UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO MARCELO HIDEKI TOGO DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DA METODOLOGIA BASEADA NO BALANCED SCORECARD EM UMA EMPRESA SIDERÚRGICA - Estudo de caso da Companhia Siderúrgica de Tubarão - VITÓRIA 2004 1 MARCELO HIDEKI TOGO DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DA METODOLOGIA BASEADA NO BALANCED SCORECARD EM UMA EMPRESA SIDERÚRGICA - Estudo de caso da Companhia Siderúrgica de Tubarão - Monografia apresentada ao Departamento de Administração, Espírito Santo, da Universidade como requisito Federal do parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Dr. Rogério Antônio Monteiro VITÓRIA 2004 2 MARCELO HIDEKI TOGO DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DA METODOLOGIA BASEADA NO BALANCED SCORECARD EM UMA EMPRESA SIDERÚRGICA - Estudo de caso da Companhia Siderúrgica de Tubarão - Monografia apresentada ao Departamento de Administração, da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Aprovado em 27 de abril de 2004. COMISSÃO EXAMINADORA ___________________________________ Prof. Dr. Rogério Antônio Monteiro Universidade Federal do Espírito Santo Orientador ___________________________________ Profª. Msc. Daniella Ramos Lopes Universidade Federal do Espírito Santo Banca ___________________________________ Prof. Msc. Fernando José Arrigoni Universidade Federal do Espírito Santo Banca 3 “Se a sua vida é isenta de fracassos, então você não está assumindo os riscos necessários”. H. Brown 4 AGRADECIMENTOS Á Deus, Pela chama da vida e pela possibilidade de sonhar e realizar este momento. Ao professor Rogério Monteiro, Pela dedicação, participação efetiva e orientações precisas com que demonstrou e acompanhou comigo neste trabalho. Ao corpo funcional da Companhia Siderúrgica de Tubarão, Pela ajuda direta ou indiretamente, disponibilizando informações que permitiram a conclusão deste trabalho. Á Raquel e ao Fabio Miyamoto, Pela grande ajuda por disponibilizar materiais e informações para que eu pudesse estar concretizando o trabalho. Aos Amigos, ao meu cunhado Keicy e principalmente a minha namorada Mariani, Pelo incentivo, carinho, amor e contribuições nesse período de suma importância para a minha vida. 5 Aos meus pais, Toshihisa e Yoshiko e as minhas irmãs, Cíntia e Tatiana... Um agradecimento todo especial, pelo apoio, dedicação e incentivo para o desenvolvimento deste estudo, e principalmente por compreender e incentivar todos os meus momentos da minha vida. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12 1.1 O Problema .......................................................................................................... 13 1.2 Importância e Justificativa do Estudo ................................................................... 14 1.3 Objetivos .............................................................................................................. 15 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 15 1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 15 1.4 Metodologia da Pesquisa ..................................................................................... 15 1.5 Estrutura do Estudo .............................................................................................. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 19 2.1 Visão e Missão da Empresa ................................................................................. 19 2.2 Competitividade Organizacional ........................................................................... 21 2.3 Estratégia ............................................................................................................. 24 2.4 Planejamento Estratégico .................................................................................... 26 2.5 Sistemas de Gerenciamento da Estratégia ...................…................................... 29 2.5.1 Tableaux de Board ………...…........................................................................... 30 2.5.2 Gerenciamento por Objetivos ............................................................................ 31 2.5.3 Gerenciamento pelas Diretrizes ........................................................................ 32 2.6 O Balanced Scorecard - BSC …........................................................................... 34 2.6.1 O Conceito ........................................................................................................ 35 2.6.2 Princípios para a integração do BSC à Estratégia ............................................ 36 2.6.3 Os Objetivos do Balanced Scorecard ............................................................... 37 2.6.4 As Quatro Perspectivas do Balanced Scorecard .............................................. 40 2.6.5 Terminologias do Balanced Scorecard ............................................................. 53 2.6.6 Barreiras para a implementação do BSC .......................................................... 55 2.6.6.1 Fatores Organizacionais ................................................................................ 56 2.6.6.2 Fatores especificamente relacionados à implantação do BSC ...................... 57 3 IMPLEMENTACÃO DE UM BALANCED SCORECARD ....................................... 61 3.1 Identificação dos motivos para a implantação de um BSC .................................. 61 3.1.1 Definição das Perspectivas ............................................................................... 62 3.1.2 Definição dos Participantes ............................................................................... 62 7 3.2 A Construção do Balanced Scorecard ................................................................. 62 3.2.1 Passo 01: Definição da arquitetura de indicadores ........................................... 63 3.2.2 Passo 02: Consenso referente aos objetivos estratégicos ............................... 63 3.2.3 Passo 03: Escolha e elaboração dos indicadores ............................................. 64 3.2.4 Passo 04: Elaboração do plano de Implementação .......................................... 66 4 A COMPANHIA SIDERÚRGICA DE TUBARÃO - CST ........................................ 68 4.1 A História .............................................................................................................. 68 4.1 A Empresa ............................................................................................................ 68 5 ESTUDO DE CASO: ANÁLISE E APLICAÇÃO DO BALANCED SCORECARD 75 NA COMPANHIA SIDERÚRGICA DE TUBARÃO ................................................... 5.1 A missão da Empresa .......................................................................................... 76 5.2 A visão da Empresa ............................................................................................. 76 5.3 Fatores Chave de Sucesso da Empresa .............................................................. 78 5.4 Aplicação das Perspectivas ................................................................................. 79 5.4.1 A Perspectiva Financeira .................................................................................. 79 5.4.2 A Perspectiva de Mercado ................................................................................ 82 5.4.3 A Perspectiva da Sociedade ............................................................................. 84 5.4.4 A Perspectiva dos Processos Internos .............................................................. 86 5.4.5 A Perspectiva de Aprendizado e Crescimento .................................................. 91 6 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 95 7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 99 8 LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Componentes da Visão ........................................................................ 20 Figura 2.2 – Processo do Tableaux Board ............................................................... 30 Figura 2.3 – Processo do Gerenciamento por Objetivos ......................................... 32 Figura 2.4 – Processo do Gerenciamento pelas Diretrizes ...................................... 33 Figura 2.5 – O Balanced Scorecard como estrutura estratégica para ação ............ 40 Figura 2.6 – As Perspectivas do Balanced Scorecard ............................................. 41 Figura 2.7 – Indicadores essenciais ......................................................................... 45 Figura 2.8 – Proposta de Valor ................................................................................ 47 Figura 2.9 – Modelo Genérico da Cadeia de Valor .................................................. 50 Figura 2.10 – A Estrutura de Medição do Aprendizado e Crescimento ................... 53 Figura 2.11 – Mapa Estratégico ............................................................................... 54 Figura 4.1 – Organograma da CST .......................................................................... 70 Figura 4.2 – Distribuição de Vendas de Placas no Mercado ................................... 71 Figura 4.3 – Distribuição de Vendas – 1984 à 2003 (Junho) ................................... 72 Figura 5.1 – Modelo de articulação para a tradução da visão em cada perspectiva 77 Figura 5.2 – Perspectiva de Mercado e da Sociedade–Relação de Causa e Efeito 86 Figura 5.3 – Perspectiva dos Processos Internos – Relação de Causa e Efeito Figura 5.4 – Perspectiva de Aprendizado e Crescimento – Relação de Causa e Efeito ........................................................................................................................ 91 94 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1.1 – Estrutura das Perspectivas ................................................................ 17 Quadro 2.1 – Medindo temas financeiros estratégicos ............................................ 43 Quadro 2.2 – A Perspectiva do Cliente – Medidas Essenciais ................................ 45 Quadro 2.3 – Exemplo de Atributos dos Produtos/Serviços .................................... 47 Quadro 2.4 – Exemplo de Imagem e Reputação ..................................................... 48 Quadro 2.5 – Exemplo de Relacionamento com Clientes ....................................... 48 Quadro 2.6 – Vetores que impactam na Aprendizagem e Crescimento dos funcionários e organizações .................................................................................... 52 Quadro 2.7 – Exemplos de Estrutura das Perspctivas ............................................ 55 Quadro 5.1 – Perspectiva Financeira - CST ............................................................ 81 Quadro 5.2 – Perspectiva de Mercado - CST .......................................................... 83 Quadro 5.3 – Perspectiva da Sociedade - CST ....................................................... 85 Quadro 5.4 – Perspectiva dos Processos Internos – CST ....................................... 89 Quadro 5.1 – Perspectiva de Aprendizado e Crescimento - CST ............................ 93 10 LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 - Composição Acionária ......................................................................... 69 Tabela 4.2 - Maiores Produtores Brasileiros de Aço ................................................ 72 Tabela 4.3 - Maiores Empresas Exportadoras Brasileiras ....................................... 73 11 RESUMO As empresas buscam novas formas de gerenciamento para enfrentar o atual ambiente globalizado de alta competitividade e acirrada concorrência. O Balanced Scorecard – BSC revela-se como uma ferramenta capaz de atender às novas exigências de gerenciamento dentro dos cenários econômicos em constante mutação. Buscando retratar melhor essa situação, foi realizado um estudo de caso em uma empresa do setor de siderurgia, que procurou identificar a relação entre as estratégias utilizadas e o estabelecimento de indicadores de resultado, buscando, dessa forma, verificar a aplicabilidade de um BSC nesse tipo de organização. Buscou-se identificar a missão, visão e estratégias adotadas pela empresa, pois tais variáveis são as bases para a construção do Scorecard. Buscou-se, também, identificar quais as perspectivas deveriam ser adotadas pela organização, obedecendo ao princípio de causa e efeito. Com isso a utilização de um conjunto de indicadores, classificados pelas perspectivas definidas, e atrelados a objetivos da organização, permitirá um controle mais amplo e efetivo para a organização, possibilitando às pessoas de todos os setores, conhecer as estratégias e resultados esperados. As principais conclusões foram: constatou-se a necessidade de reuniões periódicas e uma reciclagem continua da metodologia do Balanced Scorecard. 12 1 INTRODUÇÃO Atualmente, o grande desafio das organizações é o sucesso na criação de valor. Para planejar como criar o valor agregado, as empresas desenvolvem estratégias, que nada mais são do que escolhas ou um posicionamento único das empresas no mercado, com objetivo de atingir uma situação futura. As mudanças ocorridas com os grandes crescimentos industriais, seguidos pelo surgimento de novos modelos de produção e tecnologias, passaram a exigir das empresas novos modelos de gestão para confrontar este ambiente de acirrada concorrência. A aplicação de princípios do bom gerenciamento que estejam pautadas na melhoria dos processos gerenciais tornou-se vital no mundo globalizado. Para que a empresa caminhe para a inovação, é necessário que os processos e métodos sejam modificados para a melhor adaptação ao ambiente competitivo e para verificar se esses processos são eficientes, percebe-se a necessidade da criação de novos parâmetros e critérios de avaliação. As empresas demandam uma gestão cada vez mais profissionalizada, com objetivos claros, alocando os recursos necessários para atingir as finalidades desejadas. Assim, para que a empresa profissionalizasse sua gestão foi proposta a implantação do Balanced Scorecard - BSC, sistema desenvolvido por Kaplan & Norton, que ajuda na implementação da gestão e planejamento estratégico, permitindo à organização a flexibilidade exigida pelo mercado, assim como a eficácia no uso das informações estratégicas da organização para a tomada de decisão. Frost apud AQUINO (2003) relembra que, há alguns anos atrás, a maioria das organizações usava como indicadores financeiros apenas os resultados financeiros. Porém, com o aumento da complexidade do ambiente em que as empresas estavam inseridas, ficou evidente a necessidade de uma integração entre a medição e a análise das informações das estratégias da organização. 13 Buscando retratar melhor esta situação, foi realizado um estudo de caso com o objetivo de visualizar a implantação da ferramenta, tendo como resultado final, a construção do Mapa Estratégico Corporativo e alguns resultados obtidos com a implantação do sistema pela Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST. 1.1 O Problema Atualmente, a maioria das empresas possui dificuldades na questão da estratégia, por não visualizar certos objetivos, como traduzi-la em termos operacionais, alinhar a organização para entendê-la, transformá-la em uma tarefa cotidiana e um processo contínuo a todos, mobilizar a alta gerência para a mudança e comunicar a todos os níveis as estratégias traçadas. Além do que, os atuais sistemas de gestão foram criados para atender as necessidades de organizações industriais estáveis e para gerenciar no nível tático. Muitas empresas já adotam novas ferramentas que auxiliam na gestão da estratégia, porém, a maioria tem certos conceitos equivocados desses modelos, como: projetar a ferramenta apenas para a análise de indicadores financeiros, fornecer um diagnóstico operacional, gerar a estratégia empresarial e imaginar um sistema de informática que opera automaticamente. Pode-se acrescentar que em certas organizações implementam a ferramenta sem possuir métodos, gestores, estratégia e comprometimento apropriado para a inserção da mesma em um ambiente organizacional. Além de ter o intuito de apenas construir poderosos sistemas de informação ou ser somente uma definição do mapa estratégico, indicadores, metas e iniciativas. Assim, o BSC aparece como instrumento de gestão visando apoiar a estratégia. No entanto, quais são as práticas organizacionais no uso do BSC? Esse trabalho teve como início as grandes e freqüentes discussões no ambiente organizacional sobre as vantagens vinda de uma eficiente e eficaz criação de uma ferramenta de medição de desempenho e a influência da mesma na competitividade da empresa. Com isso, essa discussão nos trouxe a questão dessa pesquisa: 14 Como ocorre o desenvolvimento e a aplicação do Balanced Scorecard em uma Companhia Siderúrgica? 