PEA CAXIAS Programa de Educação Ambiental com Foco em Resíduos Sólidos PROJETO “Horta Orgânica Escolar” Livro Técnico Manual Básico de Hortas Agroecológicas Rio de Janeiro Junho de 2008 O Livro Técnico do Projeto Hortas Orgânicas Escolares pertence ao Programa de Educação Ambiental com Foco em Resíduos Sólidos – PEA Caxias. PRODUÇÃO E IDEALIZAÇÃO PEA CAXIAS Produção de texto e conteúdo do Manual Básico de Hortas Agroecológicas COOPERATIVA FLOREAL Capa e projeto gráfico Marcelo Baêta de Souza Lima Revisão Maria Cristina de Assis EQUIPE TÉCNICA PEA CAXIAS Coordenação Geral Jorge Osvaldo Francisco Ferreira Engenheiro Ambiental e Sanitarista Coordenação Executiva Maria Cristina de Assis Comunicadora Social e Gestora Ambiental Consultoria Técnica em Biologia Elisabete Helena Goeldner de Almeida Bióloga com especialização em Saúde Pública CRB-2 n.º 450 Consultoria Técnica em Educação Ambiental Jony Azevedo Godinho Biólogo e Educador Ambiental Programa de Educação Ambiental com Foco em Resíduos Sólidos - PEA CAXIAS Rodovia Washington Luis, 13.501 – Figueira – CEP 25230-005 - Duque de Caxias - RJ Telefones: 21 2773-0420 / 2773-0412 - ramal 38 E-mail: [email protected] “COPYLEFT – É livre a reprodução total, parcial ou citações desta obra, desde que seja citada a fonte e que não seja para fins comerciais. O conteúdo desse manual é fruto do aprendizado junto aos agricultores e agricultoras, que muito nos ensinaram e ainda nos ensinam. É também inspirado nos trabalhos de grupos parceiros que muito contribuem no resgate e na construção do conhecimento agroecológico. Esperamos que a livre divulgação desses conteúdos venha a contribuir com a educação ambiental.” PROJETO “Horta Orgânica Escolar” APRESENTAÇÃO A Educação Ambiental é considerada uma atividade estratégica por ser a opção mais viável para o esclarecimento da atual e das novas gerações quanto ao comportamento harmonioso que deve existir entre as atividades humanas e o patrimônio ambiental, local e global. Dentro dessa visão, a PREFEITURA MUNICIPAL DE DUQUE DE CAXIAS, em parceria com a DELTA CONSTRUÇÕES S.A., empresa responsável pela coleta de lixo no município de Duque de Caxias, está implantando o PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM FOCO EM RESÍDUOS SÓLIDOS - PEA, que é composto por cinco projetos específicos, a saber: • PROJETO VETORES URBANOS E SUAS DOENÇAS ratos, baratas e mosquitos. • PROJETO COOPERATIVA COMUNITÁRIA DE COLETA SELETIVA reciclagem de material. • PROJETO PARA PRODUÇÃO DE VÍDEOS AMBIENTAIS COM FOCO EM RESÍDUOS URBANOS. • PROJETO TEATRO MAMBEMBE Lixo no Lugar Errado, To Fora! • PROJETO HORTA ORGÂNICA A PARTIR DO REAPROVEITAMENTO DO LIXO. Como fonte específica de consulta de informações ambientais sobre os temas desenvolvidos pelo Programa, a PREFEITURA MUNICIPAL DE DUQUE DE CAXIAS e a empresa DELTA CONSTRUÇÕES S.A., apresentam este Livro Técnico sobre Horta Orgânica como fonte de pesquisa e estudo para professores e alunos da rede escolar municipal. Para elaboração do presente Livro Técnico, o PEA CAXIAS estabeleceu uma parceria com a Cooperativa de Trabalhadores em Agroecologia Floreal, face sua experiência consagrada na Baixada Fluminense, sendo todo o conteúdo deste Livro supervisionado, revisado e aprovado pela equipe técnica de implementação do PEA CAXIAS. 3 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico ìndice APRESENTAÇÃO SOBRE A COOPERATIVA FLOREAL O QUE É AGROECOLOGIA? AGRICULTURA URBANA O PAPEL DAS HORTAS EM ESCOLAS Capítulo 1 - SOLO 3 5 6 7 9 11 Capítulo 2 - ADUBAÇÃO 15 2.1. Compostagem ............................................................................ 16 2.2. Utilização de esterco curtido ......................................................... 17 2.3. Adubação verde.......................................................................... 17 2.4. Vermicomposto .......................................................................... 18 2.5. Adubação foliar com biofertilizante ................................................ 18 2.6. Adubação mineral natural ............................................................ 18 4 Capítulo 3 - PREPARO DA HORTA 19 3.1. Tipos de canteiro ........................................................................ 21 3.2. Canteiro de espontâneas ............................................................. 21 3.3. Cultivo com pouca terra ............................................................... 21 Capítulo 4 - PLANTIO E PROPAGAÇÃO 23 4.1. Por semente............................................................................... 24 4.2. Por bulbos ................................................................................. 24 4.3. Por tubérculo ............................................................................. 24 4.4. Por estaca ................................................................................. 25 4.5. Por rizoma ................................................................................. 25 4.6. Associações boas e ruins entre plantas .......................................... 26 4.7. Quadro de plantio ....................................................................... 27 4.8. Cuidados com a horta ................................................................. 28 Capítulo 5 - CONTROLE DE PRAGAS 29 5.1. Insetos ...................................................................................... 30 5.2. Doenças .................................................................................... 32 5.3. Controle biológico ....................................................................... 32 5.4. Controle natural ......................................................................... 32 Capítulo 6 - PLANTAS MEDICINAIS 35 6.1. Uso das plantas medicinais .......................................................... 36 6.2. Algumas plantas e seus preparados .............................................. 