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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - BACHARELADO
FRANCIELLE GONÇALVES MINA
Garcinia gardneriana (PLANCH. ET TRIANA) ZAPPI (CLUSIACEAE)
NA FLORESTA ATLÂNTICA: ASPECTOS ECOLÓGICOS, USO
TRADICIONAL E BIOPROSPECÇÃO NO EFEITO
ANTIINFLAMATÓRIO
CRICIÚMA, 2010
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FRANCIELLE GONÇALVES MINA
Garcinia gardneriana (PLANCH. ET TRIANA) ZAPPI (CLUSIACEAE)
NA FLORESTA ATLÂNTICA: ASPECTOS ECOLÓGICOS, USO
TRADICIONAL E BIOPROSPECÇÃO NO EFEITO
ANTIINFLAMATÓRIO
Trabalho de Conclusão do Curso apresentado para
obtenção do grau de Bacharel no Curso de Ciências
Biológicas da Universidade do Extremo Sul
Catarinense, UNESC.
Orientadora: Profa. Dra. Vanilde Citadini-Zanette
Co-orientador: Dr. Felipe Dal-Pizzol
CRICIÚMA, 2010
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"De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto, devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro... "
Fernando Pessoa
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero agradecer a Deus, por sempre me dar forças diante dos
obstáculos, por sempre iluminar meu caminho, me fazendo persistir, e mesmo quando os dias
pareciam obscuros, sempre trazendo esperanças de um amanhã melhor, sempre na alma a
certeza da vitória.
Agradecer aos meus pais Jorge Mina e Rosa Mina, sempre incentivando e acreditando nos
meus objetivos, nunca desistiram de mim e dos meus sonhos.
Agradeço aos meus irmãos, pela amizade e confiança que sempre tivemos uns aos outros,
onde assim formamos uma família unida, linda!!
Agradecer ao Prof. Dr. Felipe Dal-Pizzol, pelo incentivo e oportunidade na pesquisa, me
privilegiando com toda sua experiência.
Agradecer a minha professora e orientadora Dra. Vanilde Citadini-Zanette, pela sábia
orientação e paciência, depositando em mim confiança e credibilidade, sinto-me honrada por
estar ao seu lado.
Agradeço a Fabricia Petronilho, pela super, mega, power, amizade, confiança. É um prazer
inenarrável estar ao seu lado, e poder dispor de todo seu conhecimento, experiência, carinho,
confiança. Admiro-te pela pessoa, por sua simplicidade, sempre solícita a qualquer momento.
A você, minha eterna gratidão.
Aos colegas;
Taiara, sempre fazendo parte em muitos momentos, onde muito chorei e muito sorri. Com
você fique certo que jamais falhei, pois você sempre ali ao meu lado. Obrigada pela imensa
amizade.
Tuane sempre disposta a tudo, sempre ao meu lado, em muitos filmes, pipocas, (kkkk).
Enorme gratidão ter você ao meu lado. Com você ganhei muita força me tornando muito
maior.
Fabíola, amizade eterna, risonha, já foi e sempre será meu alicerce. Não há bem maior que sua
amizade.
Daí e Dioneia, unidas nesses quatros, muitos trabalhos e muitas risadas. A vida nos separa,
mas amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir.
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As meninas do Lab: Lara, Cris (já me deram muitos conselhos, e muito conhecimento),
Francine (já rimos muito), Fran vuolo (companheira).
Amanda: essa amizade não tem palavras, simplesmente é amizade: aquela que nos ampara
nos momentos difíceis, que nos crítica nos erros e fraquezas. Vlw amandinha... por sempre
estar ao meu lado.
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RESUMO
Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi (CLUSIACEAE), planta nativa da Mata
Atlântica, conhecida como bacupari, é usada na medicina popular para processos
inflamatórios, infecções, dores, inchaço. Recentes trabalhos demonstram a presença de
flavonóides, que possuem ação antiinflamatória. No presente estudo, investigamos aspectos
ecológicos, uso tradicional e bioprospecção no efeito antiinflamatório de G. garderiana. O
bacupari é uma árvore frutífera de pequeno porte, regularmente cultivada em pomares
domésticos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo comum em seu habitat natural na
Floresta Amazônica de terra firme e na Mata Atlântica, crescendo no interior da mata à
sombra do dossel. Para o uso tradicional, foi realizado entrevistas/questionário, com
levantamento de dados sobre o perfil das agentes entrevistadas integrantes da equipe da
Pastoral da Saúde Regional Sul IV da Diocese de Criciúma, Santa Catarina, que detém
informações etnobotânicas sobre a planta medicinal em questão. Para a bioprospecção no
efeito antiinflamatório foi realizado o modelo de inflamação pleurisia induzida por
carragenina, onde foi administrado 0,2 mL (v.o) do extrato bruto da folha e da casca do fruto
de G. gardneriana, no tratamento crônico e agudo. A atividade antiinflamatória foi mesurada
pela presença de citocinas pró-inflamatória, TNF-α, atividade de Mieloperoxidase (MPO),
concentração de Nitrito/Nitrato (NO) e Lactato Desidrogenase (LDH). Em nossos estudos
mostramos o extrato da casca do fruto diminuiu a inflamação, sendo mais significativo no
tratamento crônico, pois com administrações sucessivas pode-se ter uma redução dos
mediadores envolvidos na resposta. Tais evidências obtidas neste trabalho dão suporte ao uso
popular de G. gardneriana no tratamento da inflamação, através da regulação dos mediadores
envolvidos na resposta, servindo no futuro como um potencial fitomedicamento.
Palavras-chave: Bacupari; uso tradicional; flavonóides; inflamação
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Detalhe de um ramo florífero de Garcinia gardneriana .........................................14
Figura 2: Detalhe da folha e flor masculina.............................................................................15
Figura 3: Estrutura básica dos flavonóides...............................................................................16
Figura 4: A- Detalhe da folha de Garcinia gardneriana; B- Aspecto geral das folhas da
planta coletada para estudo no município de Turvo................................................................24
Figura 5: Atividade Mieloperoxidase (MPO), tratamento crônico...........................................33
Figura 6: Atividade Mieloperoxidase (MPO), tratamento agudo.............................................33
Figura 7: Concentração de TNF-α no tratamento crônico........................................................34
Figura 8: Concentração de TNF-α tratamento agudo................................................................35
Figura 9: Concentração de Nitrito/Nitrato, tratamento crônico................................................36
Figura 10: Concentração de Nitrito/Nitrato, tratamento agudo................................................37
Figura 11:Atividade Lactato Desidrogenase (LDH), tratamento crônico.................................37
Figura 12:Atividade Lactato Desidrogenase (LDH), tratamento agudo...................................38
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Perfil das Agentes/Treinadoras da Pastoral da Saúde............................................28
Tabela 02: Comparativo entre idade das Agentes da Pastoral da Saúde, tempo que
trabalham/indicam Plantas Medicinais e atuam na Pastoral da Saúde......................................29
Tabela 03: Comparativo do uso da planta individual ou em conjunto com outras plantas.....30
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11
1.1 MATA ATLÂNTICA: aspectos gerais................................................................ 12
1.2 Plantas medicinais e o meio ambiente...................................................................14
1.3 Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi – ..............................................14
1.3.1 Aspectos gerais e ocorrência ..............................................................................14
1.3.2 Aspectos químicos e farmacológicos ..................................................................15
1.3.3 Inflamação: resposta inflamatória .....................................................................17
1.3.4 Mediadores inflamatórios ...................................................................................17
1.3.5 Citocinas ...............................................................................................................17
1.3.6 Mieloperoxidase ..................................................................................................18
1.3.7 Oxido Nitrico ........................................................................................................18
1.3.8 Lactato Desidrogenase.........................................................................................19
1.3.9 Modelo de Inflamação..........................................................................................19
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................21
2.1 Objetivo geral ..........................................................................................................21
2.2 Objetivos específicos ...............................................................................................21
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................22
3.1 Estudo etnobotânico ..........................................................................................22
3.1.1 Definição da planta..........................................................................................22
3.1.2 Elaboração do questionário/entrevista..........................................................22
3.1.3 Seleção das agentes a serem entrevistadas ....................................................22
3.1.4 Aplicação do questionário/entrevista ............................................................23
3.1.5 Compilação e análise dos resultados obtidos.................................................23
3.1.6 Coleta de material botânico e aspectos ecológicos........................................23
3.2 Estudo farmacológico.........................................................................................24
3.2.1 Extrato .............................................................................................................24
3.2.2 Animais e protocolo de indução de pleurisia ................................................25
3.2.3 Mieloperoxidase...............................................................................................26
3.2.4 Análise de citocinas .........................................................................................26
3.2.5 Oxido Nitrico....................................................................................................26
3.2.6. Lactato Desidrogenase ...................................................................................27
3.2.7 Análise Estatísticas..........................................................................................27
10
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................28
4.1 Estudo etnobotânico .............................................................................................28
4.2Estudo farmacológico.............................................................................................32
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................40
6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 41
7 ANEXOS...............................................................................................................................47
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Mata Atlântica: aspectos gerais
O bioma da Mata Atlântica é um complexo de ecossistemas de grande
importância, pois abriga significativa parcela da diversidade biológica do Brasil e do mundo.
