1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI PRÓ-REITORIA DE ENSINO ENGENHARIA AGRONÔMICA NÍVEA SOARES SANTOS DE OLIVEIRA CARACTERÍSTICAS FORRAGEIRAS DE GENÓTIPOS DE SORGO SUBMETIDOS A DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS E ÉPOCAS DE CORTE Sete Lagoas / MG Junho/2015 2 NÍVEA SOARES SANTOS DE OLIVEIRA CARACTERÍSTICAS FORRAGEIRAS DE GENÓTIPOS DE SORGO SUBMETIDOS A DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS E ÉPOCAS DE CORTE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de São João Del Rei como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Dr. Iran Dias Borges e Co-orientador: Dr. Cláudio Manoel Teixeira Vitor. Sete Lagoas / MG Junho/2015 3 NÍVEA SOARES SANTOS DE OLIVEIRA CARACTERÍSTICAS FORRAGEIRAS DE GENÓTIPOS DE SORGO SUBMETIDOS A DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS E ÉPOCAS DE CORTE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Agronômica da Universidade Federal de São João Del Rei como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Sete Lagoas, 22 Junho de 2015 Banca Examinadora: _________________________________________________ Cláudio Manoel Teixeira Vitor – Doutor (UFSJ) _________________________________________________ Júnia de Paula Lara – Engenheira Agrônoma (UFSJ) _________________________________________________ Iran Dias Borges – Doutor (UFSJ) Orientador 4 “Uma crença não é apenas uma ideia que a mente possui, é uma ideia que possui a mente” (Robert Oxton Bolt) 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por transformar meu esforço nesta vitória. A minha mãe Noíta, por se dedicar e me incentivar sempre. Ao meu pai Edson que não mediu esforços para que eu pudesse me formar em curso superior e se foi antes que eu terminasse minha graduação. Aos meus irmãos Edson Júnior, Nayana e Natália pela consideração. Ao meu Marido, Renan, pela paciência com os fins de semanas e feriados de estudo. Agradeço as Instituições: FAPEMIG pelo financiamento do projeto. EMBRAPA (Milho e Sorgo) e ao Dsc. Rafael Augusto da Costa Parrella ao apoio às análises bromatológicas. EPAMIG (Fazenda Santa Rita – Prudente de Moraes. MG) por ter cedido a área de implantação do projeto, e também MÁRIO GENARO DE MACÊDO - Diretor da Fazenda Santa Rita – EPAMIG. Meu orientador Prof. Dr.: Iran Dias Borges por me proporcionar maior conhecimento sobre a cultura sorgo. A MSc. Nayara Nogueira pelo desenvolvimento do trabalho. Aos componentes da banca: Prof. Dr. Cláudio Manoel Teixeira Vitor e Júnia de Paula Lara. 6 “O cientista não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as verdadeiras perguntas”. Claude Lévi-Strauss 7 RESUMO Sorghum bicolor é uma espécie de planta com flor pertencente à família Poaceae considerado uma das culturas mais importantes na produção de alimentos e forragens em regiões áridas e semi –áridas do mundo e a nível global, ocupa cerca de 45 milhões de hectares, com a África e Índia respondendo por cerca de 80% da área mundial cultivada.Este trabalho objetivou avaliar características bromatológicas de genótipos de sorgo em diferentes densidades e diferentes época de colheita na região central de Minas Gerais. O delineamento utilizado foi em blocos ao acaso, em esquema fatorial 2 x 4 x 4, sendo duas cultivares, uma sacarina (BRS 506) e outra forrageira (BRS 655), quatro densidades de semeadura (70.000, 100.000, 130.000 e 160.000 plantas ha-1) e quatro épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento). As características avaliadas foram: matéria seca de colmo, fibra em detergente neutro de colmo, fibra em detergente ácido de colmo e hemicelulose de colmo. A cultivar sacarina apresentou potencial forrageiro superior à cultivar forrageira. A grande maioria das variáveis analisadas foi influenciada pela densidade de semeadura e pela época de colheita, indicando que esses parâmetros afetam o rendimento forrageiro das cultivares de sorgo. Em geral, as produções de matéria seca das cultivares de sorgo aumentaram com o aumento da densidade de semeadura, e também com o atraso na colheita das plantas. A cultivar BRS 506 é superior a cultivar BRS 655 para FDN,FDA e Hemicelulose A produção de matéria seca de cultivares de sorgo aumenta linearmente com o aumento da densidade de semeadura e com o atraso na colheita das plantas. AFibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido dos colmos de plantas de sorgo tiveram comportamento semelhantes, decrescendo com o atraso na época de colheita, e também com o aumento da densidade de semeadura. Palavras-chave: Sorghum bicolor, forragem, sorgo duplo- propósito. 