ESTADO DE MINAS ● S E X TA - F E I R A , 2 2 D E D E Z E M B R O D E 2 0 0 6 ● E D I T O R : J o ã o P a u l o C u n h a ● E D I T O R A - A S S I S T E N T E :  n g e l a F a r i a ● E - M A I L : c u l t u r a . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 1 2 6 EM MAIS INFANTIL, MAIS ORIGINAL Temporada 2007 do ‘Sítio do Picapau Amarelo’, como o ator Rodolfo Valente (Pedrinho), terá novos roteiristas. ★ PÁGINA 5 ISABELA KASSOW/O DIA Makely Ka tem dois livros de poesia publicados e prepara CD autoral MARIA TEREZA CORREIA/EM O POETA MAKELY KA É APONTADO POR ESPECIALISTAS E MÚSICOS COMO O LETRISTA QUE MELHOR SIMBOLIZA A NOVA GERAÇÃO DE ARTISTAS MINEIROS AILTON MAGIOLI “O que caracteriza a nossa geração é a mania de samplear tudo”, diz Makely Ka, ao listar influências da sua poesia, que vão de Maiakóvski aos marginais brasileiros, passando por Lautréamont, Ying Sang e todos os beats, além do simbolismo, surrealismo, concretismo e modernismo. Nascido em Valença (PI) e criado em Barão de Cocais (MG), foi em Belo Horizonte que Makely Oliveira Soares Gomes, de 31 anos, se transformou no poeta, letrista e músico que vem chamando a atenção pela contemporaneidade de sua obra. A ponto de ser apontado em uma enquete da reportagem do Estado de Minas como o letrista símbolo da novíssima geração em atividade na capital. O pseudônimo, segundo revela, foi adotado pela sonoridade da letra k que, além LETRA VIVA LIRISMO CONTEMPORÂNEO O lançamento recente de Palavras musicais – Letras, processo de criação, visão de mundo de 4 compositores brasileiros: Fernando Brant, Márcio Borges, Murilo Antunes, Chico Amaral – Entrevistas, de Paulo Vilara, instigou a reportagem a promover a enquete para descobrir quem seria o principal letrista em atividade na capital. Jornalistas, cantores e letristaspoetas participaram da votação, cujo resultado é produto do rico momento vivido pela música produzida em Belo Horizonte, onde variadas vertentes se manifestam em canções, baladas, raps, sambas e outros gêneros. de rico significado literário, batiza livro do também poeta russo Vielimir Klebnikov. D entro da denominada economia criativa, Makely Ka se autoproduz e não oculta o orgulho de nunca ter procurado gravadora ou editora, apesar de revelar que já foi sondado pelo mercado editorial. Com dois livros publicados (Objeto livro, de 1998, e Ego excêntrico, de 2003, que vem com o CD Poemas de ouvido encartado), o letrista produziu e gravou a coletânea A outra cidade, que reúne a nova geração musical belo-horizontina. Este ano lançou Danaide, da parceria com a mulher Maísa Moura. Para 2007, prepara Autófago, o primeiro disco solo, integralmente autoral que, anuncia, será mais rock’n’roll. Até então a sua produção musical tendia para canções e baladas. Além de editar a Revista de Autofagia com o poeta Bruno Brum, Makely também edita um blog (www: autofago.blogstop.com) e apresenta o espetáculo de poemas Autofagia, no qual faz uso de samplers. “O que Makely tem de mais característico é o trânsito absolutamente livre entre a poesia da canção e do livro”, detecta Ricardo Aleixo. Coincidentemente aí também residem os aspectos ELEITORES E VOTOS Chico Amaral – Makely Ka e Gilberto Sáfar Marcelo Dolabela – Erika Machado e Francesco Napoli (Zanzara) Patrícia Ahmaral – Makely Ka e Christian Maia Paulo Vilara – Makely Ka e Renegado (NUC) Pedro Morais – Makely Ka e Magno Mello Ricardo Aleixo – Sérgio Pererê e Renegado (NUC) mais ricos e frágeis do artista que, na opinião do também poeta-letrista, são a capacidade de introduzir na canção – especialmente na parceria com Kristoff Silva – elementos tradicionalmente associados à poesia de livro, e a tentativa de levar para o livro procedimentos que são usados há mais tempo por outros poetas, com melhores resultados, segundo Aleixo. “A poesia sempre esteve ligada intrinsecamente à música”, pontua Makely Ka, lembrando que o processo de escrita é que começou a separar as duas manifestações. “As poéticas contemporâneas, no entanto, apontam para a vocalização do poema”, aposta, admitindo que vivemos o momento em que a poesia começa a ter outros suportes, desagarrando-se nova- mente do papel. No primeiro disco solo, por exemplo, ele diz que vai trabalhar mais o canto falado. “Algo entre a fala e o canto, onde me sinto mais à vontade”, explica o autor, que gosta de cantar as próprias canções. Makely Ka um artista inventivo e inovador. “Ele tem boas experimentações poéticas”, atesta, incluindo o também letrista na tribo de Arnaldo Antunes e José Miguel Wisnik, influenciada pela poesia moderna. RENEGADO “O Makely Ka recupera muito bem a história da música como poesia”, pondera Patrícia Ahmaral, satisfeita com o resultado da enquete que, em sua opinião, traz à tona a trupe que está contribuindo para a renovação da cena poético-musical. “Entre as mulheres, além da Erika Machado, há a Mila Conde. Mas o nosso grande compositor popular é o Vander Lee”, destaca a cantora, que também cita Ricardo Aleixo e Renato Negrão como letristas de trabalhos consistentes. Surpreso pelo segundo lugar que lhe coube, Flávio de Abreu Lourenço, o Renegado, de 24 anos, diz que o resultado é justo porque, além do trabalho solo reconhecido, Makely vem sendo gravado por vários intérpretes. Com o primeiro disco solo (Do Oiapoque a Nova York) sendo preparado para o ano que vem, Renegado, que lidera o grupo de rap Negros da Unidade Consciente (NUC) há nove anos, transformou a comunidade do Alto Vera Cruz, na regional Leste, em ponto de referência da nova cultura belo-horizontina. “Renegado não tem vergonha de expor seus sentimentos enraizados”, elogia o jornalista Paulo Vilara, que diz ter visto um show de Renegado em que a própria mãe do artista subia ao palco. “É a força da periferia se fazendo ouvir”, acrescenta. Já Makely Ka é um poeta mais elaborado na opinião do autor do recém-lançado Palavras musicais – Letras, processo de criação, visão de mundo de 4 compositores brasileiros: Fernando Brant, Márcio Borges, Murilo Antunes, Chico Amaral – Entrevistas. “O discurso da letra de Mulher do Norte (“Jamais se submeta a mim/ pois posso lhe escravizar/ não é porque eu seja ruim/ é como sei amar”) é muito contemporâneo”, destaca Paulo Vilara, que inclui Vander Lee na relação dos novos letristas, pelo cotidiano popular que ele leva para composições como Balanço do balaio e Chazinho com biscoito, que classifica de verdadeiras crônicas. De olho na nova geração, o também letrista Murilo Antunes detecta em ABOIOS E VÍDEOS Segundo Makely Ka, apesar das influências da mãe professora e do pai, um tio, também músico e artista plástico, foi responsável pelo aprofundamento de seu contato com a literatura. “Figura mística, meu tio me levou a ter contato com livros sagrados, através dos quais conhecia a tradição oral de 5 mil anos atrás”. “Já meu pai me trouxe o cordel, repente e aboios nordestinos, onde encontrei vínculos com Homero”. Depois do curso técnico que o levou a trabalhar em uma nineradora, Makely descobriu nos festivais de inverno de Ouro Preto o canal para a arte, começando a trabalhar na edição de vídeos paralelamente aos poemas que já vinha colecionando. Para musicar os poemas foi uma questão de tempo. Já na universidade, onde cursou filosofia, que acabou abandonando, passou a viver em comunidade com jovens artistas e daí nasceram as parcerias. As primeiras músicas gravadas foram Queixumes e Menina ilha dos olhos d’água, que Alda Rezende inclui no repertório do CD Samba solto. Hoje, a lista de intérpretes vai de Regina Spósito a Anthonio, passando por Júlia Ribas, Vitor Santana & Mariana Nunes, além de Titane, Patrícia Ahmaral e Elisa Paraíso. O parceiro mais constante do poeta é Kristoff Silva, com quem contabiliza cerca de 20 composições. Mas a parceria vai da mulher Maísa Moura ao lendário Marku Ribas, além de Renato Negrão, Renato Vilaça, Flávio Henrique, Dudu Nicásio, Antônio Loureiro e, mais recentemente, Chico Saraiva, do grupo paulistano A Barca, e Guilherme Wisnik, filho de José Miguel Wisnik. Para Makely, o processo de composição costuma ser diferenciado. “Quando você faz música e letra sozinho tem de cobrir a métrica, buscar as rimas. O processo parece uma mistura de poesia com palavras cruzadas. Já na letra que vai ser musicada pelo parceiro há mais recursos e liberdade. Mas não dá para passar texto em prosa sem elementos musicais. Tem de ter aliterações , rimas e algum ritmo, coisas que facilitam na hora de colocar a melodia”, compara. das filmagens de O auto da com- vos do cinema nacional, ele, no padecida (lançado em 2000). "Na entanto, não tem experiência anépoca, dos amigos, era o Cao terior em direção. "Pensei até em quem tinha carro. Então no D Efazer E Sfiquei TA D O M I Num A S curta ● para T E entender R Ç A - os F E sítio e pedi para ele me buscar uns tipos de problema que poderia gar tarefas a ninguém, mas cha- trabalho com amigos, estou conmar parceiros para o projeto." seguindo fazê-lo caminhar", conA decisão de filmar no Ama- clui Matheus Nachtergaele. Izonas R A se , deu 1 9porque D E eleJ queria U N H O D E 2 0 0 7 um lugar que reunisse diferentes *A equipe viajou a convite da CineOP CULTURA ROContundência necessária AFIADO CULTURAL CINEMA Matheus Nachtergaele fala sobre A festa da filme rodado no Amazonas e montado em HELENA LEÃO/DIVULGAÇÃO KIKO FERREIRA �� � � � �� Quem conheceu Makely em incursões poéticas, assembléias de músicos, performances e e-mails instigantes, sentiu falta, nos dois primeiros trabalhos, da virulência e da postura sempre afiada comum às suas comunicações e expressões públicas e privadas. O primeiro, o coletivo A outra cidade, era dividido com Pablo Lobato e Kristoff Silva e andava em paralelo com o fundaMARCOS VIEIRA/EM – 21/5/07 mental projeto Reciclo geral, que ARTES revelou uma geração de artistas mineiros. Já A Danaide foi uma parceria com a cantora Maisa Moura e parecia um passeio pelo lado Dr. Jeckyll do Mr. Hyde da música feita em Belo Horizonte. Autófago, o disco, é Makely em seu território: poético, elétrico, deosiçãosafiador Arte moderna em cone afinado com sua história o com odepúblico hoje, no Palátransgressões conseqüentes. Já nando na Cocchiarale, Franz Mafaixa que dá nome ao disco ele io Ewbank analisarão panose posiciona: “Euo me alimento da suais ecarniça as perspectivas do sedo meu pensamento/e me realizado na Sala Dias, oriento porJuvenal ecos e condicionamenuita e de com a lotação to/acordo meu amuleto são os ossos com m 174 que lugares. devem me Senhas sustento”. Formado por m antecedência na Avenida leituras e audições várias, que in37, Centro. NaLeminski, Grande Galeria cluem Torquato Neto, tas obras de Alfredo Volpi, Ar- Makely Wally Salomão e Chacal, urle Marx, Candido Portinari, declara em Reator, entre confissões nabu Mabe, Milton Dacosta e “Eu fiz de boemia e carne em flor: tre outros. da poesia minha ambrosia/ meu sustento, meu amor.” Produzido pelo domador de relâmpagos Renato Villaça, outro autor de méritos e movido a desafios, o disco foi gravado no Estúdio Engenho, pilotado por D I S CO res fazem ma das artes a Fumec lançam Café com Letras ue será lançada hoje em Belo a elementos de colagens, fotoe ilustrações. Criada por aluico da Fumec, a publicação foi rofessores Mário Arreguy, Sal Neder. Com 70 páginas, a reconferida a partir das 19h no Rua Antônio de Albuquerque, delicadeza , antes que as guitarras assaltem a cena. Mais discussão de liberdade, mais política. A outra cidadetraz fala do subcomandante Marcos, gravada na cidade de Toluca, México, em 2001, abrindo caminho para o mais implacável retrato musical que BH já recebeu, com o refrão implacável: “E o Arrudas continua cinzento e cheirando mal”. Mudando de ribeirão para planeta, Plutão, com suas cordas e canto arrastado, poderia estar no Araçá azul de Caetano ou no Aprender a nadar de Makely Ka transforma em música sua poesia desafiadora Macalé. Para terminar, a faixa bô* MARIANA PEIXOTO 20 diaselétrica depois",e recorda. nus O meteoroevoca o poeta russo De Ouro Preto O longa foi filmado no início Maiakovski, detonando pessoaldo ano em Barcelos, Alto Rio Neum experiente dinamitador de mente a poesia depois de sintomátrícia Rocha e bateria de Antônio A inspiração veio do sertão gro, a primeira capital do Amazopeso,nordestino. André Cabelo. O trio Maketicos dois minutos de silêncio. Loureiro o ritmo, (DaJá a história ganhou alnas. Éconduzindo centrado em Santinho ley/Villaça/Cabelo estraEquinócio a ciência poéti- um Autófago apresenta, além de ma em Minas eextrai corpoano Amazoniel decheira Oliveira), considerado nheza necessária para que a poeconsideração ou juízo de ca, enquanto Endoscopia retoma nas. Agora, novamente em Minas, milagreiro no lugar onde vive. qualquer A sia tenha a clareza desejável pavalor, conjunto consistente de a questão da identidade pela via ele está moldando esse corpo. Há fama só aumenta quando ele conra serum compreendida, sem pare- da pluralidade idéias bem-alinhavadas. Caractesons, etnias e de mês, um dos atores-símbolo segue fazerde aparecer o vestido cer didática ou recitativa. rística rara num cenário repleto de geografia Hit nos do cinema brasileiro atual, Mauma interplanetária. menina que sumiu. A partir “Destravem seu maxilares”, melodias sem vitaminas, letras shows, o coco Sorôco inaugura a theus Nachtergaele, está em BH, desse fato, as pessoas que ali viordena o poeta na faixa de abertusem consistência e obras sem conreta final com pegada nordestina. na casa de Cao Guimarães, mon- vem comemoram a data com ra, “desliguem seus da celulares”, ceito. A Makely o que é de Makely. Famigerado apresenta a voz dede 20 tando A festa meninamimorta, uma festa. Na comemoração nutosque antes de soar sucessor de Maisa Com todos os louros e riscos. Moura cobrindo aafaixa degaromarca sua o estréia na direção. anos da descoberta, mãe da Arnaldo Antunes em Eu não, A pausa no trabalho a que vem se ta aparece para revelar a verdade. questionadora identidades. As- ao O elenco traz ainda Cássia Kiss e Jadedicandodeem 2007 deve-se sumidamente perturbado pela cilançamento na CineOP – Mostra ckson Antunes, atores de Manaus dade,deele abre Cérebro Cuba, Cinema de Ourona Preto de Bai- e pessoas que vivem em Barcelos. com xio célebre fala de Glauber Ro- de das bestas, longa-metragem Matheus Nachtergael Foi durante as filmagens de O cha, Cláudio colocando a cara a tapa Assis em que ele no atua. O auto da compadecida que Nalançamento de Baixio d programa e confessa o de chtergaele descobriu a história. eventoAbertura, será encerrado na noite estilohoje inquieto briguento. com aeexibição, às 21h, no Ci- "Naquela ocasião, ficamos sabenne Vila Rica, do documentário An- do de uma cerimônia religiosa no ter. Mas a A festa da menina mor VITAMINADO De repente, no darilho, de Guimarães. sertão do Cariri chamada Festa ta nasceu como longa e um cur meio daMatheus fita, o vigor dá lugar àconta da menina mártir. Uma garota, ta poderia me desviar desse fil Nachtergaele malícia em Punk quecrítica o convite para de quebutiGuima- chamada Josefa, tinha sumido no me. Além do mais, costumo se que, sobre “um moleque de reborães participasse de A festa da me- sertão e a família dela, muito reli- um ator que se envolve nos pro ck, completamente lock de maneira, aranina morta foi, de certa giosa, fez promessas, peregrinou cessos dos longas de que partici que”,afetivo. seguida de um arock quase "Cheguei cogitar que ele e, finalmente, encontrou o vesti- po. Desde 1999 estou muito aten punk,dirigisse sem ser odefilme araque, Não semas, do da menina. A família conside- to a todas as etapas. O que fiz fo comigo, meta,num comcerto fala de Hugo Chávez momento, achei que rou um milagre e uma festa foi me cercar de pessoas que gosto e na abertura e rima sexualmente tinha que encarar sozinho o traba- criada na data em que os trapos que poderiam aceitar a minha di explícita conclusão. Meioporque mu- o foram achados. Havia uma ver- reção", acrescenta. Entre os cola lho. na Fiquei encantado tante,Cao com voz processada de Pa-mon- dadeira migração de fiéis, pois boradores do projeto estão o ro não é exatamente um tador, ele monta seus próprios fil- aquele vestígio foi considerado teirista Hilton Lacerda (de Ama mes. E eu não queria um monta- uma prova de que a morte não relo manga e Baixio das bestas dor profissional, mas um poeta", havia vencido. Cético que sou, ambos de Cláudio Assis e com comenta Nachtergaele, contando me impressionou a capacidade Nachtergaele no elenco); e o dire também que o manuscrito de A que as pessoas têm de criar fé, de tor de fotografia Lula Carvalho festa… foi escrito por ele num sítio substituir a dor por um símbolo, (filho de Walter Carvalho). "Todo em Rio Acima, que alugou para es- um rito", relata Nachtergaele. têm plena consciência de que es sa finalidade, assim que voltou Um dos atores mais produti- tou estreando. Não queria dele das filmagens de O auto da com- vos do cinema nacional, ele, no gar tarefas a ninguém, mas cha Atrás das CÂMERAS “Mesmaluafoiquasetodogra- parcerias de Klaus com Merije. vado na Espanha , era um disco “Pupilo já incorporou toda a em dupla, por vários motivos questão da música popular, do QUINTA-FEIRA, NOVEMBROda DE ciranda, 2008 do frevo, não me permitiu ir tão fundo na20 DEmaracatu, O ESTADO DE S. PAULO lhar no próximo ano no palco. O caminho estético de Klaus – que também tem um canto vigoroso e envolvente – leva a CADERNO 22 D3 D3 CADERNO Makely Ka, musicalidade dedoano bolo serviço da poesia s avança com consistente CD de estréia-solo Um - dois Compositor mistura influências para embalar inconformismo LILIANE PELEGRINI/DIVULGAÇÃO O poeta Makely Ka, piauiense que fixou residência em Belo Horizonte, entrou na música por força dos versos que escreve. Parte significativa de sua produção está no perspicaz CD Autófago, do qual faz uma versão compacta no show de hoje dentrodaMostradeArteMineira Contemporânea, no Sesc Pompéia. A cantora Érika Machado e o projeto de música eletrônica Indiana Magneto são as outras atrações da noite. No encarte do disco, que ele também disponibilizou todo na internet, Makely avisa que o CD é apenas o suporte do conteúdo musical, que é o que realmente importa. A música, porém, é o veículo para algo ainda mais importante: sua poesia. Exceção nopop-rockatual,emque muito se fala, mas pouco se aproveita, ele se situa em Minas a caminho do mar Makelybrandeidéiasdeconteúdo político, sexual, existencial, e manei- uma série de possibilidades, descrevepaisagensurbanascinclassificáSimone sem que se possa zentascomtraçossecos, comoo mbiente lo. “Poderia ser caossambista, de fios elétricos embaraçapara a capa e o enmblé pa- porque tenho facilidade dos que ilustram diz Klaus. E preto-e-branco. Varanda compor samba”, carte do CD em para cantar também. Provas Asonoridademusicaladequasãopara O Samba alham a convincentes da suas letras reflexivas é Caminhão elemen- Chora (dele) epesada, com(de rock, reggae, coco, quero bém vi- Wagner Pã). “Mas funknão e afins se alternando em seeressa a me limitar, a diversidade qüência semfazintervalo entre as personalidatrumen- parte da minha faixas.