AS RELAÇÕES LEXICAIS E A CONSTRUÇÃO DE

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AS RELAÇÕES LEXICAIS E A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO(S) DE
GÊNEROS DO HUMOR: PARA UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA REFLEXIVA
José Wellisten Abreu de Souza (UFPB)
[email protected]
Mariana Lins Escarpinete (UFPB)
[email protected]
Mônica Mano Trindade Ferraz (UFPB)
[email protected]
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo apresentar as possibilidades de se trabalhar, a
partir da leitura de gêneros do discurso humorístico como crônicas e chistes (piadas), as
relações lexicais, precisamente a homonímia e a polissemia, visando à inserção de tal
prática no ensino da língua materna. Para tal, como aporte teórico, apresentam-se as
considerações, focando os aspectos semânticos entre os recursos responsáveis pela
elaboração de sentido(s) do texto humorístico, acerca da Indeterminação de Sentidos, a
partir das leituras de PINKAL (1995), RAVIN & LEACOCK (2000) e RASKIN (1985)
entre outros. Em sequência, apresenta-se a análise, demonstrando o uso de tais tópicos
semânticos na construção de sentido em dois dos diferentes gêneros do humor
supracitados. Justifica-se o corpus pelo fato de ambos, mesmo apresentando diferenças
em seus propósitos, estrutura e linguagem, serem textos em que se prevê alta frequência
destes processos semânticos, além do fato de que buscaremos propor atividades, por
meio das quais seja possível instrumentalizar o aluno visando à interpretação dos
sentidos permitidos pela construção de tais textos e a presença dos recursos semânticos
citados. Assim, busca-se mostrar o quanto as relações lexicais são responsáveis por
evidenciar as intenções de humor e a construção de sentidos contidas nos enunciados.
Como considerações finais, discutem-se as possibilidades de aplicação desses textos e
desse tipo de abordagem analítica reflexiva nas práticas escolares, em que propomos a
reflexão sobre o ensino de Língua, a partir das leituras de NEVES (2002),
MENDONÇA (2006) e ILARI e GERALDI (2006), com a finalidade de proporcionar
ao aprendiz a compreensão de que tais recursos semânticos são recursos essenciais na
constituição do sentido nos gêneros de humor trabalhados, assim como preconizam os
PCN/LP.
1. Gêneros do humor: Crônicas e Chistes.
A partir dos estudos estabelecidos por Raskin (1985) é que o humor começa a
ser objeto de estudo para a Linguística. Antes dele, o humor havia sido estudado em
outras áreas, como, por exemplo, a Psicologia e a Sociologia. Inclusive, a crítica feita
por este autor residia no fato de o humor ser um campo frequentado por inúmeros
estudiosos com pouco conhecimento sobre linguística e algum preconceito contra ela.
É, então, partindo desta preocupação, que Raskin chama a atenção sobre os
campos teóricos na Linguística nos quais o humor pode ser trabalhado. Considera que
as duas disciplinas mais importantes para o estudo do humor seriam a Semântica e a
Pragmática, lidando com conceitos tais como pressuposições, implicações e
implicaturas, atos de fala, inferências, estratégias conversacionais e mundos possíveis.
O supracitado autor apresenta uma teoria semântica do humor baseada em
scripts, feixes estruturados e formalizados de informação semântica inter-relacionada.
Propõe duas hipóteses para caracterizar o texto humorístico:
a) O texto é compatível, em todo ou em partes, com dois scripts diferentes.
b) Os dois scripts com os quais o texto é compatível são opostos em um sentido
especial.
Além disso, o autor distingue dois modos de comunicação: o confiável e o nãoconfiável. O primeiro está comprometido com a verdade factual dos enunciados e com a
transmissão de informações relevantes. O segundo está ligado à piada. Dessa forma,
estabelecem-se as seguintes condições para que um texto seja humorístico:
a) O modo de comunicação confiável mudar para o modo não-confiável;
b) O texto ser intencionalmente humorístico;
c) Os dois scripts serem parcialmente sobrepostos e compatíveis com o texto;
d) Haver relação de oposição entre os dois scripts;
e) Gatilho, óbvio ou implícito, ser o responsável pela mudança de um script para o
outro.
De maneira sintética, Raskin propõe que o humor verbal seja visto como um
texto, o que requer que se busque descobrir um conjunto de propriedades linguísticas
tais que qualquer texto que as apresente será engraçado (pelo menos para alguém) e
todo texto engraçado terá tais propriedades.
