147 PLANO DE NEGÓCIOS Orlando Moraes da Costa1 RESUMO Sabemos, pela prática, que para atingirmos bons resultados em uma empresa não se faz necessário termos um Planejamento ou, até mesmo, um Plano de Negócios. Podemos ver casos reais de pessoas que, até sem estudos e especializações, formam grandes conglomerados empresariais. Com base nessa afirmativa, podemos concluir que os estudos são dispensáveis para sermos bem sucedidos na vida empresarial e que o Planejamento é besteira. É isso mesmo? Se formos apressados nessa análise podemos chegar a essa equivocada conclusão. Mas devemos saber que isso não é verdadeiro no mundo real e contemporâneo. Os poucos casos bem sucedidos de pessoas despreparadas para atingir os resultados em uma empresa são frutos do acaso e de jogo de sorte. Muitas vezes e na maioria dos casos temos uma derrocada de intenções e acúmulos de prejuízos. As estatísticas mostram que o primeiro ano de uma empresa traz a morte de cerca de 30% das recém nascidas. Resultado em prejuízos financeiros para os “empreendedores”. É a média de um fracasso entre quatro novos negócios. Ainda no primeiro ano. Segundo o SEBRAE, essa realidade já foi pior: chegou a 35% nove anos atrás e que esse recuo se deve à melhor preparação dos candidatos a empresários, principalmente com planejamento racional e realista. PALAVRAS-CHAVE – Planejamento, negócios e empreendimentos ABSTRACT We know from practice that to achieve good results in acompany is not required to have a planning or even abusiness plan. We can see real cases of people who, even without studies and expertise, form large conglomerates.Based on this assertion, we conclude that the studies are not necessary to be successful in life and business planning thatis nonsense. Is that right? If we hurry this analysis we canreach this erroneous conclusion. But we know that this is not true in the real world and contemporary. The few successful cases of people who are unprepared to achieve results in acompany are the result of chance and luck game. Many timesand in most cases we have a collapse of intent andaccumulation of damage. Statistics show that the first year ofa company brings the death of about 30% of the newborn.Result in financial losses for the "entrepreneurs". Is the average of four a failure among new businesses. Also in thefirst year. According SEBRAE, this reality has been worse: it's35% nine years ago and that this decrease is due to better preparation of candidates for employers, especially withrational and realistic planning. KEYWORDS - Planning, businesses and ventures 1. INTRODUÇÃO No mundo dos negócios são grandes os desafios e isso exige que a ação empreendedora seja iniciada com um minucioso planejamento. Com este trabalho, pretendemos evidenciar a importância da elaboração do plano de negócios bem como especificar as fases que podem viabilizar um empreendimento. Procuraremos, ao longo de nossa dissertiva, orientar eventuais candidatos a ser empreendedor em como coletar o conjunto de informações e organizar os estudos. O que é um Plano de Negócios, para quem interessa, qual é a sua estrutura e as questões que cercam um candidato a empreendedor. Para isso, vamos utilizar da pesquisa de levantamento de obras de autores consagrados para nos basearmos. 2. EMPREGADO OU EMPREENDEDOR On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X A decisão de se tornar um patrão é considerada como parte de um projeto de vida profissional e que influi para a vida futura, não só para o candidato a empreendedor, mas para todo o seu ciclo social, como a família, amigos, etc. A esse aspecto podemos citar MARRAS: Todas as pessoas têm necessidades, cada uma delas tem peculiaridades e intensidades. Isso faz com que elas sempre estejam tentando satisfazer essas necessidades. A motivação motriz que alavanca as pessoas a buscarem a satisfação. Enquanto perdura a satisfação, perdura a motivação. Ao satisfazer a necessidade, acaba a motivação. No mesmo instante, contudo nasce uma nova necessidade e, por via de conseqüência uma nova força motriz impele o indivíduo a novamente buscar outra satisfação (MARRAS, 2002, p. 34). Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) n. 6 p. 147 - 153 148 E são duas alternativas: empregado ou empreendedor. Segundo Maximiano (2006, p. 62) as principais desvantagens do empreendedorismo são: a) Sacrifício pessoal: O empreendedorismo muitas vezes consome a vida do empreendedor. Isso freqüentemente resulta no prejuízo das relações familiares e em alto nível de tensão. O empreendedor deve perguntar-se o quanto está disposto a sacrificar para tornar seu empreendimento um sucesso; b) Sobrecarga de responsabilidades: O empreendedor tem uma carga de trabalho e responsabilidades diferente da dos empregados assalariados, ele sabe que está sozinho no topo; c) Pequena Margem de erro: Muitas decisões tomadas por empreendedores revelam-se incorretas e não lucrativas, prejudicando os resultados do negócio. No entanto, as grandes empresas sobrevivem porque têm recursos financeiros que podem compensar as perdas. Em negócios pequenos ou emergentes, uma decisão errada pode resultar em falência. As pessoas são influenciadas, ora pela idéia de conquistar um emprego seguro, mas que tem as limitações e dissabores da relação empregatícia além da competição com a diminuição de ofertas de empregos devido aos avanços tecnológicos e a automação dos escritórios e demais processos produtivos das empresas, ora pela figura do empresário, um indivíduo que almeja uma vida confortável e segura para si e seus familiares e que pensa em possuir o seu próprio negócio, por achar que tem uma boa idéia de negócio, para aplicar algum recurso financeiro disponível, por estar desempregado, por entender que entende melhor do processo produtivo do que o seu atual patrão, etc. Para Maximiano (2006, p.78) há inúmeras vantagens concretas em criar e operar um negócio próprio: O empresário não tem chefe e depende de suas próprias decisões. Pode inovar e experimentar novas idéias em seu negócio, estimulado por sua criatividade ou pela concorrência. Tem perspectivas de ganhos financeiros consideráveis se alcançarem êxito, o que lhe trará o reconhecimento da comunidade. Vamos registrar o que SEIFFERT nos ensina a esse respeito: “Embora exista consenso sobre a importância do empreendedor na dinâmica do sistema econômico vigente, o tema tem sido aprofundado teórica e empiricamente de forma mais ampla somente nos últimos anos. Apresenta-se igualmente como uma área de teoria em formação, como muitos subtemas e conceitos também em formação, um dos On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X quais é o de empreendedorismo corporativo.” (SEIFFERT, 2008, p.18) Mas para se tornar um empresário seria fácil? E para se tornar um empresário de sucesso o que seria preciso? Como tirar essas dúvidas e questões? Onde buscar as informações sobre o mercado, o produto, os futuros clientes, custos e preços, tributos e taxas, custos, abertura e legalização da empresa, concorrentes, fornecedores, localização, propaganda e assim por diante? Como se capacitar para chegar ao sucesso? Segundo Pereira/Santos (1995, p.26), “... Estudos sobre a criação de empresas revelam que empresas nascidas de projetos previamente elaborados tendem a ter mais sucesso que as demais, porque seus empreendedores conseguem antever e minimizar os riscos inerentes ao negócio...” 3. A ABERTURA DE UMA NOVA EMPRESA O risco em abrir qualquer negócio está sempre presente, em maior ou menor grau, aqui no Brasil ou em qualquer parte do mundo. No nosso caso, para se formalizar uma empresa temos dificuldades já pela forte burocracia como juntar 14 tipos de documentos, inscrições de toda ordem e senhas em muitas repartições públicas. Se o negócio for uma loja, esse processo não fica pronto antes de dois meses. Uma indústria não está formalizada antes de seis meses, na melhor das hipóteses. Há casos de ano e alguns de tempo maior que isso. Uma licença ambiental não fica pronta com menos de nove meses. Um alvará sanitário para uma indústria requer a elaboração de inúmeras plantas baixas visando que o layout seja aceito pelas autoridades estabelecidas, por