Os altos níveis de riqueza e endemismo, associados à destruição sofrida no passado, incluíram
a Floresta Atlântica definitivamente no cenário mundial como um dos 34 hostspots de
biodiversidade (MITTERMEIER et al. 2004). Os hotspots, que representam somente 1,4% da
superfície terrestre, são regiões de elevada riqueza biológica, abrigam a maior parte da
biodiversidade do planeta e estão sob alto grau de ameaça com 70% ou mais da vegetação
original destruída (BACKES; IRGANG, 2004).
A Mata Atlântica é considerada como um conjunto de ecossistemas com maior
biodiversidade do planeta, detendo 22 a 24% da flora global e 33 a 36% da flora brasileira
(SCHÄFFER; PROCHNOW, 2004). É uma floresta tropical distribuída ao longo do litoral
brasileiro, numa faixa que vai da região nordeste à região sul. Na região leste do Brasil, que
sofre a influencia do oceano atlântico, é onde ocorre a Mata Atlântica stricto sensu
(BACKES; IRGANG, 2004). Calcula-se que sua área original cobria entre 1.300.000 a
1.500.000 km², estendendo-se por mais de 3.300 km ao longo da costa leste do Brasil
(MORELATTO; HADDAD, 2000). Áreas florestais mais continentais e outras adjuntas
inseridas como encraves no Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa também são consideradas
como pertencentes ao Domínio Floresta Atlântica (IBGE, 2008).
O bioma Mata Atlântica compreende um conjunto de formações florestais e
ecossistemas associados que incluem a “Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila
Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estadual Semidecidual, Floresta Estacional
Decidual, os Manguezais, as Restingas, os Campos de Altitude, e os Brejos interioranos e
encraves florestais do Nordeste” (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2004). A riqueza da Floresta
Atlântica foi estimada por Myers et al. (2000) em 20 mil espécies de plantas vasculares, sendo
oito mil (40%) endêmicas. Nas duas últimas décadas, mais de mil novas espécies de
angiospermas foram descobertas, o que representa 42% do total descrito para o Brasil neste
período (SOBRAL; STEHMANN, 2009). No entanto, dados mais atuais indicam que restam
cerca de 11% da vegetação original (RIBEIRO et al. 2009), distribuída em fragmentos
florestais de tamanho reduzido (<100 ha), biologicamente empobrecidos e cuja restauração
12
poderia levar centenas de anos (LIEBSCH et al., 2008). Ressalta-se que a Mata Atlântica é o
segundo ecossistema ameaçado em extinção, perdendo apenas as quase extintas florestas da
ilha de Madagascar na costa da África. Segundo Morellato; Haddad (2000), os últimos
remanescentes de floresta ainda se encontram sob intensa pressão antrópica e risco iminente
de extinção.
No domínio da Mata Atlântica os fragmentos com cobertura florestal secundária
predominam em toda sua extensão, refletindo um processo de ocupação e exploração
ordenada (SIMÕES, 2003). Sendo assim a Mata Atlântica brasileira encontra-se com
pouquíssimos e minúsculos fragmentos florestais que são quase imperceptíveis. Apesar da
devastação acentuada a Mata Atlântica abriga ainda uma parcela significativa de
biodiversidade. De acordo com Backes; Irgang (2004) a riqueza pontual é tão expressiva que
os dois maiores recordes mundiais de diversidade botânica para as plantas lenhosas foram
registrados nesse bioma, 454 espécies em um único hectare do sul da Bahia. Proteger e
preservar a Mata atlântica é uma medida de extrema urgência, pois desmatar essas regiões
florestais é retirar milhares de seres vivos do seu habitat natural e perder toda a riqueza
encontrada de substâncias químicas bioativas em suas espécies vegetais que poderão servir
como futuros fitomedicamentos.
1.2 Plantas medicinais e o meio ambiente
O conhecimento do reino vegetal apresenta ampla variedade de novas substâncias
com alto potencial fitoterapêutico que podem auxiliar em várias enfermidades e tratamentos.
A biodiversidade pode ser analisada pelo seu papel evolutivo, ecológico ou como recurso
biológico. De acordo com Léveque (1999) sob o termo “recursos biológicos” identificamos os
componentes da biodiversidade que têm utilização direta, indireta ou potencial para a
humanidade.
O consumo de plantas medicinais para o tratamento de inúmeras doenças é
passado de geração em geração, como tradição familiar, conhecido comumente como
“medicina popular”. O consumo de fitoterápicos vem crescendo no Brasil à razão de 20%
anuais, segundo informação do Laboratório Herbarium (SIMÕES, 2003). Segundo o
professor João Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina, “acredita-se que o
consumo de plantas medicinais represente 10% do mercado mundial, que é quase US$ 14
bilhões anuais” (SIMÕES, 2003). O conhecimento da medicina popular é, muitas vezes
13
embasado em conhecimentos indígenas, comunidades tradicionais, que aprimora o saber da
biodiversidade das florestas, auxiliando na pesquisa e descoberta de novos medicamentos.
Nas últimas décadas, houve uma crescente valorização no uso de plantas
medicinais. Este fenômeno pode ser exemplificado por três fatores (SIMÕES, 2003):
“a) a crescente aceitação do consumidor por medicamentos feitos a partir de plantas,
por causa do sentimento, nem sempre justificado, de que tudo o que vem da natureza
é mais seguro, saudável e ecologicamente correto do que os produtos sintéticos;
b) um renovado interesse da indústria farmacêutica na busca de compostos naturais
que possuam atividade farmacológica, por causa de sua aceitação por parte dos
usuários e também dos menores custos envolvidos na pesquisa e no
desenvolvimento de um novo produto obtido a partir de plantas;
c) a pesquisa científica validando o uso de inúmeras plantas usadas popularmente e
sendo incorporadas às farmacopéias de cada país, criando condições legais para que
possam ser oficialmente transformadas em medicamentos por farmacêuticos e
receitadas por médicos.”
A procura dessas plantas medicinais aumenta os riscos de destruição do nicho
ecológico de várias espécies, podendo levar a perda da variabilidade genética, colocando em
risco a sobrevivência de muitas espécies medicinais nativas. Segundo Simões (2003) no caso
da Mata Atlântica, isso já aconteceu com as espécies Psychotria ipecacuanha (ipeca), Ocotea
odorifera (sassafrás), e vem acontecendo com Maytenus ilicifolia (espinheira-santa) e Pfaffia
paniculata (ginseng-brasileiro). Nos últimos anos a preservação ambiental tornou-se a
preocupação do planeta e podemos ter alguns problemas decorrentes da perda dos
ecossistemas, tais como – perda da fauna e da flora, incluindo a perda de conhecimentos sobre
essas espécies e de seus potenciais produtos, empobrecimento do solo, alterações climáticas,
comprometimento do abastecimento de água, entre outros (DI STASI, 2002).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população dos
países em desenvolvimento utilizam práticas com plantas medicinais nos cuidados básicos de
saúde. Deste universo, 85% utilizam plantas ou preparados. Sendo assim, a OMS ainda
reforça o compromisso de estimular o desenvolvimento de políticas públicas com o objetivo
de inseri-las no sistema oficial de saúde, pois são distribuídas mundialmente, porém mais
diversificadas em países tropicais. O alto custo dos remédios fabricados pela indústria
farmacêutica, a dificuldade em se obter assistência médica e farmacêutica de qualidade e a
própria confiança e aceitação da população nos produtos naturais, estão expandindo o
processo de utilização de plantas medicinais na terapêutica e na cosmetologia (CORRÊA;
BATISTA; QUINTAS 1998).