“Nãotenhoformaçãomucanção. de. Essas experiências sical, venhosão da poesia. A partir por mais enriquecedoras.” de quando comecei a musicar os Antes que alguém fizesemdetapoemasoque fazia, surgiram conCD o leitor se, Klaus disponibilizou vites paraoparcerias. As pessoas “Se a ráretação. inteiro na internet. memandavammelodiasparacomesmo, dionãotoca,seatevênãomoslocar letra e isso quase que virou de estar em asentre- tra, a gente tem a minha profissão”, diz Makely. diz o que cantor. lhar no algum lugar”,“Acho há uma escassez de de no quemercado a questão, “Tenho consciência letristas e a gente para conciado ao mídia é essencial acaba tendo de se desdobrar.” que tempos, Makely as sono- quistar um público, Empara outros O merca, os três a gente se fortaleça. seria classificado de “maldito”, e a Walter Franco, elotam- do está se abrindo comomuito o foram nesse ná Vas- internet é fundamental JardsMacaléeItamarAssumpdedica o sentido,porqueaspessoaspoção(1949-2003),dosquaisseoue traba- demdecidirmelhoroquequerem ver e ouvir.” Como canta palco. de Klaus emOQue NãoTem, “o quenão anto vi- tempreçoéinspiração”.Ade- DIVULGAÇÃO MAKELY – Teia nervosa com ironia de Torquato, Leminski e Itamar vem ecos inspiradores, como os de Arnaldo Antunes, em algumas faixas, como Endoscopia, Sorôco e O Meteoro. Autófago é umbomexemplocomversoscomo:“Eu me alimento da carniça do meu pensamento.../ Eu me deserto quando seca o lacrimejamento/ E me rebento quando aborto meus renascimentos”. Conterrâneo do tropicalista Torquato Neto (1944-1972), Makely o tem como uma das referências mais fortes. O outro é o paranaense Paulo Leminski (1944-1989). Deste ele absorve a ironiaecertainfluênciadaculturaoriental.DeTorquato,ainspiração da personalidade artísti- ca, de articulador. “Os dois se colocavam com muita paixão em tudo o que faziam.” Seoinconformismonademocracia de hoje não tem o peso do risco nos tempos da ditadura, há outros oponentes a combater. Makely, de extenso currículo artístico, também é articulado nesse sentido.Foi eleumdosidealizadores do projeto Reciclo Geral, que deu ares de movimentoaos jovensmúsicos independentes mineiros em 2005. Duas cantoras dessa geração, Patrícia Rocha e Maísa Moura, participam do CD, uma teia nervosa de metáforas e invenções. ● L.L.G. Serviço ● Mostra Contemporânea de Arte Mineira. Choperia do Sesc Pompéia (800 lug.). R. Clélia, 93, 3871-7700. Hoje, 19 h; amanhã, 21 h. R$ 16 Ouça Kiko Klaus e Makely Ka www.estadao.com.br/e/d3 rem ve emOQ tempre le está HOJE EM DIA - BELO HORIZONTE, SEXTA-FEIRA, 13/5/2011 panhia: a atriz, ao lado de Jack Black, deu o ar da graça em Cannes 2 Cultura CURTAS Cor vermelha é predominante M Filme sobre massacre faz Cannes estremecer l MakelyKa lançadisco emIPods celulares Teve Angelina Jolie, linda, lançando “Kung Fu Panda 2”, para garantir o momento relax... Mas é a palavra polêmica que mais se adapta aos filmes já exibidos no Festival de Cannes. A começar de “Sleeping Beauty”, protagonizado por Emily Browning, o primeiro da mostra competitiva, ou “We Need to Talk about Kevin”, de Lynne Ramsay, o segundo. Dois filmes que dialogam entre si. No primeiro, uma garota entra para uma irmandade secreta - de acordo com Luiz Carlos Merten, da Agência Estado, meio “De Olhos bem Fechados”, de Stanley Kubrick. Ela dorme, é abusada por velhos (mas sem penetração), acorda e é como se não houvesse ocorrido MICHELLE SOARES/DIVULGAÇÃO nada. Nada? Os danos são muito mais (pro)fundos. Por que a garota aceita fazer esse jogo? Não é por dinheiro, porque ela queima as notas que recebe por seu “trabalho”. Lynne Ramsay também não explica por que Kevin faz o irremediável em seu filme, deixando sem olêmico ema“Sleeping Beauty” resposta pergunta que a mãe (Tilda Swinton) faz ao garoto, mas Kevin é aquilo que se chamaria de mente doentia, um “monstro”. E segue: “É uma história de família. Algo muito trágico. Um pesadelo”. A cor vermelha, diz ela, “domina desde o início porque vejo os filmes na minha cabeça, anAFP PHOTO / MARTIN BUREAU tes de escrever o roteiro, sou visual”, declarou Ramsay, cujo curta-metragem de fim de estudos, “Small deaths”, ganhou em 1996 o prêmio do júri em Cannes. “Nosso filme não trata, como Elefante, de Gus Van Sant, do massacre em um colégio, e sim sobre uma família, sobre as relações entre mãe e filho”, explicou o roteirista Stewart Kinnear. “Kevin cresce em uma família de classe média norte-americana. Tem tudo o que quer, mas acredita que não tem um lugar no mundo. É muito inteligente e pensa que seus pais interpretam o papel de pais, que estão atuando, que não são sinceros”, disse, por sua vez, Tilda Swinton. A atriz falou de sua maneira de encarnar o personagem de Eva, que se sente desconcertada e perdida desde o nascimento de Kevin, um menino muito chorão e depois autista, violento, grosseiro. “Quando uma pessoa tem um filho se sente às vezes como se estivesse escrevendo uma carta que nunca enviará a ele”, acrescentou. Makely Ka: infuência das músicas nordestina e ibérica CINTHYA OLIVEIRA REPÓRTER mente trabalhar essa distribuição via aplicativo, mas é bem possível que eu não faça o CD físico”, diz o artista, que depois de Belo Horizonte, o artista segue para quatro capitais nordestinas – Salvador, Maceió, Recife e Natal. Em “Cavalo Motor”, o músico apresenta sua principal influência: a música nordestina. Nascido no Piauí e criado no interior de Minas, Makely absorve elementos do que poMICHELL de ser ouvido no Sertão e no Agreste: emboladas, aboios, redondilhas, etc. “De toda a musicalidade do Nordeste, o que mais me Grande defensor da f lexibilidade da Lei dos Direitos Autorais e antenado a novidades tecnológicas, Makely Ka decidiu fazer um lançamento totalmente inusitado para seu segundo disco, “Cavalo Motor”. O público poderá conferir essas músicas novinhas em um show que acontece hoje, na Casa Una. O novo trabalho foi disponibilizado ao público por meio de um aplicativo para telefonia móveleIPods.Quemfizerodownload do programa terá, em seu celular, além das músicas recentes, letras, fichas técnicas, vídeos e as canções do discoanterior,“Autófago”. Quem se interessar por passar esse conteúdo para o aparelho móvel, também terá acesso a uma rádio, onde são executas mais de 70 composiAFP PHOTO / GUILLAUME BAPTISTE deaoMakely, interpretaAngelina e sua ilustre companhia:ções a atriz, lado de Jack Black, deu o ar da graça em Cannes das por outros artistas, como Ná Ozzetti, Alda Rezende, TiAFP PHOTO / VALERY HACHE tane, Chico Saraiva, Kristoff Silva e Aline Calixto. Por enquanto, estão disponibilizadas apenas quatro músicas do álbum – que terá interessa é a influência ibéri12 no total. “Quando a pessoa caE nas canções. Trabalhei “We need to talk about Kesegue: “É uma história de fa-isvai usar o aplicativo, eu peço so, mas de forma intuitiva”. vin” conta a história de Eva (Tilmília. Algo muito trágico. Um peum cadastro, com alguns da- sadelo”. E para nãodiz concorda), mãe de Kevin, o jovem ameriA cor quem vermelha, ela, dos socioculturais da pessoa. da com disponibilização gracano que um dia cometerá um “domina desde o início porque veAssim, ela vai receber automatuita de músicas via novas tecmassacre em seu colégio, e estrejo os filmes na minha cabeça, anticamente as outras músicas nologias, Makely dá um recameceu Cannes. Baseado no bemtes de escrever o roteiro, sou vicom o passar do tempo e eu sual”, do: declarou “Até o início do século sucedido romance da americana Ramsay, cujo cur-XX, poderei fazer ações mais direguardávamos as músicas Lionel Shriver, “Precisamos falar ta-metragem de fim de estudos,pecionadas, de acordo com o la memória. A gravação sobre Kevin”, publicado pela In“Small deaths”, ganhou em 1996da Makely Ka: infuência das músicas nordestina e ibérica perfil de cada um”, explica música tem pouco trínseca no Brasil, o filme explora o prêmio do júri em Cannes.mais “Nos-de Makely Ka, que deve disponicem anos, pouco tempo pera ambivalente relação entre Eva, so filme não trata, como Elefante, bilizar o álbum completo até to da história da humanidaque talvez não desejasse ser mãe, de Gus Van Sant, do massacre em G meados de julho. Ou seja, importa o suOLIVEIRA e o filhoCINTHYA Kevin, muito mimado e mente trabalhar essa distriumde. colégio, e simnão sobre uma famíbilid Por enquanto, o artista lia,porte pelo qualentre você quem, ao queREPÓRTER parece, nasceu com buição via aplicativo, mas é sobre as relações mãeouve e Auto não sabe dizer se irá disponiuma música, mas ela em si”. bem possível que eu não faça instintos ruins. A história começa filho”, explicou o roteirista des bilizar “Cavalo Motor” por Stewart Grande f lexiShow de Makely Ka na Casa Una de Cultura durante uma defensor “tomatada”daem al- o CD físico”, diz o artista, que Kinnear. “Kevin cresce deci Os atores EzraHorizonte, Miller e Tilda meio de CDs físicos conven- em(Rua bilidade da Espanha, Lei dos na Direitos de Belo o Aimorés, 1451, 2º andar), hoje, às 21 gum lugar da época depois uma família de classe média total Swinton: tema atualíssimo cionais. “Queremos primeiraAutorais e antenado a novidaartista segue para quatro capihoras. Entrada franca. em que Eva é ainda uma escritora norte-americana. Tem tudo o que seu des tecnológicas, Makely Ka tais nordestinas – Salvador, viajante, solteira e sem comproquer, mas acredita que não tem Mot decidiu fazer um lançamento missos. A partir desta “tomatada” Maceió, Recife e Natal. um lugar no mundo. É muito inteli- conf totalmente inusitado para Em “Cavalo Motor”, o múviolenta e sensual, a cor vermelha gente e pensa que seus pais inter- nhas seu segundo “Cavalo domina o filme edisco, prefigura o san- sico apresenta sua principal pretam o papel de pais, que estão ce ho “Cavalo Motor” será mostrado hoje, em show na Casa Una de Cultura “O mal dentro das pessoas” “C e Além de músicas, o aplicativo criado por Makely disponibiliza vídeos, letras, fichas técnicas e uma rádio Cor vermelha é predominante ESTADO DE MINAS Sexta-feira, 23 de maio de 2008 MAKELY KA abre o projeto Cantores daqui, no domingo à tarde MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS - 19/12/06 POP SUTIL O cantor e compositor Makely Ka, que vem atraindo a atenção do país para a música feita em Belo Horizonte, é a atração de domingo do projeto Viva a praça – Cantores daqui, no teatro de arena do Museu de Mineralogia. Com os talentosos Kristoff Silva e Pablo Castro, Makely lançou o CD A outra cidade, que anda fazendo sucesso no Japão. O recente Autófago traz a poesia crítica que marca o trabalho desse piauiense “adotado” por BH. Criativo e exigente, o artista explora as sutilezas do pop sem se render às facilidades do gênero. Afinal de contas, entre as influências do rapaz estão o conterrâneo Torquato Neto, Waly Salomão e Paulo Leminski. Makely tem canções gravadas por Regina Spósito, Maísa Moura, Júlia Ribas, Anthonio, Chico Saraiva, Leopoldina, Mariana Nunes, Elisa Paraíso e Estrela Leminski. Titane, Ná Ozzetti, Suzana Salles, Zé Miguel Wisnik, Patrícia Ahmaral, Virgínia Rosa, Marina Machado e Sílvia Klein interpretam composições dele nos shows que fazem pelo Brasil afora. CONVIDADA A apresentação de domingo terá como convidada especial a cantora Patrícia Rocha e banda formada por Fred Heliodoro (baixo), Marcela Nunes (flauta), Matheus Barbosa (guitarra/violão), Pedro Santana (contrabaixo) e Edvaldo Ilzo (bateria). Arranjos e direção de Túlio Mourão e Cléber Alves. Makely vai apresentar as canções de seus discos e deve mostrar ao público a música que compôs com Pablo Castro para o filme Cinco frações de 23 uma quase história, dirigido pela nova geração de cineastas mineiros. Atualmente, ele e Kristoff Silva trabalham na trilha sonora do próximo espetáculo do grupo de dança Cia. SeráQuê?. O Viva a praça, coordenado pelo BDMG Cultural, há cinco anos abre espaço para artistas que vêm se destacando no cenário cultural da cidade. Este ano, participarão do projeto Rodolfo Mendes (29 de junho), Mestre Jonas (31 de agosto), Aggeu Marques (28 de setembro), Telo Borges (26 de outubro) e Kristoff Silva (30 de novembro). MAKELY KA Teatro de arena do Museu de Mineralogia, Praça da Liberdade. Domingo, às 16h. R$ 2. A renda será destinada ao projeto social Raio de Luz. ESTADO DE MINAS ● Q U I N TA - F E I R A , 8 D E M A R Ç O D E 2 0 1 2 ● E D I T O R : J o ã o P a u l o C u n h a ● E D I T O R A - A S S I S T E N T E :  n g e l a F a r i a ● E - M A I L : c u l t u r a . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 1 2 6 EM HISTÓRIAS DE VIDA A cantora Fernanda Takai lança hoje com bate-papo seu livro de crônicas A mulher que não queria acreditar. ★ PÁGINA 10 NINO ANDRÉS/DIVULGAÇÃO LUCINEA TOLEDO/DIVULGAÇÃO Artistas que participaram do Reciclo Geral, em reunião na casa do músico Makely Ka, em 2002: unidade de propósitos e diversidade de estilos Reciclo é Movimento de cantores, compositores e instrumentistas, que completa uma década, abriu novos caminhos para a música popular feita em Minas Gerais QUEM É QUEM EDUARDO TRISTÃO GIRÃO Era para ter sido apenas uma temporada deshowssemanais, mas hoje, 10 anos depois, está claro que os três meses do projeto Reciclo Geral representam muito mais para os artistas que participaram daquelas noites de frescor criativo em Belo Horizonte. A partir de então, desenvolveu-se uma maneira de trabalho mais independente e colaborativa e veio a público uma série de discos da nova geração da época – Kristoff Silva, Érika Machado, Sérgio Pererê, Dudu Nicácio e Rafael Macedo, entre outros. E os reflexos do que fez e pensou a Geração Reciclo podem ser identificados nos jovens artistas da atualidade por aqui. Inegavelmente, o Reciclo Geral representa o marco de fatia muito representativademúsicos,cantores e compositores que atuam em Belo Horizonteehojeestãoemtornodos 35 anos. Em 2002, vários ainda não haviam lançado disco e outros tantosnuncahaviamfeitoumshowparadivulgarcançõesautorais–alguns confessam, ainda, que estavam à beiradedesisitirdacarreiraartística. O projeto foi a fagulha. Uma década depois, verifica-se que boa parte das dezenas de artistas que passaram por aquele palco continua na área. Nomes foram revelados, discos vieram, novas parcerias foram realizadas e talentos se consolidaram. “Cada um assumiu responsabilidades e nos dividimos em grupos. Foi um movimento que se desdobrou em um monte de ações”, lembra o músico e compositor Makely Ka, um dos organizadores do Reciclo Geral. “Naquele momento, ao mesmo tempo que tínhamos vontade, não havia muita perspectiva. Havia uma ressaca do Clube da Esquina, uma movimentação do pop e, por causa do Sepultura, do rock pesado. Não nos encaixávamos em nenhuma dessas cenas. Ali começou a crise da indústria. O Reciclo Geral surgiu da nossa necessidade de mostrar a cara”, completa. A propósito, Makely aponta A 10 ALGUNS DOS VÁRIOS NOMES QUE FIZERAM O RECICLO GERAL MARCO AURELIO PRATES/DIVULGAÇÃO DUDU NICÁCIO CECILIA SILVEIRA/DIVULGAÇÃO ÉRIKA MACHADO PAULO LACERDA/DIVULGAÇÃO KRISTOFF SILVA LARISSA BAPTISTA/DIVULGAÇÃO LEOPOLDINA Cantor e compositor Cantora e compositora Cantor e compositor Cantora e compositora Referência no samba de BH, se lançou como cantor e compositor com Leopoldina e depois formou com Rodrigo Braga o bemsucedido Dois do Samba. Prepara o lançamento de seu terceiro disco. A cantora se formou em artes plásticas no mesmo ano do Reciclo Geral e lançou, em 2006, o elogiado disco de estreia No cimento, com produção de John Ulhoa. Estreou com Pablo Castro e Makely Ka no disco Outra cidade. Um dos expoentes da canção contemporânea mineira, compôs para a Osesp ano passado. Revelada com Dudu no bonito disco Leopoldina e Dudu Nicácio (2005), a cantora se dedicou a carreira solo na sequência, lançando seu primeiro disco solo em 2010. PEDRO FURTADO/DIVULGAÇÃO FERNANDO FIÚZA/DIVULGAÇÃO MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS BETO NOVAES/EM/D.A PRESS MAKELY KA RAFAEL MACEDO SÉRGIO PERERÊ Cantor e compositor Compositor e instrumentista Cantor e compositor VITOR SANTANNA Cantor e compositor Outro nome de peso dessa geração (e também com veia poética afiada), ele está em seu quinto disco e, paralelamente, atua como agitador cultural. Transitando entre a canção e a música instrumental, é compositor admirado. Seu disco de estreia, Quase em silêncio, foi gravado em 2009. Integrante do Tambolelê, iniciou ali a mistura de canção com elementos africanos que o levou a carreira solo como cantor e compositor. Tem quatro discos lançados. Com Mariana Nunes, outra participante do Reciclo Geral, estreou com o disco Abra palavra (2004). Seu último trabalho, Beirute, mescla referências musicais de vários países. outra cidade (2003), disco que gravou em parceria com os compositores Pablo Castro e Kristoff Silva (que também participaram do Reciclo Geral), como primeiro produto do projeto. Foi também seu primeiro disco, abrindo caminho para os outros quatro trabalhos que vieram, tendo Cavalo motor (2011) como o mais recente. Hoje é compositor reconhecido, tendo sido gravado por dezenas de outros artistas pelo Brasil, como Estrela Leminski, Titane, Mariana Nunes, André Mehmari e Aline Calixto. Não é só. São vários os trabalhos que devem ao Reciclo Geral sua existência. Leopoldina e Dudu Nicácio, por exemplo, se conheceram na época e lançaram disco que marcou a estreia de ambos. Já Vitor Santana e Mariana Nunes iniciaram na época a gestação de Abra palavra, que chegou ao mercado em 2004. Outro caso é o de Fusca azul, colaboração entre Silvia Gommes e Mestre Jonas (que morreu no ano passado). Até Titane, que é de geração anterior a de todos esses artistas e participou de alguns shows do projeto, reverenciou a turma em seu último álbum, Ana (2009). “Pessoalmente, para a minha carreira o Reciclo Geral foi definitivo. Quando me encontrei com aquele bando de músicos que queriam o mesmo que eu – fazer a música circular e chegar às pessoas – foi que me senti realmente fortalecido para encarar o rojão de ser um artista brasileiro. Ali as ferramentas para a construção de uma carreira musical independente e com dignidade já me pareceram muito claras. Escola pura. Hoje tenho dificuldade em deixar de fazer a assessoria de imprensa e a produção dos meus shows, pois me acostumei a sempre fazer isso”, diz Dudu Nicácio. ❚ LEIA SOBRE OS NOVOS PROJETOS DOS MÚSICOS PÁGINA 5 ❚ musical e o espaço era novo Pará, por exemplo, mas nana lembra o cantor8 e D quela época não era Dassim”, E S T A D O D E M I N A S ● Q U I N cidade”, T A - F E I R A , E M A R Ç O E 2 0 1 2 E S T A D O D E compositor M I N A S ●Makely Q U Ka. I N T A - relembra F E I R Miguel. A , 8 D E M A R Ç O Os shows eram realizados O compositor não cita o sempre às quartas-feiras, com Norte do país à toa. Justadois novos artistas de BH e mente por causa da facilidaum convidado mais conheci- de de comunicação atual e da do (como Vander Lee, Marina mentalidade independente e GEM DE CAPA Machado e Juarez Moreira) colaborativa que desenvolREPORTAGEM DE CAPA por noite. Em média, cerca de veu, Miguel dos Anjos fez um 250 a 300 pessoas compare- novo parceiro em Belém do ciam a cada evento. Pará. Jorge Andrade viu um Makely relata que, na pri- vídeo do mineiro com Mesmeira noite, cerca de 80 pes- tre Jonas no YouTube e, por soas compareceram ao espa- meio do Facebook, entrou ço para ouvir o que a nova em contato para lhe mandar geração tinha a dizer. A casa uma letra. Uma hora depois, passou a ficar lotada já na ter- a música estava pronta e, em ceira edição. “No fim da tem- dois dias, Silvia cantava a noTRISTÃO GIRÃO REDE Radicado atualmente porada, 300 pessoas ficaram vidade. Não tardou para a EDUARDO T RISTÃO GIRÃO REDE Radicado atualmente no Espírito Santo, o mineido lado de fora, sem conse- composição ficar conhecida no Espírito Santo, o mineida década de ro Miguel dos Anjos se firguir entrar”, lembra. No início da década de no Pará. ro Miguel dos Anjos se firo da “revolução” mou no samba a partir do 2000, o palco da “revolução” mouAno samba a partir do cal mineira foi o projeto Reciclo Geral. MÁRCIA MOREIRA/DIVULGAÇÃO cena musical mineira o projeto Reciclo Geral. A clo AsmaredaCulcantora SilviafoiGommes, extinto Reciclo Asmare Culcantora Silvia Gommes, e espetáculos li- que ele conheceu lá, hoje G de espetáculos que ele conheceu lá, hoje ciação dostural, Cata-casa tem pelo menosli-20 músigada à Associação dos Catael, Papelão e Ma- cas suas no repertório.tem pelo menos 20 músiPapelão eépoca, Ma- cas suas no repertório. veitável. Odores espa-de Papel, “Naquela tinha terial Reaproveitável. O espa“Naquela época, tinha va no Bairro Bar- muita gente produzindo, ço funcionava no Bairro Barmuita gente produzindo, frente ao Rio Ar- mas todo mundo fazia isso ro Preto, em frente ao Rio Armas todo mundo fazia isso nto nada óbvio, separadamente. Lembro-me rudas – ponto óbvio, separadamente. Lembro-me e entretenimende estarnada na casa do Makely em termos de entretenimende paestar na casa do Makely mineira. com umas 20, 30 pessoas to, na capital mineira. com mos a casa por ra mostrar músicas numa ro-umas 20, 30 pessoas pa“Procuramos a casavipor ra mostrar músicas numa roeológica e fomos da. Foi quando que não esafinidade ideológica e fomos Foi quando vi que não esecebidos. A gen- tava sozinho. Hoje, dáda. para muito bem recebidos. A gentava uma reciclagem saber o que está rolando nosozinho. Hoje, dá para te propunha uma reciclagem saber espaço era novo Pará, por exemplo, mas na- o que está rolando no 8 musical o espaço eranão novo Pará, por exemplo, mas naD mbra o cantor e equela época era assim”, lembra Miguel. o cantor e quela época não era assim”, Makely Ka.na cidade”, relembra compositorO Makely Ka. Miguel. eram realizados compositor não relembra cita o Os shows eram realizados O compositor não cita o artas-feiras, com Norte do país à toa. Justaquartas-feiras, com Norte do país à toa. Justaartistas desempre BH e àsmente por causa da facilidadois novos artistas de BH eatual mente do mais conhecide de comunicação e da por causa da facilidaum convidado mais conhecide deecomunicação atual e da nder Lee, Marina mentalidade independente p do (como Vander Lee, Marina mentalidade independente e Juarez Moreira) colaborativa que desenvols Machado e Juarez Moreira) colaborativa que desenvolm média, cerca de veu, Miguel dos Anjos fez um r por noite. Em média, cerca de veu, Miguel dos Anjos fez um ssoas compare- novo parceiro em Belém do ta pessoas novo vento. 