Travaglia, em seu artigo intitulado Homonímia, Mundos Textuais e Humor,
remete ao seu trabalho de 1990 no qual o autor registra o interesse da Linguística (por
extensão, dos linguistas brasileiros) nos textos de humor. Ele propõe uma abordagem
histórica, antropológica, sociológica e psicológica para tais textos, imputando
contribuições de outros campos da linguística (que não haviam sido considerados por
Raskin), a saber: Sociolinguística, Análise da Conversação, Linguística Textual e
Análise do Discurso. Travaglia acredita que as propriedades linguísticas seriam
necessárias para que um texto fosse humorístico (assim como Raskin), mas
provavelmente não suficientes, porque há, além do texto, toda uma situação que se toma
como humorística e que cria também condições necessárias à existência do humor, para
que se veja algo como objeto de riso e não, por exemplo, como objeto de pena ou
revolta.
Outro autor que merece destaque é Possenti, pela sua dedicação ao estudo do
humor, através de análises linguísticas de piadas e, consequentemente, pela sua
contribuição na área. Possenti (1991) afirma ser o humor um campo de interesse para a
linguística, no sentido de que é uma área onde se pode fazer boa pesquisa fonéticofonológica, morfológica, sintática, semântica, sociolinguística e até de pragmática
discursiva.
Tendo contextualizado, mesmo que de modo breve, as possibilidades de
estudos linguísticos em textos de humor, passaremos ao tratamento dos gêneros crônica
e chiste ou piada, que são o objeto a ser explorado neste artigo.
A crônica, como sabemos, é um dos gêneros textuais híbridos, pois congrega
caraterísticas que lhe confere versatilidade, justamente pelo seu suporte, ou seja, o
jornal, ao qual está atrelada desde seu surgimento.
As crônicas são histórias curtas, que tratam do cotidiano das pessoas e da
realidade nacional, além de serem de fácil assimilação para o público leitor. Assim
como afirma NÉLO em seu artigo intitulado Cultura e implícitos do brasileiro em
crônicas de cotidiano, acreditamos que a crônica se configura como um espaço de
representação dos fenômenos cotidianos, na verdade, “este gênero é quase um registro
Historiográfico do olhar aguçado do cronista que passa a flagrar a cidade, os costumes e
os usos do povo brasileiro, e revela ao seu leitor os casos mais inusitados por meio de
suas interpretações sensíveis” (p.4-5), para o caso das crônicas humorísticas, é
necessário acrescentar boas doses de humor.
Fazendo nossas as palavras de GOTTARDI (2007), “Na verdade, a
ambiguidade da crônica é mais radical, não reside apenas na matéria, mas é marca do
gênero em si mesmo” (p.7). Este é um gênero carregado de opinião/argumentação de
quem o produz e, por se tratar de um “espelho” do cotidiano, é preciso destacar sua
efemeridade, haja vista considerarmos que alguns assuntos são esquecidos pelo
imaginário popular. Logo, uma crônica de humor será construída a partir da associação
de cenas em que a realidade cotidiana encontrar-se-á com as análises irônicas dos
cronistas e, para que sua interpretação/compreensão seja alcançada, faz-se mister o
conhecimento de mundo do leitor para lidar com determinado assunto, o qual seja tema
de uma crônica qualquer.
Dissemos que a crônica é um gênero híbrido, e isso se deve ao fato de ela
aglutinar vários objetivos, tais como: fazer comentários políticos; narrar fatos sociais,
algumas vezes com informalidade; se aproximar, não raras vezes do lirismo; contar
piadas, informar, polemizar, divertir etc., ao mesmo tempo em que se apropria de
características de outros gêneros como o conto, a charge, a piada etc.
Em síntese, a crônica, palavra cuja raiz grega é Chronos, que significa tempo,
possui, desde sua origem, relação com o tempo, do qual o cronista retira as cenas, ou
seja, a matéria prima principal de sua escrita, deixando expresso seu ponto de vista, no
caso da crônica humorística, apresentando uma visão cômica dos fatos.
Os chistes ou piadas, por sua vez, trazem em seu interior marcas ideológicas,
históricas e sociais que contribuem para a compreensão do seu sentido global.
Diferente dos demais textos, na piada, a coerência se dá pela oposição, por
aquilo que está implícito. A forma truncada que provoca a ambiguidade, isto é, a
polissemia e a homonímia, é o que garante tal fenômeno e provoca o efeito de coerência
próprio desse tipo de texto. Outro fato importante é considerar que o leitor possua
algum tipo de conhecimento prévio do tema ou dos fatos narrados na piada, pois, às
vezes, são feitas alusões a fatos históricos, a acontecimentos sociais ou a personagens de
forma implícita, comparativa e julgadora, e o riso só será provocado se o leitor souber
do que se trata, caso contrário, a piada não terá nenhum sentido para ele.
