a assistência da enfermagem ao paciente na recuperação pós

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A ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM AO PACIENTE NA
RECUPERAÇÃO PÓS ANESTÉSICA (RPA)
A NURSING PATIENT CARE IN RECOVERY POS ANESTHETIC (RPA)
Patricia Suave Oliveira 1
Regina Célia Diniz Werner 2
Thatiany de Oliveira Gomes ³
RESUMO
Este estudo teve como objetivo identificar, na literatura nacional, a produção
científica sobre a assistência da enfermagem ao paciente na recuperação dos pós
anestésico, destacando os principais aspectos abordados. Trata-se de um estudo
qualitativo e bibliográfico. Para alcançar o objetivo proposto optou-se por estudo
bibliográfico nas bases de dados LILACS e SCIELO, com levantamento de artigos
de 1998 a 2012. Os diagnósticos encontrados no pós-operatório imediato foram os
que estão relacionados à segurança e a proteção do paciente, repouso e controle da
dor, e no pós-operatório mediato, os diagnósticos envolvendo a atividade e o
repouso, seguidos da segurança, proteção e orientação para o paciente e familiares
no pós-alta. Observou-se que os diagnósticos de enfermagem propiciam a
elaboração de um plano de cuidados, que contemplam necessidades emocionais,
físicas e biológicas, do paciente, assim, o cuidado se torna mais individualizado e
sistemático.
Palavras-Chave:
Assistência
de
enfermagem.
Recuperação pós-anestésica.
Período pós-operatório
ABSTRACT
1
Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Centro Cirúrgico do Centro
Universitário São Camilo-ES – Unidade Vitória. E-mail < [email protected]>.
2
Enfermeira. Mestre em Saúde Coletiva. Professora e Orientadora do Centro Universitário São
Camilo-ES, Unidade Vitória-ES. E-mail < [email protected]>.
³ Estudante. Aluna do Curso de Graduação Superior em Enfermagem da Faculdade Integradas
Espírito-Santenses Vitória-ES. E-mail < [email protected]>.
2
This study aimed to identify in national literature the scientific production on nursing
care to patients in the recovery of post anesthetic, highlighting the main points raised.
It is a qualitative and bibliographic study. To achieve the proposed objective we
chose to study literature in LILACS and SCIELO databases, with lifting articles from
1998 to 2012. The diagnosis found in the immediate postoperative period were those
related to security and patient protection, home and pain control, and in the
immediate postoperative diagnoses involving the activity and rest, followed by
security, protection and guidance to the patient and family in the post-discharge. It
was observed that the nursing diagnoses provide the elaboration of a plan of care,
which include emotional, physical and biological needs of the patient, so the care
becomes more individualized and systematic.
Key words: Nursing care. Post-anesthetic recovery. Postoperative period.
INTRODUÇÃO
A enfermagem para Passos (2012) é uma profissão essencial nos serviços de
saúde, que utiliza não só conhecimentos específicos ou relacionados à área de
saúde, mas também que integra e aplica conhecimentos derivados de outras áreas,
como as ciências sociais, comportamentais, naturais e humanas. Sendo assim, esse
artigo traz para discussão a assistência da enfermagem ao paciente na recuperação
pós-anestésica, e sua atuação na sala de recuperação pós-anestésica, onde os
pacientes ainda estão sob anestesia ou recuperando-se da anestesia.
O centro de recuperação pós-anestésico, citada nesse estudo como sala de
recuperação anestésica, é o local destinado ao atendimento intensivo do paciente,
no período que vai desde sua saída da Sala de Operação até a recuperação da
consciência, eliminação de anestésicos e estabilização dos sinais vitais. Os autores
apontam como objetivos e vantagens do Centro de Recuperação Pós-Anestésico a
prevenção e detecção precoce das possíveis complicações pós anestésicas e póscirúrgicas, feitas pela a assistência de enfermagem especializada a pacientes
submetidos a diferentes tipos de anestesias e cirurgias, maior segurança ao
paciente (PRADO et al., 1998).
Para o sucesso na recuperação pós-anestésica é fundamental para o enfermeiro
o conhecimento sobre os anestésicos usados e seus efeitos, bem como o período
3
de duração da anestesia, como dados para subsidiar sua avaliação para a
mobilização do paciente. Além disso, os autores acreditam que seja necessário
conhecer as características do ato cirúrgico, o que só será possível pela interação
multiprofissional.
