VERIFICAÇÃO ESTATÍSTICA E ANÁLISE DE PARÂMETROS METEOROLÓGICOS RELACIONADOS À PREVISÃO DE NÉVOA E NEVOEIRO NA COSTA DO RIO DE JANEIRO. Rachel Giglio Peterson1 Thaís Muratori de Alencastro Graça Correia2 Flavia Rodrigues Pinheiro 3 ABSTRACT In this work the inherent parameters to the fog occurrence and mist will be analyzed, as its formation processes, waste and definition. For this, they will be used graphs and statistical data since December of 2002 until April of 2004 of the Flat Island coastal station and the Santos Dumont and Galeão aerodromes. Parameters will be investigated as the cloud covering, in that it says respect to the ceiling, direction (component) and the local intensity, air temperature, dew point temperature and SST, in order to analyze of the influence of these parameters in these phenomena formation, and in the forecast quality. Analyzing the data, it is observed that the such phenomena formation, normally is given with continental winds component, of weak intensity, with depression of the few point and relatively small difference between temperature of air and TSM, or either, the relative humidity is high. The ceiling if kept equal in the cases of fog and mist with maritime component, however for continental component it was lesser in the fog days, of that in the mist days. The relative humidity to the long one of the hours, in one day that has fog occurrence, is [email protected] Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – IGEO/CCMN/Campus do fundão/UFRJ/Rio 1 de Janeiro/RJ, CEP 21945-970- (21) 97312087. 2 [email protected], Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), Av Maracanã, 229/Rio de Janeiro/RJ, CEP 20271-110- (21) 96378245 3 [email protected], Centro de Hidrografia da Marinha (CHM) -R. Barão de Jaceguai s/n – Niterói -RJ – CEP: 24048- 900- (21) 91079604 FAX (21) 26202744 1 extremely changeable. Key words: fog, mist and relative humidity RESUMO Neste trabalho serão analisados os parâmetros inerentes à ocorrência de nevoeiro e névoa úmida, como seus processos de formação, dissipação e definição. Para isso, serão usados gráficos e dados estatísticos desde dezembro de 2002 até abril de 2004 das estações costeiras da Ilha Rasa e dos aeródromos Santos Dumont e Galeão. Serão investigados parâmetros como a cobertura de nuvens, no que diz respeito ao teto, direção (componente) e intensidade do vento local, temperatura do ar, temperatura do ponto de orvalho e TSM, a fim de analisar a da influência desses parâmetros nos processos de formação desses fenômenos e na qualidade da previsão. Analisando os dados, observa-se que a formação de tais fenômenos, normalmente se dá com ventos de componente continental, de intensidade fraca, com depressão do ponto de orvalho e diferença entre temperatura do ar e TSM relativamente pequenas, ou seja, a umidade relativa é alta. O teto se manteve igual nos casos de nevoeiro e névoa úmida com componente marítima, porém para componente continental foi menor nos dias de nevoeiro, do que nos dias de névoa úmida. A umidade relativa ao longo das horas, num dia que haja ocorrência de nevoeiro, é extremamente variável. Palavras-chave: nevoeiro, névoa úmida e umidade relativa INTRODUÇÃO A névoa úmida se caracteriza pela suspensão na atmosfera, de microscópicas gotículas d’água ou de partículas higroscópicas úmidas, reduzindo a visibilidade à superfície. Nos códigos internacionais empregados para as mensagens de observações, o termo névoa úmida é usado quando ocorre uma redução na visibilidade horizontal à superfície a menos de 1 km, e apresenta umidade relativa alta sempre maior que 80%, porém menor que 100%. Quando uma massa de ar sofre resfriamento à superfície, nevoeiros podem ser formados. O nevoeiro é um tipo de nuvem estratiforme que se forma na superfície, ou muito próxima a ela, 2 afetando