De acordo com Possenti (2010):
Em primeiro lugar, só há piadas, isto é, a humanidade só faz piadas
(chistes, anedotas, caricaturas, humor em geral) sobre temas
controversos, ou seja, temas sobre os quais há uma razoável pletora
de discursos, cada um deles enfocando o tema de um ângulo ou
posição diferente (o que gera a controvérsia). Em outras palavras,
não há piadas sobre temas que não interessem a ninguém, ou que só
interessem a poucos, e sobre temas sobre os quais há um único
discurso, um único ponto de vista corrente. Sirvam como exemplos
óbvios as piadas sobre sexo, poder, raças ou etnias, instituições etc.,
que sempre põem em circulação e em oposição pelo menos dois
discursos: o “correto” e o um outro que é de alguma forma reprimido
ou proibido, “incorreto”. (p. 12).
Ainda de acordo com o referido autor, “as piadas são textos proporcionalmente
complexos, em especial se for considerada sua típica brevidade (...), sobretudo pelo seu
modo de funcionamento linguístico, sempre com fortes ingredientes de implicitude, de
ambiguidade e de apelos intertextuais” (2010; 14).
Para compreender qualquer piada, é necessário ao leitor “mover-se” de certa
forma no texto, já que as piadas, como dito anteriormente, operam com ambiguidades,
sentidos indiretos, implícitos. Assim, pode-se notar o quanto existe de atividade na
produção da leitura de textos de humor, pois o leitor não é mero receptor de
informações do autor. Cabe ao leitor fazer operações epilinguísticas, além de
conhecimentos sobre a língua, sobre comportamento linguístico que se espera de um
sujeito em determinada situação, sobre o contexto em que se produziu o texto.
Outro detalhe importante destacado por Possenti (2010) é sobre a polifonia das
piadas. Podemos apreender que:
Sabe-se que as técnicas humorísticas fundamentais consistem em
permitir a descoberta de outro sentido, de preferência inesperado,
frequentemente distante daquele que é expresso em primeiro plano e
que, até o desfecho da piada, parece ser o único possível. Como, em
geral, as piadas são textos breves, frequentemente pequenas
histórias, nada indicaria que se trata de textos que favoreçam, a
encenação de um processo “polifônico”. No entanto, é isso que as
caracteriza. Na verdade, decorre em grande medida dessa
característica (a brevidade) uma outra, mais fundamental, a surpresa,
provocada pela emergência do “segundo” sentido em um texto que
tudo levaria a crer que tem um só. (p. 61). [grifos nossos]
Na próxima seção, nos debruçaremos a analisar o efetivo papel das relações
lexicais nos textos de humor. Será importante perceber que todo o caminho de análise,
bem como as propostas de atividade compõem nosso objetivo, seja ele a promoção de
atividades pedagógicas reflexivas em sala de aula de língua materna por meio do
trabalho com os gêneros crônica e chiste. Logo, chamaremos a atenção – além de outros
fatores – para a riqueza linguística do humor em tais gêneros, visando sustentar a nossa
proposta que versa sobre a inserção de textos humorísticos no ensino de língua
portuguesa.
2. O papel das relações lexicais nos textos de humor: proposta de atividades.
O corpus analisado é composto por 02 crônicas, uma de Luís Fernando
Veríssimo e outra do colunista José Simão; e 03 piadas de domínio público.
Como propusemos desde a introdução, nosso objetivo é observar o papel das
relações lexicais nos gêneros de humor em tela. Dessas relações, selecionamos a
ambiguidade lexical, que se realiza por dois processos: a homonímia e a polissemia.
O problema que aqui se coloca é como identificar, dentro da ambiguidade, tais
processos. Pinkal (1995), em uma perspectiva linguística, apresenta um teste através do
qual se verifica se na mesma sentença o termo ambíguo pode ser retomado com um
sentido diferente daquele que já fora assumido. Como exemplo a esse primeiro teste,
denominado como teste da identidade, há as seguintes sentenças:
(a) Ana estava no banco e Maria também.
(b) Ana gosta da UFPB e Maria da USP.
Em (a), não há possibilidade de se fazer referência, simultaneamente, aos dois
sentidos de banco: “assento” e “instituição financeira”, aplicando cada um deles a uma
parte da sentença. As leituras possíveis para essa sentença são: “Se Ana estava em
alguma instituição financeira, Maria também estava”; ou “Se Ana estava em um
assento, Maria também estava”. Portanto, a mesma precisificação deve ser retomada, e
quando há essa necessidade, trata-se de um caso de homonímia.
Ao contrário, em (b), não há necessidade de se retomar a mesma precisificação,
pois uma leitura possível é: “Ana gosta do prédio da UFPB e Maria gosta da instituição
USP”. Quando há essa possibilidade de na mesma sentença se retomar outra
precisificação além da inicialmente assumida, está caracterizada a polissemia.
Um segundo teste, baseado na lógica tradicional (Quine, 1960) e também
retomado em Pinkal (1995), é denominado de teste das condições de verdade. Trata-se
de verificar se há uma sobreposição dos valores Verdadeiro e Falso e se isso impõe a
escolha de um dos sentidos do termo para que se desfaça essa sobreposição:
(c) Ana viu o banco.