Sendo necessário os requisitos ambientais indispensáveis ao centro de
recuperação são segundo Prado et al., (1998, p.123):
localização próxima ao centro cirúrgico, temperatura, ventilação e
iluminação adequadas, piso refratário à condutibilidade elétrica, facilidades
de limpeza, suficiente espaço, não devendo sua área ser inferior a 25
metros quadrados, os leitos devem estar dispostos de tal forma que os
pacientes possam ser vistos de qualquer ângulo do recinto, portas amplas
que permitam a entrada de aparelhos transportáveis como RX, aparelho de
anestesia, aspiradores, fonte de oxigênio permanente, estantes e armários
amplos para depósito de medicamentos, materiais cirúrgicos e aparelhos.
Dos autores pesquisados, é evidenciado a importância na atuação da
enfermagem na SRA, a necessidade de implementar um plano assistencial
adequado, para não acarretar ao aumentando dos índices de complicações no
período pós-operatório e por consequência o aumento também nos casos de
reintegração do paciente. Por isso a equipe de enfermagem, precisa da consciência
sobre a importância de se promover um atendimento mais humanizado ao paciente
favorecendo a ele uma melhor pós-cirurgia.
Objetivo
Descrever a assistência da enfermagem aos pacientes que estão em
recuperação pós-anestésica, apontando suas responsabilidades na recuperação
anestésica e apresentando os principais diagnósticos de enfermagem no pósoperatório.
Metodologia
A metodologia da pesquisa entende-se como um processo formal e sistemático
que objetiva descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos que permite conhecer a realidade social embasada na
construção de teorias e leis (GIL, 2008).
4
Ainda de acordo com Gil (2008, p. 50),
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase
todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há
pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.
Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas
bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a
partir da técnica de análise de conteúdo.
O presente artigo trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, que buscou
analisar a assistência da enfermagem ao paciente na recuperação pós anestésica,
através de fontes consultadas para a sua elaboração em livros, artigos, periódicos
científicos, teses, dissertações e resumos em congresso com relato de experiência
respaldado em documentos publicados entre os anos de 1998 a 2012, encontrados
nas bases de dados da LILACS e SCIELO e em bibliotecas.
Foi realizada uma consulta a artigos da área, além de sites relativos ao objeto de
estudo, para a construção de uma análise ampla da literatura que possibilita
conclusões gerais a partir de uma particular área de estudo.
Sendo de importância ressaltar que o levantamento bibliográfico dentro das
bases de dados LILACS e SCIELO, possibilitou a recuperação de artigos publicados
nos anos de 1998 a 2012. Essas publicações, independentemente de suas datas,
apresentam de forma explícita o problema, os objetivos e a metodologia de
pesquisa, sendo esses os requisitos mínimos para a elaboração de seus estudos.
As palavras-chave utilizadas para a busca foram: Assistência de enfermagem,
Recuperação pós-anestésica e Período pós-operatório
Após pesquisa foi encontrado um total de 18 artigos, dos quais 12 foram
selecionados para análise. Os artigos foram previamente selecionados através da
leitura de seus títulos e posteriormente foi realizada uma leitura critica e analítica no
intuito de selecionar os melhores artigos que se correlacionavam com o objetivo
desse trabalho.
DESENVOLVIMENTO
SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA
5
Constatado a complexidade dos procedimentos clínico-cirúrgicos e diagnósticos
realizados sob anestesia e da indicação de internações em regime ambulatorial, o
pesquisador Belo (2000), tornou-se imprescindível a existência de um espaço
estruturado onde os clientes possam ser cuidados observados no pós anestésicocirúrgico imediato. No Brasil, a obrigatoriedade da SRPA por Decreto Federal foi
estabelecida em 1993 (Resolução CFM nº 1363/93), apesar de já fazer parte das
previsões das Unidades Cirúrgicas desde 1977 (BELO, 2000).
A sala de recuperação pós-anestésica – (SRPA) segundo Bensenor (2009) deve
ser em um local próximo ao centro cirúrgico ou, idealmente dentro dele. Essa
aproximação tem como objetivo facilitar o transporte de pacientes para unidade, bem
como
seu
rápido
retorno
à
sala
cirúrgica
em
caso
de
necessidade.
Preferencialmente, na SRPA não devem existir paredes divisórias, a fim de permitir a
observação de todos os leitos a partir de um ponto específico.