seriamente a visibilidade. Trata-se de uma nuvem estratiforme de base muito baixa, com gotículas d’água em suspensão na atmosfera. Existe uma preocupação por parte dos órgãos gerenciadores dos meios de transportes aéreos, marítimos e rodoviários, a fim de evitar acidentes causados por eventos de nevoeiro. A previsão de teto de nuvens e visibilidade próximo à superfície representa um grande desafio para os serviços operacionais de previsão do tempo. A segurança de tráfego aéreo e a eficiência operacional dependem muito da exata e pontual previsão das condições atmosféricas. As condições de teto e visibilidade podem reduzir demasiadamente a eficiência dos terminais aéreos, restringindo as condições de fluxo e tráfego nos maiores terminais aeronáuticos, causando atrasos nos vôos. Nos últimos anos têm sido feito esforços para melhorar a previsão de teto e visibilidade nos aeródromos. Infelizmente, os modelos operacionais no país não são capazes de fornecer previsões precisas, a curto prazo. A falta de exatidão nessas previsões é o resultado de vários fatores, tais como: A carência de uma maior densidade de redes de observações que possam fornecer informações mais detalhadas (de fluxos radiativos, estabilidade vertical da atmosfera, gradiente horizontal de umidade, etc). Uma maior densidade observacional poderá ser associada a um plano de assimilação de dados de mesoescala para criação de condições iniciais exatas, a fim de melhor representar as condições meteorológicas na camada limite; Um entendimento completo dos processos físicos associados a fenômenos de nevoeiro, o que ainda não foi alcançado. CARACTERÍSTICAS DOS NEVOEIROS Definição Pode-se definir um nevoeiro como sendo uma camada de nuvem estratiforme que ocorre na superfície ou muito próximo a ela. Nuvens estratiformes ocorrem nas partes mais baixas da atmosfera, quando há uma inversão térmica bem desenvolvida ou numa camada aproximadamente isotérmica. Se o ar localizado nos níveis mais baixos for suficientemente úmido, uma camada estratiforme irá se formar, com topo à altura da base da inversão. Para que a formação se dê como nevoeiro, a base da inversão deve estar próxima à superfície. Uma inversão térmica de superfície ou muito próxima a ela, geralmente ocorre devido ao resfriamento em níveis mais baixos, uma característica de massas de ar que são originariamente mais quentes do que a superfície sobre a qual ela está passando ou está em repouso. 3 Processos de formação e dissipação O nevoeiro tem sua evolução dividida em três fases: formação, evolução e dissipação. Para que haja formação de nevoeiros é preciso que o ar à superfície esteja saturado, que durante à noite não haja nebulosidade, que os ventos estejam relativamente fracos e que a temperatura do ponto de orvalho esteja alta, podendo assim, se igualar à temperatura local, ou que haja uma precipitação leve que venha saturar a camada limite da atmosfera. O horário de início do processo de formação é extremamente sensível às condições iniciais. A presença de nuvens durante a noite pode retardar o início do nevoeiro. A distribuição vertical de água líquida, o resfriamento radiativo e a taxa de condensação têm papel importante no desenvolvimento dos nevoeiros. Nevoeiros são geralmente considerados fenômenos passivos, já que sua formação depende inteiramente de parâmetros como a temperatura, umidade, cobertura de nuvens e das condições da superfície. Porém, quando se formam, tornam-se extremamente dinâmicos. Sua dissipação depende do seu tipo, mas, em geral, é dada através do aquecimento local, do aumento da intensidade do vento, das mudanças das massas de ar, da precipitação e do aumento da temperatura da superfície do mar (TSM). Normalmente, o nevoeiro inicia seu processo de dissipação pelas bordas. A radiação solar penetra no nevoeiro e aquece