1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - BACHARELADO FRANCIELLE GONÇALVES MINA Garcinia gardneriana (PLANCH. ET TRIANA) ZAPPI (CLUSIACEAE) NA FLORESTA ATLÂNTICA: ASPECTOS ECOLÓGICOS, USO TRADICIONAL E BIOPROSPECÇÃO NO EFEITO ANTIINFLAMATÓRIO CRICIÚMA, 2010 2 FRANCIELLE GONÇALVES MINA Garcinia gardneriana (PLANCH. ET TRIANA) ZAPPI (CLUSIACEAE) NA FLORESTA ATLÂNTICA: ASPECTOS ECOLÓGICOS, USO TRADICIONAL E BIOPROSPECÇÃO NO EFEITO ANTIINFLAMATÓRIO Trabalho de Conclusão do Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel no Curso de Ciências Biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Profa. Dra. Vanilde Citadini-Zanette Co-orientador: Dr. Felipe Dal-Pizzol CRICIÚMA, 2010 3 "De tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre começando... A certeza de que precisamos continuar... A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar... Portanto, devemos: Fazer da interrupção um caminho novo... Da queda, um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro... " Fernando Pessoa 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente quero agradecer a Deus, por sempre me dar forças diante dos obstáculos, por sempre iluminar meu caminho, me fazendo persistir, e mesmo quando os dias pareciam obscuros, sempre trazendo esperanças de um amanhã melhor, sempre na alma a certeza da vitória. Agradecer aos meus pais Jorge Mina e Rosa Mina, sempre incentivando e acreditando nos meus objetivos, nunca desistiram de mim e dos meus sonhos. Agradeço aos meus irmãos, pela amizade e confiança que sempre tivemos uns aos outros, onde assim formamos uma família unida, linda!! Agradecer ao Prof. Dr. Felipe Dal-Pizzol, pelo incentivo e oportunidade na pesquisa, me privilegiando com toda sua experiência. Agradecer a minha professora e orientadora Dra. Vanilde Citadini-Zanette, pela sábia orientação e paciência, depositando em mim confiança e credibilidade, sinto-me honrada por estar ao seu lado. Agradeço a Fabricia Petronilho, pela super, mega, power, amizade, confiança. É um prazer inenarrável estar ao seu lado, e poder dispor de todo seu conhecimento, experiência, carinho, confiança. Admiro-te pela pessoa, por sua simplicidade, sempre solícita a qualquer momento. A você, minha eterna gratidão. Aos colegas; Taiara, sempre fazendo parte em muitos momentos, onde muito chorei e muito sorri. Com você fique certo que jamais falhei, pois você sempre ali ao meu lado. Obrigada pela imensa amizade. Tuane sempre disposta a tudo, sempre ao meu lado, em muitos filmes, pipocas, (kkkk). Enorme gratidão ter você ao meu lado. Com você ganhei muita força me tornando muito maior. Fabíola, amizade eterna, risonha, já foi e sempre será meu alicerce. Não há bem maior que sua amizade. Daí e Dioneia, unidas nesses quatros, muitos trabalhos e muitas risadas. A vida nos separa, mas amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir. 5 As meninas do Lab: Lara, Cris (já me deram muitos conselhos, e muito conhecimento), Francine (já rimos muito), Fran vuolo (companheira). Amanda: essa amizade não tem palavras, simplesmente é amizade: aquela que nos ampara nos momentos difíceis, que nos crítica nos erros e fraquezas. Vlw amandinha... por sempre estar ao meu lado. 6 RESUMO Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi (CLUSIACEAE), planta nativa da Mata Atlântica, conhecida como bacupari, é usada na medicina popular para processos inflamatórios, infecções, dores, inchaço. Recentes trabalhos demonstram a presença de flavonóides, que possuem ação antiinflamatória. No presente estudo, investigamos aspectos ecológicos, uso tradicional e bioprospecção no efeito antiinflamatório de G. garderiana. O bacupari é uma árvore frutífera de pequeno porte, regularmente cultivada em pomares domésticos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo comum em seu habitat natural na Floresta Amazônica de terra firme e na Mata Atlântica, crescendo no interior da mata à sombra do dossel. Para o uso tradicional, foi realizado entrevistas/questionário, com levantamento de dados sobre o perfil das agentes entrevistadas integrantes da equipe da Pastoral da Saúde Regional Sul IV da Diocese de Criciúma, Santa Catarina, que detém informações etnobotânicas sobre a planta medicinal em questão. Para a bioprospecção no efeito antiinflamatório foi realizado o modelo de inflamação pleurisia induzida por carragenina, onde foi administrado 0,2 mL (v.o) do extrato bruto da folha e da casca do fruto de G. gardneriana, no tratamento crônico e agudo. A atividade antiinflamatória foi mesurada pela presença de citocinas pró-inflamatória, TNF-α, atividade de Mieloperoxidase (MPO), concentração de Nitrito/Nitrato (NO) e Lactato Desidrogenase (LDH). Em nossos estudos mostramos o extrato da casca do fruto diminuiu a inflamação, sendo mais significativo no tratamento crônico, pois com administrações sucessivas pode-se ter uma redução dos mediadores envolvidos na resposta. Tais evidências obtidas neste trabalho dão suporte ao uso popular de G. gardneriana no tratamento da inflamação, através da regulação dos mediadores envolvidos na resposta, servindo no futuro como um potencial fitomedicamento. Palavras-chave: Bacupari; uso tradicional; flavonóides; inflamação 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Detalhe de um ramo florífero de Garcinia gardneriana .........................................14 Figura 2: Detalhe da folha e flor masculina.............................................................................15 Figura 3: Estrutura básica dos flavonóides...............................................................................16 Figura 4: A- Detalhe da folha de Garcinia gardneriana; B- Aspecto geral das folhas da planta coletada para estudo no município de Turvo................................................................24 Figura 5: Atividade Mieloperoxidase (MPO), tratamento crônico...........................................33 Figura 6: Atividade Mieloperoxidase (MPO), tratamento agudo.............................................33 Figura 7: Concentração de TNF-α no tratamento crônico........................................................34 Figura 8: Concentração de TNF-α tratamento agudo................................................................35 Figura 9: Concentração de Nitrito/Nitrato, tratamento crônico................................................36 Figura 10: Concentração de Nitrito/Nitrato, tratamento agudo................................................37 Figura 11:Atividade Lactato Desidrogenase (LDH), tratamento crônico.................................37 Figura 12:Atividade Lactato Desidrogenase (LDH), tratamento agudo...................................38 8 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Perfil das Agentes/Treinadoras da Pastoral da Saúde............................................28 Tabela 02: Comparativo entre idade das Agentes da Pastoral da Saúde, tempo que trabalham/indicam Plantas Medicinais e atuam na Pastoral da Saúde......................................29 Tabela 03: Comparativo do uso da planta individual ou em conjunto com outras plantas.....30 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11 1.1 MATA ATLÂNTICA: aspectos gerais................................................................ 