TURISMO E INCLUSÃO SOCIAL

Propaganda
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE TURISMO
Andréia Rocha Feitosa
TURISMO E INCLUSÃO SOCIAL:
um estudo sobre as contribuições do marketing social para a inclusão
das pessoas com deficiência no usufruto do turismo no Brasil
Natal
2010
Andréia Rocha Feitosa
TURISMO E INCLUSÃO SOCIAL:
um estudo sobre as contribuições do marketing social para a inclusão
das pessoas com deficiência no usufruto do turismo no Brasil
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado
à
Coordenação
de
Graduação em Turismo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Bacharel em Turismo.
Orientadora: Lissa Valéria F. Ferreira, D.
Sc.
Natal
2010
Andréia Rocha Feitosa
TURISMO E INCLUSÃO SOCIAL: Um estudo sobre as contribuições do
marketing social para a inclusão das pessoas com deficiência no
usufruto do turismo no Brasil monografia apresentada à Coordenação de
Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para a
obtenção do título de Bacharel em Turismo.
Natal, 18 de junho de 2010.
Banca Examinadora:
_______________________________________________
Prof.ª Lissa Valéria Fernandes Ferreira, D.Sc.
Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________________
Prof.ª Patrícia Daliany Araújo do Amaral, M. Sc.
Examinador( a)
Universidade Potiguar
_______________________________________________
Prof.ª Andréa Virgínia Sousa Dantas, M. Sc.
Examinadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado um corpo são para me dedicar aos dias e noites de
estudo e paz para permitir minha concentração e dedicação nesta tarefa.
A minha família e aos meus amigos, que sempre me deram forças e estímulo
nos momentos mais difíceis da minha vida acadêmica. Em especial, aos meus pais,
por terem me oferecido uma educação de qualidade e ao meu esposo, que em todas
as ocasiões deste estudo foi a figura que mais me deu estímulo e motivação para
enfrentar os obstáculos e seguir em frente.
Á minha orientadora, Lissa Ferreira, por ter me apoiado e confiado
inteiramente em meu potencial, sempre estando pronta a me ajudar, à coordenadora
do Curso de Turismo, Andréa Virgínia Dantas, pela sua postura crítica, porém
construtiva, contribuindo, desta forma, para o meu engrandecimento pessoal e
profissional; bem como à querida professora Patrícia Dalyane por ter aceitado
compor à banca examinadora.
Em
outro
momento,
agradeço
a
todos
os
entrevistados,
pelo
comprometimento com o presente estudo, mesmo tendo uma ampla agenda de
compromissos a seguir. Agradeço a Sra. Cristiane Ecker da equipe técnica da Avape
por ter me cedido material sobre o tema, a Sra. Mosana Cavalcante, técnica da
SETUR-PE por ter me enviado a Cartilha Pernambuco sem Barreiras, a vereadora
de São Paulo, Mara Gabrili e sua assessora, Adriana Milani, por terem me
repassado contatos de nomes influentes para compor a amostra, ao Sr. Miguel
Fontes, por ter me esclarecido dúvidas pertinentes aos conceitos de marketing
social.
Enfim; o meu muito obrigada a todos que contribuíram de alguma forma para
a realização desta pesquisa tão importante para o desenvolvimento do turismo
acessível no Brasil.
“Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente,
ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e
essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de
um sobre o outro”.
José Saramago
FEITOSA, Andréia Rocha. TURISMO E INCLUSÃO SOCIAL: um estudo sobre as
contribuições do marketing social para a inclusão das pessoas com
deficiência no usufruto do turismo no Brasil. 2009.150f. Monografia (Graduação
em Turismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN.
RESUMO
As pessoas com deficiência ainda enfrentam sérios obstáculos no combate à
exclusão social no turismo. A inacessibilidade em infra-estrutura dos
estabelecimentos turísticos somados à falta de atendimento adequado representam
os principais obstáculos ao livre direito de ir e vir com autonomia e dignidade destas
pessoas. Com base nesses apontamentos, o objetivo deste trabalho foi retratar, a
partir de diferentes percepções (poder público e terceiro setor), como se encontra o
quadro atual do turismo acessível no Brasil e, principalmente, investigar se as
técnicas de mudanças comportamentais utilizadas pelo marketing social podem
mudar o comportamento dos empreendedores do turismo em face da situação de
descaso quanto à falta acessibilidade em seus serviços. Para isto, foi desenvolvida
uma pesquisa com abordagem qualitativa, exploratória e de caráter descritivo;
realizada através de um questionário aberto direcionado a doze especialistas nas
áreas de inclusão social e/ou turismo. O resultado das análises revelou que mesmo
de forma lenta, as políticas públicas em turismo inclusivo já estão se tornando mais
atuantes, entretanto, no que concerne aos empreendedores do turismo, estes ainda
não despertaram para as necessidades, gostos e preferências das pessoas com
deficiência enquanto consumidores turísticos.
Diante disto, comprovou-se a
concordância pela aplicabilidade do marketing social como forma de atenuar ou até
mesmo reverter este quadro na medida em que com suas técnicas de transformação
social, os empreendedores do turismo poderão se sensibilizar e perceber o quanto é
gratificante a adoção de uma causa que contemple a valorização das diferenças
como fator condicionante para a qualidade de vida de toda uma comunidade.
Palavras Chave: Turismo; Inclusão Social; Pessoas com Deficiência; Marketing
Social.
FEITOSA, Andréia Rocha. TOURISM AND SOCIAL INCLUSION: a study of the
social marketing contribuies for inclusive of people with disabilities in the
enjoyment of tourism in Brazil. 2009.152f Monograph (Graduation in Tourism) –
North Rio Grande Federal University, Natal/RN
ABSTRACT
People with disabilities still face serious obstacles in the fight against social exclusion
in tourism. The inaccessibility of infrastructure in the tourism establishments added to
the lack of adequate services represent the main obstacles to the free right to come
and go with independence and dignity of these people. Based on these notes, the
aim was to portray, from different perceptions (public and third sector), as is the
current frame of accessible tourism in Brazil, and especially to investigate whether
the behavioral change techniques used by marketing can change the social behavior
of tourism entrepreneurs in the current situation of neglect about the lack accessibility
in its services. For this, we developed a survey with a qualitative, exploratory and
descriptive; performed through an open questionnaire directed to twelve experts in
the areas of social inclusion and / or tourism. The results of analysis revealed that
even in a slow, public policies on inclusive tourism are already becoming more
active, however, with regard to tourism entrepreneurs, they have not yet awakened to
the needs, tastes and preferences of people with disabilities as tourist consumers.
Given this, it proved the agreement by the applicability of social marketing as a way
to mitigate or even reverse this situation in that with their techniques of social
transformation, the tourism entrepreneurs may be sensitive and realize just how
rewarding the adoption of a cause that encompasses valuing differences as risk
factor for the quality of life of an entire community.
Keywords: Tourism; Social Inclusion, People with Disabilities, Social Marketing.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01: As variáveis da exclusão social................................................................13
Figura 02: Tratamento destinado às pessoas com deficiência ao longo dos anos....18
Figura 03: Modelo Caritativo da Deficiência e as idéias associadas .........................21
Figura 04: Modelo Médico da Deficiência e as idéias associadas.............................21
Figura 05: Modelo Social da Deficiência e as idéias associadas ..............................22
Figura 06: A deficiência condicionada pelas barreiras físicas e de atitude................23
Figura 07: As dimensões da sustentabilidade no turismo. ........................................24
Figura 08: As dimensões – instrumento da sustentabilidade social. .........................25
Figura 09: Os diferentes tipos de acessibilidade. Fonte: (Elaboração própria, 2010)29
Figura 10: A diferença entre o marketing social e o marketing de causas sociais. ...35
Figura 11: A diferença entre marketing social e merchandising social......................37
Figura 12: Campanha de mudança cognitiva, induzindo práticas de higiene............39
Figura 13: Campanha de mudança cognitiva, demonstrando os perigos da poluição
ao meio ambiente. .....................................................................................................39
Figura 14: Campanha de mudança ação, incentivando quanto à doação de órgãos....39
Figura 15: Campanha de mudança ação, alertando quanto aos cuidados com a
mama. .......................................................................................................................39
Figura 16: Campanha de mudança comportamento, alertando os perigos da ingestão
de álcool durante a gravidez.......................................................................................40
Figura 17: Campanha para mudança de comportamento, indicando sugestões de
convívio com as pessoas com deficiência. ..................................................................40
Figura 18: Campanha de mudança valor, condenando a prática do aborto. ................41
Figura 19: Campanha de mudança valor, defendendo a aceitação do aborto na
sociedade...................................................................................................................41
Figura 20: Campanha para mudança de valor, mostrando a importância da
acessibilidade para a qualidade de vida das pessoas com deficiência. ........................41
Figura 21: Cronologia das políticas públicas com vistas à inclusão social................51
Figura 22: Cronologia das políticas públicas inclusivas no turismo segundo o Sr.
Romeu Sassaki. ........................................................................................................55
Figura 23: Percepção dos entrevistados quanto ao interesse do Estado por políticas
públicas inclusivas ....................................................................................................57
Figura 24: Percepção dos entrevistados quanto aos fatores que exercem maior
influência durante a escolha de um destino turístico por uma PCD. .........................64
Figura 25: As cidades mais acessíveis do país.........................................................65
Figura 26: Motivos do desinteresse da iniciativa privada quanto aos investimentos
em acessibilidade turística. Fonte: Dados da pesquisa, 2010...................................67
Figura 27: Os benefícios sociais e econômicos gerados aos destinos turísticos ......70
Figura 28: Conclusões sobre a aplicabilidade do marketing social para a valorização
da acessibilidade turística no Brasil. .........................................................................74
Figura 29: Etapas fundamentais na elaboração de um plano de marketing social....75
Figura 30: Segmentação dos Públicos......................................................................76
Figura 31:Relações existentes no Mercado Social....................................................77
Figura 32: Fluxo da Cadeia Produtiva do Turismo(BRASIL, 2009, p.14) .................78
Figura 33: Pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida ..............................79
Quadro 01: Acessibilidade arquitetônica dos estabelecimentos turísticos. ...............31
Quadro 02: Tipos de deficiência e seus devidos conceitos.......................................80
Quadro 03: População com deficiência no Brasil ......................................................81
Quadro 04: População com deficiência por região do país. ......................................81
Quadro 05: População total das PCDs por estado da federação ..............................82
Quadro 06: Os 4 P’s do Marketing Social..................................................................87
Quadro 07: Os 4 P’s do Marketing Social e as PCD no turismo................................88
Quadro 08: Questionário Definitivo - pós-teste e suas finalidades. ...........................49
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABAV – Associação Brasileira de Agências de Viagem
ABETA – Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura
AVAPE – Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência
CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência
CORDE – Coordenadoria para Integração das Pessoas com Deficiência
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Mtur – Ministério do Turismo
ONU – Organização das Nações Unidas
OMT – Organização Mundial do Turismo
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONG – Organização não Governamental
PCD – Pessoas com deficiência
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário
SIA – Símbolo Internacional de Acessibilidade
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................13
1.1 Problemática...............................................................................................13
1.2 Justificativa.................................................................................................15
1.3 Objetivos .....................................................................................................17
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS.........................................................................18
2.1 O Tratamento Destinado às Pessoas com Deficiência ao Longo dos
Anos ................................................................................................................18
2.2 O Turismo, Inclusão Social e Pessoas com Deficiência.........................23
2.2.1 A acessibilidade no processo de inclusão social............................................. 29
2.3 Considerações sobre o Marketing Social ................................................32
2.3.1 A evolução do conceito..........................................................................32
2.3.2 As peculiaridades do marketing social...................................................33
2.3.3 A diferença entre os conceitos relacionados..........................................34
2.3.4 O comportamento humano em face das mudanças sociais...................37
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .........................................................42
3.1 Caracterização do Estudo .........................................................................42
3.2 População e Amostra.................................................................................42
3.3 Instrumentos da Pesquisa.........................................................................45
3.4 Coleta dos Dados .......................................................................................49
3.5 Análise dos Dados .....................................................................................49
4 RESULTADOS .................................................................................................51
4.1 Diagnóstico das Políticas Públicas Inclusivas no Brasil........................51
4.2 O Brasil como Destino Turisticamente Acessível às PCDs....................57
4.2.1 Regiões mais promissoras.....................................................................58
4.2.2 Barreiras que impedem o desenvolvimento...........................................59
4.2.3 A iniciativa privada e o desinteresse pela acessibilidade turística .........65
4.3 Os Benefícios Sócio-Econômicos Gerados aos Destinos Acessíveis ..68
4.4 O Marketing Social e suas Contribuições ao Turismo Acessível ..........71
4.5 Construindo um Plano de Marketing Social com foco na Inclusão
das Pessoas com Deficiência no Turismo ...................................................75
4.5.1 Definição dos objetivos da causa social pretendida...............................76
4.5.2 Segmentação dos públicos ....................................................................76
4.5.3 Público-alvo: empreendedores do turismo.............................................78
4.5.4 Análise da situação - estudo da demanda .............................................79
4.5.5 Análise Concorrencial – exemplos a serem seguidos............................83
4.5.6 As Variáveis Estratégicas – Os 4Ps do marketing social.......................86
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................89
REFERÊNCIAS ...................................................................................................92
APÊNDICES ........................................................................................................99
APÊNDICE A: Questionário da pesquisa de campo (fase de pré-teste) ..........100
APÊNDICE B: Questionário da Pesquisa de Campo (fase de pós-teste) ........102
APÊNDICE C: Questionário Eletrônico de Andréa Schwarz ............................104
APÊNDICE D: Questionário Eletrônico de Cristiane Ecker ..............................106
APÊNDICE E: Questionário Eletrônico de Dadá Moreira.................................108
APÊNDICE F: Questionário Eletrônico de Mara Gabrili ...................................111
APÊNDICE G: Questionário Eletrônico de Mosana Rodrigues Cavalcanti ......114
APÊNDICE H: Questionário Eletrônico de Rebecca M. Nunes Bezerra ..........116
APÊNDICE I: Questionário Eletrônico dos Representantes da CORDE/RN....118
APÊNDICE J: Questionário Eletrônico de Ricardo Shimosakai .......................120
APÊNDICE K: Questionário Eletrônico de Romeu Kasumi Sassaki ................123
APÊNDICE L: Questionário Eletrônico de Sáskia Freire Lima de Castro.........128
APÊNDICE M: Questionário Eletrônico de Sávio Vieira Ramos ......................131
APÊNDICE N: Questionário Eletrônico de Viviane Panelli Sarraf ....................134
ANEXOS............................................................................................................137
Anexo A: Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência..138
Anexo B: Dicas de Relacionamento com as Pessoas com Deficiência............143
Introdução
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problemática
Mesmo diante de um quadro de democracia avançada no qual pressupõe o
envolvimento de todos os atores sociais nas questões que versam sobre saúde,
alimentação, trabalho, educação, habitação e, até mesmo, das necessidades que,
embora não sendo básicas, promovem satisfação pessoal e qualidade de vida; as
pessoas com deficiência1 ainda enfrentam sérios desafios no combate à exclusão
social.
No Brasil, a grande maioria [...] das pessoas com deficiência tem sido
excluída de todos os setores da sociedade, sendo-lhes negado o acesso
aos principais benefícios, bens e oportunidades disponíveis às outras
pessoas em todas as áreas de atividade, tais como educação, saúde,
mercado de trabalho, lazer, desporto, turismo, artes e cultura. (SASSAKI,
2004)
De acordo com o Atlas da Exclusão Social no Brasil, em 2000, dos 170
milhões brasileiros, 47,3%, encontra-se em situação de exclusão social. Este
número levou em consideração, variáveis decorrentes de ações isoladas ou
combinadas dos indicadores da “velha exclusão”, como também, da “nova exclusão”
(POCHMANN e AMORIM, 2003).
VELHA
Analfabetismo
Analf.
Pobreza
Funcional
Famílias
Preconceito
migrantes e
Violência
numerosas
Desemprego
NOVA
EXCLUSÃO SOCIAL
Figura 01: As variáveis da exclusão social
1 Neste trabalho, pessoas com deficiência será o termo adotado para se referir a este público, uma vez que, as próprias PCDs
vêm ponderando que elas não são portadoras de deficiência (PPDs). A palavra "portadora" sugere uma agregação à pessoa,
assim a deficiência passa a ser um detalhe da pessoa.
© Andréia Rocha Feitosa
13
Introdução
Fonte: (POCHMANN e AMORIM, 2003). Elaboração própria.
Diante disto, é válido ressaltar que o quesito pobreza (baixa renda) já não é
mais o único fator preponderante para a exclusão de um indivíduo na sociedade. O
preconceito e a apartação social também são condicionantes para este quadro.
Embora relacionados, e por vezes de forma muito estreita, poderá haver casos no
qual haja exclusão social sem que, com isso, ocorra necessariamente pobreza. É o
caso das pessoas com deficiência que são excluídas não por sua capacidade de
renda, mas sim, pelas limitações impostas pela estrutura social ao longo da vida.
A pessoa pode ter escolaridade, alimentação, mas não ter emprego. Ou
mesmo, ter escolaridade, um emprego onde ganha um salário mínimo e
ainda assim, não poder se alimentar adequadamente - exemplificou Em
muitos casos, há cidadãos que se encontram em situação de emprego
(formal ou informal), são alfabetizados, tem acesso a alimentação, mas não
possuem perspectivas de alcançar melhorias na sua condição social e de
qualidade de vida. “Os indicadores da exclusão, hoje, são mais complexos”,
afirmou o acadêmico (POCHMANN, 2003 apud UECHI, 2009)
Com base nestes pressupostos, discute-se neste trabalho, a exclusão das
pessoas com deficiência nas experiências turísticas que, de certa forma, é
condicionada pela falta de compromisso dos empreendedores do turismo no que
tange aos investimentos em acessibilidade arquitetônica (estruturas físicas) e
atitudinal (estrutura das atitudes); atributos estes, indispensáveis na construção de
um turismo que contribua para a qualidade de vida, no qual as pessoas com
deficiência tenham acesso a serviços turísticos de qualidade e infra-estrutura
adequada às suas limitações físicas ou sensoriais.
O estudo também propõe ir mais além do que apontar o problema, ou seja,
estudo busca identificar meios que possa solucioná-lo ou pelo menos amenizá-lo.
Mas, como mudar esta conduta de descaso? Como alterar o comportamento
dos empreendedores do turismo quanto a esta questão?
Surge então o marketing social que pode ser entendido como uma ampliação
do conceito de troca estabelecida pelo marketing tradicional (consumo de bens
comerciais x dinheiro), ou seja, as técnicas utilizadas para vender produtos e
serviços; no marketing social, são utilizadas para vender idéias, ou seja, induzir
voluntariamente mudanças de valores e comportamento em um determinado público
alvo, que neste caso, representam os empreendedores do turismo no Brasil.
© Andréia Rocha Feitosa
14
Introdução
É o que confirma Ferreira (2004, p.23) quando define as características
estabelecidas no marketing social:
Como filosofia é uma postura mental, uma atitude, uma forma atual de se
conceber a função comercial inserida na relação de troca por parte da
empresa ou entidade que oferece seus produtos ao mercado (...), como
técnica, o marketing é o modo específico de executar ou levar a cabo a
relação de troca (grifo nosso), que consiste em identificar, criar,
desenvolver e servir a demanda. (FERREIRA, 2004, p.23)
Enfim, o escopo deste estudo, além de apresentar o quadro atual que se
encontra o turismo para as pessoas com deficiência; propõe a utilização da gestão
de marketing social como forma de mitigar os entraves que impossibilitam as PCDs
desfrutar das experiências turísticas com autonomia e dignidade
Considerando estes apontamentos, e a relevância da relação marketing /
turismo /inclusão social aqui apresentada, o tema central do estudo constitui-se no
seguinte questionamento:
As estratégias de marketing social podem ser utilizadas, pelo poder
público, como forma de sensibilizar os empreendedores do turismo quanto ao
compromisso pela acessibilidade e inclusão social?
1.2 Justificativa
O interesse por estudar este referido assunto, vem do fato de que, ainda há
enraizado na sociedade brasileira certo descaso no que se refere ao acesso às
experiências turísticas para as pessoas com deficiência.
Mesmo com alguns avanços em políticas públicas na defesa dos direitos
deste público, o Brasil ainda carece de ações mais conjuntas entre poder público e
privado no sentido amenizar as perdas atribuídas a estas pessoas durante as
épocas em que não havia a menção sobre inclusão social.
É certo que a acessibilidade arquitetônica nos espaços públicos (calçadas
adaptáveis, sinalização sonora, rampas de acesso, estacionamentos privativos, etc.)
constitui fator preponderante para a autonomia destas pessoas no turismo, porém de
nada adianta adaptações em espaços públicos se os empreendedores do turismo se
fazem indiferentes e não se mobilizam conjuntamente com o Estado.
© Andréia Rocha Feitosa
15
Introdução
Os empreendedores do turismo devem perceber a atividade não somente
como um setor de rentabilidade econômica, mas também, começar a direcionar os
olhares para o homem e seu entorno, ou seja, pensar no turismo como um meio de
desenvolvimento econômico, porém tendo como prioridade o desenvolvimento
social. Enfim; um modelo que contemple a equiparação das oportunidades e o
respeito às diferenças.
Diante disto, presume-se que a situação de deficiência das PCDs é em parte
condicionada pela falta de conscientização do empresariado, em adaptar a infraestrutura e o atendimento em seus estabelecimentos para as necessidades deste
público. Estes, ainda não despertaram para lógica de que quando os interesses
sociais sobrepõem-se aos interesses de mercado todos os lados se beneficiam com
isto: o social; em virtude da promoção da qualidade de vida e o mercado; em
decorrência da rentabilidade econômica estimulada pela valorização da imagem do
destino.
Conforme Fontes (2010), o marketing social pode ser perfeitamente utilizado
como meio de sensibilizar os empreendedores do turismo quanto a esta
problemática, apontando ainda as estratégias necessárias ao alcance de tal objetivo:
O marketing social pode, com certeza, ser utilizado para conscientizar
empreendedores do turismo. Na verdade, mais do que um conceito, o
marketing social oferece um conjunto de técnicas de pesquisa, definição de
marketing mix social, segmentação, levantamento de necessidades e
demandas que contribuem para a estruturação de seus investimentos em
temas ou causas sociais. Nesse caso, teríamos que definir claramente, por
exemplo, qual o conhecimento, atitude e prática (CAP) que queremos e
podemos transformar dos empreendedores do turismo. É necessário um
levantamento inicial, com a utilização de técnicas de grupo focal ou
pesquisa quantitativa, sobre o atual nível de “sensibilização” e
2
"conscientização” dos empreendedores do turismo. (informação verbal)
Do ponto de vista acadêmico, a realização deste trabalho justifica-se por duas
razões:

Devido à escassez de estudos envolvendo o marketing social como indicador
para solução de problemas sociais que envolvem a prática da atividade turística;

Os resultados obtidos com o trabalho darão suporte para que o poder público do
país possa atentar para essa alternativa de marketing como forma de sensibilizar
o trade turístico no que concerne aos direitos das pessoas com deficiência.
2 Informação concedida por meio de correio eletrônico no dia 22 de abril de 2010.
© Andréia Rocha Feitosa
16
Introdução
1.3 Objetivos
1.3.2 Geral:

Investigar, a partir da ótica de especialistas na área de inclusão social e turismo,
as reais contribuições do marketing social para a inserção das pessoas com
deficiência nas experiências turísticas.
1.3.3 Específicos:

Traçar um diagnóstico da situação das políticas públicas inclusivas no Brasil,
sobretudo, na área do turismo;

Analisar o quadro atual do turismo acessível no Brasil, suas potencialidades e
dificuldades existentes;

Elaborar uma prévia de plano de marketing social voltado para a inclusão das
PCDs no usufruto do turismo no Brasil.
© Andréia Rocha Feitosa
17
Pressupostos Teóricos
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 O Tratamento Destinado às Pessoas com Deficiência ao Longo dos
Anos
Segundo Sassaki (2003) o tratamento destinado às pessoas com deficiência,
ao longo dos anos, assumiu três diferentes fases, a saber:
1ª Fase
(Segregação Social)
2ª Fase
(Integração Social)
3ª Fase
(Inclusão Social)
Figura 02: Tratamento destinado às pessoas com deficiência ao longo dos anos.
Fonte: Elaboração própria, (2010).
A primeira correspondeu ao período entre o final do século XIX até a década
de 1940, conhecido como a fase de segregação social, na qual se caracterizava
pelo assistencialismo médico-social nas grandes instituições filantrópicas, como
também, pelo aumento da quantidade de abrigos que estimulava ainda mais
atividades segregadoras. A segunda fase foi identificada entre as décadas de 50 e
80 do séc. XX e recebeu o nome de reabilitação e integração social. Neste período,
a pessoa com deficiência deveria ajustar-se aos padrões determinados pela
instituição que, com isso, julgava estar ajustando esta pessoa a uma sociedade
supostamente correta e pronta. Foi, portanto, no decorrer da década de 1980 que
começaram a surgir às premissas com vistas à inclusão social. A primeira foi à
conscientização e disseminação de informações sobre os problemas, situações,
necessidades, direitos e deveres das pessoas com deficiência. A segunda, partiu da
mobilização, ou seja, foram criadas organizações de pessoas com deficiência,
elaboração e aprovação de leis específicas, além da inserção de preceitos
específicos dentro da Constituição de cada país latino-americano. Como terceiro
aspecto,
houve
a
formulação
de
reivindicações
quanto
ao
atendimento
descentralizado, através de centros regionais de reabilitação, projetos de
© Andréia Rocha Feitosa
18
Pressupostos Teóricos
reabilitação baseada na comunidade e/ou serviços básicos de reabilitação nas redes
oficiais e particulares de hospitais.
Finalmente entre a década de 1990 e início do século XXI, começou-se
pensar formas de atendimento que contemplassem a autonomia destas pessoas,
nos contextos da família e da comunidade. Nasce então a concepção de inclusão
social, na qual tinha como pressuposto o re-ordenamento de cidades continuamente
construídas e moldadas para todas as pessoas, com ou sem deficiência.
Na década de 1990, segundo Sassaki (op.cit.), destacam-se dentre outros
avanços, para o alcance da inclusão:

A implementação de projetos e planos de equiparação de oportunidades, para
consolidar o ideal de inclusão social com a participação plena das pessoas
com deficiência em todos os aspectos da vida comunitária.