a superfície. Isso causa um aumento da temperatura do ar que faz com que algumas gotículas do nevoeiro se evaporem. Por sua vez, isso faz com que cada vez mais radiação solar atinja a superfície e o processo de evaporação acelere até que o nevoeiro “levante”, ou seja, até que ele desapareça completamente. Se a camada de nevoeiro for suficientemente espessa, a dissipação pode não se dar completamente e formar-se o chamado nevoeiro alto - uma camada de nuvens estratos que cobre a região. Classificação A classificação de nevoeiros deve levar em consideração seu processo de formação. Do ponto de vista físico, podem ser formados por um resfriamento da temperatura do ar à temperatura do ponto de orvalho ou por adição de vapor d’água até que a temperatura do ponto de orvalho se iguale à temperatura do ar. A classificação considera dois tipos principais. São eles: (A) Nevoeiros formados por diminuição de temperatura de uma massa de ar (com exceção de um) e; 4 (B) Nevoeiros frontais, formados na presença de precipitação, freqüentemente, tendo como fator mais importante o aumento da temperatura do ponto de orvalho. Tipo A (1) - Nevoeiros de advecção Devido ao transporte de ar quente sobre uma superfície fria Nevoeiro associado às brisas terrestre/marítima Nevoeiro de ar marítimo Nevoeiro de ar tropical Devido ao transporte de ar frio sobre uma superfície quente Nevoeiro de vapor (2) - Nevoeiros de radiação Nevoeiro de superfície Nevoeiro de alta inversão (3) - Nevoeiro de advecção-radiação (4) - Nevoeiro de encosta Tipo B (1) - Nevoeiros pré-frontais (2) – Nevoeiros pós-frontais (3) -Nevoeiros frontais Descrição Nevoeiros associados à brisa terrestre/marítima Os nevoeiros do tipo advectivo dependem do transporte de ar das regiões com diferentes temperaturas para se formar. No inverno, o ar quente e úmido do oceano se move sobre o continente mais frio. Assim, o ar se resfria até atingir a saturação, formando nevoeiro associado à brisa marítima, sobre o continente. No verão, em localidades onde as condições são favoráveis ao transporte de ar quente e úmido do continente em direção ao mar, ocorre o nevoeiro associado à 5 brisa terrestre sobre o oceano, já que o ar aquecido proveniente do continente se resfria ao passar pela superfície marítima. A turbulência causada por ventos fortes mantém uma abrupta taxa de resfriamento, e sob a inversão turbulenta, formam-se nuvens estratiformes, desfazendo o nevoeiro. Porém, se os ventos tiverem uma intensidade de fraca a moderada, uma densa superfície de nevoeiro pode se desenvolver sobre o oceano. A dissipação do nevoeiro de advecção ocorre devido a alguns motivos, dentre eles: aumento da TSM, mudança da massa de ar, mudança da direção do vento, ou precipitação. Nevoeiros de ar marítimo Existe uma sutil diferença entre o nevoeiro associado à brisa terrestre e o nevoeiro de ar marítimo. Enquanto o primeiro se forma sobre o oceano, devido ao resfriamento do ar continental, o segundo se forma quando duas correntes oceânicas, de diferentes temperaturas, fluem próximas uma da outra. O ar mais quente, movendo-se sobre a água mais fria, produz nevoeiro na região. Assim, um nevoeiro de ar marítimo pode ocorrer em qualquer lugar onde haja uma significativa diferença de temperatura. Pelo fato de a maioria das águas frias oceânicas se localizarem em regiões costeiras, esse tipo de nevoeiro se desenvolve freqüentemente próximo ao continente. Nevoeiro de ar tropical Este nevoeiro está relacionado ao gradativo resfriamento do ar que se desloca de latitudes mais baixas em direção aos pólos, sobre o oceano. Pode ocorrer também sobre o continente, no inverno, devido ao gradiente latitudinal de temperatura, que pode vir a ser maior que nos oceanos. Por outro lado, a turbulência é maior sobre o continente do que sobre o oceano, devido à rugosidade