14º DOMINGO DO TEMPO COMUM 05 de julho de 2015 “Um profeta só não é estimado em sua Pátria!” Leituras: Ezequiel 2, 2-5; Salmo 122 (123), 1-2a.2bcd-.3-4 (r/2cd); Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 12, 7-10; Marcos 6, 1-6. COR LITÚRGICA: VERDE Animador: Jesus em sua missão encontra muitas dificuldades entre os seus. Pelo fato de ser simples e não querer privilégios, sofre rejeição. Revelar que Deus é humilde é um escândalo para os que querem poder. Certamente Jesus mexeu com os sentimentos mais profundos de vaidade do ser humano. Os caminhos da simplicidade encontram ainda hoje muitas barreiras. Fama e poder são muito mais atraentes e tende facilmente a nos desviar da proposta trazida por Jesus. 1. Situando-nos brevemente Como comunidade de fé, vamos seguindo o caminho espiritual e pedagógico, proposto pelo ano litúrgico, acompanhando Jesus em seu itinerário pascal e, pouco a pouco descobrindo seu jeito de ser. Neste domingo, Marcos nos fala da rejeição dos contemporâneos de Jesus, que o enxergam somente com olhos humanos. Somos convidados a renovar nossa fé e adesão a Ele, o Filho de Deus, encarnado na história humana. 2. Recordando a Palavra O Evangelho de Marcos apresenta o episódio da vinda Jesus a Nazaré, sua pátria, onde a incredulidade contrasta com a fé expressa nos milagres anteriores, com o reconhecimento de seu poder de ressuscitar até os mortos (4,35-5,43). Nazaré era uma aldeia da Galileia (1,9), pequena e insignificante (Jo 1,46). O ensino de Jesus a serviço da vida plena é acolhido por muitas pessoas, mas também rejeitado por outras. Ao chegar o “sábado”, Jesus começou a ensinar na sinagoga. Suas palavras suscitam admiração nos ouvintes: “De onde lhe vem isso? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos?” (6,2). Em 1,21-28, os que haviam escutado a Palavra de Jesus, acompanhada da ação libertadora em favo da pessoa com espírito impuro, reconhecem o ensinamento novo de Jesus. Em 3,1-6, os grupos dominantes 1 começam a tramar a morte de Jesus, após a cura da pessoa com a mão paralisada, na sinagoga, em dia de sábado. O ensino de Jesus revela que Ele é o Messias Servo, enviado pelo Pai para oferecer a vida em plenitude. Muitas pessoas não reconhecem a presença de Deus no “carpinteiro, o filho de Maria“ (6,3), pois esperavam um Messias poderoso, triunfalista. Jesus afirma que “um profeta só não é valorizado na sua própria terra” (6,4). A consequência da atuação de Jesus é a mesma dos profetas perseguidos e mortos (Cf. Mt 23,29-36). A falta de acolhimento a Jesus, Cristo e Filho de Deus, prefigura sua rejeição extrema que culminará na cruz. Crer é a condição para pertencer à nova família de Jesus, à nova comunidade formada ao redor d’Ele e de sua Palavra e ação. Por causa do ambiente geral de rejeição e incredulidade, Jesus realizou apenas alguns milagres de cura. A incompreensão dificulta o reconhecimento dos sinais de salvação realizados por Jesus, o filho de Maria, o trabalhador que cresceu em Nazaré junto com familiares, amigos e conhecidos. A adesão a Jesus proporciona a cura, a descoberta da novidade radical do Reino de Deus que Ele anunciava. “Jesus se admirava da incredulidade deles” (6,6), mas continuava proclamando a Boa-Nova do Reino nos povoados da região. A leitura do profeta Ezequiel é parte da missão que Deus confia ao profeta em 2,1-3,15. Ezequiel está “caído no chão” (Cf. 1,28), prostrado como o povo exilado na Babilônia. Porém, ele se deixa mover pelo Espírito do Senhor, que o coloca em pé, em atitude de prontidão. Assim, ele ouve a voz de Deus que toma a iniciativa do chamado e o e o envia a anunciar sua Palavra aos israelitas. Ezequiel, como outrora Jeremias (Cf. Jr 7,24), recebe a missão de falar em nome de Deus a um povo rebelde. O êxito é garantido pela força da Palavra do Senhor que, mesmo rejeitada, realiza o objetivo: “Quer te escutem, quer não – saibam que houve um profeta entre eles” (2,5). Deus não abandona o povo, não obstante suas infidelidades. Ao longo da história Ele envia profetas para conduzi-lo no caminho da aliança. O Salmo 122 (123) é uma súplica confiante que convida a “levantar os olhos” para o Senhor em meio às aflições, ao desprezo e às humilhações. Como os romeiros, o salmista mantém os olhos fixos em Deus enquanto caminha e espera a salvação diante dos poderosos e opressores. A leitura da Segunda Carta aos Coríntios integra a última parte da carta (10,1-13,10), que ressalta a força de Deus manifestada na fraqueza, como na cruz de Cristo. O “espinho na carne” (12,7) recorda especialmente o sofrimento de Paulo em meio às adversidades enfrentadas na evangelização. Assim, ele testemunha a força da ressurreição do Senhor através das fadigas do apostolado. “Por causa de Cristo”, Paulo sofreu humilhações, necessidades perseguições, angústias. O caminho de identificação com Jesus leva a reconhecer que “quando somos fracos, então é que somos fortes”. O êxito da missão é assegurado pela confiança no Senhor: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder” (12,9). A presença do Senhor fortalece o ministério apostólico de Paulo, como outrora o de Jeremias (cf. Jr 15,20-21). 