UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS - GER DELIANE FERNANDES ZEBRAL ROMPENDO BARREIRAS DO PRECONCEITO RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR Conselheiro Lafaiete 2012 DELIANE FERNANDES ZEBRAL ROMPENDO BARREIRAS DO PRECONCEITO RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR Plano de ação apresentado ao Programa de PósGraduação em Educação para a Diversidade da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Gestão de Políticas Públicas Orientador: Otacílio de Oliveira Cons. Lafaiete Universidade Federal de Ouro Preto 2012 Sumário Introdução.............................................................................................................. 3 A trajetória dos povos negros no processo de escolarização............................. 7 A desigualdade racial no contexto escolar....................................................... 12 Intervenções na Prática Docente....................................................................... 15 Considerações finais........................................................................................... 21 Referências Bibliográficas................................................................................. 23 Introdução A população brasileira caracteriza-se por uma diversidade étnica, resultado de um processo construído historicamente pelas relações inter-raciais e, ao mesmo tempo, de domínio de uma raça em relação a outra, justificada por uma suposta relação de superioridade e inferioridade entre colonizadores e conquistados. Mesmo com o fim da escravidão ainda hoje trazem enraizadas as marcas da discriminação racial a partir da qual os negros eram tratados como mercadorias, não tendo os mesmos direitos que os demais homens livres. Diante disso, a negação ao direito à educação da população negra durante um longo período de nossa história acarretou uma sociedade marcada pela exclusão, dominação e exploração de um grupo em relação a outro socialmente discriminado. O Brasil evitou o tema por muito tempo, apresentando-se como um país homogêneo, promotor de uma suposta “democracia racial”. Em oposição a esse contexto, surge o Movimento Negro como uma das principais forças atuantes, com lideranças de projeção nacional, na luta de direitos igualitários. A mobilização em torno desse movimento tinha como objetivo denunciar “o mito da democracia racial” e exigir que o Estado, garantisse leis anti-segregacionistas, como também assumir um compromisso para promover melhores condições de vida da população negra. Um dos momentos de importante representatividade foi a Marcha Zumbi contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida em 1995, favorecendo a articulação de projetos institucionais, voltados para os direitos culturais, econômicos e sociais da população negra brasileira. Posteriormente, outro evento de grande impacto em busca do fim das desigualdades raciais no Brasil foi a III Conferência Mundial contra o Racismo, em Durban, no ano de 2001. A luta dos movimentos negros, no Brasil, entre eles os movimentos abolicionistas, as revoltas sociais, as irmandades religiosas, entre outros, ao longo de seu percurso, gerou várias demandas na luta contra o racismo que se “caracteriza como um processo de produção das desigualdades sociais entre as etnias e não como relação de ódio como em outras partes do mundo”. (CUNHA JR, 2008, p.49). Partindo do pressuposto de direitos democráticos e na diversidade cultural, o Movimento Negro colocou em questão um conjunto de problemáticas 4 envolvendo o acesso e permanência da população negra no sistema educacional, conforme demonstrado por diversos estudos acerca do tema, como os altos índices de analfabetismo da população afro-brasileira (ROSEMBERG, 1989), “no silêncio da escola sobre as questões de interesse dos afro-brasileiros” (GONÇALVES, 1985), “nas práticas curriculares que excluem conteúdos relacionados à história e a cultura (FONTOURA, 1987), no material didático que trás imagens e discursos através de representações estereotipadas. Nesse contexto, várias políticas de reparações, de reconhecimento e valorização são implementadas no âmbito educacional, visando também o combate ao racismo e discriminação como forma de ressarcir a população negra de danos sociais, políticos e educacionais sofridos ao longo de décadas. Dentre algumas iniciativas governamentais estão o Decreto 4.886/20/11/2003 que determina A Política Nacional da Promoção da Igualdade Racial/PNPIR e a Lei 10.639/2003 que estabelece a obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura africana e afrobrasileira no ensino fundamental, incluindo no calendário escolar o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”. Sendo assim, a educação torna-se fundamental na construção de uma nova postura frente às questões de discriminação e preconceito, necessitando instrumentalizar seu corpo docente para fornecer informações mais precisas de toda essa trajetória, capazes de abordar conteúdos que permitem a reflexão sobre a diversidade cultural como possibilidade de ampliar os conhecimentos e conscientizar a todos da responsabilidade social de cidadão como autor da história de nosso país e agente de transformação. De acordo com os 1PCN’s: Uma proposta curricular voltada para a cidadania deve preocupar-se necessariamente com as diversidades existentes na sociedade, uma das bases concretas em que se praticam os preceitos éticos. È a ética que norteia e exige de todos, e da escola e educadores em particular, propostas e iniciativas que visem à superação do preconceito e da discriminação. (BRASIL, ano 1997, p. 129) 1 PCN’s - Os Parâmetros Curriculares Nacionais são referenciais para o Ensino Fundamental e Médio do país, elaborado pelo Governo Federal, com o objetivo de propiciar subsídios à elaboração e reelaboração do currículo, tendo em vista um projeto pedagógico em função da cidadania. 