da superfície, o que pode tornar mais difícil a condensação. No mar, entretanto, o nevoeiro pode se manter com ventos mais intensos. O ar tropical marítimo, deslocando-se sobre o continente, no inverno, é sujeito a fortes processos de resfriamento radiativo, que pode vir a ser mais importante do que o resfriamento latitudinal. Dessa forma, é difícil classificar o nevoeiro como sendo de ar tropical ou de radiação. Nevoeiro de vapor Quando o ar fresco move-se sobre uma superfície líquida mais quente, uma quantidade suficiente de umidade pode evaporar-se da superfície de água para saturar o ar imediatamente acima. Assim que o vapor de água ascendente encontra o ar mais frio, ele condensa e ascende com o 6 ar aquecido de baixo. Este fenômeno é chamado de nevoeiro de vapor, e é comum sobre lagoas e rios no outono e no princípio do inverno, quando a água pode ser relativamente quente, porém o ar é frio. Apesar de geralmente se caracterizarem como nevoeiros rasos, são espessos o suficiente para interferir na navegação ou vôos sobre o mar. Nevoeiro de superfície É o mais simples dos nevoeiros que ocorrem sobre o continente (causado principalmente por resfriamento radiativo) e, geralmente, bem denso. Durante a noite, o solo se resfria rapidamente, resfriando também o ar imediatamente acima, e formando uma inversão térmica próxima à superfície. A camada úmida mais baixa, rapidamente se torna saturada e forma o nevoeiro. Um ponto importante é a cobertura de nuvens, pois a nebulosidade absorve e reflete de volta a radiação perdida pela superfície. Esta absorverá novamente a radiação, impedindo assim a formação de nevoeiros. Desta forma, noites longas, calmas e de céu claro, formam condições ideais para formação de nevoeiros de superfície. Tais características normalmente estão associadas a grandes áreas de altas pressões (anticiclones). Normalmente, este tipo de nevoeiro se dissipa com o nascer do sol, já que a luz solar aquece o solo, causando um aumento da temperatura do ar que está em contato com a superfície. Nevoeiro de alta inversão Ocorre, basicamente, no inverno e sobre o continente. Não é formado pela perda radiativa de uma só noite, mas pela perda contínua de calor por radiação, características de regiões fora dos trópicos durante o inverno. O termo “alta inversão” significa que a inversão ocorre em uma camada mais espessa do que a do nevoeiro de superfície. Em alguns casos, este tipo de nevoeiro se torna uma nuvem estratiforme baixa durante o dia, tornando-se um denso nevoeiro durante a noite. Nevoeiro de advecção/radiação É o nevoeiro formado por resfriamento radiativo noturno sobre o continente do ar marítimo que se deslocou durante o dia. Em geral, é como todos os nevoeiros de radiação, porém apresenta alta umidade, já que o ar provém de superfícies de águas quentes. Ocorre geralmente no fim do verão e outono, quando as águas estão relativamente quentes, produzindo uma alta temperatura do ponto de orvalho. 7 Nevoeiro de encosta Este nevoeiro se forma à medida que o ar úmido ascende ao longo de uma elevação do terreno, como encostas e montanhas. O ar sobe gradualmente, expandindo-se e tornando-se mais frio. Se estiver suficientemente úmido, forma o nevoeiro. Este nevoeiro de inclinação forma-se sobre uma extensa área e pode durar por muitos dias, além de ser um dos poucos nevoeiros que se mantém em ventos mais fortes, já que quanto maior a intensidade do vento, maior será a velocidade do deslocamento para maiores altitudes, e mais rápido ocorrerá o resfriamento do ar. Estes nevoeiros normalmente se formam por efeitos combinados de ascensão e radiação, e em alguns casos por aumento de umidade devido à precipitação. Nevoeiros frontais Existem muitas maneiras de se formar nevoeiros temporários durante a passagem de uma frente fria: Através da mistura do ar quente