Mobile Learning: Novos Caminhos para o Processo

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Adelmo Ferreira de Abreu1
Robério Pereira Barreto2
Resumo: Neste artigo se busca refletir acerca de resultados de uma pesquisa realizada com estudantes
do 9º ano do ensino fundamental das escolas públicas de Irecê e região, referente à utilização de novas
tecnologias digitais móveis e sem fio para produzirem e socializarem mensagens de textos. Neste
processo, objetiva-se compreender como as novas tecnologias podem contribuir para o processo de
ensino e aprendizagem através de práticas pedagógicas voltadas para a dialogicidade, a partir das quais
o professor assume o papel de mediador na construção do conhecimento. Diante disso, materializamse inquietações sobre como aplicar em sala de aula essa nova prática pedagógica, levando em
consideração todas as dificuldades oriundas das novas tecnologias, e como superar as dificuldades em
desenvolver e vivenciar práticas pedagógicas efetivamente inovadoras dentro das instituições de
ensino. E é justamente por essa linha de investigação que se pretende seguir para propor uma reflexão
sobre as possibilidades de inovação no trabalho do professor.
Palavras-Chave: M-Learning, Aprendizagem, Ensino e Educação.
INTRODUÇÃO
Um dos desafios do século XXI é encontrar novos caminhos para tornar os
profissionais cada vez mais preparados para diagnosticar, buscar respostas e solucionar
problemas. Viver e conviver em um mundo cada vez mais globalizado e informatizado,
conectado em uma grande rede, traz consequências importantes no processo de ensinar e de
aprender, tanto nos contextos formais quanto nos contextos não formais de educação.
Em meio a tudo isso, percebemos que a escola ainda não se encontra preparada, logo,
as novas tecnologias precisam ser melhor compreendidas, melhor avaliadas para ampliar e
adequar as práticas pedagógicas e também o processo de ensino e aprendizagem, visando à
formação deste novo sujeito para suprir a demanda do mercado de trabalho. Essa nova
1
Graduando do Curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Ciências e Tecnologias
- Campus XVI – Irecê/BA.
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Orientador. Mestre em Educação e Contemporaneidade e Professor pela Universidade do Estado da Bahia –
UNEB - Campus IX – Barreiras/BA.
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APRENDIZAGEM
realidade aí instalada exige novos métodos e maneiras de se trabalhar em educação, mas
também, a maneira de preparar o sujeito para a sociedade, para o mundo do trabalho e para o
aprendizado contínuo.
O presente trabalho tem como metodologia a pesquisa bibliográfica, tomando como
base uma pesquisa elaborada nas escolas municipais da microrregião de Irecê. Estudos sobre
práticas educacionais e aprendizagem significativa no contexto das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) correspondem a todas as tecnologias que interferem e
também o M-learning, termo que, segundo Saccol (2011), é um conceito atual, não havendo
consenso nem mesmo nos centros acadêmicos a respeito de sua significação. Propondo uma
melhor definição, Saccol (2011, p. 25) apresenta o seguinte conceito:
O m-learning (aprendizagem móvel ou com mobilidade) se refere a
processos de aprendizagem apoiados pelo uso de tecnologias da
informação ou comunicação móveis e sem fio, cuja característica
fundamental é a mobilidade dos aprendizes, que podem estar distante
uns dos outros e também de espaços formais de educação, tais como
salas de aula, salas de formação capacitação e treinamento ou local de
trabalho.
A partir destes conceitos, partimos para um trabalho de pesquisa para o qual foram
entrevistados em média 10 alunos do 9º ano do ensino fundamental das escolas municipais de
Barro Alto, Canarana, Ibititá, Irecê e São Gabriel. Para cada aluno entrevistado foi feita a
seguinte pergunta: Quando você envia mensagem de texto pelo celular, você aprende alguma
coisa? Sim ou Não? Por quê?
A partir desses questionamentos, buscamos identificar que a compreensão de que os
dispositivos móveis usados pelos jovens das escolas públicas de Irecê e Região são
considerados por nós, nessa pesquisa, como a base instrumental para o processo
sociossemiótico. Isso certifica a comunicação que, por sua vez, assegura aprendizagens para
além daquelas postuladas pela escola.
Assim desenvolveremos, neste contínuo, a seguinte perspectiva: os dispositivos
móveis são instrumentos competidores, e não concorrentes, de interação e comunicação e,
portanto, levam a M-Learning. Firmamos que o debate é parcialmente filosófico com enclaves
linguísticos, educacionais e pedagógicos, voltados aos aspectos tecnológicos da educação
contemporânea e em rede.
