implantação da sistematização da assistência de

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IMPLANTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM
NO AMBULATÓRIO: UM RELATO DE EXPERIENCIA
IMPLEMENTATION OF THE NURSING CARE SYSTEMATIZATION IN THE CLINIC:
A REPORT OF EXPERIENCE
IMPLEMENTACIÓN DE LA SISTEMATIZACIÓN DE LA ASISTENCIA DE
ENFERMERÍA EN LA CLÍNICA: UN INFORME DE EXPERIENCIA
Susane de Fátima Ferreira de Castro 1
Alessandra Kelly Freire Bezerra2
Sônia Maria de Araújo Campelo3
Resumo
Trata-se de um relato de experiência, cujo objetivo é relatar a experiência da aplicação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em um Centro Integrado de Saúde de
Teresina, onde se observou os benefícios para o enfermeiro, instituição e paciente, enfocando
o acolhimento na unidade. Esta metodologia está estreitando relações entre a equipe de
enfermagem e o paciente, sendo exequível com uma ampla abordagem do profissional, para o
melhor entendimento sobre sua patologia, fatores de risco e tratamento, já que muitas vezes
sentem-se constrangidos e inibidos em perguntar aos profissionais de saúde. A SAE é um
marco essencial para a melhoria da qualidade da assistência do serviço, garantindo a
organização e realização de uma assistência com excelência e autonomia profissional. Para a
implantação do processo faz-se necessário conscientização do enfermeiro sobre sua
responsabilidade legal, aprimoramento constante do conhecimento e compromisso em
melhorar o cuidado prestado ao paciente.
Descritores: Processo de Enfermagem, Cuidados de Enfermagem, Acolhimento.
Abstract
This is an experience report, which purpose is to report the experience of the implementation
of Nursing Care Systematization (NCS) in an Integrated Health Center of Teresina, where it is
observed the benefits for the nurse, patient and institution, focusing on the refuge in the unit.
1
Enfermeira, mestre e doutoranda em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Piauí, docente da
Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – NOVAFAPI, [email protected].
2
Enfermeira intensivista pelo UNIPÓS.
3
Enfermeira intensivista, mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí e docente da Universidade
Estadual do Piauí
2
This methodology is narrowing relations between nursing staff and patient, being practicable
with a broad professional approach to a better understanding about its pathology, risk factors
and treatment, as they often feel embarrassed and inhibited by asking professionals health.
The NCS is an essential mark for the development of the quality care service, ensuring the
organization and implementation of an assistance service with excellence and professional
autonomy. For the implementation of the process it is necessary awareness of nurses about
their legal responsibility, constant improvement of knowledge and commitment to enrich
patient care.
Keywords: Nursing Process, Nursing Care, Refuge.
Resumen
Este es un informe de experiencia, cuya finalidad es dar a conocer la experiencia de la
implementación de la Sistematización de la Asistencia de Enfermería (SAE) en un Centro
Integrado de Salud de Teresina, donde se ha observado los beneficios para lo enfermero, la
institución y el paciente, centrándose en la recepción en la unidad.Esta metodología hace el
estrechamiento de las relaciones entre el personal de enfermería y el paciente, siendo factible
con un enfoque amplio del profesional para una mejor comprensión de su patología, factores
de riesgo y tratamiento, ya que muchas veces se sienten avergonzados e inhibidos por los
profesionales de la salud. El SAE es un hito fundamental para mejorar la calidad de la
asistencia de los servicios, garantizar la organización e implementación de una asistencia con
excelencia y autonomía profesional. Para la implementación del proceso es necesaria la
concienciación del enfermero acerca de su responsabilidad legal, la mejora continua de los
conocimientos y el compromiso de mejorar la atención prestada al paciente.
Descriptores: Proceso de Enfermería, Atención de Enfermería, Recepción.
1 INTRODUÇÃO
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia de
organização, planejamento e implementação da assistência prestada ao paciente, que através
de uma visão integral e holística proporciona qualidade e eficácia ao atendimento. O método
requer consciência da importância da sistematização e conhecimento acerca da temática para
identificação das necessidades individuais, resolutividade dos problemas e maior segurança e
credibilidade com o paciente, equipe e instituição. Sua aplicação deve ser pautada no
comprometimento com a humanização da assistência, compromisso com o exercício
profissional, responsabilidade e competência profissional, sendo necessário aprimoramento e
atualização dos conhecimentos para uma avaliação de qualidade e execução das
intervenções1.