com o ar frio na zona frontal, se os ventos não estiverem muito fortes e se ambas as massas estiverem próximo da saturação antes da mistura; Pelo súbito resfriamento do ar sobre a superfície úmida, com a passagem de uma frente fria precipitante; No verão, especialmente em latitudes mais baixas, pelo resfriamento da superfície, por evaporação de água de chuva. Este tipo de nevoeiro ocorre basicamente redução na altura da base das nuvens durante a passagem da frente, em condições extremamente úmidas. Podem ser formados também nevoeiros pré-frontais (relacionados a frentes quentes) e pósfrontais (relacionados a frentes frias). Estes tipos de nevoeiros se formam com o aumento da temperatura do ponto de orvalho, causado pela precipitação em colunas estáveis de ar, até que atinja a temperatura do ar local. Assim, o nevoeiro é formado sem que haja um resfriamento da camada de ar inferior. Existe somente uma sutil diferença entre os nevoeiros associados a frentes frias e frentes quentes: os nevoeiros pós-frontais (inerentes a frentes frias) são menos “espalhados”, pois a banda de precipitação associada a eles é muito mais restrita em área. MICROESTRUTURA DOS NEVOEIROS Ainda que a umidade relativa esperada dentro dos nevoeiros seja de aproximadamente 100%, sabe –se que os valores observados deste parâmetro são bastante variáveis. 8 A partir de uma análise realizada com observações de dados de METAR do aeródromo do Galeão e de SYNOP da ilha rasa (23ºS 043ºW) no período compreendido entre dezembro de 2002 e abril de 2004, observou-se que a umidade relativa no interior dos nevoeiros formados naquela região variava dentro de uma faixa entre 85% e 100%. Percebe-se que a umidade relativa varia rapidamente entre condições não saturadas e supersaturadas, assim esta não uniformidade espacial e temporal da umidade resulta numa correspondente variação da concentração do conteúdo e tamanho das gotas de água. Observações mostram que os nevoeiros, ao contrário da maioria das nuvens, são caracterizados pelo conteúdo de água relativamente baixo e também por pequenas gotas, ou seja, apresentam uma baixa concentração de água líquida. No estágio de formação, o aumento do número de gotas com o tempo é resultado do aumento do conteúdo de água líquida, enquanto o tamanho das gotas se mantém constante ou aumenta muito pouco. Durante o estágio de maturação, o número de gotas e o conteúdo de água líquida se mantêm razoavelmente constantes. O estágio de dissipação é o período onde há um decréscimo dessas concentrações. Não existe um bom entendimento da microestrutura dos nevoeiros, devido à dificuldade que se tem em medir parâmetros como a variação da umidade relativa no interior dos nevoeiros, apesar de ser extremamente importante para se ter uma previsão exata. Para muitos modelos, é necessária a capacidade de aproximar a distribuição do tamanho das gotas observada com o auxílio de uma expressão analítica. Felizmente, a distribuição das gotas medida em diferentes tipos de nuvens e nevoeiros, e em diferentes condições meteorológicas, geralmente exibem um formato característico. Tal formato pode ser bem aproximado por uma distribuição gamma ou por uma distribuição logarítmica normal, considerando o raio e o número total de gotas por unidade de volume. ANÁLISE SINÓTICA NOS DIAS DE OCORRÊNCIA DE NEVOEIRO Fazendo uma análise sinótica dos dias em que houve ocorrência de nevoeiros no Rio de Janeiro, percebemos que na maioria dos casos a situação sinótica predominante era a de um centro de alta pressão sobre a região, e numa pequena parte dos casos a periferia desses centros predominava sobre a área de estudo. Percebe-se também que não houve nenhum caso de nevoeiro relacionado a frentes frias ou quentes. 