12 1.2 Plantas medicinais e o meio ambiente...................................................................14 1.3 Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi – ..............................................14 1.3.1 Aspectos gerais e ocorrência ..............................................................................14 1.3.2 Aspectos químicos e farmacológicos ..................................................................15 1.3.3 Inflamação: resposta inflamatória .....................................................................17 1.3.4 Mediadores inflamatórios ...................................................................................17 1.3.5 Citocinas ...............................................................................................................17 1.3.6 Mieloperoxidase ..................................................................................................18 1.3.7 Oxido Nitrico ........................................................................................................18 1.3.8 Lactato Desidrogenase.........................................................................................19 1.3.9 Modelo de Inflamação..........................................................................................19 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................21 2.1 Objetivo geral ..........................................................................................................21 2.2 Objetivos específicos ...............................................................................................21 3 MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................22 3.1 Estudo etnobotânico ..........................................................................................22 3.1.1 Definição da planta..........................................................................................22 3.1.2 Elaboração do questionário/entrevista..........................................................22 3.1.3 Seleção das agentes a serem entrevistadas ....................................................22 3.1.4 Aplicação do questionário/entrevista ............................................................23 3.1.5 Compilação e análise dos resultados obtidos.................................................23 3.1.6 Coleta de material botânico e aspectos ecológicos........................................23 3.2 Estudo farmacológico.........................................................................................24 3.2.1 Extrato .............................................................................................................24 3.2.2 Animais e protocolo de indução de pleurisia ................................................25 3.2.3 Mieloperoxidase...............................................................................................26 3.2.4 Análise de citocinas .........................................................................................26 3.2.5 Oxido Nitrico....................................................................................................26 3.2.6. Lactato Desidrogenase ...................................................................................27 3.2.7 Análise Estatísticas..........................................................................................27 10 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................28 4.1 Estudo etnobotânico .............................................................................................28 4.2Estudo farmacológico.............................................................................................32 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................40 6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 41 7 ANEXOS...............................................................................................................................47 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 Mata Atlântica: aspectos gerais O bioma da Mata Atlântica é um complexo de ecossistemas de grande importância, pois abriga significativa parcela da diversidade biológica do Brasil e do mundo. Os altos níveis de riqueza e endemismo, associados à destruição sofrida no passado, incluíram a Floresta Atlântica definitivamente no cenário mundial como um dos 34 hostspots de biodiversidade (MITTERMEIER et al. 2004). Os hotspots, que representam somente 1,4% da superfície terrestre, são regiões de elevada riqueza biológica, abrigam a maior parte da biodiversidade do planeta e estão sob alto grau de ameaça com 70% ou mais da vegetação original destruída (BACKES; IRGANG, 2004). A Mata Atlântica é considerada como um conjunto de ecossistemas com maior biodiversidade do planeta, detendo 22 a 24% da flora global e 33 a 36% da flora brasileira (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2004). É uma floresta tropical distribuída ao longo do litoral brasileiro, numa faixa que vai da região nordeste à região sul. Na região leste do Brasil, que sofre a influencia do oceano atlântico, é onde ocorre a Mata Atlântica stricto sensu (BACKES; IRGANG, 2004). Calcula-se que sua área original cobria entre 1.300.000 a 1.500.000 km², estendendo-se por mais de 3.300 km ao longo da costa leste do Brasil (MORELATTO; HADDAD, 2000). Áreas florestais mais continentais e outras adjuntas inseridas como encraves no Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa também são consideradas como pertencentes ao Domínio Floresta Atlântica (IBGE, 2008). O bioma Mata Atlântica compreende um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados que incluem a “Floresta Ombrófila Densa, a Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estadual Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, os Manguezais, as Restingas, os Campos de Altitude, e os Brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste” (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2004). A riqueza da Floresta Atlântica foi estimada por Myers et al. (2000) em 20 mil espécies de plantas vasculares, sendo oito mil (40%) endêmicas. Nas duas últimas décadas, mais de mil novas espécies de angiospermas foram descobertas, o que representa 42% do total descrito para o Brasil neste período (SOBRAL; STEHMANN, 2009). No entanto, dados mais atuais indicam que restam cerca de 11% da vegetação original (RIBEIRO et al. 2009), distribuída em fragmentos florestais de tamanho reduzido (<100 ha), biologicamente empobrecidos e cuja restauração 12 poderia levar centenas de anos (LIEBSCH et al., 2008). Ressalta-se que a Mata Atlântica é o segundo ecossistema ameaçado em extinção, perdendo apenas as quase extintas florestas da ilha de Madagascar na costa da África. Segundo Morellato; Haddad (2000), os últimos remanescentes de floresta ainda se encontram sob intensa pressão antrópica e risco iminente de extinção. No domínio da Mata Atlântica os fragmentos com cobertura florestal secundária predominam em toda sua extensão, refletindo um processo de ocupação e exploração ordenada (SIMÕES, 2003). Sendo assim a Mata Atlântica brasileira encontra-se com pouquíssimos e minúsculos fragmentos florestais que são quase imperceptíveis. Apesar da devastação acentuada a Mata Atlântica abriga ainda uma parcela significativa de biodiversidade. De acordo com Backes; Irgang (2004) a riqueza pontual é tão expressiva que os dois maiores recordes mundiais de diversidade botânica para as plantas lenhosas foram registrados nesse bioma, 454 espécies em um único hectare do sul da Bahia. Proteger e preservar a Mata atlântica é uma medida de extrema urgência, pois desmatar essas regiões florestais é retirar milhares de seres vivos do seu habitat natural e perder toda a riqueza encontrada de substâncias químicas bioativas em suas espécies vegetais que poderão servir como futuros fitomedicamentos. 1.2 Plantas medicinais e o meio ambiente O conhecimento do reino vegetal apresenta ampla variedade de novas substâncias com alto potencial fitoterapêutico que podem auxiliar em várias enfermidades e tratamentos. A biodiversidade pode ser analisada pelo seu papel evolutivo, ecológico ou como recurso biológico. De acordo com Léveque (1999) sob o termo “recursos biológicos” identificamos os componentes da biodiversidade que têm utilização direta, indireta ou potencial para a humanidade. O consumo de plantas medicinais para o tratamento de inúmeras doenças é passado de geração em geração, como tradição familiar, conhecido comumente como “medicina popular”. O consumo de fitoterápicos vem crescendo no Brasil à razão de 20% anuais, segundo informação do Laboratório Herbarium (SIMÕES, 2003). Segundo o professor João Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina, “acredita-se que o consumo de plantas medicinais represente 10% do mercado mundial, que é quase US$ 14 bilhões anuais” (SIMÕES, 2003). O conhecimento da medicina popular é, muitas vezes 13 embasado em conhecimentos indígenas, comunidades tradicionais, que aprimora o saber da biodiversidade das florestas, auxiliando na pesquisa e descoberta de novos medicamentos. Nas últimas décadas, houve uma crescente valorização no uso de plantas medicinais. Este fenômeno pode ser exemplificado por três fatores (SIMÕES, 2003): “a) a crescente aceitação do consumidor por medicamentos feitos a partir de plantas, por causa do sentimento, nem sempre justificado, de que tudo o que vem da natureza é mais seguro, saudável e ecologicamente