3
Reforçando a importância e necessidade do planejamento de enfermagem na
assistência, o Conselho Federal de Enfermagem, com a Resolução COFEN nº 358/2009,
reforçou obrigatoriedade desta prática em instituições da saúde, públicas e privadas e insere o
técnico e auxiliar na execução do processo, sob a supervisão e orientação do enfermeiro. O
processo de enfermagem deve ocorrer de modo deliberado e sistemático, baseado em um
suporte teórico que oriente a coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento das
ações, intervenções de enfermagem, e avaliação dos resultados alcançados 2.
Esta metodologia da assistência permite ao profissional a aplicação dos conhecimentos
científicos e o desenvolvimento de seu potencial, uma vez que este tem autonomia para
avaliar, tomar decisões e estabelecer parâmetros de resultados de qualidade 1. O processo
oferece subsídios para o desenvolvimento de metodologias interdisciplinares e humanizadas
de cuidado, com uma assistência qualificada, comprometida em seu papel social, permitindo a
elaboração de diagnósticos das necessidades individuais, planejamento e implementação da
assistência, com responsabilidade e respaldo profissional3.
Dessa forma, a sistematização do cuidado implica para o enfermeiro no
reconhecimento e valorização profissional, perante instituição, equipe profissional e
sociedade. O atendimento focado na integralidade e humanização torna sua presença essencial
para a instituição de saúde, garante melhor atendimento das necessidades do usuário e
proporciona satisfação profissional.
Entretanto, a sistematização ainda não é uma rotina em muitas instituições, em virtude
do enfermeiro priorizar as atividades administrativas e o tecnicismo durante o cuidado,
tornando uma assistência limitada, desorganizada, deficiente e que desconsidera aspectos
emocionais e individuais do paciente. Esta conduta está provocando distanciamento do
enfermeiro para suas atribuições específicas e compromete a assistência integral ao cliente. A
ausência de vínculo entre profissional e cliente interfere na identificação das necessidades
individuais e impede a avaliação da assistência prestada4.
Pesquisa em Hospital Universitário de Sergipe constatou que o enfermeiro tem
conhecimento sobre a filosofia da prática de enfermagem, baseada na assistência às
necessidades humanas básicas e na visão holística, no entanto a prática diária não condiz com
sua percepção, predominando o tecnicismo4. Este fato pode está relacionado com falta de
condições de trabalho; desmotivação profissional; condições inadequadas de serviço; falta de
estrutura e recursos humanos; além da sobrecarga profissional, que gera dificuldade na
aplicação da SAE.
4
Dentro desse contexto, a participação da instituição e gerência de enfermagem são
fatores determinantes para a implantação da SAE, por proporcionarem estímulo profissional,
estrutura organizacional, metas do serviço e liderança, que são fatores decisivos para sua
realização1.
Modelos de gestão orientados pela perspectiva da qualidade geram organização do
trabalho e dos recursos humanos de enfermagem. Dessa forma, a implantação da SAE requer
habilidades gerenciais e assistenciais que devem ser implantadas gradualmente, devendo-se
considerar o perfil do usuário, a qualidade da assistência e as características da equipe e do
ambiente. Portanto, o enfermeiro precisa conhecer o ambiente em que o cuidado está inserido,
identificando as fragilidades e as potencialidades do setor com o objetivo de melhor organizálo e possibilitar que a enfermagem sistematize suas atividades e atue mais efetivamente no
cuidado ao cliente5.
Diante do exposto foi estabelecido como objetivo, relatar a experiência da aplicação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem em um Centro Integrado de Saúde de Teresina,
onde se observou os benefícios para o enfermeiro, instituição e paciente, enfocando o
acolhimento na unidade.