Reivindicação do cumprimento da legislação conquistada na década de 80;

Conquistas no campo da reabilitação provenientes dos avanços na ciência e
da tecnologia.
Quanto ao significado do termo (deficiência) a Organização Mundial da Saúde
(OMS), através do manual de Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF) publicada em 1980, realizou além de um trabalho
descritivo dos conceitos, uma revisão semântica a partir da separação radical entre
lesão e deficiência: a primeira considerada o objeto da discussão sobre saúde,
enquanto a segunda, identificada como uma questão da ordem dos direitos e da
justiça social e, portanto, essencialmente normativa. Com ela, a deficiência deixou
de ser mera conseqüência de doenças para se tornar uma questão pertencente aos
domínios da saúde. Neste sentido, a deficiência e a incapacidade são conceituadas
pela OMS da seguinte forma:
a. Deficiência:
Significa uma perda ou anormalidade3de uma estrutura do corpo ou de uma
função fisiológica (incluindo funções mentais). Do ponto de vista médico, deve-se ter
em mente que as deficiências não são equivalentes às patologias subjacentes, mas
sim a manifestações dessas patologias. Por esta razão, elas representam uma
3
O term o anormalidade refere-se estritamente a uma variação significativa das normas estatisticam ente estabelecidas (i.e.
como um desvio de uma média na população obtida usando normas padronizadas de medida) e deve ser utilizado apenas
neste sentido.
© Andréia Rocha Feitosa
19
Pressupostos Teóricos
condição de saúde, mas não indicam, necessariamente, a presença de uma doença
ou que o indivíduo deva ser considerado doente.
Segundo Diniz (2007), a lesão seria a ausência parcial ou total de um ou mais
membros, e a deficiência a desvantagem ou restrição de atividade provocada pela
organização social contemporânea que pouco ou nada considera aqueles que
possuem lesões físicas e os exclui das principais atividades da vida social.
b. Incapacidade:
Termo genérico (“chapéu”) para deficiências, limitações da atividade e
restrições na participação. Ele indica os aspectos negativos da interação entre um
indivíduo (com uma condição de saúde) e seus fatores ambientais e pessoais, ou
seja, as percepções culturais e de atitudes em relação à deficiência, como também,
o quadro de disponibilidade de serviços e de legislação.
Preocupados também em não estigmatizar e rotular os termos utilizados na
classificação, a OMS optou por abandonar totalmente o termo “desvantagem”,
devido às suas conotações pejorativas, tendo como substituto, o termo “restrição na
participação“ que reflete os problemas que um indivíduo pode enfrentar, em
decorrência da deficiência e incapacidade, quando está envolvido em situações da
vida real. Além disso, a CIF também não classifica a pessoa nem estabelece
categorias diagnósticas, passando antes a interpretar as suas características,
nomeadamente as estruturas e funções do corpo, incluindo as funções psicológicas,
e a interação pessoa-meio ambiente (atividades e participação).
Nessa revisão, toda e qualquer dificuldade ou limitação corporal,
permanente ou temporária, é passível de ser classificada como deficiência.
De idosos a mulheres grávidas e crianças com paralisia cerebral, a
International Classification of Functioning, Disability and Health
(Classificação Internacional de Funcionamento, Deficiência e Saúde) propõe
um sistema de avaliação da deficiência que relaciona funcionamentos com
contextos sociais, mostrando que é possível uma pessoa ter lesões sem ser
deficiente (um lesado medular em ambientes sensíveis à cadeira de rodas,
por exemplo), assim como é possível alguém ter expectativas de lesões e já
ser socialmente considerado como um deficiente (um diagnóstico preceptivo
de doença genética, por exemplo). (MEDEIROS e DINIZ, p.113)
Já a Handicap International por meio da publicação intitulada como “A
Dimensão Inclusiva do PRSP4” contribui para a compreensão do conceito a partir de
4 PRSP é a sigla inglesa do Documento de Estratégia para a Redução da Pobreza, conceito desenvolvido pelo Banco Mundial
e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1999.
© Andréia Rocha Feitosa
20
Pressupostos Teóricos
uma interpretação sistemática sobre três modelos, a saber: o caritativo, o médico e o
social.
a. Modelo Caritativo
Rancoroso, perverso,
agressivo...
Triste, trágico,
passivo.
Precisa de cuidados
.
Valente, corajoso,
inspirador...
Não anda, não
fala, não vê...
Desperta
compaixão...
Precisa de caridade,
simpatia, serviços e
escolas especiais,
assistência social...
Figura 03: Modelo Caritativo da Deficiência e as idéias associadas
Fonte: Elaborado a partir de Harris e Enfield, (2003)
As pessoas com deficiências são consideradas como vítimas da sua
incapacidade, sendo, desta forma, condicionadas à tragédia e ao sofrimento. Por
estas razões, necessitam de serviços especiais, instituições especiais, etc., porque
são diferentes. Às vezes, as próprias pessoas com deficiências adotam este
conceito, pois, normalmente sentem-se incapazes e têm auto-estima baixa.
b. Modelo Médico
Hospitais
Instituições e
escolas especiais
especiais
Caso médico,
cura, cuidados.
Transportes
especiais
Profissionais de saúde,
terapeutas e
especialistas
Assistentes
sociais
Emprego
protegido
Figura 04: Modelo Médico da Deficiência e as idéias associadas.
Fonte: Harris e Enfield, (2003)
© Andréia Rocha Feitosa
21
Pressupostos Teóricos
O Modelo Médico (ou Individual) vê as pessoas com deficiências como
pessoas que têm problemas físicos e que precisam ser curadas. Isto impele as
pessoas com deficiências para o papel passivo de pacientes. O objetivo desta
abordagem é «normalizar » as pessoas com deficiências, o que naturalmente
implica que sejam de um modo ou de outro, anormais. A questão da deficiência fica
limitada à problemática individual: é a pessoa com deficiência que precisa mudar
não a sociedade ou o meio ambiente.
c. Modelo Social
Prédios
inacessíveis
Desemprego
Pobreza e
dependência
econômica
Isolamento,
segregação.
.
Passividade
,
Serviços
inadequados
Figura 05: Modelo Social da Deficiência e as idéias associadas
Fonte: Harris e Enfield, (2003)
Caracteriza como sendo a deficiência o resultado da discriminação da
sociedade perante as pessoas com deficiência, podendo ser identificada de três
tipos:
Deficiência Comportamental - expressada pelo medo, ignorância e baixas
expectativas que a sociedade possui perante as pessoas com deficiência;
Deficiência Institucional - procedente de discriminações de caráter legal (por
ex., não poder casar e ter filhos), exclusão das escolas, etc.
Deficiência Ambiental - resultante da inacessibilidade física que afeta todos os
aspectos da vida (lojas, prédios públicos, templos, etc.)
© Andréia Rocha Feitosa
22
Pressupostos Teóricos
Figura 06: A deficiência condicionada pelas barreiras físicas e de atitude
Fonte: Elaborado a partir de Harris e Enfield, (2003).
De acordo com o modelo social, o “status”de deficiência incorporado às
pessoas que sofrem uma lesão, está mais relacionado com as barreiras físicas e de
atitude que lhes são impostas do que sua própria condição de limitação. Fato este
que já comprova a urgência pela transformação de uma sociedade mais
sensibilizada e informada com esta questão.
2.2 O Turismo, Inclusão Social e Pessoas com Deficiência
As atividades turísticas nasceram sob a égide do capitalismo e com isso
estabeleceram traços puramente mercantilistas em que o lucro faz-se imperante
sobre as outras questões, dificultando desta forma a preocupação com o social e a
ampliação do bem estar a todos os setores da sociedade.
O turismo é influenciado pela prática social na chamada pós-modernidade,
explicitando, em sua fenomenologia, os conflitos e contradições do
pensamento capitalista, assim, os padrões ideológicos do seu
funcionamento passam a ser dirigidos pelo sistema de consumo, trazendo
em seu bojo alienação e fetichismo (BENEVIDES, 2002 apud RESENDE,
2005).
Contudo, em face das transformações provocadas pelo avanço da
democracia e das novas tecnologias que pressupõem maior envolvimento dos
atores sociais com os problemas que versam sobre educação, saúde, trabalho e,
sobretudo, com as possibilidades de entretenimento, lazer e cultura aos menos
© Andréia Rocha Feitosa
23
Pressupostos Teóricos
beneficiados; faz-se necessário o envolvimento do turismo com foco na satisfação
das necessidades sociais e não somente nas mercadológicas.
Álvares (2008) explica que o desenvolvimento sustentável somente será
alcançado através da promoção de mudanças profundas nas formas de pensar, agir,
produzir e consumir do ser humano, ou seja, as questões éticas devem se
sobressair aos interesses de âmbito estritamente econômico, e não o contrário.
Corroborando com Álvares, Beni (2006) afirma que a sustentabilidade no
turismo envolve o alcance das dimensões que ele traduz como sendo de objetivo e
de instrumento. As dimensões-objetivo são caracterizadas a partir do propósito de
desenvolvimento sustentável, e isto implica a geração de benefícios não somente
econômicos, mas também culturais, ecológicos e sociais. Já as dimensõesinstrumento, mesmo não constituindo a finalidade dos esforços de desenvolvimento,
como é o caso das dimensões-objetivo, possuem fundamental relevância na medida
em que servem de pressupostos para o seu alcance.
Figura 07: As dimensões da sustentabilidade no turismo.
Fonte: Beni (2006). Elaboração própria
No caso da sustentabilidade social, base fundamental do presente estudo, a
figura 07 elucida perfeitamente esta combinação de esforços. As extremidades
seriam exemplos de dimensões-instrumento (parceria público-privada) enquanto o
centro faz referência à dimensão-objetivo (sustentabilidade social):
© Andréia Rocha Feitosa
24
Pressupostos Teóricos
Figura 08: As dimensões – instrumento da sustentabilidade social.
Fonte: Elaboração própria, a partir de Beni (2006)
A importância da sustentabilidade social5 encontra-se no fato de que esta
realça o papel dos indivíduos e da sociedade, estando intrinsecamente relacionada
com noção de bem-estar. Seus princípios têm por objetivo a estabilidade social,
garantindo assim benefícios para as gerações futuras. Entre eles estão:

A garantia de segurança e justiça através de um sistema judicial fidedigno e
independente;

A luta constante pela melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, que não
deve ser reduzida ao bem-estar material;

A promoção da igualdade de oportunidades;

A inclusão dos cidadãos nos processos de decisão social, a promoção da
autonomia da solidariedade e da capacidade de auto-ajuda dos cidadãos;

A garantia de meios de proteção social fundamentais para os indivíduos mais
necessitados.
Corroborando com os demais autores, (KOTLER; HAIDER; REIN; 1994; VAZ,
1995) apud Resende (2005) explicam que antes mesmo de desenvolver e atrair a
atividade turística, os destinos devem primeiramente agregar vantagem competitiva
5 O termo ora empregado remete não som ente à perspectiva do turismo, mas também nas demais áreas sociais. Disponível
em: http://www.consumoresponsavel.com/wp-content/rncr_fichas/RNCR_Ficha_C.pdf
© Andréia Rocha Feitosa
25
Pressupostos Teóricos
e ampliar seus fatores motivacionais, e isto implica, o empreendimento de esforços
na tentativa de eliminar ou atenuar as carências da sociedade, combinando
considerações políticas, econômicas, ambientais e sociais, todas com vistas a um
dos pilares da sustentabilidade; a equidade social.
Vale lembrar que de acordo com Valls (2006), o planejamento de um destino
turístico de forma integrada é capaz de atender os interesses de todos os envolvidos
no turismo (comunidade local, trade e visitantes) na medida em que, com a
elaboração, são articuladas estratégias e diretrizes em prol das necessidades de
cada componente.
O valor turístico sob esta análise encontra no segmento do Turismo Social um
forte aliado, na medida em que seus esforços estão concentrados no sentido de
proporcionar experiências turísticas a todos os cidadãos, e isto implica o
compromisso pelo social.
As origens da prática do Turismo Social surgiram na Europa entre os anos de
1920 e 1940, mais precisamente por ONGs e Sindicatos da Itália e Alemanha. O
objetivo inicial concentrava-se na criação de infra-estruturas e incentivos para que os
trabalhadores de baixa renda fizessem turismo coletivo. Entretanto, o atual conceito
é atribuído à França com a criação em 1937 da Tourisme – Vacanes Pour Tours,
uma instituição administrada por trabalhadores na qual se estimulava o turismo em
grupo e com valores bem acessíveis. Posteriormente, em 1963 nasceu, na Bélgica o
Bureau Internacional de Turismo Social – BITS, uma entidade filantrópica
internacional que tem por objetivo promover o Turismo Social sem fins lucrativos
(OLIVEIRA, 2008).
Em 1996, no Congresso do Bureau Internacional de Turismo Social, ficou
registrada a Declaração de Montreal:
Todos os seres humanos têm direito a descansar, a um tempo de ócio, a
um limite de horas trabalhadas e a férias pagas (...) o objetivo primário de
todas as iniciativas de desenvolvimento turístico deve ser a realização plena
das potencialidades de cada indivíduo, como pessoa e como cidadão”
(BRASIL, MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004, p.5)
Segundo o Código Mundial de Ética do Turismo, o Turismo Social representa
o segmento mais próximo da sustentabilidade social, tendo como objetivo “promover
um turismo responsável, sustentável e acessível a todos, no exercício do direito que
© Andréia Rocha Feitosa
26
Pressupostos Teóricos
qualquer pessoa tem de utilizar seu tempo livre em lazer ou viagens e no respeito
pelas escolhas sociais de todos os povos”.
Para o Ministério do Turismo, o “turismo social é a forma de conduzir a
atividade turística promovendo a igualdade de oportunidades, a equidade, a
solidariedade e o exercício da cidadania na perspectiva de inclusão social".
(BRASIL, 2004, p.6).
Vale lembrar que, para o Mtur, o público-alvo do segmento de Turismo Social
no Brasil é o cidadão viajante “pertencente a determinadas classes de consumidores
com renda insuficiente para usufruir da experiência turística de qualidade, ou a
grupos em situação de exclusão que, por motivos diversos, têm suas possibilidades
de lazer limitadas.” (BRASIL, 2006, p.5-6)
Neste raciocínio, inserem-se as pessoas com deficiência, uma parcela da
população que apesar de nem sempre se encaixarem economicamente nas
camadas mais populares, enfrentam freqüentes obstáculos no momento da
realização de suas experiências turísticas.
O crescimento das viagens de turismo ainda não permitiu que todos os
segmentos da população fossem beneficiados para desfrutar do turismo de
lazer. Pessoas com deficiência de diferentes tipologias e pessoas com
mobilidade reduzida, tais como idosos e obesos, também poderiam ser
incluídos nas estatísticas de exclusão social do turismo, pois encontram
dificuldades para se adaptarem às instalações e equipamentos nas
edificações turísticas e espaços de lazer, ao mesmo tempo em que
encontram prestadores de serviços sem qualificações específicas para um
atendimento diferenciado. (BRASIL, 2009, p.9).
Diante desta problemática, mitigar os problemas de acessibilidade das
pessoas com deficiência passa a ser tarefa essencial dos destinos que almejam a
inclusão social como forma de desenvolvimento.
A inclusão social consiste no processo através do quais os sistemas gerais
da sociedade — tais como o ambiente físico e cultural, a habitação e os
transportes, os serviços sociais e de saúde, as oportunidades educacionais e
de trabalho, a vida cultural e social, incluindo as instalações esportivas e
recreativas — são feitos acessíveis para todos. (ONU, 1982, § 12).
.
Sassaki (1999) explica que somente a partir da década de 1970 é que
começaram a surgir os primeiros passos rumo à inclusão social das pessoas com
deficiência nas experiências turísticas, e assim mesmo em países desenvolvidos.
© Andréia Rocha Feitosa
27
28
Pressupostos Teóricos
As primeiras excursões turísticas organizadas por agências de viagens para
pessoas com deficiência (inicialmente só quem usava cadeira de rodas)
apresentavam
dificuldades
imensas
devido
às
péssimas
condições
em
acessibilidade tanto nos destinos turísticos quanto nos serviços.
A partir da década de 1980, sob a influência da mobilização mundial em torno
do lema “Participação Plena e Igualdade”, é que o problema começou a ganhar
espaço. As atividades turísticas começaram a ter um desenvolvimento maior para
todos os tipos de deficiência, porém, ainda com muitos sacrifícios devido aos
preconceitos e barreiras ambientais que ainda existiam.
Em 1993, o DAC (Departamento de Aviação Civil) a pedido da CORDE Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
realizou a Câmara Técnica sobre Regulamentação da Segurança de Vôo para o
Transporte Aéreo de Pessoa Portadora de Deficiência Física em Aeronaves Civis
Brasileiras. A nova norma do DAC entrou em vigor em janeiro de 1996 dando o
prazo de seis meses para que as empresas aéreas se adaptassem para cumpri-la.
(SASSAKI, 1999).

Mesmo com algumas conquistas no período que corresponde à década de
1980 e o final do século XX: maior espaço na mídia, maior contato social,
adaptações arquitetônicas, melhoria na qualidade de vida, etc., a integração
social destas pessoas não ocorreu com vistas à inclusão na sociedade, mas
sim, de forma segregadora. Sassaki aponta três situações que ajuda a
compreender esta segregação, são elas:

Programas de lazer e recreação exclusivos para pessoas com deficiência;

Programas de passeios e excursões educativas ou turísticas, organizados
exclusivamente para grupos de pessoas com deficiência e suas famílias;

Práticas esportivas e campeonatos, exclusivamente para pessoas com
deficiência.
Entretanto, foi somente ao longo dos últimos dez anos (1990-2010) que a
sociedade passou a entender melhor a questão da deficiência, passando a ser
explicada com base nos conceitos da diversidade e pelo entendimento de que a
deficiência não é sinônima de incapacidade, mas sim de limitação. Como
conseqüência, os direitos ao estudo e ao trabalho passaram a se tornar práticas, e,
quanto ao turismo, mesmo que ainda de forma precoce, alguns avanços vêm se
© Andréia Rocha Feitosa
Pressupostos Teóricos
percebendo – principalmente no que se refere às edificações públicas, aos serviços
de transportes e atrações. (SCHWARZ E HABER, 2009).
2.2.1 A acessibilidade no processo de inclusão social
Hoje, é sabido que a plena inclusão no turismo das pessoas com deficiência
somente será concebida através da utilização dos espaços junto com as pessoas
sem deficiência e, para que isto ocorra, faz-se necessário à noção de acessibilidade:
O paradigma da inclusão social consiste em tornarmos a sociedade toda,
um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e
condições na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades.
Neste sentido, os adeptos e defensores da inclusão, chamados de
inclusivistas, estão trabalhando para mudar a sociedade, a estrutura dos
seus sistemas sociais comuns, as suas atitudes, os seus produtos e bens,
as suas tecnologias etc. em todos os aspectos: educação, trabalho, saúde,
lazer, mídia, cultura, esporte, transporte, etc.(SASSAKI, 2004).
Sassaki (2003) explica que a aplicação da acessibilidade nas diversas áreas
citadas acima, não se limita apenas à eliminação das barreiras físicas nos espaços
públicos e privados, o qual o autor define como sendo acessibilidade arquitetônica.
Além desta, existem mais cinco campos de abrangência: a atitudinal, a programática
a comunicacional, a metodológica e a instrumental, a saber:
Acessibilidade
Arquitetônica
Atitudinal
Programática
Comunicacional
Metodológica
Instrumental
Sem barreiras nas edificações e mobiliário urbano
Sem preconceitos, estigmas, estereótipos e
discriminações
Sem barreiras invisíveis embutidas nas políticas
públicas, em regulamentos e normas em geral nas
quais perpetuam a exclusão
Sem barreiras na comunicação interpessoal, escrita
e virtual
Sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo
Sem barreiras nos instrumentos, utensílios e
ferramentas de estudo (escolar), de trabalho
(profissional), de lazer e recreação (comunitária,
turística, esportiva etc.).
Figura 09: Os diferentes tipos de acessibilidade. Fonte: (Elaboração própria, 2010)
© Andréia Rocha Feitosa
29
Pressupostos Teóricos
Neste trabalho, discute-se com mais detalhes a importância da acessibilidade
arquitetônica e atitudinal, visto que, para o acesso ao turismo, estas se tornam
fundamentais.
A legislação nacional, especificamente a lei nº. 10.098 de 19 de dezembro de
2000, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
expressando em seu artigo 2º um conceito da acessibilidade arquitetônica defendida
por Sassaki (2003):
[...] acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização,
com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos
urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de
comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade
reduzida.
Em outras palavras, Schwarz e Harber (2009) consideram ser acessibilidade:
[...] um cego que cruza a rua, sozinho, porque o semáforo emite um sinal
sonoro, avisando-o que pode atravessar, é um cadeirante que pode se
locomover por conta própria, numa cidade sem buracos e sem obstáculos, é
uma criança surda ter à disposição intérpretes de Libras nas escolas
públicas. Enfim, acessibilidade é o pleno direito de ir e vir – e permanecer.
(SCHWARZ E HABER, 2009, p. 308).
Definições como estas remetem à importância da acessibilidade arquitetônica
nos espaços públicos que, somadas com as produzidas nos estabelecimentos
turísticos, garantem a pessoa com deficiência, quer seja física ou sensorial, uma
maior motivação por viajar a lazer.
De acordo com Aguirre (2003) para que os estabelecimentos turísticos se
tornem acessíveis arquitetonicamente faz-se necessário o preenchimento de alguns
requisitos, a saber:
Estabelecimento
Requisitos Necessários
Comercialização e
informação de serviços
turísticos
Acessos (estacionamento, desníveis e portas), circulação interior
(desníveis e passagens livres, iluminação e revestimentos),
mobiliário (mesa, balcões e expositores), informação e sinalização
acessível, e comunicação do Símbolo Internacional de
Acessibilidade (SIA);
© Andréia Rocha Feitosa
30
Pressupostos Teóricos
Serviços de
Hospedagem
Serviços de
restauração
Serviços de lazer e
recreação
Acessos (estacionamento, percurso até o edifício, zona de
manobra, desníveis e portas de entrada e saída), circulação
interior (passagens e percursos, zonas de manobra, elevadores e
revestimentos), dormitórios, banheiros e cozinhas (dimensões,
zona de manobra, porta de acesso), uso de sanitários
(acessórios, comandos, ajudas técnicas, revestimento, alarmes),
mobiliário (mesa e cadeiras, camas e armários), instalações
(telefone, televisão, iluminação e temperatura – comando e
controles), informação e sinalização acessível, e comunicação do
SIA
Acessos (igual aos anteriores), circulação interior (distribuição do
espaço, passagens entre movéis e desníveis), sanitários (acesso
e área de manobra, acessório, comandos, ajuda técnicas,
revestimentos e alarmes), mobiliário (mesa, cadeiras, barras e
balcões), informação e sinalização acessível, e comunicação do
SIA;
Acessibilidade individual a cada elemento e a acessibilidade ao
conjunto geral.
Quadro 01: Acessibilidade arquitetônica dos estabelecimentos turísticos.
Fonte: (Elaboração própria, 2010)
Em contrapartida, enquanto a acessibilidade arquitetônica diz respeito às
barreiras físicas; a acessibilidade atitudinal irá tratar a eliminação das barreiras
invisíveis que a própria sociedade impregnou ao longo dos tempos.
No caso do turismo, as barreiras invisíveis são refletidas com a
despreparação do atendimento destinado às PCDs.
Os relatos de turistas e de executivos com deficiência que viajam a
negócios costumam ser parecido: a maioria dos hotéis, restaurantes, bares
e atrações dos destinos visitados ainda não está qualificada para receber
bem a esse público. Ou tão bem como recebe aqueles que não apresentam
deficiências. Já na recepção, é comum encontrar funcionários
despreparados para interagir, por exemplo, com cadeirantes ou cegos. Ao
se darem conta de que o cliente tem deficiência, se atrapalham. Começam
a falar alto, como se entendessem que todo deficiente possui baixa audição,
ou é surdo. Começam a falar alto, como se entendessem que todo
deficiente possui baixa audição, ou é surdo. (SCHWARZ E HABER, 2009,
p.320).
Schwarz e Haber (2009) elencam algumas formas de como atender bem aos
clientes com deficiência, são elas:

Analisar a pessoa com deficiência como um cliente igual aos demais,

Compreender que a falta de um sentido, quase sempre, estimula o
desenvolvimento do outro,
© Andréia Rocha Feitosa
31
Pressupostos Teóricos

Não carregar nos gestos e expressões faciais excesso uma atenção invasiva,

Esperar que o cliente peça ajuda em vez de aturdi-lo com gentilezas mal
colocadas.

Diante disto, vale lembrar que investimentos em capacitação profissional
garantirão aos funcionários que trabalham na atividade turística uma maior
habilidade
no
tratamento
com
as
PCDs,
evitando
desta
forma
constrangimentos desnecessários.
2.3 Considerações sobre o Marketing Social
2.3.1 A evolução do conceito
Em 1951, Wiebe propôs a primeira interpretação de marketing social que se
tem notícia no qual assimilava o conceito diretamente com ações de fraternidade e
filantropia.
Entre os anos de 1960 e 1970, suas primeiras aplicações práticas ficaram
concentradas primeiramente na área da saúde pública mais precisamente no
planejamento familiar. Logo depois, outros trabalhos foram paulatinamente sendo
colocados em pratica, distanciando-se um pouco de temáticas de saúde como
racionamento de energia e segurança no trânsito (FERREIRA, 2004).
Em 1971, os professores Phillip Kotler e Gerald Zatiman expandiram o
conceito atribuído por Wiebe, atrelando-o às técnicas empregadas no marketing
comercial, formulando assim, o mais respeitado conceito que se tem hoje sobre o
tema:
“Marketing social é o projeto, implementação e o controle de programas que
procuram aumentar a aceitação de uma idéia ou a prática social num grupoalvo. Utiliza conceitos de segmentação de mercado, de pesquisa de
consumidores, de configuração de idéias, de comunicações, de facilitação
de incentivos e a teoria da troca a fim de maximizar a reação do grupo-alvo”
(PHILLIP KOTLER, 1978, p.288)
Baseado no exposto acima, o Socialtec (Fórum de Marketing Social) define
marketing social da seguinte forma:
[...] gestão estratégica do processo de inovações sociais a partir da adoção
de comportamentos, atitudes e práticas individuais e coletivas, orientadas
por preceitos éticos, fundamentados nos direitos humanos e na eqüidade
social. O termo é empregado para descrever o uso sistemático de princípios
© Andréia Rocha Feitosa
32
Pressupostos Teóricos
e técnicas orientadas para promover aceitação de uma causa ou idéia. Tem
como objetivo principal transformar a maneira pela qual um determinado
público-adotante percebe uma questão social e promover mudanças
comportamentais visando melhorar a qualidade de vida de um segmento
populacional.
Entre as características em comum, destacam-se as mencionadas por
Ferreira, (2004):

A orientação é direcionada para o cliente/destinatário;

O benefício percebido tem que ser superior ao custo percebido;

Utilizam pesquisa de informação e estudo do mercado-alvo;

Os públicos-alvos são segmentados;

Os programas devem ser cuidadosamente pensados e não articulados por
meio de ações casuais;

As trocas de valores devem ser necessariamente voluntárias (alternativa
contrária à força)

A escolha da oferta está direcionada com base nas necessidades do
consumidor e não do vendedor;