14
1.3 Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi
1.3.1 Aspectos gerais e ocorrência
Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi pertence à família Clusiaceae ou
Guttiferae (nom.conserv.) e à ordem Malpighiales (APG III, 2009) é conhecida popularmente
como bacupari ou bacopari (Figura 1). Pode ser encontrada na literatura botânica como
Rheedia gardneriana Planch. & Triana (DI STASI, 2002). É utilizada na medicina tradicional
para várias patologias como infecções, inflamações e processos dolorosos. Clusiaceae foi
descrita por Antoine Laurent de Jussieu e compreende aproximadamente 1.370 espécies (DI
STASI, 2002). Segundo este autor, no Brasil ocorrem 21 gêneros, com aproximadamente 31
espécies com ampla distribuição por todo o território. Encontram-se nesses gêneros
importância econômica para a produção de madeiras, óleos essenciais e resinas.
Figura 1: Detalhe de um ramo florífero de Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi.
Fonte: SOUZA; LORENZI (2005).
O bacupari é uma árvore frutífera de pequeno porte, regularmente cultivada em
pomares domésticos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo comum em seu habitat natural
na Floresta Amazônica de terra firme e na Mata Atlântica (LORENZI, 2006), crescendo no
interior da mata à sombra do dossel. Possui madeira pesada, de 870 kg/m³, usada como cabo
para ferramentas e como moirões de cerca. Como medicinal é usada contra afecções do
aparelho urinário (BACKS; IRGANG, 2004).
15
É uma árvore perenifólia de ramos ascendentes e copa densa, de 5-10 m de altura.
Folhas simples, cartáceas, glabras, de 6-15 cm de comprimento. Flores de até 1 cm de
diâmetro, tetrâmeras, branco-esverdeadas (Figura 2), frutos do tipo baga, de forma elíptica,
amarelos, de até 5 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro (BACKS; IRGANG, 2004;
LORENZI, 2006).
A floração ocorre nos meses de junho a janeiro, frutificando nos meses de
novembro a maio. É uma espécie climácica, bem distribuída no interior de ecossistemas
florestais, sendo também muito ornamental, especialmente quando carregada com seus frutos
amarelos (BACKS; IRGANG, 2004).
Figura 2: Detalhe da folha e flor masculina Fonte: LIMA; BRUNI (1999).
1.3.2 Aspectos químicos e farmacológicos
Nas últimas décadas vários estudos tentam demonstrar o papel dos flavonóides de
plantas medicinais, em várias patologias humanas. Os flavonóides pertencem a um grande
grupo de substâncias químicas caracterizados pela presença de carbono C3-C6-C3 e são
encontrados em vegetais. São polifenóis, ou seja, possuem um ou mais núcleos aromáticos
contendo substituintes hidroxilados e/ou seus derivados funcionais. A estrutura padrão da
maioria dos flavonóides é composta por 15 átomos de carbono (C) em seu núcleo
fundamental, constituindo de duas fenilas ligadas por uma cadeia de três carbonos entre elas
(Figura 3). Nos compostos tricíclicos, as unidades são chamadas núcleos A, B e C
(ZUANAZZI; MONTANHA, 2004).
16
Figura 3: Estrutura básica dos flavonóides (SUGIHARA et al., 1999)
Recentes estudos fitoquímicos com folhas e cascas do tronco de Garcinia
gardneriana revelaram a presença de flavonóides como os “volkensiflavon, fukugetina
(moreloflavona) (CECHINEL-FILHO et al., 2000), fukugesida, (LUZZI et al., 1997) e I3naringenina-II8-4’-OMe-eriodictiol (GB-2a-II-4’-Ome)” (CECHINEL-FILHO et al., 2000).
Cechinel-Filho et al. (2000) em estudo fitoquímico orientado para o isolamento de
substâncias com efeitos analgésicos possibilitou o isolamento de 4 biflavonóides,
identificados como volkensiflavona (1), fukugetina ou morelloflavona (2), fukugesida (3) e
GB-2a (4). Estes compostos, especialmente o primeiro, apresentaram considerável efeito
analgésico. Segundo estes autores os flavonóides (volkensiflavona, I3-naringenina-II8eriodictiol (GB50-2a), GB-1a, fukugetina, fukugesida) encontrados no extrato bruto
hidroalcoólico das folhas de G. gardneriana tem ação analgésica nos processos de
inflamação, assim como atividade antimicrobiana contra bactérias gram-positivas e gramnegativas (VERDI et al., 2004).
De acordo com Cechinel-filho (2000), um novo biflavonóide foi encontrado na
folha de G. gardneriana, que consiste no derivado metoxilado. A exata posição do grupo
metoxila não foi localizada inicialmente, porém em estudos de comparação com outros
flavonóides descritos na literatura contendo o grupo metoxila no anel aromático na posição 3
e 4, permitiram a confirmação através da hidrólise básica, onde se verificou a formação do
ácido isovanilico, o qual apresenta o grupo metoxila na posição 4. Os autores relatam que este
composto, submetido aos testes farmacológicos, apresentou efeitos analgésicos similares aos
biflavonóides isolados anteriormente .
17
1.3.3 Inflamação: resposta inflamatória
A inflamação é um processo fisiológico que pode ocorrer por fatores endógenos
(necrose tecidual) ou por fatores exógenos (agentes químicos, físicos, estímulo imunológico).
A resposta inflamatória ocorre em todos os organismos multicelulares, onde o
tecido responde a estímulos diferentes, sejam eles químicos, físicos, infecciosos,
imunológicos, entre outros. De acordo com Tedgui; Mallat (2001) os mecanismos envolvidos
na resposta inflamatória formam uma reação em cascata, envolvendo células inflamatórias
(neutrófilos, linfócitos, monócito/macrófago) e células vasculares (endoteliais e células da
musculatura lisa). No entanto a resposta inflamatória visa à proteção do organismo frente a
um agente infeccioso, tendo como objetivo a destruição do invasor.
O papel principal da resposta inflamatória é destruir, diluir ou isolar o agente
agressivo, sendo, portanto uma reação de defesa e reparação do dano tecidual
(CHANDRASOMA; TAYLOR, 1993).
A inflamação ocorre em três eventos principais: aumento do suprimento sangüíneo
para a área afetada; aumento da permeabilidade capilar ocasionado pela retração das células
endoteliais, como conseqüente escape de moléculas maiores permitindo, então, que os
mediadores solúveis da imunidade atinjam o local da infecção; migração dos leucócitos, dos
capilares para os tecidos circundantes. Na fase final da inflamação, os neutrófilos são
particularmente prevalentes, mas tardiamente no processo, os monócitos e linfócitos também
migram para o local inflamado (ROITT et al., 2003, apud PEREIRA, 2009).
A duração da resposta inflamatória é relativamente curta, podendo durar alguns
minutos, horas ou dias e é independente da natureza do agressor, sendo a resposta muito
similar aos diferentes estímulos (SIQUEIRA JÚNIOR; DANTAS, 2005).
1.3.4 Mediadores Inflamatórios
1.3.5 Citocinas
As citocinas são “fatores solúveis de baixo peso molecular, liberadas
principalmente por células ativadas com a finalidade de mediar informações, bem como
modular a função destas células por meio da ativação de receptores de superfície”
(HOLLOWAY; RAO; SHANNON, 2002). São produzidas por diferentes tipos celulares, e
18
que atuam na resposta inflamatória, produzindo outras citocinas e ativando outros tipos
celulares como anticorpos.
As citocinas que estão envolvidas na inflamação são chamadas pró-inflamatórias,
dentre essas citocinas destaca-se o TNF- . Segundo Alves; Ribeiro (2004) o TNF-
é
produzido e liberado principalmente por macrófagos e também por linfócitos e mastócitos.
Mesmo em baixas concentrações o TNF-
induz a expressão de moléculas de adesão, em
células endoteliais vasculares e estimula macrófagos e outras células que secretam
quimiocinas (DINARELLO, 1996).