250 a 300Pará. JorgecompareAndrade viu umparceiro em Belém do s ciam a cada evento. Pará. Jorge Andrade viu um lata que, na pri- vídeo do mineiro com Mesu A carreira de Miguel dos Anjos decolou a partir do Reciclo Geral Makely na pri- vídeo cerca de 80 pestrerelata Jonasque, no YouTube e, por do mineiro com Mesm meira noite, cerca de 80 pestre Jonas no YouTube e, por eceram ao espa- meio do Facebook, entrou d espameio do Facebook, entrou ir o que asoas novacompareceram em contatoao para lhe mandar n ço para ouvir o que a nova em contato para lhe mandar a a dizer. A casa uma letra. Uma hora depois, d geração tinha a dizer. A casa r lotada já na ter- a música estava prontauma e, emletra. Uma hora depois, p lotada já nacantava ter- aamúsica “No fim dapassou tem- a ficar dois dias, Silvia no- estava pronta e, em p ceira edição. “No fim da temdois dias, Silvia cantava a nopessoas ficaram vidade. Não tardou para a porada, 300 pessoas ficaram a vidade. Não tardou para ora, sem conse- composição ficar conhecida n lembra. do lado de nofora, Pará.sem conse- composição ficar conhecida C guir entrar”, lembra. no Pará. m A geração que fez história no Reciclo gerou, registrando esse MÁRCIA MOREIRA/DIVULGAÇÃO G Reciclo dará origem a pelo momento marcante da música MÁRCIA MOREIRA/DIVULGAÇÃO menos três “produtos”, a mineira. Artistas que Gilma Oliveira teve de encontrar um carro em Londres para substituir a famosa Veraneiog d começar um portal participaram doLondres movimento Gilmapor Oliveira tevena de encontrar um carro em para substit p internet com informações sobre dizem que há grande D o evento e seus participantes – o possibilidade de se programar n domínio já foi registrado por para este ano um show c Miguel dos Anjos. comemorativo dos 10 anos do c Makely Ka, que guarda vídeos Reciclo Geral reunindo vários c de todas as noites do evento, nomes que passaram por M planeja fazer o documentário aquele palco. CULTURA CULTURA ❚ ARTES CÊNICAS ❚ ARTES CÊNICAS A trupe mais famosa defamosa Minas não vive A trupe mais de Minas que se desdobra para cumprir que se desdobra paramissões cumpri do começou Tudo começou Asmare na Asmare DAQUI PARA O FUTURO Portal, filme e show A Super A Sup A história história DELAS ADELAS 8 DE MARÇO 8 DE MARÇO ESTADO DE MINAS ● D OM I N G O, 4 D E MA R Ç O D E 2 0 1 2 ● E D I TO R : J o ã o Pa u l o C u n h a ● E D I TO R A - A S S I ST E N T E :  n g e l a Fa r i a ● E - M A I L : c u l t u ra . e m @ u a i . co m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 1 2 6 EM ELA É JESSICA A atriz brasileira Morena Baccarin tem papel de destaque na série Homeland, sucesso americano que estreia hoje no Brasil. ★ PÁGINA 7 LUCY NICHOLSON/REUTERS Música brasileira encontra caminhos para expressar a voz dos artistas da nova geração. Leitura política Criolo da realidade é mais diversa e plural Céu Pós-canção Romulo Fróes AILTON MAGIOLI Tulipa Ruiz Kristoff Silva Marcelo Jeneci Lucas Santanna ARTIGO Karina Buhr A NOVA CANÇÃO É NOVA? FRANCISCO BOSCO * Especial para o EM Makely Ka Flávio Renegado Desde os anos 1990 questiona-se o valor dos novos cancionistas brasileiros. Resumida ao mínimo, a historiografia é assim: até 1929 é o período de formação; de 1930 a 1957, consolidação; entre 1958 até o fim dos 1970, época de ouro modernizadora. A partir daí já pairam suspeitas. O rock errou? Há algo além de Chico Science nos anos 1990? Rap é canção? E finalmente: a geração atual é tão inventiva quanto foram as suas precedentes no "século da canção", como a chamou Luiz Tatit? Essas suspeitas tiveram um momento crítico de formulação na já célebre entrevista de Chico Buarque em 2004, em que ele lançou a hipótese de um fim da canção. Uma resposta fecunda é a do cancionista Romulo Fróes, que há um tempo aprofunda e contraria a hipótese de Chico. Para Romulo, a novidade da canção contemporânea não está nas relações in- ternas de seus elementos fundamentais (melodia, harmonia, ritmo e letra), como ocorreu desde o início, mas na sua sonoridade, com a exploração de novas possibilidades tecnológicas de timbres. Isso vai ao encontro do aumento de importância, entre nós, da figura do produtor: Catatau, Kassin, Gui Amabis, como produtores, são tão importantes quanto Céu, Otto, Criolo, Karina Buhr, Lucas Santanna. A canção nova é mesmo nova? A própria pergunta encerra uma ideia velha de novidade. Tende-se a julgar a cultura com parâmetros antigos. Não há hoje figuras centrais, como havia na era do rádio ou dos festivais. O impacto de artistas na cultura é bem menor. A indústria fonográfica quebrou. A cultura se descentralizou. Talvez não haja no momento o grande cancionista – mas isso ainda é possível? E está mesmo fazendo falta? * Ensaísta, poeta e letrista, parceiro de João Bosco Por mais que praticamente todos eles estejam vinculados à tradição da canção popular, não dá para negar: a desgastada sigla MPB passa por aguardada renovação, depois do longo reinado daqueles que contribuíram para a sua consolidação. Chico Buarque, Gal Costa, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Edu Lobo, Gilberto Gil, Caetano Veloso e tantos outros continuam em cena, mas dividem o território com Criolo, Céu, Romulo Fróes, Tulipa Ruiz, Kristoff Silva, Marcelo Jeneci, Lucas Santtana, Karina Buhr, Makely Ka, Wado, Mariana Wisnik, Luiza, Curumim, Tiê, Edu Kneip, Coletivo Instituto, Thiago Amud, Cidadão Instigado, Graveola e O Lixo Polifônico, Flávio Renegado, Transmissor e muitos outros responsáveis pela reciclagem. “É o fim do ciclo da geração 1960, apesar de muitos deles continuarem compondo e cantando”, detecta o pesquisador e professor Frederico Coelho, da PUC Rio, cujo interesse pelo tema resultou na organização coletiva do livro MPB em discussão – Entrevistas (Editora UFMG). Para ele, o próprio Chico Buarque apontou a novidade, ao prever que a canção, tal qual a conhecíamos, não sobreviveria por muito tempo. “Eles não são mais a voz hegemônica da MPB”, acrescenta Frederico, lembrando que nomes como Céu, Lucas Santtana e o hermano Marcelo Camelo já são referência. “A banda Los Hermanos toca tão profundo hoje quanto Chico tocava a um jovem fã na época dele”, compara Frederico, para quem mudaram tanto o público quanto as referências da canção. “Já não precisa partir da bossa nova, do bolero e dos ritmos nordestinos para fazer canção. Ela pode nascer do rap, do dub jamaicano, da eletrônica”, diz Frederico Coelho, admitindo que a principal característica da nova MPB é a mudança no formato da produção. “Se antes havia as grandes gravadoras e seus estúdios, cujo vínculo dependia da divulgação de apenas três mídias fixas (rádios, jornais e TVs), hoje há uma gama imensa de recursos tecnológicos à disposição dos músicos, sem necessidade de sair de casa, incluindo a internet e as comunidades virtuais.” Para o pesquisador, provavelmente ninguém mais vai vender 100 mil cópias de discos – exceção feita às carreiras formatadas para trabalhar com a massa, como artistas de axé, religiosos e sertanejos. “Se anteriormente a opção era estourar ou se tornar alternativo, agora é diferente. Está tudo pulverizado”, constata. Ele salienta que a nova MPB vem sendo feita por artistas de uma faixa etária que varia de 25 a 45 anos. “Marcelo D2, por exemplo, é da nova MPB. Ele começou como rapper, passou a fazer rap com samba e hoje faz quase um samba mesmo”, exemplifica. Na opinião de Frederico Coelho, se a geração dos anos 1960 também era vinculada a uma discussão sociológica da MPB, diante da trágica experiência da ditadura militar, hoje isto se fragmentou, com o formato possuindo uma relação mais antropológica com a MPB. “A canção se articula com a realidade social do país com pontos de vista mais diversos. Até os anos 1960, tínhamos a música urbana, a música folclórica e a música sofisticada, que era a bossa nova. Trabalhava-se sobre duas, três matrizes básicas. Hoje, um jovem pode compor a partir do tecnobrega, de uma guitarrada amazônica ou de um samba carioca. A base da relação musical é muito mais ampla”, compara. Frederico avalia que, atualmente, ninguém que estuda ou pesquisa música brasileira vai questionar se alguém fez uma canção em cima de base internacional. ❚ LEIA MAIS SOBRE A NOVA MÚSICA BRASILEIRA PÁGINA 7 ❚ O TEMPO magazine C FOTOS DANIEL DE CERQUEIRA BELO HORIZONTE • TERÇA-FEIRA, 19/7/2005 A NOVA (E TALENTOSA) Em sentido anti-horário, começando por Leopoldina, (de vermelho), Makely Ka, Maisa Moura, Vitor Santana, Renato Villaça, Erika e Kristoff: novos músicos, surgidos em 2002 Compositores e intérpretes, surgidos do projeto – ou da época – do Reciclo Geral, lançam seus primeiros trabalhos e demarcam período de ebulição criativa poucas vezes vista na história da música de Minas DANIEL BARBOSA J ESPECIAL PARA O TEMPO ulho de 2002: um grupo de compositores e intérpretes em busca de maior visibilidade para seus trabalhos cria o projeto Reciclo Geral, que consistia em apresentações semanais no espaço cultural Reciclo. Julho de 2005: o que, há três anos, emergia como a promessa de uma nova e talentosa geração de músicos concretiza-se de maneira inequívoca. O que temos, atualmente, é uma ebulição criativa poucas vezes vista na história da música feita no Estado. Parte considerável dos artistas que participaram do Reciclo Geral – e outros que, não tendo integrado o projeto, pertencem à mesma geração – está gravando ou lançou recentemente seu disco de estréia. O primeiro a vir à luz, no início do ano passado, foi o álbum-projeto “A Outra Cidade”, que, encabeçado por Kristoff Silva, Pablo Castro e Makely Ka, reunia, como convidados, nomes como Alda Rezende, Sérgio Pererê, Titane, Marina Machado e Regina Spósito, entre outros. Em outubro, foi a vez de Vitor Santana e Mariana Nunes apresentarem um caprichadíssimo álbum de estréia, que contou com a presença de gente como Mônica Salmaso, Sérgio Santos, Juarez Moreira, André Mehmari, Arthur Maia e Cristóvão Bastos, entre muitos outros. Há cerca de um mês, outra dupla consolidada no Reciclo Geral – Dudu Nicácio e Leopoldina – fez seu debute fonográfico com um disco que tem gerado os mais elogiosos comentários. O grupo Zé da Guiomar e o bandolinista Gabriel Guedes, que não fizeram parte do projeto, também lançaram discos este ano: o primeiro, mostrando algumas composições próprias e relendo bossas e sambas clássicos; o segundo, dedicando-se ao repertório de choro do avô, Godofredo Guedes, num CD que tem ninguém menos que Milton Nascimento, Beto Guedes, Wagner Tiso e Tavinho Moura, entre outros, como convidados especiais. Entre os que estão com o álbum de estréia no prelo ou em fase de preparação, constam Érika Machado – cujo disco será produzido por John, do Pato Fu –, Renato Villaça, Maria Cecília, Mestre Jonas, Sylvia Gommes (todos oriundos do Reciclo Geral) e Pedro Morais. Cada um dos três idealizadores do “A Outra Cidade” – que vai voltar ao mercado em versão remixada – também está trabalhando em seus próprios discos solo. No caso de Makely, são duas as frentes de atuação. GERAÇÃO “Estou finalizando o disco da Danaide, que é o projeto meu e da Maísa Moura, para lançar no final de agosto ou início de setembro. Ao mesmo tempo, estou fazendo o meu disco com a Contrabanda, para o próximo ano”, diz, explicando que, enquanto a Danaide apresenta uma sonoridade mais melódica e harmônica, com o uso majoritário de cordas, o trabalho com a Contrabanda resulta em algo mais pesado, com guitarras e programações eletrônicas. Para este, ele terá Renato Villaça como produtor principal, mas não exclusivo. “Convidei o pessoal do Digitaria e o Vulgue Tostoi para que cada um produza uma faixa”, diz. Criação coletiva Kristoff Silva, cujo disco de estréia solo ainda está em fase de pré-produção, projeta o que pode advir da proximidade – no campo profissional e pessoal – com Zé Miguel Wisnik, Ná Ozzetti e Luiz Tatit, entre outros artistas considera que essa geração de músicos mineiros está despontando com tanta força porque trabalha de forma cooperativa. “O que a gente herdou de mais importante do Reciclo Geral é essa vocação para atuar em grupo, o que não significa um direcionamento estético determinado porque cada um tem o seu trabalho”, observa. Sobre o seu disco com Mariana Nunes, destaca que tem sido muito bem recebido, inclusive em São Paulo, onde a dupla já promoveu o show de lançamento em quatro diferentes oportunidades, no Sesc Pompéia e no Sesc Consolação. Laços estreitos Leopoldina destaca que o Reciclo Geral também serviu para que os músicos que participaram pudessem estreitar os laços com artistas de carreira consolidada. “Essa possibilidade de integração foi muito importante para nós. A Titane, por exemplo, ia ao Reciclo todas personalista, apenas com músicas de sua autoria e sem participações especiais. “Nunca tive banda, nunca toquei com ninguém, então estou acostumada a fazer o esquema sozinha mesmo. Acho que o disco deve ter essa cara, mais focado na coisa da voz e violão, com bases eletrônicas e uns poucos instrumentos”, explica. Mas esse aparente isolamento não quer dizer que ela não mantenha um contato estreito com seus contemporâneos. “Considero o Reciclo Geral um marco inicial na minha carreira”. Em função das demandas como produtor, Renato Villaça só deve lançar seu disco comercialmente no próximo ano. Ele tem um álbum gravado, uma espécie de piloto, batizado “Musicaleidoscópio”, que, contudo, não chegou a prensar, mas que deverá ser a base de seu debute. “Vou investir nisso de maneira mais incisiva no próximo ano, quando espero ter mais tempo livre. Produzi, com o Rafael Martini, o disco do Dudu Nicácio e da Leopoldina, produzi o ‘Vitrola Alquimista’, da Patrícia Ahmaral, e estou trabalhando no do Makely com a Contrabanda e no da Maria Cecília. Para o final do ano ainda tem o da Titane, que também vou produzir”, diz. Material de sobra Mestre Jonas já gravou 14 faixas, mas só deve lançar CD ano que vem que, de uma forma ou de outra, devem participar de seu trabalho. Ele considera, a propósito, que a possibilidade da criação coletiva é um dos principais legados do Reciclo Geral. “O projeto incitou a aproximação e isso nos fez ver que a arte pode ser feita assim. Isso está muito mais em sintonia com o nosso tempo do que a expectativa de que vá surgir um novo Chico Buarque, um novo Caetano. A troca de informações e experiências tem a ver com essa pluralidade de vertentes que a música mineira já possui”, diz. Concordando com Kristoff, Vítor Santana as quartas-feiras, a Patrícia Ahmaral também ia lá muito e a Alda Rezende apareceu alguma vezes. A partir daí, os compositores da nossa geração passaram a fornecer músicas para o repertório delas”, diz, lembrando que os atores dessa cena permanecem preocupados em desenvolver projetos que estimulem o encontro. Um exemplo é o Cubo de Ensaio, idealizado por Makely Ka e Érika com o propósito de promover, esporadicamente, shows dos artistas da nova geração. Ao contrário de boa parte de seus pares, Érika aposta num álbum de estréia mais O álbum de estréia de Mestre Jonas também deve sair apenas em 2006, apesar de ele já ter material de sobra para registrar. “Cheguei a gravar 14 faixas, mas, como componho muito, vão aparecendo outras coisas. Vou registrando aos poucos, experimentando umas coisas com o Makely, com o Pererê, com o Dudu Nicácio, com o Tom Nascimento (vocalista do Berimbrown). Enquanto isso, vou testando o repertório em shows e tentando viabilizar alguma coisa via lei de incentivo”, diz, destacando a temporada de apresentações que fez, ao lado de Sylvia Gommes, no Lapinha, entre maio e junho deste ano. Para Dudu, o Reciclo Geral foi a representação de uma cena que estava surgindo e que se estendia para além do projeto. “Foi muito prazeroso e fortificante para nós que estávamos participando, mas quem não fazia parte também já estava se articulando e hoje essa geração toda está cada vez mais conquistando espaços. Estamos todos com muita bala na agulha, muita vontade de fazer acontecer”, garante. Ele adianta que já está pensando, juntamente com Leopoldina, no DVD que registra o show de lançamento de seu álbum de estréia. Hokkaido e vê nisso uma válvula de escape daquele mundo. Bom, só pra dar uma idéia, a aeromoça me perguntou se estava me sentindo bem, porque respondi, aos soluços, que queria água com gás pra acompanhar o jantar, enquanto limpava meus óculos embaçados... Daí, em Tóquio, numa loja daquelas de seis andares de DVDs e CDs, parei na seção de animes do Studio Ghibli, fábrica de grandes produções longa-metragem que tem entre seus mestres Hayao Miyazaki, diretor de IChihiro. E S T AdeDAOviagem DE M N A S Os● S E X T A - F E I R A , ‘‘ MÚSICA 2 0 D E J A N E I R O D E quais sabemo mos o dia a dia tos, compartilh íntimos de aleg deixa perto de sentir o que ele termina, a gen segue fazendo ta 2 0 A0tristeza 6 CULTURA Por que um desenho faz a O compositor Makely Ka lança “Danaide” e prova é possível gente desabar emque lágrimas e produzir arte semTAKAI depender de projeto de incentivo ouassim? gravadora a se emocionar tanto FERNANDA ’’ GISELE MOURA/DIVULGAÇÃO Fora da lei lme triste que uai.com.br me fez chorar MARIANA PEIXOTO sa maneira, deu foco maior à composição. Todas as faixas leDanaide, álbum que reúne a vam a autoria de Makely, ora soobra do compositor Makely Ka zinho, ora em parceria com Estrecom a cantora Maísa Moura, é la Leminski (Rodador, poema em prova de que é possível fazer um palíndromo que dialoga com o trabalho totalmente desvincula- tema do álbum, já que um dos ho tendência a preferir Saiode pra alu- é roda); do de gravadoras e/ouhistórias leis de in- tristes. significados danaide m filmecentivo e acabo ficando com os dramas. Deve ser porfiscal. Nos últimos três Renato Negrão (Monotonia gris, anos, Makely e Maísa apresentagravada anteriormente efiro roteiros da vida real aos de ficção. Gosto mais depor Patríram boa parte do repertório de 14 cia Ahmaral); e Tabajara Belo (Jatores em cena do que pirotecnia digital. Não sei se foi faixas do disco