Utilizam da mistura de um conjunto de instrumentos chamados de “composto
de marketing”: produto, preço, promoção e praça.
Enfim, o marketing social pode ser considerado uma forma de ampliação do
marketing comercial, já que em seu planejamento são adotadas as mesmas técnicas
utilizadas no marketing comercial.
2.3.2 As peculiaridades do marketing social
Com já visto, o marketing social, por ser uma ampliação do conceito de troca
proferido pelo marketing comercial, apresenta algumas peculiaridades que o
distingue.
A maioria dos autores considera que o elemento chave que diferencia o
marketing social das outras atividades de marketing esta no produto (grifo
nosso), já que neste caso se trata de promover uma idéia social, e, apesar
dos anos, esta definição tem sido aceita por um bom número de autores.
(FERREIRA, 2004, p.27)
Quanto aos objetivos, Kotler (1978) acredita que sua diferença está na sua
forma de articulação, isto é, se o objetivo da ação de marketing for à geração de
© Andréia Rocha Feitosa
33
Pressupostos Teóricos
lucro pode-se inferir que se trata de um processo gerencial (marketing comercial),
caso contrário, se os objetivos estiverem concentrados em prol das necessidades da
coletividade, na busca de valores e mudanças sociais, estaremos diante de um
processo social (marketing social).
Outra peculiaridade refere-se à complexidade dos objetivos do marketing
social frente aos do marketing comercial:
.
O Marketing social opera num ambiente bem mais complexo que o do
Marketing comercial e seus objetivos são infinitamente mais ambiciosos. Eis
algumas diferenças: os produtos sociais são mais complexos que os
comerciais; os produtos sociais freqüentemente são mais controversos que
os comerciais; trazem menos satisfação imediata dos consumidores;
normalmente, o público do Marketing social tem menos recursos que a
média da população; e os programas sociais requerem resultados
espetaculares. (ARAÚJO, 1997, P.9)
Conforme citado, esta dificuldade em executar as estratégias de marketing
social refere-se à especificidade atribuída ao produto exposto ao público alvo, ou
seja, uma ação de marketing formulada com ênfase na assimilação da compra de
um “perfume” possui uma complexidade bem menor do uma ação que contemple a
venda de “mudanças nos hábitos alimentares”, por exemplo.
2.3.3 A diferença entre os conceitos relacionados
Um dos principais problemas enfrentados pelo marketing social concentra-se
na diversidade dos entendimentos sobre seu conceito. Ainda não há um consenso
sobre as diferenças existentes entre marketing social e outras práticas sociais
praticadas pelas organizações como a responsabilidade social, marketing de causas
e merchandising social.
É o que confirma Aduls, (2004) quando diz que o marketing social geralmente
é confundido com ações de responsabilidade social das empresas e ainda reforça
que:
A noção de marketing social não se aplica as empresas que utilizam
instrumentos de marketing apenas para divulgar suas ações sociais, tornar
pública sua postura socialmente responsável ou mesmo melhorar sua
imagem junto à sociedade, pois estas ações não têm o objetivo de
promover mudanças sociais. As tentativas recentes que têm identificado
como "marketing social" ações de responsabilidade social das empresas
apenas geram maior confusão e dificultam a compreensão de conceitos
distintos. (ADULS, 2004)
© Andréia Rocha Feitosa
34
Pressupostos Teóricos
Sobre o marketing de causas sociais: Pringle e Thompson (2000, p.3)
explicam sua atuação como sendo uma filosofia que as empresas praticam para
serem socialmente responsáveis e com isso agregar mais valor competitivo:
Marketing de causas sociais é uma forma efetiva de melhorar a imagem
corporativa, diferenciando produtos e aumentando tanto as vendas quanto a
fidelidade. (...) É o esforço que as empresas fazem para associar suas
atividades – diretamente ou em parceria com instituições de caridade – a
uma causa social aprovada por grande parte da sociedade e, portanto, dos
consumidores. (PRINGLE, THOMPSON, 2000, p, 3)
É importante ressaltar que a diferença entre as duas orientações de marketing
concentra-se principalmente em seus objetivos, ou seja, enquanto no marketing de
causas sociais o foco está no lucro gerado pela imagem socialmente responsável;
no marketing social o objetivo de suas ações não se resume em fins
mercadológicos, mas sim, em promover mudanças comportamentais com foco na
qualidade de vida (FONTES, 2001 apud ADULS, 2004).
MARKETING
SOCIAL
Mudanças
comportamentais com
foco para a qualidade de
vida
X
Objetivos
DE CAUSAS SOCIAIS
Imagem social atrelada
à marca da empresa, e
conseqüente
rentabilidade financeira
(lucro)
Figura 10: A diferença entre o marketing social e o marketing de causas sociais.
Fonte: (Elaboração própria, 2010).
Com base nestas considerações, pode-se perceber que a gestão de
marketing social não se aplica às empresas que utilizam instrumentos de marketing
apenas para divulgar suas ações sociais, tornar pública sua postura socialmente
responsável ou mesmo melhorar sua imagem junto à sociedade, uma vez que não
têm o objetivo de promover mudanças sociais, mas sim, de auferir lucros futuros. A
assimilação do “marketing social” com ações de responsabilidade social das
© Andréia Rocha Feitosa
35
Pressupostos Teóricos
empresas apenas gera maior confusão e dificultam a compreensão de conceitos
distintos. (ADULS, 2001).
Isto não significa dizer que empresas com fins lucrativos não podem aplicar a
gestão de marketing social. Conforme Fontes6 (2009), não há restrições da utilização
do marketing social pelas empresas; contanto que o foco da ação seja na
transformação social e não somente no intuito de agregar valor social a sua marca
ou produtos, segundo ele: “há trabalhos de marketing social com funcionários para
racionalizar, por exemplo, o uso de energia elétrica” (informação verbal).
Outra relação bastante confundida refere-se aos conceitos de “marketing
social” e “merchandising social”.
De acordo com Costa et. al. (2009, p.3), o merchandising é uma “ferramenta
de comunicação do marketing, que serve de apoio para a propaganda e a promoção
de produtos, bens e serviços”. Assim como o marketing, o merchandising pode
assumir propostas com vistas à qualidade de vida da sociedade (causas sociais), daí
o conceito de merchandising social a ele empregado. (Ibid., 2009).
O Merchandising Social surge em meio ao entretenimento apresentado
pelas novelas (grifo nosso), como uma forma estratégica e intencional, para
alertar os telespectadores sobre questões sociais, a partir de temas que são
expostos de forma educativa e acessível aos conhecimentos das diversas
camadas sociais. A exploração desses temas é inserida dentro das tramas
e os personagens são emissores destas temáticas. A inserção do
Merchandising Social não se limita apenas às problemáticas sociais, mas
também fornece possíveis formas de solução para as situações
apresentadas se valendo ainda de uma linguagem de fácil compreensão. A
trama é fictícia, no entanto, os temas são inspirados no cotidiano da
população em seus diferentes contextos, assim o esclarecimento permeia
naturalmente em meio à sociedade. (COSTA, et.al, 2009, p.6)
Entretanto, mesmo com definições por vezes parecidas, ocorre uma limitação
do merchandising social frente ao marketing social. Enquanto este se utiliza de todos
os processos de planejamento de marketing (promoção, produto, praça e preço);
aquele se concentra apenas na ferramenta do marketing mix utilizada para a
propagação e divulgação da causa social (a promoção).
6
Miguel Fontes é Doutor em Saúde Pública pela Universidade Johns Hopkins e mestre em desenvolvimento social, econômico
e político da América Latina e Caribe pela Escola de Relações Internacionais e Economia (SAIS) da Universidade John
Hopkins. Atualm ente é o diretor da John Snow Brasil Consultoria, como também, autor de diversas publicações sobre
Marketing Social, entre elas o livro \"Marketing Social – novos paradigmas\"
© Andréia Rocha Feitosa
36
Pressupostos Teóricos
MERCHANDISING
SOCIAL
MARKETING SOCIAL
X
Utiliza-se de todas as
ferramentas do
marketing mix (produto,
preço, promoção e
praça) para a
transformação das
questões sociais com
foco na qualidade de
Utiliza-se da ferramenta
da (promoção),
estratégica e
intencionalmente, como
forma de alertar os
telespectadores das
novelas sobre questões
sociais
vida.
Figura 11: A diferença entre marketing social e merchandising social
Fonte: (Elaboração própria, 2010).
2.3.4 O comportamento humano em face das mudanças sociais
Além do marketing social, existem outras formas de mudar o comportamento
humano, tais como, o tecnológico, o econômico, o político-legal e o educacional.
Veja as definições extraídas da obra de Kotler e Roberto, (2002):
a. O Tecnológico
Quando as inovações tecnológicas ou auxiliam na intensificação do grau da
mudança de comportamento ou contribuem significativamente para isso.
b. O Econômico
Acontece quando o comportamento é modificado tanto em decorrência de
pressões econômicas quanto de incentivos fiscais.
c. O Político-Legal
Serve para tratar, através das leis, situações mais difíceis de gerarem
mudanças voluntárias, desta forma, o individuo passa a ser obrigado a cumprir as
orientações sob pena de ser penalizado através de multas ou detenções.
d. O Educacional
Mesmo a educação sendo uma ferramenta útil para o marketing social, ainda
não trabalha sozinha. Na maioria das vezes, a educação é utilizada para transmitir
informações e / ou construção de competências, mas ela não dá a mesma atenção e
© Andréia Rocha Feitosa
37
Pressupostos Teóricos
foco para criar e sustentar a mudança de comportamento como também, se utiliza
apenas de um dos quatro instrumentos do marketing, a promoção.
Contudo, alterar um comportamento humano, ou seja, aceitar uma causa
social não consiste em tarefa fácil de alcançar, uma vez que requer um
convencimento dos destinatários quanto às vantagens que o novo comportamento
pode gerar em detrimento dos custos para a respectiva alteração.
Para Kotler e Roberto (2002), a vantagem de se optar pelo marketing social
como estratégia de mudança comportamental, está no fato de que este engloba,
todas as outras formas de convencimento já citadas, tornando-se a causa social com
maior probabilidade de ser atingida.
Corroborando com os argumentos acima, Minciotti (1983) exemplifica tal
entendimento ao retratar o desinteresse do Estado em optar pelas alternativas de
marketing social em seu sua postura governamental para as mudanças de
comportamentos, em que, na maioria das vezes decide por assumir uma postura
coercitiva ao invés de induzir voluntariamente este comportamento.
Muito melhor teria sido o resultado se, em vez de proibir a venda de
combustível nos finais de semana, o Governo tivesse desenvolvido um
programa de marketing social, objetivando alterar o padrão comportamental
da população em face da crise energética, educando-a e motivando-a.
Podemos entender este raciocínio a outras causas, como: a) redução de
acidentes de trânsito; b) redução da mortalidade infantil; c) controle da
natalidade em determinados segmentos da população; d) habitação para
todos; e) aumento da produtividade; f) fixação do homem a terra; g)
ocupação da Amazônia; h) combate a corrupção e sonegação de impostos;
i) combate à cárie; j) velocidade-limite nas estradas e uso de cinto de
segurança; k) programa de interação comunitária (grifo nosso); e , enfim,
tantos outros. (MINCIOTTI, 1983, p.55)
Por sua vez, Kotler (1978) identifica diversas causas sociais a partir de seus
objetivos, que nada mais são do que gerar mudanças quer seja cognitiva, de ação,
de comportamento ou de valor.
2.3.4.1 Mudança cognitiva
Utiliza-se de campanhas de informações ou educação pública. São
razoavelmente fáceis, pois não procuram modificar quaisquer atitudes ou
comportamentos profundamente enraizados;
Dentre elas estão: as campanhas para explicar o valor nutritivo de diferentes
alimentos; campanhas para explicar o trabalho de órgãos governamentais voltados à
© Andréia Rocha Feitosa
38
Pressupostos Teóricos
saúde pública; campanhas para chamar a atenção aos problemas sociais, como a
pobreza, a intolerância ou a poluição.
Figura 12: Campanha de mudança cognitiva,
induzindo práticas de higiene.
Fonte: kotler, Roberto e Lee (2002)
Figura 13: Campanha de mudança cognitiva,
demonstrando os perigos da poluição ao meio
ambiente.
Fonte: Internet
2.3.4.2 Mudança de ação
As campanhas tentam fazer com que um número máximo de pessoas realize
uma ação específica. São mais difíceis do que as mudanças cognitivas porque as
pessoas terão que aprender uma coisa nova e efetuar uma ação específica com
base neste novo aprendizado;
São utilizadas para influenciar pessoas a comparecer a uma imunização em
massa; campanha para atrair mulheres acima de quarenta anos a realizar exames
de prevenção de câncer; campanha para atrair novamente às escolas, os
estudantes que deixaram de estudar; campanhas para levantar grandes quantidades
de dinheiro para fins de caridade; campanhas para atrair doadores de sangue ou
doação de órgãos.
Figura 14: Campanha de mudança ação,
incentivando quanto à doação de órgãos.
Fonte: internet.
Figura 15: Campanha de mudança ação,
alertando quanto aos cuidados com a mama.
Fonte: internet.
© Andréia Rocha Feitosa
39
Pressupostos Teóricos
2.3.4.3 Mudança de comportamento
São as que induzem ou ajudam as pessoas a modificar algum aspecto de seu
comportamento. Estas são mais difíceis que as duas anteriores porque a pessoa
deve estar consciente dos efeitos prejudiciais de seus hábitos de consumo e não há
uma ação que ele possa adotar a fim de terminar, definitivamente, com as tentações
a que ele está sujeito.
Essas causas incluem esforços para diminuir o vício de fumar, esforços para
desencorajar o consumo de álcool, esforços para desmotivar o uso de
entorpecentes, esforços para mudar hábitos alimentares, entre outros.
Figura 16: Campanha de mudança
comportamento, alertando os perigos da
ingestão de álcool durante a gravidez
Fonte: Kotler, Roberto e Lee (2002, p.5).
Figura 17: Campanha para mudança de
comportamento, indicando sugestões de
convívio com as pessoas com deficiência.
Fonte: ONG – Espaço da Cidadania:
2.3.4.4 Mudança de valor
Procuram alterar profundamente as crenças ou valores que um determinado
grupo possui em relação a alguns objetos ou situações. É considerada a mais difícil,
porque o sentido de identidade e bem-estar de um indivíduo está enraizado em seus
valores básicos.
Compreende esforços para alterar as idéias que as pessoas têm sobre o
aborto; esforços para modificar a postura em relação ao número de filhos que
deveriam ter; esforços para aumentar a participação e o respeito ao trabalho
feminino; esforços voltados à preservação dos bens públicos por parte das pessoas;
© Andréia Rocha Feitosa
40
Pressupostos Teóricos
e outros que lidam com os aspectos práticos da intolerância e da baixa qualidade de
participação do cidadão na comunidade, compreendendo as causas mais difíceis de
serem levadas a efeito.
Figura 18: Campanha de mudança valor,
condenando a prática do aborto.
Fonte: internet
Figura 19: Campanha de mudança valor,
defendendo a aceitação do aborto na sociedade.
Fonte: Internet
Figura 20: Campanha para mudança de valor, mostrando a importância da acessibilidade para a
qualidade de vida das pessoas com deficiência.
Fonte: CONADE
Nota-se então duas características sobre as mudanças sociais; a primeira
refere-se ao grau de aceitação da idéia, ou seja, enquanto a mudança cognitiva
torna-se a mais fácil de ser alcançada, o mesmo não se pode dizer sobre a mudança
de valor, visto que são debatidas idéias que já estão enraizadas nos valores de cada
indivíduo. Outro ponto a ser destacado, relaciona-se com a capacidade da causa
social agregar em seu conteúdo mais de um tipo das mudanças citadas.
A causa social pretendida neste trabalho é prova disto, uma vez que adota
tanto as características das mudanças comportamentais quanto as mudanças de
valor.
© Andréia Rocha Feitosa
41
Procedimentos Metodológicos
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta etapa, descreve-se a metodologia utilizada, apresentando os devidos
procedimentos metodológicos empregados na elaboração do estudo em questão.
3.1 Caracterização do Estudo
Para Gil (1999), os métodos científicos constituem uma ferramenta
indispensável à ciência, auxiliando-a no alcance da veracidade dos fatos.
Segundo Triviños (1987), a pesquisa qualitativa torna-se de fundamental
importância para o desenvolvimento das praticas sociais, uma vez, que possibilita
uma análise implícita do que será investigado.
Um trabalho é de natureza exploratória quando envolve levantamento
bibliográfico, entrevista com pessoas que tiveram (ou têm) experiências práticas com
o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão.
Possui ainda a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e
idéias para a formulação de abordagens posteriores.
Dessa forma, este tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento
para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas
mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos
posteriores (GIL, 1999, p. 43).
Neste estudo, o método ora utilizado consiste na pesquisa qualitativa com
abordagem exploratória e descritiva, uma vez que além de descrever as
características das pessoas com deficiência no Brasil; buscou-se discutir e explorar
o problema enfrentado pelas mesmas enquanto turistas (inacessibilidade) como
também identificar alternativas para a solução do problema (marketing social),
facilitando, desta forma, o aprofundamento do tema para trabalhos posteriores.
3.2 População e Amostra
População é a soma de todos os elementos que compartilham algum conjunto
comum de características, conformando o universo próprio para o propósito do
problema da pesquisa. Já amostra é caracterizada, segundo Silva e Menezes (2001,
© Andréia Rocha Feitosa
42
Procedimentos Metodológicos
p.32), como “parte da população ou do universo, selecionada de acordo com uma
regra ou plano".
A população desta pesquisa tem abrangência nacional com destaque para a
região sudeste.
Quanto à amostra, caracteriza-se como não-probabilística, dando prioridade
para àqueles que além de possuírem especialidade em assuntos das áreas de
inclusão social e/ou turismo, também detinham conhecimento de causa, ou seja,
declaravam-se pessoas com deficiência. Tal medida teve o intuito de apontar
análises com maior profundidade, visto que, nada melhor para expor um problema,
do que aquele que o vivencia.
Vale ressaltar que a maioria dos entrevistados da amostra foi selecionada
com base na lista de palestrantes do 1º e 2º Congresso de Turismo Muito Especial,
ocorrido no Estado de Pernambuco nos anos de 2008 e 2009, respectivamente, com
exceção de Andréa Schwarz, Mara Gabrili, Romeu Kasumi Sassaki e os
representantes da CORDE-RN cujos nomes foram descobertos por pesquisa feita
em sites via internet.
Contribuíram com a pesquisa doze especialistas do campo da inclusão social
e/ou turismo cujos nomes e funções estão listados a seguir:
1. Andréa Schwarz (paraplégica)
Formada em fonoaudiologia, autora do livro guia Brasil para Todos e há dez
anos atua na área de responsabilidade social com foco nas pessoas com
deficiência;
2. Cristiane Ecker Fornazieri
Executiva Social da Federação Nacional das AVAPEs (Fenavape) desenvolve
consultoria de acessibilidade para empresas públicas e privadas, e é responsável
pelo Convênio Socorro Acessível em parceria com o Ministério do Turismo.
3. Dadá Moreira (possui ataxia)
Jornalista, fotógrafo, esportista e consultor e fundador da ONG Aventura
Especial, que trabalha para a inclusão da pessoa com deficiência no ecoturismo e
no turismo de aventura.
4. Mara Gabrili (tetra paraplégica)
Publicitária, psicóloga, ex-secretária da Pessoa com Deficiência da Prefeitura
de São Paulo e vereadora de São Paulo, empreendedora social do Instituto Mara
© Andréia Rocha Feitosa
43
44
Procedimentos Metodológicos
Gabrilli, ONG que apóia atletas com deficiência, promove o Desenho Universal e
fomenta pesquisas científicas desde 1997.
5. Mosana Cavalcanti (Paraplégica)
Bacharel em Turismo e técnica da SETUR-PE, atualmente colaboradora do
programa estadual: Turismo Acessível – Pernambuco sem Barreiras.
6. Rebecca Monte Nunes Bezerra
Promotora de justiça da Comarca de Natal (RN), com atribuição na área de
direitos da pessoa com deficiência e do idoso. Co-autora dos livros: "Deficiência no
Brasil: uma abordagem integral dos direitos das pessoas com deficiência", "Manual
da Cidadania para Educadores" e "Estatuto do Idoso Comentado". Co-autora da
cartilha de bolso "Acessibilidade: um direito de todos – Cartilha de Orientação". É
autora do roteiro da revista em quadrinhos "Uma Sociedade para Todos", 1ª e 2ª
edições.
7. Representantes da CORDE/RN
Neste caso estamos considerando como uma só opinião, visto que o
preenchimento do questionário foi de forma conjunta, desta forma, participaram da
realização da pesquisa o arquiteto e urbanista, José Gesy de Brito Sousa, a
engenheira civil, Maria Antonia Melo Germano e a estagiaria em arquitetura da subcoordenadoria, Louise Caroline Linhares de Freitas.
8. Ricardo Shimosakai (Paraplégico)
Bacharel em Turismo e especialista em acessibilidade e inclusão no turismo.
Sócio-fundador da ONG Turismo Adaptado, que realiza ações em diversos campos
envolvendo o turismo e a deficiência.
9. Romeu Kazumi Sassaki
Consultor de inclusão social, autor dos livros Inclusão: Construindo uma
Sociedade para Todos e Inclusão no Lazer e Turismo: em busca da qualidade de
vida e presidente do Instituto Sociedade Inclusiva (ISI).
10. Sáskia Freire Lima de Castro
Bacharel em turismo pela Universidade de Fortaleza e especialista em
Ecoturismo, com ênfase em Interpretação e Educação Ambiental, pela Universidade
Federal
de Lavras. Atualmente está
à frente da Coordenação-Geral
de
Segmentação do Ministério do Turismo.
© Andréia Rocha Feitosa
Procedimentos Metodológicos
11. Sávio Vieira Ramos
Graduado em turismo pelo Centro Universitário de Goiás – Uni-Anhanguera e
pós-graduando em gestão do turismo ambiental e cultural. Atua principalmente nos
seguintes
temas:
ecoturismo,
cidadania,
responsabilidade
social,
impactos
ambientais e turismo. Autor do projeto de implantação de trilhas para deficientes
visuais em ambientes naturais e capacitação de guias de turismo para atuarem com
deficientes. Atualmente é consultor da Araraúna Turismo e Negócios.
12. Viviane Panelli Sarraf
Consultora de Acessibilidade Cultural, graduada em Artes pela FAAP,
especialista em Museologia pelo Curso de Especialização em Museologia do MAEUSP, Mestranda do Programa de Ciência da Informação da ECA-USP e diretora
fundadora da instituição Museus Acessíveis e Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Atua em projetos de inclusão de pessoas com deficiências em museus e instituições
culturais desde 1998
3.3 Instrumentos da Pesquisa
O instrumento utilizado para a pesquisa constitui-se de um questionário com
dez questões abertas no quais os respondentes declaravam suas opiniões acerca
da problemática em questão.
Devido à abrangência nacional da amostra e a falta de recursos financeiros
que impossibilitava o deslocamento da pesquisadora até o domicilio dos
entrevistados, não foi possível a realização de entrevistas “in loco”, desta forma,
optou-se pela comunicação através da internet, mais precisamente pelo correio
eletrônico (e-mail).
Diante disto, foi necessário à realização de um questionário pré-teste (em
anexos) com a finalidade de descobrir se de fato as perguntas estavam sendo bem
interpretadas pelos depoentes, ou seja, este primeiro questionário explorou e
identificou perguntas-problema que justificassem uma modificação da redação,
alteração do formato ou mesmo serem eliminadas da versão final.
Aaker et al. (2001) explica que alguns critérios devem ser levados em
consideração depois da aplicação de um pré-teste. São indícios que permitem
© Andréia Rocha Feitosa
45
Procedimentos Metodológicos
aperfeiçoá-lo e avaliar se de fato houve equívocos na elaboração, abrindo espaço
para um entendimento confuso e dúbio.
Dentre eles, estão:

A interpretação do respondente é a mesma do pesquisador?

Há duplicidade de pergunta, mesmo que sendo com interpretações
diferentes?

O vocabulário é simples, direto e familiar a todos os respondentes?

Alguma palavra do texto tem sentido vago ou ambíguo?

Há perguntas condutoras ou tendenciosas?

As perguntas têm o tamanho apropriado?