exemplo. Ainda sobre riscos, vamos apresentar o seguinte texto: “Para operar um negócio, faz-se necessário assumir vários riscos, sejam quanto ao capital empatado, seja quanto ao tempo e ao esforço investidos, principalmente sua aplicação pode resultar em possíveis perdas. Risco significa possibilidade de perda. Os riscos que podem provocar perdas incluem obsolescência do produto, disputas trabalhistas, administração incompetente, forças extraordinárias (como fogo, inundações, etc.) e dificuldade em competir vantajosamente.” (CHIAVENATO, 2006, p. 26). É importante constatarmos essa dura realidade empresarial em que, com o passar dos meses, fica difícil se manter com o pensamento nos sonhos iniciais e passar a ver que o dinheiro não para mais nas mãos. Diariamente se paga isso e aquilo e as contas a pagar parecem se multiplicar a cada dia, os recursos financeiros seguem o caminho inverso e o capital de Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) n. 6 p. 147 - 153 149 giro se reduz perigosamente. Essa dura realidade tem remédio? Segundo Matos (2005, p. 9) são precisos os seguintes passos descritos abaixo para a abertura da empresa na Junta Comercial devem-se apresentar os seguintes documentos para o registro da empresa: Contrato Social; Documentos pessoais dos sócios; Requerimento padrão (Capa de junta comercial) em uma via; Ficha de cadastro nacional (FNC) modelos 1 e 2; Pagamento das taxas através da DARF; Verificar junto ao cartório se não existe outra empresa com mesma razão social. Felizmente elaborar um plano de negócios equivale a estabelecer o quanto o empresário precisa para tocar a sua empresa. Utilizando essa ferramenta os custos não serão atingidos por um súbito aumento dos custos fixos, por exemplo, com a retirada do prólabore. Nem haverá a necessidade de aumentar os preços de vendas para cobrir esse importante desembolso. 4. O PLANO DE NEGÓCIOS O plano de negócios é a formalização de estudos, idéias, análises de mudanças conjunturais, da descoberta de novas oportunidades, a mensuração de resultados e o estabelecimento dos objetivos. Todos os empreendedores trabalham com estas questões e se esforçam para tornar realidade as suas idéias e que sejam aproveitadas as oportunidades. Todos os empreendedores realizam algum tipo de planejamento. Alguns nem chegam a formalizá-lo em documento tangível, passam a vida inteira confiando na memória e na capacidade de estabelecer focos e prioridades. Algum tipo de planejamento foi realizado em todas as suas conquistas e inventos. Mas é importante registrar que um planejamento não é responsável por tornar a empresa mais lenta ou mais eficiente. O planejamento é um instrumento vivo e deve sempre estar em processo de atualização. É preciso acreditar que muitas das coisas que existem hoje não existirão num futuro às vezes mais próximo do que se imagina. E muitas coisas que atualmente não existem, existirão. São mudanças que acontecem. Sempre acontecem. E em todas as áreas, como nos próprios produtos das empresas, nos comportamentos das pessoas/consumidores, nas atitudes e hábitos. E os empreendedores com os seus planos de negócios serão peças-chave nesse processo de mudanças. E como viver nesse cenário de incertezas, de grande competição cada vez mais globalizada sem que se organize para ir para a batalha, sem que se estabeleçam os caminhos a serem percorridos e os objetivos a serem alcançados? Com um planejamento On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X adequado fica muito mais fácil. E o plano de negócios deve ser considerado como uma importante ferramenta a ser utilizada. Para abrir uma empresa é preciso considerar que o sucesso ou fracasso de um empreendimento está ligado diretamente ao conhecimento que o candidato a empreendedor possui sobre o negócio que pretende levar a cabo. Portanto, antes de se iniciar um novo empreendimento é importante fazer uma análise sobre empreendimento, elaborando um Plano de Negócios, como ressalta Pereira/Santos (1995, p.31) “O Plano de Negócios é um documento escrito que tem o objetivo de estruturar as principais idéias