(d) Maria conheceu a Universidade.
Em (c), em qualquer situação real a sentença será V e F. Se a situação é Ana ter
visto o prédio do BB, a sentença é verdadeira na interpretação de banco como
instituição financeira e é falsa na interpretação de banco como assento. No caso de Ana
ter visto um assento, a sentença será verdadeira quando essa for a definição tomada e
falsa, quando se interpretar banco como instituição financeira. Isso implica que se faça
uma escolha por um dos sentidos para que a sentença tenha um só valor: verdadeiro ou
falso. Essa necessidade de desambiguização é própria da homonímia, o que não faz
parte dos casos de polissemia.
Em (d), Maria pode ter conhecido tanto o prédio quanto os professores ou a
instituição, mas nessa perspectiva da semântica de condições de verdade não se exige a
opção por apenas um dos sentidos do termo ambíguo, pois eles não são incompatíveis.
O que apontamos aqui como o terceiro e último teste é, na verdade, buscar um
sentido de base comum aos termos. Trata-se da concepção mais tradicional de
polissemia, que julga um termo polissêmico, quando há um sentido de base comum a
todos os outros e classifica um termo como homônimo, quando esse sentido comum é
inexistente.
Assim, para o termo universidade há um sentido base que seria “algo relativo
a ensino superior” e as especificações: “prédio”, “instituição”, “conjunto de
faculdades”, “corpo docente” etc. Entretanto, para os dois sentidos de banco:
“instituição financeira” e “assento”, não há um possível sentido comum.
Portanto, os testes comprovam que a ambiguidade de banco é um caso de
homonímia, enquanto a de universidade trata-se de polissemia.
Os textos humorísticos podem se constituir de diversos recursos, situados nos
variados níveis linguísticos: fonológico, lexical, morfológico, sintático etc. Em função
do recorte proposto neste trabalho, apresentaremos alguns exemplos, cuja constituição
do sentido perpassa pela exploração da ambiguidade lexical, seja esta a homonímia ou a
polissemia.
Crônicas:
Crônica 1:
PAI NÃO ENTENDE NADA
- Um biquíni novo?
- É, pai.
- Você comprou no ano passado!
- Não serve mais, pai. Eu cresci.
- Como não serve? No ano passado você tinha 14 anos, este ano tem 15. Não cresceu tanto
assim.
- Não serve, pai.
- Está bem. Toma o dinheiro. Compra um biquíni maior.
- Maior não, pai. Menor.
Aquele pai, também, não entendia nada.
O melhor das comédias da vida privada
(Luís Fernando Veríssimo)
Fonte: http://alessandrolima.blogspot.com/2008/02/pai-no-entende-nada.html
A proposta de atividade reflexiva que imaginamos deve estar pautada na ideia
de Análise Linguística. Consideramos que promover aulas reflexivas cujo objetivo seja
construir, juntamente com os alunos, o conhecimento sobre a língua a partir dos textos,
não só vai ao encontro dos propósitos estabelecidos pelos PCN, como também
instrumentaliza o aluno para ler e escrever melhor. Ele estará, por meio de tais
atividades, apto a perceber como o uso da língua pode gerar efeitos de sentido
diferentes, como também estará apto a produzir melhores textos. Assim como
MENDONÇA (2006), consideramos a Análise Linguística o caminho pelo qual a língua
pode ser ensinada, considerando tanto aspectos formais quanto uma alternativa
complementar às práticas de leitura e produção de texto, dado que possibilita a reflexão
consciente sobre fenômenos gramaticais, porém contextualizando-os como fenômenos
textuais/discursivos, ou seja, a tão almejada epilinguagem nos exercícios e aulas de
língua portuguesa.
Portanto, caberá ao professor, juntamente com seus alunos, observar o que gera
o humor nesta crônica. É importante observar que quando a filha diz: “– Não serve
mais, pai. Eu cresci”, aí habita a ambiguidade, uma vez que o pai entende que o biquíni
novo que a filha quer se dá pelo fato de o antigo não servir mais por estar pequeno dado
ao fato de a filha ter crescido. No entanto, o que a filha quis realmente falar foi que ela
precisa de um biquíni novo, haja vista o outro não servir por estar fora de moda e ao
afirmar Eu cresci, ela não quer dizer fiquei mais velha (perceba que o pai também não
entende como poderia ser isso, uma vez que a filha só havia passado de 14 para 15
anos), mas sim estava mais madura, mais mulher, motivo suficiente para precisar
comprar um biquíni novo, menor (leia-se, mais ousado). O humor se dá pela polissemia
dos termos serve e cresci, que são compreendidos de maneiras diferentes pelos
personagens. Tratamos o caso por polissemia pelo fato de os dois sentidos não
parecerem incompatíveis, uma vez que no Dicionário Houaiss, por exemplo, haver um
sentido para servir que diz: “10. Ser (pessoa ou coisa) adequada às necessidades de
(alguém ou algo) (...) 13. Ser útil”, interpretação que se aproxima da leitura feita pelo
pai. Logo mais a frente, um outro sentido que diz: “14. Adequar-se ao corpo de
(alguém) ou à finalidade para que foi criado” (p.2559), interpretação dada pela filha,
portanto, as duas palavras estão lexicalizadas na mesma entrada. O mesmo se aplica a
crescer. Tomando por base o mesmo dicionário, há um sentido que diz: “2. Aumentar,
de modo progressivo, a dimensão física (altura, estatura ...)”, sentido que se aproxima à
interpretação do pai, e, mais a frente, temos: “7. Mudar, em diferentes graus e
momentos, para um estado mais amadurecido e independente” (p. 867), motivo que faz
com a filha queira um novo biquíni. O professor que levar esta crônica ou outra para sua
sala de aula deverá colaborar para que os alunos construam essa interpretação. O
conhecimento de mundo dos alunos também precisa ser ativado, pois é possível pensar
que, quando uma moça completa seus 15 anos, na verdade, em termos culturais, definese o divisor de águas da infância para a ideia de maturidade.