1.2 Importância e Justificativa do Estudo As empresas vêm travando uma incansável batalha na busca de um melhor posicionamento nos mercados regionais e internacionais. Elas estão buscando construir um ambiente propício a estimular fatores que promovam ações que colaborem para o aumento da sua competitividade. O Balanced Scorecard pode promover um gerenciamento mais eficaz, por possuir uma visão compartilhada da estratégia, acelerar o tempo do processo de criação de valor através de decisões mais rápidas, otimizar e garantir resultados da estratégia para um dado grupo de recursos, permitir que os funcionários trabalharem de forma coordenada e colaborativa em direção aos objetivos da organização e etc. Segundo a consultoria empresarial Symnetics, a importância do BSC é mais evidente quando são apresentadas algumas estatísticas, como: só 25% dos gerentes têm incentivos vinculados à estratégia, 5% dos funcionários de linha compreendem a estratégia, 78% das organizações não vinculam orçamento à estratégia e ainda, 85% das equipes executivas dedicam menos de uma hora/mês à discussão estratégica. Embora o país esteja vivendo tempos difíceis em sua economia, alguns setores destacam-se por amenizar os péssimos índices apresentados pela economia brasileira. Podemos citar as empresas do setor siderúrgico que possuem um importante espaço estratégico para o crescimento do Brasil e por isso deve-se levar em consideração todos os estudos nessa área. Diante dos fatos acima e devido principalmente por ser considerada uma das principais ferramentas de medição, que propicia às organizações visualizar os resultados atuais e traçar os objetivos estratégicos a longo prazo eficientes, além da possibilidade, se necessário, de acompanhar, validar e ajustar as mesmas, e 15 conseqüentemente, resultando na criação de valor para os acionistas, com isso fica constatada a necessidade de uma ferramenta desse tipo, mostrando a significativa importância da realização de um estudo que busque mostrar, de um modo geral, como se dá à implantação do Scorecard, indicando os conceitos, metodologias e a importância da ferramenta para o gerenciamento da estratégia. 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral Pretende-se através desta pesquisa, investigar o desenvolvimento e aplicação de um Balanced Scorecard (BSC) em uma empresa de siderurgia. 1.3.2 Objetivos Específicos ● Identificar os fatores-chave de sucesso dessa organização; ● Identificar as perspectivas que melhor se adaptam a essa organização; ● Identificar as atividades e os motivos para a implantação do BSC na CST; ● Identificar os indicadores de performance. 1.4 Metodologia da Pesquisa Para a apresentação da fundamentação teórica, do desenvolvimento da pesquisa e a obtenção dos objetivos desse estudo, foram necessários os usos de algumas técnicas. Conforme critérios sugeridos por Vergara (1998), as pesquisas se dividem sob dois aspectos principais: os fins e os meios. 16 Em relação aos fins, esta pesquisa se caracterizou por ser uma investigação descritiva, por mostrar as características do sistema e estabelecer correlações entre as variáveis. Foram constituídos alguns conceitos, como: visão e missão, competitividade, estratégia, planejamento estratégico, para que possa ter uma base teórica para auxiliar na análise crítica da pesquisa. Assim como, abordar estudos referentes a outros tipos de sistemas de gerenciamento da estratégia, para que tenha uma visualização e uma forma de comparar outras ferramentas com o sistema principal do estudo, assim buscar um maior entendimento sobre o ambiente e as suas soluções. Ainda, foi feito um levantamento das informações históricas e fundamentais da empresa, para que tenha uma compreensão maior sobre o seu negócio e das variáveis internas e externas que possam afetá-las. Foi necessário identificar e analisar as fases para a implantação de um Scorecard, para que possa não apenas mostrar a parte teórica, mas também a parte prática do sistema. Além de ajudar no delineamento de um roteiro a ser seguido para a elaboração do estudo de caso do trabalho. Quanto aos meios, foi feito um levantamento bibliográfico e documental, pois as fontes de pesquisa foram feitas através de livros, sites, artigos, teses, dissertações, revistas, documentos da empresa, funcionários, balanços sociais e etc. Esta pesquisa se caracteriza por um estudo de caso. Na realização de estudos gerais da Companhia Siderúrgica de Tubarão, foram identificadas as bases para a construção de um Balanced Scorecard, como a identificação da missão, da visão e das estratégias adotadas pela empresa. Ainda foram identificadas as perspectivas adotadas pela organização. Após essa busca, procurou-se identificar os objetivos estratégicos propostos para cada uma das perspectivas, acompanhados da descrição detalhada de cada objetivo traçada pela companhia, e os seus indicadores de resultados e as iniciativas 17 estratégicas de cada objetivo. Isso foi possível através da estrutura montada, conforme o quadro 1.1 tomando como base a estrutura de Kaplan & Norton (1997) e um questionário elaborado para apoiar e agregar informações. Uma vez identificados os objetivos e indicadores, pode-se estabelecer um relacionamento de causa e efeito existente entre eles. Objetivos Indicadores de Resultado Responsável Iniciativas Estratégicas Quadro 1.1: Estrutura das perspectivas O estudo de caso dessa pesquisa somente foi possível de ser realizado devido à liberação das informações por parte da Gerência de Controladoria, disponibilizado através da estrutura documental mostrada no quadro 1.1 preenchida por uma funcionária responsável pelo BSC geral da organização e pela disponibilidade de informações no site e apresentações da empresa. Além de conversas informais com outras pessoas ligadas ao projeto, relatórios e apresentações do assunto. Através dessas coletas de dados foi possível entender o processo de implantação do método e conseqüentemente os seus resultados para a organização. Outra fonte presente na investigação foi à observação direta realizada pelo pesquisador quando de suas visitas nas áreas de apoio para o desenvolvimento e construção do BSC. Nessas visitas foram observados e analisados alguns aspectos comportamentais dos membros da equipe e ferramentas utilizadas para o gerenciamento do método. 1.5 Estrutura do Estudo Para melhor compreensão do tema a ser estudado e melhor sistematização dos conceitos, aspectos legais, abordagens, teorias e práticas, a pesquisa, foi dividido em sete capítulos: 18 No capítulo 1 são feitas as considerações introdutórias, envolvendo a caracterização do problema da pesquisa, a importância e a justificativa do estudo, os objetivos gerais e específicos, a metodologia da pesquisa e a estrutura do estudo. No capítulo 2, o da Fundamentação Teórica, que está dividido em: visão e missão da organização, competitividade, estratégia, planejamento estratégico, Sistemas de Gerenciamento da Estratégia e o Balanced Scorecard (conceito, princípios, objetivos, perspectivas, terminologias e barreiras de implantação). No capítulo 3, mostrar-se-á principais passos para a implantação de um BSC. No capítulo 4 apresenta-se a Companhia Siderúrgica de Tubarão. No capítulo 5 apresenta-se a análise da CST, através da identificação da visão, missão, estratégias e fatores-chave da companhia. Ainda a implantação das cinco perspectivas (Financeira, Mercado, Sociedade, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento) na empresa. No capítulo 6 apresenta-se a conclusão do trabalho. No capítulo 7 apresentam-se as referências bibliográficas usadas no estudo. 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Visão e Missão da Empresa Nesse trabalho vai abordar sobre a ferramenta denominada Balanced Scorecard. A formulação e implantação desse modelo estratégico requerem como passo inicial que a organização defina a sua visão e missão. Assim, é fundamental que seja estudado a definição de visão para uma organização. Para Serra, S. Torres e P. Torres (2003, p. 42), visão é “a percepção das necessidades do mercado e os métodos pelos quais uma organização pode satisfazê-las”. Segundo Hermanson apud FIGUEIREDO (2002, p. 07), a concepção de uma visão ou missão de uma dada organização é o ponto de partida para o desenvolvimento da gestão estratégica conhecida como BSC. Definir a visão de uma organização é uma tarefa crítica, mas de importância fundamental, considerando-se que ela representa a base das ações da organização e a própria razão de sua existência. Serra, S. Torres e P. Torres (2003, p. 48) relatam que a missão define o propósito da organização de maneira clara, mas limitante. É uma declaração de longo prazo dos propósitos da organização e deveria deixar claro o escopo da operação, os mercados a serem atendidos e a posição da empresa em relação à concorrência. Nas organizações modernas usam-se as chamadas visões corporativas. Conforme os autores acima, grandes empresas elaboram uma visão a qual permite que eles possam distinguir entre o imutável e o variável, ou seja, o que deve permanecer inalterado ao longo do tempo e o que deverá mudar. A figura 2.1 apresenta os componentes da visão corporativa, que é composta por: a) Ideologia Central: não depende de produtos, mercados ou quaisquer outras mudanças, mas de “quem é” a empresa. É a descoberta por meio de perguntas que mostrem os valores nos quais a empresa acredita e defende, e inspira e motiva 20 aqueles e, somente aqueles, que fazem parte da organização. E subdivide-se em: valores organizacionais, que são os princípios de valores perenes e essenciais, cuja maior importância são para os componentes da organização. E o segundo item, é a missão da empresa. b) Visão: é composta por duas partes. A primeira é o chamado de objetivos para uma vida ou superobjetivos, ou seja, necessita de um objetivo, algo que puxe para uma determinada direção e indique o seu progresso. Tenha algo de inspirador e claro, de modo que a equipe concentre seus esforços para alcançá-lo. A segunda é a perspectiva de realidade futura, que define o que acontecerá ao alcançar os objetivos. Visão Corporativa Ideologia Central Valores Básicos Visão Missão Super Objetivos Realidade F u t u ra Figura 2.1: Componentes da Visão Fonte: Adaptado de Serra, Torres S., Torres P (2003). Através da visão, descobri o que realmente a organização quer realizar e quais são os seus valores mais importantes. Os gerentes comuns apenas administram as atividades, enquanto os verdadeiros líderes criam e impulsionam as visões para frente. Da visão que deriva a estratégia, os objetivos, as metas e as medições que impulsionam as ações. Kaplan & Norton (1997) afirmam que todos os indicadores financeiros e não financeiros devem vir da visão e da estratégia da organização. 21 2.2 Competitividade Organizacional A competitividade é um dos princípios mais importante da economia liberal, a qual tem Adam Smith1 como um dos seus principais defensores, trazendo como idéia básica o ganho pessoal; conseqüentemente com a competição entre si e o interesse exclusivo leva ao progresso geral da sociedade. A idéia de competição em nosso ambiente social vem desde da nossa infância, através de jogos e brincadeiras, em que nos foi ensinado que “o importante é competir”, passando pelos concursos e programas de Televisão – Big Brother, chegando ao mundo empresarial onde o meio considera unicamente o vitorioso, como uma forma de demonstrar competência e afirmar sua superioridade aos outros. As organizações industriais do período pós-guerra atuavam em mercados de pouca concorrência e exploravam a estratégia da fabricação em massa de um número limitado de produtos e a ampliação das vendas. Desde o inicio do capitalismo moderno, depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo passa a ser regido pela competição e crescimento econômico, e pelo fortalecimento das tecnologias. Isso ficou mais evidente com a chegada no mercado mundial dos produtos japoneses, que apostavam na alta qualidade e preços competitivos de seus produtos, e além da formação de blocos econômicos mundiais e do rápido desenvolvimento das tecnologias. Assim, é através dessas mudanças e incertezas que o ambiente constantemente vive, que a busca da competitividade é dominante em um estado, país ou organização. A competitividade é um processo que terá uma melhor visualização e entendimento à medida que a mesma aproximar-se de um ambiente real. Assim, é de suma importância citar algumas definições para facilitar a compreensão do estudo. De acordo com Rummler e Brache apud ROCHA (20100, p. 09), a competitividade é a qualidade do desempenho organizacional. Porém, nesse caso é necessário que se 11 Economista escocês, que é o pai da economia moderna e do liberalismo. 22 conheça em detalhes como a organização funciona, desde o projeto, desenvolvimento, produção até o último processo que é o de vendas e atendimento de clientes (pós-vendas). Para isso é necessário ter uma visão sistêmica da organização de forma que seus componentes possam ser gerenciados para obter-se o melhor resultado possível. Segundo Muller apud ROCHA (2000, p. 09), as mudanças estão acontecendo de forma mais rápida e imprevisível, em todos os níveis de uma organização, desde o perfil e qualificação necessária das pessoas, a tecnologia e otimização dos processos, até o comportamento do consumidor, exigindo cada vez mais, algo novo e personalizado. Essas mudanças têm exigido da administração um comportamento ágil e flexível para que a organização possa adaptar-se ao ambiente onde está inserida. Através das idéias dos autores acima, a competitividade necessita da capacidade da organização em perceber as oscilações do ambiente e a habilidade de gerir mudanças. Para Pettigrew apud ROCHA (2000, p. 10), existem três tipos de fatores que influenciam o desempenho competitivo de uma organização: • Fatores Internos (contexto organizacional): habilidade das pessoas, a capacidade tecnológica e produtiva, a logística e canais de distribuição; • Fatores Estruturais (contexto setorial): as características do mercado consumidor e as oportunidades de acesso ao mercado internacional; • Fatores Sistêmicos (contexto nacional): são os fatores que influenciaram todo o setor, como por exemplo, políticas macroeconômicas, sociais e ambientais, etc. Hamel e Prahalad apud ROCHA (2000, p. 10), demonstra que é essencial competir pelo futuro, ou seja, significa que para ser competitivo deve-se estar sempre criando novas fontes de lucro. Assim é importante a criação de novos negócios e produtos. Segundo Hamel e Prahalad apud ROCHA (2000, p.11), a base da competitividade 23 está na identificação e uso das competências essenciais da organização. Competência essencial, na opinião dos autores, é o conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma organização oferecer determinados benefícios a seus clientes, representados pelo valor percebido por estes. Assim, a competitividade dependeria da organização: - Desenvolver uma previsão futuro de seus setores; - Elaborar uma arquitetura estratégica – funcionalidades, competências e clientes; - Posicionamento e participação no mercado futuro. Pode-se alcançar a competitividade, através de algumas competências essenciais adquiridas pela organização, por exemplo: - Identificando as competências essenciais e seus elementos; - Definindo aquisição de competências essenciais; - Desenvolvendo novas competências essenciais; - Distribuindo pela organização as competências essenciais. Segundo Porter apud Serra, S. Torres e P. Torres (2003), a competitividade no setor industrial depende de cinco forças básicas competitivas: 1. Ameaças de Entrada: ameaças de novos entrantes e essas ameaças dependem de barreiras existentes, como: identidade da marca, projeto de produtos de baixo custo, retaliação esperada, política governamental, etc. 2. Rivalidade entre os Concorrentes existentes: os principais fatores das rivalidades entre as empresas são: crescimento da indústria, diferenças entre produtos, identidade da marca, custos fixos e valor agregado, etc. 3. Pressão por Produtos Substitutos: os produtos substitutos são identificados através de pesquisas, em que certos produtos possam desempenhar a mesma função que outros produtos já existentes nas indústrias. A ameaça desses produtos é devida principalmente ao preço dos concorrentes e ao custo da mudança. 