correto do que os produtos sintéticos; b) um renovado interesse da indústria farmacêutica na busca de compostos naturais que possuam atividade farmacológica, por causa de sua aceitação por parte dos usuários e também dos menores custos envolvidos na pesquisa e no desenvolvimento de um novo produto obtido a partir de plantas; c) a pesquisa científica validando o uso de inúmeras plantas usadas popularmente e sendo incorporadas às farmacopéias de cada país, criando condições legais para que possam ser oficialmente transformadas em medicamentos por farmacêuticos e receitadas por médicos.” A procura dessas plantas medicinais aumenta os riscos de destruição do nicho ecológico de várias espécies, podendo levar a perda da variabilidade genética, colocando em risco a sobrevivência de muitas espécies medicinais nativas. Segundo Simões (2003) no caso da Mata Atlântica, isso já aconteceu com as espécies Psychotria ipecacuanha (ipeca), Ocotea odorifera (sassafrás), e vem acontecendo com Maytenus ilicifolia (espinheira-santa) e Pfaffia paniculata (ginseng-brasileiro). Nos últimos anos a preservação ambiental tornou-se a preocupação do planeta e podemos ter alguns problemas decorrentes da perda dos ecossistemas, tais como – perda da fauna e da flora, incluindo a perda de conhecimentos sobre essas espécies e de seus potenciais produtos, empobrecimento do solo, alterações climáticas, comprometimento do abastecimento de água, entre outros (DI STASI, 2002). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população dos países em desenvolvimento utilizam práticas com plantas medicinais nos cuidados básicos de saúde. Deste universo, 85% utilizam plantas ou preparados. Sendo assim, a OMS ainda reforça o compromisso de estimular o desenvolvimento de políticas públicas com o objetivo de inseri-las no sistema oficial de saúde, pois são distribuídas mundialmente, porém mais diversificadas em países tropicais. O alto custo dos remédios fabricados pela indústria farmacêutica, a dificuldade em se obter assistência médica e farmacêutica de qualidade e a própria confiança e aceitação da população nos produtos naturais, estão expandindo o processo de utilização de plantas medicinais na terapêutica e na cosmetologia (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS 1998). 14 1.3 Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi 1.3.1 Aspectos gerais e ocorrência Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi pertence à família Clusiaceae ou Guttiferae (nom.conserv.) e à ordem Malpighiales (APG III, 2009) é conhecida popularmente como bacupari ou bacopari (Figura 1). Pode ser encontrada na literatura botânica como Rheedia gardneriana Planch. & Triana (DI STASI, 2002). É utilizada na medicina tradicional para várias patologias como infecções, inflamações e processos dolorosos. Clusiaceae foi descrita por Antoine Laurent de Jussieu e compreende aproximadamente 1.370 espécies (DI STASI, 2002). Segundo este autor, no Brasil ocorrem 21 gêneros, com aproximadamente 31 espécies com ampla distribuição por todo o território. Encontram-se nesses gêneros importância econômica para a produção de madeiras, óleos essenciais e resinas. Figura 1: Detalhe de um ramo florífero de Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi. Fonte: SOUZA; LORENZI (2005). O bacupari é uma árvore frutífera de pequeno porte, regularmente cultivada em pomares domésticos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo comum em seu habitat natural na Floresta Amazônica de terra firme e na Mata Atlântica (LORENZI, 2006), crescendo no interior da mata à sombra do dossel. Possui madeira pesada, de 870 kg/m³, usada como cabo para ferramentas e como moirões de cerca. Como medicinal é usada contra afecções do aparelho urinário (BACKS; IRGANG, 2004). 15 É uma árvore perenifólia de ramos ascendentes e copa densa, de 5-10 m de altura. Folhas simples, cartáceas, glabras, de 6-15 cm de comprimento. Flores de até 1 cm de diâmetro, tetrâmeras, branco-esverdeadas (Figura 2), frutos do tipo baga, de forma elíptica, amarelos, de até 5 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro (BACKS; IRGANG, 2004; LORENZI, 2006). A floração ocorre nos meses de junho a janeiro, frutificando nos meses de novembro a maio. É uma espécie climácica, bem distribuída no interior de ecossistemas florestais, sendo também muito ornamental, especialmente quando carregada com seus frutos amarelos (BACKS; IRGANG, 2004). Figura 2: Detalhe da folha e flor masculina Fonte: LIMA; BRUNI (1999). 1.3.2 Aspectos químicos e farmacológicos Nas últimas décadas vários estudos tentam demonstrar o papel dos flavonóides de plantas medicinais, em várias patologias humanas. Os flavonóides pertencem a um grande grupo de substâncias químicas caracterizados pela presença de carbono C3-C6-C3 e são encontrados em vegetais. São polifenóis, ou seja, possuem um ou mais núcleos aromáticos contendo substituintes hidroxilados e/ou seus derivados funcionais. A estrutura padrão da maioria dos flavonóides é composta por 15 átomos de carbono (C) em seu núcleo fundamental, constituindo de duas fenilas ligadas por uma cadeia de três carbonos entre elas (Figura 3). Nos compostos tricíclicos, as unidades são chamadas núcleos A, B e C (ZUANAZZI; MONTANHA, 2004). 16 Figura 3: Estrutura básica dos flavonóides (SUGIHARA et al., 1999) Recentes estudos fitoquímicos com folhas e cascas do tronco de Garcinia gardneriana revelaram a presença de flavonóides como os “volkensiflavon, fukugetina (moreloflavona) (CECHINEL-FILHO et al., 2000), fukugesida, (LUZZI et al., 1997) e I3naringenina-II8-4’-OMe-eriodictiol (GB-2a-II-4’-Ome)” (CECHINEL-FILHO et al., 2000). Cechinel-Filho et al. (2000) em estudo fitoquímico orientado para o isolamento de substâncias com efeitos analgésicos possibilitou o isolamento de 4 biflavonóides, identificados como volkensiflavona (1), fukugetina ou morelloflavona (2), fukugesida (3) e GB-2a (4). Estes compostos, especialmente o primeiro, apresentaram considerável efeito analgésico. Segundo estes autores os flavonóides (volkensiflavona, I3-naringenina-II8eriodictiol (GB50-2a), GB-1a, fukugetina, fukugesida) encontrados no extrato bruto hidroalcoólico das folhas de G. gardneriana tem ação analgésica nos processos de inflamação, assim como atividade antimicrobiana contra bactérias gram-positivas e gramnegativas (VERDI et al., 2004). De acordo com Cechinel-filho (2000), um novo biflavonóide foi encontrado na folha de G. gardneriana, que consiste no derivado metoxilado. A exata posição do grupo metoxila não foi localizada inicialmente, porém em estudos de comparação com outros flavonóides descritos na literatura contendo o grupo metoxila no anel aromático na posição 3 e 4, permitiram a confirmação através da hidrólise básica, onde se verificou a formação do ácido isovanilico, o qual apresenta o grupo metoxila na posição 4. Os autores relatam que este composto, submetido aos testes farmacológicos, apresentou efeitos analgésicos similares aos biflavonóides isolados anteriormente . 17 1.3.3 Inflamação: resposta inflamatória A inflamação é um processo fisiológico que pode ocorrer por fatores endógenos (necrose tecidual) ou por fatores exógenos (agentes químicos, físicos, estímulo imunológico). A resposta inflamatória ocorre em todos os organismos multicelulares, onde o tecido responde a estímulos diferentes, sejam eles químicos, físicos, infecciosos, imunológicos, entre outros. De acordo com Tedgui; Mallat (2001) os mecanismos envolvidos na resposta inflamatória formam uma reação em cascata, envolvendo células inflamatórias (neutrófilos, linfócitos, monócito/macrófago) e células vasculares (endoteliais e células da musculatura lisa). No entanto a resposta inflamatória visa à proteção do organismo frente a um agente infeccioso, tendo como objetivo a destruição do invasor. O papel principal da resposta inflamatória é destruir, diluir ou isolar o agente agressivo, sendo, portanto uma reação de defesa e reparação do dano tecidual (CHANDRASOMA; TAYLOR, 1993). A inflamação ocorre em três eventos principais: aumento do suprimento sangüíneo para a área afetada; aumento da permeabilidade capilar ocasionado pela retração das células endoteliais, como conseqüente escape de moléculas maiores permitindo, então, que os mediadores solúveis da imunidade atinjam o local da infecção; migração dos leucócitos, dos capilares para os tecidos circundantes. Na fase final da inflamação, os neutrófilos são particularmente prevalentes, mas tardiamente no processo, os monócitos e linfócitos também migram para o local inflamado (ROITT et al., 2003, apud PEREIRA, 2009). A duração da resposta inflamatória é relativamente curta, podendo durar alguns minutos, horas ou dias e é independente da natureza do agressor, sendo a resposta muito similar aos diferentes estímulos (SIQUEIRA JÚNIOR; DANTAS, 2005). 