Crônica 2.
É hoje! Bueirock in Rio!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E o Momento Econômico? Ops, Tormento Econômico! E o dólar disparando? O Rock in Rio já
pagou o cachê da Rihanna? Deve ter dobrado de ontem pra hoje! Rarará!
Aliás, sabe o que ia fazer o maior sucesso no Rock in Rio? Os Bueiros Voadores! Dança de rua
com
tampa
de
bueiro!
Espetáculo
pirotécnico:
Bueirock
in
Rio!
E não se faz mais pop star como antigamente: ninguém ainda quebrou um quarto de hotel,
ninguém se atirou pelado na piscina.
Agora é: Rihanna toma caipirinha em Ipanema, Rihanna sobe no Pão de Açúcar, Katy
Perry chupa pirulito, Elton John toma overdose de mingau e se atira na hidro da suíte.
Vocalista do Metallica cheira farinha láctea e atira bengala no fotógrafo. Eu vou dar os meus
ingressos pra minha avó!
E o dólar a R$ 1,80? Como diz uma amiga minha: "Viajar ficou mais longe!". Dólar a
R$ 1,80! Miami ficou mais longe! Toda vez que o dólar sobe, o mundo fica mais longe!
E aquela camisa que eu comprei na Espanha, no cartão? Quando eu tirei da mala, já tinha
dobrado de preço! Rarará! E sabe o que o dólar falou pro real? VALEU!
E avisa pro Mantega que eu sei como baixar o dólar! Atrela o dólar ao Flamengo. Cai
rapidinho! Rarará! O câmbio está hidramático!
E a Bolsa? As Vuittons continuam caindo! A volta do TUM TUM TUM! O que é TUM?
A
Bolsa
caindo.
E
TUM
TUM
TUM?
Três
acionistas
desmaiando!
E um amigo meu perdeu tudo na Bolsa, vendeu o apartamento e foi morar na casa da sogra.
Mas por que justo na casa da sogra que ele tanto odeia? Porque pra quem tá morrendo
afogado jacaré é tronco!
E toda vez que a Bolsa desaba, a televisão mostra a mesma cena: um monte de
desesperado com a mão na testa. E gritando no celular: "Mãe, sabe aquele meu quartinho?
Não desativa que eu to voltando".
E adorei aquele prefeito do interior de São Paulo: "Prometo PARALELIPEIDAR a
cidade". E a manchete do Piauí Herald: "ONU reconhecerá que Roberto Justus é lindo".
Rarará!
E não disse que o Elton John tava a cara da Vovó Mafalda?
E continuo com a gripe Anderson Silva: te derruba e te deixa mais quebrado que arroz
de terceira. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
(José Simão)
Fonte: Folha de S. Paulo, 24 de setembro de 2011.
Torna-se notório que os efeitos de humor das crônicas de José Simão (a partir
do exemplar acima citado) requerem um conhecimento de mundo extremamente ativo,
haja vista o cronista visar estabelecer com seu leitor uma espécie de contrato para que,
apenas com a colaboração de um leitor consciente e sabedor dos últimos fatos do
cotidiano, o riso se estabeleça.
De acordo com França (2006):
(...) o humor escrachado, deselegante, de um Stanislaw Ponte Preta e
o de um José Simão não guardam qualquer lirismo e,
consequentemente, qualquer compaixão, o que lhes impede uma
visão benevolente do ser humano bem como a reflexão filosófica
decorrente de tal visão. Em suma, (...) a crônica cômica, escrachada,
sintetiza um rebaixamento maior, pois não há nela qualquer
consideração filosófica que a eleve: a vida e a visão que desta se tem
permanecem ao rés do chão. Sem qualquer demérito. (p. 83).