em espetáculos carta,com a participação de Suzae assim... Se bem que eme recordo passar algumas em Belo Horizonte outras cida- de na Salles, uma das vozes da chades. Chegaram a aprovar o projevanguarda Há chorando em casa por causa de unsmada desenhos quepaulistana). iam do álbum na lei estadual de in- ainda duas canções compostas o inícioto dos anos 1980. Eu e meu irmão do meio especentivo à cultura. Como a capta- por Makely e Maísa (Surya e O veos ansiosos por coisas como Marco,lho). apresentado com para a ção emperrou, decidiram realizá“Fiz todas as canções lo na marra (também o nome da voz r expectativa por ninguém menos dodela”, queconta. Sílvio Sandistribuidora criada por Makely). Sem patrocínio para a gravanão estou delirando), e a série Superaventuras exibi“Aconteceu que o disco aca- ção, Makely conseguiu aprovar a a TV Manchete. Em geral, os roteiros eram bou se resolvendo de outra for- turnê dodesenvolvidisco pela lei estadual Não desdenho patrocinador, deA cultura. entanto, m cima ma. de temas animais ou infantis. morteNoou o de- antes de ainda mais porque a verbaiadas começar a excursionar cimento de um ser querido sendo desfiado por de-pelo estaleis é dinheiro público, então é do, ele apresenta Danaide fora de s animados lindos eocupar muitoesse lacrimosos. me es-faz shows nossa obrigação es- Minas.Tinha Em fevereiro, Só quis mostrarno queúltimo é pos- mês em Recife e Campinas. do dessapaço. época, quando tive uma over- Em Belo sível fazer sem”, afirma Makely. Horizonte, o lançamento deve e filmes assim. Foram dois anos de produção do ser em abril. Ele aguarda fechar começar a temporada, durante um com vôo algum de longa duradisco, que tem tiragem inicial de teatro, pois há um apenas 500ni cópias. O compositor ano parou se apresentar em colhi ver Hoshi Natta Shonen (Shining Boyde and Little contou a boa vontade de bares da cidade. “Em BH, o hábito ), de 2005, quecom conta a história verdadeira de Tetsumu músicos, estúdios e designers. das pessoas é sair para beber e oto, o primeiro treinador japonês a passar Acredita ter gastado R$de 5,5elefantes mil. ouvir aquela música de barzinho “Fiz muitas permutas. Quando fa- de fundo. Arrumei muita confuradicionais ensinamentos tailandeses. O protagonista ziaque show,tinha divulgava o nome do es-de relacionamento são com os donos de m garoto dificuldades nabares, em túdio nos cartazes. Combinei de situações tragicômicas, pois porquechamar cheirava a animais. mãe e osempre pai adotivo cuidaos músicos para osAshows toquei as minhas músie pagar cachê razoável”, explica. e não covers, por total ine uma empresa que treinava bichos cas, atores para comersaídas criativas acabaram competência. donos de bares shows deAs televisão. Até que um dia ele tem umOs enconinfluenciando a estética do ál- têm de entender que precisam m umbum, elefante fazenda em que teverecém-chegado direção musical de àdasua gente. Se eles investem em ido e vêMakely nissoe uma de escape daquele mundo. Renatoválvula Villaça. “Íamos decoração e uma série de coisas, fazeruma um disco com percussão e me não podem ter som ó pra dar idéia, a aeromoça perguntou se paupérrimo, esparte instrumental maior.” Com cheio de gambiarras. Não conhee sentindo bem, porque respondi, aos soluços, que queos cortes de orçamento, a base ço, em Belo Horizonte, uma casa a com gás prasendo acompanhar o jantar, enquanto limpava acabou o violão, que, des- de espetáculos que trate os mú- Makely Ka e Maísa Moura apresentam 14 canções em disco viabilizado com recursos próprios sicos com respeito”, critica. Em 2003, Makely lançou, com Kristoff Silva e Pablo Castro, o CD A outra cidade. No segundo semestre, pretende lançar Autófago, esse sim seu primeiro álbum solo. Também produzido por Renato Villaça, é trabalho oposto a Danaide, mais pesado, com baixo, guitarra e bateria. Em março, lança a edição inicial da Revista de Autofagia, claramente inspirada na Revista de Antropofagia, de Oswald de Andrade. DANAIDE CD de Makely Ka e Maísa Moura. À venda por R$ 15. Informações: [email protected] óculos embaçados... em Tóquio, numa loja daquelas de seis andares de e CDs, parei na seção de animes do Studio Ghibli, fábrirandes produções longa-metragem que tem entre seus es Hayao Miyazaki, diretor de A viagem de Chihiro. Os CYAN MAGENTA AMARELO PRETO m d a c m E v q m t H ç d a t a n m a d J M A m s m c e m c q m t í d s t s Jornal do Brasil, 16 de maio de 2008 Jornal do Brasil, 16 de maio de 2008 ESCALAPB Produto: CADERNO_2 - BR - 5 - 13/03/09 PB ESCALACOR COR CYANMAGENTAAMARELOPRETO D5-BR/SP - %HermesFileInfo:D-5:20090313: SEXTA-FEIRA, 13 DE MARÇO DE 2009 O ESTADO DE S. PAULO CADERNO CADERNO 22 D5 D5 Palavra (En) Cantada A força da união de letra e melodia Alice Ruiz, Makely Ka, Siba e Vitor Ramil falam de seu trabalho relacionado à poesia e do poder expressivo da canção brasileira Lauro Lisboa Garcia NumacenadodocumentárioPalavra(En)Cantada,AdrianaCalcanhotto desconversa sobre a grandeperguntaemquestão:letrademúsicaépoesia?Diz,bemhumorada,que avida écurtademaispara perder tempo com essa discussão. Adriana conviveu e trabalhou em férteis parcerias – em discos como A Fábrica do Poema – com Waly Salomão (1943-2003), um desses artistas que transitavam com desenvoltura entre a poesia e a letra de música. Vinicius de Moraes (1913-1980),oprincipaldeles,Antonio Cícero, Arnaldo Antunes, Paulo César Pinheiro são outros bons exemplares enfocados no filme. Mas há outros mais que fizeram história na MPB: Torquato Neto (1944-1972), Paulo Leminski (1944-1989), Patativa do Assaré (1909-2002), Abel Silva, Cacaso, Geraldo Carneiro. Há compositores que reconhecem a força poética da canção brasileira, a mais viva expressãoculturaldo País.Ementrevista recente ao Caderno 2, o pernambucano Alceu Valença defendeu:“Minhamúsicaé poesia.” Para falar sobre o tema, o Estadoentrevistoutrêscompositoreseuma letrista poeta,que nãoestãonofilmedeHelenaSolberg:ogaúchoVitorRamil,também escritor, o mineiro Makely Ka, o pernambucano Siba e a paranaense radicada em São Paulo Alice Ruiz, que foi casada com Leminski (leia trechos de uma letra de cada um ao lado). Um dos mais brilhantes em atividadehoje,Siba–quelançou nasemanapassadaoálbumViolas de Bronze, com Roberto Corrêa – é herdeiro da tradição dos trovadores, referência inicial de Palavra (En)Cantada. Compõe seguindoprocedimentosdapoe- sia oral nordestina. “Essa discussão é engraçada porque parte do pressuposto de que o que é considerado poesia é a poesia literária. Meu ponto de partida é outro, é o que a gente chama de poesia rimada do Nordeste, que tem uma estética própria.” “Trabalho para que o texto tenha vida própria, embora muitas vezes esse texto lido perca uma parte do encanto dele que depende do ritmo”, diz Siba. Ritmo é o que sobrou da poesia, “depois que ela se libertou da métrica e das rimas”, como observa Alice.Apoesiadoscantadoresnordestinos, como observa Siba, tem a música e o ritmo a serviço dela. “O poder encantatório dela vem muito em função do ritmo e da combinação das palavras. Por isso, pra gente é importantelevaràs últimasconsequências o rigor das regras.” Outro diferencial que Alice aponta é o timing: “O tempo do olho é diferente do tempo do ouvido. Para o ouvido você tem de terumacoloquialidadedetalforma que a pessoa que te ouve seja envolvidaimediatamente”,diz a poeta. Vitor Ramil concorda com ela: “A letra de música tem de ter uma ação imediata sobre quem ouve. É bom que a ação dela se prolongue no tempo, paraque oouvinte fiquerefletindo a partir da letra de uma canção. Talvez a poesia possa ser feita um pouco mais desencanada desse tipo de propósito.” ComoSiba,MakelyKaserelaciona com a tradição oral. “Nesse sentidoLuiz Tatit e ZéMiguel Wisniktêmrazãoquando dizem que a gente tem uma tradição oral muito sofisticada, porque a letradacançãoestámuitopróxima da fala.” Para Makely, uma boa letra de canção não precisa ser poesia, assim como “bons poemas não necessariamente MÁRCIO FERNANDES/AE SÉRGIO CASTRO/AE “Quero perder o medo da poesia/ Encontrar a métrica e a lágrima/ Onde os caminhos se bifurcam/ Planando na miragem de um jardim/ ... Eu astronauta lírico em terra/ Indo a teu lado, leve, pensativo.” VITOR RAMIL “Quem me dera fosse meu/ O poema de amor definitivo/ Se amar fosse o bastante/ Poder eu poderia/ Pudera/ Às vezes parece ser esse/ Meu único destino/ Mas vem o vento e leva/ As palavras que digo/ Minha canção de amigo/ Um sonho de poeta/ Não vale o instante vivo.” ALICE RUIZ PAULO LIEBERT/AE DIVULGAÇÃO “Eu fiz da poesia minha ambrosia/ Meu sustento, meu motor/ Meu canto em agonia entra agora em afasia/ E traz de dentro a carne em flor/ Eu quis a boemia, a fantasia/ O ornamento, o esplendor.” MAKELY KA “Na varanda da fazenda/ Está sentado um violeiro/ Que ponteia imaginando/ Os sonhos de um fazendeiro/ ...E o poeta passa a noite/ Procurando a rima exata/ Esfumaçada num café quente/ Numa caneca de lata/ E a noite paga as cantigas/ Com uma moeda de prata.” SIBA dão boas letras”. “Fazer letra para uma melodia é uma mistura de poesia com palavra cruzada,porque você temuma métrica estabelecida, onde se tem de encaixar a prosódia, a rima, enfim, vários elementos”, diz o poeta de Ego Excêntrico e compositor do CD Autófago. Ramil, como Adriana Calcanhotto, não faz questão de separarosuniversosdaletraedapoesia. Ele, que não é poeta, mas escritor de livros como Satolep (romance) e A Estética do Frio (ensaio), diz que seu trabalho literário guarda características da atividade de letrista. Além de canções com poéticas letras próprias, Ramil já musicou versos de Fernando Pessoa, Emily Dickinson e João da Cunha Vargas epreparaumálbumcomoitopoemasdoargentinoJorgeLuisBorges (1899-1986), e outros de Vargas, com melodias dele. São poemas (que Borges escreveu como sefossemletrasdemilongas)reunidos no livro Para las Seis Cuerdas,de1965.“Ospoemasquecostumomusicarfluemcomnaturalidade. Para mim, a palavra e a melodia são bem casadas.” Com Alice Ruiz, autora de versoscomoodeSocorro(parceriacom Arnaldo Antunes),ocaminho é inverso: “Ao mesmo tempo em que tenho poemas musicados, tenho muitas letras feitas como tal. Uma boa letra temdeteralgumascaracterísticas poéticas. Por exemplo: tem de ter uma ideia e uma trama na linguagem, o que a transforma em poesia, que case com a ideia.” Mas se a canção no Brasil tem esse papel que a poesia dos livros cumpre em outros países, isso para Alice se deve “muito à excelência da nossa canção”, opinião que Ramil endossa. “É mais um motivo pra gente caprichar”, brinca ela. ● Filme é um comentário poético e musical sobre o Brasil Há o debate da questão central, mas obra não deixa de mostrar também como as mudanças sociais se refletem na canção DIVULGAÇÃO Crítica LUIZZANINORICCHIO A diretora Helena Solberg diz quegosta de trabalhar comconceitos.Querdizer,“pensa”osfilmesquefaz,procuradar-lhesestrutura e um eixo de progressão. Esse cuidado está em CarmenMiranda–BananasIsMyBusiness e Vida de Menina. No primeiro,emrelevo,discuteaambiguidade da imagem de Carmen para os brasileiros – glória ou vergonha nacional? Ou ambos? Em Vida de Menina, tirado das memórias de Helena Morley, o LUIZ TATIT – “Poeta, no sentido estrito, o Chico Buarque não é mesmo” cefundamental que dá corpo– e alma – à canção. Por isso, a ten- rá que alguns versos de Chico Buarque não são poesia?”, lan- não senta na mesa, com papel e lápis, para escrever um texto poético. Ele pensa o verso já na relação com a música.” Esse é o debate, que corre às vezes mais aparente, outras em surdina, ao longo do filme. Que, exatamente por não se ater a ele de maneira pétrea, torna-se extremamente agradável. Apesar de manter o eixo em vista, Helena deixa o documentário fluir, à vontade. Mescla depoimentos com material de arquivo e propõe um painel bastante amplo do seu assunto. Através da canção – quem sabe a manifestação cultural mais forte no Brasil –, “lê” um país. O Brasil de Cartola é, ao mesmo tempo, o mesmo e muito diferente, do ra, se opõe e complementa a bossa nova existe toda uma dialética do País atravessando de vez um certo isolamento nacional e se abrindo ao diálogo com o exterior. A bossa já era isso, uma conversa inteligente entre o samba e o que de melhor havia na música norte-americana. O tropicalismo dá outro passo: flerta com o pop e também com a obra considerada de mau gosto, o kitsch. Era o Brasil ingressando na geleia geral contemporânea, e sob uma forma profética. Esses passos, que não são apenas musicais, mas da cultura em seu todo, podem ser lidos nesse belo (e sonoro) documentário. ● Veja trailer de Palavra (En)Cantada em http://www.estadao.com.br/e/d5 Serviço ● Palavra (En)Cantada (Brasil/2008, 84 min.) – Documentário. Dir. Helena Solberg. Livre. Cotação: Bom ESTADO DE MINAS ARTES PLÁSTICAS Pintura brasileira na Grécia PÁGINA 2 TEATRO Categoria entrega prêmios PÁGINA 6 c m y k C U L T U R A CIRCENSE Instrumentistas e compositores - Graciela Paraskevaidis (foto) participa do encontro Latino-americano de música. PÁGINA 5 Lirismo regional - “Sevé”, da Zero Cia. de Bonecos, é a atração de hoje do festival internacional. PÁGINA 6 Malabares nas esquinas PÁGINA 10 PEDROMOTTA B E L O H O R I Z O N T E , Q U I N T A - F E I R A , 3 0 D E M A I O D E 2 0 0 2 AMARELO PRETO DEPOIS DE DÉCADAS DE INFLUÊNCIA DECISIVA DO CLUBE DA ESQUINA, A MÚSICA MINEIRA TEM NOVA GERAÇÃO DE COMPOSITORES, COM MARCAS ESTÉTICAS MAIS AMPLIADAS, CONTEMPLANDO A MÚSICA NEGRA E ELETRÔNICA NOVO CLUBE JAIR AMARAL ALÉM DAS MONTANHAS AILTON MAGIOLI Toda geração musical que se preza traz consigo um time de compositores que vai se responsabilizar pela linguagem e estética de um novo movimento. Que o digam Cláudio Faria, Érika, Kristoff Silva, Magno Mello, Makely Ka, Renato Negrão e Renato Villaça, entre outros, cuja produção autoral emergente vem ganhando voz através de Alda Rezende, Anthonio, Kadu Vianna, Marina Machado, Patrícia Ahmaral, Regina Spósito e outros jovens intérpretes mineiros. Representantes de um segmento maltratado pelo showbiz brasileiro hoje, felizmente, eles já não se limitam a entregarem a sua obra aos cantores. Estão em busca de espaço, seja interpretando a sua própria obra ou se reunindo em grupos para reivindicar os seus direitos. A partir do mês que vem, por exemplo, um grupo de cerca de 20 novos compositores radicados em Belo Horizonte estará participando do projeto Reciclo Geral que, de 19 de junho a 7 de agosto, vai transformar o bar Reciclo, no Centro da cidade, em palco de uma mostra de suas composições inéditas, com a participação de intérpretes convidados em apresentações nas noites de quarta-feira. Paralelamente, este mesmo grupo agiliza o lançamento do CD A Outra Cidade, que vai proporcionar parcerias aos jovens que movimentam a cena musical pós-Clube da Esquina, com destaque a produção pop-rock. “Trata-se realmente de uma nova geração de compositores, com um trabalho de alta qualidade, tanto em termos de harmonia quanto de letra, porém com um foco diferenciado”, detecta o produtor Maurílio “Kuru” Lima, chamando a atenção para o fato de a nova geração promover em seu trabalho uma reflexão que talvez tenha sido negada pelo próprio Clube da Esquina. “A influência da cultura regional, sobretudo a da música negra, faz o diferencial do trabalho desta turma. Além disso”, observa o produtor, “a maioria tem formação acadêmica, o que dá uma possibilidade maior no horizonte da criação, sem que ela esteja presa a uma única estética. É uma geração aberta, que flerta desde a MPB tradicional à eletrônica, passando pelo rap, soul, reggae e outros gêneros”, elogia Maurílio Lima. Até então fechada à produção musical contemporânea, devido a influência assumida dos conservatórios europeus, as próprias escolas superiores de música estão dando a sua contribuição neste novo cenário, ao se abrirem para a música popular. “Com a abertura veio uma demanda reprimida que se mantém até hoje”, informa o professor de composição Eduardo Campolina, da Escola de Música da UFMG, atribuindo à recente reformulação curricular da instituição o interesse crescente pela formação acadêmica no meio. Segundo revelou, no último vestibular da UFMG 35 candidatos disputaram as três vagas disponíveis na habilitação em composição, o que dá uma média de mais de 11 candidatos/vaga. “Já tivemos aluno graduado na escola que escreveu uma ópera rock”, orgulha-se o professor, acrescentando que até as igrejas, especialmente as evangélicas, descobriram nas escolas de música o ambiente apropriado para a formação de seus pastores, motivo de preocupação do meio. “Recebemos todo mundo, ainda que às vezes o que eles estejam procurando não esteja na escola”, acrescenta Eduardo Campolina. Companheiro de Campolina na UFMG, Mauro Rodrigues, que é professor de arranjo, harmonia e improvisação na escola, admite perceber um movimento mais atomizado no meio musical mineiro, hoje. “A composição mineira tem um diferencial característico, mas não encontro nos novos compositores uma afinidade estética como a que houve no Clube da Esquina”, diz Mauro Rodrigues, cuja tentativa de criação da habilitação em música popular na instituição acabou frustrada devido a impossibilidade de contratação de novos professores. “A efervescência criativa, no entanto, permanece no meio”, conclui Mauro Rodrigues. A constatação da diversidade do trabalho destes jovens autores faz Maurílio “Kuru” Lima prever uma mudança na própria cena musical mineira, em que não apenas os compositores, mas intérpretes, produtores e empresários passariam por uma reorientação, visando um trabalho conjunto. “A troca de informações começa a tomar forma em Belo Horizonte, como já ocorre no Rio de Janeiro e em São Paulo”, comemora o produtor, admitindo a necessidade de articulação para a construção de uma carreira artística. “A visão do músico imaculado, deitado em berço esplêndido, acabou. Hoje, o escritório de produção que não tiver uma tática de guerrilha dificilmente vai conseguir algo. Tem de haver articulação entre os pares na luta conjunta e diária”, prega Maurílio Lima, de olho no mercado musical interno, nacional e, por que não, internacional. CYAN MAGENTA Renato Negrão, Makely Ka, Kristoff Silva, Renato Villaça, Magno Mello e Érika são os novos compositores no horizonte da canção brasileira c m y k PÁGINA 4 ESTADO DE MINAS - QUINTA-FEIRA, 30 DE MAIO DE 2002 CULTURA CONTINUAÇÃO DA CAPA NOVOS RUMOS COMPOSITORES E INTÉRPRETES DEFENDEM O ESTREITAMENTO DAS RELAÇÕES ENTRE OS DOIS LADOS, COMO FORMA DE TRAZER À TONA O TRABALHO INÉDITO DE AUTORES Confira um pequeno perfil de cada um dos compositores que vêm movimentando a cena musical de Belo Horizonte A FORÇA DA PARCERIA MÕNICA DA PIEVE CLÁUDIO FARIA –Tecladista, 33 anos, natural de Belo Horizonte, é integrante da banda Noivo da Lu, onde desenvolve trabalho de instrumentista, vocalista e compositor. Já tocou com Toninho Horta, Beto Guedes, Lô Borges e Flávio Venturini, tendo uma de suas composições atualmente sendo gravada no novo disco solo de Venturini. Tem disco inédito pronto com a instrumentista Cláudia Cimbleris e atualmente, prepara o lançamento do segundo CD da banda Noivo da Lu pelo selo AQB Music. ÉRIKA – Violonista, 25 anos, natural de Belo Horizonte, é estudante de artes plásticas da Escola Guignard. Atualmente sendo gravada (Secador, Maçã e Lente) por Marina Machado, é praticamente a única compositora que integra o grupo de cerca de 20 jovens autores que agitam a cena musical mineira. JAIR AMARAL JAIR AMARAL JAIR AMARAL TRAJE PASSEIO Os jovens músicos Érika, Kristoff, Renato Negrão, Makely, Renato Villaça e Magno Mello trafegam pelos Beatles, na Savassi AILTON MAGIOLI “Todo intérprete precisa de um parceiro compositor”, prega Kadu Vianna, que acredita ter encontrado em Magno Mello o parceiro ideal para se lançar na carreira solo de cantor. “O trabalho dele me atraiu pelas letras extremamente