UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN CENTRO DE TECNOLOGIA-CT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA-DEE REDES INDUSTRIAIS ALUNO: Edercleyson Lopes da Silva DISCLIPLINA: Instrumentação Eletrônica PROFESSOR: Luciano Fontes Natal-RN, Junho de 2009. Redes industriais A estrutura da automação industrial baseia-se na pirâmide organizacional, conforme a Figura abaixo, em que são criadas ilhas restritas de informações. Essas ilhas de informações caracterizam-se por sistemas onde o hardware e o software utilizados são proprietários, isto é, na maioria das vezes são fornecidos por apenas um fabricante, fazendo com que o cliente fique vinculado a esse fornecedor. Esse tipo de solução causa enormes prejuízos às empresas, uma vez que a conectividade e a integração com outros equipamentos, que não os do próprio fornecedor, tornam-se muito complicadas e, muitas vezes, impossíveis de serem realizadas, seja pelo alto custo da solução ou por uma simples incompatibilidade técnica. A criação dos chamados "gargalos de informações" também é uma das complicações geradas por essa estrutura. Muitas vezes a informação necessária para uma total integração já existe na fábrica e o problema ocorre quando os diversos sistemas devem ser integrados. Uma tendência nos sistemas atuais é a integração destas ilhas de informação tanto a nível horizontal quanto vertical. Nesse sentido a utilização de Ethernet e um protocolo padrão como o TCP/IP facilita em muito a integração desses dados. Em função dos dispositivos conectados é possível dividir as redes industriais em três tipos, conforme acima: • Redes de Sensores ou Sensorbus - são redes apropriadas para interligar sensores e atuadores discretos tais como chaves limites (limit switches), contactores. São exemplos de rede Sensorbus: ASI, Seriplex, CAN e LonWorks. • Redes de Dispositivos ou Devicebus - são redes capazes de interligar dispositivos mais genéricos como CLPs, outras remotas de aquisição de dados e controle, conversores AC/DC, relés de medição inteligentes, drivers dos mais variados. Exemplos: Profibus-DP, DeviceNet, Interbus-S, SDS, LonWorks, CAN, ControlNet, ModbusPlus. • Redes de Instrumentação ou Fieldbus - São redes concebidas para integrar instrumentos analógicos no ambiente industrial, como transmissores de vazão, pressão, temperatura, válvulas de controle, entre outros instrumentos. Exemplos: Foundation Fieldbus-H1, HART e Profibus-PA. Em relação à faixa de aplicação, a ethernet possui a maior faixa das redes existentes, conforme pode ser observado na figura anterior. Em função disso, ela tende a ser cada vez mais utilizada em redes de campo. Embora a Ethernet não tenha sido desenvolvida para ser uma rede industrial, pela sua característica de ser não determinística no tempo, ela já possui padrões desenvolvidos para um ambiente industrial. HART Introdução O protocolo de comunicação HART® é mundialmente reconhecido como um padrão da indústria para comunicação de instrumentos de campo inteligentes 4-20mA, microprocessados. O uso dessa tecnologia vem crescendo rapidamente e hoje virtualmente todos os maiores fabricantes de instrumentação mundiais oferecem produtos dotados de comunicação HART®. O protocolo HART® permite a sobreposição do sinal de comunicação digital aos sinais analógicos de 4-20mA, sem interferência, na mesma fiação. O HART® proporciona alguns dos benefícios apontados pelo fieldbus, mantendo ainda a compatibilidade com a instrumentação analógica e aproveitando o conhecimento já dominado sobre os sistemas 4-20mA existentes. Comunicação Analógica + Digital Há vários anos, a comunicação de campo padrão usada pelos equipamentos de controle de processos tem sido o sinal analógico de corrente, o miliampére (mA). Na maioria das aplicações, esse sinal de corrente varia dentro da faixa de 4-20mA proporcionalmente à variável de processo representada. Virtualmente todos os sistemas de controle de processos de plantas usam esse padrão internacional para transmitir a informação da variável de processo. Comunicação Digital + Sinal Analógico Simultâneo O protocolo de comunicação de campo HART® estende o padrão 4-20mA ao permitir também a medição de processos de forma mais inteligente que a instrumentação de controle analógica, proporcionando um salto na evolução do controle de processos. O protocolo HART® promove uma significativa inovação na instrumentação de processos. As características dos instrumentos podem ser vistas via comunicação digital que são refletidas na denominação do protocolo, HART®, que significa “Highway Addressable Remote Transducer”. O Protocolo HART® possibilita a comunicação digital bidirecional em instrumentos de campo inteligentes sem interferir no sinal analógico de 4-20mA. Tanto o sinal analógico 4-20mA como o sinal digital de comunicação HART®, podem ser transmitidos simultaneamente na mesma fiação. A variável primária e a informação do sinal de controle podem ser transmitidos pelo 4- 20mA, se desejado, enquanto que as medições adicionais, parâmetros de processo, configuração do instrumento, calibração e as informações de diagnóstico são disponibilizadas na mesma fiação e ao mesmo tempo. Ao contrário das demais tecnologias de comunicação digitais “abertas” para instrumentação de processos, o HART® é compatível com os sistemas existentes. A Tecnologia HART® O Protocolo HART® usa o padrão Bell 202, de chaveamento por deslocamentos de frequência (FSK) para sobrepor os sinais de comunicação digital ao de 4-20mA. Por ser o sinal digital FSK simétrico em relação ao zero, não existe nível DC associado ao sinal e portanto ele não interfere no sinal de 4-20mA. A lógica “1” é representada por uma frequência de 1200Hz e a lógica “0” é representada por uma frequência de 2200Hz. Comunicação Digital + Sinal Analógico Simultâneo O HART usa a tecnologia