24 4. Poder de Negociação dos Fornecedores: as principais fontes de poder de barganha são: diferenciação de insumos, concentração de fornecedores, impactos dos insumos nos custos, custo de mudanças, presença de insumos substitutos, etc. 5. Poder de Negociação dos Compradores: as principais fontes de poder de barganha são: concentração e volume de compradores, preço e compras totais, impactos da qualidade, identidade da marca, diferenciação de produtos, etc. 2.3 Estratégia Apesar, de que na última década vive uma explosão de ferramentas gerenciais, como TQM (Gestão da Qualidade Total), reengenharia e aprendizado continuo, que reflete a preocupação com a eficiência operacional, as empresas perceberam que não são suficientes e que realmente necessitam de uma estratégia sólida e eficiente. Isso fica evidente através de Porter apud FERNANDES E MOTTA (p. 05), que alerta as empresas que decidam competir apenas procurando melhorar suas operações, enfrentará uma concorrência difícil de vencer. O desafio que as empresas enfrentam será cada vez maior. Precisa-se consolidar uma posição competitiva única e diferenciada e não apenas imitar outras empresas. Como um dos pilares do Balanced Scorecard é a estratégia, estaremos apresentando algumas definições de estratégia. Segundo Oliveira (1992), estratégias são objetivos, metas, diretrizes e regras formuladas para orientar o posicionamento da empresa em seu ambiente. Para Ohmae apud ROCHA (2000, p. 14), a estratégia “é o modo pela qual a empresa procura distinguir-se de maneira positiva da concorrência, usando seus pontos fortes para atender melhor a necessidade dos clientes”. Oliveira (1991) destaca a estratégia empresarial como “o ajustamento da empresa ao seu ambiente, em geral em constate mutação, quase sempre com a empresa 25 alterando suas próprias características, tendo em vista este ajustamento”. Enquanto Gianesi e Corrêa apud ROCHA (2000, p. 15) descrevem a estratégia “como uma ferramenta cujo objetivo principal é o aumento da competitividade da organização”. Conforme Porter apud Rocha (2000, p. 12), “a noção que fundamenta o conceito de estratégias genéricas é que a vantagem competitiva está no interior de qualquer estratégia, e para obtê-la é preciso que a empresa faça uma escolha”. Porter apud Serra, S. Torres e P. Torres (2003, p. 9 e 10), apresenta três componentes que definem a estratégia segundo o posicionamento da organização: - Posicionamento: a estratégia é a criação de uma posição única e valiosa, que envolve um conjunto diferente de atividades. Desempenhando atividades diferentes das exercidas pelos competidores e/ou fazem as mesmas atividades de maneira diferente; - Trade-off: decidir entre alternativas conflitantes e proteger-se contra as organizações vacilantes em seu posicionamento ou que tentem reposicionar-se para competir com as que têm sucesso; - Sinergia: ajuste entre as diversas funções da empresa em torno de um objetivo comum. É fundamental que haja sinergia entre os objetivos, as diversas atividades e as políticas funcionais da organização. A vantagem competitiva é criada pela estratégia traçada por uma empresa através de algumas fontes, como: produto único e diferenciado, atividades físicas distintas, localização, logística, melhor produto do conhecimento, serviços personalizados, relacionamentos e comunicação. Conforme as definições acima, pode-se dizer que a estratégia é a busca deliberada de um processo de ação, que envolve a capacidade de perceber o movimento do ambientes – competidores, fornecedores e clientes – oportunidades e ameaças, para desenvolver e ajustar a vantagem competitiva de uma empresa. O objetivo central é criar competências internas para ação no ambiente, visando 26 adaptação/crescimento do sistema. Resumindo, podemos dizer que a estratégia nada mais é tudo o que se precisa fazer para que o cliente compre de você e não do seu concorrente. A estratégia não é o único fator de sucesso ou fracasso da empresa, mas com uma estratégia bem formulada podem-se trazer resultados fantásticos para as organizações. Conforme Monteiro (2003), tem-se 4 sentidos para a estratégia: - A estratégia fixa a direção: mapear o curso da organização para que ela navegue coesa através de seu ambiente; - A estratégia focaliza o esforço: promove a coordenação das atividades. Sem a estratégia para focalizar os esforços, as pessoas puxam em direções diferentes; - A estratégia define a organização: propicia as pessoas uma forma delimitada para entender sua organização e distingui-la das outras; - A estratégia provê consistência: reduzir a ambigüidade e prover ordem. Pode-se comparar a estratégia como uma estrutura cognitiva, onde simplifica e explica o mundo e com isso facilita a ação. Não se pode esquecer de que o responsável pela estratégia na empresa, deve ter um ótimo conhecimento da vida econômica e social da organização, além de conhecer determinantes endógenas e exógenas, a fim de explicar os seus comportamentos passados e poder prever e orientar comportamentos futuros. 2.4 Planejamento Estratégico Nessa parte do estudo, serão apresentadas algumas considerações básicas sobre o planejamento estratégico, como: conceitos, etapas e aspectos. O Planejamento Estratégico surgiu na metade do século passado pela necessidade das organizações traçarem onde e como operar o futuro. Esse planejamento vem 27 evoluindo, de acordo com o ritmo e o grau da complexidade das organizações. A seguir veremos algumas definições de planejamento estratégico. Conforme Ackoff apud ROCHA (2000, p. 16), o planejamento estratégico é um processo contínuo que envolve um conjunto complexo de decisões interrelacionadas que podem ser separadas de forma diferente. De acordo com Giegold apud ROCHA (2000, p. 16), o “planejamento é o processo pela qual tentamos aumentar a probabilidade dos resultados futuros desejados, além e acima da probabilidade de que isso aconteça por acaso”. Planejamento estratégico é um processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação com o seu ambiente (OLIVEIRA, 1988, p. 71). Segundo Mintzberg apud ROCHA (2000, p. 17), o planejamento estratégico é um processo formalizado, levando em conta as oportunidades e ameaças do ambiente e os pontos fortes e fracos da organização, para produzir resultados, estabelecendo objetivos, estratégias e ações na forma de um sistema integrado de decisões. Para Kotler apud Rocha (2000, p. 17), “o planejamento estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando a um maior grau de interação com o ambiente”. Para Chiavenato apud Boff (2003, p. 40), “o planejamento estratégico é um conjunto de tomada deliberada e sistemática de decisões envolvendo empreendimentos que afetam ou deveriam afetar toda a empresa por longos períodos de tempo”, Para Serra, S. Torres e P. Torres (2003, p. 30), planejamento estratégico “é o processo pelo qual os acontecimentos futuros serão antecipados, de maneira que as ações sejam implementadas para atingir os objetivos organizacionais. O planejamento, se bem executado, ajudará o empreendimento a concretizar sua visão, a corrigir rumos e a encontrar oportunidades”. 28 Segundo esse mesmo autor (2003), o planejamento poder ser classificado em: - Estratégico: estabelece os objetivos gerais da empresa; - Tático: implementa as atividades de alocação de recursos; - Operacional: estabelece padrões e programas. Desta forma, pode-se verificar que o planejamento estratégico é um instrumento que dá uma visão do futuro; desenvolve estratégica competitiva; junta as decisões que estavam isoladas em um Plano de Ação; facilita a compreensão e possibilita as empresas antecipar as mudanças que estão por vir. Além da necessidade do envolvimento e comprometimento de toda a organização para a efetivação desse modelo. Assim, essa ferramenta, auxilia e guia os gestores para a direção mais ajustada e a um planejamento focado ao longo prazo, além de poder diminuir o risco de tomar uma decisão equivocada. Em relação às etapas do planejamento estratégico, na concepção de Stoner e Freeman apud BOFF (2003, p. 40), são: definição de objetivos, identificação dos objetivos, e da estratégia atual, análise ambiental, análise dos recursos, identificação de oportunidades e ameaças, determinação do grau de mudança necessário, decisão da estratégia a ser adotada, implantação da estratégia, mensuração e controle. Certo e Peter (1993), afirmam que uma organização pode obter muitas vantagens com a aplicação do planejamento estratégico de forma efetiva, como: - Indica os problemas que podem surgir antes que ocorram; - Ajuda os administradores a serem (...) mais interessados na organização; - Alerta as organizações para as mudanças e permite ações em resposta a mudanças; - Permite que os administradores tenham uma clara visão do negócio; - Facilita a identificação e exploração de futuras oportunidades de mercado; - Oferece uma visão objetiva dos problemas de administração; 29 - Coordena a execução de táticas que compõem o plano; - Cria uma estrutura para a comunicação interna entre as pessoas; - Propicia à empresa uma vantagem sobre os concorrentes; - Encoraja o pensamento positivo por parte do pessoal. Robbins apud BOFF (2003, p. 50), relata que o planejamento estratégico cria muita rigidez, dificulta a mudança em um ambiente turbulento, os sistemas não podem substituir a criatividade, etc. Enquanto Certo e Peter (1993), garantem que o emprego ineficiente desse modelo pode facilmente levar a certos problemas como baixa motivação dos funcionários para atingir as metas organizacionais e surpresas ambientais que podem mutilar a organização. Finalizando, o sucesso do planejamento estratégico está na implementação adequada das estratégicas, utilizando os conceitos, métodos e ferramentas certas para que a organização possa gerenciar e tomar decisões. Assim, na continuação dessa pesquisa, mostra-se que o Balanced Scorecard se apresenta como um “sistema de gestão estratégica para administrar a estratégia em longo prazo” (KAPLAN & NORTON, 1997, p. 9). 2.5 Sistemas de Gerenciamento da Estratégia Em um ambiente de mudanças descontínuas, a luta pela sobrevivência tornou-se uma tarefa complexa e difícil para as organizações. Sobrevivência está associada à implantação de uma estratégia competitiva, que depende, fundamentalmente, da viabilidade de sua implantação, bem como, da forma como a organização constrói seu sistema de informações gerenciais. Para ajudar as empresas a terem um processo organizacional contínuo, os administradores devem empregar sistemas que auxiliam a traduzir a estratégia da empresa. Serão apresentados alguns métodos, como: Método Tableaux de Board, Gerenciamento por Objetivos, Gerenciamento pelas Diretrizes e o Balanced Scorecard. As três primeiras ferramentas têm como finalidade possibilitar a evolução dos métodos de gerenciamento da estratégia, assim dando subsídio para analisar 30 como ocorreu o desenvolvimento e a implantação da ferramenta mais usada atualmente, o BSC. 2.5.1 Tableaux de Board Segundo Epstein & Manzoni apud FERNANDES (2003, p. 23), o Tableaux Board foi um dos primeiros métodos a serem utilizados para o monitoramento e implantação das estratégias. Ele foi criado na França, na virada do século XIX para o XX, por engenheiros que buscavam melhorar os processos produtivos e compreender melhor as relações de causa e efeito nesse ambiente. Esse método já usava as medidas financeiras e não financeiras, além de que realmente usam como base à missão e visão da organização para indicar as melhores medidas. Na figura 2.2, podem-se verificar os seus processos. MISSÃO OBJETIVOS FATOR CRÍTICO DE SUCESSO INDICADOR CHAVE Figura 2.2: Processo do Tableaux Board Fonte: Adaptado de FERNANDES (2003). Apesar da ferramenta ser bastante evoluída para época, de acordo com Epstein & Manzoni apud FERNANDES (2003, p. 30), existiam algumas falhas em sua implementação, como: - Ocasiona maior peso ao monitoramento de medidas financeiras, relegando a um segundo plano algumas outras medidas importantes; - Produz uma quantidade muito grande de documentos com muitas informações dentro deles; - Publicações recentes de trabalho envolvendo o sistema mostram que o método não evoluiu, pois continua apresentando os mesmos problemas; 31 - São pouco utilizados para a discussão construtiva sobre a estratégia por parte da alta administração. Embora, o Tableaux de Board apresente esses defeitos, podemos verificar que ele foi um precursor do BSC, por intercalar um monitoramento financeiro e não financeiro da performance; e por suas medidas estarem alinhadas com a visão e missão da empresa. 2.5.2 Gerenciamento por Objetivos (Management by Objectives) - MBO Esse método é mais conhecido pela sua abreviatura, MBO, tem como principal finalidade procurar que todos estejam alinhados na mesma direção, assim não haverá perda de energia com esforços desnecessários. Para Humble apud FERNANDES (2003, p. 31), o MBO é um sistema que procura integrar a organização, a fim de tornar claro as suas metas e objetivos, permitindo que os gestores possam estar cientes de sua contribuição para obtenção dos resultados. Além de ser um processo contínuo, como mostra a figura 2.3. 32 Planejamento Estratégico Planejamento Tático Revisão e Controle Objetivos das Unidades e Plano de Melhorias Gerentes - Resultados; - Plano de Melhorias Figura 2.3: Processo do Gerenciamento por Objetivos Fonte: Adaptado de FERNANDES (2003). O MBO já apresentava a característica de que não somente a lucratividade incorporava o monitoramento dos resultados da estratégia e de apresentar o alinhamento das metas com o rumo da organização global. Apesar da qualidade desse sistema, o Gerenciamento por Objetivos não é muito empregado, pois não há uma contribuição efetiva com relação à participação dos trabalhadores na indicação dos objetivos e metas e o excessivo enfoque no controle tático-operacional e não estratégico. Além de não mostrar as possíveis relações de causa e efeito. 2.5.3 Gerenciamento pelas Diretrizes O Gerenciamento pelas Diretrizes, segundo Akao apud FERNANDES (2003, p. 33), nasceu da prática das empresas japonesas ganhadores do Prêmio Deming da qualidade, quando foram introduzidos os itens de avaliação, conforme a figura 2.4: diretrizes, planos, organização, relações interdepartamentais, análise, controle e efeitos. 33 Para o citado autor, o sistema é um método projetado para o aprendizado e concretização das intenções estratégicas da organização, permitindo um discernimento do futuro e o desdobramento para torná-lo realidade. Esse método deve ser conduzido pela alta administração, e tem como objetivo o direcionamento das ações para todos os processos em um único rumo. Ele inicia-se com a realização de um planejamento estratégico, em que traça as estratégias para a definição da sobrevivência da empresa. Esse planejamento procura determinar a missão, a visão, as crenças, os valores e a política de qualidade de uma empresa. O estágio seguinte é a análise dos pontos fracos e fortes da organização (mercado, concorrentes, tendências, etc.), essas indicarão as diretrizes prioritárias. Ou seja, essas diretrizes são o planejamento a longo prazo que desdobrarão em diretrizes de médio e curto prazo. Tendo em vista que as diretrizes também são desdobradas para os níveis hierárquicos inferiores. Análise do Sistema Empresa/Ambiente Mudanças do Ambiente (mercado) Tecnologia e Economia dos Concorrentes Valores e Crenças da Alta Administração Visão da Empresa Estratégia da Empresa Diretrizes e Metas de Longo e Médio Prazo Diretrizes e Metas de Longo e Médio Prazo Diretrizes e Metas Resultados e Avaliações Figura 2.4: Processo do Gerenciamento pelas Diretrizes Fonte: Adaptado de FERNANDES 34 Através de uma relação linear e estática, os departamentos estabelecem as suas metas de acordo com as diretrizes da alta administração. Essa ferramenta possibilita: resolver problemas crônicos e difíceis da organização; resolver questões inesperadas que são importantes e desafiadoras, que são de suma importância para a sobrevivência da empresa. Além de demonstrar uma boa potencialidade para o diagnóstico das causas que conduzem a um efeito imediato. Apesar de ser uma ferramenta poderosa, de acordo com Fernandes (2003, p.36), ela não evidência a contribuição dos ativos intangíveis (conhecimentos, habilidade, etc) para a criação de valor. Além de não discutir como pode ser estimulado o aprendizado estratégico de alto nível, e que cada efeito é isolado um do outro. Embora esse sistema seja popular, devido principalmente aos programas de qualidade, podemos sentir uma tendência das empresas em migrar para o BSC, por ser uma ferramenta que tenta superar os problemas citados e por ser um sistema voltado para a medição da performance da estratégia. 2.6 BALANCED SCORECARD - BSC A origem do Balanced Scorecard vem de 1990, quando o Instituto Nola Norton, unidade de desenvolvimento e pesquisa da KPMG, patrocinou um estudo denominado “Measuring Performance in the Organization of the Future”, com o objetivo de avaliar até que ponto os executivos das empresas se sentiam seguros com os métodos existentes de avaliação do desempenho empresarial. O resultado deste estudo indicou um grande descontentamento com a capacidade dos indicadores utilizados de promoverem adequadamente o monitoramento da estratégia delineada para o negócio. Além dos métodos de avaliação estarem quase totalmente baseadas em dados financeiros, essas ferramentas não mostravam as ações que estavam em andamento nas empresas, como: o relacionamento com o cliente, desenvolvimento do produto, qualidade total, competências individuais e organizacionais. 35 A este trabalho, seguiram-se diversos outros estudos que culminaram no desenvolvimento da base conceitual do Scorecard. O BSC foi originalmente criado pelos professores da Harvard Business School, Robert Kaplan e David Norton, em 1992, e desde então vem sendo considerado no meio empresarial, a melhor ferramenta para tradução e mensuração das estratégias das empresas. Atualmente, o BSC vem sendo utilizado por grandes corporações mundiais e tem despertado bastante interesse nas empresas brasileiras e até mesmo no setor público, tais como: IBM, Suzano Papel e Celulose, Grupo Gerdau, Petrobrás, Citibank, etc. 2.6.1 O Conceito Para Kaplan e Norton (1997, capa), o BSC é “um sistema gerencial capaz de canalizar as energias, habilidades e os conhecimentos específicos de indivíduos dos mais diversos setores da organização em busca da realização de metas estratégicas de longo prazo”. Já para Nisembaum apud SILVA (2001, p. 83) é “um sistema de gestão estratégica que permite a tradução da visão, missão e aspiração estratégica da empresa em objetivos tangíveis e mensuráveis”. O Balanced Scorecard traduz a missão e a estratégia das empresas num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica. É um novo instrumento que integra as medidas derivadas da estratégia, que complementa as medidas financeiras do desempenho passado com vetores que impulsionam o desempenho futuro e mede o desempenho organizacional sob quatro perspectivas equilibradas: financeira, dos clientes, dos processos internos da empresa e do aprendizado e crescimento (KAPLAN & NORTON, 1997, p.2). De acordo com os conceitos apresentados, o Scorecard é uma abordagem estratégica de longo prazo sustentada num sistema de gestão, comunicação e medição da performance, cuja implementação permite criar uma visão partilhada dos objetivos a atingir a todos os níveis da organização. 