabetes não implica o
desenvolvimento automático da diabetes de tipo 2. Para
algumas pessoas, o tratamento precoce, pode, efectivamente, conduzir à normalização da glicémia. Há
uma sólida base de evidência que nos mostra que, as
pessoas pré-diabéticas, podem baixar 58% o risco de se
tornarem diabéticas de tipo
2 se perderem 7% do seu peso corporal (6 kg se tiver 85
kg) e se praticarem exercício
moderado, tal como a marcha activa durante 30 minutos cinco vezes por semana.
Assim as modificações dos
estilos de vida recomendadas são:
— Aumento da actividade física.
— Perder peso e mantê-lo
no nível adequado.
— Aumento do consumo de
fibras na dieta e redução das
gorduras, especialmente as
saturadas.
Terapêutica
medicamentosa
na pré-diabetes
A terapêutica medicamentosa na pré-diabetes consiste na prescrição da metformina aos que apresentam
alto risco de desenvolver
diabetes de tipo 2 e que, apesar das mudanças nos estilos de vida não conseguem
baixar a sua HbA1c ou para
aqueles que, por doença ou
incapacidade física, estão limitados em comprometerse nas mudanças comportamentais requeridas. A metformina deve ser iniciada na
dose de 500 mg uma vez por
dia podendo ser aumentada
para 1500 a 2000 mg/dia, se
bem tolerada. Estes pacientes devem ter a sua HA1c
reavaliada aos 3 meses e caso a HbA1c não baixe, deve
ser ponderada a suspensão
da metformina.
A prescrição do Orlistat
deve ser, também, considerada nos pacientes com alto
risco de desenvolver diabetes de tipo 2 que tenham um
IMC ≥ 28 e cuja HbA1 não
baixe com as intervenções
dos estilos de vida ou que sejam, igualmente, incapazes
de participar em programas
de exercício físico por doença ou incapacidade. A revisão desta prescrição deve ser
feita aos 12 meses e, caso o
paciente não perca 5% do
seu peso, a toma do fármaco
não deve ultrapassar esse
tempo.
Embora as estratégias recomendadas neste artigo se
enquadrem mais no âmbito
das actividades dos cuidados de saúde primários, a
avaliação do risco de contrair a diabetes de tipo 2 deve
ser encorajada e estendida
às comunidades, devendo
englobar as farmácias, os
consultórios de óptica, os
departamentos de saúde
ocupacional das empresas,
instituições públicas (quartéis, prisões, escolas, etc.),
entre outros, iniciativas, cuja
multidimensionalidade,
complexidade e exigências
de coordenação, justificam
a criação e o desenvolvimento de um programa nacional de controlo da diabetes. Um tal programa tem
um inquestionável valor instrumental, ao viabilizar intervenções sobre as causas
primárias da diabetes e, desse modo, poder contribuir
para uma redução efectiva
do peso da diabetes no Sistema de Saúde e na sociedade
angolanas.
JSA Novembro 2015
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