Tal característica permitirá, assim, a redução de custos com o número de
membros da unidade. Biombos ou cortinas para separação de um leito do corpo
central do ambiente devem estar disponíveis para uso nos casos de atendimento
com exigência de privacidade ou durante emergências. Caso as necessidades
exijam e existam recursos disponíveis, um ou dois leitos isolados para atendimento
de pacientes específicos podem ser incluídos (BENSENOR, 2009).
Para Moraes e Peniche (2003), a Sala de recuperação anestésica - (SRA) deve
ter condições mínimas para o atendimento aos clientes. Onde é importante para sua
dinâmica de funcionamento e para uma assistência de enfermagem efetiva.
Recomendam a elaboração de um impresso a ser utilizado na SRA com os
seguintes parâmetros: dados do paciente no pré-operatório, doenças pregressas,
cirurgia e anestesia realizadas, controles desde a admissão do paciente na SRA até
sua alta, incisão cirúrgica, drenos, sondas, infusões e cateteres, espaço reservado
para anotações diversas e intercorrências.
Bensenor (2009) afirma que não existe padronização quanto ao tempo mínimo
adequado
de
permanência
na
unidade
de
recuperação
pós-anestésica,
especialmente quando se leva em consideração a vasta profusão de técnicas
anestésicas e de procedimentos cirúrgicos realizados. Assim, bom-senso e
avaliação individual devem prevalecer, visando ao restabelecimento de condições
médicas – sobretudo prevenindo os riscos de depressão do sistema nervoso central
e respiratório – que permitam a alta para a unidade de origem.
6
O número necessário de enfermeiros e auxiliares relaciona-se diretamente à
complexidade e às necessidades específicas dos casos recebidos:
pacientes que necessitam de cuidados com maior grau de dificuldade (por
exemplo, obesos mórbidos) ou de maior atenção (por exemplo, crianças)
exigem uma equipe de enfermagem mais numerosa. Especificamente ao
lidar com crianças e pacientes que necessitam de atenção específica (por
exemplo, portares de síndrome de Down e distúrbios afetivos), a estrutura
da unidade deve permitir acesso do acompanhante tão logo o paciente seja
admitido. Tal procedimento será benéfico tanto ao paciente e aos familiares
como à própria unidade (BENSENOR, 2009, p.344).
As afirmações acima reforçam que é nesse aspecto, que o trabalho da equipe
de enfermagem é crucial, pois, na verdade, os enfermeiros e auxiliares de
enfermagem, em maior número, monitorarão os pacientes em busca de condições
de alta e solicitarão ao anestesiologista responsável pela unidade a avaliação,
quando necessária.
O CUIDADO DA ENFERMAGEM AO PACIENTE CIRÚRGICO PÓS-ANESTÉSICO
E A HUMANIZAÇÃO
As metas do tratamento de enfermagem para o paciente na RPA segundo
Passos (2012) consistem em fornecer o cuidado até que o paciente tenha se
recuperado dos efeitos da anestesia (ex., até a retomada das funções motora e
sensorial), esteja orientado, apresente sinais vitais estáveis e não mostre evidências
de hemorragia nem outras complicações. O cuidado de enfermagem deve focalizar a
monitoração e manutenção dos estados respiratórios, circulatório, hidroeletrolítico e
neurológico, bem como o controle da dor.
O enfermeiro que atua na SRPA deve possuir conhecimentos e habilidades
altamente qualificadas para atender pacientes advindos de diferentes cirurgias, de
complexidades
variadas
e
que
necessitam
de
cuidados
específicos
e
individualizados. Por isso, este profissional deve planejar o cuidado, com o objetivo
de recuperar o equilíbrio fisiológico do paciente, com o mínimo de complicações,
além de individualizar o cuidado e identificar os diagnósticos de enfermagem, a fim
de facilitar o andamento da assistência e oferecer qualidade no serviço prestado
(SOUZA; CARVALHO; PALDINO, 2012).
A enfermagem perioperatória inclui os períodos pré-operatório, intra-operatório e
pós-operatório, cabendo ao enfermeiro elaborar o levantamento de dados; coletar,
organizar e priorizar as informações, estabelecendo o diagnóstico de enfermagem
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para desenvolver e implementar um plano de cuidados de enfermagem ao paciente
em sua experiência cirúrgica.