5 Entretanto, muitas são as barreiras que dificultam a convivência entre as diferenças, principalmente quando se trata de questões multiculturais, como definido por Gonçalves & Silva, (2004): Falar do multiculturalismo é falar do jogo das diferenças, cujas regras são definidas nas lutas sociais por atores que, por uma razão ou outra, experimentam o gosto amargo da discriminação e do preconceito no interior das sociedades em que vivem. Pois essas diferenças geram o enfrentamento de grandes desafios, haja vista que a convivência começa na família, na qual são formados os primeiros conceitos a respeito do pertencimento de grupo do qual fazem parte. No entanto, no espaço da escola se ampliam as relações vivenciadas, pois nesse, a criança terá convívio com as diferenças de outros grupos da qual antes não tinham contato, necessitando assim fortalecer o exercício do respeito pelo próximo. Diante disso, os educadores se defrontam com o desafio de incorporar de forma contextualizada e consistente práticas que promovam o respeito e a tolerância, num país multicultural e desigual, através da articulação do processo de ensino-aprendizagem entre as diversas áreas do conhecimento, a fim de promover o fortalecimento de bases sólidas que constituirão em mudanças sociais necessárias para uma sociedade mais justa equânime. Os constantes debates a cerca do tema apresentados em Fóruns, promovidos pelo Ministério da Educação em pareceria com as Secretarias de Educação e o Movimento Negro, demonstraram que a grande maioria dos professores não recebeu formação quanto ao conteúdo referente a história da população negra e sua influência no processo histórico de nossa nação, de acordo com a UNESCO (2004). Sendo assim, este projeto se justifica pela necessidade de abordar as temáticas raciais que envolvem o cotidiano escolar, através de ações que promovam uma discussão da realidade local e conscientização dos profissionais envolvidos no sistema educacional para fortalecer o papel que exercem de promotores/as da cultura do respeito, da equidade étnico-racial e da valorização da diversidade. No contexto escolar a implementação dessas ações implica uma nova forma de olhar, uma análise critica da realidade uma vez que, a questão racial brasileira passa por toda uma construção histórica marcada pela questão do 6 racismo e, especificamente, pela exclusão dos negros, vivenciada no dia-a-dia através de atitudes preconceituosas, que desqualificam e até ridicularizam os afrodescendentes. Na minha prática percebo crianças com concepções de que os negros nasceram para servir os brancos, já incutido nelas um preconceito. Além disso, são exemplos concretos apelidos, baixa-expectativa dos professores quanto aos alunos entre outros. Nessa perspectiva, a abordagem sobre o assunto torna-se mais difícil devido aos estigmas preconcebidos sobre a inferioridade da população negra e a falta de ações afirmativas que promovam a capacitação dos profissionais da educação para combater efetivamente os efeitos negativos causados pela exclusão e preconceito. Diante dessas dificuldades, procuramos envolver a equipe docente em projetos que promovam mudanças de comportamentos com relação a atitudes discriminatórias, embora ainda não sejam medidas suficientes para combater todas as formas de discriminação da qual nos deparamos. São conceitos e práticas transmitidos culturalmente que dificultam estabelecer relações de igualdade, respeito e dignidade a todos os cidadãos. Portanto, é fundamental que os educadores estejam instrumentalizados para que de fato possam intervir de forma significativa nas concepções de relações étnicas raciais. Objetivo geral Subsidiar ações para o enfrentamento do preconceito, através da capacitação de professores para um novo enfoque no processo pedagógico escolar. Objetivos específicos Estimular intervenções individuais e coletivas contra atitudes e comportamentos preconceituosos. Criar condições necessárias para o enfrentamento ao racismo e discriminação no cotidiano escolar, visando o fortalecimento de uma cultura institucional comprometida com a função social de construção de conhecimentos historicamente transformadores da realidade. 