Em seguida partimos para uma nova abordagem, que é como utilizar, de maneira
significativa, a habilidade que estes alunos de escolas públicas têm de forma a contribuir com
as práticas pedagógicas aplicadas em sala de aula. E neste ponto encontra-se uma série de
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medeiam os processos informacionais e comunicativos dos seres. Nesse contexto se inclui
obstáculos que se enfrentam quando se pretende inovar na implantação de novos métodos que
facilitam a aprendizagem.
Buscamos compreender o processo de ensino e aprendizagem como um processo de
construção e reconstrução, tomando consciência do conteúdo abordado por meio dos erros e
acertos, e não como na educação conservadora, na qual o professor é o centro e dono do
conhecimento e simplesmente o transfere ao educando.
Para compreender todo esse processo de ensino e aprendizagem com base nas novas
tecnologias, fomos buscar uma compreensão do que venha a ser o ciberespaço. Segundo
Santaella:
O ciberespaço se refere a um sistema de comunicação eletrônica
global que reúne os humanos e os computadores em uma relação
simbiótica que cresce exponencialmente graças à comunicação
interativa. É o espaço que se abre quando o individuo acessa a rede.
Por isso mesmo, esse espaço também inclui os usuários dos aparelhos
sem fio, na medida em que esses aparelhos permitem a conexão e
troca de informação (SANTAELLA, 2004, P. 45).
A partir desta definição do que venha a ser o ciberespaço, partimos para entender
como se dá o aprendizado por meio do uso das novas tecnologias, uma vez que, por meio
deste aparelho celular, é possível acessar todas as redes sociais, tendo este quase a função de
um computador de mão.
Segundo Graziola Júnior (2009) na perspectiva da educação digital, numa concepção
interacionista, o aluno deixa de ser o receptor de informações para torna-se o co-responsável
pela construção de seu conhecimento, usando o celular e diferentes tecnologias digitais para
buscar, selecionar, interrelacionar informações significativas na exploração, reflexão,
representação e depuração de suas próprias ideias, de acordo com seu estilo de pensamento.
Ainda a respeito de como se dá a aprendizagem para Saccol (2011) no m-learning, a
informação, a aprendizagem e o conhecimento surgem num imbricamento. Logo, em
determinados momentos, o indivíduo, ao se sentir perturbado por alguma situação externa,
busca informação e, a partir disso, articula-se rapidamente com seus pares, nas redes das quais
participa, de forma que possa construir o conhecimento relativo àquela situação, ou seja,
aprender.
Nesta concepção a aprendizagem se dá nas relações sociais nas quais o sujeito se
insere. Para Saccol (2011) não basta termos acesso ao conteúdo em qualquer lugar e a
qualquer momento, pois, para que a aprendizagem ocorra, é necessário que o sujeito tenha
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
espaços e tempos hábeis para ler, estudar, agir e interagir. As mudanças tecnológicas por si só
não provocam variações na educação, mas a forma como as pessoas vão utilizá-las é que vai
provocar esta transformação.
Os professores devem estar atentos à forma como os alunos utilizam as novas
tecnologias e orientá-los no sentido de melhorar o acesso às informações, buscando um
melhor aprendizado por parte deles. Só a partir daí teremos cidadãos capacitados de maneira
significativa para pensar, solucionar problemas e viver em uma sociedade completamente
Saccol (2011) afirma ainda que só assim pode se pensar em novas práticas
pedagógicas pautadas nas teorias que fundamentam a aprendizagem e o desenvolvimento
humano. Nesta mesma linha de raciocínio, Graziola Júnior (2009) pontua que, ao
compreender a ação pedagógica como articulada a uma educação como prática social e ao
conhecimento como produção histórica e cultural, datado e situado, entendemos que a
educação precisa necessariamente contemplar, em suas práticas pedagógicas, o uso de
diferentes tecnologias digitais.
Macedo (2005) ratifica que os novos tempos e espaços proporcionados pelo virtual
favorecem um novo fluxo de discussões e reflexões acerca das temáticas propostas, que é o
ensino a distância. Diante disso, busca evidenciar que, diante do novo contexto social, não se
pode imaginar uma educação que não esteja interrelacionada com as novas tecnologias. Para
este autor, a aprendizagem não significa aprender porque alguém transmite o conhecimento,
mas sim um processo de fazer e refazer num jogo árduo de erros e acertos, culminando em
uma tomada de consciência do próprio desenvolvimento por parte do educando.