40 REFERÊNCIAS 48 PROJETO “Horta Orgânica Escolar” SOBRE A Cooperativa Floreal Inserida no contexto da Baixada Fluminense, especificamente em São João de Meriti, a Cooperativa de Trabalhadores em Agroecologia Floreal surge com o propósito de prestar assessoria e serviços técnicos com bases agroecológicas. Considerando de extrema importância questionar a forma degradante em que as cidades se organizam, priorizamos resgatar e estimular práticas tradicionais de relação com a natureza. Tratamos deste ponto incentivando: o cultivo de hortas em quintais, o manejo ecológico de animais, o conhecimento de ervas e plantas que atuam no combate a enfermidades, o tratamento correto de árvores em ambientes urbanos, produção de material didático (livros, cartilhas e apostilas) e principalmente o fortalecimento de experiências voltadas à agricultura ecológica rural e urbana com as quais temos contato por meio de encontros para troca de conhecimentos e experiências. A Cooperativa Floreal atua junto a APAC – Associação dos Produtores Autônomos do Campo e da Cidade - localizada em Coelho da Rocha, São João de Meriti. A APAC nasceu em meados dos anos 80 com o objetivo principal de estabelecer relações de solidariedade e apoio-mútuo entre trabalhadores urbanos e rurais. Atualmente gerimos a Horta Comunitária Cativar e Cultivar na sede desta associação. A horta tem como objetivo principal produzir alimentos saudáveis através de um espaço que integre as relações de solidariedade dentro da comunidade. As atividades no terreno ocorrem em forma de mutirões, com o intuito de trocar experiências e reforçar o caráter do trabalho coletivo. EQUIPE FLOREAL Robledo Mendes da Silva Licenciado em Ciências Agrícolas Carlos Augusto Gouveia da Silva Graduando em Engenharia Florestal Carolina Chaves Peçanha Graduanda em Zootecnia Mario Henrique Queiroz da Silva Geógrafo Igor Pereira Conde Licenciando em Ciências Agrícolas Rafael Barcelos de Almeida Torrão Graduando em Agronomia FL OREAL FLOREAL COOPERATIVA DE TRABALHADORES EM AGROECOLOGIA 5 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico O que é Agroecologia? Para entendermos o que é este conceito da Agroecologia, não podemos pensar apenas na produção de alimentos sem agrotóxicos, mas sim em uma agricultura que preserve o meio ambiente e busque relações sócio-econômicas justas entre produtores e consumidores. 6 A agroecologia procura aproximar novamente homem e natureza, tendo em vista que através dos anos, o crescimento desordenado das cidades trouxe entre outros problemas, uma relação onde a maior parte da população se encontra na posição de meros consumidores dos recursos naturais. Para garantir que a Agroecologia não seja apenas um novo conjunto de técnicas de cultivo da terra, procura-se incentivar que o maior número de pessoas possível entenda como ocorre a produção dos alimentos, para que os problemas sejam discutidos coletivamente e as soluções estejam ao alcance de todos, seja no campo ou na cidade. Tentamos entender o sistema agrícola como um todo percebendo todas as relações que existem entre os elementos, a fim de buscar sempre o equilíbrio. A Agroecologia é contra as grandes monoculturas, por afirmar que estas degradam o meio ambiente, o bem estar das populações tradicionais e trazem benefícios apenas aos grandes empresários, assim como qualquer ação do atual agronegócio. Em resumo, é contrária a qualquer iniciativa que coloque em posição inferior algum segmento da sociedade. Tem como princípios práticos, a sustentabilidade da propriedade, a autonomia do produtor - urbano ou rural- e a segurança alimentar de todos. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” Agricultura urbana Existem muitas maneiras e motivos para se praticar a agricultura urbana, e diversas vantagens podem ser obtidas através dessa prática, dentre elas citamos as mais comumente observadas: • Produção de alimentos - incremento da quantidade e da qualidade de alimentos disponíveis para consumo próprio. • Reciclagem de lixo - utilização de resíduos e rejeitos domésticos, diminuindo seu acúmulo, tanto na forma de composto orgânico para adubação, como na reutilização de embalagens para formação de mudas, ou de pneus, caixas, etc. para a formação de parcelas de cultivo, por exemplo. • Utilização racional de espaços - melhor aproveitamento de espaços ociosos, evitando o acúmulo de lixo e entulhos ou o crescimento desordenado de plantas daninhas, onde poderiam abrigar-se insetos peçonhentos e pequenos animais prejudiciais à saúde humana. • Educação ambiental - todas as pessoas envolvidas com a produção e com o consumo das plantas oriundas da atividade de agricultura urbana passam a deter maior conhecimento sobre o meio ambiente, aumentando a consciência da conservação ambiental. • Desenvolvimento humano - aliada à educação ambiental e à recreação, ocorre melhoria da qualidade de vida e prevenção ao estresse, além da formação de lideranças e trocas de experiências. • Segurança alimentar - favorece o controle total de todas as fases de produção, eliminando o risco de se consumir ou manter contato com plantas que possuam resíduos de defensivos agrícolas. • Desenvolvimento local - valoriza a produção local de alimentos e outras plantas úteis, como medicinais e ornamentais, fortalecendo a cultura popular e criando oportunidades para o associativismo. • Recreação e Lazer - a agricultura urbana pode ser usada como atividade recreativa/lúdica, sendo recomendada para desenvolver o espírito de equipes. • Farmácia caseira - prevenção e combate a doenças através da utilização e aproveitamento de princípios medicinais. • Formação de microclimas e manutenção da biodiversidade - através da construção de um quintal agroecológico, que favoreça a manutenção da biodiversidade, proporcionando sombreamento, odores agradáveis e contribuindo para a manutenção da umidade, etc., tornando o ambiente mais agradável e proporcionando, inclusive, qualidade de vida aos animais domésticos. • Escoamento de águas das chuvas e diminuição da temperatura favorece a infiltração de água no solo, diminuindo o escorrimento de água nas vias públicas, e contribuindo para diminuição da temperatura, devido à ampliação da área vegetada e respectiva diminuição de áreas construídas. • Valor estético - a utilização racional do espaço confere um excelente valor estético, valorizando inclusive os imóveis. 7 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico • Diminuição da pobreza - através da produção de alimentos para consumo próprio ou comunitário (em associações, escolas, etc.), e eventual receita da venda dos excedentes. • Atividade Ocupacional - proporciona ocupação de pessoas, evitando o ócio, contribuindo para a educação social e ambiental, diminuindo a marginalização dessas pessoas na sociedade. • Renda - possibilidade de produção em escala comercial, especializada ou diversificada, tornando-se uma opção para a geração de renda. 