7 Trabalhar textos que possibilite ao professor explorar um material científico-pedagógico que contemple a fundamentação teórica e pedagógica, a fim de propor uma nova abordagem das formas de ensinar, contribuindo para a formação continuada do professor. Refletir coletivamente sobre o processo pedagógico da escola, na apropriação de informações, conhecimentos e conceitos que possam ser compartilhados com os alunos e com a história e a cultura afrobrasileira nos conteúdos curriculares. Construir coletivamente referencia sobre a realidade local, bem como das alternativas para intervir de forma consciente e objetiva sobre essa realidade. A trajetória dos povos negros no processo de escolarização Muitos já foram os avanços quanto a participação dos negros no processo educacional nas últimas décadas, considerando as dimensões de acesso. No entanto, as dimensões de permanência, qualidade e equidade constituem ainda grandes desafios a serem enfrentados. Há décadas atrás era reservado para eles somente uma instrução basicamente cristã, com o intuito de doutriná-los, não permitindo as crianças negras o ingresso nas escolas públicas, como determinava a lei nº 14 de 22/12/1837. De acordo com (Bernardo, 2006: pg 69) no Artigo 3º dessa lei, constava que: “São proibidos de freqüentar as escolas públicas: Parágrafo1ª Todas as pessoas que padecem de moléstias contagiosas. Parágrafo 2ª Os escravos e os pretos africanos, ainda que Libertos”. Leis como essa contribuíram para legitimar vivências de discriminação em virtude da cor, preconceito, descrédito, evidenciando a exclusão do negro/a da igualdade de oportunidades, como afirma (Silva Jr, 2002: pg. 11). No caso específico do problema da desigualdade e da discriminação racial no sistema escolar, é flagrante o hiato que separa os enunciados legais, os direitos anunciados nos tratados internacionais da alarmante realidade, visível a olho nu, diagnosticada nos estudos e pesquisas sobre o tema e denunciada, há décadas, pelas entidades do Movimento Negro. Ainda, de acordo com (Silva Jr, 2002: pg. 24). 8 Com base nas coletas sobre educação da PNAD-1982 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), Hasenbalg e Valle Silva concluíram que, quando comparados aos brancos, os pretos e pardos têm probabilidade três vezes maior de continuar sem instrução ou sem completar a primeira série do primeiro grau. As desigualdades na sociedade brasileira são constatadas através de pesquisas empreendidas pela Secretária Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, do Ministério da Educação – MEC e do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada – IPEA, onde apontam que a população negra é o segmento mais pobre da sociedade, a menos escolarizada e a que ocupa os postos mais inferiores no mercado de trabalho. Juntamente com essas pesquisas foi lançado o livro “A construção de uma Política de Promoção da Igualdade Racial: uma análise dos últimos 20 anos, em 2009, que fornecem dados sobre a evasão e repetência escolar maiores para a população negra, demonstrando as poucas perspectivas em atingir um nível de escolaridade que os prepare para o ingresso no mercado de trabalho em igualdade com a população branca. Os dados apontam que para crianças na faixa etária de sete a dez anos, o processo de universalização fez com que houvesse uma evidente convergência entre as taxas de estudantes negros e brancos, com um significativo aumento na taxa de matrícula entre negros de 1995 a 1999. Apesar disso, um hiato de 4% permanece em função de evasão e repetência escolar entre a população negra. Outro dado considerável é o de 2005, onde a taxa de matrícula entre jovens negros de 11 a 14 anos é de 68%, quando se supõe que deveria ser universal. Os outros 32% desistiram ou ainda estão no primeiro ciclo de ensino fundamental enfrentando a repetência e com poucas perspectivas de atingir um nível de escolaridade mais elevado. No âmbito educacional, esse assunto muitas vezes é evitado, contribuindo para a manutenção das diferenças, entretanto, de acordo com Silva Jr (2002), este silêncio não é em si mesmo uma ausência de discurso, mas um discurso em que o não dito ganha significados ambíguos ou se estabelece em relação apenas a uma das partes da relação racial. Alguns professores considerando que não há racismo na escola, ou que é função exclusiva da família educar para a convivência com o/a considerados diferentes e muitas vezes inferiores, se abdicam dos pilares da educação, do ensinar a ser e do ensinar a conviver (Delors, 2001). Essa abdicação favorece o 9 processo de sedimentação no Brasil, do “racismo cordial”, aquele do qual ninguém é culpado. Contudo, algumas mudanças vêm ocorrendo a partir da abolição, alguns grupos dos movimentos negros começaram a reivindicar a inclusão de crianças negras no processo de escolarização oficial, entretanto tais reivindicações não foram atendidas em curto prazo, sendo até hoje tema de constantes debates e por isso, os próprios movimentos se organizaram e criaram suas escolas, como por exemplo, o Colégio São Benedito, em Campinas, criado em 1902 para alfabetizar os filhos de negros. A luta para romper com o paradigma da discriminação e por uma vida mais digna da população negra é marcada por muito preconceito e discriminação, pois de 1925 até a segunda metade do século XIX, não se encontra registros na história de mudanças significativas acerca da participação dos negros em locais referentes a escolarização ou na sociedade, como sujeitos de direitos igualitários. Isso evidencia a luta da população negra