Alexandra Lorandi Macedo (2005) esclarece que o acesso não linear, a bifurcação dos
assuntos desenvolvidos, a releitura e o igual poder de argumentação dado a todos que
pertencem ao grupo proporcionam uma mudança de comportamento. É nesta mudança que se
vai provocando uma nova maneira de se ensinar e de aprender e é neste ponto que entra a
nossa discussão de que o aluno, ao enviar e receber mensagem através de seus aparelhos
celulares, passa a construir um conhecimento. No entanto, é necessário que haja uma
mudança radical tanto na formação do professor, quanto na infraestrutura das escolas, para
que se possa acatar essa nova realidade.
A trama de interações construída no virtual faz com que o processo de aprendizagem
de cada indivíduo seja respeitado. Para tanto é necessário que todos os envolvidos no processo
da educação estejam dispostos a se envolver completamente nesta mudança.
Com efeito, através dos diálogos com teóricos da Educação, das TIC e da Linguagem,
bem como da interpretação de dados oferecidos pelos participantes através de suas
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informatizada, de forma consciente, podendo desfrutar de todos os recursos que ela oferece.
informações verbais e das produções escritas na web, espera-se apresentar uma proposta
metodológica fundamentada epistemologicamente no conceito de novos estudos de
letramento. O propósito é refletir sobre a possibilidade do reconhecimento de que os
estudantes – nascidos digitais – devem ser orientados para novas práticas de leitura e escrita
em que o uso do computador e da internet facilitem práticas interacionais e dialógicas com os
professores.
Este texto nasce de inquietações sobre a não utilização efetiva de dispositivos móveis
por parte dos professores da educação básica das escolas públicas de Irecê - BA e
Microrregião. No presente contexto histórico, é considerável a popularização de
equipamentos móveis, tais como telefones celulares, smartphones, aparelhos de MP3, MP4,
tablets, entre muitos outros, como instrumentos tecnológicos facilitadores de aprendizagem e
interação entre estudantes e a escrita presente na web. Diante dessa realidade, é relevante
compreender em que medida práticas pedagógicas com gêneros textuais múltiplos produzidos
no, para e pelos dispositivos móveis ampliariam os horizontes de estudantes e professores no
que diz respeito a práticas diversas com textos e de que modo as práticas pedagógicas até
então usadas pelos professores potencializam a escrita e a leitura de textos na e da web pelos
estudantes. Segundo Saccol (2011, p. 18), as novas tecnologias:
[...] oferecem um conjunto de possibilidades para a aprendizagem,
permitindo, por exemplo, nossa interação com professores ou
instrutores, bem como colegas ou outros indivíduos com os quais
desejamos trocar informações, compartilhar ideias e experiências ou
resolver dúvidas. Além disso, podemos acessar uma vasta gama de
recursos e materiais didáticos, incluindo não somente texto, mas
também imagem, áudio, vídeo, além de todas as possibilidades de
integração de múltiplas mídias. Podemos inclusive utilizar toda a
ampla gama de recursos que a internet nos oferece para aprendizagem,
incluindo e-books, artigos, vídeos, notícias on-line, conteúdos de
blogs, microblogs, jogos etc.
Como podemos observar, são infinitas as possibilidades de aprendizagens que esta
nova realidade social nos oferece. A questão central agora é se o professor está preparado para
esta nova realidade. Também é relevante investigar se a infraestrutura educacional do nosso
país tem capacidade ou interesse de acompanhar todas essas modificações. Todavia, não se
pode deixar de considerar que os alunos estão vivendo esta nova realidade um passo à frente
da realidade em que vivem boa parte dos professores.
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A APRENDIZAGEM: NECESSIDADE DE NOVAS PRÁTICAS COM OS DISPOSITIVOS
Podemos observar certo interesse de governantes, quando estes desenvolvem projetos
nos quais buscam incluir digitalmente os alunos das redes públicas. Um destes é o UPA (um
computador por aluno), mas em alguns casos esses computadores chegam e ficam sem uso
por falta de professores preparados para manuseá-los.