36 2.6.2 Princípios para integração do BSC à Estratégia Existem três princípios que permitem a integração das medidas do Balanced Scorecard à estratégia da organização: - Relacionamentos de causa e efeito Segundo Kaplan & Norton (1997, p.30), “a estratégia é um conjunto de hipóteses sobre causas e efeitos. O sistema de medição deve tornar explícitas as relações (hipóteses) entre os objetivos (e as medidas) nas várias perspectivas, para que elas possam ser gerenciadas e validadas”. O sistema deve identificar e tornar explícita a seqüência de hipóteses sobre as relações de causa e efeito entre as medidas de resultados e os vetores de desempenho desses resultados, considerando todas as perspectivas que compõem o BSC. Toda a medida escolhida para um Scorecard deve ser um elemento de estratégia da empresa, ou seja, a relação de causa e efeito está diretamente ligada às perspectivas definidas para o sistema. Em geral, o BSC identifica e torna visível a seqüência de hipóteses sobre as relações de causa e efeito entre as medidas de resultados e vetores de desempenho desses resultados. Todas as medidas identificadas devem estar relacionadas a uma causa que conduz ao efeito desejado. - Medidas de Resultados e Vetores de Desempenho De acordo com Kaplan & Norton (1997, p.156), as medidas de resultados refletem as metas comuns de muitas estratégias, bem como estruturas semelhantes entre setores e empresas. Enquanto os vetores de desempenho são de tendências geralmente específicas para uma determinada unidade de negócios, por exemplo, os segmentos de mercado em que a unidade opta a competir. Na grande maioria das vezes, as medidas de resultados são indicadores “lag” que indicam os objetivos maiores da estratégia e se suas iniciativas de curto prazo 37 geraram os resultados esperados. Esses indicadores comuns para diversos tipos de empresas, tais como lucratividade, participação de mercado (market-share), satisfação e retenção dos clientes e habilidades dos funcionários. Os vetores de desempenho identificam como um determinado resultado estabelecido poderá ser atingido. Ou seja, são indicadores “lead”, que alertam toda a empresa para o que deve ser feito hoje, a fim de criar valor no futuro. - Relação com os Fatores Financeiros Todos os programas adotados pelas empresas, como qualidade total, reengenharia, benchmarking e empowerment, devem estar associadas ao desempenho financeiro. Assim, para Kaplan & Norton (1997, p.157), “em última análise, as relações causais de todas as medidas incorporadas ao Scorecard devem estar vinculadas aos objetivos financeiros”. Apesar da necessidade dos indicadores financeiros, é de suma importância o estabelecimento de outros indicadores de performance que englobem outras perspectivas. Os autores Kaplan & Norton (1997) sugerem quatro perspectivas básicas na implantação de um BSC: financeira, dos clientes, dos processos internos e do aprendizado e crescimento. É importante frisar que o Scorecard não é apenas um sistema de medidas, mas tem a responsabilidade de traduzir a visão e a estratégia da organização em objetivos e medidas tangíveis que deixem satisfeitos os acionistas e clientes. Além de levar as medidas financeiras e não-financeiras para toda a estrutura organizacional. Em suma, com o BSC, as empresas devem procurar um equilíbrio entre as medidas de resultado (conseqüências dos esforços passados) e os vetores do desempenho futuro. 38 2.6.3 Os objetivos do Balanced Scorecard O Balanced Scorecard introduz quatro novos processos que ajudam as empresas a conectar os objetivos de longo prazo com as ações de curto prazo, através de alguns indicadores existentes dentro do BSC, que têm a função de articular a estratégia do negócio, de comunicar essa estratégia e ajudar a alinhar as iniciativas individuais e intradepartamentais com o objetivo de atingir uma meta comum. Segundo Kaplan & Norton (1997), os principais objetivos desse novo modelo de sistema de medição que está sendo estudado, conforme ilustrado na figura 2.5, seriam: - Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia Inicialmente, através de uma equipe de trabalho da alta administração, reconhece-se a visão e a estratégia da empresa. Conseqüentemente, a equipe traduz a estratégia da organização em objetivos estratégicos específicos. Além de estabelecer as metas e identificar objetivos e medidas para os seus processos internos. Ou seja, esse processo ajuda os gerente a desenvolver o consenso em torno da estratégia da organização, expressando-a em termos que orientam a ação no nível local. - Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicos Esta etapa permite que os objetivos e medidas estratégicos sejam comunicados a toda a empresa através de vários instrumentos disponíveis como newsletters, quadro de avisos, vídeos e via eletrônica. Essa comunicação serve para comunicar a todos os empregados os objetivos críticos que devem ser alcançados para que a estratégia da empresa seja bem-sucedida. O Scorecard induz, segundo Kaplan & Norton, a um diálogo entre as unidades de negócios, os executivos da corporação e os membros do conselho, não devido apenas aos objetivos de curto prazo, mas principalmente pela formulação e implantação da estratégia de performance do futuro. 39 Ao final desse processo, conforme Kaplan & Norton (1997), todos os funcionários devem ter adquirido uma clara compreensão das metas de longo prazo da empresa, bem como a estratégia adequada para alcançá-las. Uma vez compreendido, eles podem estabelecer objetivos locais que suportem essas estratégias. - Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativa Os gerentes devem planejar e estabelecer metas para os seus objetivos estratégicos, ligadas aos clientes, aos processos internos de negócios e a aprendizagem e crescimento. Uma vez estruturados, os administradores poderão alinhar suas estratégias de qualidade e reengenharias para atingir resultados expressivos. Esse processo gerencial permite que a empresa quantifique os resultados pretendidos a longo prazo; identifique mecanismos e forneça recursos para que os objetivos sejam alcançados e estabelece indicadores de curto prazo para as medidas do BSC. - Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico Esta fase é considerada a mais importante e inovadora em todo a ferramenta, de acordo com Kaplan & Norton (1997), cria-se instrumentos de aprendizado organizacional em nível executivo. O Balanced Scorecard permite que monitore e ajuste a implantação da estratégia e, caso necessite, faça mudança na própria estratégia. Além de verificar se realmente a empresa está alcançando suas metas relacionadas aos clientes, aos processos internos e aos funcionários. As empresas por estarem em um mercado turbulento e cheio de mudanças, os gerentes necessitam receber um feedback sobre as suas estratégias mais importantes. Ou seja, esse estágio proporciona à empresa a capacidade de aprendizado estratégico, que consiste em reunir feedback, testar hipóteses em que se baseou a estratégia e efetuar os ajustamentos necessários. 40 1º Processo: Esclarecer e Traduzir a Visão e a Estratégia • Esclarecer a visão; • Obter consenso. 2º Processo: Comunicar e Associar objetivos e Medidas estratégicas 4º Processo: Feedback e o Aprendizado Estratégico B A L A N C ED SC O R E C A R D • Comunicação e Educação; • Determinação de Objetivos; • Compreensão das metas • Testar hipóteses; • Ajustamento das estratégias; • Facilitar a Revisão da Estratégia e Aprendizado 3º Processo: Planejar, Estabelecer metas e alinhar iniciativa • Determinação das metas; • Alinhamento de Iniciativas estratégicas; • Alocação de Recursos. Figura 2.5: O Balanced Scorecard como estrutura estratégica para ação. Fonte: Kaplan & Norton, “The Balanced Scorecard: translating strategy into action”, 1996 Em resumo, com a introdução desses quatro processos, certamente a organização alcançará seus resultados, de forma desburocratizada, a custos reduzidos, valorizando o servidor e promovendo o desenvolvimento gerencial. Desta forma a ferramenta deve ser usada como um sistema de comunicação, informação e aprendizagem, e não como um sistema de controle. 2.6.4 As quatro Perspectivas do Balanced Scorecard A partir de uma visão integrada e balanceada da empresa, o BSC permite descrever a estratégia de forma clara, através de objetivos estratégicos em 4 perspectivas, conforme apresentado na figura 2.6 (financeira, clientes, processos internos e Aprendizado e Crescimento), sendo todas elas relacionadas entre si, através de uma relação de causa e efeito. Cabe ressaltar que o número de perspectivas utilizadas varia de organização para organização, dependendo das circunstâncias que se apresentam e de suas estratégias. 41 Para alcançar nossa visão, como deveríamos ser vistos pelos nossos clientes? Para sermos bem sucedidos financeiramente, como deveríamos ser visto pelos nossos acionistas? VISÃO FINANCEIRA CLIENTES BSC Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em que processo de negócio? PROCESSOS INTERNOS Para alcançarmos nossa visão, como sustentaremos nossa capacidade de mudar e melhorar? ESTRATÉGIA APRENDIZADO E CRESCIMENTO Figura 2.6: As Perspectivas do Balanced Scorecard Fonte: Adaptado de Kaplan & Norton (1997) - Perspectiva Financeira Segundo Kaplan & Norton (1997, p. 49), “os objetivos financeiros servem de foco para os objetivos e medidas das outras perspectivas do BSC. Qualquer medida selecionada deve fazer parte de uma cadeia de relações de causa e efeito que culminam com a melhoria do desempenho financeiro”. Os objetivos financeiros são indicadores que representam os resultados de longo prazo, como retorno sobre o investimento, lucratividade, EVA, etc. Para Olve, Roy e Wetter apud MACDONALD (2003, p. 57), a perspectiva financeira deve ser concebida de forma a identificar os resultados de curto prazo decorrentes das escolhas estratégicas feitas nas outras perspectivas, ao mesmo tempo em que deve estar atenta para os objetivos de longo prazo responsáveis pelo desempenho futuro da organização. Devem-se lembrar os objetivos financeiros podem variar de setor para setor, unidade para unidade e organização para organização, dependendo da fase do ciclo de vida 42 que o negócio esteja. Conforme Kaplan & Norton, aderem três estágios de vida nas empresas: o de crescimento, sustentação e colheita. O período de crescimento é a fase inicial do ciclo de vida, onde os serviços e produtos possuem uma alta capacidade de crescimento. Isso devido à forte necessidade de investimentos nos produtos, serviços, infra-estrutura, canais de comunicação e a relação com os consumidores. Objetivando o crescimento das vendas em novos mercados, para novos consumidores de novos produtos e serviços. Os principais objetivos adotados nessa fase são: taxas de crescimento percentual em receita e taxas de crescimento de vendas em mercados, grupos de consumidores e regiões almejadas. Já na fase de sustentação, busca-se obter significativos retornos sobre o capital investido, além do crescimento da participação no mercado. Os principais indicadores nessa fase estão relacionados com a lucratividade, tais como receita operacional, retorno sobre investimentos, retorno sobre o capital empregado e valor para os acionistas. Na última fase, pretende-se colher os investimentos realizados anteriormente. A meta principal dessa fase é a maximização do fluxo de caixa operacional e a diminuição da necessidade de capital de giro. No Quadro 2.1, conforme Kaplan & Norton, relata que para cada um desses três estágios encontram três diferentes temas financeiros que orientam para estratégia: - Crescimento e Mix de Receita: diz respeito à expansão da oferta de produtos e serviço, conquista de novos clientes e mercados, mudança no mix de produtos e serviços para itens de maior valor agregado e à alteração dos preços de produtos e serviços. - Redução de Custo/Melhoria de Produtividade: refere-se aos esforços para redução de custos diretos e indiretos de produtos e serviços, e compartilhamento de recursos entre as unidades de negócio. Isso pode ser feito através do mix de canais e redução de despesas operacionais, gerais e administrativas. 43 - Utilização de ativos/Estratégia de Investimentos: corresponde a um maior retorno sobre ativos físicos e financeiros, seja por utilizar ao máximo os ativos existentes ou melhorar a eficiência dos recursos. Quadro 2.1: Medindo temas financeiros estratégicos Temas Estratégicos Crescimento Sustentação Colheita Estratégia da Unidade de Negócio Crescimento e Mix da Receita ▪ Taxa de crescimento de vendas por segmento; ▪ Porcentagem da receita obtida com novos produtos, serviços e consumidores. ▪ Porcentagem de novos consumidores almejados; ▪Porcentagem de receitas de novas aplicações; ▪ Lucratividade de consumidores e linha de produtos. Redução de Custo/Melhoria de Produtividade Utilização de Ativos/Estratégia de Investimentos ▪ Receita/Número de Colaboradores; ▪ P&D (porcentagem ▪ Investimento de vendas). (porcentagem de vendas). ▪ Custo comparado aos custos dos competidores; ▪ Redução das taxas de custo; ▪ Gastos indiretos (porcentagem de vendas). ▪ Retorno sobre o capital empregado por categoria de ativochave; ▪ Taxas de utilização de ativos. ▪ Lucratividade de consumidores e linha de ▪ Custos unitários (por ▪ Payback (tempo de produtos; unidade de resultado, retorno do capital ▪Porcentagem de por transação). investido). consumidores não lucrativos. Fonte: Kaplan & Norton, “The Balanced Scorecard: translating strategy into action”, 1996 - Perspectiva dos Clientes Conhecer o cliente é fundamental para uma estratégia organizacional que tenha como finalidade o foco na satisfação e a retenção dos clientes. Para que isso aconteça, existem algumas preocupações básicas, como ouvir os clientes, saber o que eles gostam e não gostam, se os produtos estão atendendo as suas necessidades, se os serviços de apoio estão adequando, etc. 44 Kaplan & Norton (1997, p.68) relata que “[...] a perspectivas dos clientes traduz a missão e a estratégia da empresa em objetivos específicos para segmentos focalizados de clientes e mercados que podem ser comunicados a toda organização”. Na perspectiva dos clientes, as empresas identificam os segmentos de cliente e mercado onde elas desejam competir. Depois é importante alinhar esses segmentos com indicadores essenciais de desempenho, como podemos ver na figura 2.7 e no quadro 2.2, tais como: - Participação no Mercado: mostra a proporção de negócios realizados pela unidade da organização em um determinado mercado, em termos de número de clientes, unidade de volume vendido e dinheiro gasto; - Aquisição de Clientes: mede em termos absolutos ou relativos, a proporção a que uma unidade de negócios atrai ou ganha novos consumidores ou negócios, seja pela quantidade de novos consumidores, ou pelo total de vendas a novos consumidores em determinados segmentos; - Retenção de Clientes: mede a taxa à qual o negócio atrai ou ganha os novos clientes, em termos de porcentagem de contratos renovados e número de clientes; - Satisfação dos Clientes: mede o nível de satisfação dos consumidores em um determinado critério pré-estabelecido, tais como tempo, qualidade e manutenção; - Rentabilidade dos Clientes: mede o lucro liquido obtido do relacionamento com um consumidor ou segmento. 45 Participação de Mercado Aquisição de Clientes Rentabilidade dos Clientes Retenção de Clientes Satisfação dos Clientes Figura 2.7: Indicadores essenciais. Fonte: Adaptado de Kaplan & Norton Quadro 2.2 : A Perspectiva do Cliente – Medidas Essenciais Grupo de Indicadores Indicadores “lag” Indicadores “lead” Essenciais aos Clientes Participação de Mercado Reflete a proporção de negócios num determinado mercado (em termos de clientes, valores gastos ou volume unitário vendido). ▪ % do mercado atingido/tamanho total do mercado; ▪ % participação da conta total dos principais clientes. Aquisição de Clientes ▪ Número de novos Mede a intensidade com clientes; que a unidade de negócio ▪ Volume total de vendas atrai ou conquista novos para novos clientes. clientes ▪ % transações financeiras dos clientes-alvo; ▪ % volume total compras dos clientes-alvo; ▪ % volume total de negócios de clientes alvo. ▪ Número novos clientes/número de consultas; ▪ Custo de catação por cliente; ▪ Receita gerada/custo de captação. 46 Retenção de Novos Clientes ▪ % do número de clientes ativos no final de um Controla a intensidade período/número de com que a unidade de clientes ativos no final do negócio retém ou mantém período anterior. relacionamentos contínuos com seus clientes. Satisfação dos Clientes Mede o nível de satisfação ▪ % satisfação total na dos clientes de acordo experiência de compras. com critérios específicos de desempenho dentro da proposta de valor. Rentabilidade dos Clientes ▪ Rentabilidade por Mede o lucro líquido do clientes e por linha de cliente ou segmentos, produto. descontadas as despesas para mantê-los. Fonte: Adaptado de Kaplan & Norton Entretanto esses indicadores de desempenho de clientes retratam acontecimento do passado e por isso não são suficientes para a manutenção da competitividade no mercado. Por isso, além dos indicadores citados acima, é necessário incluir no BSC os indicadores de Performance, que podemos constatar na figura 2.8. Eles refletem o que os clientes valorizam para si, assim gerando fidelidade e satisfação dos clientes. - Atributos de Produtos e Serviços: abrange a funcionalidade, preço e qualidade. Existem clientes que dão valor para fornecedores de produtos confiáveis, de baixos custos. Já outros, preferem fornecedores de produtos diferenciados, capazes de ofertar produtos e serviços únicos; - Imagem e Reputação: reflete os fatores intangíveis que atraem um cliente, isso pode ser conseguido através de propagandas ou pela qualidade percebido pelos clientes nos produtos e serviços; 47 - Relacionamento com Clientes: refere-se à entrega do produto e serviço para o cliente, incluindo o prazo, qualidade da experiência de compra e o relacionamento pessoal. Valor = Atributos do Produto/Serviço Funcionalidade Qualidade + Imagem Preço + Relacionamento Tempo Atendimento Figura 2.8: Proposta de Valor Fonte: Adaptado de Kaplan & Norton Nos quadros 2.3, 2.4 e 2.5, podemos ver alguns exemplos de indicadores para cada atributos situados acima. Quadro 2.3: Exemplo de Atributos dos Produtos/Serviços ATRIBUTOS OBJETIVOS EXEMPLOS DE INDICADORES PREÇO Oferecer modernidade e qualidade que os clientes percebam como de alto valor, a preço justo. •Preço unitário médio na siderurgia •Número médio de transações da empresa DESIGN •Taxa de Crescimento de Oferecer mercadorias “mercadorias estratégicas”; modernas que satisfaçam as •Mark-up (margem de lucro real necessidades e aspiração do comerciante sobre preço de dos nossos clientes. venda); QUALIDADE Garantir a mais alta qualidade e consistência do produto em •Índice de retorno de mercadorias. todos os estilos e categorias. Fonte: Adaptado de Kaplan & Norton 48 Quadro 2.4: Exemplo de Imagem e Reputação ATRIBUTOS OBJETIVOS EXEMPLOS DE INDICADORES FATORES INTANGÍVEIS Tornar-se uma marca dominante em nível mundial, entendendo claramente o nosso clientealvo e direcionado na satisfação de suas necessidades. •Participação de mercado em mercadorias-chave; •Adicional de preço cobrado para marcas de grife. Fonte: Adaptado de Kaplan & Norton Quadro 2.5: Exemplo de Relacionamento com Clientes ATRIBUTOS TEMPO ATENDIMENTO EXEMPLOS DE INDICADORES OBJETIVOS Disponibilidade Produtos-chave. dos Atender as seguintes dimensões: 1.empresa com ótima aparência e estilo moderno; 2.funcionários de boa aparência; 3.clara divulgação das promoções; 4.funcionários com bons conhecimentos dos produtos; 5. funcionários capazes de praticar um bom atendimento. •Falta em estoque (%). •Experiência de compra (através de compradores “fantasma” – terceiros que compram produtos/serviços apenas para avaliar tributos). Fonte: Adaptado de Kaplan & Norton - Perspectiva dos Processos Internos Conforme Kaplan & Norton (1997, p.27 e 28), a perspectiva dos processos internos da empresa procura que os executivos identifiquem os processos críticos em que devem buscar a excelência, a fim de atender aos objetivos dos acionistas e aos segmentos específicos de clientes. 