8 PROJETO “Horta Orgânica Escolar” O papel das hortas em escolas A Horta pode ser um laboratório vivo para diferentes atividades didáticas. Além disso, o seu preparo oferece e várias vantagens para a comunidade. Dentre elas, proporciona uma grande variedade de alimentos a baixo custo, no lanche das crianças, permite que toda a comunidade tenha acesso a essa variedade de alimentos por doação ou compra e também se envolva nos programas de alimentação e saúde desenvolvidos na escola. Portanto, o consumo de hortaliças cultivadas em pequenas hortas auxilia na promoção da saúde. Há várias atividades que podem ser utilizadas na escola com o auxílio de uma horta onde o professor relaciona diferentes conteúdos e coloca em prática a interdisciplinaridade com os seus alunos. A matemática pode ser um exemplo com o estudo das diferentes formas dos alimentos cultivados, além disso, o estudo do crescimento e desenvolvimento dos vegetais pode ser associado com o próprio desenvolvimento. Isto é, a importância da terra ter todos os nutrientes para que a semente se desenvolva em todo o seu potencial, livre de qualquer doença. Essas atividades também asseguram que a criança e a escola resgatem a cultura alimentar brasileira e, consequentemente, estilos de vida mais saudáveis. Ainda em relação a cultura alimentar, destaca-se que no Brasil, cada região apresenta uma cultura com características diferentes e isso está diretamente relacionado com seus hábitos alimentares. A vasta quantidade de frutas e hortaliças garante uma variedade de cores, formas, cheiros e nutrientes importantes para a qualidade da alimentação. Por exemplo, na Região Norte, há consumo de chicória, coentro e mandioca, enquanto que na Região Centrooeste, o consumo é de tubérculos como cará e guariroba (Ministério da Saúde, 2000). Assim, a horta também assume um papel importante no resgate da cultura alimentar de cada região. 9 Capítulo 1 SOLO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico O solo se forma a partir de uma serie de mudanças que ocorrem nas rochas. As condições climáticas e a ação de seres vivos são os principais responsáveis pelas transformações que ocorrem ao longo de muito tempo na rocha até a formação do solo. Para entendermos melhor este processo, acompanhe atentamente a seqüência abaixo: 1- Rocha matriz exposta. 2- Chuva, vento e sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com o tempo a rocha vai esfarelando. 3- Microrganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços, ajudando a decompor a rocha através das substâncias produzidas. 4- Ocorre acúmulo de água e restos dos microrganismos. 5- Organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se desenvolver. 6- O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de pequenos animais. 7- Vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros. 12 8- O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um local. Dependendo da composição do material da rocha de origem e da ação exercida pelo clima e pelos organismos sobre este material formam-se solos com características diferentes: uns mais férteis (mais ricos em nutrientes) outros mais pobres em nutrientes. O tamanho e a natureza dos minerais que compõem o solo determinam características importantes. Um solo muito rico em areia que se apresenta na forma de grãos relativamente grandes, não consegue reter a água por muito tempo. A água se infiltra rapidamente pelos espaços existentes entre os grãos de areia, indo se acumular nas camadas PROJETO “Horta Orgânica Escolar” mais profundas. Como retém pouca água e secam com muita facilidade, dificultam o crescimento de plantas. São chamados solos arenosos. Os solos argilosos contém muita argila que são minerais de tamanho muito pequeno. A água é retida por muito tempo nos pequenos espaços entre os grãos de argila, originando o barro. Este tipo de solo, encharca com facilidade e por isso também dificulta o crescimento das plantas. Os solos escuros, ricos em matéria orgânica (também chamada de húmus) são ricos em nutrientes, principalmente o nitrogênio. O húmus age ligando os minerais do solo como um cimento e aumentando a capacidade de retenção de água. Os solos orgânicos apresentam alta fertilidade, e normalmente proporcionam excelentes condições para o crescimento das plantas. Dependendo das condições climáticas e biológicas que interagem sobre a rocha de origem, o solo pode freqüentemente apresentar características mistas. 13 Capítulo 2 ADUBAÇÃO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico Adubar é oferecer nutrientes à planta. Existem algumas formas de se fazer adubação: nós podemos usar os restos vegetais de nossa cozinha, num processo que veremos adiante, e preparar um adubo muito eficiente sem gastar dinheiro algum. Podemos também utilizar o esterco dos animas para fazer adubos, ou ainda, fazer o plantio de alguns tipos de plantas e usá-las como adubo-verde. Na agricultura dita “moderna” utilizam-se adubos químicos, essas substâncias podem contaminar o solo e também custam caro. Nada melhor do que aproveitarmos o que temos para fazer nossa adubação. 16 2.1 C ompost agem: Compost ompostagem: A compostagem é o processo de transformação de materiais grosseiros, como restos vegetais da cozinha e esterco animal, em materiais orgânicos utilizáveis na horta. Nesse processo, são os microrganismos que irão atuar decompondo toda a matéria orgânica tranformando-a num composto rico em nutrientes. Na escolha do local, devese considerar a facilidade de acesso, a disponibilidade de água e a boa drenagem do solo. Para iniciar a construção da pilha colocamos uma camada de material vegetal seco de aproximadamente 15 a 20 centímetros, com folhas, palhas ou galhos picados formando um pequeno monte. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” Por cima desse monte, deve-se colocar restos de verduras, grama e/ou esterco. Iremos alternar uma camada de materiais secos e outra de materiais úmidos. Faremos isto até que a pilha atinja no máximo 1,5 metros de altura como mostra a figura. É extremamente importante fazer a revirada do material pelo menos uma vez a cada duas semanas para que o monte fique decomposto por inteiro. Outra coisa importante é lembrar-se de molhar o monte pelo menos uma vez na semana, tomando cuidado para não encharcar. Ao fim de 3 meses ou antes, se seguirmos essas técnicas, teremos um composto de cor escura e com cheiro de terra. Esse é o composto resultante da composteira e podemos usá-lo na nossa horta. É necessário que façamos a separação do lixo orgânico do inorgânico em casa. O lixo orgânico vai para a compostagem ( não é recomendado utilizar restos de cozinha cozidos pois pode haver risco de atrair animais) e o inorgânico vai para a reciclagem. 