inteligentes, além da diversidade musical e de temas”, justifica o cantor. Ex-tenista profissional, que se transferiu para Belo Horizonte devido à reconhecida riqueza musical mineira, Magno diz que viveu uma transição natural até ser descoberto como compositor. Impressionado com o número crescente de jovens autores, ele acredita que exista mais gente fazendo música do que cantando, atualmente. “A competição é grande”, ressalta. No papel assumido de líder de um grupo de 20 compositores, Makely Ka prega o estreitamento das relações intérprete-compositor para trazer à tona o trabalho inédito dos autores. “De 2000 para cá, esquematizamos muitos encontros. Estamos fazendo uma verdadeira guerrilha, para fortale- cer o trabalho, em esquema de cooperativa”, ensina. “Vivemos de música, mas não de direito autoral”, acrescenta, informando que a prática do grupo, para difundir o trabalho, tem sido a liberação do direito de gravação. “Eu boto a maior fé nesta turma. Eles têm futuro e já apontam muita coisa boa nas letras e melodias que fazem”, reconhece Regina Spósito, uma das primeiras a gravar Renato Negrão e Makely Ka. Nascido e criado no ambiente da MPB, Renato Negrão admite que, em início de carreira, ele copiou e plagiou muita gente. “Com a vivência em banda, no entanto, fui descobrindo um estilo meu”, diz o compositor, cuja poética, que ele mesmo classifica de “estranha”, vem atraindo fãs. A ligação nata com a canção brasileira foi o elo de Kristoff Silva com o mundo da composição, diante da ausência total de estímulo para o gênero na época em que freqüentou a Escola de Música da UFMG. “A Alda Rezende foi o divisor de águas em minha carreira”, orgulha-se o compositor, que atribui ao intérprete o papel de compreensão da canção, ao resolver a equação através do canto. CLUBE DO BOLINHA A tradição arraigada de Minas, segundo Makely Ka, gerou preconceito com as mulheres, que não estiverem presentes, por exemplo, no Clube da Esquina. “Além de os integrantes do grupo adotarem o falsete no canto, no próprio livro Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina, de Márcio Borges, as únicas que aparecem são mães ou mulheres dos próprios artistas”, considera Makely Ka. Bendito é o fruto entre os jovens compositores. Érika diz que se sente bem no grupo, com um discurso que não ignora a participação da mulher na sociedade contemporânea. A autora que começou estudando canto para interpretar a sua própria composição, não descarta a hipótese de seguir carreira de cantora, também. Dividido entre a escolha de uma das quatro canções encaminhadas por Cláudio Faria, Flávio Venturini diz que o jovem compositor é prioridade no novo disco, que começa a gravar na semana que vem. “A música dele tem a ver comigo. Segue a linha melódica e harmônica que eu gosto e faço, além de ser moderna”, justifica. Enquanto compositor envolvido com uma banda (Noivo da Lu), atualmente, Cláudio Faria admite ter-se programado para ser reconhecido como autor. “Como é uma experiência muito forte, acabou acontecendo”, justifica Cláudio, que paralelamente também se enveredou pela composição de trilhas sonoras para o teatro. Atual parceiro de Patrícia Ahmaral, Renato Villaça, que compõe profissionalmente há nove anos, disse que o boca-aboca foi indispensável para a divulgação do seu trabalho. “Além de gravar, as cantoras acabam abrindo trânsito para a gente nos projetos culturais”, assegura. “O Renato tem uma pegada urbana com a qual eu me identifico muito”, considera Patrícia Ahmaral, que acaba de inaugurar parceria com o compositor em um samba, ainda inédito. Em shows, Patrícia já está cantando Virtual Idade, de Renato Villaça. A gravação de uma música do compositor, no entanto, só ocorrerá no próximo disco, cujo repertório ela começa a selecionar. Adeptos da melodia e harmonia que difundiram a música moderna mineira mundo afora, os jovens autores têm, na abertura para o novo, o trunfo de uma produção musical que somente agora começa a mostrar a sua força. KRISTOFF SILVA – Violonista clássico graduado na Escola de Música da UFMG, 29 anos, nasceu nos Estados Unidos e foi criado em Belo Horizonte. Foi gravado por Alda Rezende e Anthonio, mantendo parceria com a última. Fez trilhas sonoras para espetáculos de teatro (Esperando Godot, do Armatrux, e Caixa Postal 1500, do Oficinão do Galpão) e dança (Duas Linhas Paralelas e uma na Diagonal, do grupo Reeditores SeráQuê?). Atualmente, possui parceria inédita (O Prazer) com o paulistano Luiz Tatit, ex-integrante do grupo Rumo. MAGNO MELLO – Violonista e guitarrista, 36 anos, natural de Brasília, vive em Belo Horizonte há sete anos. Com passagens pela Escola de Música da UFMG, onde freqüentou cursos de extensão de improvisação e arranjo, depois de integrar a banda de rock 3º Ato, com a qual gravou um CD, e de ter composições gravadas pela cantora Ana Ly, vai ter quatro inéditas (Coração Polar, É Onde Mora Você, Quantas Religiões Tem o Mundo e Sonhei que Estava Todo Mundo Nu) lançadas pelo cantor Kadu Vianna em seu primeiro disco solo. JAIR AMARAL MAKELY KA – Violonista autodidata, 26 anos, nasceu em Valença, no Piauí, foi criado em Barão de Cocais, Minas Gerais, e está radicado em Belo Horizonte há uma década. Estudante de filosofia da UFMG, integrou o grupo de “música impopular brasileira” A Mandrágora, em Ouro Preto, além de ter lançado o livro de poemas Objeto Livre, de 1998. Em Belo Horizonte, já participou de shows em homenagem a Ataulfo Alves e JAIR AMARAL Paulo Leminsky. Atualmente integra o grupo Danaide, ao lado da cantora Maísa Moura e do violonista Rodrigo Torino, do qual é parceiro. Samba Solto, de sua autoria em parceria com Paulo “Amvil FX” Beto deu título ao primeiro CD da cantora Alda Rezende. Além disso, foi gravado por Regina Spósito e Anthonio e possui o livro de poema inédito Ego Excêntrico. RENATO NEGRÃO –Poeta natural de Belo Horizonte, 34 anos, na década de 80 integrou a banda punk-funk-samba Os Poucos. Ex-estudante de filosofia da PUC, desde 1996 ele integra o grupo Dragões do Paraíso, ao lado de Augusto de Castro e Daniel Costa. Já gravado por Alda Rezende, Regina Spósito e Gilberto Mauro, tem dois livros publicados (No Calo, de 1996, e Dragões do Paraíso, de 1997), além de outro (, o melhor,) no prelo. JAIR AMARAL JAIR AMARAL RENATO VILLAÇA – Violonista, guitarrista e flautista, 22 anos, natural de Belo Horizonte, vem desenvolvendo trabalho de composição em parceria com as cantoras Alda Rezende e Patrícia Ahmaral. Com o primeiro disco solo (Musicaleidoscópica) pronto, aguarda apenas a negociação com um selo para a prensagem e distribuição do CD. É graduado em comunicação social pela UFMG e dá aulas de produção em rádio no curso de comunicação da UNI-BH e da Faculdade Promove. nha de São Geraldo, padroeiro de Curvelo. “Para ele te proteger, minha filha…”, falou com a voz embargada, ao que o pai, querendo ser durão, apenas lhe deu um rápido beijo e se afastou, para que ela não o visse choESTADO DE MINAS - TERÇA-FEIRA, 11 DE NOVEMBRO DE 2003 rando. No aeroporto de Nova York, ao contrário do que haviam combinado, sua amiga não ● SEGUNDA-FEIRA - Al a estava esperando. MÚSICA ● TERÇA-FEIRA - Carlo Mas, por essas voltas e reviravoltas do des● QUARTA-FEIRA - Fern tino, enquanto ela, após mostrar os documen● QUINTA-FEIRA - Frei tos e ser liberada, se atrapalhava meio a tan● SEXTA-FEIRA - Zirald tas malas e sacolas, um rapaz meio aloirado, ● SÁBADO - Cyro Siqu muito alto e tentando se expressar em espa● DOMINGO - Affonso nhol se aproximou dela e perguntou se podia ajudar. Insegura, mas na hora sentindo o coração disparar, quando seus olhos se encontraram, a princípio Sandra agradeceu e disse um vacilante “estoy bien”. Porém acabou pergem.” As palavras de M mitindo que aquele homem a ajudasse a carsaíam da sua cabeça, tam regar as malas até um táxi, após não aceitar, quele momento, a ser dura pois aí seria demais, que ele a levasse em cafirmar para eles (embora AILTON MAGIOLI promissos profissionais assu- ração percebeu a viabilidade sa. Mas, ante a sua insistência, acabou lhe querendo explodir) que ir midos anteriormente. do caminho independente em dando com o telefone damomento amiga. inusitado – de A geração é outra, mas a riSegundo Pablo Castro, o um tempos fora. E foioela que no outro dia, no da noite, queza harmônica, melódica e CD eles estão reciclando que supremacia da início individualidaNa despedida, no aero quando estavam se preparando sair, atenpoética é a mesma que marcou até então se fez de grandioso do de, advinda da para globalização –, a família estava pres da a uma“E chamada e, já sabendo da história, as anteriores e acabou se tor- ponto de vista dadeu canção. lembrando que o encontro dos lhe deu, enquanto a abra disse a Sandra, coméum sorrisoaocúmplice: “É nando responsável pelo dife- provavelmente o diferencial es- três anterior Reciclo Genha de São Geraldo, pa rencial da música produzida teja no fato de ele, John…”. Oral, mesmo John, ou melhor John nãoo termos mais precisamente do “Para ele te proteger, m em Minas Gerais. Atração de identidade estética”, destacaK., o um Festival de Inverno de Ouro Anderson engenheiro civil nascido no com a voz embargada, a mais uma edição da Conexão artista, que, paralelamente à naPreto depassada, 1998, quando Kansas, que, semana junto comele a do ser durão, apenas lhe Telemig Celular de Música, ho- carreira solo, canta toca naa mineira lançava livro,com Kristoff suaemulher, Sandra, quemminisjá esjo e se afastou, para que je à noite, no Teatro Sesiminas, banda Sgt. Pepper’s. trava Pablo se apretá casado há quase trêsoficina anos e etem um filhinho, rando. No aeroporto de N Makely Ka, Kristoff Silva e PaMakely Ka diz oque sua ge-quesentava Richard, do pai no só evento. puxou o azul dos HARMONIA rio do que haviam combi blo Castro recebem convidados olhos, pois de resto é um sertanejo típico, depara mostrar o primeiro produa estava esperando. Pablo Castro, sembarcou no aeroporto de Confins, e de lá seto acabado do projeto Reciclo Mas, porMakely essas voltas Ka e e SERVIÇO guiram para Curvelo, onde uma grande festa Geral, que, ano passado, levou tino, enquanto ela, após m os estava esperando. Kristoff se Silva se novos compositores, instrutos e ser liberada, atra A OUTRA CIDADE mentistas e intérpretes a se reuno r tas malas eencontram sacolas, um Show de lançamento do projeto “RecicloéGeral”, ConexãoIsabel TelemigRamos Celular PSCD– do Esta crônica parana Maria nirem no bar Reciclo Asmare muito alto edisco tentando se e no show Cultural, para mostrar trabade Música. Teatro Sesiminas, rua Padre Marinho, 60, SantaSão Efigênia, Ferreira Lopes, no bairro Francisco, em nhol se aproximou dela e lhos até então inéditos. “A Outra Cidad Horizonte. (31) 3241-7132. Hoje,Belo 21h. Ingresso pode ser trocado nas lojas Telemig Celular, ajudar. Insegura, mas na Trata-se do CD A Outra CiCentro e Savassi por dois quilos de alimentos. CD será vendido no local a R$ 15. ração disparar, quando s dade, que Makely, Kristoff e Patraram, a princípio Sand blo gostam de classificar como um vacilante “estoy bien” a ponta de um iceberg que vai mitindo que aquele home culminar com o lançamento de discos solos deles e de outros regar as malas até um tá jovens artistas, além de um site pois aí seria demais, que e uma distribuidora, depois do sa. Mas, ante a sua insi lançamento de selos musical e dando o telefone da amig editorial. Para Kristoff, A Outra E foi ela que no outro d Cidade é mais uma prova cabal quando estavam se prepar do quanto a parceria entre deu a uma chamada e, já compositor e intérprete é essendisse a Sandra, com um cial para a canção, gênero que ele, o John…”. O mesmo J a maioria dos participantes do Anderson K., um engenh Reciclo Geral escolheu para exercitar-se musicalmente. Kansas, que, na semana p Além de Maísa Moura, Jusua mulher, a mineira San liana Perdigão e Leopoldina, tá casado há quase três an eles se uniram a intérpretes o Richard, que do pai s que já estavam no mercado, olhos, pois de resto é um como Alda Rezende, Patrícia sembarcou no aeroporto d Ahmaral, Marina Machado, guiram para Curvelo, ond Regina Spósito, Trio Amaranto os estava esperando. e Paula Santoro, para mostrar se aos seus pais, que a ouviram perplexos, que estava indo para os Estados Unidos. “Uma viagem, minha filha, você tem de fazer uma via- “NA DESPEDIDA, NO AEROPORTO DE CONFINS, TODA A FAMÍLIA ESTAVA PRESENTE, E A MÃE AINDA LHE RESULTADO DO PROJETO “RECICLO GERAL”, DISCO “A OUTRA CIDADE” DEU, ENQUANTO A ABRAÇAVA, UMA MEDALHINHA DE TEM APRESENTAÇÃO DE LANÇAMENTO HOJE, NO TEATRO SESIMINAS SÃO GERALDO, PADROEIRO DE CURVELO” HERCUL ANO LOPES TRA CIDADE” O SESIMINAS ÕES PRETO la moreonte desuindo enmais que a. O últiar, havia uma viaora, pois a, temos e Teresa, a, em um , lhe disaralhar e tas. a sua teo acredienos nos a razão. beu a viabilidade ém semindependente em uma sexo inusitado – de da, da aqueindividualidanegros e da globalização –, o 25 ueaos o encontro dos elha, or aodisReciclo Geexos, que precisamente do Inverno Uma via- de Ouro 998, quando ele uma viao, Kristoff minise Pablo se aprevento. AMARELO aço para s ruas, os a atraía. s, de ona estava ilmes na o. Como er camidade, ou so Pena, ez, viu o -de-coco escultor mar soromingos; ra boate migas pe- MAGENTA eliz RENOVADAS CANÇÕES CYAN .br sua música. A maioria promete marcar presença no show de hoje à noite, exceto Marina, Paula e Amaranto, por com- PS – Esta crônica é para Ferreira Lopes, no bairr Belo Horizonte. DIVULGAÇÃO/HELENA LEÃO HARMONIA idéia inicial para From Every ver deep e Sister Reneé são a phorically Yours, ao surgirem Sphere girava em torno de um prova de que é possível tratar mescladas com um arranjo dos álbum duploE Sconceitual, com T A D O D E M I N A Sde- raiva T E R Ç com A - F Econtenção, I R A , 3 D E enF E V Emais R E I Rdoces, O D Erico 2 0 em 0 4 harmonias nada menos do que 50 compo- quanto pulsos cortados e ima- vocais dignas dos Carpenters. CULTURA COS C O T A Ç Ò co, tangido por to de cordas, co Harcourt sussu para a lua, ao m E S MOR SÉRGIO AQUAR QUE COMPÕE EM “EXPLOSÕES” PARA SUBVERTER O LUGAR COMUM QUE APRISIONA A MÚSICA POP Ruim Regular Bom Muito Bom AGEM NCOLIA do bre poom isee mo de rge ilo erno mino Be caize da boom metoin,o ee que aa das melíde no ões soda, ,a ery um om po- Ótimo KIKO FERREIRA O cantor e co ro Sérgio Morei um rápido retra na letra de Cam 11 faixas de seu “Um camelão qu cor” é uma boa estilo de um dos plurais autores d gerais que, na compara nós e n râneos a “aquare misturando as co sições. Pressionado pela gravametáfora sobre a dora, Harcourt então redimenmana de digerir sionou o lote, chegando às 12 faixas finais. E o que emana dos e sentimento desse material faz jus ao proSurgido nos a metido: mestre na agonizante DIVULGAÇÃO do a partir do arte do jogo das palavras, ele grupo Ingazeira O TRIO cria letras comKristoff a técnica de um foi um criador au Silva, Makely Ka e Pablo Castro criaram as bases do projeto musical “A Outra Cidade” ourives, sem no entanto abrir lente, de certa m mão da emoção. de seu tempo. N Musicalmente, o death-pop que a ditadura de Ed Harcourt – conforme seu maiores ousadia estilo foi definido pelo produtor to era construir i Tchad Blake – denota uma fidemente e poeticam lidade para com as estruturas falar de paisagen clássicas da canção. Ainda asgionais como for sim, há sempre um elemento sio imperialismo ia nistro em meio às melodias; via Frank Zappa uma sensação de selvageria Crimson e Sérgio oculta que ameaça irromper tava o regionalis das profundezas para nos enJORGE FERNANDO com tintas múlti golfar a qualquer momento. É o DOS SANTOS mática daqueles que sabem co- veiculado pela mídia e as particiferentes do cená mo é bom tocar um instrumen- pações especiais não poderiam que ocorre já em All of your Seu primeiro De Ary Barroso ao Skank, to. Além deles, a produção artís- ser mais apropriadas. Não basdays will be blessed: escolhida tango, reggae, bl com parada obrigatória na estatica conta com os músicos Lucas tasse a bela voz dos compositopara primeiro single do disco, lo solo do ainda i Clube da traz um coral ção quedo poderia atéEsquina, os mi- Miranda e Avelar Jr. São nada res e a já citada Alda Rezende, o sugerir um lampejo alegria nho), experime neiros de sempre se destacaram na menos que 17 canções, cada time também reúne Marina Mada parte de Harcourt, porém é preciso ga- uma com sua própria atmosfe- chado e Regina Spósito, num caetanices amin MPB. No entanto, seus versos dardejantes de mee sotaque rock, rimpar fundo nos veios sonoros ra. Mas vale destacar, por exem- reencontro admirável; Titane, lancolia querem mesmo acer- para descobrir plo, Em Diante (letra, música e em excelente performance que roqueiro bra das MinaséGerais tar na mosca do fatalismo. de bandido e os que a história não parou por aí. a linda voz de Kristoff Silva) e In- (sem abusar dos agudos); JuliaFã incondicional de cinema, nas não estavam Um exemplo do potencial inova- tuição (do quarteto citado, na na Perdigão; Rosa Souki, LeoHarcourt homenageia o diretor dele aDIVULGAÇÃO música C dor das novas gerações é o CD A voz doce e forte de Alda Rezen- poldina e Maisa Moura; Sérgio Jim JarmuschOutra na Cidade. esquálida INSPIRAÇÃO por vários intérp Independente, co- de em dueto com Kristoff). Uma Pererê (do grupo de percussão Ghostrider, onde homem O músico britânico EdoHarcourt terceiro trabalho, “From Every ser encarada com mo aum maioria dos bons discos lembra melhor deestá Josélançando Miguel seu Tambolelê); Patrícia Ahmaral e Sphere” aprisionado espanta o tédio em tida deste Negro hoje produzidos no País, a bola- Wisnik e a outra dialoga com o Paula Santoro (num encontro sua cela “tirando um som” ao gens que soltam “demônios e Lá pelas tantas, os sete minu- dre Tom Waits. Uma conclusão ca como uma sín chinha dialoga com as vanguar- som mais contemporâneo de antológico com o trio Amaranbater sua escova de dentes lobos” do fundo da madrugada tos da faixa-título encadeiam apropriada para um álbum cucias musicais, id das, mantendo um pé na tradi- Chico Buarque. to). Cada música é uma viagem, contra um cano. Já Bleed a ri- vem nos confundir em Meta- uma espécie de mantra cósmi- jo autor costuma dizer que ticas que receb ção e outro na pós-modernidade. Também merecem registro com arranjos suaves e inovadover deep e Sister Reneé são a phorically Yours, ao surgirem co, tangido por piano e quarte- compõe “em explosões, só pacarreira. O As músicas são de Pablo CasMulher do Norte, O Chamador, res que, misturam cordas, perprova de que é possível tratar mescladas com um arranjo dos to de cordas, com um patético ra subverter o lugar comum atom d Makely Ka, Henrique no Mar e Mira, retrato cussão ebêbado eletrônica, lembrando de raiva com tro, contenção, en- Luiz mais doces, ricoMorrer em harmonias Harcourt sussurando que foi confinada me chamam ate fase nas influênc Garcia e Kristoff Silva, um quarsonoro do submundo do sexo. às vezes George Martin e a últiquanto pulsos cortados e ima- vocais dignas dos Carpenters. para a lua, ao modo do compa- a música pop”. mos da músic teto da pesada que se reveza nas Resumindo, o repertório está ma fase dos Beatrespassados pel parcerias, com a leveza perfor- acima de tudo o que vem sendo tles. DESENVOLVIDO DE FORMA INDEPENDENTE POR ARTISTAS MINEIROS, O ÁLBUM “A OUTRA CIDADE” FAZ A PONTE ENTRE O ANTIGO E O NOVO NA TRADIÇÃO DA VANGUARDA E STA D O D E M I N A S E STA D O D E M I N A S [email protected] de stoff Silva, Makely pelo que entendi em a mão na masadernos culturais dades brasileiras, dades de sempre, interessa por roda nica, choro, forró, ue, entre tudo o Jovens artistas em a mão a massa da MPB u + jimi hendrix + tico, foi/é outro. ção final de Chico s. Estes músicos e de estão, sem neistos pelo compoam bem, arranjam reza. Praça da Estação, mportância. A praa via de