e opções que o empreendedor deverá avaliar para decidir quanto à viabilidade, da empresa a ser criada”. Dessa forma, o principal objetivo do Plano de Negócios, sem dúvida, é o de orientar o candidato a empreendedor acerca das decisões estratégicas do negocio, antes dele iniciar as atividades práticas de se montar a nova empresa. O Plano de Negócios também permite que se avalie a viabilidade da implantação da idéia de uma nova empresa, antes de possuí-la na prática e o candidato a empreendedor poderá tomar decisões se acaso o negócio possa ser inviável com base em dados e informações e não na prática porque isso poderá acarretar em riscos ao capital disponível. O Plano de Negócios é utilizado, portanto, como uma ferramenta de tomada de decisões para se abrir uma nova empresa, mas também serve para as empresas já constituídas e consolidadas. 5 A QUEM INTERESSA O PLANO DE NEGÓCIO O candidato a empreendedor é o principal interessado em contar com um bom Plano de Negócios para a tomada de decisões estratégicas e porque é o principal afetado pelos resultados, sucesso ou fracasso. O Plano de Negócios é útil para outras pessoas e empresas, em algum momento, que queiram ou que possam participar ou apoiar o empreendimento, tanto na fase inicial quanto na sua sobrevivência. Nesse aspecto, são quatro grupamentos principais de interessados: Potenciais sócios, que se manifestam entusiasmados com a idéia do novo empreendimento; Possíveis investidores que podem disponibilizar capital para o investimento inicial ou para futuros aportes; Contadores e advogados que podem assessorar o novo empreendimento desde a abertura e legalização da nova empresa; Consultores e órgãos de apoio que terão uma ótima ferramenta para apoiar as orientações para o novo empreendedor. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) n. 6 p. 147 - 153 150 6. A ESTRUTURA DO PLANO DE NEGÓCIO O Plano de Negócios deve considerar diversos aspectos do novo empreendimento, como analisar as oportunidades que originaram a idéia do negocio; examinar o mercado, os aspectos financeiros, analisar os aspectos jurídicos e organizacionais da abertura da empresa e avaliar a viabilidade da implantação do negócio. Para ser bem compreendido e facilmente assimilado, precisa ter uma estrutura seqüencial e lógica em que demonstre o que o candidato a empreendedor planeja quanto ao seu esforço pessoal para a elaboração dos estudos necessários como o levantamento de dados, análise das informações colhidas, consulta a terceiros, decisões tomadas, dentre outros. Vamos apresentar, a seguir, um roteiro para se montar um plano de negócios, mas que se trata apenas de um modelo e o empreendedor deve modificá-lo e adaptá-lo de acordo com as suas necessidades: Sumário executivo; Qualificação dos empreendedores; Aspectos mercadológicos; Aspectos operacionais: o Aspectos administrativos; o Aspectos jurídicos; o Aspectos econômico-financeiros. 6.1 O SUMÁRIO EXECUTIVO Antecede à qualificação dos empreendedores e é finalizado por uma conclusão. É uma versão condensada do plano de negócio e inclui: a definição do negocio, a clientela-alvo, localização, área em m2, descrição sucinta do processo operacional, investimento inicial, comentários sobre indicadores financeiros e a conclusão do projeto. Deve ter o resumo do negócio que pretende empreender, serve como uma introdução do Plano de Negócios e deve ser elaborado após a conclusão do plano de negócios. Quando lido, deve deixar clara a idéia e a viabilidade de sua implantação, porém o detalhamento da idéia deve estar contido no corpo do plano de negócios. 6.2A QUALIFICAÇÃO DOS EMPREENDEDORES Apresenta um resumo da experiência empresarial e da formação escolar do empreendedor, porém não é um currículo-vitae e nem deve ser confundido com tal. 6.3 OS ASPECTOS MERCADOLÓGICOS A busca e a seleção de oportunidades; A definição do negócio; O estudo de mercado: o Clientes; On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X o o Concorrentes; Fornecedores. 