A pergunta é aplicável a todos os respondentes?
Com base nestas perguntas e depois de coletados os dados dos
questionários eletrônicos das Sras. Andréa Schwarz, Mara Gabrili, Rebecca Monte
Nunes Bezerra e dos representantes da CORDE/RN, identificou-se algumas
interpretações equivocadas, conforme seguem:
Houve incompatibilidade na interpretação do pesquisador e do respondente
no que se refere à 1ª questão. Quando se pergunta quais as áreas mais
privilegiadas em políticas públicas, espera-se um entendimento a cerca dos setores
da educação, saúde, habitação, esporte, turismo, etc. voltados para as pessoas com
deficiência, porém, uma respondente interpretou como sendo entre as áreas do
turismo, ou seja, os segmentos mais privilegiados (aventura, religioso, sol e praia,
etc..)
Também foi identificado nas questões 6, 8, 9 e 10 um texto de sentido vago,
uma vez que, não possibilitou uma resposta mais aprofundada, dando deixas para
que um respondente concluísse a pergunta com “apenas” um sim ou não. Está
faltando à expressão: “justifique”.
Outro ponto detectado foi à presença de perguntas que indiciam em
duplicidade e tendenciosas, ou seja, na questão 3 o pesquisador já induz que o
Brasil não tem acessibilidade turística para as pessoas com deficiência (Quais são
as principais barreiras que não permitem o Brasil se igualar aos principais destinos
turísticos?), na questão 7 a pergunta já afirma que precisa de melhorias na infraestrutura turística e acessibilidade nos serviços (A melhoria nas condições de
acessibilidade arquitetônica (infra-estrutura do destino) e na qualidade dos serviços
© Andréia Rocha Feitosa
46
Procedimentos Metodológicos
prestados...) e por fim, as questões 6 e 8 foram percebidas pelos respondentes
como sendo em duplicidade, pois de maneiras diferentes elas induzem respostas
iguais: .
Por fim, quando perguntado se o Brasil tem condições em infra-estrutura e
serviços, a resposta também responde a questão 8, pois se um destino tem
condições, ele certamente tem interesse em atender o público em estudo.
Com isso, constata-se que quando se trata de um questionário cuja aplicação
não se dá juntamente com o pesquisador, este, deve ser claro e bem explicado para
que não ocorram desvios de interpretações como esse. O pesquisador deve lembrar
que não estará no momento do preenchimento do questionário para explicar aos
respondentes aonde ele quer chegar.
Depois de realizada as devidas correções têm-se, a seguir, o questionário
definitivo.
1- QUESTIONÁRIO DEFINITIVO (PÓS – TESTE)
QUESTÕES (Q)
FINALIDADES
Q1: Como o Sr. (a) analisa o quadro de
Identificar quais os setores (educação,
evolução das políticas públicas voltadas
saúde,
para
privilegiados no que se refere aos direitos
os
direitos
das
pessoas
com
deficiência em nível nacional? Quais as
áreas
mais
privilegiadas:
esporte,
turismo...)
mais
das pessoas com deficiência.
educação,
trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Q2: De que forma o Sr (a) analisa o
Com já se inferia a não identificação da
interesse público por ações que primam
área do turismo como sendo prioritária das
pela acessibilidade arquitetônica (prédios
ações do governo, procurou-se perceber a
públicos, vias públicas e mobiliário urbano)
opinião dos respondentes a partir de uma
dos destinos turísticos no Brasil?
questão mais específica.
Q3: Em sua opinião, o Brasil pode ser
Identificar se o Brasil possui uma imagem
considerado,
da
satisfatória no que tange à acessibilidade
Europa, como um destino turisticamente
turística quando comparado a países do
acessível às pessoas com deficiência?
exterior.
assim
como
países
Justifique sua resposta?
Q4:
O
Sr
econômicos
(a)
e
identifica
sociais
nos
benefícios
destinos
turísticos que se preocupam com o tema
Perceber se um destino turístico acessível
pode
influenciar
positivamente
na
qualidade de vida da sociedade e gerar
© Andréia Rocha Feitosa
47
Procedimentos Metodológicos
da acessibilidade e inclusão? Justifique
dividendos econômicos para o mesmo.
Q5: Qual região brasileira possui mais
Questão baseada na transcrição da Sra.
condições de acessibilidade arquitetônica
Mara Gabrili e de fundamental importância
(adaptações
para investigar se há e quais são os
em
espaços
públicos)
e
acessibilidade em serviços (adaptações
exemplos
de
em infra-estrutura e na qualidade dos
região do país.
destinos
acessíveis
por
serviços)
Q6: Qual a percepção do Sr.(a) quanto ao
Descobrir se estas pessoas representam
perfil da demanda (turistas/pessoas com
uma demanda com recursos financeiros
deficiência) no Brasil? Este público pode
suficientes
ser
serviços turísticos
considerado
como
um
nicho
de
para
consumir
produtos e
mercado promissor?
Q7: Que fator exerce maior influência para
Saber o que é mais importante para uma
a pessoa com deficiência no momento da
pessoa com deficiência quando turistas:
escolha de um destino turístico como
acessibilidade
opção
(arquitetônica) ou privados (arquitetônica e
de
viagem,
acessibilidade
arquitetônica (prédios públicos, vias e
em
espaços
públicos
atitudinal)
mobiliário urbano) ou acessibilidade nos
serviços das empresas turísticas (infraestrutura
e
pessoal
qualificado)?
Justifique.
O Sr (a) identifica, no contexto
Apontar a opinião sobre o interesse da
nacional, alguma falta de interesse da
iniciativa privada em alocar recursos em
iniciativa
do
adaptações para pessoas com deficiência
turismo) no que se diz respeito à alocação
poder usufruir de seus produtos e serviços.
Q8:
privada
(empreendedores
de investimentos voltados para atender
com qualidade a demanda de pessoas
com deficiência ?
Q9: Em sua opinião, a gestão de marketing
Perceber se a gestão de marketing social
social pode ser utilizada como instrumento
pode contribuir para a valorização do
de difusão do Turismo Social no Brasil?
Turismo Social no Brasil, e isto implica , o
respeito pela inclusão social.
Q10: O Sr. (a) acredita na aplicabilidade
Perceber se o marketing social pode ser
das campanhas de marketing social para
utilizado para mudar os valores dos
sensibilizar e conscientizar a sociedade,
empreendedores do turismo em face da
© Andréia Rocha Feitosa
48
Procedimentos Metodológicos
mais precisamente a iniciativa privada do
acessibilidade turística no Brasil
turismo quanto ao cumprimento de seus
deveres para com os direitos das pessoas
com deficiência?
Quadro 08: Questionário Definitivo - pós-teste e suas finalidades.
Fonte: Elaboração própria.
3.4 Coleta dos Dados
De acordo com Santos (2004), a coleta de dados é de grande relevância e
deve ser conduzida cuidadosamente, pois terá reflexos diretos na análise dos dados.
A coleta de dados secundários foi realizada através de informações extraídas
em livros como também em bibliografias contemporâneas encontradas na internet,
tais como, dissertações, teses, artigos e sites institucionais.
Já a coleta de dados primários ocorreu entre os dias 03 de fevereiro e 25 de
março, como já comentado, através de um questionário enviado aos respectivos emails dos especialistas escolhidos para compor a amostra. Nesses quase dois
meses de coleta, foram enviados 38 questionários, sendo que deste total, obteve-se
respostas de 12 especialistas. Fato este que possibilitou a concretização da
pesquisa de forma satisfatória.
3.5 Análise dos Dados
De acordo com a natureza e tipo de pesquisa, a técnica utilizada para análise
dos dados desta pesquisa foi à análise de conteúdo. Segundo Machado (1991, p.
53), atualmente essa técnica é cada vez mais empregada para análise de material
qualitativo.
Bardin (1977, p. 42) conceitua a análise de conteúdo como um conjunto de
técnicas
de análise das comunicações visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens (quantitativos ou
não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
© Andréia Rocha Feitosa
49
Procedimentos Metodológicos
A finalidade da análise de conteúdo é produzir inferências, trabalhando com
vestígios e índices postos em evidência por procedimentos mais ou menos
complexos (PUGLISI; FRANCO, 2005, p. 25).
© Andréia Rocha Feitosa
50
Resultados
4 RESULTADOS
4.1 Diagnóstico das Políticas Públicas Inclusivas no Brasil
De acordo com os dados coletados, foi possível constatar que o interesse por
programas de ação governamentais que estimulem a inclusão social das pessoas
com deficiência já se encontra bem evoluído nas áreas da saúde, educação e
trabalho, entretanto, no caso do turismo, esta preocupação ainda se encontra em
caráter inicial.
Conforme o Sr. Romeu Kasumi Sassaki, presidente do Instituto Sociedade
Inclusiva – ISI e referência nacional na área de inclusão social das pessoas com
deficiência, as premissas das políticas públicas inclusivas foram verificadas a partir
da década de 1950 com a elaboração das primeiras leis em defesa dos direitos das
PCDs. Entretanto, foi somente nos últimos vinte anos que estas políticas começaram
a surgir de fato no Brasil. Ver quadro cronológico, a seguir:
Evolução das Políticas Públicas em prol da Inclusão Social
1950 1960 1970 1980
1990
2000
2010
Elaboração das primeiras
Criação das primeiras
leis federais voltadas para as
políticas públicas
áreas da SAÚDE,
focadas na plena
EDUCAÇÃO E TRABALHO.
participação na
sociedade, igualdade
em direitos e
dignidade
Educação
Inclusão social,
inclusiva,
equiparação de
trabalho
oportunidades
decente,
em todas as
acessibilidade áreas através da
arquitetônica e implantação de
comunicacional,
medidas das
artes, esportes, acessibilidades
lazer e turismo
arquitetônica,
comunicacional,
metodológica,
instrumental,
Figura 21: Cronologia das políticas públicas com vistas à inclusão social
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
É o que também afirma a citação de Sassaki no referencial teórico (pág 19) :
Finalmente entre a década de 1990 e início do século XXI, começou-se
pensar formas de atendimento que contemplassem a autonomia destas
pessoas, nos contextos da família e da comunidade. Nasce então a
concepção de inclusão social, na qual tinha como pressuposto o reordenamento de cidades continuamente construídas e moldadas para todas
as pessoas, com ou sem deficiência.
© Andréia Rocha Feitosa
51
Resultados
A opinião da Sra. Saskia Freire, Coordenadora Geral de Segmentação do
Ministério do Turismo, infere que este processo de inclusão social ocorrido nas
últimas duas décadas é conseqüência do interesse do Estado pelo desenvolvimento
de políticas públicas mais inclusivas. No referencial teórico há uma menção sobre
este assunto da seguinte forma:
Foi somente ao longo dos últimos dez anos (1990-2010) que a sociedade
passou a entender melhor a questão da deficiência, passando a ser
explicada com base nos conceitos da diversidade e pelo entendimento de
que a deficiência não é sinônima de incapacidade, mas sim de limitação.
Como conseqüência, os direitos ao estudo e ao trabalho passaram a se
tornar práticas, e, quanto ao turismo, mesmo que ainda de forma precoce,
alguns avanços vêm se percebendo – principalmente no que se refere às
edificações públicas, aos serviços de transportes e atrações. (SCHWARZ E
HABER, 2009).
A Sra. Sáskia ainda destaca a importância da criação do CONADE7 Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que segundo ela, serve
para o acompanhamento da sociedade das ações do governo, garantindo desta
forma mais transparência e comprometimento sobre o assunto.
Os últimos vinte anos foram marcados pela publicação da maioria das leis e
decretos que hoje existem sobre os direitos da pessoa com
deficiência.Também foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deficiência, que tem como objetivo que a sociedade civil faça o
acompanhamento das políticas públicas voltadas para a Pessoa com
deficiência.A legislação e os programas de governo se estenderam para as
áreas de trabalho, educação, saúde, turismo, porém ainda existe muito a
ser feito em todas estas áreas. (SÁSKIA FREIRE, 2010)
Corroborando com a Sra. Sáskia Freire outros entrevistados também
mencionaram o interesse do Estado por políticas públicas inclusivas. Afirmam que
mesmo de forma lenta, estas, vêm evoluindo no país, com destaque para a atuação
do Ministério Público, da Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência8 – CORDE e do CONADE.
7 O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE foi criado pela Medida Provisória nº.
1.799-6 de 10 de julho de 1999, no âmbito do Ministério da Justiça, como órgão superior de deliberação colegiada, ao qual
compete, principalmente, o acompanhamento e a avaliação da Política Nacional da Pessoa Portadora de Deficiência e das
políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer, política urbana,
no que concerne à pessoa portadora de deficiência. Informação disponível em: http://www.apaebrasil.org.br/artigo. phtml/65.
8 Órgão de Assessoria da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, responsável pela gestão de
políticas voltadas para integração da pessoa portadora de deficiência, tendo como eixo focal a defesa de direitos e a promoção
da cidadania, o CORDE compõe o CONADE e garante o funcionamento e a secretaria executiva deste Conselho.
© Andréia Rocha Feitosa
52
Resultados
O CONADE, a CORDE e o MP tem desenvolvido várias ações, pleiteando
os direitos da pessoa com deficiência na sociedade. (CRISTIANE ECKER,
2010).
Temos visto uma evolução das políticas públicas voltadas para os direitos
das pessoas com deficiência. Lamentavelmente, estão elas mais restrita ao
âmbito da União (Ministérios e Secretarias Especializadas). (REBECCA
MONTE NUNES BEZERRA, 2010).
Em nível nacional, o que vejo sendo feito são ações de alguns Ministérios e
também por secretarias como o CONADE (RICARDO SHIMOSAKAI, 2010).
Por sua vez, quando lhes perguntado sobre quais setores vem se percebendo
maiores avanços sociais , metade dos entrevistados esboçou suas opiniões,
alegando ser o TRABALHO, a EDUCAÇÃO e a SAÚDE as questões mais
prioritárias.
[...] As áreas mais privilegiadas é a questão de cotas de emprego (grifo
nosso) para pessoas com deficiência (ANDRÉA SCHWARZ, 2010).
[...] A área mais privilegiada é o trabalho (grifo nosso) (CRISTIANE ECKER,
2010).
[...] Entendo que as áreas que têm sido prioritária são a educação (grifo
nosso) e a acessibilidade (REBECCA MONTE NUNES BEZERRA, 2010).
[...] Não sei se podem dizer as mais privilegiadas, mas aquelas que têm
mais atenção são: a educação, trabalho, saúde (grifo nosso) e direito
(RICARDO SHIMOSAKAI, 2010).
[...] A legislação e os programas de governo se estenderam para as áreas
de trabalho, educação, saúde (grifo nosso) e turismo, porém ainda existe
muito a ser feito em todas estas áreas (SÁSKIA FREIRE, 2010)
Certamente as áreas mais beneficiadas no que dizem respeito às políticas
públicas de direitos das pessoas com deficiência atualmente são: saúde,
educação, trabalho (grifo nosso) e edificações públicas [...] (VIVIANE
PANELLI SARRAF, 2010).
Os outros discursos, ou não quiseram opinar, ou adotaram opiniões extremas.
Como exemplo, transcreve-se as respostas do Sr. Romeu Sassaki, do Sr. Dadá
Moreira9 Presidente da ONG Aventura Especial e do Sr. Sávio Vieira Ramos,
Consultor em Turismo da empresa Araraúna Turismo e Negócios a cerca desta
questão.
Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/cc/a_pdf/modulo3-tema5-aula5.pdf
9 O Sr. Dada Moreira, mesmo sendo portador de Ataxia, problema neurológico que afeta o equilíbrio, a coordenação motora
fina, fala e visão, não desistiu de trabalhar com a pratica de esportes de aventura , apenas, decidiu adaptá-los às pessoas
com deficiência. Hoje, seu projeto de Aventura Especial é considerado um dos segmentos referência para o Ministério do
Turismo.
© Andréia Rocha Feitosa
53
Resultados
O Sr. Romeu Sassaki partiu para uma abordagem mais didática sobre o
assunto, optando por aderir a uma linguagem imparcial:
As áreas contempladas por políticas públicas se diversificaram ao longo das
décadas subseqüentes até os dias de hoje. A saber: Década de 80 – plena
participação na sociedade, igualdade em direitos e em dignidade. Década
de 90 – educação inclusiva, trabalho decente, acessibilidade arquitetônica e
comunicacional, artes, esportes, lazer e turismo. Primeira década do século
21 – inclusão social, equiparação de oportunidades em todas as áreas
através da implantação de medidas das acessibilidades arquitetônica,
comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal,
permeadas pela acessibilidade digital e tecnológica (ROMEU KASUMI
SASSAKI, 2010)
Para o Sr. Sávio Vieira Ramos as políticas públicas vêm evoluindo de forma
democrática (igual para todos os setores) devido principalmente aos meios de
comunicação que veiculam o conhecimento sobre o assunto e conseqüente
mobilização social, apenas faz queixas quanto à forma de distribuição destas ações:
A cada dia que passa as políticas publicas envolvendo os direitos das
pessoas com deficiência ganha mais adeptos devidos os meios de
comunicação que vem sempre abordando esta temática, e com isso as
pessoas que necessitam destes direitos como um direito de ser cidadão
comum vem crescendo e lhes ajudando nesta dura batalha da
acessibilidade para todos. Em minha opinião, esta bem democrático as
áreas mais privilegiadas colocadas (educação, saúde, trabalho, turismo,
esporte, etc.) o que esta acontecendo é que estão mal distribuídas em todas
as áreas por todo o nosso país. (SÁVIO VIEIRA RAMOS, 2010).
Já o Sr. Dadá Moreira critica as políticas do governo ao mencionar as ínfimas
evoluções ocorridas em âmbito nacional, afirmando ser o poder público conivente
com o descumprimento das leis, destarte, lamenta não presenciar privilégios para
nenhum setor.
Prosseguindo com as interpretações dos dados, foi questionado sobre a
exeqüibilidade das políticas públicas inclusivas no turismo, especialmente em
acessibilidade turística.
Dentre os respondentes, metade concordou com a
preocupação do Estado pelo fomento do turismo acessível no país, dois foram
categóricos quanto ao total desinteresse do Estado e os demais não quiseram ou
não souberam opinar.
O discurso do Sr. Romeu Sassaki foi bastante otimista, afirmando está o país
vivenciando a fase inicial da inclusão social no turismo:
© Andréia Rocha Feitosa
54
Resultados
Esse interesse público evoluiu ao longo do tempo. Na área da atividade
turística, ocorreram os mesmos fenômenos que caracterizaram as áreas de
educação, trabalho, esporte e outras. Ou seja, a exclusão, a segregação, a
integração e a inclusão – nesta ordem. [...] Já entramos no paradigma da
inclusão: a etapa mais evoluída na prática do turismo por pessoas com
deficiência. [...] Mas esta inclusão está ainda na fase inicial. (ROMEU
KASUMI SASSAKI, 2010)
Afirmação esta, já mencionada no referencial teórico (págs. 27-29) e bastante
defendida pelo autor em sua obras sobre inclusão social, turismo e lazer.
1980
EXCLUSÃO
Pessoas
com
deficiência não
praticavam
turismo,
eram
ignoradas
2000
SEGREGAÇÃO
As
atividades
turísticas
eram
exclusivas para as
pessoas
com
deficiência
e
restrita a poucos
espaços
acessíveis
INTEGRAÇÃO
Evolução para o
turismo
adaptado,
no
qual
algumas
medidas
de
acessibilidade,
principalmente
arquitetônica,
foram
implementadas
para a prática,
individualmente
ou em grupo,
ainda à parte dos
turistas em geral.
2010
INCLUSÃO SOCIAL
Etapa mais evoluída
na
prática
do
turismo por pessoas
com deficiência. Ou
seja, pessoas com e
pessoas
sem
deficiência
participando juntas
nas
mesmas
atividades,
nos
mesmos espaços e
nos
mesmos
momentos
Figura 22: Cronologia das políticas públicas inclusivas no turismo segundo o Sr. Romeu Sassaki
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
A Sra. Mara Gabrili10 vereadora do Estado de São Paulo e empreendedora
social de uma ONG com seu mesmo nome, considera que apesar do pouco
interesse público pelo fomento do turismo acessível no país, parte da sociedade já
discute a equiparação das oportunidades com mais propriedade do que anos atrás:
Por muito tempo as pessoas com deficiência foram tratadas apenas por
meio de políticas públicas de assistência social, ou seja, turismo não era um
assunto que fazia parte do nosso universo. Só por este motivo, já dá para
perceber o quão lenta foi esta evolução. Hoje, parte da sociedade já
entende que, temos as mesmas necessidades e os mesmos anseios.
10 A Sra. Mara Gabrili, além de possuir conhecimento profissional sobre o assunto, ainda dispõe de conhecimento de causa,
devido a um acidente de carro que a deixou tetraplégica.
© Andréia Rocha Feitosa
55
Resultados
Queremos amar, ser amados. Queremos amigos que sejam testemunhas
de nossas vidas e partilhem as deles conosco. E por que não o direito a
termos lembranças de uma viagem? (MARA GABRILI, 2010)
Outras opiniões positivas foram retratadas pelas senhoras Sáskia Freire,
Viviane Panelli Sarraf, consultora em acessibilidade cultural, Mosana Rodrigues
Cavalcanti11 e pelos representantes da CORDE/RN. Concordaram que a relação
turismo/pessoas com deficiência/inclusão social ainda é um assunto novo e pouco
explorado no país, porém, não menos importante na pauta de discussões dos
governos:
Em relação ao Ministério do Turismo, posso afirmar que desde sua criação
temos inserido o tema nas discussões com os destinos turísticos que
trabalhamos,nos diversos projetos. Porém, observa-se que alguns destinos
despertaram para o tema e entenderam a importância de se pensar o
turismo sem barreiras arquitetônicas ou de acessibilidade de uma forma
geral. Mas infelizmente, nem todas as leis e normas ainda são cumpridas
(SÁSKIA FREIRE LIMA DE CASTRO, 2010).
Percebo que a vontade política por parte do Ministério do Turismo moveu
algumas mudanças significativas, como programas e incentivos, mas em
relação a uma política pública acredito que é necessário avaliar as práticas
existentes, diagnosticar problemas/entraves e elaborar planos de ação e
incentivo que beneficiem em igual quantidade e qualidade os diferentes
pólos turísticos do país. (VIVIANE PANELLI SARRAF, 2010).
Com a vinda da Copa 2014, o assunto está cada vez mais sendo debatido
[...] (MOSANA RODRIGUES CAVALCANTI, 2010).
O Poder Público, principalmente o Ministério Público Estadual (RN), tem
buscado tornar os espaços públicos acessíveis a todas as pessoas e
também vem trabalhando com o objetivo de que os estacionamentos de
hospedagem, de alimentação, de compras e entretenimento em geral
possam receber todos os visitantes, independentemente de sua condição
de mobilidade (CORDE/RN, 2010).
Em contrapartida, a Sra. Andréa Schawarz12 autora do Guia Brasil para Todos
e empreendedora social da ONG i.social percebe o desinteresse do poder público,
alegando que este ainda não despertou para questão: “Pouco interesse no assunto.
Ainda não despertaram para essa questão”, afirma.
É o que confirma o Sr Dadá Moreira também ao relatar sua indignação quanto
ao descaso dos governantes:
Cumprimento de Lei, por que se não cumprir eu denuncio ao ministério
publico. Pena que eu não posso visitar todo o Brasil para fazer isso. Posso
afirmar que não existe esse interesse espontâneo até por que no
11
A Sra. Mosana Rodrigues Cavalcanti, além de especialista no assunto, é conhecedora de causa devido a um acidente de
carro que a deixou paraplégica
12 A Sra. Andréa Schwarz, além de especialista no assunto, é conhecedora de causa devido a uma malformação congênita
que a deixou paraplégica
© Andréia Rocha Feitosa
56
Resultados
desenvolvimento do projeto aventureiros especiais, onde até então não
existia esse nicho de mercado tudo sempre foi muito difícil - convencer
prefeituras, secretarias, empresários para uma visão inclusive de mercado.
(DADÁ MOREIRA, 2010)
Assim, considerando os aspectos mencionados, é possível extrair a seguinte
conclusão:
JÁ EVOLUÍDO
RECENTE
Maioria das opiniões
Metade das opiniões
O interesse
do Estado
por políticas
públicas
inclusivas
SAÚDE
TURISMO
ACESSÍVEL
TRABALHO
EDUCAÇÃO
POUCO INTERESSE DO PAÍS
PELO ASSUNTO. AINDA NÃO
DESPERTARAM PARA ESTA
QUESTÃO!
ANDRÉA SCHAWARZ, 2010
DADÁ MOREIRA, 2010
MUITO DIFÍCIL: CONVENCER
PREFEITURAS, SECRETARIAS,
EMPRESÁRIOS PARA UMA
VISÃO INCLUSIVE DE
MERCADO.
Figura 23: Percepção dos entrevistados quanto ao interesse do Estado por políticas públicas
inclusivas Fonte: Dados da pesquisa, 2010
4.2 O Brasil como Destino Turisticamente Acessível às PCDs
De acordo com os dados coletados foi possível constatar que o Brasil não
representa um destino turístico acessível às pessoas com deficiência. Muitos
entraves devem ser vencidos para que este tipo de experiência seja destinado a
TODOS, quer seja suas limitações.
Entre as respostas, não se verificou controvérsias quanto ao assunto, ou seja,
foi quase unânime a concordância quanto à inacessibilidade turística do Brasil, com
exceção do discurso da Sra. Viviane Panelli que optou pela imparcialidade.
© Andréia Rocha Feitosa
57
Resultados
O Sr. Romeu Sassaki explica que não se pode o Brasil ser considerado
acessível, uma vez que esta condição não é percebida na totalidade do país.
Segundo ele, “o que temos de turismo acessível são mediadas pontuais, sazonais e
de pequena abrangência”.
É o que confirma o Sr. Sávio Vieira Ramos ao inferir que deve ser acessível
todo o sistema turístico no qual compreende municípios, população, transporte,
empreendimento, equipamentos, serviços turísticos e produtos turísticos.
Por sua vez, a Sra. Sáskia Freire, mesmo concordando com as opiniões
acima, acredita na mudança deste quadro com o advento da Copa 2014 e as
Olimpíadas em 2016. Segundo ela, o Ministério do turismo já vem disseminando
informações, normas e legislação para garantir uma Copa do Mundo acessível.
Corroborando com tal opinião, a Sra. Mosana, representante da SETUR-PE,
também aposta que o processo de acessibilidade turística será acelerado com a
Copa de 2014 e ainda salienta que em Pernambuco estão de certa se discutindo
mais sobre o assunto.
4.2.1 Regiões mais promissoras
Também lhes foi perguntado se identificavam em âmbito nacional alguma
região brasileira com maiores condições de acessibilidade turística (infra-estrutura e
serviços) do que as demais.
Entre os resultados, a região Sudeste foi à única categoricamente
mencionada pelos respondentes, com exceções da Sra. Mosana Cavalcanti, que
também fez destaque para a cidade de Brasília, para a Sra. Cristiane Ecker, para o
Recife e da Sra. Mara Gabrili, para a região Sul.
No sudeste, apenas as cidades de Socorro, Rio de Janeiro e São Paulo foram
mencionadas, havendo um destaque maior para esta última.
O Sr. Ricardo Shimosakai afirmou ser São Paulo a localidade mais evoluída e
a Sra. Mara Gabrili complementa, dizendo que identifica em certos lugares,
arquitetura e serviços acessíveis. A mesma, ainda destaca a acessibilidade da
cidade de Curitiba e faz críticas ao descaso das regiões Norte e Nordeste.
© Andréia Rocha Feitosa
58
Resultados
[...] Podemos dizer que a região Sudeste e a Sul são as mais acessíveis.
Cidades como São Paulo e Curitiba possuem em certas regiões, arquitetura
e serviços acessíveis. Na nossa capital temos a Avenida Paulista, símbolo
de uma das avenidas mais acessíveis do mundo, e na capital paranaense,
os ônibus possuem aviso sonoro, um serviço que trouxe autonomia para os
cegos viajarem. Parecem pequenas coisas, mas, para uma pessoa com
deficiência a diferença é enorme, pois é o que determina ela sair de casa ou
não. Quanto as piores condições, cito o Norte e Nordeste do nosso país.
(MARA GABRILI, 2010)
Contrariando as opiniões dos já citados, como também, da Sra. Andréa
Schwarz, têm-se as considerações dos senhores Dadá Moreira e Romeu Sassaki e
das senhoras Sáskia Freire e Viviane Panelli.
Todos
acreditam
não
haver
atualmente
no
país
nenhuma
região
turisticamente acessível por completo. O que existe, são casos pontuais, nos quais,
por si só, não garantem à região “nenhuma” um caráter de referência.
O Sr. Romeu Sassaki aponta quatro motivos que justifica sua opinião:
Não é justo e nem possível apontarmos a região brasileira que possua mais
condições para atender pessoas com deficiência em termos turísticos. Por
quê? Em primeiro lugar, nunca houve, no Brasil, políticas públicas inclusivas
que tivessem injetado, em âmbito nacional, recursos, insumos e suportes
em todos os destinos turísticos. Em segundo lugar, [...], os poucos espaços
turísticos verdadeiramente acessíveis são pontuais, sazonais e de reduzido
proveito para pessoas com deficiência. Em terceiro lugar, a mídia – tanto a
geral como a especializada - continua focalizando apenas os casos isolados
de superação (proeza ou coragem individual) por parte de algumas pessoas
com deficiência que, por mérito próprio, conseguiram vencer as
desafiadoras barreiras ambientais existentes em locais de turismo. Nada
contra estas pessoas, pois é ótimo que elas mostrem seu alto rendimento e,
com isto, motivem outras pessoas a enfrentar as restrições do ambiente;
mas, aqui estamos falando de turismo para todos: todos sem exceção têm
direito à inclusão, por mínimo que seja o nível de autonomia física de
alguns. Em quarto lugar, as publicações (oficiais ou não) relativas ao
turismo inclusivo não trazem todos os exemplos de boas práticas que
existem no imenso território brasileiro. Este fato se torna injusto para com os
exemplos não-citados e nos deixa impossibilitados de saber qual região
seria possuidora de maiores condições para oferecer um turismo acessível.
Enfim, pôde concluir com as percepções transcritas que, mesmo com alguns
casos de sucesso localizados na região sudeste, ainda não se pode inferir que o
país possui uma região acessível, visto que estes casos não são em sua totalidade.
4.2.2
Barreiras que impedem o desenvolvimento
Nesta fase de estudo, pôde-se fazer um levantamento das barreiras
existentes no Brasil que impedem o acesso às práticas turísticas por pessoas com
deficiência.
© Andréia Rocha Feitosa
59
Resultados
A primeira delas é conseqüência de longos anos de descumprimento legal
quanto à acessibilidade arquitetônica dos espaços públicos. Segundo o Sr. Ricardo
Shimosakai os órgãos públicos têm obrigação de seguir normas de acessibilidade.
Estas, por sua vez, tornam-se essenciais à vida das PCDs em todos os setores, quer
seja na educação, no trabalho, na saúde ou no turismo.
Diante disto, o Sr. Romeu Kasumi Sassaki aponta os poucos exemplos de
acessibilidade turística que se tem no país:
Continuamos com pouquíssimos lugares turisticamente acessíveis. Levando
em conta as dimensões continentais do Brasil, estamos apenas dando
continuidade ao processo de acessibilização dos logradouros (locais
públicos) e eventos de turismo, iniciado na década de 80.. (ROMEU
KASUMI SASSAKI, 2010)
A
segunda
barreira
refere-se
à
inacessibilidade
arquitetônica
nos
estabelecimentos turísticos, ou seja, o descaso quanto ao cumprimento das
adaptações necessárias para receber com segurança e autonomia os mais
diferentes tipos de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
É o que confirma o Sr. Romeu Sassaki ao relacionar o desenvolvimento da
inclusão social no turismo não somente com a acessibilidade dos espaços públicos,
mas também; dos privados:
Não basta que tornemos acessíveis os logradouros (acessibilidade
arquitetônica); é necessário executarmos também as demais
acessibilidades em todo o entorno de cada local: meios de transporte,
hotelaria, lojas, restaurantes, aeroportos, rodoviárias, portos, agências
bancárias, cinemas, teatros, museus, centros culturais, zoológicos,
aquários, parques temáticos ou ecológicos e outros espaços de lazer,
passeios e viagens. Ainda somos iniciantes no desenvolvimento de uma
cultura de redes, de sistemas. (ROMEU KASUMI SASSAKI, 2010)
O Sr. Dadá Moreira, corrobora com a opinião do Sr. Sassaki ao acreditar que
não há como se pensar em turismo para PCDs se a cadeia produtiva ignora a
necessidade de adaptações em infra-estrutura.
O Brasil está muito longe de ser destino turístico. Vamos até Santos que
tem uma orla acessível, porém, ainda não existe hotéis e restaurantes
inclusos no roteiro para a pessoa com deficiência, se a opção for viajar até
lá só poderá ficar na orla. Fora isso, imagino a dificuldade de uma mulher ir
ao banheiro em qualquer situação. Imagine uma mulher com deficiência.
Ninguém quer viajar encontrar um hotel com quarto adaptado e ficar no
quarto! (DADÁ MOREIRA, 2010)
© Andréia Rocha Feitosa
60
Resultados
Destarte, a Sra. Mara Gabrili infere que o turismo acessível no país é em sua
essência uma prática exclusiva, no qual, oferece possibilidade de usufruto apenas
às pessoas que possuem recursos financeiros suficientes para utilizar os mais caros
estabelecimentos turísticos. Isto implica dizer que, no Brasil, as infra-estruturas
acessíveis às PCDs são mais evidentes nos estabelecimentos de grande porte, visto
que já possuem um sistema de qualidade de referência internacional. Veja relatos de
suas experiências turísticas depois do acidente que a deixou tetra paraplégica:
Sempre adorei viajar e isso não mudou depois do acidente. O que mudou
foram os acessos. Acabei inaugurando muitos destinos como a primeira
cadeirante a ser recebida em pousadas, hotéis e restaurantes. É certo que
enfrentei algumas dificuldades, mas nunca deixei de freqüentar lugar algum.
O que posso dizer é que depois de viajar para diversos locais, inclusive fora
do Brasil, percebi que estamos muito longe de um setor turístico acessível.
[...] Infelizmente, o turismo destinado às pessoas com deficiência no Brasil
está praticamente restrito àqueles que têm dinheiro para pagar hotéis e
pousadas caras. O país, em sua maior parte, ainda é carente de
equipamentos acessíveis e de espaços inclusivos. (MARA GABRILI, 2010)
Dando prosseguimento à análise das barreiras existentes, a terceira delas diz
respeito à inacessibilidade atitudinal da cadeia produtiva do turismo. Bastante
discutida no referencial teórico, as atitudes de estigma, preconceito e discriminação
representam uma das principais barreiras que dificultam a convivência das PCDs na
sociedade, e no caso do turismo, este tipo de tratamento vai repercutir diretamente
na qualidade do serviço prestado.
É o que infere os discursos das senhoras Mosana Rodrigues Cavalcante,
Turismóloga e atualmente assistente técnica da Secretaria de Turismo do Estado de
Pernambuco (SETUR-PE), a Sra. Andréa Schwarz e a Sra. Rebecca Nunes,
promotora de justiça da comarca de Natal – RN:
Antes de usar cadeira de rodas viajei bastante pela Europa, ainda não
somos acessíveis e educados (grifo nosso) para lidar com as pessoas com
deficiência [...] (MOSANA RODRIGUES CAVALCANTI, 2010).
Ainda falta investimento em acessibilidade, como também, despreparo da
rede turística para receber pessoas com deficiência (questão atitudinal)
(grifo nosso) (ANDRÉA SCHWARZ, 2010)
© Andréia Rocha Feitosa
61
Resultados
Enquanto não houver mudança de cultura no brasileiro (grifo nosso) de
que todos são iguais em oportunidade, não tem o Brasil condições
necessárias para atender a este público, pois as iniciativas que conhecemos
limitam-se a fatos isolados ou a pessoas que apenas cumpriram de forma
estrita a lei [...] entendo que é a falta de visão de que tais pessoas são
consumidores e, geralmente, estão cercadas de outros consumidores.
(REBECCA MONTE NUNES BEZERRA, 2010)
Em um segundo momento da pesquisa, foi-se questionado sobre qual tipo de
acessibilidade exercia maior importância para a pessoa com deficiência no momento
da escolha por um destino turístico. Com isso, pôde-se perceber que metade dos
entrevistados considera que as PCDs têm em mente um destino que as ofereça um
conjunto de facilidades destinadas a promover a mais segura, autônoma e digna
experiência turística, constituindo-se então, a harmonia entre acessibilidade nos
espaços públicos e privados, e isto implica na eliminação de barreiras tanto físicas
como de atitudes.
Autenticando essa idéia, transcrevem-se as opiniões do Sr. Ricardo
Shimosakai e das senhoras Andréa Schwarz, Cristiane Ekcer, Rebbeca Monte e
Viviane Panelli:
Apesar de cada um ter suas dificuldades e habilidades específicas, ambos
os fatores são importantes, senão fica um roteiro incompleto. (RICARDO
SHIMOSAKAI, 2010)
A melhoria nas condições de acessibilidade e atendimento com certeza
aumentaria a demanda destes turistas. Os dois fatores mencionados são
importantes na escolha de um destino, pois sem eles fica impossível a
pessoa com deficiência realizar sua viagem. (ANDREA SCHWARZ, 2010)
Acho que é uma mescla de infra-estrutura e capacitação do destino.
(CRISTIANE EKCER, 2010)
Acho que não há como indicar apenas um dos fatores, pois eles estão
totalmente associados. (REBECCA MONTE NUNES BEZERRA, 2010)
As duas coisas são necessária estrutura urbana, serviços e profissionais
qualificados. Uma coisa não substitui a outra quando se trata de
acessibilidade. (VIVIANE PANELLI SARRAF, 2010)
Contrapondo o que foi exposto acima, o Sr. Romeu Sassaki considera ser a
acessibilidade arquitetônica o fator mais importante na escolha de um destino
turístico por uma PCD. Segundo ele, somente satisfeito este quesito, deve-se levar
em consideração a acessibilidade atitudinal (qualidade dos serviços):
Primeiro fator: acessibilidade em infra-estrutura. (grifo nosso) Segundo
fator: acessibilidade em serviços. Geralmente, cada pessoa com deficiência,
ao escolher um destino turístico, investiga primeiro se ele oferece infraestrutura acessível para as suas necessidades específicas decorrentes da
© Andréia Rocha Feitosa
62
Resultados
deficiência que tenha. Para isso, ela utiliza todos os meios possíveis:
perguntando a quem já tenha ido a esse destino turístico, consultando
publicações, telefonando ao determinado local, navegando pela internet etc.
Se a pessoa concluir que o desejado destino turístico é inacessível para ela,
esta opção de viagem será simplesmente descartada, mesmo que a pessoa
fique sabendo que o local oferece acessibilidade em serviços. Raramente,
as pessoas com deficiência adotam o processo inverso. (ROMEU KASUMI
SASSAKI, 2010).
De forma similar, apresentam-se as reflexões das senhoras Mara Gabrili e
Mosana Cavalcanti e dos representantes13 da CORDE/RN:
É claro que se as duas condições avançarem, a demanda vai aumentar.
Mas, o primordial é o acesso (grifo nosso). Se a infra-estrutura não for
acessível à pessoa com deficiência já é barrada antes de testar o serviço
(MARA GABRILI, 2010)
Saber se tem sanitários adaptados, se os apartamentos estão dentro das
normas, bares e restaurantes acessíveis e transportes principalmente. Hoje
em Recife não possui nenhum táxi adaptado. (MOSANA RODRIGUES
CAVALCANTI, 2010).
No que se diz respeito ao sistema de transporte e calçadas das cidades
(passeios públicos), a nosso ver, são os principais problemas enfrentados
para que o país se equipare em termos de destino turístico inclusivo às
nações desenvolvidas (CORDE/RN, 2010)
Já o Sr. Sávio Vieira Ramos considera ser o serviço das empresas turísticas o
fator que mais influencia à PCD na escolha por um destino turístico: “[...] Um dos
fatores que possa influenciar a mais, rogo pelo serviço das empresas turísticas,
tanto na sua qualificação de serviços humanos, quanto aos locais escolhidos para
acomodar este público”.
É o que confirma a percepção da Sra. Sáskia Freire:
Desconheço dados ou pesquisas que nos dêem essa resposta, mas
acredito que tem que ser o conjunto, pois o turista com deficiência precisa
ter acesso à infra-estrutura turística (meios de hospedagem, restaurantes,
atrativos etc.) e precisa de pessoas capacitadas para realizar os serviços
nestes locais(SÁSKIA FREIRE LIMA DE CASTRO, 2010).
Levemente contrariando tudo o que foi colocado anteriormente, o Sr. Dada
Moreira afirma ser esta escolha muito pessoal e exemplifica:
Isso é muito pessoal. Por exemplo, eu não gostaria de ir a Sibéria só por
que lá é acessível. Mas posso te afirmar que se eu tivesse que escolher
uma praia para ir, iria à Santos por que sei que lá eu posso ser livre. Tem
pessoas que abominam mato e água, eu adoro, então ao viajar, vou
pesquisar um lugar que tem mato, um lugar que eu possa ir e ser livre
(DADÁ MOREIRA, 2010)
13 O questionário da pesquisa foi primeiramente destinado ao subcoordenador da CORDE/RN, Sr. Éliton de Sousa, que
posteriormente o repassou para os senhores Sr. José Gesy de Brito Sousa, arquiteto e urbanista, a Sra. Maria Melo Germano,
engenheira civil e a estagiária em arquitetura, Sra. Louise Caroline Linhares de Freitas.
© Andréia Rocha Feitosa
63
Resultados
Por fim, pelo seu posicionamento pôde-se presumir que a pessoa com
deficiência, opta por um destino não necessariamente por que este oferece
acessibilidade, mas sim, por que se sente motivado em conhecer o lugar devido às
suas peculiaridades próprias (natureza, cultura, história, etc.). Desta forma, ele traz
para a problemática, um quesito antes não mencionado que são as preferências e
gostos de cada pessoa em particular.
A seguir, com base no conteúdo das entrevistas, ilustra-se as condições
necessárias para fazer do Brasil um país turisticamente acessível às pessoas com
deficiência (Figura 29) como também as cidades apresentadas pelos entrevistados
como sendo as mais acessíveis do país (Figura 30)
ARQUITETÔNICA 1
(Espaços Públicos)
C
Romeu Sassaki
Mara Gabrili
CORDE/RN
Mosana Cavalcanti
A
Romeu Sassaki
Mara Gabrili
Sávio Vieira
Sáskia Freitas
Mosana Cavalcanti
Sávio Vieira
Sáskia Freitas
B
ACESSIBILIDADE
ATITUDINAL
(Qualidade nos
Serviços Turísticos)
ARQUITETÔNICA 2
(Estabelecimentos Turísticos)
ATITUDINAL + ARQUITETÔNICA 1/2
MUITO PESSOAL,
(Vai depender dos
gostos e
preferências de
cada um)
D
Ricardo Shimosakai
Andréa Schawarz
Cristiane Ecker
Viviane Panelli
Legenda:
A
B
C
D
Percepção dos entrevistados quanto às
prioridades em acessibilidade.
E
Dadá Moreira
Figura 24: Percepção dos entrevistados quanto aos fatores que exercem maior influência durante a
escolha de um destino turístico por uma PCD. Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
© Andréia Rocha Feitosa
64
Resultados
Figura 25: As cidades mais acessíveis do país
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
4.2.3 A iniciativa privada e o desinteresse pela acessibilidade turística
Como já abordado na categoria “barreiras existentes”, a situação de
inacessibilidade atitudinal e arquitetônica dos espaços privados representa um dos
entraves principais para o não desenvolvimento do país como um destino
turisticamente acessível.
Através dos dados coletados referentes ao quadro atual do turismo acessível
no Brasil, procurou-se identificar nos discursos os motivos do desinteresse por parte
dos empreendedores do turismo 14 quanto essa questão.
O primeiro fator salientado diz respeito à falta de conhecimento dos
empresários quanto ao potencial nicho de mercado que as pessoas com deficiência
representam. Os senhores Romeu Sassaki e Ricardo Shimosakai e a Sra. Mara
Gabrili explicam detalhadamente esta problemática:
A falta de interesse (grifo seu) de quem quer que seja (do primeiro, do
segundo e do terceiro setores da sociedade) não constitui o fator
fundamental que possa impedir ou dificultar a alocação de investimentos em
turismo para pessoas com deficiência. O fator fundamental é o
14 Hoteleiros, donos de agências de turismo, de restaurantes, de empresas de recreação, entre outros.
© Andréia Rocha Feitosa
65
Resultados
desconhecimento (grifo seu), por parte dos três setores, sobre o potencial
turístico do segmento das pessoas com deficiência. O desconhecimento é
fruto da falta de informações (grifo seu) sobre este potencial e da falta de
convivência (grifo seu) com este segmento. Temos testemunhos,
depoimentos e relatos de órgãos oficiais e de instituições particulares que,
uma vez informados e familiarizados sobre o potencial turístico deste
segmento, passaram a investir - com alto interesse - no chamado turismo
acessível, turismo inclusivo ou turismo para todos. (ROMEU KASUMI
SASSAKI, 2010)
Falta de interesse por vezes sim, pois temos poucos exemplos reais aqui no
Brasil para ter uma base de comparação. Porém creio que seja mais falta
de informação, em saber que existe esse segmento, ou também pela falta
de conhecimento de como se preparar. (RICARDO SHIMOSAKAI, 2010)
Falta não só infra-estrutura acessível, mas também, informação clara a
respeito do assunto. Muita gente, inclusive do setor turístico, não entende
as necessidades e os diferentes tipos de deficiência. Por exemplo: adaptar
um quarto para um cego é diferente de adaptar para um cadeirante. É
preciso pensar nisso também. (MARA GABRILI, 2010)
Veja o depoimento do Sr. Dadá Moreira quanto à relação pessoa com
deficiência / consumidor em potencial:
Acessibilidade não é caridade e sim um mercado. As pessoas com
deficiência trabalham e querem gastar seu dinheiro viajando, jantando num
bom restaurante indo a um shopping, cinema, danceteria motel... Por que
não???? (DADÁ MOREIRA, 2010)
Outro fator importante foi destacado pelo Sr. Sávio Vieira e se refere à falta de
fiscalização do poder público quanto ao cumprimento das normas de acessibilidade:
No contexto nacional, na minha percepção esse problema vem devido à
falta de fiscalização das políticas públicas que não são utilizadas como
deveriam ser; além de ter seus direitos ter sido à tão pouco tempo
reconhecidas. Onde os empreendedores se recusam em estar intervindo
em seus empreendimentos e causando transtorno em seu ambiente neste
período, e se mostram se desconhecidos pelas exigências exigidas para
receber este público.
Segundo a Sra. Sáskia Freire, os empresários costumam utilizar a falsa
justificativa do descumprimento da legislação da seguinte forma:
Em geral, no Brasil os empresários costumam justificar a falta de
investimentos em acessibilidade, devido aos altos custos para as
adaptações e a baixa demanda. Mas nós sabemos que se não houver
investimentos, os turistas deficientes não buscarão aquele destino ou
empreendimento. Então entendo que os empresários precisam ser pro
ativos nesta questão. (SÁSKIA FREIRE, 2010).
© Andréia Rocha Feitosa
66
Resultados
Para os representantes da CORDE/RN os empreendedores do turismo
baseiam-se na justificativa de que nunca foram procurados ou nunca receberam um
turista com deficiência:
Também, a resistência dos empreendedores brasileiros de turismo baseiase numa frase fatal: “Nunca fomos procurados, ou nunca recebemos um
turista PPD”. Contudo, pode-se afirmar como contraponto que uma PPD
não vai a um lugar se ela não tem certeza se terá acesso para circular e
usufruir de tal espaço
As demais opiniões foram mais sintéticas, tendo em seus discursos respostas
similares as anteriores, entretanto menos explicativas:
São pouquíssimas as iniciativas que surgiram do respeito às diferenças. A
grande maioria surgiu apenas pela exigência legal. (REBECCA MONTE
NUNES BEZERRA, 2010)
São raros os casos de agências de turismo que invistam em viagens para
destinos acessíveis ou acessibilizados. (VIVIANE PANELLI SARRAF, 2010)
Ainda não acordaram para este público. (ANDRÉA SCHARWZ, 2010)
Sim, penso que não é o público alvo deles. (MOSANA CAVALCANTI, 2010)
As empresas privadas querem e só pensam em lucro, por isso divergem na
questão do investimento. (CRISTIANE ECKER, 2010)
Considerando todos os fatores mencionados, é possível observar a seguinte
ilustração:
MOTIVOS DO DESINTERESSE DA
INICIATIVA PRIVADA QUANTO AOS
INVESTIMENTOS EM
ACESSIBILIDADE TURÍSTICA
Desconhecimento
do potencial nicho
de Mercado que
representam as
PCDs
Falta de Fiscalização
do poder público
quanto às normas de
acessibilidade
Desinformação
sobre o interesse e
necessidades das
PCDs pelos serviços
turísticos.
Figura 26: Motivos do desinteresse da iniciativa privada quanto aos investimentos em acessibilidade
turística. Fonte: Dados da pesquisa, 2010
Diante do que foi exposto durante o referencial teórico no que concerne às
contribuições do marketing social à causa pretendida neste trabalho, observou-se
© Andréia Rocha Feitosa
67
Resultados
que estratégias de sensibilização e conscientização poderiam amenizar os três
motivos, apontados pelos entrevistados como as causas do desinteresse pela
acessibilidade turística no Brasil.
4.3 Os Benefícios Sócio-Econômicos Gerados aos Destinos Acessíveis
Esta categoria analisa a percepção dos entrevistados no que se refere aos
benefícios sociais e econômicos gerados aos destinos turísticos que se preocupam
com a inclusão social das pessoas com deficiência.
É importante ressaltar que em nenhum momento as respostas dos
especialistas apresentaram controvérsias, todos alegaram benefícios salutares nos
dois aspectos mencionados.
O Sr. Romeu Sassaki afirma ser esta a visão da inclusão e do desenho
universal e suas repercussões positivas não beneficiam somente as pessoas com
deficiência quando turistas, mas sim, toda a população, residente ou visitante. É o
que ele conceitua como sendo medidas inclusivas:
[...] Medidas inclusivas são medidas includentes: o que é bom para pessoas
com deficiência é bom para as demais pessoas. Ao contrário, as medidas
integrativas ou integradoras são aquelas que beneficiam exclusivamente as
pessoas com deficiência. (ROMEU KASUMI SASSAKI, 2010)
Corroborando com estas reflexões, o Sr. Ricardo Shimosakai ainda
complementa, afirmando que a acessibilidade destina-se também para os idosos e
pessoas com mobilidade reduzida. Quanto aos aspectos econômicos, faz referência
ao aumento da demanda propiciada tanto pelas PCDs quanto por seus
acompanhantes: “uma pessoa com deficiência visitando o local já é um lucro por si
só, mas geralmente ele vai acompanhado de mais pessoas, então este faturamento
é multiplicado".
Em seu discurso, a Sra. Rebecca amplia mais ainda o leque dos beneficiados,
segundo ela; são também as gestantes, obesos e pessoas com limitações físicas
temporárias que ganham com a acessibilidade. Já a Sra. Viviane Panelli acrescenta
às famílias com crianças pequenas e pessoas em tratamentos de saúde.
Outro relato bastante significativo encontra-se presente nas opiniões dos
representantes da CORDE/RN quando consideram que a acessibilidade representa
um valor de imagem agregado ao destino, acarretando-lhes ganhos econômicos
consideráveis:
© Andréia Rocha Feitosa
68
Resultados
Pensamos que sim, tanto há pontos positivos gerados pelos destinos como
também, ficam reflexos salutares após o recebimento dos PPD’S (pessoas
portadoras de deficiência). Quem recebe com dignidade, segurança e
conforto um turista PPD, certamente terá difundido por terceiros, sua
capacidade de acomodação e hospedagem. Para quem vê um PPD
usufruindo sem percalços de um ambiente, seja hotel, restaurante, teatro,
shopping ou logradouro público em uma cidade, também guardará uma
imagem positiva deste lugar. (CORDE/RN, 2010)
A Sra. Sáskia Freire exemplifica a assertiva acima ao mencionar o caso do
Município de Socorro – SP que, desde quando optou pelo turismo acessível, vem
conquistando um considerável retorno financeiro:
Atualmente, os destinos que têm tomado à frente nas ações de
acessibilidade tem relatado resultados positivos no aumento da demanda
turística, de pessoas com ou sem deficiência. Socorro é um grande exemplo
disso. Foi um destino que se posicionou no mercado turístico com a imagem
de destino acessível e isso tem rendido um retorno fantástico em termos de
fluxo turístico e mídia espontânea, conforme relatam os empresários e
gestores locais. (SÁSKIA FREIRE, 2010)
Para o Sr. Sávio Vieira os meios de comunicação são de fundamental
importância para conhecimento do destino e aumento da demanda, resultando em
benefícios econômicos para a região.
Segundo Dada Moreira e com base nas experiências que assessora; o
aumento na demanda equivale a 30% de ocupação no destino, sendo que nos
hotéis essa taxa de ocupação supera a marca de 90% durante a semana.
Prosseguindo, a Sra. Mara Gabrili afirma que uma sociedade somente se
torna inclusiva através da igualdade de acessos e que esta ação, além de garantir
benefícios econômicos (lucro) implica também em ganhos sociais (investimento na
diversidade, respeito às diferenças e cidadania):
[...] o público das pessoas com deficiência representa um potencial
econômico forte, além disso, há outros impactos positivos que não dizem
respeito apenas ao dinheiro. Uma sociedade só é inclusiva através de
igualdade de acessos. Isso faz bem para a imagem social de qualquer
cidade turística. (MARA GABRILI, 2010)
Destarte, sendo as ações em acessibilidade turística uma prática de inclusão
social, não poderia ser diferente a constatação por parte dos entrevistados quanto
aos benefícios gerados com tal iniciativa.
Com a finalidade de intensificar o esclarecimento dos benefícios sociais e
econômicos gerados aos destinos turísticos que optam por investimentos em
© Andréia Rocha Feitosa
69
Resultados
acessibilidade (pública e privada), ilustra-se a seguir uma síntese de tudo o que foi
exposto:
Figura 27: Principais beneficiados com a acessibilidade nos espaços públicos e privados
Fonte: Dados da pesquisa, 2010
BENEFÍCIOS
SOCIAIS