pela inclusão no processo de escolarização, que mesmo o Estado impedindo o acesso a instrução dos negros por mecanismos legislativos, ao proibir os escravos de freqüentar escolas públicas ou quando garantia o direito de escravos livres estudarem, porém não oferecendo condições materiais para realização plena do direito, eles através de seus movimentos acompanharam os processos de compactação da nação brasileira, exercendo influência na construção histórica do nosso país, (Romão, 2005). No entanto, essa realidade começa a transformar-se gradativamente no ocidente após o fim da segunda guerra mundial, diante de uma reflexão mais humanista a respeito da intolerância racial e a necessidade de resgatar uma cultura pautada no respeito a diversidade como conseqüência da luta de vários movimentos em diversos países que reivindicavam direitos iguais aos grupos socialmente excluídos. Nesse contexto, surge a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945 com o propósito de preservar a paz e a segurança no mundo, promovendo uma cooperação entre diversos países a fim de buscar soluções para problemas sociais, econômicos, culturais e humanitários como resposta aos horrores da guerra. O que culmina em 1948 com a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece em alguns de seus artigos princípios de igualdade e valorização da vida. 10 No Brasil, somente a partir de 1970, ocorre uma maior democratização das escolas públicas com o ingresso de alunos provenientes das camadas menos favorecidas, incluindo crianças negras ou afro-descendentes, com o apoio de organizações de grupos da sociedade civil, como intelectuais, líderes religiosos e os movimentos negros que passam a reivindicar direitos iguais a todos e juntos participaram a convenção nº. 111 da Organização Internacional do Trabalho em 1958, bem como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos em 1966, e da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas Discriminação Racial em 1968, (Silva Jr, 2002, pg. 20). Entretanto, não foi suficiente, pois não evitava a evasão e repetência entre os mesmos, devido a estrutura ainda marcada por uma prática elitista e excludente, demonstrando não estar preparada para seu papel na formação social de uma nova sociedade, a partir da desconstrução de valores herdados da época escravocrata. Como nos revela esse breve histórico, o acesso e a permanência dos negros no processo educacional são permeados por uma série de entraves, desde o seu acesso, até a inclusão de políticas que garantem a sua permanência. Diante disso, a escola tem importante significado na construção da vida do sujeito, pois a mesma pode promover um espaço coletivo de convivência que nos permite entrar no universo do outro e nas suas diferenças, conforme o PCN (Pluralidade Cultura e orientação sexual, p.36) ... a contribuição da escola na construção da democracia é a de promover os princípios básicos de liberdade, dignidade, respeito mutuo, justiça, solidariedade, diálogo no cotidiano: é a de encontrar formas de cumprir o principio constitucional da igualdade...” Sendo necessário problematizar as relações raciais no contexto escolar questionando até que ponto está coerente com sua função social quando busca preservar a diversidade cultural, responsável pela promoção da equidade, libertando o indivíduo das amarras do preconceito. De acordo com Freire (1970): O que nos parece indiscutível é que, se pretendemos a libertação dos homens, não podemos começar por aliená-los ou mantê-los alienados. A libertação autêntica, que é a humanização em processo mas não é uma coisa que se deposita nos homens. Não é uma palavra a mais, oca, mitificante, É 11 práxis que implica ação e reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Nesse sentido, várias ações afirmativas impulsionadas pelos movimentos negros surgem a fim de reescrever a história da educação e combater o racismo e seus efeitos negativos na sociedade em geral. A lei 1063/2003 foi um importante marco no reconhecimento da questão do combate ao racismo na agenda brasileira para a redução das desigualdades, promovendo no sistema escolar a valorização das matrizes culturais que fizeram a diversidade existente em nosso país. Reconhecimento, nesse sentido, envolve justiça e equidade nos direitos sociais, civis, culturais e econômicos, assim como a valorização da diversidade daquilo que diferencia os negros de outros grupos que formam nossa sociedade. Essa Lei foi uma das primeiras a serem assinadas na época do governo Lula, estabelecendo o ensino de História da África e da Cultura afrobrasileira no sistema educacional, reconhecendo a escola como lugar de formação de cidadãos e promotora da valorização das matrizes culturais que fizeram desse nosso país tão rico, múltiplo e plural que somos. Destacando a relevância das questões a respeito do preconceito, racismo e discriminação na agenda brasileira de redução das desigualdades. De fundamental importância foi também a criação em 2003 da Secretaria Especial de Política de Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR), possibilitando mudanças concretas para diminuir as desigualdades raciais no Brasil. Em 2004 países do Continente Africano, da