1.3.6 Mieloperoxidase (MPO)
Mieloperoxidase (MPO), membro da superfamília peroxidase heme-oxigenase, é
abundantemente expressa em neutrófilos e, em menor medida, em monócitos e certo tipo de
macrófagos (MALLE, 2007). MPO participam no mecanismo de defesa imune inata através
da formação de oxidantes microbicidas e espécies reativas e radicais (MALLE, 2007). MPO é
liberado dos grânulos citoplasmáticos dos neutrófilos (KLEBANOFF, 1999). A principal
função dos neutrófilos é a fagocitose e destruição de microorganismos e a liberação de MPO,
geralmente leva a um rápido efeito bactericida (KLEBANOFF, 1999).
1.3.7 Óxido nítrico (NO)
Já se sabe que a vasodilatação, fenômeno clássico da inflamação é dependente da
liberação de oxido nítrico. O óxido nítrico é um gás e um radical livre que regula funções
celulares em condições fisiológicas e patológicas. Está envolvido no relaxamento vascular, na
inibição da agregação plaquetária, na neurotransmissão e nas atividades antimicrobiana e antitumoral dos macrófagos (MONCADA e HIGGS, 2006; DJUPESLAND et al., 2001). Efeitos
deletérios são decorrentes da ação citotóxica de alguns de seus metabólitos, como o
peroxinitrito e os nitrosotióis. Estes metabólitos são capazes de lesar o ácido
desoxirribonucléico, os lipídeos microbianos e as células vizinhas saudáveis, sendo esse o
mecanismo responsável pela maioria dos processos inflamatórios observados em doenças
auto-imunes (SZABÓ, 2003).
Recentemente foram descritas três isoformas de NOS: NOS neuronal (NOSn
ou NOS I), NOS endotelial (NOSe ou NOS III), ambas formas são constitutivas, ativadas
fisiologicamente mantendo baixas concentrações de óxido nítrico e são dependentes de cálcio
19
(CIRINO, FIORUCCI, SESSA, 2003). Já, a NOS induzida (NOSi ou NOS II) é ativada em
resposta a estímulos inflamatórios, como citocinas e fatores de crescimento, em células alvo
liberando altos níveis de óxido nítrico durante a inflamação (ABRAMSON et al., 2001).
1.3.8 Lactato Desidrogenase (LDH)
A LDH está presente em praticamente todos os órgãos do organismo e sua
atividade catalítica no soro é devido à presença de várias isoenzimas, que podem formar
padrões diferentes da origem de LDH presente no soro. Catalisa a conversão de lactato a
piruvato, sendo liberada na ocorrência de dano celular (ANTONY, 1993).
1.3.9 Modelo de Inflamação
O modelo inflamação pleural foi originalmente desenvolvido em ratos (Spector,
1956). A técnica de pleurisia possui vantagens, pois a partir da coleta do lavado na cavidade
pleural é possível analisar e quantificar os componentes celulares e humorais da inflamação,
sem necessitar recorrer a procedimentos complicados de extração e quantificação. Além disso,
o tipo, a intensidade e a duração da inflamação produzida pela injeção de um agente flogístico
dependerá da sua persistência na cavidade pleural e da natureza da sua interação com fatores
humorais e/ou celulares. Dentre os agentes flogísticos que podem ser utilizados destaca-se a
carragenina (SALEH, CALIXTO, MEDEIROS, 1996). A carragenina é um polissacarídeo
frequentemente usado em modelos animais experimentais para induzir reação inflamatória,
sua principal fonte é a alga Chondrus crispus, também conhecida como “Irish Nllos”, que tem
origem em Carraghen (Waterford-Irlanda), onde cresce abundantemente. A carragenina induz
a liberação de diferentes mediadores inflamatórios como histamina, bradicidina,
prostaglandina (DI ROSA, 1972). Portanto protocolos experimentais, em que o processo
inflamatório é induzido agudamente, têm sido utilizados para estudo da participação de
mediadores químicos, diferentes tipos celulares e ainda possibilitam a seleção de novos
fármacos ou plantas que possuem um potencial de atividade antiinflamatória (SEDGWICK e
WILLOUGHBY, 1985). A técnica de pleurisia permite analisar e quantificar diversos
processos inflamatórios como conteúdo de celulas totais no lavado pleural, mediadores
inflamatórios além da participação de enzimas como a mieloperoxidase. Após o processo de
inflamação induzido os mediadores que estão envolvidos neste tipo de inflamação, foram
20
liberados por células residentes ou por aquelas que migram para o local do processo
inflamatório (SALEH; CALIXTO; MEDEIROS, 1996).
21
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral:
Analisar o uso ecológico, tradicional e bioprospecção de Garcinia gardneriana (Planch. et
Triana) Zappi (CLUSIACEAE), no efeito antiinflamatório.
2.2 Objetivos Específicos
 Averiguar o conhecimento popular, assim como a importância medicinal de G.
gardneriana, através de entrevistas das Agentes integrantes da Pastoral da Saúde
Regional Sul IV Diocese de Criciúma, Santa Catarina.
 Compilar informações ecológicas de Garcinia gardneriana com base no levantamento
etnobotanico e na bibliografia;
 Verificar e descrever os possíveis efeitos dos extratos brutos, substâncias bioativas da
folha e da casca do fruto de G. gardneriana, na resposta antiinflamatória de pleurisia
induzida por carragenina em ratos.
22
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Estudo Etnobotânico
Este estudo compreendeu pesquisa descritiva, através de levantamento de dados
sobre o perfil das agentes entrevistadas integrantes da equipe da Pastoral da Saúde Regional
Sul IV da Diocese de Criciúma, Santa Catarina, que detém informações etnobotânicas sobre a
planta medicinal Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi, popularmente conhecida
como “bacupari”.
3.1.1 Definição da planta
Para definição da planta estudada seguiram-se os seguintes critérios de seleção:
a) utilização da planta em nossa região pela equipe da Pastoral da Saúde, grupo no qual
a pesquisa foi aplicada;
b) pouca informação sobre os efeitos terapêuticos da planta em literatura científica.
3.1.2 Elaboração do questionário/entrevista
Para obtenção de informações sobre a espécie medicinal selecionada, o
instrumento utilizado consistiu em um questionário/entrevista (ANEXO C), no qual foi
estruturado tendo como referência bibliografias pertinentes ao estudo etnobotânico,
englobando perguntas abertas e fechadas (ALBUQUERQUE; LUCENA, 2004).
3.1.3 Seleção das agentes a serem entrevistadas
Segundo Di Stasi (1996) a escolha dos informantes para a pesquisa etnobotânica
irá depender dos interesses do pesquisador. Sendo assim, o critério da escolha, muitas vezes,
refletirá a disponibilidade e o interesse do informante em participar da pesquisa, ao invés da
aleatoriedade. Embora limite os resultado, do ponto de vista estatístico, não invalida a
representatividade da amostra em relação ao conhecimento detido pela população em geral.
Como o objetivo específico foi avaliar o mais rápido e eficientemente possível a utilização da
23
espécie para fins medicinais, foi importante selecionar os informantes mais habilitados neste
tipo de conhecimento.
Desta forma, a seleção dos entrevistados seguiu os seguintes critérios:
a)
Utilização de G. gardneriana em preparações medicinais individuais, para
poder ser identificado somente os seus efeitos biológicos;
b)
Integrantes da Pastoral da Saúde, consideradas detentoras de conhecimento
popular sobre o bacupari e que trabalham há mais de 10 anos com a planta medicinal,
portanto, as que possuem mais experiência e conhecimento sobre os aspectos que
envolvem a pesquisa.
3.1.4 Aplicação do questionário/entrevista
A aplicação do instrumento de pesquisa foi realizado na localidade onde residiam
as agentes, ou seja, em suas residências, ou ainda após os encontros mensais realizados na
UNESC, como parte integrante do Projeto Fitoterapia racional: aspectos botânicos,
agronômicos, etnobotânicos e terapêuticos, sendo que as agentes assinaram um termo de
consentimento, sendo esclarecida sua participação no estudo (ANEXO D).
3.1.5 Compilação e análise dos resultados obtidos
Os dados obtidos foram organizados no formato de texto corrido e tabelas,
analisadas e comentadas com base nas informações compiladas e na literatura científica.
Posteriormente, estes resultados serão repassados à equipe da Pastoral da Saúde, como forma
de socializar os conhecimentos obtidos.
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Humanos da Universidade do
Extremo Sul Catarinense protocolo nº 01/ 2010 (ANEXO A).