Respeito às diferenças
Cidadania
Qualidade de vida
para toda a
comunidade
Equidade Social
proporcionada pela
igualdade de acessos
ECONÔMICOS
IMAGEM

Aumento da Demanda e
consequente retorno
financeiro para as
empresas turísticas
Figura 27: Os benefícios sociais e econômicos gerados aos destinos turísticos
Fonte: Dados da pesquisa, 2010
De acordo com o exposto acima, constata-se que os benefícios conquistados
com a aceitação da causa social proposta estão intrinsecamente relacionados com a
alavancagem na imagem do destino proporcionada pelo compromisso com a
inclusão social.
© Andréia Rocha Feitosa
70
Resultados
4.4 O Marketing Social e suas contribuições ao Turismo Acessível
O foco da problemática do estudo ora realizado transcendeu a identificação
do problema, partindo para a tentativa de solução, a partir da aplicabilidade do
marketing social:
Diante disto, os entrevistados foram questionados sobre a concordância ou
discordância sobre duas questões que somados se complementam em uma análise
mais aprofundada. A primeira refere-se à interface existente entre turismo social e
marketing social, isto é, investigou-se a opinião dos respondentes quanto à
viabilidade da utilização do marketing social como forma de difundir o turismo social
no Brasil, mais precisamente com foco nas experiências turísticas das PCDs
enquanto turistas. A segunda questão procurou identificar a percepção quanto à
eficiência das campanhas de marketing social no sentido de sensibilizar e
conseqüentemente alterar o comportamento da iniciativa privada do turismo quanto
à causa das PCDs no turismo.
De acordo com os dados coletados, pode-se concluir que todos os
respondentes concordaram com os dois questionamentos, com exceção da
Sra.Cristiane Ecker que na segunda questão referente ao tema, alegou ser mais
necessária a criação de campanhas publicitárias que estimule a qualidade no
atendimento dos estabelecimentos turísticos do que campanhas de marketing social:
“Marketing social não. Temos que desenvolver campanhas de divulgação de uma
cadeia produtiva eficiente!”, entretanto, ao analisar seu discurso concluiu-se que a
Sra. Ecker não assimilou o conceito de marketing social com seu elemento mais
fundamental, a promoção da idéia.
Outro ponto a ser destacado nas entrevistas diz respeito à confusão existente
entre os conceitos de campanhas de marketing social e campanhas de marketing de
causas sociais;
O primeiro conceito, Minciotti (1983) explica que está voltado principalmente
para atuação do governo, tendo a missão de garantir qualidade de vida a todos os
cidadãos, sem com isso, objetivar ganhos mercadológicos.
Já o marketing de causas sociais refere-se às estratégias de responsabilidade
social utilizadas nas empresas no intuito de garantir a valorização da imagem e
conseqüente retorno financeiro. É o que aborda a citação abaixo e já exposta
durante o referencial teórico:
© Andréia Rocha Feitosa
71
Resultados
Marketing de causas sociais é uma forma efetiva de melhorar a imagem
corporativa, diferenciando produtos e aumentando tanto as vendas quanto a
fidelidade. (...) É o esforço que as empresas fazem para associar suas
atividades – diretamente ou em parceria com instituições de caridade – a
uma causa social aprovada por grande parte da sociedade e, portanto, dos
consumidores. (PRINGLE, THOMPSON, 2000, p, 3)
A Sra. Mara Gabrili conceituou perfeitamente o resultado esperado com a
aplicação das campanhas de marketing social pela gestão pública: “É claro, pois
estas ações fazem com que o setor (do turismo) e a sociedade no geral percebam a
necessidade da pessoa com deficiência e a importância de investir em diversidade”.
Entretanto, assimilou as campanhas de marketing social com merchandising
social a partir do instante em que identificaram em telenovelas exemplos de
campanhas de marketing social: “Isso pode ser verificado nas novelas, quando há
um apelo social para determinados temas, percebemos que a sociedade no geral se
sensibiliza e se vira para o assunto”.
O Merchandising Social surge em meio ao entretenimento apresentado
pelas novelas (grifo nosso), como uma forma estratégica e intencional, para
alertar os telespectadores sobre questões sociais, a partir de temas que são
expostos de forma educativa e acessível aos conhecimentos das diversas
camadas sociais. A exploração desses temas é inserida dentro das tramas
e os personagens são emissores destas temáticas. A inserção do
Merchandising Social não se limita apenas às problemáticas sociais, mas
também fornece possíveis formas de solução para as situações
apresentadas se valendo ainda de uma linguagem de fácil compreensão. A
trama é fictícia, no entanto, os temas são inspirados no cotidiano da
população em seus diferentes contextos, assim o esclarecimento permeia
naturalmente em meio à sociedade. (COSTA, et.al, 2009, p.6)
Não que a Sra. Mara Gabrili esteja errada. De fato, conforme Costa et al a o
merchandising social possui a capacidade de sensibilizar a sociedade com as
questões sociais, entretanto, como já relatadas no referencial teórico, não se pode
inferir que estas se tratam de marketing social, pois não envolvem em seu
planejamento todas as estratégias e fundamentações utilizadas no marketing social.
Reflexão similar a da Sra. Mara Gabrili constata-se no discurso do Sr. Sávio
Vieira Ramos ao defender a importância da mídia como disseminador do processo
de inclusão social:
Hoje vejo a televisão sempre em evidencia em suas novelas, debates,
programas abordando temas que mostram o tema da acessibilidade para as
pessoas, e com isso fortalecendo o marketing social e sempre se
mobilizando em ações para promover e agir em prol da acessibilidade em
si, não só apenas da acessibilidade turística, mais sim em todo o sistema
que lhe envolve. (SÁVIO VIEIRA RAMOS, 2010)
© Andréia Rocha Feitosa
72
Resultados
Prosseguindo, no que se refere à segunda questão, em seu discurso, o Sr.
Ricardo Shimosakai defende a interface turismo social e marketing social com
bastante propriedade:
[...] as duas estão fortemente interligadas, pois o marketing social trabalha
para a adoção de um conceito ou causa fundamentada nos direitos
humanos e na equidade social, e o turismo social pratica a atividade
turística baseada em conceitos de inclusão. Os dois têm o mesmo sentido,
porém em diferentes plataformas (RICARDO SHIMOSAKAI, 2010)
É o que também confirma a Sra. Rebecca Nunes quando relata que o
desenvolvimento do turismo social está relacionado com a mudança cultural do
brasileiro, e também, o Sr. Dada Moreira quando destaca a educação e
conscientização da sociedade gerada pela divulgação das campanhas de marketing
social:
[...] não só para divulgar como também para educar e envolver a população
em denunciar e punir os infratores das leis de acessibilidade. Se o turismo é
bom para que venha de fora; imagina para os moradores locais que podem
usufruir da mesma infra-estrutura. Ir ao banco, a praça, ao correio, passear
enfim, fazer tudo. (DADÁ MOREIRA, 2010)
A Coordenadora Geral de Segmentação do Ministério do Turismo, Sra. Sáskia
Freire, além de concordar com as mesmas opiniões acima, também acredita que a
gestão de marketing social possa ser uma boa estratégia, embora ainda não se
tenha no Ministério projetos desse tipo.
Outra constatação bastante proveitosa para o entendimento da temática
deve-se ao Sr. Romeu Sassaki. Este, por sua vez, mesmo concordando com a
eficiência das do marketing social explica que não deve ser ele o único instrumento
de difusão do turismo social, mas sim, um dos instrumentos de difusão, salientando
com esta afirmação a necessidade do trabalho em equipe: “uma rede de apoios,
formada por parcerias e interfaces envolvendo diversos níveis dos três setores:
governos, empresas e organizações não-governamentais”.
Quando questionado acerca da eficiência e eficácia das campanhas de
marketing social em face da causa social defendida neste trabalho, o Sr. Sassaki
destaca a importância do conteúdo destas campanhas como também a necessidade
da participação das PCDs no processo de criação das mesmas:
© Andréia Rocha Feitosa
73
Resultados
É preciso deixar claro que, antes de serem eficazes e eficientes, as
campanhas de marketing social - assim como os meios de comunicação não são automaticamente boas, corretas e adequadas só porque são
campanhas. Pois, uma campanha ruim, incorreta e inadequada poderá,
também, ser executada com eficácia e eficiência, o que seria um desastre
para o segmento das pessoas com deficiência e para a sociedade como um
todo. Portanto, devemos assegurar que as campanhas de marketing social
sobre o turismo inclusivo sejam formuladas e montadas com conteúdos
bons, corretos e adequados, os quais então deverão ser executados
eficaz e eficientemente. Para que existam estas qualidades - o bom, o
correto e o adequado -, hoje se exige que o segmento das pessoas com
deficiência (público-alvo) seja consultado e ouvido, já na fase de montagem
das campanhas de marketing e, em seguida, nas fases de execução,
monitoramento, avaliação e reformulação. Hoje se pratica o lema “Nada
sobre nós, sem nós”. (ROMEU KASUMI SASSAKI, 2010)
Enfim, foram várias as conclusões extraídas com a interpretação das
entrevistas e, no sentido de elucidar as compreensões optou-se por apresentar um
esquema ilustrativo, conforme segue:
As PCDs devem ser
consultadas e ouvidas em
todas as fases de
planejamento das
campanhas
“Nada sobre nós, sem nós!”
Proporciona mudanças
de valores enraizados
na cultura do brasileiro
Facilita a disseminação
do conceito de Turismo
e Inclusão Social em
decorrência da
divulgação na mídia
Embora eficazes,
suas estratégias
são desconhecidas
pelo Ministério do
Turismo
Suas campanhas são
geralmente confundidas
com campanhas de
“Marketing de causas
Sociais” e
“Merchandising Social”
MARKETING
Suas campanhas
conscientizam
sobre a noção de
diversidade
SOCIAL
Devem ser formuladas
com conteúdos bons,
corretos e adequados.
Educa a sociedade para
que não sejam
coniventes com a
impunidade na
legislação sobre
acessibilidade
Figura 28: Conclusões sobre a aplicabilidade do marketing social para a valorização da
acessibilidade turística no Brasil.
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
© Andréia Rocha Feitosa
74
Resultados
4.5 Construindo um Plano de Marketing Social com foco na inclusão
das Pessoas com Deficiência no Turismo
Segundo Kotler (1978), a possibilidade de sucesso das campanhas de
marketing social esta atrelada à formulação de um plano de marketing, sendo este
capaz de materializar o foco dos objetivos, e com isso, falhar com menor
probabilidade.
Para Oliveira (1988), o plano de marketing se faz importante na medida em
consolida em um documento uma série de procedimentos de análise, reflexão e
proposições compreendidos durante o processo de planejamento.
A ilustração que se apresenta norteia a seqüência dos passos a serem
seguidos durante a materialização do plano de marketing, visando e tem o objetivo
de fundamentar a aplicação de metodologias, processos e estratégias com vistas à
valorização das pessoas com deficiência em suas experiências turistas.
Definição dos
objetivos
Variáveis
estratégicas
Produto
Preço
Segmentação
dos públicos
Praça
Promoção
Análise da
situação
Análise
concorrência
Figura 29: Etapas fundamentais na elaboração de um plano de marketing social.
Fonte: Kotler e Zaltman (1971). Elaboração própria
Diante disto, será construída a seguir e com base em dados secundários uma
prévia de um plano de marketing focado na causa social estudada neste trabalho.
Vale ressaltar que para a formulação do plano de marketing propriamente
dito, será necessária uma análise mais detalhada de todos os pontos aqui
apresentados.
© Andréia Rocha Feitosa
75
Resultados
4.5.1 Definição dos objetivos da causa social pretendida
Objetivo principal: Induzir a transformação social na cadeia produtiva do turismo
através do resgate e geração de valores.
Objetivo secundário: Possibilitar experiências turísticas com autonomia e qualidade
para as pessoas com deficiência e isto implica a promoção da acessibilidade
arquitetônica e atitudinal.
4.5.2 Segmentação dos públicos
Conforme citado por Minciotti, o processo de segmentação se faz importante
na medida em que possibilita a identificação do público ao qual será destinado o
produto social:
Segmentar significa identificar grupos(s) de indivíduos que precisam de um
“produto” (idéia, novo hábito, comportamento, etc.) seja porque não o
querem, seja porque não o conhecem, não sabem utilizá-lo ou
simplesmente por rejeitarem a idéia de seu uso. (MINCIOTTI, 1983, p.57).
Na causa das PCDs, estes públicos estão segmentados conforme a ilustração
a seguir:
PÚBLICOS
Parceiros
Beneficiários
Destinatários
Poder Público e
Terceiro Setor
Pessoas com
Deficiência
Empreendedores do
Turismo
Figura 30: Segmentação dos Públicos
Fonte: (SILVA, MINCIOTTI, p.5) Elaboração própria.
Parceiros: Públicos junto aos quais se procura captar recursos e estabelecer
parcerias. No caso em questão, este público corresponde aos gestores estaduais e
municipais, assim como às ONGs e associações que lutam pela defesa dos direitos
das pessoas com deficiência no Brasil.
Beneficiários: Como o nome já diz, são aqueles que serão beneficiados com
a ação de marketing social.
© Andréia Rocha Feitosa
76
Resultados
Destinatários15: Público ao qual é destinada a ação de mudança social no
qual o indivíduo ou grupo é convidado ou convencido a adotar um determinado
comportamento que irá trazer benefícios para a sociedade.
Segundo Inkotte, (2003, p.101), a relação beneficiário/destinatário está
inserida no mercado social no qual “os benefícios decorrentes não são revertidos
para aquele que deflagra o processo (destinatário), mas para a sociedade
(beneficiada) como um todo, pois se refere basicamente a mudanças de
comportamento e adoção de novas idéias”.
SOCIEDADE
Pessoas com
Deficiência
AGENTE DE
MUDANÇA
Campanhas
Publicitárias
ADOTANTE
Empreendedores
do Turismo
Figura 31:Relações existentes no Mercado Social
Fonte: ( Elaboração própria, 2010)
15
Nesta ação de marketing social em particular, o destinatário não é o beneficiário, ao contrário do que ocorre na maioria das
campanhas de saúde. Mesmo que a ação de mudança, indiretamente, o forneça benefícios econômicos por conseqüência da
valorização da imagem do destino, ainda assim o destinatário não assume a posição de beneficiário , sendo esta, destinada as
PCDs que terão mais qualidade de vida proporcionada por experiências turísticas com autonomia e segurança.
© Andréia Rocha Feitosa
77
Resultados
4.5.3 Público-alvo: empreendedores do turismo
CLIENTE
AGÊNCIAS DE TURISMO (EMISSIVO)
AGÊNCIAS DE TURISMO (RECEPTIVO)
PRODUTOS TURÍSTICOS
SERVIÇOS
Hospedagem,
Transporte,
Alimentação e
Outros
EQUIPAMENTOS
Condução e
Guiamento
ATRATIVOS
Atrativos e
Atividades
de Lazer
Figura 32: Fluxo da Cadeia Produtiva do Turismo(BRASIL, 2009, p.14)
Fonte: (Elaboração própria, 2010)
Depois de segmentos os públicos envolvidos na ação de marketing social, o
próximo passo será a identificação de qual público pretende-se atingir.
Desta forma, o público-alvo destas ações de marketing são os destinatários,
ou seja, todos os envolvidos no fluxo da cadeia produtiva do turismo (ver figura) que
conforme Souza (2003) apud Zagheni (2004, p.67) representa dois dos três
componentes existentes em uma cadeia produtiva de turismo, as empresas líderes e
os provedores de serviços, conforme descreve, a seguir:
Empresas líderes: meios de hospedagem, agências de viagem, empresas
de alimentação turística, empresas de entretenimento, empresas
vendedoras de artesanatos e produtos típicos, centros comerciais e galerias
de arte;
Provedores de serviços: transportadoras, informações turísticas,
locadoras de veículos, atendimento a veículos (oficinas), centros de
convenções, parques de exposições, auditórios, fornecedores de
alimentação, construção civil, artesãos, sistema de comunicação,
serviços de energia elétrica;
Infra-estrutura de apoio: escolas de turismo, serviços de elaboração de
projetos,
assistência
técnica,
infra-estrutura
física,
instituições
governamentais, telecomunicações, sistema de segurança, sistema de
seguros, convênio com universidades, representações diplomáticas, casas
de câmbio e bancos, equipamento médico e hospitalar, serviços de
© Andréia Rocha Feitosa
78
Resultados
recuperação do patrimônio público, administração dos resíduos sólidos,
preservação do meio ambiente.
4.5.4 Análise da situação - estudo da demanda
As ações de marketing social devem ter uma visão de longo prazo e se
basear em campanhas contínuas e não isoladas. Para o desenvolvimento
das estratégias, deve ser realizada uma análise situacional dos ambientes
interno e externo, a fim de identificar o problema social (grifo nosso) e
determinar o programa que será desenvolvido. (RIBEIRO, OLIVEIRA, 2006,
p.5)
Na identificação do problema social, alguns pontos devem ser levados em
consideração, tais como “investigações da demanda (identificação dos beneficiários
potenciais - consumidores), a estudo da concorrência e campanhas que devem
refletir o que o público-alvo necessita para funcionar de maneira eficaz” (KOTLER,
ROBERTO, 1992 apud SILVA, MINCIOTTI, p.5).
A seguir, será apresentada, uma breve identificação sobre as características
da demanda, com base em uma revisão documental do censo 2000 do IBGE. Esta,
por si só, não é capaz de dar subsídios mais representativos sobre a análise
situacional, necessitando de um aprofundamento da pesquisa.
Figura 33: Pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida
Fonte: Brasil Acessível – Programa Brasileiro de acessibilidade Urbana (Caderno 3)
a) Os Tipos de Deficiência
O Decreto Nº. 5.996 de 2 de dezembro de 2004 caracteriza as pessoas com
deficiência da seguinte forma:
I - pessoa com deficiência, além daquelas previstas na Lei nº. 10.690, de 16
de junho de 2003, aquela que possui limitação ou incapacidade para o desempenho
de atividade e se enquadra nas seguintes categorias:
© Andréia Rocha Feitosa
79
Resultados
Tipos
Física
Caracteristicas
Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da função física,
apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia,
monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,
triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou
ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho
de funções;
Auditiva
Perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou
mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz,
2.000Hz e 3.000Hz;
Visual
Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que
significa
acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor
correção óptica; os casos nos quais o somatório da medida do
campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a
ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores;
Mental
Múltipla
Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas
ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação;
cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização dos recursos da
comunidade; saúde e segurança; habilidades acadêmicas; lazer; e
trabalho;
Associação de duas ou mais deficiências
Quadro 02: Tipos de deficiência e seus devidos conceitos.
Fonte: Elaboração própria com base no decreto 5296/04
II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no
conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade
de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da
mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.
b) Dados Populacionais:
Depois de analisados os dados do Censo 2000, tirou-se as seguintes
conclusões sobre o perfil das pessoas com deficiência no Brasil:

24,5 milhões de pessoas com deficiência, o equivalente a 14,5% da população
total. Informação esta que condiciona ao país a posição de 7º lugar dentro do
ranking mundial, perdendo apenas para países como: Nova Zelândia, Estados
Unidos, Austrália, Uruguai, Canadá e Espanha, respectivamente.
© Andréia Rocha Feitosa
80
Resultados

Uma maior incidência de pessoas com deficiência visual.
O alto índice de deficiência visual pode ser explicado pela combinação de
dois fatores: o envelhecimento populacional e a própria ampliação do
conceito de deficiência visual, que não se restringe apenas a cegueira
(incapacidade de enxergar), incluindo, também, grande ou alguma
dificuldade permanente de enxergar devido ao fato de que a população está
ficando mais velha assim como o próprio conceito sobre deficiência visual
uma vez que não corresponde apenas à cegueira, mas sim, grande ou
dificuldade permanente em enxergar. (CORDE, 2004, p.13)
POPULAÇÃO COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL
Mental
Física
Visual
Auditiva
Motora16
2 844 937
1 416 060
16 644 842
5 735 099
7 939 784
8,3%
4,1%
48,1%
16,7%
22,9%
Quadro 03: População com deficiência no Brasil
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IBGE – Censo 2000.