9 METODOLOGIA USADA Foram analisadas informações meteorológicas de registros SYNOP da estação meteorológica da Ilha Rasa (localizada na saída da Baía de Guanabara) e também os dados de METAR do aeródromo do Galeão no período já citado no corpo deste trabalho, a fim de analisar o comportamento de parâmetros como cobertura de nuvens (teto), direção e intensidade do vento local, umidade relativa, temperatura do ar e temperatura do ponto de orvalho, bem como a temperatura da superfície do mar (TSM). De acordo com a localização geográfica da Baía de Guanabara, foi adotada a seguinte metodologia para classificar a direção do vento: Ventos entre 300º e 060º - componente continental Ventos entre 059º e 119º - componente de leste Ventos entre 120º e 240º - componente marítima Ventos entre 241º e 299º - componente de oeste Os valores de umidade relativa foram calculados a partir dos dados da temperatura do ar e da temperatura do ponto de orvalho (depressão do ponto de orvalho). Em seguida esses valores foram agrupados em faixas de 75% a 79%; 80% a 84%; 85% a 89%; 90% a 94%; 95% a 99% e 100% Dessa forma, foi possível um melhor entendimento dos processos de advecção e de onde são provenientes as massas de ar presentes nos eventos de nevoeiros. Também foram analisadas, em separado, as situações de nevoeiro e névoa úmida em cada um dos parâmetros meteorológicos. RESULTADOS As observações mostraram que a direção predominante dos ventos foi de componente continental (assim observa-se na fig 1 e fig 2) , enquanto a intensidade predominante foi de ventos fracos (de acordo com a fig 3 e fig 4), tanto nos casos de nevoeiro quanto nos casos de névoa úmida, o que já se esperava, pois a turbulência causada por ventos fortes dificulta a formação de nevoeiros. Porém, é necessário também que haja uma leve brisa, que irá acelerar esse processo. 10 Direção do vento em dias de névoa úmida 80 60 40 20 0 CALM. CONT MAR LESTE OESTE fig 1: Dias com ocorrência de névoa úmida, divididos por componentes de vento Direção do vento em dias de nevoeiro 15 10 5 0 CALM. CONT MAR LESTE OESTE fig 2: : Dias com ocorrência de nevoeiro, divididos por componentes de vento Intensidade do vento com componente continental em dias de nevoeiro e névoa úmida 30 20 10 0 FRACO MODERADO FORTE fig 3: Intensidade do vento em dias de ocorrência de névoa úmida com componente de vento continental 11 Intensidade do vento com componente marítima em dias de nevoeiro e névoa úmida 15 10 5 0 FRACO MODERADO FORTES fig 4: : Intensidade do vento em dias de ocorrência de névoa úmida com componente de vento marítima Analisando os dados de temperatura do ar e temperatura do ponto de orvalho, foi observado que a depressão do ponto de orvalho (T-Td) nos casos de nevoeiro, se manteve na maior parte dos casos, de 1ºC (fig 5) e de 2 ºC nos casos de névoa úmida (fig 6). A partir desses dados, foram obtidos os valores de umidade relativa, observando-se que esta se manteve nos casos de névoa úmida entre 85% e 89%, na maioria, em qualquer uma de suas componentes de direção do vento. E nos casos de nevoeiro com componente marítima e continental, a umidade se manteve entre 90% e 95%, em média,confirmando os valores esperados. Além desses parâmetros, foi observado também que a diferença entre temperatura do ar e a TSM variou entre 1ºC e 2ºC (fig 8), tendo porém algumas dessas diferenças valores negativos, o que nos leva a entender que é necessário que essa diferença seja pequena para que venha se formar nevoeiros. Dessa maneira, a previsão desse fenômeno pode ser facilitada se houver uma previsão da temperatura e da TSM. Depressão do ponto do orvalho em dias de Névoa Úmida (ºC) Depressão do ponto do orvalho em dias de Nevoeiro (ºC) 40 8 30 6 20 4 10 2 0 0 D = 0 D =1 D = 2 D = 3 D = 4 D = 5 D = 6 D=0 D=1 D=2 D=3 fig 5: Quantidade de dias de névoa úmida, divididos pela fig 6: Quantidade de dias de nevoeiro divididos pela depressão do