8 ABSTRACT This study aimed to evaluate qualitative characteristics of sorghum genotypes in different densities and harvest date in central Minas Gerais. The design was a randomized block in a factorial 2 x 4 x 4, two cultivars, a sugar (BRS 506) and a forage (BRS 655), four seeding rates (70,000, 100,000, 130,000 and 160,000 plants ha -1) and four harvest times (0, 11, 22 and 33 days after flowering). The characteristics evaluated were: dry matter of thatch, thatched fiber in neutral detergent, detergent fiber and acid thatched thatched hemicellulose. The cultivar saccharin introduced forage potential higher than BRS 655. The vast majority of the variables analyzed was influenced by seeding rate and the harvest season, indicating that these parameters affect the forage yield of sorghum cultivars. In general, the dry matter production of sorghum cultivars increased with increasing seeding rate, and also the delay in harvesting the plants. The saccharin cultivating the combination of 160 thousand ha-1 plants and harvested at 33 days after flowering was the most satisfactory for mass production. The NDF and the FDA of the stalks of sorghum plants had similar behavior, decreasing with the delay in harvest season, and also with increasing plant density. They found themselves under thatched hemicellulose values in the latter part of the plant cycle. Key words: Sorghum bicolor, forage, double purpose sorghum. 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CV.........................................Coeficiente de Variação EMBRAPA......................... .....................Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAMIG ............................ Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais FAPEMIG .......................... Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais UFSJ.................Universidade Federal São João Del Rey FDA...................Fibra em Detergente Ácido FDN.................................... Fibra em Detergente Neutro 10 LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS Tabela 1- Somas semanais de precipitação (mm) ............................................ 15 Tabela 2 - Data das colheitas ............................................................................ 16 Tabela 3 - Resultado da análise química de amostras de solo .......................... 16 Tabela 4 - Resumo das análises de variância para matéria seca de colmo........ 19 Figura 1 - Produção média de matéria seca de colmo ...................................... 20 Figura 2 - Produção média de matéria seca de colmo ...................................... 21 Figura 3 - Teor médio de Fibra em detergente neutro de colmo ....................... 22 Figura 4 - Teor médio de Fibra em detergente neutro de colmo ....................... 23 Figura 5 - Teor médio de fibra em detergente ácido de colmo ......................... 24 Figura 6 - Teor médio de fibra em detergente ácido de colmo ......................... 25 Figura 7 - Teor médio de hemicelulose de colmo ............................................. 26 Figura 8 - Teor de hemicelulose de colmo ........................................................ 27 11 1- INTRODUÇÃO............................................................................................................ 12 2- REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 13 2.1 O SORGO NO CONTEXTO HISTÓRICO ............................................................... 13 3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 14 3.1 TRATAMENTOS .................................................................................................... 15 3.2 O SOLO ................................................................................................................. 16 3.3 PROCEDIMENTOS ............................................................................................... 17 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 18 5. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 28 6. CONDISERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 29 7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 30 12 1. INTRODUÇÃO O sorgo Sorghum bicolor (L.) é uma cultura que no contexto da agropecuária brasileira vem se destacando a cada dia, por ser uma gramínea bastante energética, com alta digestibilidade, produtividade e adaptação a ambientes secos e quentes, nos quais é difícil o cultivo de outras espécies. Esta cultura possui 3 Fases do crescimento que vai do plantio da germinação até a iniciação da panícula (EC1) Na fase seguinte (EC2) que compreende a iniciação da panícula até o florescimento, EC3) que vai da floração a maturação fisiológica No Brasil, o uso da silagem é realizado em razão da produção irregular das plantas forrageiras durante a estação mais seca do ano. Esta cultura apresenta alta capacidade de produção de volumoso para utilização em períodos de baixa produção das pastagens nativas ou manejadas. A planta é utilizada para silagem ou corte verde, para pastejo e os grãos, em rações animais e para o consumo humano. A silagem é resultante da fermentação anaeróbica de plantas forrageiras. Na alimentação de ruminantes (bovinos de leite e de corte, bubalinos e ovinos), a silagem de grãos úmidos, por ser uma alternativa de um alimento com concentrado energético, complementando a silagem de planta inteira, que é o volumoso, resulta em uma dieta eficiente e de menor custo. Importante conhecer as principais características das cultivares testadas no presente trabalho, ambos de porte alto, altura da planta superior a dois metros; a cultivar BRS655 é tipo de sorgo forrageiro muitas folhas, panículas (cachos) abertas, com poucas sementes, elevada produção de forragem existe sorgo forrageiro que possui colmo doce podendo ser chamado também de sorgo sacarino. E também estudaremos a cultivar BRS 506 o sorgo sacarino caracterizado, principalmente, por apresentar colmo doce e suculento como o da cana-de-açúcar. A panícula (cacho) é aberta e produz poucos grãos (sementes). Na nossa região pode ser utilizado como sorgo forrageiro, na forma de silagem e de corte. Todo sorgo sacarino pode ser forrageiro. Uma cultura de amplo espectro de produção, e versatilidade merece uma atenção maior às pequisas pois estas, podem contribuir para alimentação adequada nutricionalmente a animais e excelentes alternativas ao milho que possui déficit de produção em determinadas épocas do ano. 13 2- REFERENCIAL TEÓRICO Por ser de origem Africana, o sorgo (Sorghum bicolor [L.] Moench) é uma espécie que se adapta a diferentes condições ambientais desfavoráveis em relação à maioria dos cereais (EMBRAPA, 2012). Característica esta que se deve ao fato de ser uma planta de dias curtos e altas taxas fotossintéticas, ou seja, possui metabolismo C 4. Esta é uma explicação plausível do porque esta espécie é plantada em diversas regiõesdo mundo, e usada em alimentação humana em muitos países. Se comparados com o milho, o sorgo produz mais sobre estresses hídricos, segundo Purcino (2011), o sorgo em situações ambientais adversas de estresses abióticos, como altas temperaturas e baixa umidade do ar e do solo, tem boa adaptação. O sorgo merece destaque por ser uma planta de ciclo relativamente curto, além de se adaptar a condições edafoclimáticas nem sempre ideais ao cultivo de culturas como soja, milho e algodão, características essas comuns a muitas regiões do estado de Minas Gerais (RIBAS, 2008). Temperatura, radiação solar e precipitação, influenciam nas atividades fisiológicas e interferindo na produção de grãos e matéria seca do sorgo, esses fatores climáticos podem afetar a taxa de crescimento e desenvolvimento das plantas (LANDAU,2011; PEREIRA FILHO, 2013). Devido às variações climáticas decorrentes das estações do ano, para contornar a descontinuidade de produção de forragens durante o ano, houve a necessidade da criação de estratégias para a produção de forragens (Silva et al., 2010).