Dos 24,6 milhões de pessoas que se declararam portadoras de deficiência
(14,5% da população total), 19,8 milhões estavam nas zonas urbanas, e 4,8
milhões nas zonas rurais em 2000. Fato este que ajuda a justificar a adoção de
medidas que promovam à acessibilidade nos centros urbanos.

Dentre as regiões brasileiras, o sudeste é a região que tem a menor proporção
relativa de pessoas com deficiência (13,1%), ficando a região Nordeste, com a
maior proporção (16,8%).
REGIÕES
NORTE
NORDESTE
SUDESTE
SUL
C. OESTE
Pop. c/
deficiência
1 901 892
8 025 537
9 459 596
3 595 28
1 618 204
Pop. Total
2 911 170
47 782 487
72 430 93
25 110 48
11 638 658
Proporção
13,9%
16,8%
13,1%
14,7%
14,35%
Quadro 04: População com deficiência por região do país.
Fonte: Elaborado a partir dos dados do Censo IBGE, (2000)

O estado da Paraíba concentra o maior número relativo de pessoas com
deficiência do país, seguido do Rio Grande do Norte. De acordo com os dados
colhidos no último Censo a média nacional é de 12% da população sendo que
nestes estados este número sobe para 18,76% e 17,64%, respectivamente.
16 Segundo o Censo 2000, declaram-se como pessoas com deficiência motora toda e qualquer pessoa que tenha grande ou
alguma dificuldade de descer e subir escadas, assim como, total incapacidade de descer e subir escadas.
© Andréia Rocha Feitosa
81
Resultados
São Paulo
Roraima
Amapá
Distrito Federal
Paraná
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Rondônia
Acre
Santa Catarina
Amazonas
Goiás
Espírito Santo
Rio de Janeiro
11.35 %
12.5 %
13.28 %
13.44 %
13.57 %
13.63 %
13.72 %
13.78 %
14.13 %
14.21 %
14.26 %
14.31 %
14.74 %
14.81 %
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
Pará
Bahia
Tocantins
Sergipe
Maranhão
Alagoas
Ceará
Pernambuco
Piauí
Rio Grande do Norte
Paraíba
14.9 %
15.07 %
15.26 %
15.64 %
15.67 %
16.01 %
16.14 %
16.78 %
17.34 %
17.4 %
17.63 %
17.64 %
18.76 %
Quadro 05: População total das PCDs por estado da federação
Fonte: Elaborado a partir dos dados do Censo IBGE, (2000)

De acordo com números absolutos o estado de São Paulo concentra a maior
população de pessoas com deficiência seguido do estado de Minas Gerais, Rio
de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Ceará e Pará,
respectivamente. Ver números no gráfico a seguir:
Gráfico 01: Pessoas com deficiência no Brasil em números absolutos
Fonte: Censo 2000, IBGE. Elaboração própria
c) Perfil da Renda:
© Andréia Rocha Feitosa
82
Resultados
[...] com rendimentos médios de R$506,00 até R$ 700,00. A grande maioria
possui nível de instrução secundário, conta em bancos, utiliza cartão de
crédito e empréstimos pessoais, além de adquirir veículos adaptados com
isenção. Do total de pessoas com deficiência, cerca e 2,5 milhões estão
empregados com carteira e 2,1 milhões sem carteira, 481 mil são
funcionários públicos e outros 2,75 milhões trabalham por conta própria.
(BRASIL, MINISTÉRIO DO TURISMO, 2009, p.13)
4.5.5 Análise Concorrencial – exemplos a serem seguidos
A análise da concorrência é de suma importância na formulação do plano de
marketing, pois analisa o ambiente externo, permitindo avaliar as situações
favoráveis e desfavoráveis da devida ação de marketing. (RIBEIRO, OLIVEIRA,
2006)
Diante disto, constata-se se que, ao contrário do que ocorre no marketing
comercial, a análise concorrencial dentro do marketing social infere uma condição de
cooperação amigável no qual o interesse não está concentrado em combater os
concorrentes, mas sim, em aprender com eles.
A seguir, destacam-se algumas ações em defesa da valorização das pessoas
com deficiência quando turistas e que poderiam servir de concorrentes para a ação
de marketing pretendida neste trabalho.

Campanha Social: Acessibilidade, Siga essa idéia.
Um bom exemplo de campanha de marketing social atuante no momento é a
campanha: Acessibilidade. Siga essa idéia17, promovida pelo Conselho Nacional
dos Direitos das Pessoas com Deficiência – CONADE.
Segundo a Secretaria Executiva do órgão em questão, a campanha de
acessibilidade procura promover a sensibilização e mobilização da sociedade para a
eliminação de barreiras atitudinais, de informação, arquitetônicas, entre outras que
impedem as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida de participar da
vida em sociedade.
17 O prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado (PR), deu um exemplo de pioneirismo na manhã de ontem (26) ao
assinar o termo de adesão da Campanha de Acessibilidade - Siga essa Idéia. O documento formaliza a parceria entre a
Prefeitura Municipal de São Gonçalo do Amarante e o – Conade. Ao aderir à campanha de acessibilidade, São Gonçalo se
tornou o primeiro município de Rio Grande do Norte que se compromete em colaborar com o desenvolvimento de programas
de acesso das pessoas com deficiência física, sensorial (visual e auditiva), intelectual e múltipla aos seus ambientes. [...].
Matéria na íntegra disponível em:< http://www.correiodatarde.com.br/editorias/correio_estado-50139>
© Andréia Rocha Feitosa
83
Resultados
Baseado em sua competência regimental, o CONADE busca, por meio da
campanha, sensibilizar e mobilizar os empresários, as entidades, os
conselhos estaduais e municipais e as pessoas em geral a contribuírem de
forma efetiva na implementação do Decreto nº. 5.296/04. Objetiva-se unir
esforços e criar uma rede de apoio e de promoção da acessibilidade.
(RODRIGUES, 2006, p.3)
É destinada aos governos de estado, prefeituras, entidades, escolas de
samba, empresas, pessoas físicas e universidades. Sua adesão não é sinônimo de
compromissos financeiros uma vez que nenhum órgão é obrigado a contribuir com
dinheiro, estes; por sua vez, caso aceitem a adesão serão apenas induzidos a atuar
pró - ativamente em direção da construção de uma sociedade inclusiva.

Programa de Qualificação a Distância para o Desenvolvimento do
Turismo - Curso de Segmentação do Turismo
Voltado para os gestores públicos, profissionais do turismo e estudantes o
curso desenvolvido pelo Ministério do Turismo promove o entendimento do que vem
a ser o segmento de turismo social assim como sua devida importância para a
inclusão dos menos beneficiados nas experiências turísticas.

Projeto Aventureiros Especiais
A ONG Aventura Especial em parceria com o Ministério do Turismo
formataram um produto turístico de aventura com foco nas pessoas com deficiência.
Primeiramente foi realizada uma pesquisa de campo com PCDs onde estes
eram acompanhados por uma equipe multidisciplinar de treze profissionais, entre
eles, médicos e fisioterapeutas. Com a pesquisa, foram levantadas as adaptações
necessárias para viabilizar a prática das atividades por esse imenso público até
então abandonado.
Além das adaptações físicas, como o desenvolvimento de uma cadeirinha
para técnicas verticais e um colete e uma cadeira para o bote de rafting (específicos
para pessoas sem mobilidade no tronco), também foram criados condutas e
procedimentos de comunicação alternativa para interagir com as pessoas com
deficiências sensoriais, antes e durante as atividades.

Programa Aventura Segura
Iniciativa do Ministério do Turismo (Mtur), do SEBRAE Nacional com parceria
da ABETA. Seu objetivo consiste em consolidar o segmento de aventura no país,
© Andréia Rocha Feitosa
84
85
Resultados
tendo como prioridades
qualificar
e educar
empreendedores,
gestores
e
profissionais do turismo de aventura para práticas seguras, ambientalmente
responsáveis e socialmente justas, e para isto, o programa pretende qualificar a
oferta de produtos de turismo de aventura para pessoas com deficiência.

Programa Turismo Acessível - Pernambuco sem Barreiras
O programa estadual pretende, através de parcerias, adaptar hotéis, bares,
restaurantes e táxis cujos profissionais terão que criar condições para atender
melhor os turistas com deficiência, com problemas de mobilidade, idosos, mulheres
grávidas e crianças. Faz parte da divulgação do projeto a Cartilha TURISMO
ACESSÍVEL; PERNAMBUCO SEM BARREIRAS, contendo recomendações técnicas
de acessibilidade.

Manual Técnico de Acessibilidade
Iniciativa do Ministério do Turismo, Associação para Valorização das Pessoas
com Deficiência - Avape e Prefeitura de Socorro, o manual é destinado a gestores
públicos e iniciativa privada com o objetivo de auxiliá-los na adequação dos destinos
turísticos para turistas com deficiência e mobilidade reduzida. O documento reúne
em quatro volumes informações sobre a legislação e direitos da pessoa com
deficiência, além de normas técnicas e orientações para promoção da acessibilidade
em estabelecimentos turísticos.

1° e 2º Congresso Muito Especial de Pernambuco
Realizados nos anos de 2008 e 2009 pelo Instituto Muito Especial (ONG) em
parceria com o Mtur, os eventos tiveram a proposta de discutir a inserção das
pessoas com deficiência no turismo, tendo como foco temas como acessibilidade e
inclusão social.

Guia Brasil para Todos
Primeiro guia turístico para pessoas com deficiência. O resultado do trabalho
realizado pela ONG i. social em parceria com o Banco Bradesco forneceu às
pessoas com deficiência um leque de informações turísticas, tais como, dicas de
passeios acessíveis para deficientes, dicas de restaurantes, hotéis adaptados, entre
© Andréia Rocha Feitosa
86
Resultados
outras informações importantes sobre os avanços da temática que envolve a
acessibilidade.