Na fase pós-operatória imediata, o foco dessa pesquisa, os cuidados são em
torno dos sinais vitais e efeito dos procedimentos realizados. Logo, os cuidados são
focados em, segundo Gonçalves et al., (2011, p. 28), “promover a orientação para a
recuperação do paciente e a retomada de suas atividades rotineiras”. Onde observase a recuperação do paciente em pós-anestésico e em pós-estresse cirúrgico, essa
fase é marcada pela instabilidade do quadro clínico do paciente, sendo repleto de
particularidades, principalmente por tratar-se de uma fase de cuidado crítico
(DUARTE et al., 2012).
Nesta fase, o enfermeiro acompanha a transferência do paciente para a
unidade de cuidados pós-anestésicos, relatando todo o procedimento realizado à
equipe, como tipo de cirurgia, anestésico utilizado, resposta do paciente ao
procedimento cirúrgico e à anestesia, utilização de drenos, sondas e outros
medicamentos, limitações físicas, nível de consciência, comunicação à presença da
família e outras pessoas significativas (SMELTZER, 2005).
A utilização dos conhecimentos técnico-científicos pela equipe de Enfermagem
e a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) sobressaem com
fundamental importância aos cuidados do paciente nestas três etapas, objetivando
um cuidado individualizado e um restabelecimento mais rápido.
O planejamento dos cuidados de enfermagem é feito de acordo com as
necessidades individuais dos pacientes e as características específicas de cada
procedimento cirúrgico e anestésico. Portanto, sistematizar a assistência significa
individualizar, humanizar e respaldar as ações de enfermagem.
Os principais procedimentos realizados na recuperação anestésica segundo
Alexandre (2008, p.21) são:
Receber e identificar o paciente;
Verificar a saturação de oxigênio e a permeabilidade de vias aéreas
superiores, adotarem manobras necessárias para sua manutenção e
administrar oxigenioterapia se houver necessidade;
Verificar sinais vitais (PA, R, P, T), com periodicidade de 15 minutos na
primeira hora, 30 e 30 minutos por duas horas e depois de hora em hora. A
temperatura uma vez de 4 em 4 horas e quanto for necessário;
Manter a cabeça lateralizada em posição levemente inferior ao corpo para
evitar aspiração de secreção em caso de vômitos;
Restringir o paciente se for necessário;
Manter o paciente aquecido;
Verificar nível de consciência e reflexos;
8
Observar conexão de drenos e sondas, controle do funcionamento e
tipo,aspecto e quantidade da drenagem;
Controlar eliminação vesical (quantidade, coloração);
Controlar perfusão venosa e gotejamento de soluções medicamentosas;
Observar sinais
e sintomas de choque
(sudorese
intensa,
hipotensão,palidez);
Administrar medicamentos (principalmente os analgésicos) conforme
prescrição medica;
Avaliar condições do curativo;
Avaliar a força e as respostas musculares;
Verificar condições e coloração da pele;
Escore numérico (índice de Aldrette) se for usado;
Registrar os procedimentos realizados com relação à cirurgia e anestesia;
Registrar todos os procedimentos, intercorrências e recomendações de
cuidados especiais;
Encaminhar rotina relativa à alta do paciente;
Após a recuperação da consciência, informar ao paciente o término da
cirurgia, atendendo às suas solicitações;
Dar informação aos familiares durante toda a permanência do paciente na
SRPA.
No entanto Alexandre (2008) afirma que o planejamento da assistência é de
suma importância na recuperação do paciente e na prevenção de complicações pósoperatórias. E o enfermeiro responsável deve sistematizar o registro das
informações mantendo vínculo ativo com os profissionais da saúde, além de
oferecer à equipe de enfermagem condições para atuar junto ao cliente de maneira
efetiva, planejada e segura.
Neste sentido, a importância da humanização com o paciente em sua
individualidade está pautada de forma a fortalecer o trabalho em equipe
multiprofissional, estimulando a transdisciplinaridade no meio em que todos estão
inseridos. Uma vez que, a humanização deve fazer parte da filosofia da
enfermagem, humanizar caracteriza-se em colocar a cabeça e o coração na tarefa a
ser desenvolvida, entregar-se de maneira sincera e leal ao outro e saber ouvir com
ciência e paciência as palavras e os silêncios (BEDIN; RIBEIRO; BARRETO, 2005).
Trazendo, com isto, a valorização do ser humano perante as situações não tão
desejáveis como uma cirurgia cardíaca, dando-lhe autonomia e segurança,
identificando suas necessidades para melhor trabalhá-las, estabelecendo vínculo de
companheirismo e a confiança na equipe que o acompanha.
ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM NA RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA
São consideradas como metas da enfermagem que atua no tratamento do
paciente na RPA, fornecer o cuidado até que o paciente tenha se recuperado dos
9
efeitos da anestesia (ex., até a retomada das funções motora e sensorial), esteja
orientado, apresente sinais vitais estáveis e não mostre evidências de hemorragia
nem outras complicações. O cuidado de enfermagem deve focalizar a monitoração e
manutenção dos estados respiratórios, circulatório, hidroeletrolítico e neurológico,
bem como o controle da dor (PASSOS, 2012).
Os autores Popov e Peniche (2008), sinalizam que a RPA é um local destinado a
receber pacientes em pós-operatório imediato e submetido às anestesias geral e/ou
loco regionais, onde se faz necessário cuidados intensivos até a recuperação da
consciência, dos reflexos e estabilidade nos sinais vitais do paciente. Por isso a
necessidade da atuação de profissionais especializados, como a enfermagem, para
darem suporte a prevenção e que consiga detectar rapidamente as necessidades e
cuidados específicos desses pacientes. Assim, a equipe de enfermagem, segundo
os autores, deve ter sempre como foco principal a segurança do paciente.
O Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (1988) afirma
que com relação aos recursos humanos, a RPA é um setor onde se faz necessário
profissionais de enfermagem com formação específica para atender aos objetivos do
atendimento, ou seja, cuidados intensivos ou semi-intensivos.
Assim, o enfermeiro do setor de RPA deve constantemente observar, avaliar e
aplicar ações permanentes como descritas por Passos (2012).
Quanto a dor aguda, cabe ao enfermeiro,
Observar idade, peso, condições médicas/psicológicas coexistindo,
sensibilidade a analgésicos e curso intra-operatório;
• Aplicar técnicas complementares para alívio da dor, como relaxamento e
distração;
• Observar a presença de ansiedade/medo, e relacioná-los com a natureza
e o preparo para o procedimento;
• Avaliar os sinais vitais, observando taquicardia, hipertensão e aumento da
respiração, mesmo se o paciente nega a dor (PASSOS, 2012, p.18).
Quanto ao padrão respiratório ineficaz se faz necessário,
• Manter as vias aéreas do paciente desobstruídas pela elevação da
cabeça, hiperextensão da mandíbula, cânula orofaríngea; • Auscultar os
sons respiratórios;
• Observar frequência e a profundidade respiratórias, expansão do tórax,
uso de músculos acessórios, retração ou dilatação das narinas, cor da pele;
observar o fluxo de ar;
• Monitorar os sinais vitais continuamente (PASSOS, 2012, p.18).
Quanto ao débito Cardíaco diminuído relacionado ao choque ou hemorragia é
preciso sempre:
10
• Avaliar a pressão arterial e a frequência cardíaca, comparando com os
resultados pré-operatórios;
• Avaliar a coloração e a umidade da pele;
• Avaliar os pulsos periféricos e o tempo de enchimento capilar,
principalmente em cirurgias vasculares e ortopédicas;
• Monitorizar/registrar arritmias cardíacas;
• Realizar controle hídrico (PASSOS, 2012, p.18).
Quanto ao risco de desequilíbrio da temperatura corporal relacionado ao
ambiente cirúrgico e agentes anestésicos o enfermeiro deve:
• Monitorar a temperatura do paciente e do ambiente;
• Comunicar valores de temperatura axilar abaixo de 35ºC;
• Aquecer o paciente com cobertores ou mantas térmicas, quando
necessário;
• Substituir roupas molhadas por secas;
• Evitar descobrir os pacientes sem necessidade (PASSOS, 2012, p.18).
Por fim, referente ao risco para Infecção relacionado á procedimentos invasivos
e exposição ao ambiente.
• Assegurar o manuseio asséptico dos acessos intravenosos;
• Utilizar técnicas assépticas no cuidado da ferida operatória;
• Verificar esterilidade de todos os itens manufaturados;
• Avaliar sinais de infecção/sinais flogísticos (dor, calor, edema);
• Examinar a pele quanto a lesões ou irritações, sinais de infecção;
• Aplicar curativos estéreis (PASSOS, 2012, p.18).