3.1.6 Coleta do material botânico e aspectos ecológicos
As folhas e cascas do fruto foram coletadas do mesmo indivíduo de G.
gardneriana, em fragmento de Mata Atlântica no município de Turvo, extremo sul
Catarinense, no CTG Vale da Amizade (Figura 4). Após a coleta e correta identificação
botânica, o material foi submetido ao processo de secagem no Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz
24
(CRI) da Universidade do Extremo Sul Catarinense. Um exemplar testemunha foi catalogado
e incorporado ao acervo do herbário Pe. Dr. Raulino Reitz da Universidade do Extremo Sul
Catarinense (UNESC) e recebeu o número CRI 7616. Outro exemplar foi levado por ocasião
das entrevistas para que a espécie fosse comprovadamente reconhecida pelos informantes.
Os aspectos ecológicos de G. gardneriana foram obtidos por meio da bibliografia
específica, principalmente Bittrich (2003) e Backes e Irgang (2004).
Figura 4: A- Detalhe da folha de Garcinia gardneriana. Fonte: WANDERLEY et al. (2003).
B- Aspecto geral das folhas da planta coletada para estudo no município de Turvo (SC). Foto:
Francielle Mina em 20/01/2010.
3.2 Estudo Farmacológico
3.2.1 Extratos
A obtenção dos extratos brutos das folhas e casca do fruto de G. gardneriana, bem
como o isolamento e purificação dos compostos foram realizados pelo grupo de pesquisa
coordenado pelo Prof Dr. Flavio H. Reginatto da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) .
A técnica utilizada pelo professor para obter o extrato bruto das folhas e da casca
do fruto seguiu o mesmo procedimento: após a secagem das folhas e casca, foi pesado 100g
25
de farmacógeno seco e rasurado. Para a diluição do extrato foi utilizado 1,5g de extrato da
folha ou da casca do fruto para 20 mL de água. As doses do extrato de G. gardneriana foram
de acordo com o estudo de Castardo (2008), Avaliação da atividade do extrato hidroalcoólico
bruto da Garcinia gardneriana (Planchon & Triana) Zappi em modelos experimentais de
inflamação aguda em camundongos.
3.2.2
Animais e protocolo de indução de pleurisia
Ratos Wistar machos, adultos (peso entre 250-350 g) provenientes do biotério da
Universidade do Extremo Sul Catarinense foram utilizados para indução de pleurisia.
O modelo de indução de pleurisia por carragenina foi realizado conforme
protocolo descrito por Vinegar et al. (1973). O modelo de pleurisia é utilizado na investigação
da fisiopatologia da inflamação aguda e avaliação da eficácia de terapias antiinflamatórias
(ARRUDA et al., 2003).
Os ratos foram anestesiados com cloridrato de cetamina e para indução de pleurisia
receberam 0,2 mL de solução de carragenina 2% (Sigma Chemical Co. St. Louis, USA) por
injeção intrapleural (no nível sexto do espaço intercostal). O grupo controle recebeu apenas
0,2 mL de solução salina intrapleural.
Os animais foram divididos em 4 grupos com dois tratamentos, crônico e agudo.
O primeiro tratamento (crônico) foi realizado a fim de avaliar a atividade antiinflamatória da
planta sob um tratamento profilático com 1 administração diária durante 7 dias. Então foram
utilizados 5 animais por grupo, sendo que o grupo 1 foi o grupo controle (0,2 mL salina via
oral), grupo 2 (0,2 mL salina via oral ), grupo 3 (0,2 mL/V.O do extrato da folha de G.
gardneriana), grupo 4 (0,2 mL/V.O de extrato da casca do fruto de G. gardneriana). A
administração via oral foi administrada por gavagem 1 vez ao dia durante 7 dias. No 7º dia os
animais receberam indução da pleurisia por carragenina da seguinte forma: grupo 1 o grupo
controle (0.2 mL de salina na cavidade pleural), grupo 2 (0,2 mL de solução de carragenina
2% na cavidade pleural), grupo 3 (0,2 mL de solução de carragenina 2% na cavidade pleural),
grupo 4 (0,2 mL de solução de carragenina 2% na cavidade pleural), e transcorridos 4 horas
após, os animais foram sacrificados por decapitação, e retirados o lavado pleural e tecido
pulmonar para avaliação antiinflamatória de G. gardneriana.
Já o segundo tratamento (agudo) foi delineado a fim de reportar a ação dos
extratos da planta sob uma única administração. Então os animais também foram divididos
26
em 4 grupos de tratamento, com 5 animais por grupo, antes da
indução da pleurisia
receberam via oral salina ou extratos de acordo com o grupo. Sendo que, o grupo 1 foi o
controle (0,2 mL salina via oral), grupo 2 (0,2 mL salina via oral), grupo 3 (0,2 mL/V.O do
extrato da folha de G. gardneriana), grupo 4 (0,2 mL/V.O de extrato da casca do fruto de G.
gardneriana). A administração via oral foi administrada por gavagem. Após 1 hora e meia foi
induzida a pleurisia da seguinte forma: grupo 1 foi o controle (0,2 mL salina na cavidade
pleural), grupo 2 (0,2 mL de solução de carragenina 2% na cavidade pleural), grupo 3 (0,2 mL
de solução de carragenina 2% na cavidade pleural), grupo 4 (0,2 mL de solução de
carragenina 2% cavidade pleural). Após a indução de pleurisia e transcorrido 4 horas, os
animais foram sacrificados por decapitação. Em ambos os tratamentos no lavado pleural foi
avaliado citocinas (TNF-α,), Óxido Nítrico e Lactato Desidrogenase. Já no tecido pulmonar
foi avaliada a atividade da Mieloperoxidase (MPO).
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa no uso de animais da
Universidade do Extremo Sul Catarinense protocolo nº 22/ 2010 (ANEXO B).
3.2.3 Mieloperoxidase
As amostras para a medida da atividade da MPO foram preparadas como descrito
por De Young et al. (1989). Tecidos foram homogeneizados (50 mg/mL) em 0.5% de brometo
de hexadeciltrimetilamônia e centrifugado em 15,000 ×g por 40 min. Uma alíquota do
sobrenadante foi misturada com uma solução de 1.6 mM tetrametilbenzidina e 1 mM H2O2.
Atividade foi mensurada espectrofotometricamente no comprimento de onda de 650 nm em
37°C.
3.2.4 Análise de citocinas
A análise de citocinas no lavado pleural foi através de kit ELISA conforme
recomendação do fabricante (Calbiochem-Novabiochem Corporation, USA).
3.2.5 Óxido Nítrico
O óxido nítrico foi quantificado pela formação de seus metabólitos através da
reação de Griees, que posteriormente foi medida através de leitor de Elisa com filtro de 540
nm (GREEN et al., 1982).
27
3.2.6 Lactado desidrogenase (LDH)
O conteúdo de LDH total foi determinado por kit comercial. (Labtest
Diagnóstica®, Brasil).
3.2.7 Análise Estatística
Os resultados foram expressos como média ± DP e p<0.05 foi considerado
significativo. A diferença entre os grupos foi determinada por análise da variância seguido por
teste de Newman-Keuls. Todas as análises estatísticas foram realizadas com SPSS 15.0 para
Windows (SPSS, Chicago, IL).
28
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Estudo etnobotânico
PERFIL DAS AGENTES DA SAÚDE
Das três entrevistadas, duas possuem a denominação de “Treinadora”, ou seja, são
Agentes que obtiveram treinamento de 100 horas/aulas em diversos assuntos, entre eles: valor
da pessoa e da vida; realidade sócio-político, econômico-cultural e religiosa mundial,
brasileira, estadual e local; realidade da saúde (política da saúde e indústria farmacêutica);
conceito de saúde e de doença; doença mais comum na região; suas casas, conseqüências e
soluções com recursos caseiros; saneamento básico/higiene pessoal e ambiental; nutrição;
noções básicas de anatomia e fisiologia/primeiros socorros; atendimento materno-infantil;
planejamento familiar; formas de organização em saúde.
As “Treinadoras” têm a função de repassar orientações recebidas por outras
“Treinadoras” às demais Agentes da Pastoral da Saúde. O perfil social das entrevistadas é
apresentado na tabela 01:
TABELA 01 - Perfil das Agentes/Treinadoras da Pastoral da Saúde, com indicação de idade,
estado civil, número de filhos, profissão, local de nascimento e residência atual.