circulação radas. O pedestre metros, a praça resm o olhar. Seqüesto de ônibus e auada. O motorista te é recompensaço livre oferece. A de exceção de noste desprovidas de entra na pauta de da cidade. A socieez, as cidades mais na. Belo Horizonte ● Q U A R T A - F E I R A , 1 7 D E N O V E M B R O D E ● Q U A R 2 0 0 4 CULTURA MÚSICA E O cantor Gê Lara lança o CD “Ouropretana” ETC. O canto c esta noite, no Museu de Arte da Pampulha AO VIVO M CHICO AMARAL Email para esta coluna: [email protected] esta no d Enfim, solo A outra cidade En um ra m em ALAOR J. GONÇALVES ra M So pr em gru EDUARDO Lo TR am cen O cantor e co ca ro Gê Lara lança poh rizonte, seu nov lin tana, em showton m da Pampulha, às m convidado espec tu Projeto de Pablo Castro, Kristoff Silva, Makely Ka, Avelar Jr. e Lucas Miranda, pelo que entendi encarte.mineiJovens artistas põem a mão na masO cantor edo compositor ro Gê Lara lança em Belo Hosa hoje, da MPB, contrariando os cadernos culturais rizonte, seu novo disco, Ouropreaculturados. Em todas as cidades brasileiras, tana, em show no Museu de Arte além desastres e imbecilidades de sempre, da Pampulha, às 21h,dos tendo como existe,osim, umepúblico que se interessa por roda convidado especial tecladista compositor de mineiro Túlio Moucapoeira, percussão, eletrônica, choro, forró, rão. “O disco está muito bonito e samba, reggae, registra músicas mais antigas e Chico Buarque, entre tudo o mais. Cada espaço, mais recentes, com um time de músicos de cada primeira”, conta Gê bairro, cria a Lara. O evento faz parte do projesua onda. Há curioto Música no Museu, que é realisidadenoelocal. busca de inzado mensalmente formação. grupo Ouropretana é o quartoO disco compositor min pia do mineiro Los de Divinópolis e re-é um Hermanos rão. “O disco est sa presenta sua estréia como artista dos que bem forepreregistra música pr solo. Os trabalhos anteriores sentam o espírito mais recentes,reu c ram assinados com o parceiro Leda mão. Mesmodesses com auxílio das leis jovens antemúsicos de prim da municipal e estadual incentivo nados.deMaria Rita,Túlio é Mourão faz participação muito especial no show de Gê Lara Lara. O eventopr fa à cultura, ele levou três anos para claro. Marisa Monte Música no M m fazer o disco, que pôs fim ao inter- reggae, bossa nova e até baladas, que vem, incluindo, noto primeim valo de aproximadamente também. quaChico boleros e sons caribenhos. “É um ro semestre, Brasília, São Paulo zado mensalme de tro anos emScience, relação ao terceiro disco gostoso e alegre, com mo- e Rio de Janeiro, além do intecom sua Ouropretana jul trabalho, Deus menino. “O que eu mentos bem bacanas. Deve ser rior de Minas. de maracatu + jimi hendrix + Em março, Gê Lara deve dolançar mineiro dedeD mais gostei mistura foi ir para irresistível o estúdio ouvido com calma, para relaxar”, + papo cibernético, foi/é outro. ag com muito rap/repente tempo para gravar. afirma. O resultado, garante, é Coro Corinho e Gê Larapresenta cantam sua est bre Vimos surgirEvoé, váriasjovens idéias novas umédisco homogêneo, mesmo canções brasileiras, em solo. parceria à vista, a saudação final de Chico Os trabalh de e criamos arranjos na hora. Apercom tanta diversificação. com crianças atendidas por proBuarque na canção Paratodos. Estes músicos e ram assinados co hu tamos o orçamento para sobrar Júlio Fernandes, poeta de Divi- jeto social em Pedro Leopoldo. O poetas do disco A outra cidade estão, sem neMesmo com mais tempo no estúdio”, revela. nópolis, é um dos novos parceiros disco já foi gravado e estámão. em fase de Um timenhuma de ferasdúvida, acompa- entre antevistos pelo compode Gêos Lara. Com ele, fez as músifinal de produção. No repertório, municipal e esta bo nhou Gê Lara no estúdio: André cas Ouropretana, Sabiá jardim e cinco músicas do mineiro e ousitor. Compõem, tocam e cantam bem, arranjam à cultura, ele lev no Vasconcelos (baixo), Marcelo Mar- Empraieia, esta última com uma tras cinco de domínio público, ine gravam com segurança e clareza. fazer o disco, que He tins (sax), Marco Lobo (percussão) mescla de reggae e catopê, com cluindo temas folclóricos. e e Renato Saldanha (violão e gui- ecos do Caribe. Um dos destaques valo de aproxim idé tarra), além de Túlio Mourão nos do disco é Seis da tarde, faixa insGÊ LARA tro anos em rel um Lançamento do CD Ouropretana. teclados. “O Túlio participou de to- pirada na obra de Túlio Mourão. Participação de Túlio Mourão.trabalho, Hoje, Deuszzm dos os discos anteriores. Além de O novo disco foi lançado em 21h, no Museu de Arte da Pampulha – grande músico é meu amigo”, diz. agosto, em Divinópolis. Com o mais gostei foiM Avenida Otacílio Negrão de Lima, 16.585. Ingresso: R$ 7. Informações : so O repertório do novo trabalhourbanística Intervenção nao artista Praçaencerra da Estação, show de hoje, a com (31) 3443-4533. Ingressos à venda no muito tem EDUARDO TRISTÃO GIRÃO Jovens artistas põem a mão na massa da MPB Corredor cultural s S o a a a e cientificamente comprovada. E é melhor ciência, esse “mea culpa”, não se restrinque assim seja. De qualquer forma, ge só aos membros da família do suicida quando sei de algum caso, fico muito – vale também para os amigos, para tochocada, mesmo que não conheça de dos que conviviam com ele. Voltei a pensar nisso no último sábaperto o suicida. E isso me comove muito, e me agonia, do, quando um pai, ao me contar que o porque acredito que não existe solidão e filho havia se suicidado, se fez a pergundesespero maior do que o que sente uma ta da dor: “Ele devia estar passando por pessoa que dá fim à vida. Mesmo que a muitos problemas, devia estar doente, e literatura esteja cheia de idéias românti- não percebemos, não pudemos ajudar”. cas sobre o gesto – o mais famoso é sem Convivi com esse rapaz algumas vezes, dúvida o de Madame Bovary –, na reali- era um prestador de serviço que usava E S T A éD aO desiluD E M I Neventualmente. A S - T E R Ç A - FTinha E I R Atudo , 1 2 para D E dar A G OcerSTO dade, o fundamento de todos são, a falta de aceitação dos percalços to na vida:Cera U Lsimpático, T U R A educado, res- que eu tinha feito por ele. Na realidade, nem tinha feito quase nada, ou nada. Mas ele não só estava muito agradecido, como também comovido. Tinha os olhos cheios de lágrimas, o que me chamou a atenção – mas, na correria do cotidiano, aquela emoção acabou sendo esquecida. Até que fiquei sabendo que ele havia se matado. Depois de um dia com a família, sem dar a menor demonstração de que estava em estado de sofrimento. Fazendo as contas, conferindo um pouco o D E 2 0 sua 0 3 visita aconteceu na época em tempo, que ele se suicidou. G ANNA MARINA CU MULTIARTISTA FALA DE SEU EGO EXCÊNTRICOWO VANGUARDA MAKELY KA AUTOGRAFA LIVRO, PARTICIPA DE UM DEBATE SOBRE MÚSICA, POESIA E MERCADO INDEPENDENTE E FAZ FESTA SHOW, NO RECICLO, EM SEMANA DE INTENSA ATIVIDADE CULTURAL COSTUMO TER UMA DÚVIDA DOIDA. O QUE AGONIA, O QUE ESTRAÇALHA MAIS COM CIN A VIDA DE UMA FAMÍLIA: TER UM DE SEUS MEMBROS ASSASSINADO OU UM SUICIDA? [email protected] Makely vem comemorar surrealismo e o concretismo. os 40 anos da Semana A música brasileira também Em sua primeira obra, ObNacional de Poesia de exerce papel fundamental na jeto Livro (1998), Makely Ka Vanguarda (que trouxe a criação de Makely. Com umO no publicou somente poemas BH, em agosto de 63, to- demo gravado com a cantoraAnyt metalingüísticos. “Como o crida a vanguarda literária Maísa Moura (atualmente osHola tério era muito rígido, tive que da época, os irmãos dois estão preparando outroabrir excluir todos os outros que Campos e Paulo Le- CD), ele pretende lançar emde Ve não tinham esta temática”, minski incluídos). Para novembro, ao lado dos parcei-deste comenta. Pois com seu seguntanto, amanhã será pro- ros Kristoff Silva e Pablo Cas-prod do livro, Ego Excêntrico, ele movido o debate Música, tro, o álbum A Outra Cidade. próp Biggs compilou aqueles de outras Poesia e Mercado IndeDann formas poéticas. Com lançapendente, no Centro de e Dia mento hoje, na livraria da Cultura Belo Horizonte. SERVIÇO comé Travessa, a publicação apreNa quinta, Makely receambi Já contei aqui, mas não custa repesenta em seus capítulos as be parceiros e intérpreTRÊS DIAS DE POESIA tir, que os jornais têm um acordo de Vale principais referências do autes de suas canções (AlDE VANGUARDA cavalheiros. Não noticiam suicídios, a Escu tor. Em Classificados, foram da Resende, Flávio Henmenos que o gesto seja praticado por Lançamento do livro Ego Excêntrico, estre incluídos poemas de espírito rique, Kristoff Silva, MaíDIVULGAÇÃO/MAÍSA MOURA uma personalidade, ou que outras sema de Makely Ka. Hoje, às 19h, na livraria modernista; o capítulo os pa- indisa Moura e Patrícia AhMakely Ka diz que uma aura pessoas sofram seus resultados Jane da Travessa (av. Getúlio Vargas, 1.405, ra serem lidos emsealta voz romântica maral, entre outros) para dificulta vender poesia retos. Por exemplo: um suicida puapresenta escritos têm de um Savassi, (31) 3223-8092). O livro será abriu um show no Reciclo. la de um prédio e cai que em cima ano p características poesia beat; o não Voltando à poesia, ele diz vendido a R$ 25. Debate Música, transeunte, queda morre também, sui- é profissão. Há, inclusive, uma aura romântica que até as anamorphosis, que fecha o que o grande desafio da atuacídio é assunto. De outra forma, a traPoesia e Mercado Independente, te impede de vender o produ- lidade é lidar com as referênlivro, o lado gédia mostra fica restrita aoconcretiscírculo familiar, amanhã, às 19h, no Centro de Cultura ta Makely. O livro ainda to”, diz Makely. Aos 27 anos, cias em “meio a uma babel de aosde amigos. Belo Horizonte (rua da Bahia, 1.149, vem do CDno ele Poracompanhado coincidência, estava Rio tem uma trajetória que possibilidades de linguagem e Centro, (31) 3277-4607). Entrada não se limita à poesia. Tam- experimentação.” Entre suas Poemas Ouvido, registrado quando de Getúlio Vargas se suicidou, em 24 de agosto de 1954. Meu cunhabém produtor cultural e músi- principais influências estão a pelo autor e alguns parceiros. franca. Festa-show com a autor e do,“A querigor, entãotodo era da ativa na te-é um dos criadores do Sê- geração beat, a poesia russa – mundo es-FAB,co, parceiros convidados, quinta, às 21h, lefonou, avisando devíamos lo Editorial, que está publi- “Maiakovsky é muito forte, creve poema até que os 20 anos. fazer no Reciclo (avenida do Contorno, um estoque de comida e ficar cando Ego Excêntrico. Depois, quando você chega na dentro justamente por ele ter traba10.564, Barro Preto, (31) 3295-3378).Já es de casa, havia érisco de o PaísMais do que uma noite de lhado em várias frentes como idade deporque se manter, difícil explodir. O estopimpois já estava e Ingressos: R$ 4. para autógrafos, o segundo livro de teatro, cinema e poesia” –, o fazer a escolha, poesiaaceso, me lembro que ficávamos horas e hoespe ras escutando Carlos Lacerda denun1998 ciar tudo de errado que estava aconGrup tecendo. Sua metralhadora giratória, mês, bem municiada por sua inteligência que o simples fato de viver carrega, a ponsável, interessado. Tinha projetos, Palác extraordinária, não poupava ninguém. E frustração, o descontrole emocional. conhecia seu mercado de trabalho – e Pena depois do lendário atentado da rua ToneMuitas vezes costumo ter uma dúvida esses projetos indicavam esperança, quar CYAN MAGENTA AMARELO leros, em Copacabana, tudo podia mes- doida. O PRETO que agonia, o que estraçalha vontade de acertar, de crescer. Quer diapre mo acontecer. mais com a vida de uma família: ter um zer: nada sinalizava uma mente em deno do E aconteceu o que não se previa, o de seus membros assassinado, vítima da sespero. Só que, a partir de uma certa R$ 2 suicídio de Getúlio Vargas, que “saiu da violência, ou um suicida? É claro que época, ele resolveu reformular seus proRese AFINAL, ONDE ERRAMOS? MARIANA PEIXOTO ABR DAN ING OG es, de e ada ESTADO DE MINAS Sexta-feira, 21 de julho de 2006 25 Makely Ka e Maísa Moura cantam a mescla de culturas e abordam o convívio com a diferença GISELE MOURA/DIVULGAÇÃO POESIAS RITMADAS Makely Ka e Maísa Moura se apresentam na manhã de domingo no Abílio Barreto WALTER SEBASTIÃO “Há muitos eus dentro de mim/ uns judeus outros palestinos…”, verso do poeta e compositor Makely Ka sinalizando o interesse, com suas canções, de falar sobre temas candentes da atualidade. Com a cantora Maísa Moura, ele faz o show Danaíde, domingo, às 11h30, no Museu Abilio Barreto. É, explica, apresentação acústica com repertório de composições próprias. Criações que aludem a motivos como a mescla de culturas, alteridade, preconceitos, o convívio com a diferença. “Neste momento de discussão de cotas, do estatuto da igualdade racial, de muitas guerras, é bom falar sobre o convívio com o diferente”, observa. A atenção a esses motivos remete ao fato de Makely Ka ser formado em filosofia e Maísa Moura, em antropologia – “e, mesmo fora da academia, con- tinuamos ligados a esse universo”. Vem desse contexto o interesse por mitologias, pelo que é “invisível na mídia”, e atenção para com a diversidade cultural. Tudo traduzido em canções “meio camerísticas, mas com um pé na tradição da música popular”, que, conta Makely Ka, se no disco ganhou arranjos centrados em cordas, no show ganha ainda o balanço da percussão. São, observa, criações que até têm dimensão reflexiva, mas “o elemento que pega é o ritmo, a musicalidade da palavra”. “Comecei a compor porque tinha necessidade de cantar meus poemas. E o resultado tem sido canções de ritmo forte, com muitos detalhes e referências, concepção harmônica e melódica, mas a partir da palavra”, explica Makely Ka. Faz uma brincadeira: “Não é rock and roll, é música para prestar atenção na letra que, para nós, é importante”, avisa. Com relação à sonoridade acústica, defende que a beleza dela está no fato de se poder ouvir, com clareza, todos os instrumentos, todos os elementos da música, sem guitarra distorcida ou bumbo (“que também gosto”) cobrindo o som. Makely Ka e Maísa Moura se apresentam com banda formada por Guilherme Castro (violão de 12 cordas, viola e guitarra acústica), Avelar Júnior (baixolão), Fred Mauverde (violoncelo) e Mateus Bahiense (percussão). Entre as canções que vão ser apresentadas estão: Moira, Solaris, Jacarta, Suriá, Rodador, Soroco, Autófago. E Endoscopia, ironia com a mania de livros e produtos de auto-ajuda, recomendando que, se o negócio é se autoconhecer, melhor fazer uma endoscopia. DANAÍDE Show de Makely Ka e Maísa Moura. Domingo, às 11h30, no Museu Abílio Barreto, Av. Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim, (31) 3277-8573. Entrada franca. PÁGINA 4 ESTADO DE MINAS - SÁBADO, 18 DE OUTUBRO DE 2003 PENSAR ANELITO DE OLIVEIRA * Segunda incursão do cantor e compositor Makely pela poesia impressa – a primeira foi Objeto Livro, de 1998 –, Ego Excêntrico (Selo Editorial, 2003) é livro para ler, ver e ouvir, com um CD de áudio anexo, multimidiático, portanto, a exemplo de alguns trabalhos de Arnaldo Antunes, um kit que vai se tornando cada vez mais comum na cena poética. Mas não se trata, como se pode começar a pensar apressadamente, de mais um dos muitos “subantunes” que também têm aparecido – e desaparecido, felizmente – com bastante freqüência. A semelhança com determinados procedimentos do ex-titã apenas confirma uma referência comum aos dois: a poesia concreta. O que Makely faz com essa referência é, no fundo, diferente do que Antunes já fez à exaustão, óbvia demonstração da ambivalência do concretismo, de sua natureza poliédrica a permitir as mais diversas apropriações, das mais esteticistas – que resultam em opções como a do finado Philadelpho de Menezes e tantos outros que insistem num experimentalismo vazio – às mais transculturalistas, digamos, que ainda têm em Leminski sua maior expressão. A despeito do “capricho” visual, Makely apreende a onda concreta a partir de um ângulo mais “relaxante”, desejoso de uma estética mais ordinária, de uma linguagem – modulação particularizada dos signos – em estado de choque com a língua, com o código convencionado. Dir-se-ia que o poeta de Ego Excêntrico mantém um relacionamento não com a poesia concreta propriamente dita, mas sim com o Movimento de Poesia Concreta, que, entendido a partir do princípio de sincronia sustentado de maneira categórica pelo recém-falecido Haroldo de Campos, teria a ver com Gregório de Mattos, Sousândrade, Oswald, Affonso Ávila, Torquato Neto e, também, Glauco Mattoso e Sebastião Nunes, poetas que compõem uma tradição “infernal” na antilírica brasileira, que falam pela “boca do inferno”, não pelo coração do paraíso. A excentricidade maior de Makely talvez resida exatamente , Fala demais, num momento de poetas que se gabam de ser mudos , ROMANTISMO Com o livro “Ego Excêntrico”, Makely propõe um objeto multimídia e uma poesia delirante * Anelito de Oliveira é poeta, crítico e ensaísta, autor de Lama (2000, Orobó Edições) e O Arvoredo (2003, Nankin Editorial, no prelo), entre outros. DIVULGAÇÃO/HELENA LEÃO . OS INTELECTUAIS DA IDADE MÉDIA . De Jacques Le Goff, tradução de Marcos de Castro . José Olympio, 256 páginas, R$ 32 Nesta obra, escrita originalmente em 1957 e reeditada na França com novo prefácio do autor, em 1984, Le Goff dá ênfase ao intelectual das cidades francesas entre os séculos XII e XIII, a quem chama de REPRODUÇÃO “vendedor de palavras”. O autor destaca e estuda quatro desses intelectuais cujas opiniões, manifestadas em conjunturas específicas, beiraram a heresia: Abelardo, Tomás de Aquino, Siger de Brabante e Wyclif. POESIA . SPHERA . De Marco Lucchesi . Record, 127 páginas, R$ 25 No prefácio que escreveu ao livro, Antônio Cícero definiu Sphera como “uma obra de alquimia do verbo”. Lucchesi retrata a estranheza de um mundo imaginário em sua poesia ao mesmo tempo cosmopolita e solitária. O autor é professor de REPRODUÇÃO literatura italiana, poeta e tradutor, no Brasil, das obras de Umberto Eco e de vários outros autores. REALIDADE . ASSOMBROS URBANOS . De Dionísio Jacob . Companhia das Letras, 254 páginas, R$ 37 O autor, que satirizou o universo das repartições públicas em sua obra A Utopia Burocrática, agora dispara no mundo-cão da televisão. Neste romance, Jacob ironiza a desorientação da sociedade brasileira pós-ditadura e, especialmente, a influência cada vez REPRODUÇÃO maior da televisão no País. No programa Assombros na Madrugada desfilam “entrevistados” capazes de despertar inveja em muitos apresentadores da TV brasileira. SOCIOLOGIA . O DESENCANTAMENTO DO MUNDO - TODOS OS PASSOS DO CONCEITO EM MAX WEBER . De Antônio Flávio Pierucci . Editora 34, 240 páginas, R$ 29 O professor do departamento de sociologia da USP rastreia um termo recorrente na obra de Weber: entzauberung (traduzida literalmente como “desencantamento”). Seu objetivo é mostrar como, REPRODUÇÃO longe de corresponder a uma noção vaga e imprecisa, este é um dos conceitos centrais do pensamento weberiano. Pierucci é autor de Ciladas da Diferença (Editora 34, 2000) e Magia (Publifolha, 2001). CONFERÊNCIAS . DECLARAÇÕES DE PAZ EM TEMPOS DE GUERRA . Organização de Emir Sader e Cláudia Mattos . Bom Texto, 256 páginas, R$ 40 A obra reúne uma seleção de 21 discursos de aceitação do Prêmio Nobel da Paz, suas trajetórias e uma contextualização dos conflitos pelos quais seus esforços foram reconhecidos com a premiação. Um dos REPRODUÇÃO objetivos do livro é traçar um histórico dos conflitos que mais marcaram a humanidade desde a criação do prêmio, em 1911. INFORMAÇÃO . A GALÁXIA DA INTERNET - REFLEXÕES SOBRE A INTERNET, OS NEGÓCIOS E A SOCIEDADE . De Manuel Castells, tradução de Maria Luiza X. de A. Borges . Jorge Zahar, 244 páginas, R$ 34,50 Esta é uma análise da internet como espinha dorsal das sociedades contemporâneas e da nova economia mundial, desvendando sua lógica, suas imposições e a REPRODUÇÃO liberdade que ela nos dá. Evitando fazer prescrições e previsões, o livro apresenta dados fartos e pesquisa detalhada para ajudar a compreender como a rede é o meio pelo qual as pessoas se tornam habitantes de uma estrutura global. ROMANCE . CORPO PRESENTE . De João Paulo Cuenca . Planeta, 144 páginas, R$ 35 O narrador deste Corpo Presente atravessa ruas, noites e mulheres em busca de um amor perdido ou impossível, uma Carmen que não é de ópera ou ficção, mas de uma Copacabana suja e sedutora, cenário do claustrofóbico primeiro romance de Cuenca. O autor propõe um jogo de identidades sem vencedores ou perdedores, tendo a escrita como uma forma de encarar a vida. PRETO ● HISTÓRIA AMARELO ◆ no fato de que fala demais num momento de poetas que se gabam de ser mudos, de só escreverem raramente, em especial quando há alguma “encomenda” da mídia. Fala contra tudo e todos da vida literária: contra a propaganda editorial, contra a idéia de autor, contra os muitos tipos de poeta, enfim, contra a literatura, chegando a parafrasear o berro do bandido Zé Pequeno em Cidade de Deus: “Literatura o caralho/ eu faço é poesia/ porra!”