1.3.4 Mediadores Inflamatórios 1.3.5 Citocinas As citocinas são “fatores solúveis de baixo peso molecular, liberadas principalmente por células ativadas com a finalidade de mediar informações, bem como modular a função destas células por meio da ativação de receptores de superfície” (HOLLOWAY; RAO; SHANNON, 2002). São produzidas por diferentes tipos celulares, e 18 que atuam na resposta inflamatória, produzindo outras citocinas e ativando outros tipos celulares como anticorpos. As citocinas que estão envolvidas na inflamação são chamadas pró-inflamatórias, dentre essas citocinas destaca-se o TNF- . Segundo Alves; Ribeiro (2004) o TNF- é produzido e liberado principalmente por macrófagos e também por linfócitos e mastócitos. Mesmo em baixas concentrações o TNF- induz a expressão de moléculas de adesão, em células endoteliais vasculares e estimula macrófagos e outras células que secretam quimiocinas (DINARELLO, 1996). 1.3.6 Mieloperoxidase (MPO) Mieloperoxidase (MPO), membro da superfamília peroxidase heme-oxigenase, é abundantemente expressa em neutrófilos e, em menor medida, em monócitos e certo tipo de macrófagos (MALLE, 2007). MPO participam no mecanismo de defesa imune inata através da formação de oxidantes microbicidas e espécies reativas e radicais (MALLE, 2007). MPO é liberado dos grânulos citoplasmáticos dos neutrófilos (KLEBANOFF, 1999). A principal função dos neutrófilos é a fagocitose e destruição de microorganismos e a liberação de MPO, geralmente leva a um rápido efeito bactericida (KLEBANOFF, 1999). 1.3.7 Óxido nítrico (NO) Já se sabe que a vasodilatação, fenômeno clássico da inflamação é dependente da liberação de oxido nítrico. O óxido nítrico é um gás e um radical livre que regula funções celulares em condições fisiológicas e patológicas. Está envolvido no relaxamento vascular, na inibição da agregação plaquetária, na neurotransmissão e nas atividades antimicrobiana e antitumoral dos macrófagos (MONCADA e HIGGS, 2006; DJUPESLAND et al., 2001). Efeitos deletérios são decorrentes da ação citotóxica de alguns de seus metabólitos, como o peroxinitrito e os nitrosotióis. Estes metabólitos são capazes de lesar o ácido desoxirribonucléico, os lipídeos microbianos e as células vizinhas saudáveis, sendo esse o mecanismo responsável pela maioria dos processos inflamatórios observados em doenças auto-imunes (SZABÓ, 2003). Recentemente foram descritas três isoformas de NOS: NOS neuronal (NOSn ou NOS I), NOS endotelial (NOSe ou NOS III), ambas formas são constitutivas, ativadas fisiologicamente mantendo baixas concentrações de óxido nítrico e são dependentes de cálcio 19 (CIRINO, FIORUCCI, SESSA, 2003). Já, a NOS induzida (NOSi ou NOS II) é ativada em resposta a estímulos inflamatórios, como citocinas e fatores de crescimento, em células alvo liberando altos níveis de óxido nítrico durante a inflamação (ABRAMSON et al., 2001). 1.3.8 Lactato Desidrogenase (LDH) A LDH está presente em praticamente todos os órgãos do organismo e sua atividade catalítica no soro é devido à presença de várias isoenzimas, que podem formar padrões diferentes da origem de LDH presente no soro. Catalisa a conversão de lactato a piruvato, sendo liberada na ocorrência de dano celular (ANTONY, 1993). 1.3.9 Modelo de Inflamação O modelo inflamação pleural foi originalmente desenvolvido em ratos (Spector, 1956). A técnica de pleurisia possui vantagens, pois a partir da coleta do lavado na cavidade pleural é possível analisar e quantificar os componentes celulares e humorais da inflamação, sem necessitar recorrer a procedimentos complicados de extração e quantificação. Além disso, o tipo, a intensidade e a duração da inflamação produzida pela injeção de um agente flogístico dependerá da sua persistência na cavidade pleural e da natureza da sua interação com fatores humorais e/ou celulares. Dentre os agentes flogísticos que podem ser utilizados destaca-se a carragenina (SALEH, CALIXTO, MEDEIROS, 1996). A carragenina é um polissacarídeo frequentemente usado em modelos animais experimentais para induzir reação inflamatória, sua principal fonte é a alga Chondrus crispus, também conhecida como “Irish Nllos”, que tem origem em Carraghen (Waterford-Irlanda), onde cresce abundantemente. A carragenina induz a liberação de diferentes mediadores inflamatórios como histamina, bradicidina, prostaglandina (DI ROSA, 1972). Portanto protocolos experimentais, em que o processo inflamatório é induzido agudamente, têm sido utilizados para estudo da participação de mediadores químicos, diferentes tipos celulares e ainda possibilitam a seleção de novos fármacos ou plantas que possuem um potencial de atividade antiinflamatória (SEDGWICK e WILLOUGHBY, 1985). A técnica de pleurisia permite analisar e quantificar diversos processos inflamatórios como conteúdo de celulas totais no lavado pleural, mediadores inflamatórios além da participação de enzimas como a mieloperoxidase. Após o processo de inflamação induzido os mediadores que estão envolvidos neste tipo de inflamação, foram 20 liberados por células residentes ou por aquelas que migram para o local do processo inflamatório (SALEH; CALIXTO; MEDEIROS, 1996). 21 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: Analisar o uso ecológico, tradicional e bioprospecção de Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi (CLUSIACEAE), no efeito antiinflamatório. 2.2 Objetivos Específicos Averiguar o conhecimento popular, assim como a importância medicinal de G. gardneriana, através de entrevistas das Agentes integrantes da Pastoral da Saúde Regional Sul IV Diocese de Criciúma, Santa Catarina. Compilar informações ecológicas de Garcinia gardneriana com base no levantamento etnobotanico e na bibliografia; Verificar e descrever os possíveis efeitos dos extratos brutos, substâncias bioativas da folha e da casca do fruto de G. gardneriana, na resposta antiinflamatória de pleurisia induzida por carragenina em ratos. 22 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Estudo Etnobotânico Este estudo compreendeu pesquisa descritiva, através de levantamento de dados sobre o perfil das agentes entrevistadas integrantes da equipe da Pastoral da Saúde Regional Sul IV da Diocese de Criciúma, Santa Catarina, que detém informações etnobotânicas sobre a planta medicinal Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi, popularmente conhecida como “bacupari”. 3.1.1 Definição da planta Para definição da planta estudada seguiram-se os seguintes critérios de seleção: a) utilização da planta em nossa região pela equipe da Pastoral da Saúde, grupo no qual a pesquisa foi aplicada; b) pouca informação sobre os efeitos terapêuticos da planta em literatura científica. 3.1.2 Elaboração do questionário/entrevista Para obtenção de informações sobre a espécie medicinal selecionada, o instrumento utilizado consistiu em um questionário/entrevista (ANEXO C), no qual foi estruturado tendo como referência bibliografias pertinentes ao estudo etnobotânico, englobando perguntas abertas e fechadas (ALBUQUERQUE; LUCENA, 2004). 3.1.3 Seleção das agentes a serem entrevistadas Segundo Di Stasi (1996) a escolha dos informantes para a pesquisa etnobotânica irá depender dos interesses do pesquisador. Sendo assim, o critério da escolha, muitas vezes, refletirá a disponibilidade e o interesse do informante em participar da pesquisa, ao invés da aleatoriedade. Embora limite os resultado, do ponto de vista estatístico, não invalida a representatividade da amostra em relação ao conhecimento detido pela população em geral. Como o objetivo específico foi avaliar o mais rápido e eficientemente possível a utilização da 23 espécie para fins medicinais, foi importante selecionar os informantes mais habilitados neste tipo de conhecimento. Desta forma, a seleção dos entrevistados seguiu os seguintes critérios: a) Utilização de G. gardneriana em preparações medicinais individuais, para poder ser identificado somente os seus efeitos biológicos; b) Integrantes da Pastoral da Saúde, consideradas detentoras de conhecimento popular sobre o bacupari e que trabalham há mais de 10 anos com a planta medicinal, portanto, as que possuem mais experiência e conhecimento sobre os aspectos que envolvem a pesquisa. 