É importante levar em consideração que dentro do sistema de produção da bovinocultura brasileira, o sorgo possui uma grande importância (Buso et al., 2011). O sorgo pode substituir o milho em forma de raçoes concentradas, misturas proteinadas ou forragem armazenada em silos por ser caracterizado altamente tolerante aos veranicos e a elevadas temperaturas. Para reduzir o problema da estacionalidade da produção de forragem no país, este cereal pode contribuir significativamente para minimizar o problema. Segundo (Buso et al., 2011) são muitas as características que podem justificar a utilização na alimentação animal tais como: alto valor energético, acelerado crescimento e emissão de perfilhos, alta digestibilidade, resistência ao déficit hídrico, altas taxas fotossintéticas e rápida elongação do caule. Contudo a escolha de cultivares de sorgo apropriado aos diferentes sistemas de produção constitui fator importante para a maximização da produção de massa verde, 14 matéria seca e de grãos utilizados na alimentação animal. Por conseguinte, torna-se necessário a avaliação de cultivares de sorgo, bem como o estudo do manejo mais adequado, disponibilizando ao produtor rural informações técnicas, a fim de se obter maiores rendimentos da cultura (SANTOS & GRANGEIRO, 2013). Pires et al. (2006) observaram que a produção de matéria seca e a qualidade de silagem variam com a época de corte situada por volta do 28 dias após o florescimento, a partir de quando se estabilizam até a maturidade fisiológica, ou seja, crescem a partir do florescimento até um ponto ótimo. Uma vez que, Pinho & Vasconcelos (2002) constataram que, quando as plantas permanecem mais tempo no campo ocorre uma redução da digestibilidade da silagem simultaneamente ao aumento da matéria seca. Segundo Silva et al., (2001), a produção de grãos e de massa seca pode ser beneficiadas pelo maior número de plantas por área. Contudo, o mesmo autor destaca que o sorgo pode compensar, até certo ponto, a redução do estande com a emissão de perfilhos. Com base nessas informações o presente trabalho tem como hipótese que as cultivares de sorgo podem variar as características forrageiras com a população de plantas e com a época de corte das mesmas. Logo, este trabalho objetivou avaliar características forrageiras de genótipos de sorgo sacarino e forrageiro em diferentes densidades e época de colheita na região central de Minas Gerais. Assim, este trabalho mostrou que a cultivar sacarina é superior a cultivar forrageira para todas as características. 13 2.1 O SORGO NO CONTEXTO HISTÓRICO Na África e Ásia, onde o sorgo é cultivado em áreas que apresentam baixa disponibilidade de água, os rendimentos são menores. Nos países em desenvolvimento, o sorgo, principalmente o granífero, destina-se à alimentação humana, mas pode ser utilizado tanto para produção de silagem quanto no pastejo direto (Buso et al., 2011). No Brasil, hoje a área plantada de sorgo é de aproximadamente 801,7 mil hectares com produtividade de 2.621 kg/ha. No território nacional, o cultivo de sorgo está se popularizando cada vez mais, e o país já se encontra entre os oito maiores produtores mundiais (Conab, 2014). Dentre os diferentes tipos de sorgo existentes, o granífero é o que tem maior expressão econômica e se encontra entre os cinco cereais mais cultivados do mundo, perdendo apenas para o trigo, arroz, milho e cevada (Ribas, 2007). O sorgo é extremamente versátil em suas funções, que se estendem desde o seu uso na alimentação humana e animal, até sua utilização como matéria prima na produção de álcool anidro, bebidas alcoólicas, colas, tintas, confecção de vassouras e extração de açúcar (Ribas, 2007). 14 3. MATERIAIS E MÉTODOS É importante ressaltar que a cultivar BRS 506, utilizada nesse trabalho, foi a primeira cultivar sacarina desenvolvida pela Embrapa e que atualmente já existe maior gama de cultivares de empresas públicas e privadas que poderiam também ser consideradas nos trabalhos. Além disso, sugere-se para trabalhos futuros, incluir a digestibilidade entre as análises realizadas, visto que é um parâmetro fundamental para a determinação da qualidade da forragem. Os experimentos foram realizados em condições de campo, em área experimental da EPAMIG Centro Oeste, no município de Prudente de Moraes, área limítrofe da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – CNPMS/EMBRAPA milho e sorgo, onde se realizaram as análises sob sistema convencional de cultivo não irrigado no ano agrícola de 2012/2013. O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho Distrófico. O clima da região é AW (tropical estacional de savana) com precipitação média anual de 1340 mm e temperatura anual de 22,1°C conforme a Tabela1. TABELA 1: Somas semanais de precipitação (mm) e médias semanais de temperatura máxima e mínima durante o período experimental. Dados obtidos na estação meteorológica da Embrapa, Sete Lagoas – MG. Semana Período 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 30/11 a 06/12 07/12 a 13/12 14/12 a 20/12 21/12 a 27/12 28/12 a 03/01 04/01 a 10/01 11/01 a 17/01 18/01 a 24/01 25/01 a 31/01 01/02 a 07/02 08/02 a 14/02 15/02 a 21/02 22/02 a 28/02 01/03 a 07/03 08/03 a 14/03 15/03 a 21/03 22/03 a 28/03 29/03 a 04/04 05/04 a 11/04 Precipitação (mm) 1,7 55,3 12,2 0,0 27,0 15,2 70,6 27,2 0,0 51,6 0,0 0,0 2,8 18,3 12,0 7,4 60,6 22,2 8,4 Temperatura (°C) Máxima Mínima 30,7 18,7 32,1 19,3 32,6 19,7 33,6 19,5 32,3 17,9 31,8 19,5 27,9 18,2 29,6 18,1 27,6 19,9 29,5 18,2 31,7 17,5 32,0 17,7 32,5 17,7 30,7 18,5 32,8 19,8 30,0 18,7 27,9 18,7 28,5 17,9 29,0 18,1 15 3.1 TRATAMENTOS O material genético utilizado foi o híbrido de sorgo sacarino (BRS 506– EMBRAPA) e o híbrido de sorgo forrageiro (BRS 655- EMBRAPA).O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições, e tratamentos dispostos em esquema fatorial2x4x4 sendo, 2cultivares (BRS 506 e BRS 655) x 4densidades de plantas (70, 100, 130 e 160 mil plantas Há-1) x 4 épocas de plantio (pleno florescimento); 11,22 e 33 dias após florescimento. Os tratamentos avaliados foram BRS 506 (sacarino) e BRS 655 (sorgo forrageiro), recomendadas para as condições edafoclimáticas da região central de Minas Gerais. As parcelas experimentais foram constituídas de quatro linhas de plantio com cinco metros de comprimento, espaçadas entre si a 0,70 m, sendo as duas linhas centrais utilizadas para efeito de coleta de dados e observações, desprezando 1 m nas extremidades. A semeadura foi realizada em 30 de novembro de 2012 e os cortes realizados em intervalos de 11 dias conforme Tabela2. O florescimento da cultivar BRS 506 se deu após 88 dias de emergência e da BRS 655 se deu a 77 dias após emergência conforme. As plantas foram cortadas manualmente e rente ao solo, em duas linhas centrais, descartando-se 1 m nas extremidades e mantendo as bordas. Foi obedecido à orientação dos tratamentos propostos durante a colheita do material vegetal de cada parcela. Ao fim da época de colheita, foi considerado pleno florescimento quando as plantas se apresentavam com 50% da parcela liberando pólen e vinte dias após a emergência, foi realizado um desbaste visando obter a população proposta por cada tratamento. 16 TABELA 2: Data das colheitas Data Colheita BRS 506 BRS 655 1° - Florescimento 04/03/2013* 21/02/2013** 2° - 11 DAF 15/03/2013 04/03/2013 3° - 22 DAF 26/03/2013 15/03/2013 4° - 33 DAF 05/04/2013 26/03/2013 * O florescimento da cultivar BRS 506 se deu 88 dias após a emergência. **O florescimento da cultivar BRS 655 se deu 77 dias após a emergência. 3.2 O SOLO O manejo do solo consiste num conjunto de operações realizadas com objetivos de propiciar condições favoráveis à semeadura, ao desenvolvimento e à produção das plantas cultivadas, por tempo ilimitado. Foi adotado o sistema de plantio convencional. A correção do solo e as adubações de base e cobertura foram realizadas considerando a análise química, conforme Tabela 3. A adubação de base foi constituída por 350kg há-1 da fórmula 4-28-20 de NPK + 0,3% de Zn. A adubação de cobertura foi realizada 34 dias após a emergência com 90kg há-1 de N. TABELA3. Resultado da análise química de amostras de solo (0-20 cm de profundidade) da área experimental. Laboratório de fertilidade dos solos, Epamig, Nova Porteirinha, MG. P Prof (cm) 0-20 Prof (cm) 0-20 K Na Ca Mg Al H + Al ………..………………………….cmolc dm3 ……………………………………. 13 69 0,2 4,0 0,7 0,0 4,6 pH MO SB T T V M dag kg-1 5,5 2,4 ……….cmolc dm-3…….... 5,0 5,0 9,7 ……….%.......... 52 0,0 17 3.3 PROCEDIMENTOS Os resultados foram submetidos à análise de variância individualmente, e quando ocorreram diferenças significativas, identificadas pelo teste F (P<0,05), foram ajustados modelos de regressão com o auxílio do programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). Para ajustes das equações foram utilizados modelos com base no coeficiente de determinação e na sua significância. O material colhido foi pesado e os valores obtidos, transformados em kg ha -1 para a obtenção da massa verde. Posteriormente retirou-se amostras de oito colmos ao acaso, que foram moídas em ensiladeira estacionária. Foram retiradas amostras de 500g do material triturado e enviadas para uma estufa com ventilação forçada de ar a 55° C onde se realizou uma pré-secagem até peso constante, e pesagem em balança analítica. O peso resultante, com base na massa verde obtida, foi transformado em t ha-1, obtendose assim a massa seca de colmo. As amostras foram novamente enviadas à estufa e mantidas até peso constante a uma temperatura de 105°C. Posteriormente foram realizadas as análises bromatológicas de FDN de colmo, FDA de colmo e Hemicelulose de colmo, que foram determinadas pelo método proposto por Ankon (2006). 