. Dois dados importantes para o entendimento da atitude poética de Makely despontam em função dessa recorrência ao personagem de Paulo Lins levado às telas por Fernando Meirelles. Primeiramente o desvio operado na frase de Zé Pequeno, de forma a ressaltar o que o sujeito faz em detrimento do que ele é. Como se sabe, a frase do personagem rechaçava o apelido e afirmava o nome Zé Pequeno – tinha como foco, assim, o sujeito. Makely, por sua vez, está mais preocupado em dissociar literatura de poesia, deixando claro que esta é outra coisa, ainda que seja feita com palavras – seu foco é, portanto, o objeto. Esta dissociação propriamente dita não é nova, naturalmente: está em Pound, em Cocteau, em Sartre e tantos outros pré-modernos e pós-modernos. Mas, sem dúvida, a conseqüência do estabelecimento desta dissociação a partir da imagem de Zé Pequeno é um segundo dado surpreendente: o poeta sai da “cidade letrada” conceituada por Angel Rama, digamos, e vai morar na “cidade de Deus” à brasileira, na periferia, no lugar que excede o centro, no ex-cêntrico. Neste deslocamento simbólico, ele também se desloca simbolicamente da imagem canônica de “homem de letras” e encarna, por conseguinte, a imagem do marginal, na trilha reivindicada por um Hélio Oiticica: “Seja marginal, seja herói”. De fato, é a encarnação muito romântica dessa imagem – com toda a carga de ingenuidade e ironia que se encontra nos romantismos altos e baixos – que move a poesia de Ego Excêntrico. Pode-se dizer, a partir de poemas-manifestos como Ode, que Makely estabelece um elo entre o poeta idealizado pelos românticos e o indivíduo marginalizado atualmente, expulso do centro, impedido de usufruir os bens da res publica. O “grande iluminado” (o poeta) e “o grande eliminado” (o marginal), enfatiza insistentemente a Ode, até concluir: “Porque sou poeta/ falo o que tem de ser falado”. Daqui se enuncia um problema nessa poética. Realmente, o poeta, a exemplo dos demais radicados num horizonte romântico, fala, mas não daquilo que pensa – e às vezes até proclama – estar falando, de uma premência a envolver toda uma coletividade para além do gueto artístico. Fala, na verdade, daquilo que a princípio pode nos parecer menos importante para essa fala, mas que é o seu impulso maior: o ego. Tudo “que tem de ser falado”, para Makely, é o que se passa no ego de um poeta consciente da nenhuma importância que lhe confere a sociedade consumista, um mundo “shopping center”, no auge do auge da banalidade. Nada mais plausível que esse mundo de relações superficiosas seja associado à instituição literária – que nada tem a ver com literatura em sentido forte, como não me canso de assinalar –, bem como às outras instituições que zelam por uma “ordem do discurso” (Foucault) que não corresponde à desordem da existência em geral. Pode-se dizer mesmo que hoje uma contestação eficaz das boas maneiras literárias, de um farsesco mundo letrado, passa necessariamente pela contestação do mundo “shopping center”. Mas Ego Excêntrico não opera essa questão, chegando mesmo a resvalar numa simpatia fácil pelo virtualismo irresponsável, que toma tudo por ficção, componente básico do shopping, lugar de apagamentos, de desistoricizações. Desta forma, o resgate do ideal romântico de poeta é tão louvável quanto lamentável: estimula uma relação conturbada do poeta com a coisa literária – o que é significativo –, mas também conduz a um excesso de atenção ao ego e conseqüente desatenção a outrem. O entusiasmo do poeta certamente o leva à ilusão de que o outro – o marginal, digamos – está implícito no que diz, mas este é justamente o grande delírio de toda tentativa romântica. Somente uma perspectiva abertamente dialógica – o que não se encontra em Ego Excêntrico – para incorporar o outro, e tal perspectiva não é possível num regime autoritário de signos, centrado na cegueira peculiar ao ego, numa “escritura fechada”, diria Barthes, nas verdades que ela mesma erigiu. MAGENTA N ovo volume de poesia do cantor e compositor Makely Ka sofre influência da poesia concreta, mas afirma voz própria e farta LANÇAMENTOS CYAN Encarnação romântica REPRODUÇÃO E STA D O D E M I N A S ● T E R Ç A - F E I R A , 6 5 D E J U N H O D E 2 0 0 7 CULTURA AUTOFAGIA O músico mineiro Makely Ka lança amanhã seu primeiro CD solo no projeto Stereoteca, na Biblioteca Pública da Praça da Liberdade. O trabalho levou dois anos para ficar pronto Lenta HELENA LEÃO/DIVULGAÇÃO digestão MARIANA PEIXOTO Um dos mais produtivos compositores de Minas na atualidade, Makely Ka se desdobra em várias funções. Também poeta e agitador cultural, traz uma forte veia crítica, cuja acidez está presente em seu primeiro disco solo, o CD Autófago, que será lançado amanhã, no Teatro da Biblioteca Luiz de Bessa, no show de abertura da edição 2007 do projeto Stereoteca (confira a programação abaixo). O trabalho, produzido por Renato Villaça e o próprio Makely, consumiu os últimos dois anos. Makely traz em sua discografia os álbuns A outra cidade (2003, em parceria com Kristoff Silva e Pablo Castro) e Danaide (2006, com Maísa Moura). “Neste disco, todas as canções são minhas (são 14 faixas). Mas o CD traz o universo de pessoas que atuam comigo, sem as quais não seria possível realizá-lo. Na verdade, é um trabalho solo pelo fato de eu estar cantando as músicas. UP GRADE Ao contrário dos outros discos, as canções não têm uma melodia com uma amplitude grande, são mais diretas e objetivas.” E irônicas também. A faixa de abertura, por sinal, leva o nome de Desliguem os aparelhos celulares – o disco foi patrocinado pela Telemig Celular via Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Punk de boutique centra fogo nos jovens adeptos da cultura fast food. A Depois de dois discos em produção coletiva, o compositor Makely Ka assina um álbum só seu, mas gravado com a ajuda dos amigos outra cidade, canção que acabou não entrando no disco homônimo, é uma ode à Belo Horizonte que está aí para todos verem, mas que muita gente fecha os olhos para não enxergá-la – versos como “A cidade come/a cidade vomita/a cidade tem fome/A cidade faminta” não precisam de mais explicações. Entre as faixas, vinhetas com frases pinçadas de Glauber Rocha, do Subcoman- dante Marcos, do grupo rebelde mexicano EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), e do poeta russo Maiakóvski. No show, Makely será acompanhado por Renato Villaça (guitarra e programação), Rafael Azevedo (guitarra), Fernanda Starling (baixo), D’Artagnan Oliveira (bateria) e Alcione Oliveira (percussão) e pelas cantoras Maísa Moura e Patrícia Rocha, que par- ticiparam do disco. Também amanhã vai entrar no ar, reformulado, o novo site do músico (www.makelyka.com.br). Todas as canções de Autófago, assim como o encarte do disco (e o conteúdo dos anteriores) serão disponibilizados para download gratuito. “É uma forma de divulgar um trabalho cuja maior parte foi realizada pelas leis de incentivo. As pessoas têm o direito a ter acesso a esses produtos culturais. Acabo vendendo mais discos depois de fazer isso, pois as pessoas que ouvem e gostam resolvem ter o CD”, conclui. STEREOTECA Os shows serão às 20h30, no Teatro da Biblioteca Pública Luiz de Bessa (Praça da Liberdade, 21, Funcionários), (31) 33379693. Ingressos a R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-entrada). PROGRAMAÇÃO PARCERIA O público que for aos shows do Stereoteca vai receber gratuitamente, em cada apresentação, figurinhas que integram um álbum criado pelo projeto. Quem completar o álbum vai concorrer, no fim da temporada, a 10 coleções de CDs, cada uma com 10 discos de artistas participantes do projeto. Ainda este mês (de 26 a 28) será promovido no Espaço Cultural Ambiente um ciclo de debates com artistas do Espaço Cubo, do Mato Grosso. Informações: (31) 3222-3242 e www.stereoteca.com.br Amanhã – Makely Ka Quinta – Alda Resende e Lênis Rino Dia 13 – Carlinhos Ferreira e DJ Renatito Dia 20 – Antônio Sant’anna e Sérgio Pererê Dia 27 – Meninas de Sinhá e Dudu Nicácio 4 de julho – César Maurício e Renato Vilaça 11 de julho – Déa Trancoso e Terno de Catopé 18 de julho – Ideologia Feminina e Kontrast 25 de julho – Ricardo Koctus e Patrícia Lima 1º de agosto – Proa e Gabriel Guedes 8 de agosto – Celso Moretti e Mamour Ba 15 de agosto – Porcas Borboletas e Daniela Borela 22 de agosto – Aline Calixto e Patrícia Ahmaral 29 de agosto – Selmma Carvalho e Affonsinho 5 de setembro – Guarda de Moçambique e DJ Tudo 12 de setembro – No Sal e Maurinho Nastácia 19 de setembro – Falcatrua e Cristiano da Matta 26 de setembro – Preto Massa e Júlia Ribas 3 de outubro – Dona Jandira e Vítor Santana A cantora Célia e o violonista Dino Barioni dão show de interpretação REGIS SCHWERT/DIVULGAÇÃO E S T A D O DP ÁE G IMN AI N4 A S - S E X T A - F E I R A , 2 4 D E J AE SNT EA DI OR OD E DM EI N A2 S0 -0 S3 E X T A - F E I R A , CULTURA PA L C O RESENTA NO PROJETO MUSICAL M REPERTÓRIO DE FUTURO CD BEAT NO GALPÃO ura do bar oite, no Galantor, comMakely Ka w que leva Mundial, de nal do mês, bém garanvirunddum, táculo, que cipação da a, é peça da ico, em fase que além de ançamento omônimos. positores reReciclo Gede cerca de entre as adas por Alnio e Regina 7 canções, vada beat”, or, estão no idata, dono no instruque nem tudapta à sua omponho é m cantoras, vela o comentemente, s incluídas ows de Paitane, tamaula Santolém do grus parceiros tão Renato ilva, Pablo aça. Marku ique são os s de música omposições desenvolvimento próitando vanGeralmente, ica, acabo tindo que não tem habilidade para interpretar canções de outros autores: “Não sou cantor, apenas interpreto minhas composições”. Segundo Makely Ka, o CD Ego Excêntrico deverá chegar ao mercado em março, antes do livro homônimo de poemas que também já está no prelo. “O disco será o primeiro produto acabado pós-Reciclo Geral”, comemora o artista. Lembra que está prevista para este ano uma nova edição do projeto e que, paralelamente, Makely e companheiros pretendem criar um site do evento, além de uma cooperativa e distribuidora independente de discos, cujo nome de batismo, oportunamente, é Namarra. RITMOS Batuque e calango mineiros, além do cacuriá maranhense, são os ritmos que vão agitar a intervenção com a qual o Encaixa Couro – Brincadeiras Brasileiras vai encerrar a programação da noite de hoje no bar do Piscinão. De volta a Belo Horizonte depois de uma temporada em Palmas, no Tocantins, onde desenvolveu trabalho junto à Fundação Bradesco, o arteeducador Marquinhos Rhossard, que lidera o grupo, anuncia a retomada dos ensaios do Encaixa Couro na comunidade do Horto Florestal, lembrando que eles serão sempre fechados nas noites de terça-feira, no Esporte Clube Ponte Preta, enquanto às quintas-feiras, a partir das 20h, o público será convidado a cantar e dançar ao redor de uma fogueira, no final da rua Nossa Senhora d’Ajuda. Um dos poucos grupos mineiros a trabalhar o aspecto lúdico das manifestações populares em interação com o público, o Encaixa Couro – Brincadeiras Brasileiras é formado 24 DE JANEIRO CULTURA N O P A L CHISTÓRIAS O DA CRIAÇÃO DO MUNDO HISTÓRIAS Seja na forma de pajé, contador de formação do mundo e dos ser Estórias,os de Weracy ou comadre, mitos Costa, da em Seja na forma de pajé, contador de histórias formação do mundo e dos seres estão na infanto-juvenil Mar de Estórias, de Weracy Costa, em cartaz no Centro Cultural UFMG. Teatro da Assembléia, rua Rodrigue MAKELY SE APRESENTA NO PROJETO MUSICAL PISCINÃO, COM REPERTÓRIO DE FUTURO CD TEATRO TEATRO ACREDITE, UM ESPÍRITO BAIXOU EM MIM Santo Agostinho, (31) 3290-7827. Q sábado, 21h, domingo, 20h. Direçã Capanema. Teatro Caldas, Sesiminas, 30, rua Padre174, Marinho, 60, SantaSábado, Teatro da Assembléia, rua Rodrigues Centro. 17h, e domingo, 10h PERIGO, MINEIROS EM FÉRIAS! Efigênia, (31) 3241-7181. Quarta a sábado, 21h, Teatro Santo Agostinho, rua Aimor Santo Agostinho, (31) 3290-7827. Quinta Direção domingo, 19h.aDireção Sandra Pêra. Weracy Costa. Santo Agostinho, (31) 3291-5340. Q sábado, 21h, domingo, 20h. Direção Tchesco sábado, 21h, domingo, 19h. Direçã ADELAIDE PINTA E BORDA Falabella. Capanema. NO FUNDO DA MATA OUVI Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, av. ACREDITE, UM ESPÍRITO BAIXOU EM MIM Santo Agostinho, rua Aimorés, 2.67 Afonso Pena, 1.537, Centro,Teatro (31) 3237-7399. PROSA DE COMPADRE AILTON MAGIOLI tindo que não tem habilidade Teatro Sesiminas, rua Padre Marinho, 60, Santa Sexta e sábado, 21h, domingo, 20h. Agostinho, Direção PERIGO, MINEIROS Santo (31) 3291-5340. Doming Teatro Santa Dorotéia, rua Chicago para interpretar canções deEM ou-FÉRIAS!Iolene de Stefano. Efigênia, (31) 3241-7181. Quarta a sábado, 21h, (31)Hannas. 3335-1900. Quinta a sábado, 1 Teatro Santo 11h. Direção Claret Atração de abertura do bar tros autores: “Não Agostinho, sou cantor,rua Aimorés, 2.679, Claret Hannas. domingo, Direção Pêra. ALFREDO VIROU Agostinho, (31)com3291-5340. Quinta a A MÃO do19h. Piscinão hojeSandra à noite, no Gal- apenasSanto interpreto minhas Teatro Rogério Izabela Hendrix, rua AS da Bahia, 2.020,AVENTURAS UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA pão Cine Horto, o cantor, com- posições”. Segundo Makely Ka, sábado, 21h, domingo, 19h. Direção NOVAS DO REI LEÃO Lourdes, (31) 3292-4405. Quarta a sábado, Klauss Vianna, av. Afonso Pe ADELAIDE PINTA E BORDA Makely Ka o CD Ego positor e violonista Excêntrico deverá Falabella. Casanova, Teatro av. Afonso Pena, 1.500/18 21h, domingo, 20h. DireçãoTeatro Ílvio Amaral. Mangabeiras, (31) 3229-4316. Quin Sala Juvenal do Palácio das Artes, av. chegar ao mercado em março, vai Dias antecipar o show que leva andar, Centro (31)21h, 3274-7272. domingo, 20h.Sexta DireçãoaWilson O CÂNTICO DOS CÂNTICOS ao Fórum Social Mundial, de livroDEhomônimo Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3237-7399.antes do PROSA COMPADREde domingo, Christiano Aguiar. Sala Multiuso do ESTADO DE MINAS, av.17h Direção Porto Alegre, no final20h. do mês, que também já está no SALVE AMIZADE, A COMÉDIA Sexta e sábado, 21h, domingo, Direção poemasTeatro Santa Dorotéia, rua Chicago, Sion, Getúlio240, Vargas, 291, Funcionários. Quinta a Teatro da Maçonaria, av. Brasil, 478 com passagem também garanprelo. “O disco será o primeiro Iolene de Stefano. domingo, 20h. Direção Marcello Castilho FEIOEfigênia, (31) 3213-4959. Quinta a (31) 3335-1900. Quinta a sábado, 19h. Direção O PATINHO - O MUSICAL tida no projeto Ouvirunddum, produto acabado pós-Reciclo Avellar. domingo, 20h.1.723, DireçãoLourdes, Roberto Fr Hannas. o artista. Teatro Icbeu, rua Manoelita da Bahia, de Curitiba. O espetáculo, que Geral”,Claret comemora Lustosa. ALFREDO VIROU A MÃO CEGUINHO É A MÃE conta com a participação da Lembra que está prevista para 3271-7255. Quarta a sexta, 17h. Direção Íl Teatro Topázio do Minascentro, av. Augusto de Teatro Izabela Hendrix, rua da Bahia, SEMPRE TE VI, NUNCA TE AMEI cantora Maísa Moura, é peça2.020, da este ano uma nova edição do UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA Amaral. Lima, 785, Centro, (31) 3217-7900. Domingos, Teatro Capucho de Vespasiano. Sáb Lourdes,trilogia (31) 3292-4405. Quartaem a sábado, Ego Excêntrico, fase projetoTeatro e que,Klauss paralelamente, Vianna, av. Afonso20h. Pena, 4.001, Direção Geraldo Magela. Última semana. domingo, 20h. de pré-produção, de MakelyMangabeiras, 21h, domingo, 20h. Direçãoe que Ílvioalém Amaral. e companheiros (31) preten3229-4316. Quinta a sábado, A PEQUENA SEREIA CEGUINHO CHUTANDO O BALDE CD vai resultar no lançamento dem criar um site do evento, À SOMBRA DO SUCESSO 21h, domingo, 20h. Direção Wilson Oliveira. Teatro da Praça, praça Afonso Arinos, 19, Teatro Topázio do Minascentro, av. Augusto de de livro e vídeo homônimos. além de uma cooperativa e disCasa do Conde de Santa Marinha, r O CÂNTICO DOS CÂNTICOS Lima, 785, Centro, (31) 3217-7900. Sábados, Centro, (31) 3213-3654. Domingo, 11h.Qui 130, Floresta, (31) 3222-1378. Um dos jovens compositores re- tribuidora independente de disÚltima semana. Sala Multiuso do ESTADO DE MINAS, av. domingo, 20h. Direção Chico SALVE AMIZADE, A COMÉDIA 21h. Direção Geraldo Magela. Direção Fernando21h, Bustamante. velados no projeto Reciclo Ge- cos, cujo nome de batismo, Marcelo Bones. Getúlio Vargas, 291, Funcionários. Quinta a Teatro da Maçonaria, Santa À LA CARTE ral, Makely é autor de cerca de oportunamente, é Namarra.av. Brasil, 478, COMMEDIAS domingo, 20h.composições, Direção Marcello Castilho Casa de 21h, Candongas,PETER av. Cachoeirinha, 100 entre as Efigênia, (31) 3213-4959. QuintaTeatro a sábado, PAN SONHO DOURADO Cachoeirinha, (31) 3444-1964. Sexta a Avellar. quais algumas gravadas por Al- RITMOSdomingo, 20h. Direção Roberto2.221, Teatro da Praça, praça Afonso19, Arino Freitas20h. e Direção Fernando Teatro da Praça, praça Afonso Arinos, domingo, Linares. Centro, (31) 3213-3654. Quinta a s da Resende, Anthonio e Regina Batuque e calango mineiros, Manoelita Lustosa. Centro, (31) 3213-3654. Quinta a domingo domingo, 20h. Direção Dilson May Spósito. Além de 17 canções, além do cacuriá maranhense, CEGUINHO É A MÃE COMO SOBREVIVER EM FESTAS RECEPÇÕESCássio Pinheiro. 17h.EDireção COM BUFÊ ESCASSO três poemas de “levada são os ritmos que vão agitar a TANGO, BOLERO E CHA-CHA-CHÁ Teatro Topázio do Minascentro, av.beat”, Augusto de SEMPRE TE VI, NUNCA TE AMEI Teatro Dom Silvério, rua Lavras, 225, São segundo estão no intervenção com a qual o EncaiTeatro Francisco Nunes, Parque Mu Lima, 785, Centro,o compositor, (31) 3217-7900. Domingos, (31) 21h, 3281-5592. Quinta sábado, 21h,ELEMENTOS Teatro Capucho deBrasiVespasiano. Pedro, Sábado, OSaQUATRO Centro, (31) 3224-4546. Quinta a s repertório do show. xa Couro – Brincadeiras domingo, 20h. Direção Ênio Reis. 20h. Direção Geraldo Magela. Última semana. domingo, Direção Araújo domingo, 20h. Teatro da Maçonaria, av. 20h. Brasil, 478,EloySanta Violonista autodidata, dono leiras vai encerrar a programade pegada própria no instru- ção da noite de hoje no bar do Efigênia, Quinta e sexta, DEFUNTO BOM É DEFUNTO MORTO (31) 3213-4959. TODAS AS BELEZAS DO MUNDO1 CEGUINHO CHUTANDO O BALDE Teatro Santa Dorotéia, rua Chicago, 240, Sion, Miranda mento, Makely diz que nem tu- Piscinão. De voltaDO a Belo HoriTeatro João Ceschiatti do Palácio da À SOMBRA SUCESSO Direção Ilder Costa. (31) 3335-1900. Quarta a sábado, 21h, Teatro Topázio Minascentro, av. Augusto Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3 do que do compõe se adapta à sua de zonte depois uma temporaCasa dodeConde de Santa Marinha, rua Januária, domingo, 20h. Direção Ricardo Batista e Jair Quinta e sexta, 21h, sábado, 19h e voz. “Muito(31) do que componho é da em Palmas, no Tocantins, Lima, 785, Centro, 3217-7900. Sábados, Raso. a sábado, 130, Floresta, (31) 3222-1378. Quinta O REINO ENCANTADO domingo, 18h e 20h. Direção Ande feito Geraldo pensando em Última cantoras, onde desenvolveu trabalho jun21h. Direção Magela. semana. Última rua semana. 