49 Segundo os autores acima, para adicionar valor ao produto e ser disponibilizado ao cliente a perspectiva dos processos internos apresenta três processos principais ilustrados na figura 2.9. - O processo de inovação: envolve a pesquisa da demanda de mercado emergente e cria os produtos e serviços que virão de encontro com esses mercados. Esse processo apresenta dois componentes, o primeiro identifica o tamanho do mercado, natureza das preferências dos clientes e os pontos de preço para cada produto ou serviço. E o segundo idealiza os mercados e as oportunidades novos para os produtos e serviços que a empresa pode oferecer. Tem como principais indicadores, a % de vendas gerados por novos produtos, % de vendas gerados por produtos atuais, capacidade técnica do processo de produção e tempo médio de geração de novos produtos. -O processo de operações: essa fase tem início com a ordem de pedido de produtos e serviços e termina com a entrega do produto ou a prestação de serviço. É enfatizada a entrega eficiente, regular e pontual dos produtos e serviços existentes aos clientes. As operações tendem a serem repetidas, assim permite a aplicação de alguns princípios da administração cientifica pra o controle e melhoramento do recebimento, o processo dos pedidos dos clientes, e os processos de suprimentos, produção e entrega. - Serviço Pós-Venda: é o fornecimento dos serviços após a venda ou entrega de um produto ou serviço. Esses serviços incluem atividades relacionadas com garantia, manutenções periódicas, reparos, treinamentos e devoluções. 50 Processo de Inovação Identificaçã o da Necessidad e do Cliente Identificar o Processo Operacional Criar a Oferta do Produzir os Processo PósVendas Entregar os Servir o Cliente Produtos/ Produtos/ Mercado Produto/ Serviço Serviços Satisfação da Necessida de do Cliente Serviços Figura 2.9: Modelo Genérico da Cadeia de Valor – Perspectiva de Processos Internos de Negócios. Fonte: Kaplan & Norton, “The Balanced Scorecard: translating strategy into action”, 1996. - Perspectiva do Aprendizado e Crescimento Para Kaplan & Norton (1997, p.29), a perspectiva do Aprendizado e Crescimento identifica a infra-estrutura que a empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria a longo prazo. Segundo o autor, “a inovação e a melhoria de produtos, serviços e processos nascerão da reciclagem dos funcionários, pelo uso de tecnologias de informações e de procedimentos organizacionais estrategicamente alinhados”. Essa perspectiva apresenta alguns indicadores de avaliação essenciais e comuns a toda organização, como: - Satisfação dos Colaboradores: esse indicador traz a premissa de que colaboradores satisfeitos e com moral elevado irão atender os clientes de uma maneira especial trazendo para os mesmos a mesma satisfação. Conseqüentemente um aumento na produtividade, prestatividade, qualidade e serviço ao cliente. - Retenção de Colaboradores: refere-se aos objetivos que promovem a retenção dos funcionários, em que caso ocorra o seu desligamento, há uma perda intelectual para a organização. - Produtividade dos Colaboradores: tem como objetivo relacionar o resultado produzido pelo número de colaboradores que foi necessário para produzi-lo. O 51 resultado da produtividade é, principalmente alcançada através da capacitação e da moral dos colaboradores. Depois de ter escolhido os indicadores essenciais, o Balanced Scorecard necessita de três indicadores específicos para compreender as diferentes situações enfrentadas pela companhia. Esses indicadores que veremos a seguir, e ilustrada no quadro 2.6, passa a ter uma conotação de extrema importância no ambiente competitiva atual e futuro. a) Capacidade dos Funcionários: Já está ultrapassado, o pensamento de que o homem é apenas um “serviço braçal”. Atualmente cresce rapidamente a utilização do conhecimento e capacidade dos funcionários para buscar a melhoria dos processos e desempenho para a empresa. Devido a essa conscientização de que o funcionário é um importante ativo para a organização, que surgiu o conceito do capital intelectual, que é composto por três segmentos: - Capital Humano: são as capacidades, habilidades, conhecimentos, experiências, criatividades e inovações que cada empregado possui para o benefício organizacional; - Capital Estrutura: são os bancos de dados, a qualidade e o alcance dos sistemas informatizados, a imagem da empresa, as marcas registradas, as patentes e documentação; - Capital de Clientes: referentes ao relacionamento com os clientes. Em geral, as organizações devem se conscientizar que o potencial humano é um dos caminhos mais confiáveis para alcançar resultados esperados na qualidade e produtividade. Para isso, os funcionários devem ser valorizados pela empresa, através de maiores responsabilidades, tratamento igual e fazer com que elas se sintam importantes para a empresa. 52 b) Capacidades dos Sistemas de Informação: Devido à alta competitividade, os funcionários necessitam de informações precisas sobre os clientes, processos internos, e das conseqüências financeiras de suas decisões. Existem alguns indicadores que informam a disponibilidade de informações aos funcionários: % de processos que oferecem feedback em tempo real sobre qualidade, tempo e custo e a % funcionários que lidam diretamente com clientes e tem acesso on-line às informações referentes a eles. c) Motivação, Empowerment e Alinhamento: A motivação, o empowerment e o alinhamento dos funcionários podem ser visto através de incentivos financeiros, número de sugestões que foram implementados, incentivos às idéias, autonomia nas decisões e o seu reconhecimento, isso tudo propicia um maior interesse dos empregados com a empresa, e conseqüentemente atingindo os resultados esperados pela empresa. O processo de alinhamento funciona através do direcionamento dos objetivos pessoais com o alcance dos resultados, baseados em recompensas e reconhecimentos. Além de estabelecer indicadores de desempenho baseado em times. Quadro 2.6: Vetores que impactam na Aprendizagem e Crescimento dos funcionários e organizações. Competência dos Funcionários Infra-estrutura Tecnológica Clima para Ação Habilidades Estratégicas Tecnologias estratégicas Ciclo de decisões críticas Níveis de Treinamento Banco de dados estratégicos Foco Estratégico Alavancagem das habilidades Captura de Experiência Empowerment dos funcionários Softwares proprietários Alinhamento pessoal 53 Patentes, direitos autorais. Moral Espírito de Equipe Para visualizar melhor o funcionamento da perspectiva do Aprendizado e Crescimento, na figura 2.10 é demonstrada a estrutura de medição dessa última perspectiva. Indicadores “lag” RESULTADOS Retenção dos Colaboradores Produtividade dos Colaboradores Satisfação dos Colaboradores Indicadores “lead” Competência dos funcionários Clima para a Ação Infra-estrutura Tecnológica Figura 2.10: A Estrutura de Medição do Aprendizado e Crescimento Fonte: Adaptado de Kaplan & Norton (1997, p.135) 2.6.5 Terminologias do Balanced Scorecard a) Mapa Estratégico Descreve a estratégia da empresa através de objetivos relacionados entre si e distribuídos nas quatro dimensões. 54 Na figura 2.11, encontra-se um exemplo de um mapa estratégico. Tema Eficiência Operacional em uma siderúrgica Financeira Rentabilidade Mais Clientes Menor Custo Mercado Qualidade maior que esperado Processos Internos Atender/superar expectativas dos clientes Menor tempo de entrega Interação de processos Aprendizado & Inovação Qualificação e certificação de processo operacional Figura 2.11: Mapa Estratégico b) Objetivo Estratégico É o que deve ser alcançado e o que é crítico para o sucesso do tema escolhido. c) Indicador É como será medido e acompanhado o sucesso do alcance do objetivo. d) Meta É o nível de desempenho ou a taxa de melhoria necessária. 55 e) Plano de Ação São os programas de ações chave necessária para que se alcancem os objetivos. Em um projeto BSC, deve-se elaborar um Mapa Estratégico, como vimos no exemplo acima, que descreve de forma clara a estratégia através de objetivos vinculados entre si e distribuídos nas quatro dimensões. No quadro 2.7, mostra que em cada objetivo terá de 1 a 2 indicadores associados, com metas e planos de ação a eles vinculados. Quadro 2.7: Exemplo de estrutura das perspectivas Objetivos Indicadores Metas Iniciativas Plano de Ação • Atender/superar • Número de contatos • 85% em 2004 • Implementar expectativa dos com clientes. metodologia para clientes. obtenção sistemática de informações sobre o mercado 2.6.6 Barreira para a Implantação do BSC As organizações estão reagindo às necessidades impostas pelo mercado, uma prova disso, é o aumento do número de empresas que implantaram o Balanced Scorecard. Porém a grande maioria das empresas não vem aplicando a ferramenta com sucesso. Informações e dados levantados por pesquisas, estudo de casos e entrevistas, demonstram que os principais fatores críticos na implantação estão divididos em dois grupos: os fatores organizacionais e os fatores especificamente relacionados à implantação. 56 2.6.6.1 Fatores Organizacionais Esse grupo refere-se aos fatores gerais da empresa, em que mesmo antes de sua implantação influenciam negativamente ao seu processo. Dentre eles, podemos destacar: 1. Processos Organizacionais: Para Kaplan & Norton apud GOLDSZMIDT (p. 4), os equívocos de projeto do BSC podem ser facilmente uma vez detectados, enquanto outros podem dificultar de forma mais incisiva sua eficaz aplicação: um projeto pobre do BSC não é uma ameaça fundamental para o sucesso de sua implantação, mas um processo organizacional é. Esse fator encontra alguns obstáculos, como: resistências dos processos gerenciais, comunicação vertical deficiente, coordenação das funções ineficientes e dentre outras. 2. Cultura Organizacional Para muitos autores, esse é um dos principais assuntos relacionados com o BSC. E dependendo de como for sua abordagem, pode se transformar em um grande obstáculo para a empresa, principalmente quando abordados contextos ligados a sua história, cultura e valores fundamentais. Como outro problema potencial, podemos citar, à falta de adaptação por parte dos funcionários da alta gerencia, devido à resistência a mudança, principalmente quando se trata de compartilhar as informações e poder. Em relação às culturas nacionais, segundo Kaplan & Norton apud GOLDSZMIDT (p. 5), o BSC tem se adaptado bem a diferentes culturas em todo o mundo, exigindo apenas alguma maturidade e sofisticação gerencial, estilo de gestão participativo e não autoritário. 57 3. Estratégia Esse item torna-se crítico quando a estratégia não está baseada na companhia e desdobrada em medidas e objetivos concretos. Além da falta de compartilhamento das idéias e informações, que podem ocasionar uma lentidão na elaboração do estudo. 4. Sistemas de Informação Pesquisas realizadas por empresas, afirmam que um dos grandes obstáculos da implantação é a falta de um sistema de informação que apóie, integre, comunique e dissemine as informações. 2.6.62 Fatores especificamente relacionados à implantação do BSC Alguns obstáculos enfrentados na implantação do sistema, quanto à escolha dos indicadores, o desafio do seu projeto, a identificação da relação de causa e efeito, da equipe do projeto e dentre outros, estão identificados abaixo. 1. Consciência da Real Finalidade do Projeto e do Esforço Necessário Norton apud GOLDSZMIDT (p. 8), afirma que grandes partes das empresas que dizem utilizar o BSC não conhecem os seus significado, o que pode levar ao descrédito do conceito. Esse fator crítico pode ocasionar uma aplicação do Scorecard limitada, em vez do estabelecimento de metas e ações. Além de um controle excessivo por parte da alta administração, acarretando uma rebeldia do restante dos funcionários. Uma outra barreira está na questão dos altos custos e tempo no processo, que gera o esquecimento e duvidas de questões importantes, como treinamento e comunicação da ferramenta. 58 2. Liderança e Apoio da Alta Administração Kaplan apud GOLDSZMIDT (p. 10) destaca dentre as falhas mais graves às quais o BSC está sujeito, a falta de comprometimento da alta gerência, a única que tem o poder de fazer as escolhas necessárias para sua efetiva utilização. Outras falhas podem ocorrer, como a existência de um líder extremamente liberal ou autoritário, liderança e administração inadequada, entre outros. 3. Equipe do Projeto Em relação à equipe do projeto, pode ocorrer problema na implantação quando presenciamos o individualismo da alta gerência no método, ou seja, a construção do BSC por apenas um membro da alta administração. Além da composição precipitada da equipe no contexto da competência e quantidade, geralmente quando há pessoas de menos ou em excesso dificulta o andamento do processo. 4. Individualização do Projeto Um risco potencial está no acréscimo de indicadores, quando não se possui uma estratégia definida traçada, em que muitas vezes, simplesmente se copia o modelo de outra empresa ou aplica um modelo padrão. Com isso, a necessidade do sistema seja individualizada para cada organização. 5. Abrangência do Projeto e Projeto Piloto A cobertura do projeto destaca-se como um fator crítico, pois dependendo da abrangência de sua pesquisa pode ocasionar sobrecarga e falta de resultados. A implantação de um plano piloto leva a empresa minimizar os riscos, adaptar as necessidades da organização, trazer o aprendizado e evitar as sobrecargas. 6. Elaboração dos Indicadores Um dos principais problemas na implantação se deve a dificuldade de avaliar a importância relativa dos indicadores, a necessidade de quantificar dados qualitativos e os indicadores que atribuem o impacto global. 59 Para Schneiderman apud GOLDSZMIDT (p. 15), existem algumas razões para o fracasso em relação à elaboração dos indicadores do BSC. • A incorreta identificação de variáveis independentes, como condutoras de desempenho primárias da satisfação dos stakeholders; • Indicadores inadequadamente definidos. Para o autor acima, os indicadores deveriam possuir definições operacionais bem documentadas, não ambíguas, consistentes e acessíveis; • Interpretação equivocada do vinculo quantitativo entre os indicadores não financeiros e os financeiros. Uma implantação pode ser inadequada, quando há uma demasiada ou escasso uso de indicadores, podendo propiciar a um desequilíbrio nos resultados. Segundo Kaplan & Norton apud GOLDSZMIDT (p. 17), as empresas erram quando utilizam apenas os indicadores que possuem dados. Ou seja, caso os indicadores ainda não tenham dados, é provável que algum processo gerencial crítico não esteja sendo gerenciado. 7. Perfeccionismo e Simplicidade De acordo com McCann apud GOLDSZMIDT (p. 17), é um grande erro, passar tempo demais tentando criar o BSC perfeito antes de implantá-lo. E para Rose Donato apud GOLDSZMIDT (p. 18), destaca que a simplicidade do processo é necessária para manter o foco. 8. Comunicação e Disseminação Para Kaplan & Norton apud GOLDSZMIDT (p. 18), uma das barreiras mais graves que o BSC está sujeito, está na questão de que as responsabilidades do método não são levadas para as camadas inferiores da organização, assim invalidando a idéia de disseminar por toda a organização. 60 Para Olve, Roy e Wetter apud GOLDSZMIDT (p. 19), o treinamento e a informação são fundamentais para o processo. E deverá ser transmitido principalmente para os clientes, funcionários e stakeholders. Outra razão para o fracasso segundo Schneiderman apud GOLDSZMIDT (p. 19) é a ausência de um sistema que quebre os objetivo de alto nível em objetivos menores. Isso dificulta transmitir as informações para os níveis hierárquicos inferiores. 9. Dinâmica da Aplicação do BSC Uma das razões para que a empresa perca o alinhamento estratégico segundo Paladino apud GOLDSZMIDT (p. 20) refere-se à introdução do BSC e as reuniões gerenciais serem atrasados devido a iniciativas, metas ou indicadores ausentes. Assim, o gerente do projeto deve comandar as diretrizes das reuniões, tentar transmitir para o grupo que BSC é componente do dia a dia dos funcionários e não esconder nenhum resultado. Para GOLDSZMIDT (p. 21), os princípios da organização orientada para a estratégia devem ser efetivamente incorporados nas ações gerenciais incentivando-se a comunicação sem defensividade, reavaliando periodicamente a estratégia e implementando programas de melhoria vinculados aos indicadores do BSC. 10. Integração com os Processos Gerenciais Dentre os itens críticos podemos citar a falta de integração dos sistemas de controles no Balanced Scorecard, como por exemplo: sistema de remuneração, relatórios e orçamentos. 