17 2.2 Utilização d e esterc o cur tido: de esterco curtido: Podemos utilizar o esterco curtido deixando-o descansar em um local coberto, formando uma pilha, por algum tempo até que ele esteja seco. É bom revirarmos a pilha de esterco algumas vezes, para que ocorra secagem homogênea. Podemos usar esterco de vaca, coelho, galinha, cabra, etc.. Obs: Quando deixamos a pilha de esterco exposta ao tempo, corremos o risco de que os nutrientes contidos no esterco sejam levados pelas águas da chuva. 2.3 Adubação verd e: verde: É a utilização de plantas que tem o objetivo de adubar o solo.Tais plantas podem ser incorporadas ao solo ou roçadas e mantidas na superfície, proporcionando, em geral, uma melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo tais como: PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico descompactação do solo; evitar erosão; disponibilizar nutrientes que antes não estavam disponíveis no solo; ajudar a aumentar a fauna do solo. 2.4 VermIc omposto: VermIcomposto: É um tipo de compostagem onde as minhocas fazem todo o trabalho. Deve-se dar a elas um composto parcialmente compostado, temperatura amena, sombra e umidade. Elas irão fazer a decomposição da matéria orgânica nos fornecendo um material conhecido como “húmus de minhoca” que é uma ótima fonte de nutriente para as plantas. 18 2.5 Adubação Fo liar c om Bi ofer tilizante: Foliar com Bio fertilizante: É um tipo de adubação onde utilizamos os nutrientes diluídos em água e os aplicamos, por pulverização, sobre as plantas. Pode ser feito da seguinte maneira: Faz-se a compostagem dos resíduos orgânicos em um barril adicionando água e deixando curtir. Agitar o composto de tempos em tempos de tempos em tempos. Este líquido deve ser deixado no barril por alguns dias e podem ser acrescentados outros materiais para aumentar sua eficiência (cinzas, pó de rocha, etc...). Devemos aplicá-lo diluído na proporção 1 parte de biofertilizante para 9 partes de água. 2.6 Adubação Miner al Na tur al Mineral Natur tural A adubacão mineral é feita com adubos minerais naturais, tais como: pó de rochas, pó de osso, restos de mineração etc. Estes adubos fornecem nutrientes como cálcio, fósforo, magnésio, potássio e outros, em doses moderadas, conforme as necessidades da planta. Eles são diferentes dos fertilizantes químicos pois não são fabricados a base de petróleo e tem uma solubilidade mais lenta ficando mais tempo a disposição da planta. Capítulo 3 PREPARO DA HORTA PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico 1º P asso Pa LOC ALIZAÇÃO LOCALIZAÇÃO -Terreno plano; -Terra revolvida (“fofa”); -Boa luminosidade e voltada para o nascente; -Disponibilidade de água para irrigação; -Local deve ser livre de encharcamento; -Longe de sanitários e esgotos; 2º P asso Pa FERR AMENT AS FERRAMENT AMENTA -Enxada: é utilizada para capinar, abrir sulcos e misturar adubos; -Enxadão: é utilizado para cavar e revolver a terra; -Regador: serve para irrigar a horta; 20 -Ancinho: é utilizado para remover torrões, pedaços de pedra e outros objetos, além de nivelar o terreno; -Pá: serve para fazer o deslocamento de terra; -Peneira: serve para destorroar a terra e separar pedras, galhos e sujeiras do terreno; -Carrinho-de-mão ou baldes: é utilizado para transportar terra, adubos e ferramentas; 3º P asso Pa PREP ARO DO C ANTEIRO PREPARO CANTEIRO -Com auxílio de uma enxada, revira-se a terra a uns 15cm de profundidade; -Com o ancinho, desmancham-se os torrões, retirando pedras e outros objetos, nivelando o terreno; -Se possível peneirar a terra deixando-a bem solta; -O canteiro deve ter pelo menos um palmo de altura. -Não existe fórmula secreta para se pensar a forma de um canteiro. Ele pode ter vários formatos: circulares, retos, em forma de lua, etc. Basta usar a criatividade e o bom senso. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” 3.1 Tipos d ec anteiro: de canteiro: • de tubo de PVC: Utilizar tubos PVC de 300mm. Efetuar um corte horizontal, no meio, de modo obter duas calhas com 10 a 15cm de profundidade. Em seguida fixar madeira em forma de meia lua nas laterais. Na parte inferior, fazer orifícios para escoamento da água. • de Garrafas Pet: - Cortar a garrafa pet na altura de 23cm e na base que é o ponto, fazer um orifício em todos os ressaltos para o escoamento do excesso de água. • de Pneu: - Utilizar pneu velho e com uma faca bem amolada, 21 corta-lo ao meio. Em seguida, inverter as duas metades para que fiquem com a aparência de uma bacia. Colocar no fundo um tampão de madeira com alguns furos para o escoamento do excesso de água. 3.2 C anteiro d e Espontânea s: Canteiro de Espontâneas: Uma prática bastante usada em hortas agroecológicas é o estabelecimento de um canteiro onde possam nascer plantas espontâneas. Esse canteiro tem a função de manter em equilíbrio as populações de pragas e predadores naturais, e ainda servir como adubo quando for cortado incorporando matéria orgânica ao solo. Podemos também plantar alguns adubos verdes e/ou plantas que produzam flores para atrair predadores naturais. 3.3 O cul tivo c om pouc a terr a cultivo com pouca terra Talvez você não possua terras, ou talvez possua somente um pequeno jardim. Experimente plantar hortaliças trepadeiras e que necessitam de pouco espaço no solo. Você pode plantá-las crescendo pelo lado de sua casa ou por cima de cercas, em cantos que não sejam utilizados. Você pode plantar uma ou duas trepadeiras em cada lugarzinho ensolarado. Alguns exemplos dessas plan- PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico tas são os pepinos, as abóboras, os tomates, o espinafre malabar, o maracujá, o chuchu e todos os tipos de feijões (por exemplo: fava, feijão-flor, feijão-de-asa, labe-labe). Você também pode plantar trepadeiras em recipientes grandes, tais como vasos de barro grandes, latas ou barris cheios de composto. A maioria das hortaliças trepadeiras crescem melhor se forem plantadas na estação das chuvas. Faça buracos de no mínimo 30cm quadrados por 22 30cm de profundidade. Misture bastante estrume e composto na terra que foi retirada para fazer o buraco