Estado Nº
Idade das
de
Entrevistadas Civil
Profissão
Local de
Município
Nascimento onde reside
Função na
Pastoral
Do lar
Aposentada
(gerente de
gráfica)
Do lar
Nova Roma
Urussanga
Nova Roma
Urussanga
Agente
Agente e
Treinadora
Rio Maina
Siderópolis
Treinadora
filhos
A- 74 anos
B- 69 anos
viúva
viúva
+5
0
C- 64 anos
casada
4
Analisando
a
tabela
01,
pode-se
verificar
que
a
faixa
etária
das
Agentes/Treinadoras entrevistadas é de 64 a 74 anos de idade. Duas delas eram viúvas (A e B)
e apenas uma era casada (C). Uma das viúvas teve mais que cinco filhos, enquanto que a outra
não teve nenhum filho e a casada teve quatro filhos. Todas as três entrevistadas eram do lar,
no entanto uma era aposentada como gerente de gráfica (B).
29
Todas as três entrevistadas nasceram no estado de Santa Catarina, sendo uma
nascida em Criciúma (C), outra em Urussanga (B) e a última em Morro Grande (A). Apenas a
treinadora C não reside mais no local de nascimento.
Duas integrantes estudaram até a quarta série do Ensino Fundamental e a outra
(B) cursou segundo grau completo, atualmente denominado ensino médio.
DADOS SOBRE Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi (CLUSIACEAE)
“BACUPARI”
Como especificado anteriormente na metodologia, todas as integrantes da Pastoral
da Saúde, conheciam G. gardneriana com o nome popular de “bacupari” e tinham
conhecimento sobre a planta e apenas uma não utilizava a planta (Agente C), porém sabia das
propriedades dela, indicando-a como medicinal. No entanto, para esta pesquisa foi abordado
apenas às formas de utilização individual do bacupari visando à posterior identificação de
seus efeitos terapêuticos, visto que essa planta medicinal não é validada pela ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e na literatura são ainda poucos os estudos com
plantas
medicinais
que
demonstram
se
as
espécies
nativas
possuem
potencial
terapêutico/medicinal. Sendo assim foram solicitadas informações sobre a idade das
entrevistadas, bem como o período de atuação na Pastoral da Saúde e o tempo em que
utilizam e conhecem o “bacupari”.
TABELA 02 – Comparação entre idade das Agentes da Pastoral da Saúde, tempo que
trabalham/indicam Plantas Medicinais e atuam na Pastoral da Saúde.
Idade das
entrevistadas
Período de atuação na
Pastoral da Saúde
A- 74 anos
Tempo que
trabalham/indicam a plantas
medicinais (bacupari)
30 anos
19 anos
B- 69 anos
Um ano de uso contínuo, e
agora só às vezes
Não usa, mas tem informações
fidedignas
20 anos
C- 64 anos
25 anos
30
Analisando a tabela 02, verificamos que apenas uma das agentes usa a planta há
mais tempo (30 anos). As outras duas não usam tanto, mas indicam aos familiares, pessoas
necessitadas, pois possuem conhecimento sobre a planta e têm facilidade de acesso a ela.
Quanto ao uso individual (Tabela 3), as agentes B e C usam em preparações individuais. Em
conjunto com outras plantas (agentes A e B) indicam o uso concomitante com a losna
(Artemisia absinthium L.), açafrão (Curcuma longa L.) ou o barro para fazer compressa.
TABELA 03 – Comparação do uso da planta individual ou em conjunto com outras plantas.
Idade das
entrevistadas
A- 74 anos
B- 69 anos
C- 64 anos
Usa a planta em preparações
individuais?
Usa em conjunto com outras
plantas?
X
X
X
X
A agente B, recomenda para o fígado e cirrose crônica, a casca e o carvão da
madeira (ramos da planta queimados e pulverizados), fazer um chá e tomar de três a quatro
vezes ao dia em xícara pequena, ou tomar uma colher do carvão de madeira em jejum. Para o
uso externo, agente B recomenda também fazer uma mistura da casca da madeira do bacupari,
picão, açafrão e argila, pois verificou que “desinchava o fígado”. A agente C recomenda para
hepatite C e pedra na vesícula, utilizando um “pedacinho” da casca da madeira da planta,
ferver com um copo de água por 3 minutos, e tomar uma vez ao dia. Ainda assim, indicações
medicinais da planta, segundo as Agentes, são para o uso de feridas (zipra-erisipela), icterícia,
inflamação, inchaço.
Em relação às formas farmacêuticas preparadas com mais frequência pelas
agentes, foram o uso como infuso e decôcto. As partes da planta mais utilizadas são as folhas,
cascas e raízes. No uso de chá feito por infusão das folhas, são preparadas juntando-se água
fervente sobre pedacinhos de erva; mistura-se tudo por um instante, cobre-se e deixa em
repouso por 5 a 10 minutos até chegar à temperatura apropriada para ser bebido (MATOS,
2002). Por decocção colocar a planta na água fria e levar a ferver por 10 a 20 minutos,
dependendo da consistência da planta. Este método é indicado quando se utilizam partes duras
como cascas, raízes e sementes, pois não deve ser preparado com folhas aromáticas, cujos
princípios, por serem voláteis se perderiam (MATOS, 2002).
31
DADOS ECOLÓGICOS E DE CULTIVO
O cultivo de plantas medicinais deve ser imprescindivelmente racional e
produtivo. Em qualquer que seja a escala, seja ela em grandes ou pequenas áreas, o cultivo
deve atender às necessidades básicas de quem o idealizou, não se esquecendo em momento
algum de que as plantas medicinais devem conter satisfatória concentração de princípios
ativos (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS 1998).
A coleta e cultivo de plantas medicinais para o consumo não são indicados em
beira de estradas, pois as plantas absorvem gases tóxicos emitidos pelos veículos; devem ser
evitados locais que tenham sido intensivamente cultivados, pois podem conter resíduos de
defensivos agrícolas; não deve ser próximo a reservatórios de água que estejam sujeitos à
contaminação, tais como redes de esgotos, valas, ravinas, cursos de água poluída (CORRÊA;
BATISTA; QUINTAS 1998). O solo contaminado por resíduos poderá prejudicar a qualidade
da espécie, podendo ter complicações como verminoses, e quando contaminado por
agrotóxicos poderá levar o individuo à contaminação grave. Outro fato importante é a
qualidade da matéria-prima, pois plantas saudáveis, aptas para o consumo apresentam maior
segurança ao usuário.
Duas das Agentes (A e C) adquirem a planta do próprio quintal, enquanto a
Agente B adquire no quintal de vizinhos/amigos/familiares. Segundo o conhecimento das
Agentes a planta se desenvolve de forma natural/espontânea, ou cultivada, embora não
necessite de cuidados posteriores. Relataram que não tomam nenhum cuidado, uma vez que a
planta nasce “por conta própria”. Apenas duas utilizavam cultivo orgânico, como esterco de
vaca e de galinha, terra e folhas secas.
Quanto às folhas utilizadas para fim medicinal, duas agentes (A e C) usam para
este fim, sendo que para uma delas (A) não importa qual o estágio de desenvolvimento
quando colhidas, e para outra (C), colher folhas jovens. Para ambas não importa em qual
época do ano serão colhidas as folhas, da mesma forma não precisam de algum processo
especial para colhê-las, apenas lavar as mãos e colher antes das 9:00 horas da manhã.
Somente uma (C) armazena em estado fresco na geladeira por dois anos. Segundo Corrêa
(1998), as folhas normalmente são colhidas pouco tempo antes da floração, época na qual a
quantidade de princípios ativos é maior, além de seu desenvolvimento estar mais acelerado.
Na época de floração, a maioria das plantas transfere seus princípios ativos para as flores,
diminuindo assim sua quantidade nas folhas. Para Peglow; Velloso (2002), o melhor horário
32
do dia para realizar a colheita é na parte da manhã, após o orvalho ter secado, pois dessa
forma evita-se a fermentação e formação de bolores causados pela presença do excesso de
água na planta. A colheita poderá ser ainda realizada no final da tarde, quando o sol não mais
estiver sobre as planta, pois o excesso de calor favorece a perda de seus princípios ativos,
aromáticos, facilmente voláteis. Em dias nublados e secos, a coleta poderá ser realizada em
qualquer horário (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS, 1998). Quanto aos frutos são utilizados
apenas para alimento. A agente C usa a casca do tronco e ramos como medicinal, colhendo
em árvores com mais de dois anos. Recomenda colher a casca dos ramos (galhos) na lua
minguante e armazená-la em estado fresco ou seco.