2 3. Atualizando a Palavra A sabedoria das palavras de Jesus de Nazaré e as ações compassivas de suas mãos deixavam as pessoas maravilhadas. O Papa Francisco fala que Nosso Senhor conquistou o coração das pessoas com a Palavra. De todas as partes vinham para ouvi-Lo (Cf. Mc 1,45). Ficavam maravilhados, “Bebendo” seus ensinamentos (Cf. Mc 6,2). Sentiam que lhes falava como quem tem autoridade (Cf. Mc 1,27). Os apóstolos que Jesus estabelecera “para que ficassem com Ele e para que os enviasse a anunciar a Boa-Nova” (Mc 3,14), atraíram para o seio da Igreja todos os povos com a Palavra (Cf. Mc 16, 15.20); (Cf. EG, n.16). Jesus não pôde, porém, realizar muitos milagres junto a seu povo, porque lhes falava a fé para acolher e reconhecer o dom salvífico. O acolhimento da Palavra proporciona a experiência profunda da fé, o encontro com Cristo que cura e liberta integralmente. Paulo ensina a deixar-se conduzir pela graça do Senhor, em meio aos desafios decorrentes da missão apostólica. O Exemplo de Jesus que continuou a proclamar a Boa Notícia do Reino de Deus, mesmo diante a incompreensão e incredulidade, impele à perseverança no anúncio e no testemunho de sua mensagem libertadora. O profeta Ezequiel denunciou as infidelidades à Palavra, que causaram a catástrofe do exílio na Babilônia. Enviado por Deus, ele anunciou a Palavra que não pode silenciar diante das injustiças e das opressões. Ezequiel, como Jeremias e outros profetas, passou por sofrimento por causa da missão a serviço do projeto do Senhor. Suas tribulações prefiguram a rejeição que Cristo experimentará até a cruz. Muitos seguidores e seguidoras tiveram o mesmo destino de Jesus, ao longo da história. Em várias partes do mundo, sobretudo na Síria e no Iraque, os cristãos continuam perseguidos e martirizados por causa da Boa-Nova de Jesus. Os verdadeiros profetas encontram rejeição na sociedade e na religião. Gandhi, Luther King, Oscar Romero, Irmã Dorothy e tantas outras pessoas deram a vida em prol de um mundo novo de justiça e fraternidade, a ser construído através do compromisso de todos. 4. Ligando a Palavra com ação litúrgica Jesus Cristo, o profeta do Pai, motivo de escândalo para os que o viram somente com olhos humanos, porém, aos reunidos na fé, Ele se revela em toda sua profundidade. Ele está no meio de nós, nos ensina com sua Palavra cheia de sabedoria. O Espírito que está sobre Ele, nos habilita também a escutá-Lo e a também a praticar a palavra de vida e salvação que Ele nos fala. Movidos pela fé, com olhos fixos no Senhor, assumimos nossas fragilidades e nossas fraquezas, pois Ele nos renova e nos reergue. Alimentados e nutridos no Senhor, renovamos nossa missão profética, assumida no Batismo. Mais do que nunca, o mundo hoje precisa de pessoas de fé e coragem, para que a Boa Notícia seja anunciada e o mundo seja transformado, de acordo com o plano divino de salvação. Oração dos fiéis: Presidente: Diante de Deus, que nos convoca a ser profetas de sua Palavra nesse mundo incrédulo e rebelde, peçamos sua graça e a luz do Espírito Santo. 3 1. Pai, que todo o clero, esteja sempre disposto a celebrar seus mistérios de forma simples e humilde, não procurando qualquer tipo de privilégio. Peçamos: Todos: Atendei-nos, Senhor! 2. Pai, que os governantes do mundo inteiro exerçam suas funções, visando a igualdade e o bem comum. Peçamos: 3. Pai, que os irmãos e irmãs mais necessitados encontrem alívio junto de Cristo. Peçamos: 4. Pai, que nossas comunidades vivam em união com seus pastores, e juntos busquem a humildade e a simplicidade. Peçamos: (Outras intenções) Presidente: Nossas preces são simples, ó Pai, mas feitas com fé e a confiança que vós nos atendeis em nossas necessidades, enviando teu Espírito Santo para que possamos profetizar com alegria e coragem. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém. III. LITURGIA EUCARÍSTICA ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS: Presidente: Possamos, ó Deus, ser purificados pela oferenda que vos consagramos; que ela nos leve, cada vez mais, a viver a vida do vosso reino. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém. ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO: Presidente: Nós vos pedimos, ó Deus, que, enriquecidos por tão grande dádiva, possamos colher os frutos da salvação sem jamais cessar vosso louvor. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém. BÊNÇÃO E DESPEDIDA: Presidente: Ó Deus da paz e da alegria, conceda a todos vocês, o discernimento necessário para nunca buscar em falsas aparências, aquilo que só Jesus pode oferecer. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém. Presidente: O Senhor esteja convosco. Todos: Ele está no meio de nós. Presidente: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, + Pai, Filho, e Espírito Santo. Todos: Amém. Presidente: Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe. Todos: Graças a Deus. 4