3.1.4 Aplicação do questionário/entrevista A aplicação do instrumento de pesquisa foi realizado na localidade onde residiam as agentes, ou seja, em suas residências, ou ainda após os encontros mensais realizados na UNESC, como parte integrante do Projeto Fitoterapia racional: aspectos botânicos, agronômicos, etnobotânicos e terapêuticos, sendo que as agentes assinaram um termo de consentimento, sendo esclarecida sua participação no estudo (ANEXO D). 3.1.5 Compilação e análise dos resultados obtidos Os dados obtidos foram organizados no formato de texto corrido e tabelas, analisadas e comentadas com base nas informações compiladas e na literatura científica. Posteriormente, estes resultados serão repassados à equipe da Pastoral da Saúde, como forma de socializar os conhecimentos obtidos. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Humanos da Universidade do Extremo Sul Catarinense protocolo nº 01/ 2010 (ANEXO A). 3.1.6 Coleta do material botânico e aspectos ecológicos As folhas e cascas do fruto foram coletadas do mesmo indivíduo de G. gardneriana, em fragmento de Mata Atlântica no município de Turvo, extremo sul Catarinense, no CTG Vale da Amizade (Figura 4). Após a coleta e correta identificação botânica, o material foi submetido ao processo de secagem no Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz 24 (CRI) da Universidade do Extremo Sul Catarinense. Um exemplar testemunha foi catalogado e incorporado ao acervo do herbário Pe. Dr. Raulino Reitz da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) e recebeu o número CRI 7616. Outro exemplar foi levado por ocasião das entrevistas para que a espécie fosse comprovadamente reconhecida pelos informantes. Os aspectos ecológicos de G. gardneriana foram obtidos por meio da bibliografia específica, principalmente Bittrich (2003) e Backes e Irgang (2004). Figura 4: A- Detalhe da folha de Garcinia gardneriana. Fonte: WANDERLEY et al. (2003). B- Aspecto geral das folhas da planta coletada para estudo no município de Turvo (SC). Foto: Francielle Mina em 20/01/2010. 3.2 Estudo Farmacológico 3.2.1 Extratos A obtenção dos extratos brutos das folhas e casca do fruto de G. gardneriana, bem como o isolamento e purificação dos compostos foram realizados pelo grupo de pesquisa coordenado pelo Prof Dr. Flavio H. Reginatto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) . A técnica utilizada pelo professor para obter o extrato bruto das folhas e da casca do fruto seguiu o mesmo procedimento: após a secagem das folhas e casca, foi pesado 100g 25 de farmacógeno seco e rasurado. Para a diluição do extrato foi utilizado 1,5g de extrato da folha ou da casca do fruto para 20 mL de água. As doses do extrato de G. gardneriana foram de acordo com o estudo de Castardo (2008), Avaliação da atividade do extrato hidroalcoólico bruto da Garcinia gardneriana (Planchon & Triana) Zappi em modelos experimentais de inflamação aguda em camundongos. 3.2.2 Animais e protocolo de indução de pleurisia Ratos Wistar machos, adultos (peso entre 250-350 g) provenientes do biotério da Universidade do Extremo Sul Catarinense foram utilizados para indução de pleurisia. O modelo de indução de pleurisia por carragenina foi realizado conforme protocolo descrito por Vinegar et al. (1973). O modelo de pleurisia é utilizado na investigação da fisiopatologia da inflamação aguda e avaliação da eficácia de terapias antiinflamatórias (ARRUDA et al., 2003). Os ratos foram anestesiados com cloridrato de cetamina e para indução de pleurisia receberam 0,2 mL de solução de carragenina 2% (Sigma Chemical Co. St. Louis, USA) por injeção intrapleural (no nível sexto do espaço intercostal). O grupo controle recebeu apenas 0,2 mL de solução salina intrapleural. Os animais foram divididos em 4 grupos com dois tratamentos, crônico e agudo. O primeiro tratamento (crônico) foi realizado a fim de avaliar a atividade antiinflamatória da planta sob um tratamento profilático com 1 administração diária durante 7 dias. Então foram utilizados 5 animais por grupo, sendo que o grupo 1 foi o grupo controle (0,2 mL salina via oral), grupo 2 (0,2 mL salina via oral ), grupo 3 (0,2 mL/V.O do extrato da folha de G. gardneriana), grupo 4 (0,2 mL/V.O de extrato da casca do fruto de G. gardneriana). A administração via oral foi administrada por gavagem 1 vez ao dia durante 7 dias. No 7º dia os animais receberam indução da pleurisia por carragenina da seguinte forma: grupo 1 o grupo controle (0.2 mL de salina na cavidade pleural), grupo 2 (0,2 mL de solução de carragenina 2% na cavidade pleural), grupo 3 (0,2 mL de solução de carragenina 2% na cavidade pleural), grupo 4 (0,2 mL de solução de carragenina 2% na cavidade pleural), e transcorridos 4 horas após, os animais foram sacrificados por decapitação, e retirados o lavado pleural e tecido pulmonar para avaliação antiinflamatória de G. gardneriana. Já o segundo tratamento (agudo) foi delineado a fim de reportar a ação dos extratos da planta sob uma única administração. Então os animais também foram divididos 26 em 4 grupos de tratamento, com 5 animais por grupo, antes da indução da pleurisia receberam via oral salina ou extratos de acordo com o grupo. Sendo que, o grupo 1 foi o controle (0,2 mL salina via oral), grupo 2 (0,2 mL salina via oral), grupo 3 (0,2 mL/V.O do extrato da folha de G. gardneriana), grupo 4 (0,2 mL/V.O de extrato da casca do fruto de G. gardneriana). A administração via oral foi administrada por gavagem. Após 1 hora e meia foi induzida a pleurisia da seguinte forma: grupo 1 foi o controle (0,2 mL salina na cavidade pleural), grupo 2 (0,2 mL de solução de carragenina 2% na cavidade pleural), grupo 3 (0,2 mL de solução de carragenina 2% na cavidade pleural), grupo 4 (0,2 mL de solução de carragenina 2% cavidade pleural). Após a indução de pleurisia e transcorrido 4 horas, os animais foram sacrificados por decapitação. Em ambos os tratamentos no lavado pleural foi avaliado citocinas (TNF-α,), Óxido Nítrico e Lactato Desidrogenase. Já no tecido pulmonar foi avaliada a atividade da Mieloperoxidase (MPO). Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa no uso de animais da Universidade do Extremo Sul Catarinense protocolo nº 22/ 2010 (ANEXO B). 3.2.3 Mieloperoxidase As amostras para a medida da atividade da MPO foram preparadas como descrito por De Young et al. (1989). Tecidos foram homogeneizados (50 mg/mL) em 0.5% de brometo de hexadeciltrimetilamônia e centrifugado em 15,000 ×g por 40 min. Uma alíquota do sobrenadante foi misturada com uma solução de 1.6 mM tetrametilbenzidina e 1 mM H2O2. Atividade foi mensurada espectrofotometricamente no comprimento de onda de 650 nm em 37°C. 3.2.4 Análise de citocinas A análise de citocinas no lavado pleural foi através de kit ELISA conforme recomendação do fabricante (Calbiochem-Novabiochem Corporation, USA). 3.2.5 Óxido Nítrico O óxido nítrico foi quantificado pela formação de seus metabólitos através da reação de Griees, que posteriormente foi medida através de leitor de Elisa com filtro de 540 nm (GREEN et al., 1982). 27 3.2.6 Lactado desidrogenase (LDH) O conteúdo de LDH total foi determinado por kit comercial. (Labtest Diagnóstica®, Brasil). 3.2.7 Análise Estatística Os resultados foram expressos como média ± DP e p<0.05 foi considerado significativo. A diferença entre os grupos foi determinada por análise da variância seguido por teste de Newman-Keuls. Todas as análises estatísticas foram realizadas com SPSS 15.0 para Windows (SPSS, Chicago, IL). 