4.2 Estudo farmacológico
AÇÃO ANTIINFLAMATÓRIA
Caracterizada a efusão pleural, o estágio inicial da inflamação é marcado pela
presença significante de neutrófilos em resposta inflamatória à progressão da doença pleural.
Como uma das funções dos neutrófilos quando reconhecem um patógeno é eliminá-lo,
neutrófilos ativados contam com substâncias como espécies reativas de oxigênio (EROs) que
agem sobre a membrana celular dos microorganismos com a finalidade de destruí-los e
consequentemente evitar a disseminação. No entanto, as EROs também podem levar a injuria
em tecidos normais (YASUI, BABA, 2006). Este mecanismo deletério causado por tais
moléculas exerce efeito contra importantes componentes celulares devido a sua intensa
instabilidade e reatividade e encontram-se associados ao modelo de indução de pleurisia por
carragenina (CUZZOCREA, 2000; NARDI et al., 2007; BHATTACHARYYA, DUDEJA e
TOBACMAN, 2008; MENEGAZZI et al., 2008). Uma das principais enzimas armazenadas
nos neutrófilos e monócitos é a hemoproteína mieloperoxidase. Esta corresponde a 5% do
peso seco dos neutrófilos (KLEBANOFF, 1999). É utilizada como um indicativo indireto da
migração de neutrófilos para o sítio da inflamação (MIOTLA et al., 1998). Durante o
metabolismo oxidativo, que é produzido por neutrófilos ativados, a mieloperoxidase, situada
nos grânulos dos neutrófilos, promove a geração de ácido hipocloroso (HOCl) que está
implicado na fagocitose (agente bactericida e citotóxica) (MUTZE et al., 2003).
No tratamento crônico, como demonstrado na Figura 1, os extratos da folha e da
casca do fruto de Garcinia gardneriana diminuíram o infiltrado de neutrófilos para o local da
inflamação. De acordo com Castardo (2007), em estudo com extrato hidroalcoólico bruto de
33
G. gardneriana, no modelo de edema de pata induzida por carragenina, os resultados
mostraram que o extrato da folha diminuiu a atividade da Mieloperoxidase (MPO), na
inflamação de edema de pata. Em outro estudo realizado por Bernardi (2009) para o
tratamento de doenças da pele, o extrato da folha de G. gardneriana, reduziu
significativamente a infiltração de neutrófilos, diminuindo a atividade de MPO. Em
contrapartida, no tratamento agudo (Figura 5), verificamos somente a diminuição da
infiltração de neutrófilos, com extrato do fruto.
*
p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina
Figura 5: Atividade Mieloperoxidase (MPO), tratamento crônico.
*
**
p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina
Figura 6: Atividade Mieloperoxidase (MPO), tratamento agudo.
34
Recentes estudos mostram que a migração celular para a cavidade pleural é
dependente da ação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α. O processo inflamatório
causado pela administração de carragenina na cavidade pleural é consistente com o aumento
de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α (KROEGEL, ANTONY, 1997). O TNF-α está
envolvido com o desencadeamento da resposta imune, indução do evento inflamatório agudo
e transição para inflamação crônica e persistência da mesma. Além disso, o TNF-α promove
inflamação por citotoxidade direta, bem como por vários mecanismos indiretos incluindo a
regulação da produção de outras citocinas pró-inflamatórias, liberação de espécies reativas de
oxigênio e nitrogênio (BAZZONI, BEUTLER,1996; FELDMANN, MAINI, 2001).
No tratamento crônico (Figura 7), não houve diferença entre os grupos, ou seja, os
extratos da folha e a casca do fruto de G. gardneriana, não tiveram efeito sobre a
concentração de TNF-α, porém observa-se pelos resultados que houve tendência a diminuir a
concentração de TNF-α, com administração do extrato da casca do fruto.
p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina
Figura 7: Concentração de TNF-α no tratamento crônico.
No tratamento agudo (Figura 8), não verificamos aumento de níveis da citocina
com a administração de carragenina+salina, visto que a administração do extrato da folha de
G. gardneriana aumentou a concentração de TNF-α.
35
Em outras espécies de Garcinia, como Garcinia mangostana, pertencente ao
mesmo gênero de Garcinia gardneriana, Sampath
(2008)
verificou que o extrato da casca
planta diminuiu os níveis de TNF-α, dano celular, além de restaurar a normalidade celular, em
estudos de dano cardiovascular.
* p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina
Figura 8: Concentração de TNF-α tratamento agudo.
Estudos comprovam que o Óxido Nítrico (NO) é fundamental para a proteção dos
vasos sanguíneos, uma vez que ele mantém o tônus vascular, regula a pressão sanguínea,
previne a agregação plaquetária, inibe a adesão de monócitos e neutrófilos ao endotélio
vascular e tem efeito antiproliferativo das células da camada muscular do vaso. A disfunção
endotelial mais importante é a alteração do relaxamento vascular devido à redução da
biodisponibilidade do NO (DUSSE, VIEIRA e CARVALHO, 2003). Além disso, atua como
neurotransmissor no sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso periférico (SNP),
participando inclusive do aprendizado e da memória (CERQUEIRA, 2002). A vasodilatação
que ocorre no processo inflamatório, é dependente da liberação de óxido nítrico
(KARABUCAK et al., 2005), o que facilita a disponibilidade de células inflamatórias para o
local lesado. O endotélio ativado dos vasos sanguíneos permite o extravasamento de
neutrófilos (MEDZHITOV, 2008). Quando os neutrófilos atingem o foco inflamatório,
tornam-se ativados e tentam eliminar o patógeno liberando o conteúdo tóxico de seus
36
grânulos, os quais incluem espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS)
(MEDZHITOV, 2008).
Em nosso estudo, no tratamento crônico (Figura 9), tanto o extrato da folha
quanto da casca do fruto de G. gardneriana, diminuiu a concentração de nitrito e nitrato, o
que pode associar-se em uma possível diminuição do dano oxidativo.
*
**
p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina
Figura 9: Concentração de Nitrito/Nitrato, tratamento crônico.
Em estudos recentes, Coelho (2008) com flavonóides 7-epiclusianona isolado da
planta Garcinia brasiliensis, reduziu a concentração de oxido nítrico, além de reduzir
episódios de obstrução brônquica, em estudo para tratamento de asma. Em trabalhos (CRUZ,
2006) com flavonóide 7-epiclusianona isolado de G. gardneriana, a administração do
flavonóide em baixa concentração causa um efeito vasodilatador dependente da liberação de
do Óxido Nitrico.
No tratamento agudo (Figura10 ), o extrato da folha aumentou a concentração de
nitrito e nitrato, de uma forma similar ao aumento causado por carragenina + salina, levando a
um possível aumento na vasodilatação, ocasionando um maior fluxo de neutrófilos e células
do sistema de defesa para o local lesado.
37
p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina
Figura 10. Concentração de Nitrito/Nitrato, tratamento agudo.
A liberação de substâncias microbicidas por neutrófilos e pelo seu influxo intenso
ao local estimulado por carragenina resultam na lesão tecidual. Como já visto na literatura,
que a LDH é liberada em ocorrência de dano tecidual, e está presente em praticamente em
todos os órgãos do organismo (PETRONILHO, 2010), em nosso estudo vimos que no
tratamento crônico com extrato da casca do fruto e da folha do bacupari (Figura 11), houve
uma diminuição na concentração de LDH, ou seja, ocorreu menor dano celular, sendo esses
parâmetros mais significativos com administração da casca do fruto.
*
*/**
p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina
Figura 11: Atividade Lactato Desidrogenase (LDH), tratamento crônico.
38
Como visto no tratamento crônico, no tratamento agudo (Figura 12), também
houve uma diminuição na concentração de LDH, tanto com administração do extrato da folha
e da casca do fruto, sendo este também mais acentuado, o que sugere um menor dano tecidual.
*
*/**
*/**
p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina
Figura 12: Atividade Lactato Desidrogenase (LDH), tratamento agudo.