7. A BUSCA OPORTUNIDADES E A SELEÇÃO DE Uma idéia é o começo. Caso o empreendedor não tem a idéia inicial, não poderá dar início ao processo de fazer com que se inicie um negócio. E quando a idéia surge, é preciso privilegiar a sua qualidade. É averiguar se ela pode dar certo. Existe uma metodologia que pode ajudar o empreendedor em definir se o negócio que ele realmente gostaria de iniciar. Segundo Dolabela (1999) não basta ver a oportunidade, é preciso agarrá-la e para isso ter as condições para desenvolvê-la, capacidade de buscar recursos financeiros, tecnológicos e humanos, além de saber gerenciá-los. O referido autor define oportunidade como uma idéia que está vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor. É algo novo que atende a uma demanda de clientes, representando um nicho de mercado, sendo atrativa com potencial para gerar lucros surgindo em um momento adequado em relação a quem irá aproveitá-la baseando-se em necessidades insatisfeitas. A princípio, a idéia não precisa ser inovadora ou genial. Tampouco precisa estar bem detalhada ou descrita com minúcias. Mas essa idéia deve conter as seguintes características: Apresentar uma opção de negócio que o candidato a empresário gostaria de abrir; Ter uma viabilidade aparente. Se envolver num processo de se descobrir quais seriam os melhores caminhos para a realização de um empreendimento que tenha possibilidade de sucesso devido ao talento, objetivo, capacidade e vontade, seriam buscar oportunidade. As oportunidades surgem no decorrer do diaa-dia do individuo e muitos negócios novos são desenvolvidos a partir dessas oportunidades que aparecem e imploram para ser identificadas e aproveitadas. É nesse momento que o empreendedor deverá fazer uma avaliação para saber sobre a potencialidade dessa idéia. 7.1 A DEFINIÇÃO DO NEGÓCIO Para que o empreendedor possa decidir sobre qual idéia poderá se tornar um negócio bem sucedido precisa avaliar: 1. As necessidades do cliente: porque os consumidores compram determinado produto ou serviço? Quais são as suas necessidades ou desejos? 2. Grupos de clientes: quem serão os clientes que buscam essa solução para as suas necessidades? Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) n. 6 p. 147 - 153 151 3. Forma de atendimento dessas necessidades: Qual o processo ou tecnologia que deve ser utilizado para atender as necessidades dos clientes potenciais? Para Samara et al. (2005) compreender o consumidor e entender o que ele deseja é uma função difícil mais muito importante para que a empresa formule produtos e serviços adequados as reais necessidades e desejos dos consumidores, levando assim a empresa rumo ao sucesso. Os mesmos autores dizem (2005) analisar e compreender os diversos fatores que influenciam as pessoas em suas decisões de compra é, pois, atividade desafiadora para os profissionais. Basicamente seriam três perguntas: O quê? Para quem? E Como? Quando respondidas, o empreendedor terá uma ampla visão do negócio que quer criar e isso terá fundamental importância na elaboração do Plano de Negócios. 7.2 ESTUDO DE MERCADO É a definição do marketing. Seria entender e desenvolver os processos administrativos, a imagem e o posicionamento da empresa, definir os produtos e serviços, estabelecer a relação com a concorrência e definir os fornecedores. Sobre isso, trazemos duas definições de Junior (1994, p.14): "O marketing está diretamente ligado ao estudo do mercado, porque a essência do marketing é produzir a satisfação do cliente". "O marketing provoca, a crescente satisfação do cliente o que a torna mais competitiva no mercado." Conceitualmente, marketing é o conjunto de técnicas e atividades relacionadas com o fluxo de bens e serviços, desde a sua produção até o seu consumo. É a estratégia que engloba atividades como a definição do mercado, da promoção e publicidade, das vendas e da política da pós-vendas. Analisar e acompanhar as tendências de mercado é fundamental para determinar o sucesso ou fracasso de uma organização. Segundo Kotler, (1998), tendência é uma direção ou seqüência de eventos que ocorre em algum momento e promete durabilidade, e que, portanto, é um processo contínuo. Assim, o Estudo de