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Estudo etnobotânico PERFIL DAS AGENTES DA SAÚDE Das três entrevistadas, duas possuem a denominação de “Treinadora”, ou seja, são Agentes que obtiveram treinamento de 100 horas/aulas em diversos assuntos, entre eles: valor da pessoa e da vida; realidade sócio-político, econômico-cultural e religiosa mundial, brasileira, estadual e local; realidade da saúde (política da saúde e indústria farmacêutica); conceito de saúde e de doença; doença mais comum na região; suas casas, conseqüências e soluções com recursos caseiros; saneamento básico/higiene pessoal e ambiental; nutrição; noções básicas de anatomia e fisiologia/primeiros socorros; atendimento materno-infantil; planejamento familiar; formas de organização em saúde. As “Treinadoras” têm a função de repassar orientações recebidas por outras “Treinadoras” às demais Agentes da Pastoral da Saúde. O perfil social das entrevistadas é apresentado na tabela 01: TABELA 01 - Perfil das Agentes/Treinadoras da Pastoral da Saúde, com indicação de idade, estado civil, número de filhos, profissão, local de nascimento e residência atual. Estado Nº Idade das de Entrevistadas Civil Profissão Local de Município Nascimento onde reside Função na Pastoral Do lar Aposentada (gerente de gráfica) Do lar Nova Roma Urussanga Nova Roma Urussanga Agente Agente e Treinadora Rio Maina Siderópolis Treinadora filhos A- 74 anos B- 69 anos viúva viúva +5 0 C- 64 anos casada 4 Analisando a tabela 01, pode-se verificar que a faixa etária das Agentes/Treinadoras entrevistadas é de 64 a 74 anos de idade. Duas delas eram viúvas (A e B) e apenas uma era casada (C). Uma das viúvas teve mais que cinco filhos, enquanto que a outra não teve nenhum filho e a casada teve quatro filhos. Todas as três entrevistadas eram do lar, no entanto uma era aposentada como gerente de gráfica (B). 29 Todas as três entrevistadas nasceram no estado de Santa Catarina, sendo uma nascida em Criciúma (C), outra em Urussanga (B) e a última em Morro Grande (A). Apenas a treinadora C não reside mais no local de nascimento. Duas integrantes estudaram até a quarta série do Ensino Fundamental e a outra (B) cursou segundo grau completo, atualmente denominado ensino médio. DADOS SOBRE Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi (CLUSIACEAE) “BACUPARI” Como especificado anteriormente na metodologia, todas as integrantes da Pastoral da Saúde, conheciam G. gardneriana com o nome popular de “bacupari” e tinham conhecimento sobre a planta e apenas uma não utilizava a planta (Agente C), porém sabia das propriedades dela, indicando-a como medicinal. No entanto, para esta pesquisa foi abordado apenas às formas de utilização individual do bacupari visando à posterior identificação de seus efeitos terapêuticos, visto que essa planta medicinal não é validada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e na literatura são ainda poucos os estudos com plantas medicinais que demonstram se as espécies nativas possuem potencial terapêutico/medicinal. Sendo assim foram solicitadas informações sobre a idade das entrevistadas, bem como o período de atuação na Pastoral da Saúde e o tempo em que utilizam e conhecem o “bacupari”. TABELA 02 – Comparação entre idade das Agentes da Pastoral da Saúde, tempo que trabalham/indicam Plantas Medicinais e atuam na Pastoral da Saúde. Idade das entrevistadas Período de atuação na Pastoral da Saúde A- 74 anos Tempo que trabalham/indicam a plantas medicinais (bacupari) 30 anos 19 anos B- 69 anos Um ano de uso contínuo, e agora só às vezes Não usa, mas tem informações fidedignas 20 anos C- 64 anos 25 anos 30 Analisando a tabela 02, verificamos que apenas uma das agentes usa a planta há mais tempo (30 anos). As outras duas não usam tanto, mas indicam aos familiares, pessoas necessitadas, pois possuem conhecimento sobre a planta e têm facilidade de acesso a ela. Quanto ao uso individual (Tabela 3), as agentes B e C usam em preparações individuais. Em conjunto com outras plantas (agentes A e B) indicam o uso concomitante com a losna (Artemisia absinthium L.), açafrão (Curcuma longa L.) ou o barro para fazer compressa. TABELA 03 – Comparação do uso da planta individual ou em conjunto com outras plantas. Idade das entrevistadas A- 74 anos B- 69 anos C- 64 anos Usa a planta em preparações individuais? Usa em conjunto com outras plantas? X X X X A agente B, recomenda para o fígado e cirrose crônica, a casca e o carvão da madeira (ramos da planta queimados e pulverizados), fazer um chá e tomar de três a quatro vezes ao dia em xícara pequena, ou tomar uma colher do carvão de madeira em jejum. Para o uso externo, agente B recomenda também fazer uma mistura da casca da madeira do bacupari, picão, açafrão e argila, pois verificou que “desinchava o fígado”. A agente C recomenda para hepatite C e pedra na vesícula, utilizando um “pedacinho” da casca da madeira da planta, ferver com um copo de água por 3 minutos, e tomar uma vez ao dia. Ainda assim, indicações medicinais da planta, segundo as Agentes, são para o uso de feridas (zipra-erisipela), icterícia, inflamação, inchaço. Em relação às formas farmacêuticas preparadas com mais frequência pelas agentes, foram o uso como infuso e decôcto. As partes da planta mais utilizadas são as folhas, cascas e raízes. No uso de chá feito por infusão das folhas, são preparadas juntando-se água fervente sobre pedacinhos de erva; mistura-se tudo por um instante, cobre-se e deixa em repouso por 5 a 10 minutos até chegar à temperatura apropriada para ser bebido (MATOS, 2002). Por decocção colocar a planta na água fria e levar a ferver por 10 a 20 minutos, dependendo da consistência da planta. Este método é indicado quando se utilizam partes duras como cascas, raízes e sementes, pois não deve ser preparado com folhas aromáticas, cujos princípios, por serem voláteis se perderiam (MATOS, 2002). 31 DADOS ECOLÓGICOS E DE CULTIVO O cultivo de plantas medicinais deve ser imprescindivelmente racional e produtivo. Em qualquer que seja a escala, seja ela em grandes ou pequenas áreas, o cultivo deve atender às necessidades básicas de quem o idealizou, não se esquecendo em momento algum de que as plantas medicinais devem conter satisfatória concentração de princípios ativos (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS 1998). A coleta e cultivo de plantas medicinais para o consumo não são indicados em beira de estradas, pois as plantas absorvem gases tóxicos emitidos pelos veículos; devem ser evitados locais que tenham sido intensivamente cultivados, pois podem conter resíduos de defensivos agrícolas; não deve ser próximo a reservatórios de água que estejam sujeitos à contaminação, tais como redes de esgotos, valas, ravinas, cursos de água poluída (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS 1998). O solo contaminado por resíduos poderá prejudicar a qualidade da espécie, podendo ter complicações como verminoses, e quando contaminado por agrotóxicos poderá levar o individuo à contaminação grave. Outro fato importante é a qualidade da matéria-prima, pois plantas saudáveis, aptas para o consumo apresentam maior segurança ao usuário. Duas das Agentes (A e C) adquirem a planta do próprio quintal, enquanto a Agente B adquire no quintal de vizinhos/amigos/familiares. Segundo o conhecimento das Agentes a planta se desenvolve de forma natural/espontânea, ou cultivada, embora não necessite de cuidados posteriores. Relataram que não tomam nenhum cuidado, uma vez que a planta nasce “por conta própria”. Apenas duas utilizavam cultivo orgânico, como esterco de vaca e de galinha, terra e folhas secas. Quanto às folhas utilizadas para fim medicinal, duas agentes (A e C) usam para este fim, sendo que para uma delas (A) não importa qual o estágio de desenvolvimento quando colhidas, e para outra (C), colher folhas jovens. Para ambas não importa em qual época do ano serão colhidas as folhas, da mesma forma não precisam de algum processo especial para colhê-las, apenas lavar as mãos e colher antes das 9:00 horas da manhã. Somente uma (C) armazena em estado fresco na geladeira por dois anos. Segundo Corrêa (1998), as folhas normalmente são colhidas pouco tempo antes da floração, época na qual a quantidade de princípios ativos é maior, além de seu desenvolvimento estar mais acelerado. Na época de floração, a maioria das plantas transfere seus princípios ativos para as flores, diminuindo assim sua quantidade nas folhas. Para Peglow; Velloso (2002), o melhor horário 32 do dia para realizar a colheita é na parte da manhã, após o orvalho ter secado, pois dessa forma evita-se a fermentação e formação de bolores causados pela presença do excesso de água na planta. A colheita poderá ser ainda realizada no final da tarde, quando o sol não mais estiver sobre as planta, pois o excesso de calor favorece a perda de seus princípios ativos, aromáticos, facilmente voláteis. Em dias nublados e secos, a coleta poderá ser realizada em qualquer horário (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS, 