É importante salientar que no período pós-operatório, a dor aguda é uma queixa
frequente, embora exista a expectativa de que este sintoma desapareça após a cura
da lesão, mas pode ser decorrente, além da incisão cirúrgica, de estímulos de
terminações nervosas por substâncias químicas, da perfusão tecidual diminuída
provocada também pelos traumas, de infecção óssea, de espasmo muscular, de
processos inflamatórios e de agitação no pós-operatório imediato (SOBECC, 2009;
SMELTZER et al., 2012).
Segundo Rocha, Maia e Silva (2006) sugere que os diagnósticos estão
interligados e as intervenções se repetem, sendo assim as intervenções também
estão interligadas, então, a autora conclui que:
[...] as ligações são apenas guias, pois a enfermeira precisa estar sempre
avaliando a situação tanto para ajustar aos diagnósticos as intervenções
como os resultados a fim de adaptá-los à realidade de cada paciente. As
ligações, portanto, não são prescritivas e não substituem o julgamento
clínico da enfermeira (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006, p.325).
Após essas afirmações, fica compreendido que é de extrema necessidade que o
enfermeiro esteja preparado para conduzir essas ações por um cuidado pós-
11
anestésico sistematizado, garantindo ao paciente uma redução de morbidade e
mortalidade bem como atuará na diminuição do período de hospitalização.
PRINCIPAIS RESULTADOS
Após analise dos estudos dos autores selecionados, foi possível evidenciar que
que no período pós-operatório, a dor aguda é uma queixa frequente (SOBECC,
2009; SMELTZER et al., 2012) e que os diagnósticos estão interligados e as
intervenções se repetem (ROCHA; MAIA; SILVA, 2006).
Ficou evidenciado também que o Enfermeiro precisa estar capacitado,
atualizado e conhecedor desta temática para que sua prática seja devidamente
embasada em conhecimentos técnicos e científicos, para um cuidado e uma
assistência de enfermagem sistematizadas no pré, trans e pós cirúrgico, com
atenção especial ao cuidado pós-anestésico garantindo qualidade no atendimento
prestado e segurança ao paciente sob sua responsabilidade.
Destaca-se também a importância da humanização no cuidado do paciente e de
sua individualidade fortalecendo o trabalho em equipe multiprofissional e
estimulando a transdisciplinaridade entendendo que a humanização deve fazer parte
da filosofia da enfermagem (BEDIN; RIBEIRO; BARRETO, 2005).
No Quadro 1, é apresentado algumas das descrições da assistência da
enfermagem aos pacientes que estão em recuperação pós-anestésica, apontando
suas responsabilidades na recuperação anestésica e apresentando os principais
diagnósticos de enfermagem no pós-operatório.
Autores
Responsabilidades da Enfermagem na
Principais diagnósticos de
Recuperação Anestésica
Enfermagem no pósoperatório
Alexandre
(2008)
Verificar a saturação de oxigênio e a
permeabilidade de vias aéreas superiores,
adotarem manobras necessárias para sua
manutenção e administrar oxigenioterapia
se houver necessidade;
Não aborda a temática.
Popov e
Peniche
(2009)
Rotina (R) que define o conjunto de ações
que englobam monitorização cardíaca e
dos sinais vitais, manutenção da
segurança, isto é, grades elevadas e
faixas de segurança, observação relativa
Não aborda a temática.
12
à dor, além de avaliações constantes do
estado físico e emocional do paciente;
colocação de máscara de oxigênio (O2);
colocação de manta térmica (MT);
medicações (M); passagem de sonda
vesical de alívio (SVA); hidratação (H);
realização de curativos (C); exames
complementares (EC); lavagem e troca de
sonda vesical de demora (LTSVD);
observação (O); e transfusão sanguínea
(TS).
Passos
(2012)
As metas do tratamento de enfermagem
para o paciente na RPA consistem em
fornecer o cuidado até que o paciente
tenha se recuperado dos efeitos da
anestesia (ex., até a retomada das
funções motora e sensorial), esteja
orientado, apresente sinais vitais estáveis
e não mostre evidências de hemorragia
nem outras complicações. O cuidado de
enfermagem deve focalizar a monitoração
e manutenção dos estados respiratórios,
circulatório, hidroeletrolítico e neurológico,
bem como o controle da dor.