As relações lexicais presentes nesta crônica estão marcadas na ambiguidade
(por homonímia) dos seguintes trechos:
a) E o dólar a R$ 1,80? Como diz uma amiga minha: "Viajar ficou mais longe!";
b) E a Bolsa? As Vuittons continuam caindo!;
c) Dentre outros.
Em a, quando o autor fala que Viajar ficou mais longe precisamos acionar duas
possíveis entradas de longe: longe1 que se relaciona com a noção espacial o que não
parece ser possível, haja vista Miami estar (em relação ao Brasil) sempre no mesmo
lugar; longe2 que se relaciona com uma noção temporal, permitida graças ao fato de,
estando o dólar mais caro em relação ao real, uma possível viagem para os EUA ficar,
obviamente mais cara, por extensão, dever ficar para um momento futuro em que os
preços estejam mais acessíveis. Para o trecho b, a ambiguidade recai na palavra bolsa. O
leitor pode/deve fazer duas leituras: bolsa1 que se aproxima da bolsa de valores onde se
dá a alta do dólar e bolsa2 acessório feminino, recuperável pela presença da famosa
marca de bolsas Vuittons.
Caso particular está presente em Vocalista do Metallica cheira farinha láctea.
Neste caso, o humor reside nas duas possíveis leituras de farinha presentes no trecho
cheira farinha láctea. Cheirar farinha (cocaína) que um roqueiro à moda antiga
costumava fazer e o cheirar farinha láctea do roqueiro atual, que não tem mais aquele
espirito rebelde criticado pelo cronista que, mais a frente conclui: Eu vou dar os meus
ingressos pra minha avó! Este processo de humor se dá por ambiguidade metafórica,
haja vista a farinha (gíria para cocaína) e farinha láctea (um farináceo) possuírem a
mesma textura, ou seja, uma similitude que o cronista se apropria para dar o toque
(escrachado) de humor.
O professor, ao trabalhar essa crônica, dada sua complexidade e, como já fora
dito, necessidade de preenchimento dos espaços (por meio do conhecimento de mundo)
também não pode deixar de explorar o trabalho morfológico que o José Simão se vale
na empreitada humorística de sua crônica. Por exemplo, no título Bueirock in Rio fica
claro o jogo de palavras entre o evento Rock in Rio e o terrível caso de explosões de
bueiros da concessionária Light (empresa fornecedora de energia elétrica do Rio de
Janeiro) mesmo local do evento. O cronista se apropria do radical bueir- da palavra
bueiro, une-o a palavra rock da expressão Rock in Rio e deixa, além de sua crítica
implícita (por que um show tão caro como esse num momento econômico tão ruim ao
mesmo tempo em que os bueiros malconservados andam explodindo pondo em risco os
cidadãos do Rio de Janeiro, ou seja, não haveria problemas mais importantes?), tanto
que, José Simão conclui: Os Bueiros Voadores! Dança de rua com tampa de bueiro!
Espetáculo pirotécnico: Bueirock in Rio! Outra construção parecida e que merece
destaque está presente em: E o Momento Econômico? Ops, Tormento Econômico! As
palavras momento e tormento foram colocadas no mesmo patamar, haja vista o
momento econômico estar tão conturbado que merece a alcunha de tormento econômico.
Mais uma vez consideramos ser um caso de trabalho morfológico (bem feito, diga-se de
passagem), visando ao humor, visto que as palavras momento e tormento possuem a
mesma terminação (-ento), fato aproveitado pelo autor, dada a coincidência fônica, para,
ironicamente, deixar sua crítica bem humorada.
Passemos, agora, ao trabalho com os chistes ou piadas.
Piadas:
a) Rubens Barrichello é um ás no volante.
Segundo Ilari (2004), há “casos em que a cadeia falada é possível de
segmentações alternativas, orientando a segmentação relevante em função do contexto”
(p. 13). Como podemos perceber, por questões fonético/fonológicas poderíamos
entender este enunciado da piada a de duas maneiras, a saber:
1)
Rubens Barrichello é um ás, ou seja, um indivíduo que se destaca numa classe,
profissão ou esporte; ou ainda.
2)
Rubens Barrichello é um as(no) volante
Segundo Travaglia, em seu artigo Homonímia, Mundos Textuais e Humor,
“pode-se dizer que ocorre homonímia quando dois signos (palavras, expressões, frases
etc.) têm em seus significantes fonias idênticas (ou semelhantes, se preferirmos lembrar
que duas fonias nunca são exatamente iguais” (p 3).
Dentre os tipos de homonímia apresentados por Travaglia, para o caso da piada
a, temos:
Palavra/sequência: o que acontece aqui é que uma palavra é homônima de uma
sequência, ou seja, a palavra é percebida pelo usuário da língua como podendo ser
recortada, equivalendo a uma série de palavras (p. 4).
b)
Numa festa o secretário do presidente fila um cigarro. O presidente comenta: Não sabia que você fumava. - Eu fumo, mas não trago. - Pois devia trazer.