América do Sul, juntamente com o Brasil firmaram compromisso de conjuntamente promover a igualdade racial e combater todas as formas de discriminação, esse acordo aconteceu durante o Seminário “América do Sul, África, Acordos e Compromissos com Promoção da Igualdade Racial e Combate a Todas as Formas de Discriminação”, onde estavam presentes especialistas no assunto de vários países. Nesse mesmo ano foi aprovado pelo Conselho Nacional de Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana, a fim de regulamentar a alteração trazida na Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 12 A SEPPIR, lançou em 2009 o “Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais Para Educação Das Relações Étnico-Raciais e Para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana, juntamente com o livro “A construção de uma Política de Promoção da Igualdade Racial: uma análise dos últimos 20 anos”, nos quais apontam pesquisas sobre a população negra como segmento mais pobre da sociedade, a menos escolarizada e a que ocupa os cargos inferiores no mercado de trabalho, além do trabalho de pesquisa, tais obras buscam promover estratégias no combate ao racismo, demonstrando a importância de iniciativas governamentais para construção de uma educação de qualidade social e valorização da diversidade. São muitas as iniciativas de projetos empenhados nas questões relativas as relações étnico-raciais, cabendo aos estabelecimentos de ensino, professores e a todos envolvidos na elaboração, execução e avaliação dos programas de interesse educacional, planos institucionais e pedagógicos se comprometerem com uma educação verdadeiramente democrática, independentemente do pertencimento racial de seus alunos, contribuindo para excluir a idéia estereotipada que os alunos negros tendem ao fracasso escolar devido a realidade que enfrentam. Portanto, a educação desempenha um importante papel na promoção dos direitos dos negros em se reconhecerem como integrantes a autores da cultura nacional, expressarem suas próprias visões de mundo e manifestarem seus pensamentos e ideais sem serem discriminados. A desigualdade racial no contexto escolar Sendo o espaço escolar privilegiado onde acontece boa parte do processo de socialização onde crianças e adolescentes, de diferentes núcleos familiares, estabelecem relações no convívio com a diversidade. A escola torna-se o primeiro contato de vivência das tensões raciais, que podem acontecer de forma natural ou conflituosa, segregando, excluindo, fazendo com que a criança negra tenha em alguns momentos uma postura introvertida. Isso pode acontecer por medo de ser discriminada ou ridicularizada, iniciando assim um processo de desvalorização de seus atributos individuais, que vão de alguma forma interferir na construção de sua identidade, favorecendo a disseminação do preconceito. 13 Nesse sentido, a construção da identidade, assim como sua manutenção, se constituirá dentro do processo social, quando o olhar do outro poderá ou não proporcionar o reconhecimento ou sentimento de pertença positiva ao grupo social (Woodward, 2000). Abordar o tema sobre discriminação e preconceito racial no ambiente escolar não é só realizar um discurso de vitimização, mas enfrentar os desafios, dando visibilidade à problemática envolvida e promovendo uma ampla discussão, motivando a reflexão individual e coletiva na transformação de mentalidades e práticas de qualquer tratamento preconceituoso, através de ações conjuntas no contexto educacional para a reversão da discriminação e das desigualdades em nossa sociedade, desenvolvendo nos alunos a autoconsciência que move o saberser, se revela no saber-fazer como enfatiza Delors (2001): ...proporciona uma relação dialógica do aluno com o conhecimento, o envolve num processo auto-aprendizagem que o conduz a assumir compromissos com uma nova prática de vida social. Isto é, uma co-responsabilidade no seu processo de aprendizagem. Por isso, é fundamental que os educandos sejam orientados em seu processo de aprendizagem por professores qualificados, com formação para lidarem com as tensas relações produzidas pelo racismo e preconceito, que sejam sensíveis e capazes de conduzir a reeducação nas relações ético-raciais. E isso, requer estratégias pedagógicas, mudança nos discursos, posturas, formas de tratar as pessoas, reconhecimento dos processos históricos de resistência negra desencadeados pelos africanos escravizados no Brasil e por seus descendentes na contemporaneidade, desconstrução do mito da democracia racial e envolvimento de todos na construção de um projeto de escola, de educação voltada para um trabalho coletivo de articulação entre os processos educativos escolares, políticas públicas e movimentos sociais. Uma vez que, no âmbito educacional é possível observar as tensas relações étnico-raciais envolvendo a cultura e o padrão estético negro estereotipado, embora 45% da população brasileira seja formada por negros, segundo o censo do IBGE, não têm sido suficiente para eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas e preconceituosos. Não que seja na escola a origem de formas de discriminação, entretanto, o preconceito corrente na sociedade perpassa por ali. Assim