Estudos mostram uma atividade antioxidante no fruto da planta de Garcinia
mangostana L. (NGAWHIRUNPAT, 2010) devido a presença de xantonas no pericarpo, que
são conhecidas por sua atividade antioxidante e antiiflamatória (ZHAO, 2010). Segundo
estudo, xantonas podem ser encontrada em outras espécies de Garcinia gardneriana. Ainda,
segundo Santos (1999), o constituinte químico 7-epiclusionona, encontrado no fruto de G.
gardneriana, tem ação antiinflamatória, o que explica que em nossos resultados, as
administrações do extrato da casca do fruto tiveram resultados mais pronunciados na
diminuição de parâmetros inflamatórios e de dano tecidual característicos da inflamação
pleural causada por carragenina.
39
CONCLUSÃO
As plantas medicinais possuem uma rica fonte de substâncias orgânicas de
interesse científico e tecnológico. Em nosso trabalho verificamos a importância de Garcinia
gardneriana, por meio de entrevistas com integrantes da equipe da Pastoral da Saúde
Regional Sul IV da Diocese de Criciúma, Santa Catarina, que detém informações
etnobotânicas sobre o bacupari. Resgatamos o conhecimento popular da planta, como também
verificamos sua importância medicinal, o que pode servir de base para futuras pesquisas,
incrementando conhecimento dessa espécie medicinal ainda pouco estudada. Tais evidências
obtidas neste trabalho dão suporte ao uso popular de G. gardneriana no tratamento da
inflamação, através da regulação dos mediadores envolvidos na resposta.
Os resultados apresentados permitiram concluir que o extrato de G. gardneriana
da folha e da casca do fruto reduziu a inflamação de pleurisia induzida por carragenina. Assim
como resultados anteriores mostraram que na folha e no fruto encontram-se flavonóides com
ação antiinflamatória, no presente estudo mostramos, adicionalmente, que o extrato da casca
do fruto diminuiu a inflamação, sendo mais significativo no tratamento crônico, pois com
administrações sucessivas pode-se ter uma redução dos mediadores envolvidos na resposta
inflamatória, com a atenuação da migração de neutrófilos e finalmente, o dano celular.
Nesse contexto, podemos observar que estudos com plantas medicinais vêm
adquirindo espaço no meio acadêmico e profissional, em tratamentos preventivos e curativos,
onde algumas das quais já são usadas nos serviços públicos. Podemos ressaltar ainda que G.
gadneriana vem garantindo seu espaço no âmbito científico, o que poderá ser reconhecido
como importante antiinflamatório.
40
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46
ANEXOS
FOLHA DE APROVAÇÃO
ANEXO A - Avaliação Comitê de Ética Humanos
47
FOLHA DE APROVAÇÃO
ANEXO B - Avaliação Comitê de Ética no Uso de Animais
48
ANEXO C - A aplicação deste questionário como instrumento de pesquisa será com as
agentes da Pastoral da Saúde Regional Sul IV, sendo selecionadas aquelas que detêm
conhecimento sobre a espécie estudada.
Entrevista
Nome:
______________________________________________________________________
Endereço:
______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________
Telefone para contato (se necessário): _________________________________
Data: ___/___/___
Módulo 1 _________________________________________ DADOS PESSOAIS
1. Qual sua função na Pastoral da Saúde?
( ) Agente
( ) Treinadora
2. Data de Nascimento: ____/____/______
3. Grau de escolaridade:
(
(
(
(
(
(
(
) 1ª a 4ª série
) 5ª a 8ª série
) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo
) 3º grau incompleto
) 3º grau completo
) especialização incompleta
) especialização completa
4. Profissão:
___________________________________________________________________
5. Estado Civil:
( ) solteira
( ) casada
( ) relação estável
( ) viúva
( ) divorciada
49
6. Número de filhos:
( )0
( )1
( )2
( )3
( )4
( )5
( ) + de 5
7. Cidade e estado onde nasceu: __________________________________
8. Cidade e estado onde reside atualmente: ________________________________
9. Cidade onde participa da equipe da Pastoral da Saúde:
(
(
(
(
(
) Criciúma
) Urussanga
) Siderópolis
) Araranguá
) Outra: _______________________
10. Há quanto tempo participa da equipe da Pastoral da Saúde: ________________
Módulo 2________________________________ DADOS SOBRE A PLANTA
11. Há quanto tempo utiliza a planta: ____________________
12. Utiliza a planta em preparações individuais ou em conjunto com outras plantas?
( ) uso individual
( ) uso em conjunto
13. Outros nomes populares conhecidos pela equipe da Pastoral:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________
14. Qual o uso medicinal da planta?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
15. Qual parte da planta é utilizada como medicinal?
50
( ) sementes
( ) caule
( ) folhas
( ) brotos
( ) flores/inflorescência
( ) frutos
( ) casca
( ) raízes/rizomas
( ) outros: _____________________________________________________________
_______________________________________________________________________
16. De que maneiras a planta é preparada para uso medicinal ?
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
(
) infuso
) decôcto
) macerado
) tintura
) alcoolatura/espírito
) xarope
) vinho medicinal
) suco
) sumo
) cataplasma
) óleo medicinal
) pomada
) gel
) creme/loção
) sabão/ sabonete
) xampu
) outros: __________________________________________________________
) outros: ______
Módulo 3 ____________________________ DADOS ECOLÓGICOS E DE CULTIVO
17. Onde adquire a planta?
(
(
(
(
(
(
(
(
) no próprio quintal
) no quintal de vizinhos/amigos/familiares
) em matas/sítios/bosques
) compra na feira livre de Criciúma diretamente do produtor
) compra/traz em outra cidade
) compra em casa de ervas/farmácia
) no horto comunitário
) outros: __________________________________________________________
18. Se é do próprio quintal, ou se é do seu conhecimento, a planta se desenvolve de forma:
( ) espontânea ou natural
( ) cultivada, embora não necessita de cuidados posteriores
51
( ) através de cultivo convencional ( uso de adubo químico N.P.K., inseticidas, herbicidas)
( ) através de cultivo orgânico
( ) não sabe
19. Se o cultivo é orgânico, qual (is) a(s) substância (s) utilizada (s)?
(
(
(
(
(
(
(
) esterco de vaca
) esterco de galinha
) farinha de ossos
) húmus de minhoca
) restos de alimentos ( cascas, folhas, etc.)
) cinzas
) outros: ____________________________
20. Quanto às Folhas:
a) Qual o estágio de desenvolvimento quando colhidas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
b) Em que época do ano são colhidas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
c) Há algum processo especial para colhê-las?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
d) Você os (as) armazena?
( ) sim
( ) não
d.1) Se sim, o estado do farmacógeno é:
( ) fresco
( ) seco
d.2) Se seco, comente sobre as condições e o processo de armazenamento:
21.Quanto aos Frutos:
52
a) Qual o estágio de desenvolvimento quando colhidos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
b) Em que época do ano são colhidos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
c) Há algum processo especial para colhê-los?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________
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ANEXO D
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PARTICIPANTE
Estamos realizando um projeto para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
intitulado “Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi (CLUSIACEAE) na Floresta
Atlântica:
aspectos
ecológicos,
uso
tradicional
e
bioprospecção
no
efeito
antiinflamatório”. A sr(a). foi plenamente esclarecido de que participando deste projeto,
estará participando de um estudo de cunho acadêmico, que tem como um dos objetivos
verificar o uso ecológico, tradicional e bioprospecção “Garcinia gardneriana (Planch. et
Triana) Zappi (CLUSIACEAE) no efeito antiinflamatório. Embora a Sra. venha a aceitar a
participar neste projeto, estará garantido que a Sra. poderá desistir a qualquer momento
bastando para isso informar sua decisão. Foi esclarecido ainda que, por ser uma participação
voluntária e sem interesse financeiro a Sra. não terá direito a nenhuma remuneração.
Desconhecemos qualquer risco ou prejuízos por participar dela. Os dados referentes a Sra.
serão sigilosos e privados, preceitos estes assegurados pela Resolução nº 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, sendo que a Sra. poderá solicitar informações durante todas as fases do
projeto, inclusive após a publicação dos dados obtidos a partir desta. Autoriza ainda a
gravação da voz na oportunidade da entrevista.
A coleta de dados será realizada pela acadêmica Francielle Gonçalves Mina (fone: 99315961) da 8ª fase da Graduação de Ciências Biológicas (Bacharelado) da UNESC e
orientado pelos professores Dra. Vanilde Citadini-Zanette e Dr. Felipe Dal Pizzol. O
telefone do Comitê de Ética é 3431.2723.
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Assinatura do Participante
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