O humor nessa piada constrói-se a partir da coincidência (proposital na
construção do texto chistoso) entre as duas formas verbais que provêm de verbos
distintos: tragar e trazer. A forma trago (presente do indicativo) provém do verbo
regular tragar e é do mesmo campo semântico de fumar e cigarro; mas o presidente
compreende trago como o presente do verbo irregular trazer e censura o secretário por
ser fumante e não estar portando cigarros ou, talvez, querer fumar os cigarros do outro e
não os próprios. Seria mais coerente o interlocutor compreender a forma trago com a
possibilidade de estabelecer uma relação com a ação de fumar, haja vista sabermos que
as pessoas que fumam têm o hábito de tragar.
O que provoca o riso é a relação de homonímia entre as duas formas verbais,
fato mais relevante do que a possibilidade de o presidente não censurar o secretário pelo
vício de fumar. Segundo Travaglia, esse tipo de homonímia é aquele gerado pela
presença de “palavras idênticas: o que temos são duas palavras homófonas e/ou
homógrafas que através de uma só fonia podem ativar dois significados/sentidos
diferentes”, em outras palavras, o engraçado nesta piada é a interpretação ambígua do
presidente que confunde os dois verbos e por ele repreender seu funcionário por não
estar portando cigarros, ao invés de repreendê-lo por ser fumante.
c)
Piada de loira: A loira, sem compreender muito bem, volta ao consultório e
diz: Doutor, eu não entendi muito bem, é... libra ou sagitário? E ele: é câncer!
A semântica lexical pode analisar a piada c pelo fenômeno da homonímia. Isso
porque a palavra câncer, um único significante, apresenta mais de um significado. Com
este chiste, podemos desprender as seguintes significações: câncer, correspondendo a
uma doença, e câncer correspondendo a um signo do zodíaco. A loira da piada,
desconsiderando o local de seu enunciado, atribui a câncer o significado de signo do
zodíaco, entretanto, o médico e a situação do que é dito não afirmam o mesmo sentido.
Dessa forma o mal entendido causado pela presença da homonímia gera humor (negro,
é bem verdade).
Sobre a homonímia é importante considerar, de acordo com Travaglia:
Embora o funcionamento básico seja sempre o mesmo, a homonímia
parece apresentar três modos distintos de atuar na constituição do
texto e na produção do efeito humorístico. No primeiro deles, levando
em conta a situação de interação em curso entre os personagens da
piada, a homonímia leva a/permite uma leitura equivocada por um dos
personagens da fala do outro. (...) É comum que só o receptor da piada
perceba a leitura equivocada. (...) Às vezes não há propriamente um
equívoco, mas o texto é construído como se um dos personagens
ignorasse o contexto e a área do conhecimento de mundo em que o
discurso está centrado e, então, diz algo ou responde uma pergunta
tomando um sentido do homônimo e não o outro que seria pertinente
na interação e com o qual o interlocutor o empregou. (...) No segundo
modo a homonímia também leva a/permite uma leitura equivocada,
mas agora apenas pelo leitor/ouvinte da piada. Este vai rir quando
perceber a outra possibilidade de leitura. (...) Finalmente, temos os
casos em que o humor surge não de leituras equivocadas, mas da
simples mistura de dois mundos textuais ativados pela homonímia e
cuja percepção pelo receptor do texto é móvel do humor. (...) Às vezes
tem-se a aproximação explícita dos dois homônimos no mesmo texto
criando o efeito humorístico. (p. 7-8).
A contribuição da homonímia é para o referido autor:
(...) a homonímia, enquanto recurso linguístico (associada ou não a
outros elementos do texto) funciona, nos textos humorísticos, como
gatilho que permite e faz a mudança de um mundo textual para outro e
como faz isto: pela possibilidade de ativação de conhecimentos de
mundo diferentes que resultarão em mundos textuais distintos e
opostos em algum sentido e que são ambos compatíveis com o texto
tal como ele está constituído. (p. 8-9).
Nossa proposta de uma prática pedagógica reflexiva nasce justamente da
intenção de apresentarmos os conteúdos sem remeter à metalinguagem da Gramática
Tradicional, e que, infelizmente, desemboca no fracasso de nossas aulas de Português.
Faz-se necessária a quebra com o paradigma tradicional de ensino de língua por meio de
memorização de receitas ou afins. Uma aula de gramática que apresente atividades que
associem conhecimentos de cunho morfológico ou sintático não desconsiderando a
interpretação de sentidos, isto é, o viés semântico, parece ser, há tempos, a maneira mais
eficaz para a compreensão da língua em seus vários contextos. Cabe ao professor
reconhecer e refazer os elos, sejam linguísticos (que afetam a coesão), ou contextuaispragmáticos (que afetam a coerência), orientando o estudante para que os problemas
possam ser sanados.