sendo, ele se dá através 14 de apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a textura dos cabelos, fazendo pouco de suas tradições, religião e cultura. A discriminação e o preconceito reproduzidos na escola apresentam um quadro de agressões materiais ou simbólicas, de caráter não apenas físico e/ou moral, mas também psíquico, sobre o alunado negro, repercutindo sobre sua vida social e intrapsíquica, podendo ser um desencadeador ou um entrave ao seu pleno desenvolvimento, (Silva Jr, 2002: pg. 14). Por isso, torna-se fundamental professores capacitados para lidarem com essa situação, afim de desnaturalizar o discurso preconceituoso e promover o respeito à diversidade étnico-racial e cultural da sociedade brasileira. Diante dessa realidade nos deparamos com muitos profissionais ainda despreparados para agirem com autonomia em situações de discriminação, como afirma (Regina Pahim Pinto, 1999: pg. 207). [...] há uma preocupação com a maneira pela qual o professor percebe esse aluno. No contexto dessas reflexões, os assuntos que dizem respeito á diversidade étnico-racial em geral e do alunado, em particular, são praticamente ignorados, a despeito dos estudos que articulam relações raciais e educação, já algum tempo virem denunciando o despreparo do professor para lidar com situações que ocorrem em razão dessa diversidade. Nessa perspectiva, cabe aos professores estarem bem preparados para assumirem o papel de interventores para transformar essa realidade. De acordo com os PCN’s (1970: pg. 139): A intencionalidade se faz necessária como produto de uma reflexão que permita ao professor perceber o papel que desempenha nessa questão. É também a capacidade de perceber que tem o que trabalhar em si mesmo, e isso não o impede de trilhar, junto com seus alunos, o caminho da superação do preconceito e da discriminação. Trata-se de ter a certeza de que cada um de seus gestos pode fazer a diferença entre o esforço de atitudes inadequadas e a chance de abrir novas possibilidades de diálogo, respeito e solidariedade.(p. ?) A necessidade de subsidiar o trabalho dos professores deve-se a dificuldade que os docentes encontram de como tornar a cultura um eixo central do processo curricular e introduzir uma abordagem multicultural nas práticas pedagógicas. Diante disso, é essencial as iniciativas de formação de professores 15 no interior das escolas conforme afirmam os autores (Teles e Mendonça, 2006: pg. 21). ...considera-se que a alternativa viável para as mudanças de postura dos profissionais da Educação, requeridas em favor de uma Educação de qualidade, são os processos de autoformação conjunta e partilhada, sistemática e continuada, que devem ocorrer no interior das escolas, concomitantemente ao exercício da docência e promovidos pelas equipes gestoras dos sistemas de ensino, a partir da responsabilidade das três esferas – municipal, estadual e federal –, e dos gestores das próprias escolas. Dessa maneira, possibilitar que professores reflita sobre seus conceitos, amplie seus conhecimentos, analisem e reconheçam a organização da sociedade da qual os alunos fazem parte, tornará o processo educativo democrático e livre de atos opressores, preconceituosos e discriminatórios. Pressupondo que toda e qualquer proposta de Educação de qualidade e verdadeiramente democrática, que promova a cidadania e diminuição das desigualdades, passa pelos desafios da formação diferenciada para os professores, devido o importante papel que exercem na efetivação das políticas públicas educacionais, a formação dos mesmos deve abordar as relações de preconceito e discriminação de modo dinâmico, participativo e inclusivo. Dessa forma será possível proporcionar aos educadores condições de serem críticos e reflexivos, com potencial para promoverem projetos e ações transformadores no ambiente educacional. Nesse contexto, promover oficinas interativas a fim de proporcionar aos educadores debater a ampliar os conhecimentos a cerca das questões étnico-raciais é possibilitar que os mesmos tenham condições de formar cidadãos livres para pensar no nosso país na perspectiva da afirmação de sua identidade nacional. Metodologia de Intervenção na prática docente Esse projeto baseia-se na pesquisa-ação a cerca da realidade local e referencial teórico, Lüdke e André (1986) ressaltam que a abordagem qualitativa nos molde da pesquisa ação, propicia modificações e conscientizações tanto nos 16 atores do ambiente pesquisado quanto nos pesquisadores e pesquisadoras, enquanto mediadores (as) desse processo. Sendo assim, a pesquisa abrangerá aspectos descritivos e ações que permitirão entrar em contato direto com o tema investigado, oportunizando através dos meios disponibilizados o atendimento das necessidades do ambiente estudado. A partir da capacitação de professores com o objetivo de implantar no Projeto Político Pedagógico uma abordagem significativa, análise dos livros didáticos, elaboração de materiais pedagógicos, desenvolvimento de um plano de ação capaz de envolver a comunidade escolar a respeito dos problemas detectados e, principalmente refletir acerca da questão racial, do preconceito e discriminação e como esses temas se dá dentro do contexto social, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997): A escola, na perspectiva de construção de cidadania, precisa assumir a valorização da cultura de sua própria comunidade e, ao mesmo tempo, buscar ultrapassar seus limites, propiciando às crianças pertencentes aos diferentes grupos sociais o acesso ao saber, tanto no que diz respeito aos conhecimentos socialmente relevantes da cultura brasileira no âmbito nacional e regional como no que faz parte do patrimônio universal da humanidade. As intervenções propostas fundamentaram-se pelos conceitos de ensino, currículo e das relações étnico-raciais, que pressupõe o docente atuante, reflexivo e que busca superar toda e qualquer forma de preconceito e discriminação. De forma a incentivar um movimento de construção/reconstrução das práticas pedagógicas, numa dimensão participativa, flexível e investigativa como mais um elemento nas relações entre sujeitos de diferentes etnias, que buscam a transformação da realidade. Nesse processo de formação, é de fundamental importância que o professor: tome consciência do que faz ou pensa sobre sua prática pedagógica; tenha uma visão crítica das atividades e procedimentos na sala de aula e dos valores culturais de sua função docente; adote uma postura de pesquisador e não apenas de transmissor; conheça melhor os conteúdos escolares e as características do desenvolvimento e aprendizagem dos seus alunos (MACEDO, 1994). 17 Nessa perspectiva, a formação será realizada através de oficinas interativas, utilizando fontes iconográficas, orais, escritas, referências bibliográficas e recursos audiovisuais. As oficinas terão duração de seis meses, com encontros de quinze em quinze dias, beneficiando diretamente os professores da rede municipal do município de Queluzito, para atuarem de forma mais consciente e reflexiva nas questões étnico-raciais que envolvem todo o contexto escolar como os alunos e suas famílias. Serão propostas por uma equipe pedagógica composta por Coordenadores, Gestor e Psicopedagoga oficinas com o propósito de abordar o trato pedagógico da diversidade das experiências sociais, culturais e étnica ao longo da história, a serem discutidas a partir do diálogo com diferentes fontes e registros, dispondo para isso dos seguintes aspectos: Fontes Conteúdo Metodologia Objetivos aplicado Crono grama Análise criteriosa de Analisar o como o livro material didático didático que A importância da utilizado na possa ser escolha dos livros instituição compartilhado -Livros didáticos como apresenta e com os alunos didáticos recurso para discute a história para utilizados na difundir a cultura dos enriqueciment to escola. afro-brasileira e afrobrasileiros, o da história e de -Guia de livros combater a as imagens e os da cultura Didáticos imagem textos utilizados afrobrasileira e PNLD 2013 estereotipada dos para abordar o observar negros processo criticamente escravizados. histórico desse textos e povo no Brasil, a imagens que representação da promovem Agos- 2012 18 diversidade uma visão étnica brasileira estereotipada através das dos negros. ilustrações, etc. Depoimentos de mestres e Orais: pessoas praticantes de da comunidade A história da expressões Conhecer envolvidas nossa comunidade afrobrasileiras e referencias Setem- com as vista através dos lideranças sobre a bro de questões afrodescendentes envolvidas com realidade local 2012 raciais as questões raciais. Músicas Filmes Seleção, leitura Identificar auditiva e fontes interpretação de musicais para Músicas e canções letras de músicas o Outu do repertório que se reportam desenvolvime bro de afrobrasileiro a questões nto 2012 relacionadas á de um trabalho realidade social expressivo e dos negros. interativo. Debate em torno Ilustrar Outu dos filmes sobre diferentes bro/ - Cidade de Deus os aspectos formas de No - Chica da Silva e culturais, percepção da Vem Chico Rei históricos e visão a bro/ - Quilombo sociais que respeito da De - Quase dois envolvem as construção zem irmãos questões histórica de Bro de multiculturais. nosso país. 2102 Africanidade e Educação Possibilitar ao 19 Artigos publicados na Mesa redonda e professor revista Presença orientações explorar um Pedagógica; ministradas pela material Coleção Educação Psicopedagoga e científico- bro/ para Todos, ex-tutora do pedagógico Outu lançada pelo curso de que contemple bro/ Ministério da Educação para a a No Educação e pela Diversidade e fundamentaçã vem Organização das Cidadania da o teórica e bro de Nações Unidas UFOP e pedagógica, a 2012 para a Educação, a Coordenadora fim de propor Ciência e a Pedagógica da uma nova Cultura referida escola abordagem Setem- pedagógica (UNESCO) em 2004 Como fazer do PPP da escola um instrumento de Criar fortalecimento de condições uma cultura necessárias institucional Análise para o Projeto Político comprometida criteriosa e enfrentamento No Pedagógico com a função sugestões para ao racismo e vem social de serem discriminação bro de construção de implementadas no cotidiano 2012 conhecimentos escolar através historicamente de ações transformadores conjuntas da realidade. Analisar os dados do 20 CRAS sobre a Dados do realidade CRAS sobre a social de De nossos alunos zem realidade social Estudo desses dos