1998). Quanto aos frutos são utilizados apenas para alimento. A agente C usa a casca do tronco e ramos como medicinal, colhendo em árvores com mais de dois anos. Recomenda colher a casca dos ramos (galhos) na lua minguante e armazená-la em estado fresco ou seco. 4.2 Estudo farmacológico AÇÃO ANTIINFLAMATÓRIA Caracterizada a efusão pleural, o estágio inicial da inflamação é marcado pela presença significante de neutrófilos em resposta inflamatória à progressão da doença pleural. Como uma das funções dos neutrófilos quando reconhecem um patógeno é eliminá-lo, neutrófilos ativados contam com substâncias como espécies reativas de oxigênio (EROs) que agem sobre a membrana celular dos microorganismos com a finalidade de destruí-los e consequentemente evitar a disseminação. No entanto, as EROs também podem levar a injuria em tecidos normais (YASUI, BABA, 2006). Este mecanismo deletério causado por tais moléculas exerce efeito contra importantes componentes celulares devido a sua intensa instabilidade e reatividade e encontram-se associados ao modelo de indução de pleurisia por carragenina (CUZZOCREA, 2000; NARDI et al., 2007; BHATTACHARYYA, DUDEJA e TOBACMAN, 2008; MENEGAZZI et al., 2008). Uma das principais enzimas armazenadas nos neutrófilos e monócitos é a hemoproteína mieloperoxidase. Esta corresponde a 5% do peso seco dos neutrófilos (KLEBANOFF, 1999). É utilizada como um indicativo indireto da migração de neutrófilos para o sítio da inflamação (MIOTLA et al., 1998). Durante o metabolismo oxidativo, que é produzido por neutrófilos ativados, a mieloperoxidase, situada nos grânulos dos neutrófilos, promove a geração de ácido hipocloroso (HOCl) que está implicado na fagocitose (agente bactericida e citotóxica) (MUTZE et al., 2003). No tratamento crônico, como demonstrado na Figura 1, os extratos da folha e da casca do fruto de Garcinia gardneriana diminuíram o infiltrado de neutrófilos para o local da inflamação. De acordo com Castardo (2007), em estudo com extrato hidroalcoólico bruto de 33 G. gardneriana, no modelo de edema de pata induzida por carragenina, os resultados mostraram que o extrato da folha diminuiu a atividade da Mieloperoxidase (MPO), na inflamação de edema de pata. Em outro estudo realizado por Bernardi (2009) para o tratamento de doenças da pele, o extrato da folha de G. gardneriana, reduziu significativamente a infiltração de neutrófilos, diminuindo a atividade de MPO. Em contrapartida, no tratamento agudo (Figura 5), verificamos somente a diminuição da infiltração de neutrófilos, com extrato do fruto. * p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina Figura 5: Atividade Mieloperoxidase (MPO), tratamento crônico. * ** p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina Figura 6: Atividade Mieloperoxidase (MPO), tratamento agudo. 34 Recentes estudos mostram que a migração celular para a cavidade pleural é dependente da ação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α. O processo inflamatório causado pela administração de carragenina na cavidade pleural é consistente com o aumento de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α (KROEGEL, ANTONY, 1997). O TNF-α está envolvido com o desencadeamento da resposta imune, indução do evento inflamatório agudo e transição para inflamação crônica e persistência da mesma. Além disso, o TNF-α promove inflamação por citotoxidade direta, bem como por vários mecanismos indiretos incluindo a regulação da produção de outras citocinas pró-inflamatórias, liberação de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (BAZZONI, BEUTLER,1996; FELDMANN, MAINI, 2001). No tratamento crônico (Figura 7), não houve diferença entre os grupos, ou seja, os extratos da folha e a casca do fruto de G. gardneriana, não tiveram efeito sobre a concentração de TNF-α, porém observa-se pelos resultados que houve tendência a diminuir a concentração de TNF-α, com administração do extrato da casca do fruto. p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina Figura 7: Concentração de TNF-α no tratamento crônico. No tratamento agudo (Figura 8), não verificamos aumento de níveis da citocina com a administração de carragenina+salina, visto que a administração do extrato da folha de G. gardneriana aumentou a concentração de TNF-α. 35 Em outras espécies de Garcinia, como Garcinia mangostana, pertencente ao mesmo gênero de Garcinia gardneriana, Sampath (2008) verificou que o extrato da casca planta diminuiu os níveis de TNF-α, dano celular, além de restaurar a normalidade celular, em estudos de dano cardiovascular. * p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina Figura 8: Concentração de TNF-α tratamento agudo. Estudos comprovam que o Óxido Nítrico (NO) é fundamental para a proteção dos vasos sanguíneos, uma vez que ele mantém o tônus vascular, regula a pressão sanguínea, previne a agregação plaquetária, inibe a adesão de monócitos e neutrófilos ao endotélio vascular e tem efeito antiproliferativo das células da camada muscular do vaso. A disfunção endotelial mais importante é a alteração do relaxamento vascular devido à redução da biodisponibilidade do NO (DUSSE, VIEIRA e CARVALHO, 2003). Além disso, atua como neurotransmissor no sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso periférico (SNP), participando inclusive do aprendizado e da memória (CERQUEIRA, 2002). A vasodilatação que ocorre no processo inflamatório, é dependente da liberação de óxido nítrico (KARABUCAK et al., 2005), o que facilita a disponibilidade de células inflamatórias para o local lesado. O endotélio ativado dos vasos sanguíneos permite o extravasamento de neutrófilos (MEDZHITOV, 2008). Quando os neutrófilos atingem o foco inflamatório, tornam-se ativados e tentam eliminar o patógeno liberando o conteúdo tóxico de seus 36 grânulos, os quais incluem espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS) (MEDZHITOV, 2008). Em nosso estudo, no tratamento crônico (Figura 9), tanto o extrato da folha quanto da casca do fruto de G. gardneriana, diminuiu a concentração de nitrito e nitrato, o que pode associar-se em uma possível diminuição do dano oxidativo. * ** p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina Figura 9: Concentração de Nitrito/Nitrato, tratamento crônico. Em estudos recentes, Coelho (2008) com flavonóides 7-epiclusianona isolado da planta Garcinia brasiliensis, reduziu a concentração de oxido nítrico, além de reduzir episódios de obstrução brônquica, em estudo para tratamento de asma. Em trabalhos (CRUZ, 2006) com flavonóide 7-epiclusianona isolado de G. gardneriana, a administração do flavonóide em baixa concentração causa um efeito vasodilatador dependente da liberação de do Óxido Nitrico. No tratamento agudo (Figura10 ), o extrato da folha aumentou a concentração de nitrito e nitrato, de uma forma similar ao aumento causado por carragenina + salina, levando a um possível aumento na vasodilatação, ocasionando um maior fluxo de neutrófilos e células do sistema de defesa para o local lesado. 37 p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina Figura 10. Concentração de Nitrito/Nitrato, tratamento agudo. A liberação de substâncias microbicidas por neutrófilos e pelo seu influxo intenso ao local estimulado por carragenina resultam na lesão tecidual. Como já visto na literatura, que a LDH é liberada em ocorrência de dano tecidual, e está presente em praticamente em todos os órgãos do organismo (PETRONILHO, 2010), em nosso estudo vimos que no tratamento crônico com extrato da casca do fruto e da folha do bacupari (Figura 11), houve uma diminuição na concentração de LDH, ou seja, ocorreu menor dano celular, sendo esses parâmetros mais significativos com administração da casca do fruto. * */** p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina Figura 11: Atividade Lactato Desidrogenase (LDH), tratamento crônico. 