18 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A síntese das análises de variância, para todas as características estudadas, está apresentada na Tabela 4, representando cultivar (C), densidade se semeadura(D) e época de colheita (E). Como observado, as cultivares exibiram comportamento diferenciado (p ≤ 0,05) para todas as variáveis analisadas. Todas as variáveis, exceto a hemicelulose de colmo foram influenciadas pela densidade de semeadura. A época de colheita das plantas influenciou todas as características avaliadas. Observou-se efeito significativo (p ≤ 0,05) para MS de colmo, FDN de colmo e FDA de colmo na interação cultivar x época de colheita. Na interação densidade de semeadura x época de colheita ocorreu efeito significativo (p ≤ 0,05) apenas para MS de colmo. Na tripla interação dos fatores testados, apenas a FDN de colmo foi significativa. A precisão experimental, que tem como um dos parâmetros de avaliação o CV(%), pode ser considerada muito boa, variando de 3,37% a 13,81%. Em relação à produtividade de matéria seca de colmo, até a 2a época de colheita não se observaram diferenças estatísticas entre as duas cultivares testadas. A partir da 3 a época de colheita (22 dias após florescimento) a produtividade de matéria seca de colmo da cultivar BRS 506 foi superior à BRS 655. A cultivar de sorgo BRS 506 obteve aumento linear de matéria seca de colmo à medida que aumentou a permanência das plantas no campo, com acúmulo estimado de 0,16 t ha-1 para cada dia de atraso na colheita após o florescimento. Já o sorgo forrageiro BRS 655 não variou o teor de matéria seca de colmo em função da época de colheita (FIGURA 1). Provavelmente isso ocorreu por não avaliarmos a contribuição das folhas e da panícula, importantes na composição de cultivares forrageiras, na matéria seca de colmos; já para a cultivar BRS 506, que a contribuição maior é do colmo (local de grande acúmulo de caldo e açucares após o florescimento), pôde-se observar ganhos. E também na cultivar sacarina, ocorre elongação dos entrenós após o florescimento, contribuindo para o acúmulo de matéria seca após o florescimento nessa cultivar. 19 TABELA 4. Resumo das análises de variância para matéria seca de colmo (MS) em t ha-1, fibra em detergente neutro de colmo (FDN %), fibra em detergente ácido de colmo (FDA %) e hemicelulose de colmo (HEMI %). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. QM FV GL MS Colmo FDN Colmo FDA Como Hemi Colmo Cultivar (C) 1 231.913* 1586.976* 996.719* 68.648* Densidade(D) 3 246.742* 19.925* 16.473* 0.216 NS Época (E) 3 38.208* 130.267* 87.291* 5.757* CxD 3 2.120 NS 4.304 NS 3.448 NS 0.377 NS CxE 3 39.805* 54.007* 37.198* 2.038 NS DxE 9 8.855* 6.266 NS 3.930 NS 1.326 NS CxDxE 9 5.694 NS 12.735* 5.999 NS 2.185 NS Bloco 2 11.237 NS 18.900 * 15.574 * 1.212 NS Erro 62 4.250 5.941 3.538 1.652 CV (%) 13,81 3,37 4,20 4,67 Média 14,93 72,35 44,83 27,53 * significativo a 5% pelo teste F; NS não significativo; GL: grau de liberdade. 20 *Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. FIGURA 1. Produção média de matéria seca de colmo (55°C) (t ha-1) obtida de duas cultivares de sorgo (BRS 506 e BRS 655) submetido a diferentes épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento) e densidades de semeadura (70, 100, 130 e 160 mil plantas ha-1). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. Independente da época de colheita das plantas houve um aumento linear da matéria seca de colmo em função do aumento da densidade de plantas. Para todas as densidades adotadas, considerando o intervalo estudado, a produção de matéria seca de colmo foi sempre maior na 4a época de colheita (33 dias após o florescimento). Em geral, o corte das plantas no florescimento proporcionou menores valores de matéria seca de colmo que atingiram valores máximos na parte final do ciclo (FIGURA 2). 