21h, domingo, 20h. Direção Chico Pelúcio e Teatro da Assembléia, Rodrigues Calda A ESCADA principalmente”, revela o com- to à Fundação Bradesco, o arteMarcelo Bones. RhosSanto Agostinho, (31) 3290-7827. Sexta a Teatro AMI, rua da Bahia, 1.450, Lourdes, (31) positor que, recentemente, educador Marquinhos TOTONHO 100 CONSERTO COMMEDIAS À LA CARTE 3371-8566. Quinta a sábado, 21h, domingo, domingo, 17h. Direção Christiano Aguiar. Teatro Casanova, av. Afonso Pena, além de ter músicas incluídas sard, que lidera o grupo, anun20h. Direção Márcio Machado. Última semana. andar, Centro. Quinta a sábado, 21 Teatro Casa de Candongas, av. Cachoeirinha, no repertório de shows de Pa- cia a retomada SONHO DOURADO dos ensaios do 20h. Direção Alfredo Luiz da Silva e 2.221, Cachoeirinha, (31) 3444-1964. Sexta a trícia Ahmaral e Titane, tam- EncaixaTeatro Couro comunidade ESTRELA19, DALVA dana Praça, praça Afonso Arinos, OS TRÊS PORQUINHOS da Cidade, rua da Bahia, 1.341, Centro, domingo, 20h.compôs Direçãopara Fernando bém Paula Linares. Santo- do Horto Florestal, lembrandoQuintaTeatro VELÓRIO À BRASILEIRA Centro, (31) 3213-3654. a sábado, 21h, Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, av. (31) 3273-1050. Quinta a sábado, 20h30, Teatro Icbeu, rua da Bahia, 1.723, L ro e Virgínia Rosa, além do gru- que elesdomingo, serão sempre fechados 20h. Direção Dilson Mayron. Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3237-739 domingo, 19h. Direção Pedro Paulo Cava. 3271-7255. Terça a sábado, 21h, do po Somba. Entre os parceiros nas noites de terça-feira, no EsCOMO SOBREVIVER EM FESTAS E RECEPÇÕES Sábado e domingo, 17h.Ílvio Direção Direção Amaral. Carl mais constantes estão Renato porte Clube Ponte Preta, enFERNANDO ÂNGELO - AMIGOS PARA SEMPRE COM BUFÊ ESCASSO BOLERO EaCHA-CHA-CHÁ Schumacher. Teatro Granada do Minascentro, av. Augusto de A VINGANÇA DE MILONGA Negrão, Kristoff Silva, Pablo quantoTANGO, às quintas-feiras, parTeatro Dom Silvério, rua Lavras, 225, São 785, Centro, (31) 3217-7900. Quinta a Nunes, Municipal, s/nº, Castro e Renato Vilaça. Marku tir das Teatro 20h, o Francisco público será con-ParqueLima, Teatro Pio XII, rua Alvarenga Peixo Pedro, (31) 3281-5592. Quinta a sábado, 21h, sábado, 21h, domingo, 19h. Direção Fernando 3224-4546. a sábado, 21h, TRIBOBÓ CITY Santo Agostinho, (31) 3275-3004. Q Ribas e Flávio Henrique são os vidado Centro, a cantar(31) e dançar ao re-QuintaÂngelo. Última semana. 21h, domingo, 20h. Direçã domingo, 20h. Direção Ênio Reis. novos companheiros de música dor de uma fogueira, final da domingo, 20h. no Direção Eloy Araújo. Teatro Marília, av.sábado, Alfredo Balena, 586, Cen Neves. de Makely, em composições rua Nossa Senhora d’Ajuda. O HOMEM DA CABEÇA DE (31) PAPELÃO 3224-4445. Sábado e domingo, 16h30 Teatro Espaço Andante, rua Cachoeira ainda DEFUNTO BOMinéditas. É DEFUNTO MORTO Um TODAS dos poucos gruposDO mi-MUNDO AS BELEZAS Alexandre Toledo. Dourada, 44, Santa Efigênia.Direção Quinta a sábado, violão peculiar, desenvolvineiros a trabalhar o aspecto lúTeatro SantaO Dorotéia, rua Chicago, 240, Sion, PARA CRIANÇA Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes, av. 21h, domingo, 20h. Direção Marcelo Bones. do para acompanhamento pró- dico das manifestações popu(31) 3335-1900. Quarta a sábado, 21h, Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3237-7399. A TURMA DO URSINHO PUFF prio, possibilitando vancom o púO HOMEM QUE NÃO DAVA SETA domingo, 20h.acabou Direção Ricardo Batista e Jair lares em interação e sexta, 21h, sábado, 19hGalpão e 21h, Teatro daHorto, Maçonaria, av.EBrasil, 478,MARAVILH Santa ALADIM A LÂMPADA Cine Horto, rua Pitangui, 3.613, tagens a Makely. “Geralmente, blico, oQuinta Encaixa Couro – BrinRaso. ao tirar uma música, acabo Teatro Icbeu, rua da Bahia, 1.723, L (31) 3481-5580. Quinta a sábado, 21h, (31) 3213-4959. domingo, 18h eé 20h. Direção Anderson Aníbal. Efigênia, Quinta a domingo cadeiras Brasileiras formado 3271-7255. Sábado e domingo, 17h domingo, 20h. Direção Chico Pelúcio. compondo outra”, revela, admi- por nove adultos e dez crianÚltima semana. 16h. Direção Roberto Carlos Freitas. Ílvio Amaral. A ESCADA ças e adolescentes, a LA FIACA (A PREGUIÇA) ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS Teatro AMI, rua da Bahia, 1.450, Lourdes, (31) maioria oriunda do próTeatro Marília, av. Alfredo Balena, 586, Centro, HISTÓRIA TOTONHO 100 CONSERTO A VERDADEIRA DE BRANCA DE MUSICAL (31) 3224-4445. Quinta a sábado, 21h, e prio Horto, onde oav. grupo, 3371-8566. Quinta a sábado, 21h, domingo, Teatro Casanova, Afonso Pena, 1.500/18º NEVE OS SETE ANÕES Teatro Clara Nunes, rua Rio de Jane domingo, 20h. Direção Orlando Besoytaorube. uma ONG, nasceu 20h. Direção Márcio Machado. Última semana. agora Centro, 3272-7487. Centro. a sábado, 21h, domingo, Teatro da Maçonaria, av.(31) Brasil, 478,Sábado, Santa1 háandar, quatro anos.Quinta Em suas domingo, 11h e 17h. Direção Rôm O MARIDO DA MINHA MULHER 20h. Direção Alfredo Luiz da Silva e Souza. Efigênia, (31) 3213-4959. Sexta a domingo, Última semana. andanças e pesquisas peTeatro Clara Nunes, rua Rio de Janeiro, 1.063, ESTRELA DALVA Direção Roberto Carlos Freitas. Centro, (31) 3272-7487. Quarta a sábado, 19h lo Brasil, Marquinhos reA ARCA DA FANTASIA Teatro da Cidade, rua da Bahia, 1.341, Centro, colhe e 21h, domingo, 20h. Direção Ricardo Batista. VELÓRIO À BRASILEIRA o material que posTeatro da Maçonaria, av. Brasil, 478 (31) 3273-1050. Quinta a sábado, 20h30, teriormente apresentaTeatro Icbeu,é rua da Bahia, 1.723,NALourdes, Efigênia, (31) 3213-4959. Sábado e VIRADA DO(31) SEXO domingo, 19h. Direção Pedro Paulo Cava. do3271-7255. e estudadoTerça pelos inte11h. Direção Ana Márcia Scoralick. Alterosa,19h. av. Assis Chateaubriand, 499, a sábado, 21h,Teatro domingo, grantes Encaixa Floresta, (31) 3237-6611. Quinta a sábado, 21h, DireçãodoÍlvio Amaral.CouUM BAÚ DE FUNDO FUNDO domingo, 20h. Direção Carlos Gradim. FERNANDO ÂNGELO - AMIGOS PARA SEMPRE ro. De Tocantins, por Teatro Giramundo, av. Silviano Bran trouxe informaBRASIL DAS GERAIS Teatro Granada do Minascentro, av. Augusto de exemplo, Floresta, (31) 3446-0686. Sábado e NAS ONDAS DO RÁDIO A VINGANÇA DE MILONGA ções teóricas sobre o sus16h30. Beatriz Apocalypse Teatro ruaDireção Diamantina, 463, Centro Cultural Maurício Murgel, av. do UNI-BH, Lima, 785, Centro, (31) 3217-7900. Quinta a Teatro Pio XII, rua Alvarenga 1.679, siá, espécie de catira pre- Peixoto, Amazonas, 5.154, Nova Suíça, (31) 3372-6086. Lagoinha, (31) 3378-7966. Sábado, 17h e 2 sábado, 21h, domingo, 19h. Direção Fernando sente A BELA ADORMECIDA Santona Agostinho, Quinta a 20h30, domingo, Quarta a sábado, 20h. folia de (31) reis3275-3004. do Teatro DomMoreira. Silvério, rua Lavras, 22 Ângelo. Última semana. DireçãoLoló Pádua Teixeira. Direção Carlos Henrique norte mineiro. Por se trasábado, 21h, domingo, 20h. Direção Pedro, (31) 3281-5592. Sexta a dom tarNeves. de um estado relativaDireção Pádua Teixeira. Última sem ORAÇÃO PARA UM PÉ-DE-CHINELO PILAR O HOMEM DA CABEÇA DE PAPELÃO mente novo, segundo Centro Cultural UFMG, av. Santos Dumont, Teatro Maçonaria, av.E Brasil, A BELA A FERA 478, Santa Marquinhos, o Tocantins 174, Centro. Sábado e domingo, 20h.da Direção Teatro Espaço Andante, rua Cachoeira Teatro SantaQuinta Dorotéia,erua Chicago Aline Andrade. DIVULGAÇÃO/HELENA LEÃO Efigênia, (31) 3213-4959. sexta, Dourada, 44, Santa Efigênia. Quinta a sábado, não tem um folclore forte, (31) 3335-1900. Sábados e doming Makely Ka está preparando disco, com as tradições ligadas a 18h30. Direção Xico Arantes. Direção Kléber Junqueira. 21h, domingo, 20h. Direção Marcelo Bones. PARENTE NÃO É GENTE livro e vídeo “Ego Excêntrico” Goiás, o estado limítrofe. LEVADA BEAT NO GALPÃO DANÇA PARA CRIANÇAS O HOMEM QUE NÃO DAVA SETA Galpão Cine Horto, rua Pitangui, 3.613, Horto, (31) 3481-5580. Quinta a sábado, 21h, domingo, 20h. Direção Chico Pelúcio. ALADIM E A LÂMPADA MARAVILHOSA Teatro Icbeu, rua da Bahia, 1.723, Lourdes, (31) 3271-7255. Sábado e domingo, 17h. Direção BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕ Teatro Santo Agostinho, rua Aimor Santo Agostinho, (31) 3291-5340. S domingo, 16h30. Direção Carlos G FESTIVAL ALTEROSA A BRUXINHA QUE ERA BOA ESTADO DE MINAS ● Q U I N TA - F E I R A , 1 2 D E F E V E R E I R O D E 2 0 0 9 ● E D I T O R : J o ã o P a u l o C u n h a ● E D I T O R A - A S S I S T E N T E :  n g e l a F a r i a ● E - M A I L : c u l t u r a . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 1 2 6 EM CINEMA MINEIRO O diretor Helvécio Ratton foi um dos contemplados do programa Filme em Minas com Estrelas caídas do céu. ★ PÁGINA 8 CRISTINA HORTA/EM/D. A PRESS NOVA GERAÇÃO DE MÚSICOS MINEIROS SE ORGANIZA PARA CONQUISTAR MERCADO NA EUROPA E EUA. ARTISTAS APOSTAM EM COOPERATIVAS PARA VENCER OS REFLEXOS DA CRISE DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA TIPO EXPORTAÇÃO MARIA TEREZA CORREIA/EM/D. A PRESS EDUARDO TRISTÃO GIRÃO ÉLCIO PARAÍSO/DIVULGAÇÃO Uakti já foi. Milton Nascimento voltou há pouco tempo. Toninho Horta, vira e mexe, vai. O Sepultura praticamente mora lá. Alguns artistas mineiros (que representam a música feita aqui, nasceram ou estão associados ao estado) há muito descobriram rotas internacionais para mostar o trabalho que desenvolvem. Cada um na sua. O que começa a chamar a atenção, sobretudo em Belo Horizonte, é a mobilização de artistas de gerações mais recentes, unidos para conquistar espaço nos palcos do exterior. Com a indústria fonográfica e a economia mun- “Acho que a música mineira de hoje tem tolerância pequena à redundância. Temos música apaixonada por passeios harmônicos” dial em crise, muitos já perceberam que a espera até ser “descoberto” pode ser interminável. É preciso correr atrás – e, por vezes, pelas vias alternativas. O mais recente fato envolvendo esse novo movimento foi o convite que cinco artistas mineiros receberam para tocar no festival SXSW, que será realizado entre 13 e 22 de março nos Estados Unidos. Logo mais, Somba, Érika Machado, Pato Fu, Vander Lee e Kristoff Silva arrumarão as malas para mostrar parte da diversificada produção musical mineira num circuito de shows que envolve cerca de 300 bares e espaços culturais de Austin, onde quase 2 mil bandas (19 dessas são de outros estados brasileiros) se apresentarão ininterruptamente. A oportunidade foi proporcionada em agosto, durante o projeto Imagem & Comprador, que promove rodadas de negócios entre artistas locais e compradores internacionais de música. Desenvolvido pela Brasil Música & Artes em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, o projeto foi realizado em Belo Horizonte pela Cooperativa da Música de Minas e Sebrae, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e Fórum da Música de Minas Gerais. Tanto a cooperativa quanto o fórum são entidades criadas por músicos da cidade. “Queremos fazer muitos contatos, ver os shows e conhecer gente do mundo inteiro”, afirma Leo , do Somba, que fará seu primeiro show internacional. Se cantar exclusivamente em português atrapalha? “O público desse festival estará lá para ver coisa nova, diferente mesmo. Por isso estão indo bandas do mundo inteiro para lá, e não a mesmice. Fazemos rock, mas o unimos a elementos brasileiros, como o baião. Vamos levar o português cantado e o rock que não é o norte-americano”, responde. Kristoff Silva, cantor e compositor RICARDO ANTUNES/DIVULGAÇÃO “Não queremos entrar na lógica da grande indústria, que está à beira da falência. Comércio justo e economia criativa são nossa proposta” Makely Ka, cantor e compositor Grupo Somba se prepara para primeira apresentação internacional nos EUA VITOR MOURA/DIVULGAÇÃO NEGÓCIOS “As pessoas não conhecem nos- sa música, no máximo, Milton Nascimento. Às vezes, não sabem nem localizar Minas Gerais no mapa. Música e qualidade a gente tem, só falta nos organizar”, acredita o cantor e compositor Makely Ka. Ele esteve recentemente na Espanha, onde participou da feira de música Womex. Na ocasião, recebeu convite para retornar ao país em dezembro, para discutir possibilidades de intercâmbio cultural entre Minas Gerais e a região da Galícia. Resultado: acordo entre os dois lados deverá ser assinado mês que vem, prevendo semana de Minas na Galícia e vice-versa, incluindo não apenas música, mas também teatro, cinema e literatura. “A Galícia pode servir de plataforma de lançamento da música mineira na Europa. Trabalhamos com o conceito de contraindústria, que não é a mesma lógica de 10 anos atrás, de ser descoberto por uma gravadora. Não é por acaso que fizemos uma cooperativa. Não queremos entrar na lógica da grande indústria, que está à beira da falência. Comércio justo e economia criativa são conceitos que perpassam nossa proposta”, explica Makely, presidente da Cooperativa da Música de Minas. “Não tenho dúvida de que a cena mais efervescente do país nesta década está em Minas. Aqui não há A banda de rock pesado Eminence, de BH, faz duas turnês anuais à Europa desde 1998 muitos guetos. As pessoas se frequentam e, a partir disso, surgem hibridismos. Isso não é comum, mas aqui acontece de maneira muito natural”, observa. Outro fato aguardado com ansiedade pelos músicos mineiros é a publicação (provavelmente na segunda quinzena do mês que vem) do edital do Música Minas, programa de estímulo desenvolvido pela Secretaria de Estado da Cultura e representantes da classe musical do estado. Serão duas frentes de atuação: circulação estadual e nacional de artistas mineiros; e exportação da música produzida em Minas, o que prevê a inclusão de artistas em feiras de música nacionais e internacionais, produção de portal interativo e 166 passagens nacionais e internacionais para músicos mineiros se apresentarem no Brasil e exterior. TOLERÂNCIA ZERO “A aposta é que existe mercado para os mineiros, sim. Temos história e histórico para isso. A música do Milton, por exemplo, foi a que mais despertou interesse lá fora, depois da bossa nova”, diz o cantor e compositor Kristoff Silva, que embarca mês que vem para fazer show nos Estados Unidos. Mais do que nunca, ele acredita na divulgação do próprio trabalho por meio de shows, em vez de discos, cuja gravação se tornou “banal”. “Acho que a música mineira de hoje tem tolerância pequena à redundância. Temos música apaixonada por passeios harmônicos e de arranjo, pela palavra e por trair expectativas que o rádio constrói”, avalia. “VAQUINHA” ABRE PORTAS Se cooperação está na ordem do dia, por que não promovê-la com colegas de outros países? Foi por obra do acaso que os belo-horizontinos da banda de heavy metal Eminence conseguiram iniciar carreira internacional. O guitarrista Alan Wallace conquistou a amizade e confiança do cantor dinamarquês King Diamond fazendo uma “vaquinha” para pagar o hotel em que ele e os nove integrantes da banda se hospedaram quando vieram tocar na capital mineira. Como o produtor não havia pagado cachê, não tinham dinheiro nem para ir para o aeroporto. Então amigos, não demorou para que os mineiros fossem convidados a tocar na Europa. A primeira vez foi em 1998 e, de lá para cá, realizam duas turnês por ano no Velho Continente. Este ano, tocarão em 11 países. “O heavy metal não faz parte da cultura brasileira. O público é fiel, mas restrito. Basta ver que não há shows do gênero todo fim de semana por aqui. Lá fora, heavy metal é como a nossa MPB”, compara Alan. A carreira internacional é possível, garante, mas para isso é preciso haver preocupação com aparência e sonoridade: “Não pode ser como banda de garagem”. “Há mercado para todos. A globalização veio para agregar, e não destruir. A internet e o MP3 permitem mostrar o trabalho para o mundo inteiro. Isso é só o primeio passo, pois as coisas vão melhorar. Muita gente pensa que é o fim da música, mas os selos pequenos e médios têm tudo para arrebentar. Todas as vertentes do underground, o que inclui os independentes, estão se unindo. Se as tribos não unirem suas forças, não haverá futuro e, sim, a crise da música independente”, completa. ESTADO DE MINAS Sexta-feira, 13 de maio de 2011 19 MEDITAÇÃO MUSICAL MAKELY KA mostra canções de seu novo disco WALTER SEBASTIÃO “Estou na estrada, tenho viajado muito. Então, você fica sem noção física de casa. Mais que me sentir perdido ou encontrando outro caminho, sinto-me em casa o tempo todo, em qualquer lugar. É a vida”, afirma o compositor Makely Ka. A observação vem a propósito da música Sem direção de casa, cujo título se refere a verso de Like a rolling stone, de Bob Dylan. Outras composições, trabalhando o tema das miscigenações culturais, integram Cavalo motor, disco que Makely está preparando. Hoje à noite, o artista faz show na Casa Una. Código aberto, que se vale de tradições poéticas ibéricas para falar da cultura digital, é uma das canções do roteiro. Assim como Fio desencapado, baião inspirado em verso do rapper Mano Brown. “A vida, o trabalho, o trânsito, hoje, são fios desencapados”, brinca Makely. Cavalo motor, explica ele, é meditação sobre a simbiose entre o orgânico e o sintético, o animal e a máquina, o analógico e o digital. “Gostaria que minha música fizesse pensar. Quero refletir sobre questões contemporâneas, como a tecnologia ou a relação entre as pessoas”, explica. O show de hoje terá con- vidados, como Titane. “Intérprete de força impressionante, ela vira gigante no palco. É a grande cantora com identidade com Minas Gerais”, afirma. Outros parceiros desta noite são os instrumentistas Rodrigo Torino e Rafael Azevedo. Makely Ka está disponibilizando gratuitamente, por meio do aplicativo iTunes, quatro músicas de Cavalo motor e do disco Autófago, de 2008. Como contrapartida, pede respostas a um questionário sobre o perfil do usuário. A expectativa é construir rede de contatos, além de melhorar a comunicação com os admiradores de seu trabalho. CAVALO MOTOR Show de Makely Ka. Hoje, às 21h. Casa Una, Rua Aimorés, 1.451, 2º andar, Lourdes, (31)3235-7314. Entrada franca. FERNANDO FIÚZA/DIVULGAÇÃO ANDRÉ COELHO/DIVULGAÇÃO PROMOÇÃO DE LIVROS EXCLUSIVA PARA ASSINANTES 1808 Laurentino Gomes M.O.R Coletivo M.O.R faz show esta noite, na Biblioteca Pública Luiz de Bessa, para lançar o primeiro disco, batizado com o nome da banda. Misturando samba, funk, baião, soul, congado, rock, ciranda e ijexá, o trabalho da turma tem o aval de ninguém menos que Titane. O coletivo (ffoto) nasceu da união entre as bandas Mangassô, Ori Abá e o cantor Ronnaldo Marques. A apresentação de hoje, às 20h30, conta com participações especiais de Caio Plínio, Juventino Dias, Leonardo Brasilino, André Salles-Coelho e Lígia Jacques. Ingressos custam R$ 5. O teatro fica na Praça da Liberdade, 21. Em 19 de junho, às 10h, M.O.R repete a dose no Centro Cultural Lagoa do Nado. Em 2 de julho, o coletivo canta no Centro Cultural Padre Eustáquio. A história da corte lusitana no Brasil, em um de seus momentos mais apaixonantes e revolucionários, tenta devolver a seus protagonistas a dimensão correta dos papéis que desempenharam duzentos anos atrás. Resultado de dez anos de investigação jornalística. R$ 35, LIGUE AGORA MESMO E COMPRE: (31) 3263 5800 (BH e Contagem) 90 SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO ASSINANTE: ACESSE E COMPRE: 0800 031 5005 (Outras localidades de MG) www.clubeashop.com.br Valor unitário para pagamento à vista. Promoção válida enquanto durar o estoque. Pagamento somente com cartão de crédito ou débito em conta corrente. O livro será entregue em até 7 dias. O frete não está incluído no valor do produto. Verifique no Serviço de Atendimento o valor do frete para entrega no seu endereço.