e, depois, recoloque-a no buraco, pressionando-a firmemente. Plante três ou quatro sementes no centro e regue-as bem. Quando começarem a crescer, deixe apenas uma ou duas sementes crescendo, a não ser que você tenha plantado duas ou três hortaliças no mesmo buraco. Utilize a água que sobra ao se cozinhar ou lavar para regar as trepadeiras. Se as trepadeiras estiverem suficientemente próximas da casa, você pode fazer pequenos canais na terra ou utilizar canos de bambu ou troncos ocos para transportar água diretamente para as plantas. Cubra o solo ao redor das trepadeiras com palha, papel, seixos ou um plástico. As trepadeiras possuem hastes fracas e não conseguem ficar de pé sozinhas. Elas precisam do apoio de postes, arames, árvores ou cordões. Apóie as trepadeiras e assegure-se de que os frutos ou hortaliças não toquem o solo. Capítulo 4 PLANTIO E PROPAGAÇÃO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico Ao se pensar o plantio de espécies na horta, deve-se levar em consideração a região geográfica onde vamos plantar (altitude, baixada), o clima do lugar (quente ou frio) e a época do ano (da chuva ou da seca). Pois existem plantas que não toleram algumas condições do ambiente e não produzem satisfatoriamente. 4.1 Po r sementes; Por Uma das melhores formas de fazer o plantio é por sementes. Faz-se diretamente a semeadura no canteiro ou em bandejas para posteriormente levá-las a campo. Uma boa alternativa é fazer esse plantio adensado (muitas sementes por “buraquinho”) e fazer o desbaste selecionando as plantas em melhores condições. Podemos adquirir sementes em: bancos de sementes comunitários, com agricultores que tenham produção própria, em alguns alimentos que tenham sementes, na natureza, em lojas de produtos agropecuários ( certificar-se de que as sementes compradas não possuam defencivos ) ou ainda, produzir as sementes em nossa horta. 24 4.2 Po r bulbos: Por Um tipo de caule subterrâneo, por exemplo a cebola, o alho,etc. 4.3 Po r tubérculos: Por Em botânica, chama-se tubérculo ao caule arredondado sem raízes e sem folhas que algumas plantas verdes desenvolvem abaixo da superfície do solo, geralmente como órgãos de reserva de energia (na forma de amido), Por exemplo: : batata-doce, cará, inhame, etc. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” 4.4 Po r est ac a: Por estac aca: Estacas são partes vivas da planta que nós utilizamos como forma de propagação. Essa estratégia pode ser usada quando temos uma planta e não conseguimos propagá-la por semente ou ainda quando queremos que uma planta produza logo, eliminando de seu ciclo natural a germinação e o estágio juvenil. As estacas podem ser lenhosas ou herbáceas, dependendo da espécie e/ou melhor parte usada para a propagação. 4.5 Po r Rizoma Por Em botânica, chama-se rizoma a um tipo de caule que algumas plantas possuem. Ele cresce horizontalmente, geralmente subterrâneo, mas podendo também ter porções aéreas. O caule da espada-de-são-jorge, do lírio-da-paz e da bananeira são totalmente subterrâneos. Mas, certos fetos e também as orquídeas desenvolvem rizomas parcialmente aéreos. 25 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico 4.6 A ssociações bo as e ruins entre a s plant as: Associações boa as planta Algumas plantas tem melhor desenvolvimento quando plantadas na presença de outras plantas. 26 PROJETO “Horta Orgânica Escolar” 4.7 Quad ro d e planti o Quadro de plantio 27 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico 4.8 Cuid ados c om a h orta: Cuidados com ho A horta deve ser regada duas vezes ao dia, mas lembre-se que isso varia de região para região, pela diferença de clima entre elas. O solo não pode ficar encharcado para evitar o aparecimento de fungos e nematóides. A horta tem que ser mantida limpa, as ervas daninhas e outras sujidades devem ser retiradas com a mão. A cada colheita, deve ser feita a reposição do adubo para garantir a qualidade da terra e das hortaliças. 28 Capítulo 5 CONTROLE DE PRAGAS PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico 5.1 Insetos Insetos:: Cochonilhas Pequenos insetos cuja fêmea não possui asas, passando todo o seu ciclo de vida fixada nas plantas, localizando-se preferencialmente na parte inferior das folhas, mas também algumas espécies fixam-se nos ramos, troncos e raízes. Estes insetos alimentam-se da seiva da planta provocando o amarelecimento das folhas (quando estão fixadas nas folhas), prejudicando a planta a ponto de causar seu murchamento e morte em caso de grande infestação. Lagarta-rosca São lagartas escuras, grandes, com 3 a 5 centímetros de comprimento que, durante o dia, ficam escondidas na terra. À noite ou em dias encobertos, elas cortam o talo das plantas novas, rente ao solo. 30 Vaquinhas Pequenos besouros de cores variadas, alaranjadas ou verdes com manchas amareladas, que comem as folhas. Lagartas-das-folhas São lagartas de coloração esverdeadas, podendo apresentar listras nas costas. Medem em geral 3 a 5 centímetros de comprimento. Cortam e mastigam as folhas. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” Ácaros São pragas que precisam de lentes de aumento para serem vistas; vivem em colônias no inferior das folhas novas. As folhas atacadas apresentam descoloração e, às vezes, pode-se notar a formação da teia. Pulgões Insetos muito pequenos de cor esverdeada ou preta, com asas ou não; vivem em colônias, principalmente nas folhas ou brotações novas. Sugam as folhas e transmitem doenças de vírus. Paquinha e grilo São insetos que medem cerca de 25 a 30 milímetros de comprimento e possuem coloração pardo-escura. Causam danos às culturas, pois alimentam-se de raízes, tubérculos, hastes e folhas da plantas novas. Lesmas São moluscos que estragam as folhas, flores e raízes de plantas. Preferem terrenos úmidos e atacam, principalmente, à noite ou em dias chuvosos. Tripes Pequenos insetos que precisam de lentes de aumento para serem vistas; que vivem em colônias nas folhas ou nos locais mais escondidos. Sugam as folhas e transmitem doenças de vírus. 