dados Montagem de relatórios sobre a e suas e propor bro de afrodescenden- realidade local ações para tes no intervir de município forma 2012 consciente e objetiva sobre essa realidade. Para realização desse projeto será essencial as parcerias feitas com o CRAS (Centro de Referência e Assistência Social), que atua diretamente com crianças e famílias que possuem dificuldades de inserção social, o (CMDCA) Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente e a Secretaria Municipal de Educação, para que o trabalho a ser desenvolvido na escola, possa promover mudanças na sociedade local. Para isso o Projeto Político Pedagógico da escola será importante instrumento uma vez que define caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos no processo escolar. Com o apoio do CRAS, será possível fazer uma análise do contexto externo do qual a escola está inserida e suas interações, para que possamos detectar as mudanças que serão necessárias para sua efetiva implementação. Outro fator importante a ser analisado criticamente é o material didático utilizado na escola a fim de identificar a percepção dos professores quanto aos estereótipos e preconceitos contidos nos livros didáticos na medida em que neles a mulher é vista como doméstica, o índio como selvagem, o caboclo brasileiro como caipira, o negro escravizado como submisso aos brancos, demonstrado inferioridade de uma raça em relação a outra. Sendo assim as oficinas constituirão em amplo espaço de debates a cerca do tema em questão, articulando conteúdos e conhecimentos, criando possibilidades futuras de continuidade. 21 Público alvo Doze professores da rede municipal de Queluzito que atuam no Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano. Recursos Os recursos materiais para execução do plano serão livros didáticos utilizados na escola, filmes, músicas, artigos, Projeto Político Pedagógico, dados estatísticos sobre a realidade local, multimídia e o espaço físico da escola. Os recursos humanos serão pessoas pertencentes a grupos afro-descendentes, coordenação pedagógica, psicopedagoga, Assistente Social e membros do CMDCA. Todos os parceiros já estão envolvidos direta ou indiretamente com projetos e ações afirmativas no combate as desigualdades étnicas nesse município, o que irá possibilitar um trabalho comprometido com a formação de valores de nossas crianças, para que possam futuramente intervir nessa realidade de forma significativa e consciente. Monitoramento A avaliação, cujos indicadores seriam as dimensões de reação, aprendizagem, comportamento e impacto, com vistas a aferir sua eficácia, no acompanhamento das estratégias utilizadas pelos professores no combate a discriminação e preconceito, será realizada em diferentes momentos considerando a interação, participação nos debates propostos e mudanças metodológicas no processo de ensino. O processo será acompanhado pelos responsáveis pela capacitação e gestão escolar através da observação constante constado em relatórios e auto avaliação por parte dos professores participantes. Considerações finais 22 No Brasil, a visão eurocêntrica e racista resultou no dilema de formar uma nação através de um projeto de homogeneização. Um ideário de igualdade que resultou no “mito da democracia racial”, nobre enquanto meta, porém enquanto mito explicativo da formação do Brasil e das relações harmônicas entre os povos que constitui nossa nação totalmente equivocado. Diante desse equivoco, surge no cenário nacional movimentos organizados pela população negra de diferentes contextos sociais, a fim estabelecer um novo paradigma para emancipação dos afrodescendentes. Uma vez que, excluídos da participação política e social de nosso país, sofrem com a discriminação e o preconceito. Nesse contexto, é possível observar a dificuldade de inserção social dos negros através dos índices educacionais, que aponta baixo nível de escolaridade entre a população negra devido a falta de condições e de políticas que garantem a permanência de todos na escola. Diante disso, torna-se essencial fazer da educação um lugar de acolhimento, que promova a valorização da diversidade, o respeito e a tolerância entre todos. Sendo que, para isso há que se formar uma equipe comprometida com seu processo de formação, de modo a auxiliar na reflexão coletiva do processo de pedagógico da escola. Sabemos que muitos são os desafios a respeito da formação de professores, no entanto é fundamental romper com as barreiras e promover uma formação capaz de conscientizar os educadores de seu papel como agente de transformação social e no combate a discriminação e o preconceito que afasta e estigmatiza determinados grupos de nossa sociedade. 23 Referências Bibliográficas BARRETO, Andréia; ARAÚJO, Leila; PEREIRA; Maria Elizabete. Gênero e diversidade na escola: Formação de professoras/es em Gênero , orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009. BERNARDO, Sérgio São. A trajetória das ações afirmativas no Brasil. Única ed. Revista Afro UFU.Revista do Projeto Inclusão de Negros(as)no Ensino Superior.Universidade Federal de Uberlândia. Março, 2006. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. 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