É consenso o entendimento de que, por meio das novas tecnologias da comunicação,
se criou um ambiente de interação e comunicação global, portanto, esse novo contexto
permite a reformulação de conceitos e técnicas de pesquisa, ensino e aprendizagem. Assim os
entrada em cena dos dispositivos móveis modifica radicalmente as velhas variáveis e leva os
processos educacionais e comunicativos para além das paredes da escola. Isto certamente leva
ao deslocamento dos procedimentos de pesquisa baseados em modelos cristalizados pela
etnografia ortodoxa.
Ao enviar ou receber uma mensagem de texto, o aluno escreve ou lê, decodifica,
interpreta, participa, mobiliza seu intelecto de muitas maneiras, fazendo com que o processo
de aprendizagem aconteça. Para Saccol (2011, p. 20) “os aprendizes não mais precisam ficar
limitados a um espaço fixo ou formal de aprendizagem”, enquanto que a maioria dos
professores das escolas públicas não aceita sequer que os alunos liguem os seus aparelhos
celulares dentro das salas de aula. Estes mesmos professores ministram suas aulas presos no
passado com uma metodologia de ensino ultrapassada, tornando os momentos em classe
pouco produtivos para o aprendizado dos alunos.
O fato de pertencer a uma comunidade de interação e interpretação de unidades
semiótica e textual, os jovens que utilizam os dispositivos móveis para interação on-line
provocam, nos outros agentes comunicativos, aprendizagens emuladoras de sentidos, visto
que ambos são estimulados, a cada mensagem, a refletir sobre o tema proposto. Os
dispositivos móveis à disposição dos estudantes constituem-se, portanto, como instrumentos
cuja produção resultante é a interação verbal e comunicação contínua, através da qual novos
aprendizados são compartilhados.
Diante do exposto, parte-se da premissa de que a sociedade contemporânea,
organizada nos fundamentos das TIC, tem desconstruído vários paradigmas e ideias, inclusive
a de educação centrada somente na figura do professor, bem como o modus de adquirir e
produzir linguagens escritas, restringindo-se ao âmbito das aulas de redação. Essas posturas
têm sido confrontadas pela prática cotidiana de interação escrita dos estudantes através do
acesso ao computador e celular.
Segundo Saccol (2011, p. 100), o m-learning vai adquirindo diferentes nuanças, tão
diferenciadas e específicas “quanto as possibilidades tecnológicas, epistemológicas e
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cenários educacionais são construídos por um conjunto de variáveis que os definem. A
metodológicas evidenciando diversas formas de atividades e situações pedagógicas para
impulsionar o desenvolvimento cognitivo, sociocognitivo e metacognitivo dos sujeitos”.
De acordo com Barreto (2005), o texto produzido por meio de dispositivos móveis
carrega em si (e, como ele, significa e adquire) aquele significado outro, posto que os nãoditos presentes na linguagem constituem um novo centro de compreensão para o sujeito. Este,
por sua vez, interpreta a mensagem de um lugar histórico e a reconfigura de acordo com as
suas realidades, em virtude de haver, nos dispositivos móveis, a conexão para a web. Desse
que, necessariamente, se aplique o rigor das redações escolares, tampouco se exige a presença
do professor como único conhecedor e controlador do que pode e o que não pode ser escrito
ou lido.
Os dispositivos móveis nos quais a web, por meio de redes sociais, possibilita ações de
letramentos são múltiplos. Isto leva à inquietação que se evidencia em professores que não
acompanham as mudanças no modo de ler e de escrever dos estudantes conectados ao mundo
digital. Essa inquietação poderia ser aproveitada para a inclusão docente nessas novas
atividades de ensino se a escola já tivesse tomado tais produções como práticas
contemporâneas de socialização de conhecimentos diversos (M-Learning), nas quais as ações
interativas entre sujeitos acontecem por meio da efetiva produção textual em rede.
Em virtude da complexidade da questão, objetiva-se estabelecer os pontos de tensão
existentes na prática pedagógica dos professores – imigrantes digitais – que, atuando de modo
racionalista, realizam suas atividades de ensino de leitura e de escrita, baseando-se no
racionalismo da gramática da língua: começo, meio e fim. Por outro lado, os estudantes –
nascidos digitais – praticam leitura e escrita na web de maneira dialógica, a partir da qual não
há linearidade de leitura, tampouco simetria no raciocínio escrito, o que propicia a
constituição de novos códigos.
Dessa maneira, a investigação baseia-se nos princípios da dialogicidade e da interação
com os dados e os participantes da investigação, de modo que estes últimos determinaram a
metodologia da pesquisa, porque foram agentes autorais de suas escritas. Isso, de certo modo,
nos levou a transitar entre a etnografia clássica e a virtual.