31 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico 5.2 Do ença s Doença enças São modificações negativas causadas por ataques de fungos, bactérias, vírus ou nematóides.Existem também as doenças causadas por deficiências nutricionais: falta de cálcio, magnésio, boro, zinco ou outro nutriente. • Fungos - provocam o aparecimento de pintas ou pequenas manchas, geralmente nas folhas, hastes ou frutos. Podem causar secamento ou apodrecimento das partes atacadas, murchamento e morte das plantas. • Bactérias - causam manchas geralmente escuras com borda amarelada, podridão, secamento das partes arancadas, murchamento e morte das plantas. • Vírus - causam amolecimento, deformação e mau crescimento e descoloração das folhas além do desenvolvimento insuficiente das plantas. • Nematódeos - provocam a formação de nódulos (pipocas) nas raízes, amarelecimento, murchamento e desenvolvimento precário das plantas. 5.3 C ontro le Bi ológic o: Contro ontrole Bio lógico: 32 O controle biológico acontece naturalmente em um sistema em equilíbrio, sendo este o esperado em uma horta agroecológica. • Joaninhas – alimentam-se de pulgões; • Pássaros – alimentam-se de insetos e caracóis; • Sapos – alimentam-se de pequenos animais nocivos como larvas, pulgões e mosquitos; • Centopéias – comem os ovos das lesmas • Libélulas (lavadeira) – comem os pulgões. 5.4 C ontro le na tur al: Contro ontrole natur tural: São técnicas usadas no controle de pragas da horta. São usadas em casos de extrema necessidade quando o próprio sistema de regulação ecológica da horta não dá conta de controlar a infestação. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” • Macerado de Samambaia Colocar 500 g de folhas frescas ou 100 g secas em um litro de água e deixar em repouso por 1 dia. Ferver por meia hora. Para a aplicação, diluir 1 de solução para 10 litros de água. Controla: ácaros, cochonilhas e pulgões. • Macerado de Fumo Picar 10 cm de fumo-de-corda e colocar em um litro de água por dois dias. Diluir em 10 litros de água e pulverizar as plantas. Controla: cochonilhas, lagartas, pulgões e piolhos. • Solução de Água com Sabão Colocar 50 g de sabão caseiro em 5 litros de água quente, deixar esfriar e pulverizar sobre a planta. Controla: cochonilhas, lagartas e piolhos. PROJETO HORTAS COMUNITÁRIAS • Controle de Formigas Repelir com barreiras de farinha de ossos, casca de ovos moída ou carvão vegetal em linhas seguidas sobre o solo. Para árvores frutíferas, pode-se usar, também, um pano embebido com suco de pimentamalaguetaou graxa amarrado ao tronco. • Cravo-de-defunto Quando plantado nas bordaduras das lavouras, impede o aparecimento de nematóides nas áreas cultivadas. • Purunga ou Cabaça Esta planta também é trepadeira, sendo semelhante à folha da abóbora. Quando o fruto está maduro (seco), é usado para cuia de chimarão. Quando está verde, o fruto é cortado ao meio e colocado na lavoura. O líquido existente junto com as sementes atrai insetos, que alí morrem agarrados. Controla: vaquinha ou patriota. • Armadilha Luminosa As lanternas de querosene, que são usadas para iluminação no interior, podem também ser usadas para o controle da broca-dos-ponteiros (mariposaoriental), que ataca bastante o pessegueiro e a nectarineira. 33 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico Colocar a lanterna acesa, a partir das 7 horas da noite, no centro do pomar ou da horta e deixar até a madrugada, no período de novembro a fevereiro. As mariposas atraídas pela luz batem no vidro da lanterna, caindo dentro de um balde d’água, que é colocado logo abaixo. No dia seguinte, os insetos que sobreviverem deverão ser mortos. • Saco de Aniagem Umidecê-lo com um pouco de leite e colocar na lavoura em vários locais. No dia seguinte, pegar as lesmas que estão aderidas no saco e matá-las. • Chá de camomila Colocar um punhado de flores em água fria por um a dois dias. Pulverizar as plantas, principalmente as mudas na sementeira. Controla: diversas doenças fúngicas. • Catação Consiste em catarmos manualmente as pragas da horta e destrui-las. Controla: insetos 34 • Retirar parte afetada (cortar folhas, galhos, frutos), retirar a parte afetada pela doença e encaminhar para a coleta pública de lixo; • Pasta de Argila, Esterco, Areia Fina e Chá de Camomila Misturar partes iguais de argila (barro), esterco, areia fina e chá de camomila de modo a formar uma pasta. Usar para proteger os cortes feitos pela poda e também os ramos ou troncos doentes durante o outono, após a queda das folhas e antes da floração e brotação. Capítulo 6 plantas medicinais PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico Entra as terapias existentes, a fitoterapia é sem dúvida a mais antiga, utilizada desde os primórdios da civilização, acompanhando a trajetória evolutiva do ser humano e mantendo-se viva neste final de milênio. Atualmente, instituições de pesquisas valiam cientificamente as propriedade das espécies já consagradas por nossos ancestrais, abrindo novas possibilidades de cura. E é nesse encontro de saber popular com a ciência que a fitoterapia cresce em importância, sendo considerada uma terapia preventiva, regeneradora e curativa. Quando adequadamente empregada, tem ação duradoura, sem apresentar efeitos colaterais ao organismo. 6.1 Uso d as Plant as Med icinais da Planta Medicinais 1. Antes de usar qualquer planta, procure saber se ela é indicada para o problema que você quer resolve; 2. Procure conhecer a parte da planta a ser utilizada (raiz, caule, folha, flor); 3. Conheça o modo correto de preparar a planta (infusão, decocção, etc.); 36 4. Não apanhe plantas próximas de lavouras que utilizem agrotóxicos, próximo de águas poluídas, ou na beira de estradas, pois expostas a venenos, as plantas tornam-se prejudiciais; 5. Quando utilizar plantas secas, seque-as na sombra, em local ventilado, seco e ao abrigo da luz; em recipiente fechado, colocando o nome da planta, e a data da colheita; 6. Quando comprar plantas para fazer remédios, procure pessoas experientes no uso; 7. Procure conhecer as plantas tóxicas; 8. Cada planta tem seu uso próprio. Umas são para serem tomadas como chás, outras apenas para uso externo. Tenha cuidado e se informe corretamente. BANHO Faz-se uma infusão ou decocção (veja a seguir) mais concentrada que deve ser coada e misturada na água do banho. Outra maneira indicada é colocar as ervas em um saco de pano firme e deixar boiando na água do banho. Os banhos podem ser parciais ou de corpo inteiro, e são normalmente indicados 1 vez por dia. CATAPLASMA São obtidas por diversas formas: PROJETO “Horta Orgânica Escolar” a) amassar as ervas frescas e bem limpas, aplicar diretamente sobre a parte afetada ou envolvidas em um pano fino ou gase; b) as ervas secas podem ser reduzidas a pó, misturadas em água, chás ou outras preparações e