38 Como visto no tratamento crônico, no tratamento agudo (Figura 12), também houve uma diminuição na concentração de LDH, tanto com administração do extrato da folha e da casca do fruto, sendo este também mais acentuado, o que sugere um menor dano tecidual. * */** */** p<0.05 para o grupo salina, **p <0.05 para o grupo salina+carregenina Figura 12: Atividade Lactato Desidrogenase (LDH), tratamento agudo. Estudos mostram uma atividade antioxidante no fruto da planta de Garcinia mangostana L. (NGAWHIRUNPAT, 2010) devido a presença de xantonas no pericarpo, que são conhecidas por sua atividade antioxidante e antiiflamatória (ZHAO, 2010). Segundo estudo, xantonas podem ser encontrada em outras espécies de Garcinia gardneriana. Ainda, segundo Santos (1999), o constituinte químico 7-epiclusionona, encontrado no fruto de G. gardneriana, tem ação antiinflamatória, o que explica que em nossos resultados, as administrações do extrato da casca do fruto tiveram resultados mais pronunciados na diminuição de parâmetros inflamatórios e de dano tecidual característicos da inflamação pleural causada por carragenina. 39 CONCLUSÃO As plantas medicinais possuem uma rica fonte de substâncias orgânicas de interesse científico e tecnológico. Em nosso trabalho verificamos a importância de Garcinia gardneriana, por meio de entrevistas com integrantes da equipe da Pastoral da Saúde Regional Sul IV da Diocese de Criciúma, Santa Catarina, que detém informações etnobotânicas sobre o bacupari. Resgatamos o conhecimento popular da planta, como também verificamos sua importância medicinal, o que pode servir de base para futuras pesquisas, incrementando conhecimento dessa espécie medicinal ainda pouco estudada. Tais evidências obtidas neste trabalho dão suporte ao uso popular de G. gardneriana no tratamento da inflamação, através da regulação dos mediadores envolvidos na resposta. Os resultados apresentados permitiram concluir que o extrato de G. gardneriana da folha e da casca do fruto reduziu a inflamação de pleurisia induzida por carragenina. Assim como resultados anteriores mostraram que na folha e no fruto encontram-se flavonóides com ação antiinflamatória, no presente estudo mostramos, adicionalmente, que o extrato da casca do fruto diminuiu a inflamação, sendo mais significativo no tratamento crônico, pois com administrações sucessivas pode-se ter uma redução dos mediadores envolvidos na resposta inflamatória, com a atenuação da migração de neutrófilos e finalmente, o dano celular. Nesse contexto, podemos observar que estudos com plantas medicinais vêm adquirindo espaço no meio acadêmico e profissional, em tratamentos preventivos e curativos, onde algumas das quais já são usadas nos serviços públicos. Podemos ressaltar ainda que G. gadneriana vem garantindo seu espaço no âmbito científico, o que poderá ser reconhecido como importante antiinflamatório. 40 REFERÊNCIAS ABRAMSON, S. B.; AMIN, C. R.M.; ATTUR, M. The role of nitric oxide in tissue destruction. 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Entrevista Nome: ______________________________________________________________________ Endereço: ______________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ________________ Telefone para contato (se necessário): _________________________________ Data: ___/___/___ Módulo 1 _________________________________________ DADOS PESSOAIS 1. Qual sua função na Pastoral da Saúde? ( ) Agente ( ) Treinadora 2. Data de Nascimento: ____/____/______ 3. Grau de escolaridade: ( ( ( ( ( ( ( ) 1ª a 4ª série ) 5ª a 8ª série ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ) 3º grau incompleto ) 3º grau completo ) especialização incompleta ) especialização completa 4. Profissão: ___________________________________________________________________ 5. Estado Civil: ( ) solteira ( ) casada ( ) relação estável ( ) viúva ( ) divorciada 49 6. Número de filhos: ( )0 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( ) + de 5 7. Cidade e estado onde nasceu: __________________________________ 8. Cidade e estado onde reside atualmente: ________________________________ 9. Cidade onde participa da equipe da Pastoral da Saúde: ( ( ( ( ( ) Criciúma ) Urussanga ) Siderópolis ) Araranguá ) Outra: _______________________ 10. Há quanto tempo participa da equipe da Pastoral da Saúde: ________________ Módulo 2________________________________ DADOS SOBRE A PLANTA 11. Há quanto tempo utiliza a planta: ____________________ 12. Utiliza a planta em preparações individuais ou em conjunto com outras plantas? ( ) uso individual ( ) uso em conjunto 13. Outros nomes populares conhecidos pela equipe da Pastoral: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________ 14. Qual o uso medicinal da planta? ___________________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 15. Qual parte da planta é utilizada como medicinal? 50 ( ) sementes ( ) caule ( ) folhas ( ) brotos ( ) flores/inflorescência ( ) frutos ( ) casca ( ) raízes/rizomas ( ) outros: _____________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 16. De que maneiras a planta é preparada para uso medicinal ? ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) infuso ) decôcto ) macerado ) tintura ) alcoolatura/espírito ) xarope ) vinho medicinal ) suco ) sumo ) cataplasma ) óleo medicinal ) pomada ) gel ) creme/loção ) sabão/ sabonete ) xampu ) outros: __________________________________________________________ ) outros: ______ Módulo 3 ____________________________ DADOS ECOLÓGICOS E DE CULTIVO 17. Onde adquire a planta? ( ( ( ( ( ( ( ( ) no próprio quintal ) no quintal de vizinhos/amigos/familiares ) em matas/sítios/bosques ) compra na feira livre de Criciúma diretamente do produtor ) compra/traz em outra cidade ) compra em casa de ervas/farmácia ) no horto comunitário ) outros: __________________________________________________________ 18. Se é do próprio quintal, ou se é do seu conhecimento, a planta se desenvolve de forma: ( ) espontânea ou natural ( ) cultivada, embora não necessita de cuidados posteriores 51 ( ) através de cultivo convencional ( uso de adubo químico N.P.K., inseticidas, herbicidas) ( ) através de cultivo orgânico ( ) não sabe 19. Se o cultivo é orgânico, qual (is) a(s) substância (s) utilizada (s)? ( ( ( ( ( ( ( ) esterco de vaca ) esterco de galinha ) farinha de ossos ) húmus de minhoca ) restos de alimentos ( cascas, folhas, etc.) ) cinzas ) outros: ____________________________ 20. Quanto às Folhas: a) Qual o estágio de desenvolvimento quando colhidas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ b) Em que época do ano são colhidas? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ c) Há algum processo especial para colhê-las? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ d) Você os (as) armazena? ( ) sim ( ) não d.1) Se sim, o estado do farmacógeno é: ( ) fresco ( ) seco d.2) Se seco, comente sobre as condições e o processo de armazenamento: 21.Quanto aos Frutos: 52 a) Qual o estágio de desenvolvimento quando colhidos? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ b) Em que época do ano são colhidos? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ c) Há algum processo especial para colhê-los? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________ 53 ANEXO D TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PARTICIPANTE Estamos realizando um projeto para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi (CLUSIACEAE) na Floresta Atlântica: aspectos ecológicos, uso tradicional e bioprospecção no efeito antiinflamatório”. A sr(a). foi plenamente esclarecido de que participando deste projeto, estará participando de um estudo de cunho acadêmico, que tem como um dos objetivos verificar o uso ecológico, tradicional e bioprospecção “Garcinia gardneriana (Planch. et Triana) Zappi (CLUSIACEAE) no efeito antiinflamatório. Embora a Sra. venha a aceitar a participar neste projeto, estará garantido que a Sra. poderá desistir a qualquer momento bastando para isso informar sua decisão. Foi esclarecido ainda que, por ser uma participação voluntária e sem interesse financeiro a Sra. não terá direito a nenhuma remuneração. Desconhecemos qualquer risco ou prejuízos por participar dela. Os dados referentes a Sra. serão sigilosos e privados, preceitos estes assegurados pela Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo que a Sra. poderá solicitar informações durante todas as fases do projeto, inclusive após a publicação dos dados obtidos a partir desta. Autoriza ainda a gravação da voz na oportunidade da entrevista. A coleta de dados será realizada pela acadêmica Francielle Gonçalves Mina (fone: 99315961) da 8ª fase da Graduação de Ciências Biológicas (Bacharelado) da UNESC e orientado pelos professores Dra. Vanilde Citadini-Zanette e Dr. Felipe Dal Pizzol. O telefone do Comitê de Ética é 3431.2723. ______________________________________________________ Assinatura do Participante