Nesta senda se tem como expectativa que professores do ensino básico das escolas
públicas interatuem com práticas de leitura e escrita, realizadas pelos estudantes na Web. Com
isso terão ampliadas suas bagagens teóricas e metodológicas, bem como poderão articular
práticas pedagógicas inovadoras voltadas ao ensino de leitura e escrita para além do espaço
fechado de sala de aula. Isso propicia modificar o cenário de aulas de redação desarticuladas
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modo, o espaço virtual passa a ser disponibilizado para a prática de leitura e de escrita sem
da realidade social e cultural dos aprendizes, autores e produtores de textos cujos sentidos
incluem uns aos outros no sistema comunicacional da web.
A escola, nesse contexto, tem, como alternativa, rever suas ações e o seu papel no
aprimoramento da sua prática educativa. Nesse sentido, uma análise sobre seus conceitos
didático-metodológicos precisa ser feita, de forma a adequar sua postura pedagógica ao
momento atual e principalmente colocar-se na posição de organização principal e mais
importante na evolução dos princípios fundamentais de uma sociedade. Com tal postura,
filosóficos, pautando o resultado de suas ações em saber concreto. Segundo Graziola Júnior
(2009, p. 04):
Novos modelos educacionais estão se desenvolvendo na tentativa de
possibilitar novas formas de comunicação e de interação, que
permitam aos sujeitos participarem de um processo de crescimento de
diferenciação, de retomada recíproca de singularidades e de
construção de cidadania. Portanto, além de estudar as novas
possibilidades oferecidas pelas tecnologias digitais, devemos ter
presente a profunda necessidade de entender como ocorre a
aprendizagem para poder ser coerente com o modelo epistemológico
adotado.
A comunicação e a aprendizagem suportadas pelas ferramentas digitais, em especial,
por meio do reconhecimento de que há um novo paradigma tecnológico – organizado em
torno das tecnologias da informação e associado a profundas transformações sociais,
econômicas e culturais – constituem-se em verdadeira encruzilhada, pois há aí vários
mecanismos educacionais, sociais e de poder impactando a vida e as relações entre seres
humanos.
De forma pragmática, o estudo das práticas de leitura e escrita realizadas na web por
estudantes e professores permite uma reflexão sobre a prática pedagógica dos professores, no
que diz respeito ao reconhecimento de que a web é, por si, espaço de circulação de culturas,
em especial aquelas realizadas por meio da escrita.
Assim sendo, novas ações de comunicação e aprendizado se abrem e a educação se
torna nômade e profundamente carregada de múltiplos sentidos para aqueles que a praticam.
Neste contexto, reconhecemos que as práticas de aprendizagem fixas, isto é, aquelas maneiras
de se instruir por meio de ensinamentos fixados na figura do professor e da escola, deixam de
ser o centro da aprendizagem contemporânea.
A escrita na tela dos dispositivos móveis se constitui num ato interacional assimétrico
e, às vezes, conflituoso para o escrevente, porque, ao comparar essa produção com aquela
pedida pela escola, explicitamente se notam diferenciações relacionadas à articulação das
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cumpre-se, assim, sua função transformadora e idealizadora de conhecimentos científico-
palavras no espaço on-line, pois este é carregado de novos signos. Neste espaço não se
seguem normas padronizadas de escrita e esta flui como se o aluno estivesse simplesmente
conversando, e não escrevendo, possibilitando a construção de novos códigos que, com o
surgimento da internet, se tornaram passíveis de existir.
ANÁLISE DA PESQUISA
As escolas públicas escolhidas estão localizadas no perímetro urbano das cidades
23,8% das cidades que compõem a Microrregião de Irecê, cidade considerada pólo de
serviços e negócios para os 20 municípios que a circundam. Ainda segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –, existem 393.780 habitantes distribuídos numa
área territorial de 27.490,80 km2. De acordo com o mesmo instituto de pesquisa, as cidades
onde realizamos a pesquisa cobrem 4.055 km2, totalizando 14,72% do território, e têm na
vegetação caatinga seu bioma.
As escolas escolhidas foram escolas públicas situadas na região central das cidades
onde se situam a investigação. Elas recebem estudantes de várias classes sócio-econômicas.
Os participantes da pesquisa são, em sua maioria, filhos de profissionais liberais, agricultores
e funcionários públicos.