aplicadas envoltas em pano fino sobre as partes afetadas; c) pode-se ainda utilizar farinha de mandioca ou fubá de milho e água, geralmente quente, com a planta fresca ou seca triturada. COMPRESSA É uma preparação de uso local (tópico) que atua pela penetração dos princípios ativos através da pele. Utilizam-se panos, chumaços de algodão ou gase embebidos em um infuso concentrado, decocto, sumo ou tintura da planta dissolvida em água. A compressa pode ser quente ou fria. Outra forma é molhar a ponta de uma toalha e colocar no local afetado, cobrindo com a outra ponta da toalha seca, para conservar o calor. DECOCÇÃO Preparação normalmente utilizada para ervas não aromáticas (que contém princípios estáveis ao calor) e para as drogas vegetais constituídas por sementes, raízes,cascas e outras partes de maior resistência à ação da água 37 quente. Numa decocção, coloca-se a parte da planta na quantidade prescrita de água fervente. Cobre-se e deixa-se ferver em fogo baixo por 10 a 20 minutos. A seguir deve-se coar e espremer a erva com um pedaço de pano de ou coador. O decocto deve ser utilizado no mesmo dia de seu preparo. GARGAREJO Usado para combater afecções da garganta, amigdalites e mau hálito. Faz-se uma infusão concentrada e gargareja quantas vezes for necessário. Ex.: Sálvia (máu hálito), tanchagem, malva e romã (amigdalites e afecções na boca). INALAÇÃO Esta preparação utiliza a combinação do vapor de água quente com aroma das substâncias voláteis das plantas aromáticas, é normalmente recomendada para problemas do aparelho respiratório. Colocar a erva a ser usada numa vasilha com água fervente, na proporção de uma colher de sopa da erva fresca ou seca em 1/2 litro d’água, aspirar lentamente (contar até 3 durante a inspiração e até 3 quando expelir o ar), prosseguir assim ritmicamente por 15 minutos. O recipiente pode ser mantido no fogo para haver contínua produção de vapor. Usa-se um funil de cartolina (ou outro papel duro); ou ainda uma toalha sobre os ombros, a cabeça e a vasilha, para facilitar a inalação do vapor. No caso de crianças deve-se ter muito cuidado, pois há riscos de queimaduras, pela água quente e pelo vapor, por isso é recomendado o uso de equipamentos elétricos especiais para este fim. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico INFUSÃO Preparação utilizada para todas as partes de plantas medicinais ricas em componentes voláteis, aromas delicados e princípios ativos que se degradam pela ação combinada de água e do calor. Normalmente, trata-se de partes das plantas tais como flores botões e folhas. As infusões são obtidas fervendo-se a água necessária, que é derramada sobre a erva já separada, colocada noutro recipiente. Após a mistura, o recipiente permanece tampado por um tempo variável entre 5 e 10 minutos. Deve-se coar o infuso, logo após o término do repouso. Também o infuso deve ser ingerido no mesmo dia da preparação. MACERAÇÃO Preparação (realizada a frio) que consiste em colocar a parte da planta medicinal dentro de um recipiente contendo álcool, óleo, água ou outro líquido. Folhas, flores e outras partes tenras ficam macerando por 18 a 24 horas. Plantas onde há possibilidade de fermentações não devem ser preparadas desta forma.O recipiente permanece em lugar fresco, protegido da luz solar direta, podendo ser agitado periodicamente. Findo o tempo previsto, filtra-se o líquido e pode-se acrescentar uma quantidade de diluente (água por exemplo), se achar necessário para obter um volume final desejado. 38 ÓLEOS São feitos na impossibilidade de fazer pomadas ou compressas. As ervas secas ou frescas são colocadas em um frasco transparente com óleo de oliva, girassol ou milho, depois manter o frasco fechado diretamente sob o sol por 2 a 3 semanas. Filtrar ao final e separar uma possível camada de água que se formar. Conservar em vidros que o protejam da luz. PÓS A planta é seca o suficiente para permitir sua trituração com as mãos, peneirar e frasco bem fechado. As cascas e raízes devem ser moídas até se transformarem em pó. Internamente pode ser misturado ao leite ou mel e externamente, é espalhado diretamente sobre o local ferido ou misturado em óleo, vaselina ou água antes de aplicar. SUCO OU SUMO Obtém-se o suco espremendo-se o fruto e o sumo ao triturar uma planta medicinal fresca num pilão ou em liquidificadores e centrífugas. O pilão é mais usado para as partes pouco suculentas. Quando a planta possuir pequena quantidade de líquido, deve-se acrescentar um pouco de água e triturar novamente após uma hora de repouso, recolher então o líquido liberado. Como as anteriores, esta preparação também deve ser feita no momento do uso. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” TINTURA Maneira mais simples de conservar por longo período os princípios ativos de muitas plantas medicinais. Deixam-se macerar 250 g da planta fresca picada em 500 ml de álcool a 80 ou 90% por um período variável entre 8 e 10 dias em local protegido da luz solar, a seguir espremer e filtrar o composto obtido. No caso de ervas secas, utiliza-se 250 a 300 g de ervas para um litro de álcool a 70% (7 partes de álcool e 3 de água). Quando possível utilize o álcool de cereais. Conserve sempre ao abrigo da luz em frasco tampado. Usa-se na forma de gotas dissolvidas em água para uso interno, ou em pomadas, unguentos e fricções em uso externo. Os príncipios ativos presentes nas tinturas alcançam rapidamente a circulação sanguínea. UNGÜENTO E POMADA A pomada pode ser preparada com o sumo da erva ou chá mais concentrado misturado com a banha animal, gordura de coco ou vaselina na forma líquida. Pode-se ainda aquecer as ervas na gordura depois coar e guardar em frascos tampados e, ainda, pode ser adicionada a tintura à vaselina. Pode-se adicionar um pouco de cera de abelha nas preparações a quente da pomada. As pomadas permanecem mais tempo sobre a pele, devem ficar usadas a frio e renovadas 2 a 3 vezes ao dia. VINHO MEDICINAL Usar vinho branco, tinto ou licoroso com graduação alcoólica de aproximadamente 11 GL. Usar 5g de ou mais ervas (ou a dosagem indicada) para cada 100 ml de vinho. Macerar bem, tampar e deixar em local escuro, ao abrigo da luz por um período de 10 a 15 dias. Filtra-se o preparado. Toma-se uma colher antes ou depois das refeições, ou conforme indicações, segundo os efeitos desejados. XAROPE Os xaropes são utilizados normalmente nos casos de tosses, dores de garganta e