21 *Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. FIGURA 2. Produção média de matéria seca de colmo (55°C) (t ha-1) obtida de duas cultivares de sorgo (BRS 506 e BRS 655) submetido a diferentes épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento) e densidades de semeadura (70, 100, 130 e 160 mil plantas ha-1). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. É importante evidenciar que um dos principais componentes de produção de volumosos é a matéria seca, ao avaliar a aptidão forrageira de cultivares, nesse sentido, considerando essa característica a cultivar sacarina na combinação de 160 mil plantas ha-1 e colheita aos 33 dias após florescimento foi a mais satisfatória. Mas se tratando de qualidade forrageira, devem-se considerar outras variáveis para a definição da melhor combinação densidade x época de colheita, como FDN, FDA. Em relação à FDN de colmo, independente da época de colheita a BRS 506, proporcionou valores inferiores a cultivar BRS655. Ambas as cultivares não variaram a FDN de colmo até a 3° época de colheita, contudo, a cultivar BRS 506 obteve valores de FDN de colmo significativamente inferiores na colheita aos 33 dias após o florescimento (FIGURA 3). Gomes et al. (2006), trabalhando com 11 híbridos de sorgo forrageiro, encontraram teor médio de FDN de colmo (57,35%) inferiores aos obtidos neste trabalho, onde as cultivares BRS 506 e BRS 655 apresentaram 76,42% e 68,29% respectivamente. A menor proporção de FDN de colmo da cultivar BRS 506 em relação 22 a cultivar BRS 655, provavelmente, deve-se ao maior acúmulo de açúcares, especialmente de sacarose, no colmo da cultivar sacarina. McBee & Miller (1993) observaram que no sorgo existe uma diluição do efeito dos componentes fibrosos devido ao acúmulo de carboidratos solúveis no caule a medida em que a planta avança sua maturidade. Consequentemente o maior teor de sacarose no colmo das plantas, notadamente nas cultivares sacarinas, acarreta a redução da porcentagem dos componentes estruturais (fibras), como FDN e FDA. *Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. FIGURA 3. Teor médio de Fibra em detergente neutro de colmo (FDN%) obtido de duas cultivares de sorgo (BRS 506 e BRS 655) submetido a diferentes épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento) e densidades de semeadura (70, 100, 130 e 160 mil plantas ha-1). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. Na figura 4 estão plotados os dados da interação tripla, densidade x época de corte x teor de FDN do sorgo BRS 506, pois a BRS 655 não apresentou comportamento significativo ao comprar as cultivares em teor médio de FDN em relação época de colheita. Em todas as densidades estudadas para cultivar BRS 506, a FDN de colmo, reduziu quando se aproximou da parte final do ciclo da planta. Essa redução se considerarmos todas as densidades adotadas e as equações estimadas evidenciam 23 aproximadamente a partir de 15 DAF. Para interação tripla dos fatores testados a cultivar BRS 655 não obteve curvas significativas (FIGURA 4). FIGURA 4. Teor médio de fibra em detergente neutro de colmo (FDN%) obtido de duas cultivares de sorgo (BRS 506 e BRS 655) submetidas a diferentes épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento) e densidades de semeadura (70, 100, 130 e 160 mil plantas ha-1). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. Ambas cultivares tiveram comportamentos semelhantes tanto para FDN como para FDA (FIGURA 3 e 5). Assim como para FDN, a FDA de colmo da cultivar BRS 506 foi sempre inferior à BRS 655, sendo assim em ambas as cultivares os menores valores foram obtidos na parte final do ciclo; nesse momento, observou-se redução significativa de FDA de colmo na cultivar BRS 506 (FIGURA 5). 24 *Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. FIGURA 5. Teor médio de fibra em detergente ácido de colmo (FDA%) obtido de duas cultivares de sorgo (BRS 506 e BRS 655) submetidas a diferentes épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento) e densidades de semeadura (70, 100, 130 e 160 mil plantas ha-1). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. Considerando os materiais avaliados e as épocas de colheita adotadas a FDA de colmo apresentou uma tendência linear e decrescente em função do aumento da densidade de plantas, ocorrendo um decréscimo de 17,6% a cada 1000 plantas por área (FIGURA 6). Entretanto, observa-se que a partir de 100 mil plantas ha-1 não há variação significativa, permitindo sugerir que com essa densidade já se atingiria valores aceitáveis de FDA. 25 *Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. FIGURA 6. Teor médio de fibra em detergente ácido de colmo (FDA%) obtido de duas cultivares de sorgo (BRS 506 e BRS 655) submetidas a diferentes épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento) e densidades de semeadura (70, 100, 130 e 160 mil plantas ha-1). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. Parâmetros importantes na qualidade da forragem são os teores de FDN e FDA. Segundo Silva et al. (2010), os bovinos necessitam desses componentes em suas dietas para manter o bom funcionamento do rúmen. Porém, os mesmos autores ressaltam que o excesso de fibra limita o consumo voluntário de matéria seca pelos animais. Sendo assim, em forragens com alto conteúdo energético e com alto potencial de consumo pelo animal, esperam-se baixas concentrações de FDN e FDA na matéria seca. Dessa forma, considerando esses parâmetros de teores de FDN e FDA de colmo aqui reportados, caracterizam o genótipo BRS 506 como o de melhor qualidade nutricional que o BRS 655. Independente da época de colheita e da densidade de semeadura adotada, os teores de hemicelulose de colmo da cultivar BRS 506, são sempre inferiores aos da cultivar BRS 655. (FIGURA 7). Segundo Reis et al. (2005), à medida que aumentam as porcentagens de hemicelulose, celulose e lignina, reduz a proporção dos nutrientes potencialmente digestíveis (carboidratos solúveis, proteínas, minerais e vitaminas), acarretando em uma redução acentuada na digestibilidade da forragem. Os valores médios de hemicelulose de colmo encontrados neste trabalho (FIGURA 7) são 26 superiores aos encontrados por Gomes et al. (2006), os quais observaram valor médio de 22,64% em 11 cultivares de sorgo. Similarmente ao observado para FDN e FDA de colmo, constataram-se menores valores de hemicelulose de colmo no final do ciclo da planta (FIGURA 8). *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. FIGURA 7. Teor médio de hemicelulose de colmo (%) obtido de duas cultivares de sorgo (BRS 506 e BRS 655) submetidas a diferentes épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento) e densidades de semeadura (70, 100, 130 e 160 mil plantas ha-1). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. 27 *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. FIGURA 8. Teor de hemicelulose de colmo (%) obtido de duas cultivares de sorgo (BRS 506 e BRS 655) submetidas a diferentes épocas de colheita (0, 11, 22 e 33 dias após florescimento) e densidades de semeadura (70, 100, 130 e 160 mil plantas ha -1). UFSJ, Sete Lagoas – MG, 2014. 28 5. CONCLUSÕES A cultivar BRS 506 é superior a cultivar BRS 655 para FDN,FDA e Hemicelulose A Fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido dos colmos de plantas de sorgo possuem comportamento semelhante, decrescendo com o atraso na época de colheita, e também com o aumento da densidade de semeadura. A produção de matéria seca de cultivares de sorgo aumenta linearmente com o aumento da densidade de semeadura e com o atraso na colheita das plantas. A partir da segunda época de corte e da densidade de 100.000 plantas/há, a cultivar sacarina apresenta valores maiores de teor de FDN,FDA e hemicelulose. 29 6. CONDISERAÇÕES FINAIS Logo, este trabalho permitiu verificar o efeito da densidade de plantas e da época de colheita de cultivares de sorgo sobre variáveis de rendimento e de qualidade na produção de etanol e de forragem. Contudo, a última época de coleta apresentada neste trabalho, pela característica linear de muitas das curvas apresentadas, deixam a curiosidade a respeito do comportamento da planta em épocas mais tardias. Sugere-se, também, condução de novas pesquisas que contemplem épocas de plantio diferentes da adotada aqui, bem como que atendam a possibilidade do fornecimento de matéria prima na entressafra da cana-de-açúcar. 30 7. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, et al. 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