Mercado é um conjunto de atividades voltadas para prever as vendas e os preços dos produtos, fazer estimativas de custos e receitas e analisar sobre as possibilidades de resultados financeiros futuros que possam justificar os investimentos necessários para a implantação de um novo negócio ou atividade. Um bom estudo de mercado permite a definição de uma política comercial eficiente, como a estratégia de marketing e a definição das ações comerciais da futura empresa. On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X 7.3 ASPECTOS OPERACIONAIS É definição de suma importância, especialmente quanto: Localização; Processo operacional (tecnologia e instalações); Equipamentos, máquinas, mobiliário, materiais de consumo, etc. A localização é um fator estratégico que pode traduzir em sucesso ou um retumbante fracasso do empreendimento. É preciso saber se a região escolhida comporta esse tipo de negócio, com fluxo de clientes suficiente para viabilizar o empreendimento. Se atende aos aspectos ambientais como ruído e emissão de resíduos. Se possui distribuição de energia elétrica compatível, rede pública de água e esgotos. Disponibilidade de mão-de-obra, facilidade de acesso para transporte de matéria prima e produtos acabados e eventuais incentivos públicos, etc. Quanto ao processo operacional, é preciso antever as etapas do processo produtivo, as logísticas do transporte, a armazenagem, a necessidade de estoque de matéria prima e de produtos acabados. É preciso que o processo produtivo seja descrito em toda a sua plenitude. Selecionamos um texto da obra de CAVALVANTI e de vários autores: “O novo gestor é, antes de mais nada, uma pessoa com nível de conhecimento acima da média, o que o coloca como alguém com nível educacional elevado e cujo trabalho é fundamentalmente interpretar textos e situações, ler os sinais do que hoje se coloca e quais conseqüências e tendências ocorrerão. O seu papel preponderante é estar atento a sua área de atividade e de atuação, tanto profissional como pessoal, nas quais ocorrem acontecimentos que são basicamente: a mudança de quadros ambientais da concorrência e a mudança dos sinais de mercado.” (CAVALCANTI e vários autores, 2007, p. 330) Quanto aos equipamentos, máquinas e mobiliário, recomenda-se que o empreendedor evite imobilizar o capital inicial, deixando-o para o giro do negócio. Mas, mesmo assim, é necessário quantificar e especificar o maquinário necessário para dar seguimento à implantação da idéia. Tudo deve ser previsto: instalações elétricas e hidráulicas, layout, equipamentos, maquinas e veículos necessários, etc. 7.4 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS Engloba a definição da necessidade do quadro de pessoal técnico e administrativo quanto aos Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) n. 6 p. 147 - 153 152 recursos humanos. A quantificação e a qualificação dos cargos e funções, a estrutura organizacional, a descrição das funções e das atividades da empresa. Neste momento, o candidato a empresário deverá dar definições sobre a constituição da empresa, como legais e tributárias, como seria constituída a sociedade e demais definições sobre o ambiente empresarial. Definir quem será o responsável pelas questões legais da empresa, se haverá quadro de pessoal próprio ou de terceiros, como serão os controles gerenciais e para que servem. Vamos selecionar um texto da obra de CHIAVENATO, para melhor exemplificar: “São as pessoas que fazem o negócio. Embora a empresa seja dotada de máquinas, equipamentos, prédios, instalações, tecnologia e uma porção de outros recursos físicos, na realidade, esses elementos concretos sozinhos não a fazem funcionar nem atingir seus objetivos. Todos os recursos físicos e financeiros que a empresa reúne precisam ser ativados para que consigam operar e proporcionar resultado. E isso é feito pelas pessoas. São elas que dão vida, inteligência, emoção e ação para a empresa.” CHIAVENATO (2006 p. 157) 7.5 ASPECTOS JURIDICOS A definição do regime jurídico da empresa, a estrutura societária, os aspectos fiscais e tributários, o nome da empresa