Município de Socorro: Referência em Acessibilidade Turística
O Município de Socorro18-SP, estância hidromineral distante 110 km de
Campinas, está sendo estruturado pelo Ministério de Turismo para servir como
referência de Turismo de Aventura Especial. Tal medida partiu da iniciativa da
gestão pública e privada da própria região que através de suas primeiras
adaptações conseguiu mobilizar o poder público federal para a alocação de recursos
em infra-estruturas acessíveis (acessibilidade arquitetônica), assim como em cursos
de qualificação do setor (acessibilidade atitudinal).
De acordo com relatos de hoteleiros da região, depois das adaptações, os
hotéis tiveram um ganho considerável em sua demanda. Fato que por se só já
comprova que as pessoas com deficiência representam um nicho de mercado
promissor e que investir em acessibilidade significa investir em um desenvolvimento
da atividade turística com vistas a um turismo com envolvimento social19.
4.5.6 As Variáveis Estratégicas – Os 4Ps do marketing social
O composto de marketing social contribui significativamente para o sucesso
das campanhas, contextualizando-as e incorporando em seu desenvolvimento as
verdadeiras necessidades do público beneficiado com a aceitação da causa.
Entretanto, Minciotti, (1983) explica que não se pode confundir marketing
social com comunicação social (promoção), uma vez que, além da promoção, o
18 Atualmente, Socorro está entre os dez destinos turísticos brasileiros que fazem parte do projeto Destinos Referência em
Segm entos Turísticos. Por m eio do projeto, a Estância Hidromineral está sendo estruturada para se tornar referência no
segmento Aventura Especial. De 2006 a 2008, o MTur já destinou R$ 1,73 milhão para obras de infra-estrutura turística, cursos
de qualificação profissional, adaptações em passeios, dentre outros.[ ] De acordo com o diretor do Conselho de Turismo de
Socorro, José Fernandes Franco, o número de serviços turísticos é crescente na região, já que o número de turistas aumenta a
cada dia. “Em 2009, houve um aumento de 20% nas operações de Turismo de Aventura em Socorro, com relação a 2008”,
afirma. Disponível em: http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20100224-1.html
19 Estimulados pelo projeto do MTur, empresários locais investiram para transformar seus negócios. É o caso dos hotéisfazenda Campos dos Sonhos e Parque dos Sonhos, que recebem em torno de 12 mil visitantes por ano. Depois das
adaptações, as taxas mensais de ocupação nos dois empreendimentos tiveram aumento de até 45%. O trabalho realizado
rendeu ao proprietário José Fernandes Franco o Prêmio Superação Empresarial 2008 – Categoria Serviços de Turismo,
promovido pelo Sebrae/SP e outras entidades. “Os auditores do prêmio disseram que o fator de maior peso na avaliação dos
hotéis
foi
à
adaptação
para
receber
deficientes”,
contou
o
empresário.
Disponível
em:
http://deficienteciente.blogspot.com/2009/08/socorro-sera-modelo-para-copa.html
© Andréia Rocha Feitosa
Resultados
marketing social adiciona pelo menos mais três elementos nos quais não são
considerados nas campanhas publicitárias:
[...] 1) pesquisas de marketing para aprender acerca do mercado e da
eficácia de programas alternativos de marketing (preço); 2) desenvolvimento
do melhor produto – entendido como programa social a ser desenvolvido
para satisfazer as necessidades do mercado (produto); 3)estabelecimento
de incentivos para aumentar o nível de motivação, especialmente na área
de promoção de vendas de causas sociais (promoção); 4) facilitação, onde
tempo e esforço são investidos na consideração de alternativas para tornar
mais fácil a adoção de um novo comportamento (praça).(MINCIOTTI, 1983,
p.55)
Pensando nisto, optou-se por apresentar a partir de um quadro resumo, as
teorias de Kotler quanto à utilização do composto de marketing que, segundo o
autor, refere-se à delimitação de outras estratégias além da comunicação ou
promoção social utilizada nas campanhas publicitárias:
Os 4 P’s do Marketing Social
PRODUTO
PREÇO
PONTE
DE
DISTRIBUIÇAO
PROMOÇÃO
Mudança social desejada, ou seja, uma idéia oferecida ao público
alvo para a sua devida adoção, aquisição ou consumo.
Significa o quanto à aceitação da idéia se torna gratificante, sendo
que no marketing social, o custo para essa aceitação, nunca pode
ser alto demais, pois dificilmente incentivará o comprador em
potencial.
Identifica como será planejada a distribuição do produto social no
mercado, ou seja, identifica de que forma ele poderá ser viável
para o consumidor.
Forma utilizada para disseminar a idéia no sentido de criar
interesse ou desejo pelo produto social. Ela engloba todos os
instrumentos do composto de marketing, cujo objetivo principal é a
comunicação persuasiva
Quadro 06: Os 4 Ps do Marketing Social.
Fonte: kotler (1978)
Ao adaptar tais conceitos aos objetivos da causa social pretendida neste
trabalho, as variáveis estratégicas passam a tomar as seguintes proporções:
PRODUTO
PREÇO
A mudança de comportamento, valores e idéias empreendedores
do turismo no que se refere à iniciativa de eliminar as barreiras
físicas e de atitude que dificultam o livre acesso das pessoas com
deficiência aos destinos turísticos.
A garantia de estar contribuindo para a inclusão das pessoas com
deficiência nas experiências turísticas, promovendo assim uma
maior qualidade de vida para as mesmas.
© Andréia Rocha Feitosa
87
Resultados
PONTE
DE
DISTRIBUIÇAO
PROMOÇÃO
Espaços públicos e privados que forneçam autonomia e segurança
às pessoas com deficiência. Neste caso, a ponte de distribuição
corresponde ao resultado conquistado através da adesão ao
produto social a ser aderido, isto é, a conquista do atributo da
acessibilidade.
A comunicação através da publicidade (campanhas sociais,
programas de ação, mídia, etc.) no sentido de induzir o públicoalvo a aceitação da idéia e compromisso com a mesma.
Quadro 07: Os 4 P’s do Marketing Social e as PCD no turismo.
Fonte: Elaboração própria (2010)
Enfim, como se percebe, as estratégias empregadas no marketing social
podem perfeitamente ser adaptadas a grupos focais da área do turismo, isto porque,
no marketing social, o que importa é a melhoria da qualidade de vida da sociedade,
quer seja em saúde pública, educação ou turismo.
© Andréia Rocha Feitosa
88
Considerações Finais 89
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As pessoas com deficiência, ao longo da história, tiveram que vencer vários
obstáculos para o convívio na sociedade.
Entre eles, encontra-se o estigma da falsa relação entre doença e deficiência
em que por muito tempo pregava-se a idéia de que as pessoas com deficiência eram
doentes e por isto tinham que ficar excluídas em clínicas de reabilitação. Em
seguida, a busca por uma educação de qualidade, porém, não mais segregada, e
sim, conjunta com os demais, no sentido de fazer com que a sociedade convivesse
com a limitação destas pessoas desde as primeiras fases de desenvolvimento de
um indivíduo, a infância, e com isto, passasse a incorporar desde cedo o respeito
pelas diferenças. Como outro aspecto, cita-se à falta de oportunidade ao mercado
de trabalho em que se questiona a capacidade desses indivíduos de assumir uma
função de responsabilidade, fato este causado de certa forma pela falsa assimilação
da pessoa com deficiência a um inválido – um sem valor.
É certo que nenhum desses obstáculos foi vencido por completo no Brasil,
ainda há raízes de uma cultura repleta de estigmas, preconceitos e discriminações,
entretanto, nos últimos vinte anos, a sociedade vem despertando mais para a noção
de inclusão social.
No que se refere às experiências turísticas, essa noção ainda é mais recente.
Primeiramente, estas pessoas eram condicionadas a práticas cada vez mais
excludentes, não havendo a menção da diversidade (turismo para todos), mas sim a
oferta de produtos e serviços exclusivos para as pessoas com deficiência.
Somente nos últimos dez anos é que as políticas públicas no Brasil vêm se
tornando mais atuantes nessa questão. Pela primeira vez na história do turismo no
país, articula-se a formulação de um plano estratégico de turismo acessível,
desenvolvem-se campanhas que alertam sobre a importância da acessibilidade,
fomenta-se um segmento turístico destinado às pessoas com deficiência (turismo de
aventura) enfim, iniciativas que antes nem se quer eram colocadas em pauta, quiçá,
implementadas e executadas.
No entanto, percebe-se que o desenvolvimento da atividade turística com
vistas à inclusão social, somente será possível a partir de uma ação conjunta entre
poder público e privado, pois; de nada adianta o interesse do governo nessa
© Andréia Rocha Feitosa
Considerações Finais 90
temática se os empreendedores do turismo se fazem indiferente e não se
interessam em garantir em seus estabelecimentos um atributo indispensável à
autonomia de qualquer pessoa com deficiência, a acessibilidade. Esta por sua vez,
não se refere apenas à eliminação de barreiras arquitetônicas (calçadas, degraus,
mesas inapropriadas, etc.), embora, representando o primeiro e mais importante
entrave a ser vencido; visto que sem a supressão delas, não há se quer
possibilidade de locomoção; deve-se também ter em mente a eliminação de uma
barreira invisível, identificada na fase de atendimento ao turista com deficiência. São
gestos e expressões que não devem ser nem de inferioridade, ou “coitadismo”. Falase então da acessibilidade atitudinal, somente concebida através de uma
capacitação profissional especializada para atender este público, como, por
exemplo, pessoas treinadas a se comunicar com um surdo, que reconheçam a
forma correta de tratar um cego, a hora mais prudente de oferecer ajuda a um
cadeirante, enfim; atitudes que agregam valor ao serviço e trazem satisfação, uma
vez que evita constrangimentos desnecessários.
Com base nestas considerações, conclui-se que o Brasil ainda não pode ser
considerado como um país turisticamente acessível e os casos de referência que se
tem notícia por si só não justificam essa menção. É preciso que pelo menos os
principais destinos turísticos do país possam garantir espaços acessíveis,
principalmente àqueles que nos próximos anos sediaram eventos esportivos de
caráter mundial (Copa 2014 e Olimpíadas).
Os resultados obtidos com a pesquisa demonstraram que as estratégias de
marketing
social
podem ser
utilizadas
para
transformar
os
valores
dos
empreendedores do turismo quanto ao interesse em prover a acessibilidade,
induzindo-lhes uma mobilização voluntária através da sensibilização. Seria uma
alternativa para atenuar ou até mesmo reverter este quadro, pois estaríamos lhe
dando com mudanças de comportamento estimuladas pela “conscientização” onde
muitas vezes parecem ser bem mais eficazes do que ações coercitivas.
Com isso, espera-se ter atingido os objetivos deste trabalho e contribuído de
alguma para o entendimento de que as pessoas com deficiência, assim como os
demais, são consumidores turísticos que buscam em suas viagens, recordações
especiais, cultura, entretenimento e lazer. Deseja-se também que a interface entre
marketing social e turismo aqui apresentada, possa estimular pesquisas futuras e
© Andréia Rocha Feitosa
Considerações Finais 91
atentar o Governo e sociedade civil para essa alternativa de mudança social,
promovendo, desta forma, a idéia da igualdade de oportunidades na perspectiva da
inclusão.
© Andréia Rocha Feitosa
Referências
REFERÊNCIAS
AAKER, D. A.; KUMAR, V; DAY, G. S. Elaboração de Questionário. In: AAKER,
Dom (org.) Pesquisa de Marketing. São Paulo: Atlas, 2001.
ADULIS, D.. O verdadeiro e o falso marketing social. Disponível em:
<http://www.akatu.org.br/central/especiais/2001/12/128> Acesso em: 18 de fevereiro
de 2010
___________ Marketing Social: Usos e Abusos. 2001. Disponível em:
<www.lead.org.br/filemanager/.../08c_marketing%20social_D%20Adulis.doc. >
Acesso em: 22 de fevereiro de 2010
AGUIRRE, R. S. Recreação e Turismo Para Todos. Rio de Janeiro: Educs, 2003.
ÁLVARES, D. F. Avaliação de Planos-Processo em Áreas de Desenvolvimento
Turístico. União Européia, 2008. 140 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil e
Planejamento Urbano) Universidade do Minho. Disponível em: <
200.143.12.93/.../Avaliaxo_de_Planos_Processo_em_xreas_de_desenvolvimento_tu
rxstico-Pxs_Graduaxo-1x_Lugar-I.pdf> acesso em : 21 de fevereiro de 2010 ás
14:13
ARAÚJO, J.P. Marketing para uma sociedade não anônima. Fortaleza: 1997, 71p.
Beni, M. C. Política e planejamento de turismo no Brasil. São Paulo: Aleph, 2006.
(Série turismo)
BRASIL. Decreto número 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis
nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às
pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/_ato20042006/2004/Decreto/D5296.htm> Acesso em: 25 de novembro de 2009
___________ LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989. Dispõe sobre o apoio
às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria
Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde, institui a
tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a
atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.Brasília, 1989.
Disponível em:< www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L7853.htm> Acesso em: 16 de
novembro de 2009
© Andréia Rocha Feitosa
92
Referências
___________ Ministério do Turismo. Diálogos do Turismo – Uma viagem de
inclusão. Instituto Brasileiro de administração Municipal. Rio de Janeiro: IBAM,
2006, 360 p. Disponível em:
<http://www.ibam.org.br/publique/media/dialogos_turismo.pdf>. Acesso em: 02 de
dezembro de 2009
___________Decreto n. 10.098 de 19 de Dezembro de 2000. Estabelece normas
gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras
de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Brasília, 2000
___________Ministério do Turismo. Segmentação do Turismo – marcos
conceituais. 2004
Disponível em:
<http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/dow
nloads_publicacoes/Marcos_Conceituais.pdf> Acesso em: 19 de janeiro de 2010
___________Ministério do Turismo. Turismo Acessível: Bem Atender no Turismo
Acessível. Volume III. Brasília: Ministério do Turismo, 2009, 60 p. Disponível em: <
www.redeturis.org/documentos/turismo_acessivel_volumeIII.pdf> Acesso em: 22 de
fevereiro de 2010
___________Ministério do Turismo apresenta texto sobre: Programa de
Qualificação a Distância para o Desenvolvimento do Turismo - Curso de
Segmentação do Turismo. Disponível em < www.turismo.gov.br > Acesso em: 02
de março de 2010
CORREIO POPULAR CAMPINAS. Socorro será modelo para a Copa. 2009.
Disponível em:
<http://www.amputadosvencedores.com.br/exibe_conteudo.asp?id=938&local=20>
Acesso em: 22 de novembro de 2009
CÓDIGO MUNDIAL DE ÉTICA DO TURISMO. São Paulo: UNB– Centro de
Excelência em Turismo, 2007. Disponível em:
<http://vsites.unb.br/cet/turismoeinfancia2007/donwloads/codigo.pdf> Acesso em: 22
de novembro de 2009
CONADE. Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência.
Apresenta texto sobre a campanha: Acessibilidade, Siga essa idéia. Disponível
em:< http://acessibilidade.sigaessaideia.org.br/ > Acesso em: 15 de fevereiro de
2010
CORDE. Relatório sobre a prevalência de deficiências, incapacidades e
© Andréia Rocha Feitosa
93
Referências
desvantagens. Niterói: Ministério da Justiça/CORDE/ AFR, 2004. 53p. Disponível
em: < www.mj.gov.br/corde/arquivos/pdf/Rel_Pesquisa.pdf> Acesso em: 15 de
novembro de 2009
COSTA. M. K.B; SOUSA. S. P. D. de. Merchandising Social na Novela Páginas
da Vida. In: XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação: Intercom –
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. 2009, Curitiba..
UFPB, 2009. Disponível em:<
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-2194-1.pdf> Acesso
em: 19 de janeiro de 2010.
CREDIDIO, F. Definindo conceitos e papeis: as empresas responsáveis
buscam resultados muito além dos lucros.
2005. Disponível em:
<http://www.revistafilantropia.com.br/revista/admin/newsletter/RFOL/news23.asp>
Acesso em: 22 de janeiro de 2010.
DINIZ, D. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007
FONTES. M. Publicação eletrônica. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por
< [email protected]> em 22 de abril de 2010
FERREIRA, L. V. F. Marketing social y Turismo sostenible desde uma
perspectiva integradora. Uma propuesta de modelo de cambio de
comportamiento para uma gestión turística sostenible em La província de Rio
Grande do Norte, Brasil. Espanha: 2004, 580f. Tese (Doutorado em Turismo)
Universidade da Espanha
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1999
IBGE. Censo Demográfico 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso
em: 10 de novembro de 2009
___________Censo Demográfico 1991. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>.
Acesso em: 10 de novembro de 2009
INKOTTE, A. L.. Marketing de ação social e percepção de valor: do plano
táticopara o estratégico. 2003. 215f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2003.
© Andréia Rocha Feitosa
94
Referências
KOTLER, P. Marketing para as Organizações que não visam Lucro. São Paulo:
Atlas, 1978.
KOTLER, P; ROBERTO; E. L. Marketing Social: Estratégias para alterar o
Comportamento do público. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
MACHADO, M. N. M. Entrevista de pesquisa: a interação entrevistador /
entrevistado. Belo Horizonte: Tese. (Doutorado), 1991
MEDEIROS, M. e DINIZ. D. ENVELHECIMENTO E DEFICIÊNCIA. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/idososalem60/Arq_09_Cap_03.pdf>
Acesso em: 15 de novembro de 2009
MINCIOTTI. S. A. Marketing Social: Uma Ampliação do Conceito da Troca .
Revista de administração – vol. 18(2) abril/junho – 1983 páginas 53-58. Disponível
em: <www.rausp.usp.br/download.asp?file=1802053.pdf >.Acesso em: 12 de abril de
2010.
MILLER. U; ZIEGLER. S. “A Dimensão Inclusiva do PRSP” Alemanha: ed.
Handicap International, 2006. Disponível em:
<http://siteresources.worldbank.org/DISABILITY/Resources/2806581172608138489/MakingPRSPInclusive_pr.pdf>Acesso em: 06 de dezembro de 2009
ONU. CONVENÇÃO DA ONU. PARA OS DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA. Disponível em: <portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman>.
Acesso em: 12 de abril de 2010
OLIVEIRA, H. V. A prática do turismo como fator de inclusão social. . São Paulo:
Revista de Ciências Gerenciais. V.12, n.16, p. 91-103. 2008
OMS. Direção Geral de Saúde. Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF). Lisboa, 2004. Disponível em: <
http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf> Acesso em: 12 de
novembro de 2009
ONU. Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiêcia, 1982.
Disponível em:< http://www.cedipod.org.br/w6pam.htm> Acesso em: 02 de abril de
2010.
PERNAMBUCO. Secretaria de Turismo. Restaurantes e bares de Pernambuco
terão cardápios em braile. Disponível em:
© Andréia Rocha Feitosa
95
Referências
<http://www2.setur.pe.gov.br/web/setur/exibirartigo?companyId=communis.com.br&a
rticleId=2701 > Acesso em: 16 de março de 2010
PRINGLE, H.; THOMPSON, M. Marketing social: marketing para causas sociais
e construção de marcas. Tradução Maria Lúcia G. Rosa. São Paulo: Makron, 2000.
258 p.
___________Projeto Aventureiros Especiais. Disponível em:<
http://aventuraespecial.org.br/telas/AVENTUREIROS%20%20ESPECIAIS. pdf>
Acesso em: 12 de março de 2010___________Programa Aventura Segura. Disponível em: <
www.aventurasegura.org.br/> Acesso em: 13 de março de 2010
___________Pernambuco deve melhorar acessibilidade para turistas
deficientes. Pernambuco, 2009. Disponível em:<
http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/turismo/2009/10/06/NWS,499670,4,24
4,NOTICIAS,766-PERNAMBUCO-MELHORAR-ACESSIBILIDADE-TURISTASDEFICIENTES.aspx> Acesso em: 15 de março de 2010
PUGLISI, M.L.; FRANCO, B. Análise de conteúdo. Brasília: 2. ed. Líber Livro, 2005.
Rodrigues. M. de L. A.(colaboração) Selem. M. C. O. Curso de Formação de
Conselheiros em Direitos Humanos. Módulo III, aula 5: conselhos dos direitos no
Brasil. 2006. Disponível em:
RIBEIRO. V.N.N.; OLIVEIRA. M.V. de S. S. Análise das ações de marketing social
em uma indústria farmacêutica: o caso Hebron. Disponível em:<
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/428.pdf> Acesso em: 18 de
janeiro de 2010.
SASSAKI K. R. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro:
WVA, 5 ed. 1999, 171 p.
___________Inclusão no lazer e no turismo: em busca da qualidade de vida.
São Paulo: Áurea, 2003.
___________ Pessoas com deficiência e os desafios da inclusão. Revista
Nacional de Reabilitação, 2000. Disponível em: <
bauru.apaebrasil.org.br/arquivo.phtml?a=9453> Acesso em: 14 de abril de 2010
© Andréia Rocha Feitosa
96
Referências
SANTOS, A. R. dos. Metodologia científica: a construção do
Conhecimento. Rio de Janeiro: 6. ed. DP&A, 2004.
SCHWARZ, A. e HABER, H.. Guia Brasil Para Todos: roteiro turístico e cultural
para pessoas com deficiência – São Paulo: Áurea Editora, 2009.
SICORDI. Dados do Censo 2000 sobre deficiências no Brasil. Brasília: CORDE,
2002. Disponível em http:// www. corde. mj. gov.br Acessado em 23.09.2009.
SOCIALTEC (Fórum de Marketing Social) apresenta texto que define o conceito de
marketing social. Disponível em:
<http://www.socialtec.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1&Item
id=13> Acesso em: 22 de fevereiro de 2009.
SILVA. E. C. da; MINCIOTTI. S. A. A Aplicação do Marketing Social ao
Planejamento, Elaboração e Implementação de Políticas Públicas de Saúde:
Uma avaliação do que ocorre em São Caetano do Sul (SP). Disponível em: <
www.ead.fea.usp.br/semead/8semead/resultado/.../119.pdf>. Acesso em: 25 de
janeiro de 2010.
SCHIAVO, M. R.. Conceito e Evolução do Marketing Social.
.Disponível em: <http://www.comunicarte.com.br/midia/1999_conj_1_1.htm > Acesso
em: 26 de janeiro de 2010
SILVA, E. L. da; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de
dissertação. 3. ed. Florianópolis: Atual, 2000.
TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo:
Atlas, 1987.
UECHI, L. As várias caras da exclusão. Seção: Editorias - Categoria: Economia e
Negócios, 2009. Disponível em: <
http://www.neomondo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=76:asvarias-caras-da-exclusao&catid=56:economia-e-negocios&Itemid=59> acesso em:
26 de novembro de 2009.
VALLS, J.F. Gestão integral de destinos turísticos sustentáveis. Josep-Francesc
Valls; tradução C. Vasques e L. Wang. Rio de Janeiro: editora FGV, 2006 232p
© Andréia Rocha Feitosa
97
Referências
ZAGHENI, E.S. da S. A logística da cadeia produtiva do turismo de Joinville –
SC / Elisete Santos da Silva Zagheni: Florianópolis, 2004. Disponível em:
http://www.tede.ufsc.br/teses/PCAD0607.pdf. Acesso em: 14 de março de 2010.
ZENONE, L. C. Marketing Social. São Paulo: 1ª ed. Editora Thomson, 2006. 207 p.
© Andréia Rocha Feitosa
98
Apêndices
APÊNDICES
© Andréia Rocha Feitosa
99
Apêndices
APÊNDICE A: Questionário da Pesquisa de Campo (fase de pré-teste)
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Departamento de Ciências
Administrativas
Curso de Turismo
QUESTIONÁRIO
As contribuições do Marketing Social para a inclusão das pessoas com
deficiência no usufruto do turismo no Brasil
Meus cordiais cumprimentos.
Chamo-me Andréia Rocha e falo em nome da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Natal, com o objetivo de levantar dados para um estudo realizado pelo
Departamento de Ciências Administrativas, Curso de TURISMO, desta renomada instituição.
A sua valiosa participação será de extrema importância para o desenvolvimento
sustentável do setor turístico no Brasil. Desde já agradecemos a sua colaboração.
NOME DO ENTREVISTADO:
INSTITUIÇÃO:
CARGO:
A seguir lhe faremos algumas perguntas às perspectivas de inclusão das pessoas com
deficiência na atividade turística brasileira:
1. Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para os
direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas?
Resposta:
2. A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse publico por ações que primam pela
inserção das pessoas com deficiência no turismo?
Resposta:
3. : Quais são as principais barreiras que não permitem o Brasil se igualar aos
principais destinos turísticos?
Resposta:
4.
Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (passageiros/ turistas/
pessoas com deficiência no Brasil)?
© Andréia Rocha Feitosa
100
Apêndices
Resposta:
5. O Sr (a) acredita que há impactos positivos gerados nos destinos turísticos
preocupados com o tema da acessibilidade e inclusão? Por quê?
Resposta:
6. O Brasil, como destino, tem condições necessárias/ suficientes (infra-estrutura,
preparação dos destinos, mão-de-obra qualificada) para atender este público?
Resposta:
7. A melhoria nas condições de acessibilidade arquitetônica (infra-estrutura do destino)
e na qualidade dos serviços prestados (hospedagem, restaurantes, passeios e
transportes) influenciaria no aumento da demanda? Qual desses fatores exerce
maior influência no momento da escolha de um destino turístico como opção de
viagem e por quê?
Resposta:
8. O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa
privada (empreendedores do turismo) no que se diz respeito à locação de
investimentos voltados para atender com qualidade a demanda de pessoas com
deficiência ?
Resposta:
9. Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
Resposta:
10. O Sr (a) acredita na eficácia e eficiência das campanhas de marketing social para
sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada do
turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas
com deficiência?
Resposta:
Desde já agradecemos a sua colaboração!
© Andréia Rocha Feitosa
101
Apêndices
APÊNDICE B: Questionário da Pesquisa de Campo (fase de pós-teste)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE TURISMO
Meus cordiais cumprimentos,
Chamo-me Andréia Rocha e falo em nome da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Natal, com o propósito de levantar dados para um estudo realizado pelo
Departamento de Ciências Administrativas, Curso de TURISMO, desta renomada instituição.
O objetivo do questionário, logo abaixo, consiste em investigar como se encontra o interesse
do poder público e privado sobre a inclusão social das pessoas com deficiência nas
experiências turísticas do país. E principalmente, identificar se as técnicas e ferramentas de
Marketing Social podem induzir voluntariamente possíveis mudanças de valores e
comportamentos dos empreendedores do turismo no que tange ao comprometimento destes
em oferecer serviços acessíveis às pessoas com deficiência.
A sua valiosa participação será de extrema importância para o desenvolvimento
sustentável do setor turístico no Brasil.
QUESTIONÁRIO
TURISMO E INCLUSÃO SOCIAL: Um estudo sobre as contribuições do marketing social
para a inclusão das pessoas com deficiência no usufruto do turismo no Brasil
NOME DO ENTREVISTADO:
INSTITUIÇÃO:
CARGO:
1. Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para os
direitos das pessoas com deficiência em nível nacional? Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Resposta:
2. De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade turística no Brasil?
Resposta:
© Andréia Rocha Feitosa
102
Apêndices
3. Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como
um destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua
resposta.
Resposta:
4. O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
Resposta:
5. Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica
(adaptações em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em
infra-estrutura e na qualidade dos serviços)?
Resposta:
6. Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de
mercado promissor?
Resposta:
7. Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da
escolha de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica
(prédios públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das
empresas turísticas (infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
Resposta:
8. O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa
privada (empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de
investimentos voltados para atender com qualidade a demanda de pessoas com
deficiência ?
Resposta:
9. Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil? Justifique.
Resposta:
10. O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficiência e eficácia) das campanhas de
marketing social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a
iniciativa privada do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os
direitos das pessoas com deficiência? Justifique.
Resposta:
Desde já agradecemos à contribuição.
© Andréia Rocha Feitosa
103
Apêndices
APÊNDICE C: Questionário Eletrônico de Andréa Schwarz
NOME DO ENTREVISTADO: Sáskia Freire Lima de Castro
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: i. Social Consultoria e Responsabilidade Social LTDA
CARGO: Coordenadora-Geral de Segmentação
DATA DA ENTREGA: 03 de Fevereiro de 2010.
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Andréa Schwarz: Acredito estarem evoluindo, mas ainda atrasada com relação a outros
países. As áreas mais privilegiadas é a questão de cotas de emprego para pessoas com
deficiência.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade turística nos prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano dos destinos
turísticos do Brasil?
A.S: Pouco interesse no assunto. Ainda não despertaram para essa questão.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
A.S: Não. Ainda falta investimento em acessibilidade , como também, despreparo da rede
turística para receber pessoas com deficiência (questão atitudinal).
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
A.S: Sim. Estarão atraindo mais um público consumidor.
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
qualidade dos serviços)?
A.S: Sudeste
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
A.S: Enorme. Temos no país mais de 30 milhões de pessoas com deficiência.
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
© Andréia Rocha Feitosa
104
Apêndices
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
A.S: A melhoria nas condições de acessibilidade e atendimento com certeza aumentaria a
demanda destes turistas. Os dois fatores mencionados são importantes na escolha de um
destino, pois sem eles fica impossível da pessoa com deficiência realizar sua viagem.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
A.S: Acredito que sim. Ainda não acordaram para este público.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
M.G: Sim
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficácia e eficiência) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência?
M.G: Sim.
© Andréia Rocha Feitosa
105
Apêndices
APÊNDICE D: Questionário Eletrônico de Cristiane Ecker
NOME DO ENTREVISTADO: Cristiane Ecker
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Federação Nacional das AVAPES - FENAVAP
CARGO: Coordenadora Técnica de Acessibilidade
DATA DA ENTREGA: 10 de Março de 2010.
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Cristiane Ecker: O CONADE, a CORDE o MP têm desenvolvido várias ações, pleiteando
os direitos da pessoa com deficiência na sociedade. A área mais privilegiada é o trabalho.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade turística no Brasil?
C.E: Infelizmente o interesse público vem de cima para baixo, através de leis. Dificilmente
encontramos ações empreendedoras sem ter uma cobrança do Ministério Público.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
C.E: O Brasil ainda conta com casos isolados de atendimento ao turista deficiente. Se o país
investir, desenvolver programas e propiciar financiamentos tem uma grande projeção de
mercado.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
C.E: O benefício principal será criar uma rede de parceiros - com a liderança do Ministério
do Turismo - destinada a facilitar o desenvolvimento de projetos de turismo acessível.
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
qualidade dos serviços)?
C.E: A região das cidades de Socorro e Recife.
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
C.E: Sim, pois são mais de 25 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
© Andréia Rocha Feitosa
106
Apêndices
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
C.E: Acho que é uma mescla de infra-estrutura e capacitação do destino. O destino fica
mais humanizado para a inclusão social, causando um impacto positivo de sua imagem.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
C.E: As empresas privadas querem e só pensam em lucro, por isso divergem na questão do
investimento.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
C.E: Pode sim, mas o mercado requer qualidade e não ações de responsabilidade social,
paternalismo. O produto turístico adaptado é um negócio e não filantropia.
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficácia e eficiência) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência?
C.E: Marketing social, não. Temos que desenvolver campanhas de divulgação de uma
cadeia produtiva eficiente!
© Andréia Rocha Feitosa
107
Apêndices
APÊNDICE E: Questionário Eletrônico de Dadá Moreira
NOME DO ENTREVISTADO: Dadá Moreira
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Aventura Especial
CARGO: Presidente
DATA DA ENTREGA: 10 de Março de 2010.
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Dada Moreira: Se levarmos esse assunto para âmbito nacional essa evolução é muito
pequena, apesar de muito discutida no geral há conivência do poder publico para
descumprimento de Leis (por exemplo, emitir alvará para entidades sem acessibilidade ou
reurbanização de vias publica sem acessibilidade). Infelizmente, não vejo privilégios para
nenhum setor, apesar de avaliar a lei de cotas ter mobilizado as empresas na contratação
da pessoa com deficiência, essa atuação é bem modesta por que se escolhe entre as
deficiências quem tem o menor comprometimento, ou até mesmo a pessoa com deficiência
não quer deixar o salário mínimo oferecido pelo estado pelo salário mínimo de uma
empresa.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade arquitetônica (prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano) dos
destinos turísticos do Brasil?
D.M: Cumprimento de Lei, por que se não cumprir eu denuncio ao ministério publico. Pena
que eu não posso visitar todo o Brasil para fazer isso. Posso afirmar que não existe esse
interesse espontâneo até por que no desenvolvimento do projeto aventureiros especiais,
onde até então não existia esse nicho de mercado, tudo sempre foi muito difícil. Convencer
prefeituras, secretarias, empresários para uma visão inclusive de mercado.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
D.M: Não, o Brasil está muito longe de ser destino turístico. Vamos até Santos que tem uma
orla acessível ainda não existem hotéis e restaurantes inclusos no roteiro para a pessoa
com deficiência, se a opção for viajar até lá só poderá ficar na orla. Fora isso imagino a
dificuldade de uma mulher ir ao banheiro em qualquer situação. Imagine uma mulher com
deficiência. Ninguém quer viajar encontrar um hotel com quarto adaptado e ficar no quarto.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
© Andréia Rocha Feitosa
108
Apêndices
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
D.M: Sim. Acessibilidade não é caridade e sim um mercado. As pessoas com deficiência
trabalham e querem gastar seu dinheiro viajando, jantando num bom restaurante indo ao
shopping, cinema, danceteria motel... Por que não????
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
qualidade dos serviços)?
D.M: Nenhuma. Infelizmente. A região sudeste faz um pouco mais de barulho na mídia mas
falta ainda educar e sensibilizar a população pois uma rampa deixa de ser útil se um carro
estacionar na frente dela. Assim como uma vaga acessível deixa de ser acessível se um
analfabeto não ler a placa e estacionar ali.
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
D.M: Sim. Posso afirmar pela nossa experiência com os lugares que assessoramos o
aumento de 30% de ocupação e em hotéis a taxa de ocupação durante a semana beira os
90%.
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
D.M: Isso é muito pessoal. Por exemplo, eu não gostaria de ir a Sibéria só por que lá é
acessível. Mas posso te afirmar se eu tivesse que escolher uma praia para ir, escolheria
Santos por que sei que lá eu posso ser livre. Tem pessoas que abominam mato e água eu
adoro então ao viajar vou pesquisar um lugar que tem mato que eu posso ir e ser livre.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
D.M: Sim. Ainda não sei explicar porque se faz uma escada ou colocam-se degraus ao
passo que tudo estivesse ao nível do chão se gastaria menos material e todo mundo
poderia passar.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
D.M: Não entendi muito bem a pergunta, mas se o marketing auxilia na difusão do turismo
social lógico assim como o novo mercado de turismo de aventura especial reconhecido pelo
© Andréia Rocha Feitosa
109
Apêndices
ministério do turismo.
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficácia e eficiência) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência?
D.M: Sim, não só para divulgar como para educar e envolver a população em denunciar e
punir os infratores das leis de acessibilidade. Se o turismo é bom para que venha de fora;
imagina para os moradores locais que podem usufruir da mesma infra-estrutura. Ir ao
banco, a praça, ao correio, passear enfim, fazer tudo.
© Andréia Rocha Feitosa
110
Apêndices
APÊNDICE F: Questionário Eletrônico de Mara Gabrili
NOME DO ENTREVISTADO: Mara Gabrili
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Câmara dos Vereadores do Estado de São Paulo
CARGO: Vereadora
DATA DA ENTREGA: 08 de Fevereiro de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas?
Mara Gabrili: Por muito tempo as pessoas com deficiência foram tratadas apenas por meio
de políticas públicas de assistência social, ou seja, turismo não era um assunto que fazia
parte do nosso universo. Só por este motivo, já dá para perceber o quão lenta foi esta
evolução. Hoje, parte da sociedade já entende que, apesar das diferenças corporais ou
sensoriais, temos as mesmas necessidades e os mesmos anseios. Queremos amar, ser
amados. Queremos amigos que sejam testemunhas de nossas vidas e partilhem as deles
conosco. E por que não o direito a termos lembranças de uma viagem? Sempre adorei viajar
e isso não mudou depois do acidente. O que mudou foram os acessos.
Acabei inaugurando muitos destinos como a primeira cadeirante a ser recebida em
pousadas, hotéis e restaurantes. É certo que enfrentei algumas dificuldades, mas nunca
deixei de freqüentar lugar algum. O que posso dizer é que depois de viajar para diversos
locais, inclusive fora do Brasil, percebi que estamos muito longe de um setor turístico
acessível. Acredito que as áreas mais privilegiadas, sem dúvida, são aquelas
economicamente mais fortes. Podemos dizer que a região Sudeste e a Sul são as mais
acessíveis. Cidades como São Paulo e Curitiba possuem em certas regiões, arquitetura e
serviços acessíveis. Na nossa capital temos a Avenida Paulista, símbolo de uma das
avenidas mais acessíveis do mundo, e na capital paranaense, os ônibus possuem aviso
sonoro, um serviço que trouxe autonomia para os cegos viajarem. Parecem pequenas
coisas, mas, para uma pessoa com deficiência a diferença é enorme, pois é o que determina
ela sair de casa ou não.
© Andréia Rocha Feitosa
111
Apêndices
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse publico por ações que primam pela inserção
das pessoas com deficiência no turismo?
M.G: Infelizmente, o turismo destinado às pessoas com deficiência no Brasil está
praticamente restritos àqueles que têm dinheiro para pagar hotéis e pousados caros. O país,
em sua maior parte, ainda é carente de equipamentos acessíveis e de espaços inclusivos.
Mesmo representando um público com potencial de consumo de 1 bilhão de reais ao ano, a
pessoa com deficiência ainda não faz parte das principais ações do governo em relação a
esta área. Ou seja, o interesse ainda é muito fraco na atividade turística?
A: Quais são as principais barreiras que não permitem o Brasil se igualar aos principais
destinos turísticos?
M.G: Investimento do Poder Público e da iniciativa privada no setor do turístico acessível
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (passageiros/ turistas) pessoas
com deficiência no Brasil)?
M.G: Acredito que a faixa etária do público alvo gire em torno de pessoas com até 50 anos e
de classe média alta.
A: O Sr (a) acredita que há impactos positivos gerados nos destinos turísticos preocupados
com o tema da acessibilidade e inclusão? Por quê?
M.G: Com certeza! Como disse o público das pessoas com deficiência representa um
potencial econômico forte, além disso, há outros impactos positivos que não dizem respeito
apenas ao dinheiro, como o investimento na diversidade, no respeito às diferenças e a
cidadania. Uma sociedade só é inclusiva através de igualdade de acessos. Isso faz bem
para a imagem social de qualquer cidade turística.
A: O Brasil, como destino, tem condições necessárias/ suficientes (infra-estrutura,
preparação dos destinos, mão-de-obra qualificada) para atender este público?
M.G: Em determinados lugares sim. Aliás, em poucos lugares ainda. Falta não só infraestrutura acessível, mas também, informação clara a respeito do assunto. Muita gente,
inclusive do setor turístico, não entende as necessidades e os diferentes tipos de
deficiência. Por exemplo: adaptar um quarto para um cego é diferente de adaptar para um
cadeirante. É preciso pensar nisso também.
A: A melhoria nas condições de acessibilidade arquitetônica (infra-estrutura do destino) e na
qualidade dos serviços prestados (hospedagem, restaurantes, passeios e transportes)
© Andréia Rocha Feitosa
112
Apêndices
influenciaria no aumento da demanda? Qual desses fatores exerce maior influência no
momento da escolha de um destino turístico como opção de viagem e por quê?
M.G: É claro que se as duas condições avançarem, a demanda vai aumentar. Mas, o
