Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro Estudo 1 - Um retrato da corrupção Miquéias 1 e 2 Elaborado por Gerson Berzins ([email protected]) Caros ouvintes, começamos uma série de 13 reflexões sobre a parte final dos Profetas Menores. Como sabido, o Velho Testamento da Bíblia termina com a sessão de Profetas Menores, composta de 12 escritos, que ganharam tal nome apenas porque são pronunciamentos curtos, comparados aos Profetas Maiores, como Isaías ou Jeremias. Estaremos nos dedicando aos últimos sete desses profetas menores, o que na ordem do cânon bíblico engloba os livros deste Miquéias até Malaquias. Estudar a palavra profética do Velho Testamento é um desafio e tanto: Precisamos entender o que foi dito, por que, para quem e para que. Depois, devemos nos perguntar o que essas mensagens tão antigas têm a ver conosco, aplicando-as para a situação espiritual do nosso tempo. E mais: nessa atualização não devemos esquecer que Jesus Cristo e sua Graça não eram conhecidos como fato pelos profetas, ao pronunciarem as suas mensagens. Dentro do tempo restrito que aqui dispomos, não conseguimos tirar tudo o que o texto sagrado nos pode dizer. Vamos dar prioridade à busca das lições essenciais que valiam lá e também devem valer aqui. Vamos reler as mensagens proféticas não mais como que destinadas a eles, mas sim endereçadas a nós, e desvendar suas verdades universais e permanentes. É claro que não somos os receptores originais dessas palavras, e assim, tomamos as profecias como que por empréstimo, buscando nelas o significado eterno, válido também para hoje. Precisamos, portanto, buscar no texto uma aplicação suficientemente www.pibrj.org.br específica e explícita para nós, como recomenda Enio Mueller. Concentrando nesse objetivo, não será possível dar toda a necessária ênfase às circunstâncias do surgimento das profecias. Para suprir essa deficiência, faça uso de sua Bíblia de Estudo ou outro material de apoio e reveja o contexto e sentido original de cada uma das palavras proféticas em revisão. Miquéias caps. 1 e 2 é o texto para hoje, e a ênfase a realçar é: Deus age. Deus em ação é o que percebemos desde a primeira frase do texto desse profeta, com Deus enviando-lhe a mensagem a proclamar. Os versos 3 e 4 reforçam essa percepção ao anunciar Deus deixando o seu lugar, o templo da sua santidade, e descendo e andando sobre as alturas da terra, espalhando destruição, desolação e transformação. Mas o texto não nos deixa concluir que Deus estava inativo e resolveu agir, não. Percebemos aqui, como em toda a Bíblia, Deus em constante atividade, intervindo nos acontecimentos de um modo mais direto sempre que deseja, como aqui, no contexto de Miquéias. A grande motivação da mensagem desse profeta é o erro em que o povo de Israel estava e insistia em ficar. A palavra de Miquéias é antes de tudo uma sentença de condenação contra comportamentos e atitudes que violavam a lei divina, lei que Deus outorgou a Moisés. Assim, Deus não começou a agir quanto mandou a Miquéias uma mensagem, mas podemos perceber um ciclo completo da ação divina: Ele tudo sabe, pois está acompanhando a sociedade humana. Ele está avaliando as pessoas e não está satisfeito com o Lição 1 - 4T 2011 Pg. 1 comportamento delas. Na sua eterna imutabilidade afere Israel contra os padrões estabelecidos e na sua soberania decide que tinha chegado a hora de estancar os desmandos. Vocaciona o profeta e anuncia a sua intenção: “Estou planejando contra essa gente uma desgraça, da qual vocês não poderão livrar-se.” (2.3). A anunciada consumação da justiça divina contra um povo desobediente não encerra a ação de Deus, pois Ele ainda proclama a restauração para um remanescente e tempos novos quando Sua ação se fará mais marcante ainda. (2.12-13). Deus age. Não podemos esquecer esta verdade, tão pouco torná-la diminuta. Ouvir a palavra profética é ouvir os ecos da ação divina. É crer que Deus que falou aos profetas e cumpriu o que anunciou, continua o mesmo e de acordo com a sua soberania continuará a agir para tornar realidade tudo o que prometeu. No entanto, mais e mais a verdade de Deus que age é relegada em favorecimento a uma visão humanista que exclui Deus da equação da vida, responsabilizando as pessoas por tudo o que acontece e esperando que a raça humana por si seja capaz de construir um futuro mais perfeito. Se não cremos em Deus agindo no nosso meio, não há porque perder tempo com os profetas, pois, como eles poderiam se arvorar em apresentar uma palavra recebida de Deus, se Deus é distante, desinteressado na raça humana, inativo ou mesmo inexistente? Diante da constatação de Deus atuando, as duas reações possíveis podem ser percebidas no texto de hoje: A primeira reação, negando a atuação divina, encontramos em 2. 6 a 11, com aqueles que se opuseram a Miquéias. Esses criam que Deus jamais deixaria de proteger o seu povo www.pibrj.org.br escolhido (v.7) e assim conclamavam Miquéias a parar sua pregação (v.6). Eles nos lembram todos aqueles que preferem moldar Deus de conformidade aos seus pensamentos e idéias, criando um deus que só existe para satisfazer pleitos e honrar quem o busca. Um deus que se submete aos caprichos humanos. Um deus controlável e manipulável. A outra reação é a do próprio Miquéias, e a vemos em 1.8-16, que inicia com o profeta dizendo: “Por causa disso chorarei e lamentarei; andarei descalço e nu. Uivarei como um chacal e gemerei como um filhote de coruja. Pois a ferida de Samaria é incurável e chegou a Judá. O flagelo alcançou até mesmo a porta do meu povo, até a própria Jerusalém!” (v.8-9). Diante da decisão divina de cumprir a Sua justiça contra Israel, nada mais restava a Miquéias do que prantear a sorte do seu povo. Mas esse chorar do profeta é mais do que apenas uma reação emocional à antevisão de castigos pesados e desagradáveis que estavam prestes a se materializar. Essa atitude demonstra a aceitação da soberania divina na sua totalidade, sem questionamento, sem revolta, sem remorso. A verdade bíblica de Deus que age é o fato que não podemos desconsiderar. Ela é importante não apenas para orientar nosso estudo da palavra profética, mas para nortear toda a nossa vida. Nesse espírito, podemos terminar as considerações de hoje fazendo nossas as palavras do profeta Miquéias: “Mas, quanto a mim, ficarei atento ao Senhor, esperando em Deus, o meu salvador, pois o meu Deus me ouvirá.” (7.7). Lição 1 - 4T 2011 Pg. 2