e o seu registro e demais aspectos burocráticos da abertura da empresa. Algumas definições importantes: o nome da empresa, a existência de sócios, responsabilidades dos sócios, a distribuição do capital, o espoco do contrato social, etc. 7.6 ASPECTOS FINANCEIROS É a análise dos aspectos econômicos e financeiros, como calcular o investimento fixo e investimento total, a estimativa dos custos fixos, custos variáveis e custo total, a margem de lucro ideal, as receitas e os resultados operacionais e, finalmente, a possível viabilidade financeira do empreendimento. É nesse momento que se estima: O investimento de capital; A análise econômico-financeira; A projeção do fluxo de caixa; A estimativa de capital de giro; A estrutura dos custos e a formação do preço de venda. Vamos citar o que CHIAVENATO nos ensina: “A maioria dos pequenos e médios empresários costuma administrar custos e On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X finanças de maneira intuitiva, por não terem formação nessas áreas. Até um determinado momento, essa intuição permite obter um bom desempenho. Mas quando a empresa começa a crescer, é necessário buscar novos conhecimentos e contratar profissionais especializados para fazer a administração financeira. É a hora em que o empresário necessita de maior informação para avaliar os resultados e o desempenho da empresa, pois começa a perder dinheiro sem saber exatamente por quais razões.” (CHIAVENATO, 2006, p. 214) 8. CONCLUSÃO Depois de concluída a elaboração do Plano de Negócios e resultando positiva a análise da viabilidade técnico-econômico-financeira do futuro empreendimento, o candidato a empresário terá um novo desafio: a implantação do novo negócio. É concretizar um sonho, mas que, se não souber decidir pelos caminhos a trilhar, poderá chegar ao final do caminho e concluir que o negócio é inviável. Tarde. Muito tarde. Empreender é um risco, mas empreender com planejamento é correr riscos calculados e considerados passíveis de serem transpostos para resultar em sucesso. Para isso, o empreendedor deve ser ético, preocupar-se com a qualidade, buscar e dominar informações sobre a sua nova atividade, entender as necessidades dos seus clientes, assumir riscos calculados, identificar oportunidades, ter conhecimento, ser organizado, ter capacidade de tomar decisões adequadas, saber liderar, ser dinâmico, ser independente, otimista e ter tino comercial. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVALCANTI, Marly; e vários autores. Gestão Estratégica de negócios: evolução, cenários, diagnóstico e ação. – São Paulo: Thomson Learning, 2007. CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: Dando asas ao espírito empreendedor – São Paulo: Saraiva, 2006. DOLABELA, Fernando. Oficina do empreendedor: a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. 6ª ed. São Paulo: Cultura, 1999. JUNIOR, Bernardo de Felipe. Marketing para a Pequena Empresa. Série Marketing para a Pequena Empresa. Brasília: Edição SEBRAE, 1994. KOTLER, Philip; Keller, Kevin Lane. Administração de Marketing; 12ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 1998. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 6.ed. São Paulo: Futura, 2002. 332p. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) n. 6 p. 147 - 153 153 MATOS, Antônio Carlos de; Boris Hermanson; Cláudio Roberto Vallin; Paulo Melchor, Comece Certo, 1, ed. Sebrae 2005 MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Administração para Empreendedores: fundamentos da criação e da gestão de novos negócios. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. PEREIRA, Heitor José. SANTOS Silvio Aparecido dos. – Criando o Seu Próprio Negócio: Como Desenvolver o Seu Potencial Empreendedor. Brasília: Edição SEBRAE, 1995. SAMARA, Beatriz Santos; Morsch, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Prentice Hall, 2005. SEIFFERT, Peter Quadros; Empreendendo novos negócios em corporações: estratégias, processo e melhores práticas. 2ª. Ed. – São Paulo – Atlas, 2008 On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2011) n. 6 p. 147 - 153