61 3 IMPLEMENTAÇÃO DE UM BALANCED SCORECARD Na elaboração de um BSC, existem alguns fatores importantes para que a implantação tenha sucesso. Um dos mais importantes itens refere-se à necessidade do comprometimento da alta administração no processo de criação e desenvolvimento dos indicadores. Nessa mesma trajetória, o outro cuidado que deve haver está na participação parcial da alta administração, caso apenas um ou dois componentes estejam participando, ou seja, não existe um envolvimento de todos, o processo deverá ser cancelado. Considerando as conclusões acima, a seguir apresenta-se as principais etapas para a implementação de um Balanced Scorecard em uma organização. 3.1 Identificação dos motivos para a implementação de um BSC Para a criação da ferramenta, é importante o acordo e apoio da alta gerencia sobre os motivos para a aplicação do Scorecard. Para Kaplan & Norton (1997), os principais objetivos para a implantação de um BSC estão relacionados com três fatores: - Facilitar e orientar o estabelecimento de objetivos e medidas, traduzidos da visão e estratégia e inter-relacionados com as perspectivas; - Obtenção do consenso de todos os participantes, para facilitar a execução das iniciativas estratégicas; - Possibilitar a ligação entre os indicadores de resultados com os seus vetores de desempenho, com isso facilitaria a construção e o acompanhamento do BSC. 62 3.1.1 Definição das Perspectivas Haja vista o modelo básico proposto por Kaplan & Norton (1997), esteja estruturado em quatro perspectivas, e ainda com a possibilidade da inclusão de mais perspectiva, isso será possível caso haja uma ligação de causa e efeito entre as mesmas. Entretanto a seqüência dos estudos das diferentes perspectivas será definida caso a caso, ou seja, cada organização tem um foco diferente, assim terá uma seqüência proposta diferente, respeitando a relação de causa e efeito existente entre elas. 3.1.2 Definição dos Participantes Depois de definidos os objetivos e perspectivas que estarão no Balanced Scorecard, o próximo processo é da escolha de uma pessoa que seja responsável para a composição do BSC, o chamado arquiteto. Ele tem a incumbência de supervisionar todas as atividades; acompanhar os cumprimentos das etapas previstas; gerenciar o processo de aprendizagem; estimular a equipe e traduzir as idéias, intenções e ações definidas em objetivos e indicadores. Esse profissional tem a incumbência de criar a estrutura e facilitar o processo. 3.2 A Construção do Balanced Scorecard Devido a cada organização possui suas próprias características, elas delimitam o seu próprio caminho para a construção do modelo do BSC. Porém, Kaplan & Norton (1997, p. 314), sugere um modelo simples e genérico, utilizado na maioria das organizações, composto por quatro passos. A seguir, mostram-se essas etapas mais detalhadas. 63 3.2.1 Passo 1: Definição da arquitetura de indicadores Segundo Kaplan & Norton (1997, p. 314), essa fase é composta por duas tarefas distintas. a) Seleção da unidade organizacional adequada Para que haja uma implementação adequada e sem nenhuma complicação da ferramenta, deve-se definir uma unidade de negócio que compreenda as atividades em uma cadeia de valor, ou seja, inovação, operacional, marketing e pós-vendas. Além de uma estratégia ligada a sua missão. b) Identificação das relações entre a unidade de negócio e corporação O principal objetivo dessa tarefa é a de manter a reciprocidade entre a estratégia da corporação com a unidade de negocio definida. Além de alinhar os objetivos da unidade com os da corporação, através de entrevistas realizadas com os principais executivos das divisões, a cerca dos objetivos financeiros para a unidade; temas corporativos (meio ambiente, segurança, qualidades e outros) e ligações com as outras unidades de negócios. 3.2.2 Passo 2: Consenso referente aos objetivos estratégicos Essa etapa, segundo Kaplan & Norton (1997, p. 316), é composta por três tarefas distintas. a) Realização da primeira rodada de entrevista São organizados materiais básicos para construção, como: relatórios dos planejamentos estratégicos referentes à visão, missão, mercado e da estratégia da unidade de negócio. 64 Essas entrevistas têm como objetivo principal que os indivíduos tenham clareza sobre a estratégia da organização e a identificação dos objetivos estratégicos de acordo com a visão e a estratégia da empresa. Além da identificação dos indicadores de resultados e os possíveis conflitos potenciais existentes entre os participantes ou áreas da unidade. b) Realização da sessão de síntese Feitas as entrevistas, inicia-se a sessão de síntese, que servirá de base para a primeira reunião com a alta administração, em que são identificadas as principais respostas e questões tiradas da fase de entrevistas. Nessa sessão deve-se obter uma lista de objetivos e indicadores classificados por perspectivas. c) Realização do workshop executivo A Realização do workshop executivo tem como finalidade buscar um consenso entre os participantes sobre os objetivos, indicadores, ações e relações entre essas informações e o planejamento estratégico definido. Esses objetivos e indicadores devem ser feitos por perspectiva, ou seja, de forma seqüencial, iniciada pela qual representa o efeito principal do foco da empresa e seguindo com a relação de causa e efeito. 3.2.3 Passo 3: Escolha e elaboração dos indicadores Essa etapa, segundo Kaplan & Norton (1997, p. 319), é composta por duas tarefas distintas. a) Reuniões dos subgrupos Serão formados quatro grupos em que terem a finalidade de alcançar alguns objetivos, como: 65 - refinar as descrições dos objetivos estratégicos definidos no primeiro workshop executivo; - identificar o indicador ou indicadores que melhor se relacionem com os objetivos a serem atingidos; - identificar as fontes de informações necessárias para cada indicador; - identificar as relações de causa e efeito entre cada perspectiva e indicadores de cada perspectiva. O principal objetivo dessa etapa é a identificação de indicadores que melhor comuniquem o significado da estratégia. Em relação ao modelo básico das quatro perspectivas, segue abaixo alguns indicadores essências para cada uma das perspectivas que são encontrados repetidamente nos scorecards. - Perspectiva Financeira (indicadores): retorno sobre o investimento / valor econômico agregado; lucratividade; aumento / mix de receita; e produtividade da redução de custos. - Perspectiva dos Clientes (indicadores): participação de mercado; aquisição de clientes; retenção de cliente; lucratividade dos clientes; e satisfação dos clientes. - Perspectiva dos Processos Internos (indicadores): tempo de ciclo, porcentagem de venda de novos produtos; e tempo de resposta a reclamações. - Perspectiva do Aprendizado e Crescimento (indicadores): satisfação dos funcionários; retenção dos funcionários; e lucratividade por funcionários. Os vetores de desempenho são os que garantem um bom desempenho desses indicadores, assim como a sustentação adequada na arquitetura do BSC. Ao final dessa tarefa, os subgrupos devem obter: 66 - lista de objetivos para cada perspectivas, acompanhada da descrição detalhada de cada objetivo; - descrição dos indicadores para cada objetivo; - a identificação de como esses indicadores serão quantificados; - uma ilustração da relação de causa e efeito entre esses indicadores e perspectivas. b) Workshop executivo – segunda etapa As informações deveram ser apresentadas pelo executivo de cada subgrupos, para que haja um comprometimento com os objetivos e metas formuladas, e com projeto como um todo. Nessa etapa deve ser apresentados todos os objetivos, indicadores e vetores de desempenho por perspectiva. Com isso podemos finalizar a fase de consolidação de todas as informações para a implantação do plano estratégico. 3.2.4 Passo 4: Elaboração do Plano de Implementação Essa etapa, segundo Kaplan & Norton (1997, p. 319), é composta por três tarefas distintas. a) Desenvolvimento do Plano de Implementação Nessa fase, os executivos de cada subgrupos, formalizam os objetivos e metas estabelecidas, e desenvolve um plano de implementação do Balanced Scorecard. Esse plano deve incluir como, os indicadores serão ligados aos sistemas de informações com o banco de dados. Assim é possível desdobrar os objetivos estabelecidos até o menor nível hierárquico, desta forma identificar o que cada 67 empregado contribui e apresenta de resultado. Além de comunicar o BSC por toda a organização. b) Workshop executivo – terceira etapa O objetivo principal dessa terceira etapa é a aprovação final e a identificação de possíveis projetos a serem desenvolvimentos para a realização das metas e o alinhamento entre as diversas medidas estabelecidas. Os executivos devem chegar ao um consenso e aceitação em relação ao programa de implementação do scorecard, que possibilite a comunicação, integração à filosofia gerencial e o desenvolvimento de um sistema de informação aos funcionários. c) Finalização do Plano de Implementação Para que o BSC possa criar valor para a organização, é necessário que seja integrado ao sistema de gerenciamento da empresa. Recomenda-se para a incorporação, a realização de reuniões periódicas de acompanhamento do plano, estimado a cada 60 dias. Temos como último conselho à elaboração de um cronograma de trabalho, em que mencione todas as etapas para a implantação do Balanced Scorecard e o seu processo de acompanhamento. Pode-se concluir que para colocar em prática todo o conhecimento adquirido em relação a essa ferramenta, é necessário o desenvolvimento de um passo a passo, como citado acima. Como esse sistema gerencial é relativamente novo para a maioria das organizações, em relação à sua implementação, recomenda-se seguir o conhecimento de alguns autores. 68 4 A COMPANHIA SIDERÚRGICA DE TUBARÃO - CST 4.1 HISTÓRIA A Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST foi constituída em Junho de 1976, como uma “joint-venture” de controle estatal, com a participação minoritária dos grupos Kawasaki, do Japão, e Ilva (ex-Finsider), da Itália, tendo iniciado a operação em novembro de 1983. Em Julho de 1992, a empresa foi privatizada, sendo desde então controlada por grupos nacionais e estrangeiros. Desde a sua privatização até 2002, a CST realizou investimentos na ordem de US$ 1,8 bilhão, voltado especialmente para atualização tecnológica, aumento e enobrecimento do mix de produção e melhorias operacionais e ambientais. Em 2002, A CST diversificou a sua produção, com a implantação de um Laminador de Tiras a Quente (LTQ) que incorpora uma tecnologia compatível à encontrada no mercado. 4.2 A EMPRESA A CST está estrategicamente localizada na costa do sudeste brasileiro, na região da Grande Vitória, estado do Espírito Santo, entre os municípios de Serra e Vitória. Conta com uma área total de 13,5 milhões de m2, sendo que a usina ocupa cerca de 7 milhões de m2. Além de ser servida por uma malha rodo-ferroviário e por um complexo portuário, em que se destaca o porto de Praia Mole. Essa infra-estrutura favorece o recebimento das principais matérias-primas e insumos — principalmente minério de ferro e carvão mineral — e facilita o escoamento dos produtos. É uma usina totalmente integrada, com elevado nível de automação e autosuficiência em energia elétrica, gerando 100% da energia necessária à sua produção, a partir do aproveitamento de gases do processo produtivo. 69 Após alguns anos de sua privatização, a empresa atualmente é controlada por Acesita/Arcelor (via Aços Planos do Sul), Companhia Vale do Rio Doce e Kawasaki Steel Corporation (liderando um grupo de acionistas japoneses), como podemos ver na Tabela 4.1. Tabela 4.1: Composição Acionária POSIÇÃO EM 31/1/2004 (%) Acionista Ordinárias Preferenciais Total Acionistas Japoneses 20,51 0 7,91 Aços Planos do Sul(*) 29,64 0 11,43 APSL Arcelor Participações S.A. 6,02 23,38 16,69 APSL ONPN Participações S.A. 8,54 11,28 10,22 California Steel 4 0 1,54 Ciest / Funssest 5,48 1,07 2,78 CVRD 20,51 24,32 22,85 Outros 5,3 39,95 26,58 Nº estimado de acionistas: 3378 (*) Através da Acesita / Arcelor. ASPL - Aços Planos do Sul Empresas controladas: CST Overseas Ltda e CST Comércio Exterior S/A. Fonte: site da CST (2004). A estrutura organizacional da empresa está definida conforme o organograma apresentado na figura 4.1: 70 Figura 4.1: Organograma da CST Fonte: Site da CST (2004). A Companhia Siderúrgica de Tubarão é a maior produtora mundial de placas de aço, um semi-acabado de qualidade destinado para a industria siderúrgica mundial. Com a entrada em operação do LTQ, no segundo semestre de 2002, parte da produção de placas está sendo convertida em um outro semi-acabado, a bobina a quente. Atualmente a empresa possui dois tipos de semi-acabados: Placa de aço: semi-acabado utilizado, mediante relaminação a quente e a frio, para as mais diversas aplicações, incluindo a fabricação de automóveis e autopeças, tubos, gasodutos e oleodutos, embalagens e eletrodomésticos, além de usos diversos na indústria naval e na construção civil. Bobina a quente: semi-acabado produzido a partir da placa de aço, utilizado diretamente na fabricação de tubos, vasos de pressão, autopeças, implementos agrícolas, material ferroviário, material eletromecânico e embalagens, além da construção civil. Mediante relaminação a frio e galvanização, utilizado na fabricação de automóveis (partes expostas), eletrodomésticos (linha branca) e embalagens 71 (alimentos, bebidas), dentre outros produtos. É um produto que possui um maior valor agregado e destinado principalmente para o mercado interno e Mercosul. Como podemos ver na figura 4.1 e no gráfico 4.1, a CST possui cerca de 20% do mercado global de placas, sua produção destina-se principalmente para o mercado externo, como: Estados Unidos, Europa e Ásia. Figura 4.2: Distribuição de Vendas de Placas no Mercado Fonte: site da CST (2004). 72 Figura 4.3: Distribuição de Vendas – 1984 à 2003 (Junho) Fonte: Site da CST (2004). A produção atual, decorrente de novos investimento feitos em 2003 é da ordem de 5 milhões de toneladas de placas de aço/ano. Na tabela 4.2, podemos verificar que a empresa em 2002 foi a segunda maior produtora brasileiro de aço e durante 5 anos inclui-se entre as 10 maiores empresas exportadores do Brasil, constituindo-se numa das principais geradoras de saldo líquido de divisas para o país. Tabela 4.2: Maiores Produtores Brasileiros de Aço RANKING (2002) 1 2 3 4 COMPANHIAS CSN CST Usiminas Cosipa PRODUÇÃO AÇO BRUTO 5.11 Mt 4.90 Mt 4.57 Mt 3.87 Mt 73 5 6 7 8 9 10 Fonte: site da CST (2004). Gerdau B. Mineira Açominas Acesita Aços Villares VMB 3.60 Mt 2.83 Mt 2.40 Mt 0.71 Mt 0.70 Mt 0.50 Mt Tabela 4.3: Maiores Empresas Exportadoras Brasileiras RANKING 1999 2000 2001 2002 2003 (Jan-Set) 1 Embraer Embraer Embraer Petrobrás Petrobrás 2 CVRD CVRD Petrobrás Embraer Bunge Alimentos 3 Ceval Petrobrás CVRD CVRD CVRD 4 Fiat Volkswagen Volkswagen Bunge Alimentos Embraer 5 CST Bunge Alimentos Bunge Alimentos Volkswagen Volkswagen 6 Petrobrás CST CST Cargill Cargill 7 Ford Fiat Cargill CST General Motors 8 Volkswagen Motorola Motorola General Motors CST Aracruz Celulose General Motors General Motors Motorola Aracruz Celulose Coinbra Ford ADM do Brasil Aracruz Celulose General 10 Motors Fonte: site da CST (2004). 9 A Companhia Siderúrgica de Tubarão considera cada empregado o principal elemento na consecução de sua finalidade e missão empresarial. Uma de suas diretrizes básicas é a valorização do homem, assegurando a produtividade em níveis crescentes, mantendo um ambiente de trabalho que valorize a competência e estimule o autodesenvolvimento, atendendo os anseios do empregado quanto à satisfação pessoal, crescimento profissional, segurança e a preservação da saúde em ambiente de trabalho. 74 A CST é uma empresa que prioriza a continua melhoria da qualidade do produto e de suas relações com o meio ambiente e a comunidade, tendo s sistemas de gestão certificados pela ISO 9001 e pela ISO 14001, respectivamente, por recomendação do Lloyd’s Register Quality Assurance – LRQA. A Companhia apóia iniciativas e projetos sociais e busca contribuir para o desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida em sua área de influência. Em 2002, os investimentos sociais totalizaram cerca de US$ 1 milhão em diversos projetos, na área da saúde, educação, emprego, meio ambiente, segurança e cultura. 75 5 ESTUDO DE CASO: ANÁLISE E APLICAÇÃO DO BALANCED SCORECARD NA COMPANHIA SIDERÚRGICA DE TUBARÃO O presente estudo foi realizado na Companhia Siderúrgica de Tubarão cujo cronograma de implantação teve início no 1º período de 2002, porém a implantação da ferramenta na companhia somente ocorreu no início de 2003. Apresenta características que tornaram possível o sucesso na implementação da ferramenta, na qual pode-se destacar a existência de uma cadeia de valor e um planejamento estratégico bem estruturado. A escolha para o desenvolvimento dessa pesquisa deve-se aos seguintes fatores: a consolidação como o maior produtor mundial de placas e uma das maiores empresas Brasileira, ocupando uma posição de destaque na economia e no desenvolvimento do Estado e do País. Essa consolidação requer um sistema de gerenciamento que permita um controle organizacional adequado. Conforme citado no Capítulo 3, o primeiro passo para a criação do BSC é a definição dos motivos para a sua utilização. A empresa procura na ferramenta um meio de traduzir a estratégia em termos operacionais; fornecer uma exposição clara da visão e estratégia da empresa e uma ferramenta para a comunicação da estratégia para toda a empresa. Uma vez definido os motivos devem-se identificar as perspectivas a serem usadas pela empresa. No caso específico dessa pesquisa, as perspectivas são: Financeira, do Mercado, da Sociedade, dos Processos Internos e do Aprendizado e Crescimento. Uma vez definidos as perspectivas, a próxima etapa é a definição dos participantes. Fazem parte da equipe, a alta administração da empresa, cerca de 18 “padrinhos” ou coordenadores escolhidos entre os 15 departamentos participantes, que tiveram como papel: estabelecimento dos critérios de cálculo dos indicadores, garantir a mensuração das informações, garantir o alinhamento dos projetos, decidir a forma e o conteúdo do detalhamento de cada indicador. 