A principal meta no período
pós-operatório
imediato
consiste
em
manter
a
ventilação pulmonar e, dessa
maneira, evitar a hipoxemia
(oxigênio
reduzido
no
sangue) e a hipercapnia
(excesso de dióxido de
carbono no sangue). Além de
verificar
as
prescrições
médicas e a execução da
administração de oxigênio
suplementar, a enfermeira
avalia a frequência e a
profundidade respiratória, a
facilidade das respirações, a
saturação de oxigênio e os
sons respiratórios.
Duarte et al. Monitorização hemodinâmica do paciente,
(2012)
e para a ventilação. Verificar as
drenagens. Tudo de forma horária, ficando
à beira do leito, sempre pronto para
atender qualquer intercorrência. Você vai
ficar com o paciente, observando a
recuperação dele, de forma a passar o
efeito anestésico, tendo todo cuidado, que
no pós-operatório imediato é mais
apurado
Os profissionais da equipe de
enfermagem são os que
compõem esta equipe em
maior número e em tempo
integral e prestam assistência
direta ao paciente visando
minimizar
possíveis
complicações, tais como
alterações
nos
níveis
pressóricos,
arritmias
e
isquemias, além de manter o
equilíbrio
dos
sistemas
orgânicos, o alívio da dor e
do desconforto.
Souza;
Carvalho
Paldino
(2012)
Deve planejar o cuidado, com o objetivo
e de recuperar o equilíbrio fisiológico do
paciente, com o mínimo de complicações,
além de individualizar o cuidado e
identificar
os
diagnósticos
de
enfermagem, a fim de facilitar o
andamento da assistência e oferecer
qualidade no serviço prestado.
Não aborda a temática.
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QUADRO 1 – RESULTADOS ENCONTRADOS NOS ESTUDOS ANALISADOS QUANTO AS
RESPONSABILIDADES DO ENFERMEIRO NA RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E OS PRINCIPAIS
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar esta pesquisa foi possível descrever a assistência da enfermagem
aos pacientes que estão em recuperação pós-anestésica, apontando suas
responsabilidades na recuperação anestésica e apresentando os principais
diagnósticos de enfermagem no pós-operatório.
Após a análise dos artigos e livros foi possível verificar que os diagnósticos de
enfermagem no pós-anestésico, envolvem os saberes e fazeres voltados para o
cuidado às pessoas; como também envolve uma sistematização da prática,
proporcionando a percepção, a interpretação e a antecipação das respostas
individuais às alterações de saúde do paciente nos pós cirúrgicos apoiados na
humanização desse atendimento.
A identificação do diagnóstico de enfermagem em pacientes no pós-anestésico
envolve todo um direcionamento do cuidado e da assistência desse profissional, por
possibilitar um prévio reconhecimento das reais necessidades do paciente. Pois tem
como principal objetivo prestar aos pacientes todos os cuidados necessários após o
término do procedimento cirúrgico, enfatizando a estabilização dos sinais vitais, na
recuperação de seus reflexos.
Diante do exposto sobre a assistência de enfermagem na recuperação pósanestésica, pode-se ressaltar que a assistência que a enfermagem presta ao
paciente que se encontra no período pós-anestésico é de grande importância e
responsabilidade desses profissionais pois corresponde ao período em que o
paciente se recupera da anestesia e demonstra suas reações e necessidades póscirúrgica e anestésica, que influenciam diretamente em seu quadro de recuperação.
É valido citar que com a modernização da anestesia, nasce uma demanda por
um cuidado pós-anestésico sistematizado. E ao mesmo tempo, surge uma grande
utilização de tecnologia, o que possibilitou a avaliação do paciente em pósoperatório imediato com maior precisão e rapidez. Por isso a necessidade de se ter
profissionais da enfermagem qualificados e preparados de forma científica e técnica
para lidar com esse novo cenário hospitalar. Prestando assim, uma assistência
eficaz e segura aos pacientes em RPA e ao mesmo tempo, conseguindo
14
acompanhar as constantes mudanças tecnológicas, econômicas e culturais do seu
campo profissional.
REFERÊNCIAS
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de Recuperação Pós-Anestésica. 2008. 39 p. Monografia. (Especialização em
Condutas de Enfermagem ao Paciente Crítico) - Universidade do Extremo Sul
Catarinense – Unesc. Centro Educacional São Camilo – Sul. Criciúma, 2008.
Disponível em: < http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000042/000042B5.
pdf>. Acesso em: 09 maio 2016.
BEDIN, E.; RIBEIRO, L. B. M.; BARRETO, R. A. P. S. S. Humanização da
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