No que concerne à questão de gênero, pudemos perceber, diante dos dados, que a
maioria das classes pesquisadas 60% dos alunos é do sexo feminino. Ressaltamos, portanto,
que essa porcentagem representa metonimicamente o corpo discente pesquisado, entretanto,
não ousaríamos afirmar que esta é a realidade das escolas públicas da região pesquisada,
apenas o reflexo dela.
No que diz respeito à idade, pudemos situá-los como sendo da geração 90. Trata-se de
“nascidos digitais” por terem suas identidades e amizades vinculadas baseadas em interesses
compartilhados e interação frequente em rede, a qual permite, por meio dos dispositivos
móveis e da internet, o compartilhamento de informações. Uma coisa é certa: estes alunos
“nascidos digitais” se expressam criativamente e de muitas formas diferentes daquelas que
seus pais usavam quando tinham a mesma idade, pois estes têm o acesso a todo tipo de
informação e culturas, de qualquer parte do mundo, apenas com um click.
A linguagem codificada presente nas mensagens trocadas pelos participantes da
pesquisa tenciona o modo de escrever, porque coloca em evidência as novas possibilidades de
comunicação na rede. Isto fica caracterizado quando eles usam elementos semióticos para a
construção de suas mensagens.
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baianas: Barro Alto, Canarana, Ibititá, Irecê e São Gabriel. Estas localidades constituem
Os próprios entrevistados atestam a propriedade das novas tecnologias, como se pode
observar em algumas afirmações: “Uso o celular para falar com minha amiga, ela é mais
velha e pode me ajudar resolver algumas coisas que não entendi quando a professora falava”,
disse uma entrevistada. “Aprendi a ler a linguagem de torpedo, acho mais fácil e me preocupo
com a escrita correta”, falou outra.
Assim, os dados coletados no campo de pesquisa nos levaram a compreender que os
dispositivos móveis potencializam as interações entre sujeitos de tal modo que a comunicação
instituição escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A M-learning surge como nova possibilidade para as instituições educacionais e
sociais interagirem de modo significativo, tanto com aqueles que ensinam, quanto com
aqueles que aprendem em rede. Podemos entender ainda que os “nascidos digitais” das
escolas públicas do sertão baiano têm os mesmos desejos de consumo que os mesmos
“nascidos digitais” de outras partes do país, isto é, todos querem acesso à internet gratuita nos
espaços públicos e conexão de banda larga para celular, principal instrumento móvel de
comunicação e interação social.
Por meio da interação virtual promovida pelos dispositivos móveis, os estudantes
declaram estar “conectados” com o mundo on-line e, assim, podem acessar e conhecer
realidades diferentes daquelas propostas pelos livros didáticos e pelas mídias tradicionais
presentes na região – rádio e TV.
O que nos resta agora é compreender que a realidade é outra, o aluno é outro, logo o
professor não pode continuar sendo o mesmo. Por isso cabe ao professor buscar entrar de vez
nesse novo mundo, com o propósito de realizar o seu trabalho de maneira a conseguir
provocar no aluno um interesse pelas aulas de leitura e produção de texto. Sabemos que não é
fácil, pois existem inúmeras barreiras: infraestruturais, socioculturais, econômicas e políticas.
E para que a mudança ocorra é necessária uma reestruturação de cima a baixo, modificando e
redefinido o processo educativo.
Que o aluno aprende com as novas tecnologias é um ponto de consenso entre os que as
estudam e as analisam, mas as questões que precisam ser respondidas agora são referentes a
como aplicar em sala de aula essa nova prática pedagógica, levando em consideração todas as
dificuldades elencadas ao logo deste trabalho. Isso passa por alguns entraves, já que no
âmbito das instituições de ensino, há uma dificuldade em desenvolver e vivenciar práticas
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virtual permite a descentralização do poder de ensinar e aprender, até então centralizado na
pedagógicas efetivamente inovadoras. E nessa linha de pesquisa realmente há possibilidades
para se tentar uma inovação no trabalho do professor.
É um caminho difícil e muito trabalhoso, mas que provoca uma imensa satisfação
àquele que conseguir trilhá-lo, já que o torna diferenciado na arte de ensinar a aprender pelo
uso de novas tecnologias móveis com todas as suas possibilidades de construção do
conhecimento.
BARRETO, Robério Pereira. Ciberdiscurso e interculturalidade na web. Tangará da Serra,
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REFERÊNCIAS
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