76 Para a definição da arquitetura de indicadores é necessário identificar algumas informações da organização, tais como a visão, missão e estratégia. Além de seus fatores-chave de sucesso e seus objetivos estratégicos. 5.1 A MISSÃO DA EMPRESA Contribuir, através do fornecimento de produtos e serviços de qualidade, para o aumento da competitividade de nossos clientes, em harmonia com os interesses dos acionistas, empregados, fornecedores, financiadores e comunidade. A principal missão da companhia é aumentar a competitividade de seus clientes. 5.2 A VISÃO DA EMPRESA A visão estratégica da CST é ampliar liderança, através de seu crescimento, como o fornecedor preferencial de semi-acabados para a industria siderúrgica mundial. Com base nessa visão estratégica, foram formuladas algumas questões estratégicas para definir a estratégia e os objetivos estratégicos de cada perspectiva, respeitando a hierarquia proposta pela organização e apresentada na figura 5.1. 77 VISÃO Ampliar a liderança da CST Perspectiva Financeira Ser formos bem sucedidos, como seremos percebidos pelos acionistas e investidores? Perspectiva de Mercado Como nossos clientes percebem o sucesso de nossa estratégia? Perspectiva da Sociedade Como somos visto pela sociedade pela estratégia traçada? Perspectiva de Processos Internos Como nossa cadeia de valor interna suporta a estratégia? Perspectiva de Aprendizado e Crescimento Como devemos aprender e inovar para suportar a estratégia? Figura 5.1: Modelo de articulação para a tradução da visão em cada perspectiva. 78 Segue abaixo as estratégias definidas para a efetivação da visão estratégica. ● Estabilidade e Margem de Lucro – pessoas excelentes e satisfeitas; processos estáveis e de alta tecnologia; clientes de semi-acabados de qualidade e longo prazo e margens de lucro. ● Mix de maior valor agregado – gestão por processos e sistemas integrados, atualização tecnológica e interação e flexibilidade, mercado de Bobina a quente e mix de maior valor agregado. ● Crescimento e Sustentabilidade – expansão, prolongamento da vida útil e acesso a capital; sociedade e sustentabilidade; e gestão de ativos, estrutura de capital e retorno. 5.3 FATORES CHAVE DE SUCESSO DA EMPRESA ► Manter nossa vantagem de custo; ► Estabelecer parcerias estratégicas; ►Reduzir a variabilidade em todos os processos; ► Alavancar capital aproveitando oportunidades futuras; ► Alinhar nossos acionistas com nossa visão; ► Fortalecer nossa capacidade e competência gerencial; ► Desenvolver completamente o potencial e a qualidade de nossa força de trabalho. 79 5.4. APLICAÇÃO DAS PERSPECTIVAS Nesta fase, apresentam-se os objetivos, indicadores de resultados e os projetos estratégicos para cada perspectivas do Balanced Scorecard que foram relacionados de acordo com a visão e a estratégia da CST. Ainda apresenta-se a relação das descrições das informações de cada um dos objetivos estratégicos referentes a todas as cinco perspectivas traçadas pela companhia. Além de demonstrar as relações de causa e efeito existentes entre elas. 5.4.1 Perspectiva Financeira Através dessa perspectiva a Companhia Siderurgia de Tubarão espera alcançar alguns objetivos para que sejamos bem sucedidos e percebidos pelos acionistas e investidores. • Aumentar Retorno Total para o Acionista: buscar patamares crescentes para o retorno total dos acionistas, visando agregar valor ao seu patrimônio e remunerandoos com os níveis do mercado. • Buscar o Crescimento da Receita: garantir que o crescimento da empresa seja atingido, através das taxas de crescimentos positivos oriundos dos projetos da companhia; • Perseguir Mix de Maior Valor Agregado: alcançar um mix selecionado de produtos semi acabados que tenha um maior valor agregado; • Manter Custos Competitivos: sustentar a competitividade de custos da empresa, de acordo com as tendências do mercado; • Maximizar a Utilização dos Ativos: conquistar o maior resultado (volume, receita, lucro) a partir dos ativos (capital de giro e imobilizados) usados na CST; 80 • Otimizar a Estrutura de Capital: buscar minimizar a necessidade de capital próprio, buscando capital de terceiros e de empresas financeiras; Para termos um melhor entendimento sobre essa perspectiva, no quadro 5.1, mostra de forma resumida os principais objetivos e indicadores dessa fase. 81 Quadro 5.1: Perspectiva Financeira - CST Objetivo Indicadores de Resultados Responsável Projetos Estratégicos • ROCE Aumentar Retorno Total para o Acionista • RETORNO TOTAL AOS ACIONISTAS Departamento Finanças - FDF Buscar o Crescimento • Taxa de Crescimento de da Receita Receita Líquida • Percentual de faturamento com Perseguir Mix de extrapreço Departamento Vendas - CDV Departamento Vendas - CDV • Desenvolver mercados onde a CST apresenta diferenciais técnicos para BQ e Placa; • Extramargem por tonelada Departamento Vendas/Finanças • Plano de vendas com foco na rentabilidade e na produtividade (ordens repetidas e grandes volumes) • Custo médio por processo Diretoria Maior Valor Agregado Manter Custos Competitivos Diretoria Departamento Controladoria - FDC Departamento Maximizar a Utilização • Custo do Ciclo financeiro / receita Controladoria - FDC dos Ativos • Giro do Ativo Imobilizado • Geração de caixa com impostos Departamento / receita Controladoria - FDC • Custo médio ponderado do capital Otimizar a Estrutura • Índice de Lucratividade de Capital • Fluxo de Caixa Livre Fonte: CST Departamento Controladoria/Finanças Departamento Controladoria - FDC Departamento Controladoria - FDC • Plano de aumento de liquidez das ações CST 82 5.4.2 Perspectiva de Mercado Nessa perspectiva busca-se que o cliente perceba o sucesso de nossa estratégia, mostrando os indicadores mais representativos que reflete esse item para a CST. • Ser Reconhecido como Fornecedor Preferencial de Semi acabados de Qualidade: ser visto como a melhor solução para o fornecimento de semi acabados. E criar demanda futura para suportar o crescimento de nossos clientes; • Atender a Demanda de Bobinas a Quente: buscar a conquista do mercado de BQ no mercado brasileiro, verificar a demanda de bobinas a quente no Mercosul e conquistar os clientes-alvo; • Estabelecer Relacionamento de Longo Prazo: buscar um relacionamento diferenciado com os clientes, objetivando uma relação estável (volume e preço), contratos contínuos e grandes lotes. Além de expandir o conceito de clientesparceiro; • Ofertar Produtos e Serviços sob Medida Tornando o Cliente mais Competitivo: atender a cada cliente de forma diferenciado, segundo suas necessidades. No quadro 5.2, encontraremos os objetivos citados acima relacionados com os seus indicadores de resultado e seus possíveis projetos estratégicos. 83 Quadro 5.2: Perspectiva de Mercado - CST Objetivo Indicadores de Resultados Responsável Projetos Estratégicos • Tamanho médio do item de Ser Reconhecido como compras por cliente Fornecedor Preferencial de Semi acabados de Qualidade • Participação média das compras dos clientes alvo Departamento Vendas - CDV • Market Share segmentado da CST de BQ no Brasil Departamento Vendas - CDV • % das vendas destinadas à exportação Departamento Vendas - CDV • Desenvolver mercados onde a CST apresenta diferenciais técnicos para BQ e Placa Departamento Vendas - CDV • Plano de Vendas com foco no atendimento dos clientes de longo prazo. Atender a Demanda de Bobinas a Quente Departamento Vendas - CDV • Plano de vendas com foco na rentabilidade e na produtividade (ordens repetidas e grandes volumes) • Realização do Plano de Vendas de BQ no mercado Interno • Percentual de faturamento Estabelecer Relacionamento advindo de clientes com alto de Longo Prazo Índice de recompra • Entregas no prazo para Clientes Preferenciais; Ofertar Produtos e Serviços • FIC (fator de insatisfação do sob Medida Tornando o cliente). Cliente Mais Competitivo Departamento Vendas - CDV • Entregas no prazo para Demais Obs: % do prazo definido na Delivery Date Fonte: CST Clientes. 84 5.4.3 Perspectiva da Sociedade Estaremos abordando nessa perspectivas as medidas que procuram dar suporte em relação à imagem da sociedade perante as estratégias traçadas pela empresa. • Antecipar às Demandas Ambientais: reforçar o compromisso da CST com os princípios e as melhores praticas em relação ao desenvolvimento sustentável. E trabalhar a questão ambiental juntamente com a comunidade, buscando conhecer suas demandas, comunicar as políticas aplicadas, etc; • Comunicar com Transparência para a Sociedade: promover uma imagem positiva da CST, através de uma comunicação de qualidade; • Valorizar a Cultura de Responsabilidade Social: a empresa procura incentivar, desenvolver e apoiar iniciativas e programas de responsabilidade social; No quadro 5.3 estão identificados os indicadores de resultado e os projetos estratégicos de acordo com cada objetivos relacionados acima. 85 Quadro 5.3: Perspectiva da Sociedade - CST Objetivo Indicadores de Resultados Responsável Departamento • Indicadores ambientais que Meio Ambiente e cumprem normas e legislações Comunicação internacionais. Antecipar-se às Empresarial - PDM Demandas Ambientais Departamento • Freqüência de Ocorrências Meio Ambiente e Ambientais Comunicação Empresarial - PDM Departamento Meio Ambiente e • Menções Desfavoráveis Comunicação Comunicar com Empresarial - PDM Transparência para a Departamento Sociedade • Resultado Pesquisa de Imagem Meio Ambiente e da CST junto a Comunidade Comunicação Empresarial - PDM Departamento • Número de beneficiários nos Meio Ambiente e Programas sociais Comunicação Empresarial - PDM Departamento Valorizar a Cultura de • Resultado da Avaliação Ethos Meio Ambiente e Responsabilidade Social de Responsabilidade Social Comunicação Empresarial - PDM Departamento • Número de parceiros com Meio Ambiente e programas compartilhados Comunicação Empresarial - PDM Projetos Estratégicos • Enquadramento dos padrões ambientais internos aos padrões da União Européia • Ampliação do conhecimento da sociedade sobre a CST • Valorização da cultura de responsabilidade da CST; • Projeto de gestão de recursos de terceiros para contratadas selecionadas 86 A relação entre as perspectiva financeira, de mercado e da sociedade, apresenta uma relação de causa e efeito, mostrada na figura 5.2. Evidenciando a importância da operação e manutenção de todas as medidas que darão apoio para o aumento do retorno total para os acionistas. Perspectiva Financeira AUMENTAR RETORNO TOTAL PARA O ACIONISTA MARGEM BUSCAR O CRESCIMENTO DA RECEITA Perspectiva de Mercado SER RECONHECIDO COMO FORNECEDOR PREFERENCIAL DE SEMI ACABADOS DE QUALIDADE PERSEGUIR MIX DE MAIOR VALOR AGREGADO MANTER CUSTOS COMPETITIVOS MAPA ESTRATÉGICO CORPORATIVO MAXIMIZAR A UTILIZAÇÃO DOS ATIVOS Perspectiva da Sociedade FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE TORNAR O CLIENTE MAIS COMPETITIVO NA SUA CADEIA DE VALOR ESTABELECER RELACIONAMENTOS DE LONGO PRAZO ATENDER A DEMANDA DE BOBINA QUENTE RETORNO OTIMIZAR O USO DO CAPITAL NOS INVESTIMENTOS INTERAGIR PARA CAPTAR AS EXPECTATIVAS DOS CLIENTES AUTO SUSTENTABILIDADE COMUNICAR COM TRANSPARÊNCIA PARA AS PARTES INTERESSADAS ANTECIPAR-SE ÀS DEMANDAS AMBIENTAIS VALORIZAR A CULTURA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL Perspectiva de Processos Internos Perspectiva Aprendizado e Crescimento 27 Figura 5.2: Perspectiva de Mercado e da Sociedade – Relação de Causa e Efeito 5.4.4 Perspectiva dos Processos Internos As informações dessas perspectivas trazem o desdobramento das medidas, buscando identificar como a cadeia de valor interna suporta a nossa estratégia. • Viabilizar a Expansão da Produção: preparar para o inicio do projeto, buscando o apoio dos acionistas, cumprimento dos projetos para a execução, identificando a demanda necessária, etc; 87 • Prolongar a Vida Útil das Unidades: preservação e proteção das instalações industriais, produção acima da capacidade nominal dos equipamentos, postergar grandes reformas, adiar a substituição de equipamentos e atualizar equipamento com softwares; • Desenvolver Parcerias Estratégicas: buscar e consolidar parceiros, com fornecedores, clientes, acionistas e outros; • Otimizar Estabilizar a Produção e Reduzir a Variabilidade: consolidar a estabilidade da produção, com a redução da variabilidade dos processos, tendo como valores incorporados à proteção e saúde dos empregados e a minimização do impacto ambiental; • Manter Atualização Tecnológica: identificação de novas tecnologias que tragam resultados para a CST e seus clientes, realização de novos investimentos para estar à frente tecnologicamente e a capacidade de comprar e usá-la de forma eficiente; • Interagir para Captar as Expectativas dos Clientes: trabalhar permanentemente com as expectativas e as percepções dos clientes de forma a torná-lo mais competitiva. Deve incorporar a avaliação de seu mercado, a cadeia de suprimento e as características competitivas; • Desenvolver Inteligência Mercadológica: usar mais eficazmente, o acesso às informações do mercado mundial de produtos siderúrgicos para suportar o processo de tomada de decisão. Através de melhores estimativa da oferta, demanda e preço de aço no mercado mundial, e a identificação de novas oportunidades de negócio, como: novos mercados, novas aplicações e novos parceiros; • Adequar Flexibilidade de Produto para o Mercado: os processos de venda, produção e distribuição devem suportar a escolha de diferentes produtos (placa e BQ) e diferentes mercados (internos, externos e segmentos); • Viabilizar a Alavancagem de Capital: viabilizar o financiamento das necessidades de recursos para investimentos em montante, custo e risco que otimizem o capital de 88 novos investimentos. As fontes de capital devem ser provenientes de terceiros, acionistas, mercado acionário ou parceiros. Podemos visualizar no quadro 5.4, a relação dos objetivos estratégicos com os seus respectivos indicadores de resultados, e conseqüentemente planos de ação para cada objetivo traçados. 89 Quadro 5.4: Perspectiva dos Processos Internos - CST Objetivo Indicadores de Resultados Responsável Projetos Estratégicos • Índice de consecução das Viabilizar a Expansão da Departamento atividades críticas do Projeto de • Expansão da Produção fase 7,5 Mt Produção Engenharia - CDE Expansão Departamento • Plano de prolongamento da vida útil; Prolongar a Vida Útil das • Atingimento da curva de vida Produção de Gusa • Plano de prolongamento da vida útil da coqueria; Unidades útil. IDG • Verificar Planos de vida útil no Plano Empresarial • Índice de atendimento das necessidades (especificações, Desenvolver Parcerias volumes e prazos) de Vega do Sul. Estratégicas • Indicador de Fornecedor parceiro Otimizar Estabilizar a Produção e Reduzir a Variabilidade Departamento Vendas - CDV A DEFINIR • • Efetivar Plano parcerias de com clientes fornecedores estratégicos; • Projeto de desenvolvimento de novas aplicações para produtos especiais Departamento • Índice de Atendimento ao Plano Metalurgia e da Produção (IAPP) Planejamento de Produção - IDM Departamento • Índice de Variabilidade da Metalurgia e Estabilidade Operacional (IVEO) Planejamento de • Plano de Qualidade; Produção - IDM • Índice de qualidade transferência interna estratégicos; de IDM / IDG / IDA / • Otimização da Produção fase 5,0 Mt; IDT / IDU / IDP Departamento • Plano de Tecnologia Metalurgia e • Índice de Reprogramação Planejamento de Produção - IDM • Índice de consecução das Departamento atividades críticas do Projeto de Engenharia - CDE Otimização 90 Manter Atualização Tecnológica Departamento • Índice de Consecução do Plano Metalurgia e da Qualidade Planejamento de • Plano de Qualidade Produção - IDM • Índice de Consecução do Plano Assessoria DI • Plano de Tecnologia de Tecnologia Departamento Vendas - CDV • Implantar metodologia para obtenção sistemática de informações de mercado (clientes, concorrentes, substitutos, etc). • Índice de acerto de previsões de volume e preço. Departamento Vendas - CDV • Implantar metodologia para obtenção sistemática de informações de mercado (clientes, concorrentes, substitutos, etc...) • Índice de consecução Relatório de Análise Setorial. de Departamento Vendas - CDV • Multidisciplinar: incluir dados financeiros de empresas; tecnologia (estado da arte); atendidos Departamento Vendas - CDV Interagir para Captar as • Nº Contatos com clientes Expectativas dos Clientes Desenvolver Inteligência Mercadológica • EPCC’s segmentados. não Adequar Flexibilidade de • % das vendas de BQ nos decorrentes dos Produto para o Mercado nichos diferenciais técnicos do LTQ Departamento Vendas - CDV • Desempenho de entrega de Departamento produto Logística - CDL • Índice de cobertura financeira Viabilizar a Alavancagem de Capital Fonte: CST • Capital de investimentos Terceiros nos Departamento Finanças FDF Departamento Finanças FDF • Desenvolver mercados onde a CST apresenta diferenciais técnicos para BQ e Placa;. • Projetos de Logística; • Plano de Qualidade • Plano de Viabilização de novas alternativas de fontes de Financiamento 91 A relação entre as perspectiva financeira, de mercado e da sociedade, tem como suporte os indicadores da perspectiva dos processos internos. A perspectiva em questão apresenta uma relação de causa e efeito, apresentados na figura 5.3, com as perspectivas de mercado e da sociedade. Além da existência de algumas que dão suporte a perspectiva financeira. Perspectiva Financeira MARGEM BUSCAR O CRESCIMENTO DA RECEITA Perspectiva de Mercado MAPA ESTRATÉGICO CORPORATIVO AUMENTAR RETORNO TOTAL PARA O ACIONISTA PERSEGUIR MIX DE MAIOR VALOR AGREGADO SER RECONHECIDO COMO FORNECEDOR PREFERENCIAL DE SEMI ACABADOS DE QUALIDADE MANTER CUSTOS COMPETITIVOS RETORNO OTIMIZAR O USO DO CAPITAL NOS INVESTIMENTOS Perspectiva da Sociedade FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE TORNAR O CLIENTE MAIS COMPETITIVO NA SUA CADEIA DE VALOR ESTABELECER RELACIONAMENTOS DE LONGO PRAZO Perspectiva de Processos Internos INDIVIDUALIZAR PRODUTOS E SERVIÇOS POR CLIENTE PROLONGAR A VIDA ÚTIL DAS UNIDADES DESENVOLVER PARCERIAS ESTRATÉGICAS AUTO SUSTENTABILIDADE COMUNICAR COM TRANSPARÊNCIA PARA AS PARTES INTERESSADAS INTERAGIR PARA CAPTAR AS EXPECTATIVAS DOS CLIENTES ATENDER A DEMANDA DE BOBINA QUENTE VIABILIZAR A EXPANSÃO DA PRODUÇÃO MAXIMIZAR A UTILIZAÇÃO DOS ATIVOS ANTECIPAR-SE ÀS DEMANDAS AMBIENTAIS VALORIZAR A CULTURA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL TER FLEXIBILIDADE DE PRODUTO E MERCADO OTIMIZAR A PRODUÇÃO E REDUZIR VARIABILIDADE DESENVOLVER INTELIGÊNCIA MERCADOLÓGICA MANTER ATUALIZAÇÃO TECNOLOGICA VIABILIZAR A ALAVANCAGEM DE CAPITAL Perspectiva Aprendizado e Crescimento 27 Figura 5.3: Perspectiva dos Processos Internos – Relação de Causa e Efeito 5.4.5 Perspectiva de Aprendizado e Crescimento Nas perspectivas anteriores, os objetivos mostravam os rumos que deveria se destacar para adquirir um desempenho extraordinário. A seguir veremos que os objetivos dessa perspectiva vão oferecer uma infra-estrutura que permita a realização dos objetivos traçados nas perspectivas mencionadas. 