2 PERCURSO METODOLÓGICO
O cenário do estudo foi o Centro Integrado de Saúde (CIS) – NOVAFAPI,
ambulatório escola que atende usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), prestando um
atendimento integral e multiprofissional. A clínica é composta por uma equipe qualificada e
oferece serviços de Fisioterapia, Odontologia, Fonoaudiologia, Biomedicina, Medicina,
Educação Física, Assistência Social e Enfermagem.
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) teve início com a implantação
da Gestão do Serviço de Enfermagem no CIS, que buscava um novo contorno da visão
humanística e integral ao usuário do serviço, agregado a elaboração de um protocolo de
acolhimento do paciente. Esta etapa é breve e objetiva, no entanto é essencial por permitir
estreitamento da relação enfermeiro-paciente e identificação das reais necessidades do
mesmo.
Visando a realização do acolhimento de todos os pacientes do serviço foi elaborado
um projeto de extensão com acadêmicos de enfermagem, durante os dias úteis, turno manhã e
tarde sob a supervisão das enfermeiras do setor. O projeto proporciona ao acadêmico de
5
enfermagem a oportunidade de aplicar os conhecimentos teórico-práticos, minimizando a
assistência tecnicista e valorizando os aspectos individuais e emocionais do paciente.
Para implantação da SAE no serviço foram elaborados protocolos padrões para
registros e respaldo das intervenções de enfermagem, considerando-se as particularidades do serviço
de saúde e do paciente.
A Ficha de Triagem (Histórico de Enfermagem) é composta por questionamentos
referentes à situação sócio-econômica, fatores de risco para doenças cardiovasculares,
histórico familiar, alimentação, imunização, uso de medicamento, avaliação médica anual,
queixa principal e exame físico. Com os dados é possível julgar clinicamente as respostas
evidenciadas do cliente e as possíveis intervenções de enfermagem. A partir desta acurácia da
situação de saúde do paciente, este será direcionado para uma consulta de enfermagem e
possíveis especialidades necessárias, ofertando melhoria da qualidade de vida e resolutividade
dos problemas identificados.
As consultas de enfermagem são realizadas através de uma avaliação completa e
criteriosa, avaliando a situação social, emocional, espiritual e fisiológica do paciente, não
apenas a queixa principal.
3 RELATO DE EXPERIÊNCIA
O processo de atendimento inicia-se com o acolhimento do paciente pelos acadêmicos
de enfermagem do 1° período, que através de uma abordagem acolhedora e humanizada
fornecem informações sobre os serviços oferecidos no ambulatório, orientam sobre a
marcação de consultas e encaminham para a avaliação com equipe de enfermagem. A equipe
é composta por enfermeiras e acadêmicos de enfermagem do 6° e 7° períodos, que orientadas
por um protocolo de atendimento, realizam uma avaliação inicial breve para a identificação
das necessidades do paciente, aplicação da sistematização da assistência e direcionamento
para as especialidades de saúde, inclusive para a consulta de enfermagem.
Esta metodologia aproxima e torna o paciente participativo das ações de enfermagem,
devido à formação de vínculo, sendo possível a elaboração do diagnóstico e planejamento da
assistência de enfermagem, além da realização de atividades de educação em saúde e
orientações quanto ao estado de saúde-doença.
O paciente ao procurar um serviço de saúde busca interação com o profissional de
forma a ser atendido com interesse, consideração e respeito, não focado apenas na resolução
6
da sua enfermidade. Esta conduta possibilita satisfação do usuário, maior adesão ao
tratamento, melhora do quadro clínico e maior autonomia6.
Esta atuação está estreitando relações entre a equipe de enfermagem e o paciente,
sendo exequível com uma ampla abordagem do profissional, para o melhor entendimento
sobre sua patologia, fatores de risco e tratamento, já que muitas vezes sentem-se
constrangidos e inibidos em perguntar aos profissionais de saúde.
A SAE é um marco essencial para a melhoria da qualidade da assistência do serviço,
com uma atenção sistemática, planejada, avaliada e gerenciada pelo enfermeiro. Assim, a
consulta de enfermagem inserida neste cenário possui uma visão holística, buscando
identificar as necessidades espirituais, sociais, psicológicas e fisiológicas do paciente, sendo
possível a realização de educação em saúde para melhoria da qualidade de vida e bem estar do
mesmo7.