FSK para codificar a informação digital de comunicação sobre o sinal de corrente 4 a 20 mA. O HART sobrepõe o sinal de comunicação digital ao sinal de corrente 4 a 20 mA. Flexibilidade de Aplicação O HART® é um protocolo do tipo mestre/escravo, o que significa que um instrumento de campo (escravo) somente “responde” quando “perguntado” por um mestre. Dois mestres (primário e secundário) podem se comunicar com um instrumento escravo em uma rede HART®. Os mestres secundários, como os terminais portáteis de configuração, podem ser conectados normalmente em qualquer ponto da rede e se comunicar com os instrumentos de campo sem provocar distúrbios na comunicação com o mestre primário. O mestre primário é tipicamente um SDCD (Sistema Digital de Controle Distribuído), um CLP (Controlador Lógico Programável), um controle central baseado em computador ou um sistema de monitoração. Uma instalação típica com dois mestres é mostrada na figura abaixo: O Protocolo HART permite que dois equipamentos Mestres acessem informação de um mesmo equipamento de campo (escravo). A topologia pode ser ponto a ponto ou multiponto. O protocolo permite o uso de até dois mestres. O mestre primário é um computador ou CLP ou multiplexador. O mestre secundário é geralmente representado por terminais hand-held de configuração e calibração, conforme a Figura anterior. Deve haver uma resistência de, no mínimo, 230 ohms entre a fonte de alimentação e o instrumento para a rede funcionar. O terminal hand-held deve ser inserido sempre entre o resistor e o dispositivo de campo.O resistor em série em geral já é parte integral de cartões de entrada de controladores single loop e cartões de entrada de remotas e, portanto, não necessita ser adicionado. Outros dispositivos de medição são inseridos em série no loop de corrente, o que causa uma queda de tensão em cada dispositivo. Para a ligação de dispositivos de saída a uma saída analógica, não é necessário um resistor de shunt. PROFIBUS (Process Field Bus) O PROFIBUS é um padrão aberto de rede de comunicação industrial, utilizado em um amplo espectro de aplicações em automação da manufatura, de processos e predial. Sua independência de fabricantes e sua padronização são garantidas pelas normas EN50170 e EN50254. Com o PROFIBUS, dispositivos de diferentes fabricantes podem comunicar-se sem a necessidade de qualquer adaptação na interface.O PROFIBUS pode ser usado tanto em aplicações com transmissão de dados em alta velocidade como em tarefas complexas e extensas de comunicação. Ele oferece diferentes protocolos de comunicação (Communication Profile): • DP PROFIBUS DP é uma rede (barramento) aberta, usada para várias aplicações em automação e processos de fabricação. Profibus-DP trabalha com dispositivos de campo como medidores de energia, dispositivos de proteção de motores, disjuntores e controle de iluminação. • FMS O PROFIBUS-FMS provê ao usuário uma ampla seleção de funções quando comparado com as outras variantes. Essa variante suporta a comunicação entre sistemas de automação, assim como a troca de dados entre equipamentos inteligentes, e é geralmente utilizada em nível de controle. Recentemente, pelo fato de ter como função primária a comunicação mestre-mestre (peer-to-peer), vem sendo substituída por aplicações em Ethernet. • PROFIBUS-PA O PROFIBUS PA é a solução PROFIBUS que atende os requisitos da automação de processos, onde se tem a conexão de sistemas de automação e sistemas de controle de processo com equipamentos de campo, tais como: transmissores de pressão, temperatura, conversores, posicionadores, etc. Pode ser usada em substituição ao padrão 4 a 20 mA. O PROFIBUS PA permite a medição e controle por uma linha a dois fios simples. Também permite alimentar os equipamentos de campo em áreas intrinsecamente seguras. O PROFIBUS PA permite a manutenção e a conexão/desconexão de equipamentos até mesmo durante a operação sem interferir em outras estações em áreas potencialmente explosivas e foi desenvolvido em cooperação com os usuários da Indústria de Controle e Processo, satisfazendo as exigências especiais dessa área de aplicação: O perfil original da aplicação para a automação do processo e interoperabilidade dos equipamentos de campo dos diferentes fabricantes. Adição e remoção de estações de barramentos mesmo em áreas intrinsecamente seguras sem influência para outras estações. Uma comunicação transparente através dos acopladores do segmento entre o barramento de automação do processo PROFIBUS PA e do barramento de automação industrial PROFIBUS-DP. Alimentação e transmissão de dados sobre o mesmo par de fios baseado na tecnologia IEC 61158-2. Uso em áreas potencialmente explosivas com blindagem explosiva tipo “intrinsecamente segura” ou “sem segurança intrínseca”. Foundation Fieldbus A rede Foundation Fieldbus (FF) é uma rede digital cuja padronização levou mais de dez anos para ser concluída. Existem duas redes FF, uma de baixa velocidade concebida para interligação de instrumentos (H1 - 31,25 kbps) e outra de alta velocidade utilizada para integração das demais redes e para a ligação de dispositivos de alta velocidade como CLPs (HSE - 100 Mpbs). A rede H1 possui velocidade de 31,25 kbps e proporciona grandes vantagens para substituir a instrumentação convencional de 4..20mA: Redução do cabeamento, painéis, borneiras, fontes de alimentação, Conversores e espaço na sala de controle; Alimentação do instrumento pelo mesmo cabo de sinal; Opções de segurança intrínseca; Grande capacidade de diagnóstico dos instrumentos; Suporte para asset management: capacidade de realizar funções de diagnóstico, configuração, calibração via rede permitindo minerar dados de instrumentação em tempo real. Estas funções irão permitir a implementação da manutenção proativa, centrando os recursos onde eles são mais necessários;