92 • Buscar Excelência: buscar continuamente a excelência do indivíduo e dos processos, otimizar competências e habilidades, garantir a capacidade de multifunção e melhorar a gerencia de rotina e melhorias; • Desenvolver Gestão Pró-ativa por Processo: aprimorar e incorporar modelos de gestão gerencial, visando integrar e alinhar a visão e a estratégia da empresa; • Aprimorar Moral e Motivação: focalizar no comprometimento e clima organizacional, de acordo com os valores e crenças pregados pela CST, através do reconhecimento dos funcionários e da empresa; • Ter Sistemas de Informação que Suporte o Negócio e nos Integre com Clientes e Fornecedores: integrar as diversas áreas da Companhia e estar com os clientes e colaboradores, através de moderna tecnologia e que suporte os processos e gestão da CST, garantindo consistência e agilidade da informação. E otimizar a disponibilidade dos sistemas da empresa, de forma a garantir a eficiência da produtividade. Os indicadores de resultados e as iniciativas estratégicas de cada objetivos estratégicos citados acima estão identificados no quadro 5.5. 93 Quadro 5.5: Perspectiva de Aprendizado e Crescimento - CST Objetivo Indicadores de Resultado • % de Conhecimento: • Desempenho no PADE Buscar Excelência • % de Empregados Certificados • Índice de Atitude Responsável Projetos Estratégicos • Projeto de otimização de Treinamento e Desenvolvimento Departamento Recursos Humanos (inclui Projeto de Certificação de Ocupações, PDG e EADEnsino a Distância); FDH Departamento • Projeto Gestão Integrada de Pessoas; Recursos Humanos FDH •Aprimorar política de Recrutamento e Seleção (Oxigenação Departamento do Quadro x Aposentado Recursos Humanos FDH • Certificar 100% dos empregados passíveis de certificação Departamento Desenvolver Gestão • % de cumprimento das metas • Aprimorar "Sistema de Avaliação de Desempenho de Recursos Humanos Proativa por Processo gerenciais Gerentes" FDH Aprimorar Moral e Motivação • Índice Global de Favorabilidade Departamento da Pesquisa de Clima mensal, Recursos Humanos • Projeto de melhoria em Organização e Remuneração; suporte gestão clima. FDH • % Atingimento do Plano de Ação elaborado a partir da Pesquisa Clima Organizacional • Índice de Disponibilidade de Ter Sistemas de Informação que Suporte o Sistemas (Internos e Externos) Negócio e nos Integre com Clientes e • Índice de Implantação de Fornecedores Sistemas (Internos e Externos) Fonte: CST Departamento • Projeto de Clima Organizacional Recursos Humanos FDH Departamento Informática FDI Departamento Informática FDI • Integração de sistemas; • Disponibilidade de serviços de infra-estrutura de hardware e software 94 Os indicadores da perspectiva de aprendizado e crescimento dão suporte a todas as outras perspectivas do Balanced Scorecard da CST. Então na figura 5.4, mostra o mapa estratégico corporativo da Companhia Siderúrgica de Tubarão. MAPA ESTRATÉGICO CORPORATIVO DA CST AUMENTAR RETORNO TOTAL PARA O ACIONISTA • ROCE •RTA (Retorno Total aos Acionistas) Perspectiva Financeira • Faturamento de extra preço MARGEM BUSCAR O CRESCIMENTO DA RECEITA PERSEGUIR MIX DE MAIOR VALOR AGREGADO •Taxa de crescimento de receita liquida Perspectiva de Mercado • Custo médio por processo • % mínimo de vendas de placa • N. Mínimo de clientes de LP na carteira de venda de placas Perspectiva de Processos Internos ATENDER A DEMANDA DE BOBINA QUENTE OFERTAR PRODUTOS E SERVIÇOS SOB MEDIDA TORNANDO O CLIENTE MAIS COMPETITIVO •CLIENTES DESENVOLVER PARCERIAS ESTRATÉGICAS • Atingimento da curva de vida útil OTIMIZAR E ESTABILIZAR A PRODUÇÃO E REDUZIR VARIABILIDADE •Índice de atendimento das necessidades de Vega • Fornecimento mínimo para aplicação Auto no mix de Vega • % de conhecimento e desempenho no PADE • % de empregados certificados • Índice de atitude BUSCAR EXCELÊNCIA • Índice de atendimento ao Plano de Produção • Índice de variabilidade da estabilidade operacional • Índice de cumprimento de qualidade interna • Índice de reprogramação PROLONGAR A VIDA ÚTIL DAS UNIDADES Perspectiva da Sociedade SUSTENTABILIDADE •Indicadores ambientais que cumprem as normas e legislação internacionais ANTECIPAR-SE ÀS DEMANDAS AMBIENTAIS ADEQUAR FLEXIBILIDADE DE PRODUTO PARA O • % das vendas de BQ nos nichos MERCADO decorrentes dos diferenciais técnicos do LTQ • EPCCs não atendidos segmentados MANTER ATUALIZAÇÃO TECNOLOGICA • Índice de consecução do Plano de Qualidade • Índice de consecução do Plano de Tecnologia • % de cumprimento das metas gerenciais • MULTI FUNÇÃO • GESTÃO DA MELHORIA • GERÊNCIA DA ROTINA • FOCO EM RESULTADO DESENVOLVER GESTÃO PROATIVA POR PROCESSO • Índice Global de favorabilidade da pesquisa de clima • % de atingimento do Plano de Ação elaborado a partir da pesquisa de clima organizacional • PRO ATIVIDADE • CRENÇAS • VALORES DA EMPRESA APRIMORAR MORAL E MOTIVAÇÃO RETORNO OTIMIZAR A ESTRUTURA DE CAPITAL • Número de parceiros com programas compartilhados • Número de Beneficiários nos programas sociais • Resultado da Avaliação Ethos de Responsabilidade Social VIABILIZAR A EXPANSÃO DA PRODUÇÃO • Índice de consecução das atividades críticas do Projeto de Expansão Perspectiva Aprendizado e Crescimento •Desempenho de entrega de produto • WACC (custo médio ponderado do capital) • Fluxo de Caixa Livre • Giro do ativo imobilizado • Custo do ciclo financeiro / receita • Geração de Caixa com impostos recuperados / Receita FIDELIZAÇÃO DO ESTABELECER CLIENTE RELACIONAMENTO S DE LONGO • % de faturamento advindo de clientes com alto Índice de recompra PRAZO SER RECONHECIDO • DESEMPENHO DO PRODUTO • PRAZO DE ENTREGA COMO FORNECEDOR • SERVIÇOS DE RESPOSTA PREFERENCIAL DE •• AGILIDADE VOLUME SEMI ACABADOS DE • MENOR V OLATIVIDADE DE PREÇOS QUALIDADE • a definir Market Share segmentado da CST de BQ no Brasil Vendas mínimas destinadas à exportação Plano de vendas de BQD Plano de vendas de BQ no mercado interno MAXIMIZAR A UTILIZAÇÃO DOS ATIVOS MANTER CUSTOS COMPETITIVOS DESENVOLVER INTELIGÊNCIA MERCADOLÓGIC A COMUNICAR COM TRANSPARÊNCIA PARA A SOCIEDADE • Resultado da Pesquisa de Imagem da CST junto a Comunidade •Menções desfavoráveis VALORIZAR A CULTURA DE RESPONSABILIDA DE SOCIAL INTERAGIR PARA CAPTAR AS EXPECTATIVAS DOS CLIENTES • a definir • Índice de acerto de previsões de volume e preço • Índice de consecução de relatórios de análise setorial VIABILIZAR A ALAVANCAGEM DE CAPITAL • Capital de terceiros nos investimentos •Índice de cobertura financeira • Índice de disponibilidade de sistemas (internos e externos) • Índice de implantação de sistemas (interno e externo) TER SISTEMAS DE INFORMAÇÃO QUE SUPORTE O NEGÓCIO E NOS INTEGRE COM CLIENTES E FORNECEDORES Figura 5.4: Perspectiva de Aprendizado e Crescimento – Relação de Causa e Efeito 95 6 CONCLUSÃO A globalização da economia mundial resultou na necessidade de criar novas ferramentas de gerenciamento que fossem capazes de enfrentar esse ambiente cada vez mais competitivo defrontado pelas organizações. Entre os modelos citados no trabalho, destaca-se o Balanced Scorecard, que teve início decorrente da crescente importância dos indicadores não-financeiros na análise do desempenho das organizações. Essa pesquisa teve como objetivo principal, o de sistematizar a implantação de um Scorecard para uma empresa siderúrgica. Para demonstrar essa metodologia, através de um caso prático, foi estudada a Companhia Siderúrgica de Tubarão, que possui um planejamento estratégico estruturado, assim permitiu a identificação da missão, visão, a estratégia e os fatores-chave. Após a verificação desses itens, deu-se a identificação das perspectivas para a empresa estudada. O modelo sugerido por Kaplan & Norton (1997) se aplica a essa organização, pois o seu foco principal é o retorno total para os acionistas. Assim as perspectivas ficaram selecionadas nessa seqüência: Financeira, de Mercado, da Sociedade, dos Processos Internos e de Aprendizado e Crescimento. Como se pode verificar acima, foi criada uma nova perspectiva em relação àquela que Kaplan & Norton nos sugere como modelo. A companhia acrescentou a perspectiva da sociedade, na qual se verifica um envolvimento e preocupação muito grande com a comunidade, procurando promover iniciativas e projetos sociais; contribuir para o desenvolvimento econômico; alcançar melhoria da qualidade de vida em sua área de influência. A prioridade tem sido a área de educação e capacitação profissional, mas também são apoiados projetos nas áreas de saúde, emprego e geração de renda, meio ambiente, desenvolvimento urbano, segurança e cultura. Por isso a companhia resolveu acrescentar essa perspectiva, para deixar claro que essa preocupação está inserida na estratégia da empresa. Uma vez definidas as perspectivas, foram identificados os objetivos estratégicos, os indicadores de resultados e os planos de ação, para cada uma das respectivas 96 perspectivas. E conseqüentemente a relação de causa e efeito e a construção do mapa estratégico corporativo da organização. Como resultado da identificação dos objetivos e indicadores, e conseqüentemente a construção do mapa estratégico, é possível elaborar e testar as hipóteses estratégicas que são as crenças nas quais o planejamento estratégico da CST está calcado. São constituídas a partir das relações de causa e efeito entre os objetivos estratégicos, compostas nas cinco perspectivas. Essas hipóteses estão relacionadas a três principais temas estratégicos da empresa: estabilidade e margem de lucro; mix de maior valor agregado; e crescimento e sustentabilidade. Esses temas são desdobrados da estratégia da empresa e procura identificar quais estratégias que possibilitam obter o melhor resultado. Foi possível concluir que a identificação dos indicadores estratégicos é um primeiro passo para a operacionalização da estratégia. E ainda a possibilidade do alinhamento da estratégia da organização, através de informações provenientes de equipes montadas, facilitando a construção de um sistema harmônico e o alcance dos objetivos estratégicos da organização. Porém a tarefa de selecionar os indicadores estratégicos deve ser bastante discutida para evitar erros ou omissões, e a comunicação das informações e a delegação de atividades para toda a empresa devem ser aprimoradas. Também se constata que as relações de causa e efeito tem uma grande importância para a empresa, pois elas demonstram que os objetivos estratégicos traduzem a estratégia e visão de forma integrada; gaps (objetivos e iniciativas que não estão sendo realizados) e relacionamento conflitante entre os objetivos estratégicos podem ser detectados, e a consistência dos objetivos estratégicos entre as perspectivas. Assim, uma vez implantado a ferramenta, a organização estaria promovendo uma maior eficácia de gerenciamento através de uma visão compartilhada da estratégia, otimizando e garantindo os resultados da estratégia para um dado grupo de recursos, permitindo que os funcionários trabalhem de forma coordenada e colaborativa em direção aos objetivos da organização e acelerando o tempo do processo de criação de valor através de decisões mais rápidas. 97 A ferramenta ainda permite agilizar o monitoramento e a discussão da estratégia, identificar projetos que contribuem para a estratégia de forma mais significativa, alinhar o desdobramento de diretrizes para os planos funcionais e comunicar a estratégia a toda a empresa. O processo de construção do BSC permitiu a utilização de um conjunto de indicadores que foram desdobradas de forma a garantir uma consistência entre os diversos resultados e valores intermediários, os quais devem, efetivamente, agregar valor ao resultado final esperado, que estaria retratando a estratégia da organização. Assim, o conjunto de indicadores criados possui uma estreita relação com as estratégias definidas pela organização, e tem o objetivo de forçar um ajuste na mesma, de forma a atender as estratégias e resultados desejados. A implantação da ferramenta na CST mostra a preocupação de sua administração com uma gestão e um desempenho mais eficiente da companhia para cumprir sua missão. Os resultados a curto prazo mais expressivos devem vir da melhoria no tratamento, disponibilização e divulgação dos indicadores, trazendo uma rapidez para o sistema, apesar dos dados ainda serem colocados manualmente pelos responsáveis. Além do aperfeiçoamento na confrontação de indicadores com o passado da empresa. O BSC da CST já está sendo utilizado para apoiar a tomada de decisão da Alta Administração, através de reuniões trimestrais da Diretoria com os Gerentes Gerais, cujo objetivo é continuamente revisar planos de ação, metas, indicadores e hipóteses estratégicas. O resultado mais significativo, no entanto, somente será concretizado em longo prazo, quando o BSC estiver operando em toda a empresa de forma que as informações possam ser comunicadas e disponibilizadas para toda a organização. É importante ressaltar que para o sucesso da implantação depende de algumas considerações fundamentais, como adotar um quadro equilibrado de indicadores; ter o apoio da alta administração; formulações de planos de ações, para que tenha um 98 êxito maior a curto prazo. Além de uma excelente comunicação de todos os envolvidos no processo, tornando-o transparente e objetivo, para que todos alcancem a mesma interpretação sobre os rumos que a CST quer tomar. Portando, quanto mais claro e objetivo for o indicador de desempenho e sua meta, melhor será a assimilação obtida por todo os dirigentes e funcionários. Alguns pontos fortes na implantação do BSC na CST foram: estratégia clara e com alto consenso; envolvimento da diretoria; comprometimento das áreas no levantamento das informações; planejamento empresarial legitimado e de qualidade reconhecida e multiplicadores em praticamente todos os departamentos. Também surgem alguns desafios do BSC da CST: uso correto da metodologia; comprometimento da alta direção no processo de comunicação e amadurecimento do BSC, e uso eficiente das ferramentas de Tecnologia da Informação. E por fim, recomenda-se que o modelo tenha uma reciclagem contínua, a fim de que sejam reconhecidas periodicamente as variáveis que mais influenciaram o resultado da companhia e assim reavaliar as estratégias e redefinir os novos parâmetros de desempenho. A reciclagem tem início com a revisão do planejamento estratégico da organização. A próxima etapa seria o desdobramento do BSC corporativo em BSC departamentais, ou seja, criar um Scorecard para cada um dos 15 departamentos. Cada departamento seria tratado como uma unidade de negócio, com a identificação da missão, visão, objetivos, indicadores, e clientes e processos próprios. A ferramenta departamental deve estar sempre alinhada com o Balanced Scorecard corporativo. Nesse estudo de caso, procurou por meio da construção sintetizada do BSC da CST, analisar de uma forma geral a implantação da ferramenta, visualizando a identificação dos fatores essenciais para a construção do mesmo apresentado nos capítulos anteriores. 99 7 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Renilda Ouro de. BSC novos indicadores empresariais. Gazeta Mercantil, 28 de dezembro de 1999, p. 02. AQUINO, Lucyana Barbosa Costa de. Alinhamento do gerenciamento de riscos ao balanced scorecard: o caso companhia siderúrgica de tubarão. Monografia (Bacharel em Ciências Contábeis), UNIVIX, Vitória, 2003. BAUMEIER, Michele V. M. Mudança organizacional. Disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/centropsi/mudancaorganiz.htm> Acesso em: 06 de mar. 2004. BOFF, Rubem José. Planejamento estratégico: um estudo em empresas e instituições do Distrito Federal. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis, 2003. BOGNANNO, Mario. 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