Apesar dos benefícios da implantação do processo de enfermagem ao paciente,
estímulo e apoio da Instituição e da Gestão de Enfermagem, surgiram algumas dificuldades,
referentes à equipe médica e ao usuário do serviço, mas que não inviabilizaram a implantação
da sistematização.
A abordagem do paciente antecedendo a consulta médica é uma estratégia para a
identificação de alterações e intervenção rápida da equipe de saúde, no entanto inicialmente a
equipe médica mostrou-se não colaborativa, referindo atraso das consultas médicas e
desvalorização da coleta de dados. Com a constatação que o processo não interfere no horário
das consultas e que possibilita a identificação de alterações do quadro de saúde do paciente, a
equipe está se tornando participativa, ocorrendo integração multiprofissional.
Quanto ao usuário do serviço, à resistência surgiu devido à falta de conhecimento da
prática, fator compreensível uma vez que esta rotina não é comum em ambulatórios. Sendo
questionada a preocupação com o atraso do atendimento médico e falta de tempo do usuário.
Entretanto, por ser regra da instituição, e pelo reconhecimento da assistência qualificada e
integralista o paciente tornou-se receptivo e até exigente quanto à realização da prática,
sugerindo a realização da avaliação inclusive no acompanhante.
Com a valorização das consultas de enfermagem pelos profissionais da saúde e
usuários do serviço, esta prática está se tornando mais solicitada, situação favorecida pela
disponibilidade de um atendimento qualificado, integral e multidisciplinar e pelo
credenciamento das enfermeiras da CIS na rede do SUS.
O cadastramento das enfermeiras tornou as consultas acessíveis, possibilitando uma
avaliação criteriosa da saúde, garantindo a resolutividade dos problemas através de
7
orientações, solicitação de exames e direcionamento para as especialidades que competem ao
enfermeiro. Esta atividade, respaldada por lei, contribui de forma relevante para a conquista
do respeito do usuário e reconhecimento por parte dos próprios profissionais de saúde 7.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência mostrou viabilidade da implantação da Sistematização da Assistência de
Enfermagem no ambulatório. Esta prática garante a organização e realização de uma
assistência com excelência, possibilitando autonomia e valorização profissional.
Com cumprimento da resolução imposta legalmente pelo COFEN, a assistência de
enfermagem do CIS tornou-se referência, sendo solicitada à equipe de enfermagem a
implantação desta metodologia em um ambulatório público do estado.
Portanto, para a implantação do processo faz-se necessário conscientização do
enfermeiro sobre sua responsabilidade legal; aprimoramento constante do conhecimento, que
refletirá na qualidade da assistência; e compromisso em melhorar o cuidado prestado ao
paciente.
REFERÊNCIAS
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prática da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Rev Esc Enferm USP. [periódico
na internet] 2010 nov. [acesso em may 10]; 45 (4): [aproximadamente 5p.]. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n4/v45n4a23.pdf
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da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em
ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e
dá outras providências [internet]. Brasília, 2009 [citado 2012 maio 30]. Disponível em:
http://site.portalcofen.gov.br/node/4384
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sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem: da teoria à prática. Ver Esc Enfer
USP. [periódico na internet] 2011 abr. [acesso em 2012 may 12]; 45 (6) [aproximadamente
6p]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n6/v45n6a15.pdf.
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[acesso em 2012 may 12]; 58(3) [aproximadamente 4 p.]. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n3/a02v58n3.pdf
8
5. Tannure MC, Pinheiro AM. SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem: Guia
Prático. 2 ed. [Reim.] - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
6. Monteiro RFC, Silva AR, Soares DC. Acolhimento na Unidade Básica de Saúde: Um
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http://www.sispnh.com.br/anais/trabalhos/ACOLHIMENTO_UNIDADE_BICA_SE.pdf
7. Kubo CH, Ribeiro PJ, Aguiar LAK, Toledo CF, Barros SMO, Borges DR. Construção e
Implementação de ações de enfermagem em ambulatório de gastroenterologia. Rev Latinoam Enfermagem [periódico na internet], 2003 nov-dez. [acesso em 2012 abril 10]. 11(6):
[aproximadamente 6 p.].Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v11n6/v11n6a17.pdf
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