Em síntese, se é que é possível sintetizar, a discussão sobre novas práticas
quanto ao ensino de gramática/língua em sala de aula é muito maior, a literatura sobre
tal assunto é muito ampla e não teremos como dar conta em um único artigo, porém, a
priori, traçar metas que instrumentalizem nossos alunos por meio de conhecimentos
linguísticos como o papel das relações lexicais, tomando como referencia os textos (de
humor) como unidade mínima, tendo por foco a língua em seus reais contextos de uso,
configura-se como o caminho mais seguro para que haja uma real instrumentalização de
nossos alunos assim como preconizam os PCN/LP.
CONCLUSÕES
O texto de humor apresenta, assim como o texto literário, uma característica
digna de realce: a importância da ambiguidade. Em um texto científico, ou mesmo
informativo, evitam-se ao máximo noções e palavras ambíguas, enquanto os textos
literários ou de humor se privilegiam de tirar proveito de tal “defeito”. O humor permite
que se diga uma coisa, mas que se possam entender duas (quem sabe até mais?) a
respeito dela. Deste modo, a ambiguidade lexical é bem-vinda neste tipo de texto.
Assim como fora exposto, as relações lexicais nos textos de humor são
recursos semânticos que fornecem informações e, ao mesmo tempo, funcionam como
instrumentos de argumentação, conferindo humor a tais textos. Acreditamos que, por
meio da análise (seção 3), foi possível demonstrar tanto nas crônicas como nas piadas a
utilização de tais recursos linguísticos.
Primeiramente, o discurso do humor deveria ter um espaço maior no discurso
de sala de aula em razão de seu caráter lúdico e ideológico. As piadas, em particular,
são um sintoma das doenças sociais, operam com estereótipos, veiculam discursos
proibidos. Considerando que linguagem é interação, um modo de ação social, um lugar
de conflitos e de controle ideológico, elas se constituem numa fonte inesgotável e, por
que não, irresistível, tanto para a demonstração quanto para a compreensão dos
mecanismos e das ideologias que se utilizam do discurso humorístico para serem
veiculados.
Além disso, são textos interessantes, verdadeiros laboratórios para demonstrar
a relevância dos fatores linguísticos convivendo com a sua insuficiência, isto é, não dá
para imaginar que exista uma linguística do humor, o que seria mais ou menos como
imaginar que os humoristas, em especial, e todos os produtores de chistes, decidissem
só construir textos humorísticos que explorassem determinado aspecto de determinada
língua ou da linguagem. Como isso não ocorre, a conclusão é que os recursos
linguísticos mobilizados nos textos de humor são exatamente os mesmos empregados
no falar cotidiano, na escrita em geral e na literatura (Possenti). Logo, as piadas são
engraçadas pelo que querem significar em um contexto mais amplo de enunciação,
entendida como ato de produção do enunciado.
Ao tentarmos explicar o papel do professor ao se valer de tal procedimento
focando o ensino, temos que nos valer do apresentado por ILARI E GERALDI, a saber:
(...) precisamos esquecer as classificações morfossintáticas
tradicionais e fixar nossa atenção nas condições de uso; [isso
demonstrará] que há interesse em contar com categorias descritivas
que dizem respeito menos à sintaxe ou ao conteúdo objetivo das
frases, e mais ao seu possível uso na interação dos locutores. (ILARI
& GERALDI, 2006; 80) [grifos nossos].
Portanto, dominar os recursos linguísticos de uma língua não somente auxilia o
produtor do discurso como também o leitor, pois lhe permite fazer uma leitura crítica do
texto, propiciando que ele acompanhe o seu desenvolvimento e se desvencilhe de
eventuais simulacros discursivos.
Através deste trabalho, tentamos demonstrar, entre outras coisas, que é possível
o ensino eficiente de língua portuguesa a partir do estudo dos gêneros textuais, que
representam o uso da língua em situações concretas de interação social.
Em síntese, é necessária uma mudança de perspectiva: inquietava-nos, no
momento anterior ao início do trabalho, o fato de ser senso comum que os alunos, sejam
do Ensino Médio, sejam do Ensino Fundamental (por que não dizer no Ensino
Superior?) não utilizam ou fazem inadequadamente a apropriação dos recursos
linguísticos da língua portuguesa nos textos que produzem. Diante de tal problemática,
consideramos que uma intervenção pedagógica sistematizada com os gêneros de humor,
precisamente as crônicas e as piadas (por exemplo), por meio da Análise Linguística,
fará com que os alunos passem a utilizar e compreender/interpretar as relações lexicais
e, em função disso, se relacionem melhor (leiam e escrevam) com outros gêneros, em
outras palavras, sejam instrumentalizados para o efetivo uso da língua portuguesa.
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