ponto de orvalho depressão do ponto de orvalho 12 Umidade Relativa em dias de nevoeiro e névoa úmida (%) 30 20 10 0 75-79,9 80-84,9 85-89,9 90-94,9 95-99,9 100 fig 7: Umidade relativa em dias de nevoeiro e de névoa úmida, agrupada pela quantidade de dias ocorridos Diferença entre temperatura do ar e TSM (ºC) 9, 9 a 8, 9 9 a 7, 9 8 a 6, 9 7 a 5, 9 6 a 4, 9 5 a 3, 9 4 3 a 2, 9 9 a 1, 2 1a 0, 9 9 a 0 -0 , ,9 a -1 0 ,9 a -2 -1 ,9 a -3 -2 a -3 se m da do s 40 35 30 25 20 15 10 5 0 fig 8: Quantidade de dias, agrupada pela diferença entre temperatura do ar e TSM Pelos dados de cobertura de nuvens, chegou-se à conclusão de que o teto se manteve nos casos de componente de vento marítimo a 1000 pés (fig 9) , tanto nos dias de nevoeiro quanto nos dias de névoa úmida, enquanto nos dias de nevoeiro com componente continental foi observado, em média, de 0 a 200 pés. Já nos casos de névoa úmida, com esta mesma componente, houve uma variação de 1000 a 1500 pés. Assim, conclui-se que o teto nos dias de névoa úmida se manteve razoavelmente constante para ambos as componentes de vento. Já nos dias de nevoeiros, o teto foi menor nos dias de componente continental do que nos dias de componente marítimo. 13 Teto em dias de nevoeiro e névoa úmida (componente de vento continental 6 5 4 3 2 1 0 0 a 200 pes 201 a 500 pes 501 a 1000 pes fig 9: Número de dias agrupados de acordo com teto nos casos de ocorrência de nevoeiro e névoa úmida com componente continental de direção do vento Teto em dias de nevoeiro (componente de vento marítimo) 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 600pés 700pés 9000pés 1000pés fig 10: Número de dias agrupados de acordo com teto nos casos de nevoeiro com componente de vem marítimo Fazendo uma análise da umidade relativa do ar no dia 08/07/2003, por exemplo, das três horas precedentes e subseqüentes da ocorrência do nevoeiro, foi observado que esta varia bruscamente durante o fenômeno. Isso confirma que este parâmetro não se mantém constante durante seus processos, tornando difícil a observação da umidade relativa no interior do nevoeiro, e dificultando ainda mais um melhor entendimento desse fenômeno. 14 Variação da umidade relativa no dia 08/jul/2003 de 6 horas até 16 horas 100 95 90 85 80 75 70 65 60 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 fig 11: Variação da umidade relativa no dia 08/07/2003 de 06hoars até 16 horas CONCLUSÃO Através desse trabalho concluímos que, para fazer uma adequada previsão de nevoeiros, é necessária uma boa representação da camada limite noturna, com precisas condições iniciais, um modelo de alta resolução vertical junto à superfície, parâmetros de interação solo-atmosfera e uma boa previsibilidade da cobertura de nuvens (já que para formação de tal evento é necessário que o céu não esteja encoberto), temperatura do ar e TSM, além da direção e intensidade do vento. Mas, apesar de todos os estudos já feitos sobre esse tema, ainda há alguma dificuldade em analisar alguns desses parâmetros, fazendo com que a satisfatória previsão de nevoeiro seja, ainda, nos dias de hoje, um dos grandes desafios da meteorologia. Neste trabalho, procurou-se especificar as condições meteorológicas em que há uma maior freqüência de formação de nevoeiros na costa do Rio de Janeiro, com a finalidade de apoiar na previsão dos centros meteorológicos. A partir daí pode–se desenvolver estudos mais detalhados sobre este fenômeno, possibilitando um maior entendimento deste e o desenvolvimento de modelos de previsão mais aprimorados. BIBLIOGRAFIA [1] Grant, H. D., Cloud and Weather Atlas, New York Matveev – Cloud dynamics, 1944, 294pp. [2] Manual de observações meteorológicas, INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), 1999, 25pp. [3] Pruppacher, H. R and Klett, J. D. 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