primordial é o acesso. Se a infra-estrutura não for acessível à pessoa com deficiência já é
barrada antes de testar o serviço.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à locação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
M.G: Sim. E não é à toa que faltam tantos lugares acessíveis no Brasil, principalmente, no
Norte e Nordeste do nosso país.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
M.G: É claro, pois estas ações fazem com que o setor e a sociedade no geral percebam a
necessidade da pessoa com deficiência e a importância de investir e diversidade.
A: O Sr (a) acredita na eficácia e eficiência das campanhas de marketing social para
sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada do turismo
quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com deficiência?
M.G: Sim. E isso pode ser verificado nas novelas, quando há um apelo social para
determinados temas, percebemos que a sociedade no geral se sensibiliza e se vira para o
assunto.
© Andréia Rocha Feitosa
113
Apêndices
APÊNDICE G: Questionário Eletrônico de Mosana Rodrigues Cavalcanti
NOME DO ENTREVISTADO: Mosana Rodrigues Cavalcanti
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Secretaria de Turismo do Estado de Pernambuco – SETUR/PE
CARGO: Assistente Técnica em Turismo
DATA DA ENTREGA: 22 de fevereiro de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Mosana Rodrigues: não respondeu
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade arquitetônica (prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano) dos
destinos turísticos do Brasil?
M.R: Com a vinda da copa em 2014, Pernambuco está com novo olhar para esse segmento
do turismo acessível, está de certa forma falando mais no assunto.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
M.R: Não. Antes de usar cadeira de rodas viajei bastante pela Europa, ainda não somos
acessíveis e educados para lidar com as pessoas com deficiência, falta transportes,
educação, trabalho.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
M.R: Não, esse tema é razoavelmente novo e sem lugar acessível às pessoas não viajam,
se houvesse interesse dos empresários eles iriam saber que um deficiente nunca viaja
sozinho sempre acompanhado, mas não há preocupação de inclusão e acesso para todos.
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
qualidade dos serviços)?
M.R: Considero São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
M.R: Com certeza será um nicho bem promissor.
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
© Andréia Rocha Feitosa
114
Apêndices
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
M.R: Saber se tem sanitários adaptados, se os apartamentos estão dentro das normas,
bares e restaurantes acessíveis e transportes principalmente, hoje em recife não possui
nenhum táxi adaptado.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
M.R: Sim, penso que não é o público alvo deles
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
M.R: Sim.
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficácia e eficiência) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência?
M.R : Sim. Seria uma boa idéia. Se isso acontecesse, talvez mudasse a concepção dos
gestores do turismo.
© Andréia Rocha Feitosa
115
Apêndices
APÊNDICE H: Questionário Eletrônico de Rebecca M. Nunes Bezerra
NOME DO ENTREVISTADO: Rebecca Monte Nunes Bezerra
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Ministério Público
CARGO: Promotora de Justiça
DATA DA ENTREGA: 09 de Fevereiro de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Rebecca Nunes: Temos visto uma evolução das políticas públicas voltadas para os direitos
das pessoas com deficiência. Lamentavelmente, estão elas mais restrita ao âmbito da União
(Ministérios e Secretarias Especializadas). Entendo que as áreas que têm sido prioritária
são a educação e a acessibilidade.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse publico por ações que primam pela inserção
das pessoas com deficiência no turismo?
R.N: Baixíssimo.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
R.N: Não. Enquanto não houver mudança de cultura no brasileiro de que todos são iguais
em oportunidade, não tem o Brasil condições necessárias para atender a este público, pois
as iniciativas que conhecemos limitam-se a fatos isolados ou a pessoas que apenas
cumpriram de forma estrita a lei.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
R.N: Claro. A acessibilidade não só beneficia às pessoas com deficiência. Temos também
os idosos, gestantes, obesos e pessoas com limitações físicas temporárias. Ademais, a
acessibilidade também traz ganhos para as pessoas sem qualquer mobilidade reduzida
diante do conforto de propicia. Também, como já dito, o setor turístico ainda não despertou
para a fatia do mercado
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
R.N: Tal grupo ainda se limita a àqueles que têm maior espírito de aventura, pois o seu
direito de lazer ainda não é respeitado. O turista com deficiência não sabe o que ele vai
© Andréia Rocha Feitosa
116
117
Apêndices
encontrar em matéria de obstáculos.
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
R.N: Acho que não há como indicar apenas um dos fatores pois eles estão totalmente
associados.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
R.N: Sim. São pouquíssimas as iniciativas que surgiram do respeito às diferenças.
A
grande maioria surgiu apenas pela exigência legal. Na área de direitos das pessoas com
deficiência ou com mobilidade reduzida, entendo que é a falta de visão de que tais pessoas
são consumidores e, geralmente, estão cercadas de outros consumidores.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
R.N: Sem dúvida, pois estamos lidando com uma mudança cultural da população brasileira.
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficácia e eficiência) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência?
M.G: Sim.
© Andréia Rocha Feitosa
Apêndices
APÊNDICE I: Questionário Eletrônico dos Representantes da CORDE/RN
NOME DOS ENTREVISTADOS: José Gesy de Brito Sousa; Maria Antonia Melo Germano,
Louise Caroline Linhares de Freitas.
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Subcoordenadoria dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Estado do
Rio Grande do Norte – CORDE/RN
CARGO: Arquiteto e urbanista, engenheira civil, estagiária em arquitetura; respectivamente.
DATA DA ENTREGA: 10 de Fevereiro de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas?
CORDE/RN: De fato há avanços em termos de políticas públicas em defesa das PPD’S,
notadamente nas áreas de educação (inclusive esportes), trabalho e acessibilidade ao meio
físico construído.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse publico por ações que primam pela inserção
das pessoas com deficiência no turismo?
CORDE/RN: O Poder Público, principalmente o Ministério Público Estadual, tem buscado
tornar os espaços públicos acessíveis a todas as pessoas e também vem trabalhando com o
objetivo de que os estacionamentos de hospedagem, de alimentação, de compras e
entretenimento em geral possam receber todos os visitantes, independentemente de sua
condição de mobilidade.
A: Quais são as principais barreiras que não permitem o Brasil se igualar aos principais
destinos turísticos?
CORDE/RN: No que se diz respeito ao sistema de transporte e calçadas das cidades
(passeios públicos), a nosso ver, são os principais problemas enfrentados para que o país
se equipare em termos de destino turístico inclusivo às nações desenvolvidas.
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (passageiros/ turistas/ pessoas
com deficiência no Brasil)?
CORDE/RN: A incidência de turistas PPD’S, no volume total do turismo nacional ainda é
muito pequena. Intuitivamente, nos parece que o turista PPD que viaja pelo país é sempre
de um parente que acompanha a família em viagem de férias.
A: O Sr (a) acredita que há impactos positivos gerados nos destinos turísticos preocupados
com o tema da acessibilidade e inclusão? Por quê?
CORDE/RN: Pensamos que sim, tanto há pontos positivos gerados pelos destinos como
também, ficam reflexos salutares após o recebimento dos PPD’S. Quem recebe com
© Andréia Rocha Feitosa
118
Apêndices
dignidade, segurança e conforto um turista PPD, certamente terá difundido por terceiros, sua
capacidade de acomodação e hospedagem.
Para quem vê um PPD usufruindo sem
percalços de um ambiente, seja hotel, restaurante, teatro, shopping ou logradouro público
em uma cidade, também guardará uma imagem positiva deste lugar.
A: O Brasil, como destino, tem condições necessárias/ suficientes (infra-estrutura,
preparação dos destinos, mão-de-obra qualificada) para atender este público?
CORDE/RN: Infelizmente ainda não, principalmente pelos problemas levantados na
resposta 3
A: A melhoria nas condições de acessibilidade arquitetônica (infra-estrutura do destino) e na
qualidade dos serviços prestados (hospedagem, restaurantes, passeios e transportes)
influenciaria no aumento da demanda? Qual desses fatores exerce maior influência no
momento da escolha de um destino turístico como opção de viagem e por quê?
Sim, porém achamos que não é só ter capacidade de acolher o turista PPD que provocará
uma situação de ocupação 100%, há ainda a necessidade de se dar conhecimento desta
capacidade, daí entra o fator marketing.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à locação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
CORDE/RN: Também, a resistência dos empreendedores brasileiros de turismo baseia-se
numa frase fatal: “Nunca fomos procurados, ou nunca recebemos um turista PPD”.Contudo,
pode-se afirmar como contraponto que uma PPD não vai a um lugar se ela não tem certeza
se terá acesso para circular e usufruir de tal espaço.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
Sim sem nenhuma dúvida, pois as campanhas de marketing atuais são notadamente de
grande eficiência em qualquer dos seguimentos atuantes.
A: O Sr (a) acredita na eficácia e eficiência das campanhas de marketing social para
sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada do turismo
quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com deficiência?
CORDE/RN: Sim, está se tornando uma necessidade tendo em vista a atuação do Ministério
Público em fazer valer as leis que garantem os direitos aos PPD’S.
© Andréia Rocha Feitosa
119
Apêndices
APÊNDICE J: Questionário Eletrônico de Ricardo Shimosakai
NOME DO ENTREVISTADO: Ricardo Shimosakai
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Turismo Adaptado
CARGO: Diretor
DATA DA ENTREGA: 04 de março de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Ricardo Shimosakai: Em nível nacional, o que vejo sendo feito são ações de alguns
Ministérios e também por secretarias como o Conade. Não sei se pode dizer as mais
privilegiadas, mas aquelas que tem mais atenção são a educação, trabalho, saúde e direito.
O esporte, lazer e turismo vem ganhando atenção, pela própria evolução e o despertar da
pessoa com deficiência perante a sociedade.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade arquitetônica (prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano) nos
destinos turísticos do Brasil?
R.S: Prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano é uma questão da infra-estrutura
local para que a pessoa com deficiência tenha condições de se incluir na sociedade, e não
especificamente do turismo. Algumas construções específicas como hotéis, museus,
teatros, parques, etc., também devem ter essa atenção. Alguns são públicos e outros
privados. Os públicos têm obrigação de seguir normas de acessibilidade, os privados
precisamos sensibilizar os proprietários para que tomem alguma atitude para que
implantem acessibilidade no local.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
R.S: Não, pois o próprio turismo no Brasil é pouco explorado, diante ao potencial existente.
Além disso, os conceitos de inclusão e as ofertas de equipamentos de acessibilidade é bem
maior no exterior.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
R.S: Certamente, pois uma pessoa com deficiência visitando o local já é um lucro por si só,
mas geralmente ele vai acompanhado de mais pessoas, então este faturamento é
multiplicado. Além disso, a acessibilidade não serve somente a pessoas com deficiência,
mas também a idosos e pessoas com mobilidade reduzida. Praticando a inclusão, se isso
© Andréia Rocha Feitosa
120
Apêndices
for de forma ampla, se preocupando com a melhor idade, público GLS e outros; além de
ampliar o leque também estará colocando uma imagem muito mais hospitaleira perante a
sociedade, que com certeza irá responder de forma mais amistosa
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
qualidade dos serviços)?
R.S: O sudeste é a região mais acessível no Brasil, e particularmente considero a cidade de
São Paulo a mais evoluída. As principais personalidades e organizações que lutam pelos
direitos das pessoas com deficiência estão nessa região.
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
R.S: É um nicho de mercado que se explorado corretamente com certeza terá seu retorno.
Mas não é somente o turista com deficiência brasileiro, se promover a acessibilidade no
mercado turístico também irá atrair os turistas com deficiência estrangeiro.
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
R.S: Apesar de cada um ter suas dificuldades e habilidades específicas, ambos os fatores
são importantes, senão fica um roteiro incompleto. No Brasil a oferta de empresas turísticas
com serviços acessíveis ainda é muito pequena, a Turismo Adaptado é uma das únicas que
realiza esse serviço.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
R.S: Falta de interesse por vezes sim, pois temos poucos exemplos reais aqui no Brasil
para ter uma base de comparação. Porém creio que seja mais falta de informação, em
saber que existe esse segmento, ou também pela falta de conhecimento de como se
preparar.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
R.S: Sim claro, as duas estão fortemente interligadas, pois o marketing social trabalha para
a adoção de um conceito ou causa fundamentada nos direitos humanos e na equidade
social, e o turismo social pratica a atividade turística baseada em conceitos de inclusão. Os
© Andréia Rocha Feitosa
121
Apêndices
dois têm o mesmo sentido, porém em diferentes plataformas
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficácia e eficiência) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência?
R.S: Sim, qualquer iniciativa de marketing é válida, mas desde que seja feita de maneira
correta. Isso tem um efeito conjunto, pois promovendo a acessibilidade no turismo,
automaticamente se abre a conscientização da sociedade referente à acessibilidade e
inclusão no geral.
© Andréia Rocha Feitosa
122
Apêndices
APÊNDICE K: Questionário Eletrônico de Romeu Kasumi Sassaki
NOME DO ENTREVISTADO: Romeu Kasumi Sassaki
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Instituto Sociedade Inclusiva (ISI).
CARGO: Presidente
DATA DA ENTREGA: 09 de março de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional?Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Romeu K. Sassaki: Antes da adoção de políticas públicas, aconteceu a luta pela legislação
pertinente às pessoas com deficiência. Do período de 1950 a 2010 da história do
atendimento a este segmento populacional no Brasil, os primeiros 30 anos (décadas de 50,
60 e 70) foram caracterizados por uma forte preocupação com a incipiente legislação
pertinente a este segmento. As primeiras leis (federais, estaduais e municipais) foram
voltadas para as áreas de saúde, reabilitação física e profissional, educação especial e
trabalho (incluindo o emprego protegido). Somente a partir da década de 80, graças ao
impacto das ações inspiradas pelo Ano Internacional das Pessoas Deficientes (1981),
ocorreram manifestações pela formulação e execução de políticas públicas sobre os
direitos das pessoas com deficiência. As áreas contempladas por políticas públicas se
diversificaram ao longo das décadas subseqüentes até os dias de hoje. A saber: Década de
80 – plena participação na sociedade, igualdade em direitos e em dignidade. Década de 90
– educação inclusiva, trabalho decente, acessibilidade arquitetônica e comunicacional,
artes, esportes, lazer e turismo. Primeira década do século 21 – inclusão social,
equiparação de oportunidades em todas as áreas através da implantação de medidas das
acessibilidades
arquitetônica,
comunicacional,
metodológica,
instrumental,
programática e atitudinal, permeadas pela acessibilidade digital e tecnológica.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade arquitetônica (prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano) nos
destinos turísticos do Brasil?
RKS: Esse interesse público evoluiu ao longo do tempo. Na área da atividade turística,
ocorreram os mesmos fenômenos que caracterizaram as áreas de educação, trabalho,
esporte e outras. Ou seja, a exclusão, a segregação, a integração e a inclusão – nesta
ordem. No passado, começamos com a exclusão: as pessoas com deficiência não
praticavam o turismo; elas foram ignoradas. Depois, passamos para a prática da
segregação: houve atividades turísticas separadas, exclusivamente para este segmento
© Andréia Rocha Feitosa
123
Apêndices
populacional e apenas em pouquíssimos logradouros considerados utilizáveis por algumas
pessoas com deficiência que podiam enfrentar as barreiras arquitetônicas existentes, pois
não se pensava em eliminar tais obstáculos. Depois, adotamos o paradigma da integração:
houve uma evolução para o turismo adaptado, no qual algumas medidas de acessibilidade,
principalmente arquitetônica, foram implementadas para que pessoas com deficiência,
independentemente do nível de sua autonomia física, pudessem praticá-lo, individualmente
ou em grupo, ainda à parte dos turistas em geral. Já entramos no paradigma da inclusão: a
etapa mais evoluída na prática do turismo por pessoas com deficiência. Ou seja, pessoas
com e pessoas sem deficiência participando juntas nas mesmas atividades, nos mesmos
espaços e nos mesmos momentos - prática esta que exige a aplicação dos princípios do
desenho universal no processo de formulação, execução, monitoramento, avaliação e
reformulação das atividades turísticas. Mas esta inclusão está ainda na fase inicial.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
RKS: Ainda não. Continuamos com pouquíssimos lugares turisticamente acessíveis.
Levando em conta as dimensões continentais do Brasil, estamos apenas dando
continuidade ao processo de acessibilização dos logradouros e eventos de turismo, iniciado
na década de 80. O que nós temos de turismo acessível são medidas pontuais, sazonais
e de pequena abrangência para pessoas com deficiência. Não basta que tornemos
acessíveis os logradouros (acessibilidade arquitetônica); é necessário executarmos também
as demais acessibilidades (citadas na resposta à pergunta 1) em todo o entorno de cada
local: meios de transporte, hotelaria, lojas, restaurantes, aeroportos, rodoviárias, portos,
agências bancárias, cinemas, teatros, museus, centros culturais, zoológicos, aquários,
parques temáticos ou ecológicos e outros espaços de lazer, passeios e viagens. Ainda
somos iniciantes no desenvolvimento de uma cultura de redes, de sistemas.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
RKS: Sem dúvida, sim. E é esta a visão da inclusão e do desenho universal: usufruto dos
destinos com benefícios econômicos e sociais para toda a população, não apenas para
pessoas com deficiência. Medidas inclusivas são medidas includentes: o que é bom para
pessoas com deficiência é bom para as demais pessoas. Ao contrário, as medidas
integrativas ou integradoras são aquelas que beneficiam exclusivamente as pessoas com
deficiência.
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
© Andréia Rocha Feitosa
124
125
Apêndices
qualidade dos serviços)?
RKS: Não é justo e nem possível apontarmos a região brasileira que possua mais
condições para atender pessoas com deficiência em termos turísticos. Por quê? Em
primeiro lugar, nunca houve, no Brasil, políticas públicas inclusivas que tivessem injetado,
em âmbito nacional, recursos, insumos e suportes em todos os destinos turísticos. Em
segundo lugar, como foi respondido na pergunta 3, os poucos espaços turísticos
verdadeiramente acessíveis são pontuais, sazonais e de reduzido proveito para pessoas
com deficiência. Em terceiro lugar, a mídia – tanto a geral como a especializada - continua
focalizando apenas os casos isolados de superação (proeza ou coragem individual) por
parte de algumas pessoas com deficiência que, por mérito próprio, conseguiram vencer as
desafiadoras barreiras ambientais existentes em locais de turismo. Nada contra estas
pessoas, pois é ótimo que elas mostrem seu alto rendimento e, com isto, motivem outras
pessoas a enfrentar as restrições do ambiente; mas, aqui estamos falando de turismo para
todos: todos sem exceção têm direito à inclusão, por mínimo que seja o nível de autonomia
física de alguns. Em quarto lugar, as publicações (oficiais ou não) relativas ao turismo
inclusivo não trazem todos os exemplos de boas práticas que existem no imenso território
brasileiro. Este fato se torna injusto para com os exemplos não-citados e nos deixa
impossibilitados de saber qual região seria possuidora de maiores condições para oferecer
um turismo acessível.
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
RKS: Percebo uma demanda composta por pessoas com deficiência desempenhando os
seguintes papéis nas 10 interfaces: turistas (usuários de programas e locais de turismo);
trabalhadores (profissionais do turismo); empreendedores (executores de obras
turísticas); ativistas de direitos (formuladores de políticas públicas de turismo e militantes
na luta pelos direitos das pessoas com deficiência); legisladores (elaboradores de leis de
turismo); profissionais da mídia (repórteres e jornalistas que fazem cobertura sobre
turismo); educadores (professores de cursos de turismo, oficinas de capacitação etc.);
projetistas (arquitetos, engenheiros e desenhistas industriais, especializados em
construção de ambientes turísticos com desenho universal); webdesigners (especialistas
em
informação
e
comunicação
on-line
acessíveis
sobre
turismo
inclusivo);
e
pesquisadores (investigadores e estudiosos que mapeiam a realidade do turismo para
pessoas com deficiência). Estas interfaces da demanda vêm sendo preenchidas,
crescentemente, por pessoas com deficiência. Recomendo que sejam realizados
levantamentos sobre o quantitativo dessa demanda junto aos destinos turísticos do Brasil.
© Andréia Rocha Feitosa
Apêndices
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
RKS: Primeiro fator: acessibilidade em infra-estrutura. Segundo fator: acessibilidade em
serviços. Geralmente, cada pessoa com deficiência, ao escolher um destino turístico,
investiga primeiro se ele oferece infra-estrutura acessível para as suas necessidades
específicas decorrentes da deficiência que tenha. Para isso, ela utiliza todos os meios
possíveis: perguntando a quem já tenha ido a esse destino turístico, consultando
publicações, telefonando ao determinado local, navegando pela internet etc. Se a pessoa
concluir que o desejado destino turístico é inacessível para ela, esta opção de viagem será
simplesmente descartada, mesmo que a pessoa fique sabendo que o local oferece
acessibilidade em serviços. Raramente, as pessoas com deficiência adotam o processo
inverso.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
RKS: A falta de interesse de quem quer que seja (do primeiro, do segundo e do terceiro
setores da sociedade) não constitui o fator fundamental que possa impedir ou dificultar a
alocação de investimentos em turismo para pessoas com deficiência. O fator fundamental
é o desconhecimento, por parte dos três setores, sobre o potencial turístico do segmento
das pessoas com deficiência. O desconhecimento é fruto da falta de informações sobre
este potencial e da falta de convivência com este segmento. Temos testemunhos,
depoimentos e relatos de órgãos oficiais e de instituições particulares que, uma vez
informados e familiarizados sobre o potencial turístico deste segmento, passaram a investir
- com alto interesse - no chamado turismo acessível, turismo inclusivo ou turismo para
todos.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil?
RKS: Sim, desde que o marketing social seja entendido como “mais um instrumento de
difusão” e não “o instrumento de difusão”. É imprescindível trabalharmos como uma rede de
apoios, formada por parcerias e interfaces envolvendo diversos níveis dos três setores:
governos, empresas e organizações não-governamentais.
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficácia e eficiência) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
© Andréia Rocha Feitosa
126
Apêndices
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência?
RKS: É preciso deixar claro que, antes de serem eficazes e eficientes, as campanhas de
marketing social - assim como os meios de comunicação - não são automaticamente boas,
corretas e adequadas só porque são campanhas. Pois, uma campanha ruim, incorreta e
inadequada poderá, também, ser executada com eficácia e eficiência, o que seria um
desastre para o segmento das pessoas com deficiência e para a sociedade como um todo.
Portanto, devemos assegurar que as campanhas de marketing social sobre o turismo
inclusivo sejam formuladas e montadas com conteúdos bons, corretos e adequados, os
quais então deverão ser executados eficaz e eficientemente. Para que existam estas
qualidades - o bom, o correto e o adequado -, hoje se exige que o segmento das pessoas
com deficiência (público-alvo) seja consultado e ouvido, já na fase de montagem das
campanhas de marketing e, em seguida, nas fases de execução, monitoramento, avaliação
e reformulação. Hoje se pratica o lema “Nada sobre nós, sem nós”.
© Andréia Rocha Feitosa
127
Apêndices
APÊNDICE L: Questionário Eletrônico de Sáskia Freire Lima de Castro
NOME DO ENTREVISTADO: Sáskia Freire Lima de Castro
E-MAIL: Saskia
INSTITUIÇÃO: Ministério do Turismo
CARGO: Coordenadora-Geral de Segmentação
DATA DA ENTREGA: 14 de março de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional? Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Sáskia Freire Lima de Castro: Os últimos vinte anos foram marcados pela publicação da
maioria das leis e decretos que hoje existem sobre os direitos da pessoa com deficiência.
Também foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que tem
como objetivo que a sociedade civil faça o acompanhamento das políticas públicas voltadas
para a Pessoa com deficiência.
A legislação e os programas de governo se estenderam para as áreas de trabalho,
educação, saúde, turismo, porém ainda existe muito a ser feito em todas estas áreas.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade arquitetônica (prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano) nos
destinos turísticos do Brasil?
S.F.L.C: Em relação ao Ministério do Turismo, posso afirmar que desde sua criação temos
inserido o tema nas discussões com os destinos turísticos que trabalhamos nos diversos
projetos. Porém, observa-se que alguns destinos despertaram para o tema e entenderam a
importância de se pensar o turismo sem barreiras arquitetônicas ou de acessibilidade de
uma forma geral. Mas infelizmente, nem todas as leis e normas ainda são cumpridas.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
S.F.L.C: Acredito que ainda não, pois ainda temos muitas barreiras a serem vencidas. Mas
entendo que esse processo poderá ser acelerado com os eventos esportivos que vamos
sediar nos próximos seis anos. Os municípios terão que se organizar e se adaptar para
receber os turistas com deficiência e mobilidade reduzida, se quisermos ter uma copa
acessível. Para isso, estamos disseminando informações, normas e legislação acerca do
tema.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
© Andréia Rocha Feitosa
128
Apêndices
S.F.L.C: Atualmente, os destinos que têm tomado à frente nas ações de acessibilidade tem
relatado resultados positivos no aumento da demanda turística, de pessoas com ou sem
deficiência. Socorro é um grande exemplo disso. Foi um destino que se posicionou no
mercado turísticos com a imagem de destino acessível e isso tem rendido um retorno
fantástico em termos de fluxo turístico e mídia espontânea, conforme relatam os
empresários e gestores locais.
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
qualidade dos serviços)?
S.F.L.C: Não existem dados que nos permitam afirmar quais regiões estão melhor
adaptadas, existem sim empreendimentos e alguns destinos que, conforme já mencionei,
estão fazendo um trabalho muito importante neste tema.
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
S.F.L.C: O público das Pessoas com Deficiência soma, segundo o Censo do IBGE de 2000,
cerca de 25 milhões de pessoas. Sabemos que este público está cada vez mais se
inserindo no mercado de trabalho, o que lhes dar a oportunidade de renda e de períodos de
férias. Isso nos leva a crer que a demanda de pessoas com deficiência consumindo
produtos turísticos deve aumentar à medida que eles se sintam seguros em viajar, sabendo
que terão condições de acesso e autonomia, independente da deficiência que possuem. Os
destinos que se atentarem para isso, poderão absorver essa demanda, que só tende a
crescer.
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
S.F.L.C: Desconheço dados ou pesquisas que nos dêem essa resposta, mas acredito que
tem que ser o conjunto, pois o turista com deficiência precisa ter acesso à infra-estrutura
turística (meios de hospedagem, restaurantes, atrativos etc.) e precisa de pessoas
capacitadas para realizar os serviços nestes locais.
© Andréia Rocha Feitosa
129
Apêndices
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
S.F.L.C: Em geral, no Brasil os empresários costumam utilizar justificar a falta de
investimentos em acessibilidade, devido aos altos custos para as adaptações e a baixa
demanda. Mas nós sabemos que se não houve investimentos, os turistas deficientes não
buscarão aquele destino ou empreendimento. Então entendo que os empresários precisam
ser pro ativos nesta questão.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil? Justifique.
S.F.L.C: Acredito que a Gestão do Marketing Social seja uma boa estratégia para o
Turismo Social, embora não tenhamos neste Ministério nenhum projeto deste tipo.
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade das campanhas de marketing social para sensibilizar
e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada do turismo quanto ao
cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com deficiência?
Justifique.
S.F.L.C: Acredito sim.
© Andréia Rocha Feitosa
130
Apêndices
APÊNDICE M: Questionário Eletrônico de Sávio Vieira Ramos
NOME DO ENTREVISTADO: Sávio Vieira Ramos
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Araraúna Turismo e Negócios
CARGO: Consultor de Turismo
DATA DA ENTREGA: 18 de março de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional? Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Sávio Vieira Ramos: A cada dia que passa as políticas publicas envolvendo os direitos das
pessoas com deficiência ganha mais adeptos devidos os meios de comunicação que vem
sempre abordando esta temática, e com isso as pessoas que necessitam destes direitos
como um direito de ser cidadão comum vem crescendo e lhes ajudando nesta dura batalha
da acessibilidade para todos. Em minha opinião, esta bem democrático as áreas mais
privilegiadas colocadas o que esta acontecendo e que estão mal distribuídas em todas as
áreas por todo o nosso país.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade arquitetônica (prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano) nos
destinos turísticos do Brasil?
S.V. R: O interesse público pela acessibilidade do turismo acessível ainda não esta ainda
na prioridade dos empresários e dos governantes, mais com as leis e atos isolados, através
de associações, ONGs, empresários, vem ganhando espaço e mostrando a viabilidade que
este segmento do turismo acessível pode ser economicamente rentável para os
empreendimentos turísticos.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
S.V. R: Não, pois ainda não temos locais que sejam totalmente acessíveis, onde o que
compreende o sistema turístico não seja apenas o produto turístico em si, mais sim em seu
todo que lhe compreende sendo ele em cadeia: Município, população, transporte,
empreendimento, equipamentos, serviços turísticos e produtos turísticos.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
S.V. R: Sim, pois os empreendimentos aptos às praticas do turismo acessível estão sempre
em evidencia nos meios de comunicação do turismo, que primam este seguimentos e
resultam a procura deles para usufruir destes locais que são poucos em nosso país. E no
© Andréia Rocha Feitosa
131
Apêndices
aspecto social as populações e o meio social deste segmento vendo a procura e a
rentabilidade deste segmento, procura estar se qualificando para estar recebendo este
público, e com isso apresentando serviço de qualidade e que resultam em benefícios
econômicos para todo o sistema que lhe envolve.
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
qualidade dos serviços)?
S.V. R: não respondeu
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
S.V. R: Sim com certeza. Este público é um nicho de mercado promissor e já existente, e
exigente. Com o uso dos meios de comunicação que vem divulgando esses locais, e com
isso vem construindo um público para este nicho onde nele não viaja apenas pessoas com
deficiência e sim sua família, que vai onde temos locais acessíveis, vem ampliando e muito
significativamente na demanda dos locais turísticos, mostrando a preocupação dos
empreendedores destes mercados em se adaptarem e esses clientes.
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
S.V. R: Bom, no meu entender por não ser deficiente, esse fator não depende só de uma
opção na viagem e sim de um conjunto de influencia em seu destino escolhido, pois no
turismo trabalhamos com sonhos, e ser vendedor de sonhos neste caso e muito difícil
devido não termos locais totalmente acessíveis. O que vejo é que escolhemos as melhores
opções para cada tipo de deficiência e tentamos mobilizar o sistema turístico em prol do
público que estará recebendo. Porque hoje nenhum local do Brasil esta pronto para atender
uma pessoa que viaja sozinha que seja deficiente, sem ter um aviso prévio para que se
prepare para receber este cliente. Mais um dos fatores que possa influenciar a mais rogo
pelo serviço das empresas turísticas tanto na sua qualificação de serviços humanos quanto
aos locais escolhidos para acomodar este público.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
S.V. R: No contexto nacional, na minha percepção esse problema vem devido à falta de
© Andréia Rocha Feitosa
132
Apêndices
fiscalização das políticas públicas que não são utilizadas como deveriam ser, além de ter
seus direitos ter sido à tão pouco tempo reconhecidas. Onde os empreendedores se
recusam em estar intervindo em seus empreendimentos e causando transtorno em seu
ambiente neste período, e se mostram se desconhecidos pelas exigências exigidas para
receber este público.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil? Justifique.
S.V. R: Com certeza. Hoje vejo a televisão sempre em evidencia em suas novelas, debates,
programas abordando temas que mostram o tema da acessibilidade para as pessoas, e
com isso fortalecendo o marketing social e sempre se mobilizando em ações para promover
e agir em prol da acessibilidade em si, não só apenas da acessibilidade turística, mais sim
em todo o sistema que lhe envolve.
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficiência e eficácia) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência? Justifique.
S.V. R: Sim acredito, pois há 5 anos atrás quase não ouvíamos falar em acessibilidade no
turismo, hoje com tudo o que vem acontecendo em prol deste segmento, já temos leis
sendo compridas, organizações serias realizando ações que são vistas e colocadas como
exemplo para os empreendedores aplicarem nos seus empreendimentos. Sendo que hoje e
reconhecido pelo Ministério do Turismo como segmento o turismo acessível, isto e mais que
uma vitória para este nicho, e sim um comprimento dos direitos de ser cidadão.
© Andréia Rocha Feitosa
133
Apêndices
APÊNDICE N: Questionário Eletrônico de Viviane Panelli Sarraf
NOME DO ENTREVISTADO: Viviane Panelli Sarraf
E-MAIL: [email protected]
INSTITUIÇÃO: Museus Acessíveis e Fundação Dorina Nowill para Cegos
CARGO: Diretora Fundadora e Consultora de Acessibilidade Cultural
DATA DA ENTREGA: 25 de março de 2010
Andréia: Como o Sr (a) analisa o quadro de evolução das políticas públicas voltadas para
os direitos das pessoas com deficiência em nível nacional? Quais as áreas mais
privilegiadas: educação, trabalho, saúde, esporte, turismo, etc.?
Viviane Panelli Sarraf: Certamente as áreas mais beneficiadas no que diz respeito às
políticas públicas de direitos das pessoas com deficiência atualmente são: saúde,
educação, trabalho e edificações públicas. No turismo as condições são melhores que no
acesso à cultura, ainda se encontram em fase inicial, com impasses a serem superados
para o pleno exercício dos direitos de viagens e lazer cultural.
A: De que forma o Sr (a) analisa o interesse público por ações que primam pela
acessibilidade arquitetônica (prédios públicos, vias públicas e mobiliário urbano) nos
destinos turísticos do Brasil?
V.P.S: Percebo que a vontade política por parte do Ministério do Turismo moveu algumas
mudanças significativas, como programas e incentivos, mas em relação a uma política
pública
acredito
que
é
necessário
avaliar
as
práticas
existentes,
diagnosticar
problemas/entraves e elaborar planos de ação e incentivo que beneficiem em igual
quantidade e qualidade os diferentes pólos turísticos do país.
A: Em sua opinião, o Brasil pode ser considerado, assim como países da Europa, como um
destino turisticamente acessível às pessoas com deficiência? Justifique sua resposta.
V.P.S: Creio que “o Brasil” é muito extenso e diverso. Existem poucos pontos turísticos
razoavelmente acessíveis às pessoas com deficiência, mas que já podem ser considerar
uma oferta. No entanto afirmar positiva ou negativamente que o Brasil é turisticamente
acessível é muito complicado pelo tamanho e diferenças do país.
A: O Sr (a) identifica benefícios econômicos e sociais nos destinos turísticos que se
preocupam com o tema da acessibilidade e inclusão? Justifique.
V.P.S: Com certeza. A acessibilidade beneficia além das pessoas com deficiência, pessoas
com mobilidade reduzida, idosos, famílias com crianças pequenas e pessoas em
tratamentos de saúde. Com esses benefícios o interesse pelos destinos acessíveis cresce,
gerando mais impacto financeiro e conseqüentemente social para o local.
© Andréia Rocha Feitosa
134
Apêndices
A: Qual região brasileira possui mais condições de acessibilidade arquitetônica (adaptações
em espaços públicos) e acessibilidade em serviços (adaptações em infra-estrutura e na
qualidade dos serviços)?
A: Acredito que não temos uma região melhor ou pior, já que a acessibilidade no Brasil
ainda depende muito de iniciativas isoladas que se espalham de maneira heterogênea pelo
país. V.P.S: Existem algumas benfeitorias em SP, RJ, RN, CE, PE, DF, mas ainda não é
possível afirmar que os estados em questão ou região tem sua totalidade turística
acessível.
A: Qual a percepção do Sr (a) quanto ao perfil da demanda (turistas / pessoas com
deficiência) no Brasil? Este público pode ser considerado como um nicho de mercado
promissor?
V.P.S: Acredito que sim. Hoje as pessoas com deficiência estão incluídas em todas as
camadas sociais e tem poder de compra. Mas o investimento em produtos e serviços
acessíveis ainda é pequeno e restrito, muitas vezes com preços muito elevados
desencorajando esse consumidor de classes B, C e D.
A: Que fator exerce maior influência para a pessoa com deficiência no momento da escolha
de um destino turístico como opção de viagem, acessibilidade arquitetônica (prédios
públicos, vias e mobiliário urbano) ou acessibilidade nos serviços das empresas turísticas
(infra-estrutura e pessoal qualificado)? Justifique.
V.P.S: As duas coisas, são necessários
estrutura urbana, serviços e profissionais
qualificados. Uma coisa não substitui a outra quando se trata de acessibilidade.
A: O Sr (a) identifica, no contexto nacional, alguma falta de interesse da iniciativa privada
(empreendedores do turismo) no que se diz respeito à alocação de investimentos voltados
para atender com qualidade a demanda de pessoas com deficiência ?
Sim, são raros os casos de agências de turismo que invistam em viagens para destinos
acessíveis ou acessibilizados.
A: Em sua opinião, a gestão de marketing social pode ser utilizada como instrumento de
difusão do Turismo Social no Brasil? Justifique.
V.P.S: Sim, desde que a oferta corresponda a essa gestão de marketing, não frustrando a
demanda com uma oferta insuficiente. Isso é, acho que antes de divulgar é necessário
melhorar o setor.
A: O Sr (a) acredita na aplicabilidade (eficiência e eficácia) das campanhas de marketing
social para sensibilizar e conscientizar a sociedade, mais precisamente a iniciativa privada
do turismo quanto ao cumprimento de seus deveres para com os direitos das pessoas com
deficiência? Justifique.
© Andréia Rocha Feitosa
135
Apêndices
V.P.S: Sim, acredito, mas de acordo com os termos da resposta anterior.
© Andréia Rocha Feitosa
136
Anexos
ANEXOS
© Andréia Rocha Feitosa
137
Anexos
Anexo A: Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência
© Andréia Rocha Feitosa
138
Anexos
© Andréia Rocha Feitosa
139
Anexos
© Andréia Rocha Feitosa
140
Anexos
© Andréia Rocha Feitosa
141
Anexos
© Andréia Rocha Feitosa
142
Anexo B: Dicas de Relacionamento com as Pessoas com Deficiência.
143
144
145
146
147
148
149
150
Download