bronquite. Na sua preparação, faz-se inicialmente uma calda com açúcar cristal rapadura, na proporção de 1.5 a 2 partes para cada 1 parte de água, em voluma, por exemplo, 1.5 a 2 xícara de açúcar ou repadura ralada. A mistura é levada ao fogo e, em poucos minutos há completa dissolução e a calda estará pronta, com maior ou menor consistência, conforme desejado, então são adicionadas as plantas preferencialmente frescas e picadas, colocase em fogo baixo e mexe-se por 3 a 5 minutos, findos os quais o xarope é coado e guardado em frasco de vidro. Se for desejada a adição de mel em substituição ao açúcar, não se deve aquecer, neste caso adiciona-se apenas o suco da planta ou a decocção ou infusão frios. O xarope pode ser preparado com tinturas, neste caso adiciona-se 1 parte de tintura para 3 partes da mesma calda com açúcar ou rapadura. As decocções podem ainda servir de base para o xarope, neste caso adiciona-se o açúcar diretamente nas mesmas, podendo submeter a leve aquecimento para facilitar a dissolução do açúcar. A 39 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico quantidade de plantas a ser adicionada em cada xarope é variável segundo a espécie vegetal. O xarope pode ser guardado por até 15 dias na geladeira, mas se forem observados sinais de fermentação, ele deve ser descartado, no caso dos xaropes preparados com tinturas, o período de conservação tende a ser maior. O uso de gotas de tintura de própolis no xarope serve como conservante, além de auxílio terapêutico. Obviamente, os xaropes, devido à grande quantidade de açúcar, não devem ser usados por diabéticos. De um modo em geral, o horário em que se toma os preparados fitoterápicos é muito importante para a cura ou efeitos desejados. Assim tem-se as seguintes regras gerais: • desjejum ou café da manhã - toma-se os laxativos, depurativos, diuréticos e vermífugos (meia hora antes) ; • duas horas antes e depois das refeições principais - toma-se as preparações antireumáticas, hepatoprotetoras, neurotônicas, contra a febre e tosse; 40 6.2 Alguma s plant as e seus prep ar ados Algumas planta prepar arados ALECRIM (Rosmarinus officinalis L.) Indicações: estimulante digestivo e para falta de apetite (inapetência), contra azia, para problemas respiratórios e debilidade cardíaca (cardiotônico), contra cansaço físico e mental, combate hemorróidas, antiespasmódico (uso interno) e cicatrizante (uso externo). Parte usada: folhas Preparo e dosagem: - xarope - para 1/2 litro de xarope adicionar o suco de 4 xíc. de cafezinho de folhas frescas, tomar 1 colher de sopa a cada 3 horas (para problemas respiratórios). - infusão - 1 xíc. de cafezinho de folhas secas em 1/2 litro de água, tomar xíc. de chá a cada 6 horas. - tintura - 10 xíc. de cafezinho de folhas secas em 1/2 litro de álcool de cereais ou aguardente, tomar 1 colher de chá 3 vezes ao dia em um pouco d’água (para a maioria das indicações, inclusive hemorróidas). - pó - as folhas secas reduzidas a pó têm bom efeito cicatrizante. Outros usos: Usam-se ramos em armários para afugentar insetos. Toxicologia: em altas doses pode ser tóxico e abortivo. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” ALECRIM-PIMENTA (Lippia sidoides) Indicações: para impingens, acne, pano-branco, aftas, escabiose, caspa, maus odores dos pés, axilas, sarna-infecciosa, pé-de-atleta, para inflamações da boca e garganta, como antiespasmódico e estomáquico. Seus constituíntes químicos lhe conferem forte ação antisséptica contra fungos e bactérias. Parte usada: folhas secas ou frescas. Preparo e dosagem: - infusão - 1 colher de chá de folhas picadas para cada xíc. de água, tomar 2 a 3 xíc. por dia. - tintura - 200 a 300 g de folhas frescas com 1/2 litro de álcool e 250 ml de água.Usar como loção em lavagens e compressas. Para gargarejos e bochechos usar a tintura diluída em duas partes de água. ALHO (Allium sativum L.) Indicações: contra hipertensão, picadas de inseto, diurético, expectorante, antigripal, febrífugo, desinfetante, antinflamatório, antibiótico, antisséptico, vermífugo (lombriga, solitária e ameba), para arterioesclerose e contra ácido úrico. Parte usada: dentes (bulbilhos) Preparo e dosagem: - maceração - esmagar um ou dois dentes de alho dentro de um copo com água. Tomar um copo três vezes ao dia (para gripe, resfriado, tosse e rouquidão). - tintura - moer uma xíc. (cafezinho) de alho dentro de um recipiente contendo 5 xíc. de álcool 92o GL, deixar em maceração por 10 dias, coar. Tomar 10 gotas em meio copo de água três vezes ao dia, para problemas do aparelho respiratório (gripes, etc.). Para hipertensão utilizar uma colher de chá da tintura em meio copo de água três vezes ao dia ou comer dois dentes de alho pela manhã. - vermífugo - comer três dentes de alho pela manhã em jejum durante sete dias. - dores de ouvido - amassar um dente de alho em uma colher de sobremesa de azeite morno. Pingar três gotas no ouvido e tampar com algodão. - arteriosclerose - comer na alimentação 3 dentes de alho cru picado, 3 vezes por semana, durante 3 meses. Toxicologia: contra indicado para pessoas com problemas estomacais e de úlceras, incoveniente para recém-nascidos e mães em amamentação, e ainda em pessoas com dermatites. Em doses muito elevada, pode provocar dor de cabeça, de estômago, dos rins e até tonturas. 41 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico ARTEMÍSIA (Chrysanth emum parth enium Bern.) Indicações: antileucorréico, emenagogo, antiespasmódico, febrifugo, para dores de cabeça, enxaquecas, artrites, diarréia, pertubações gástricas e insônia. Parte usada: folhas e flores. Preparo e dosagem: - infusão - 2 a 3 folhas e 3 a 4 flores em 1 xíc. de chá com água, tomar 1 xíc. por dia. Outros usos: planta ornamental, repelente de insetos. Toxicologia: Não deve ser utilizado durante a gravidez, pois exerce forte ação sobre o útero, podendo causar aborto. BABOSA (Aloe sp.) 42 Indicações: o suco das folhas é emoliente e resolutivo, quando usadas topicamente sobre inflamações, queimaduras, eczemas, erisipelas, queda de cabelo, etc. A polpa é antioftálmica, vulnerária e vermífuga (uso interno). A folha despida de cutícula é um supositório calmamente nas retites hemorroidais. É ainda utilizada externamente nas entorses, contusões e dores reumáticas. Parte usada: folhas, polpa e seiva. Preparo e dosagem: - suco - uso interno do suco fresco, como anti-helmíntico. - cataplasma - aplicar sobre queimaduras 3 vezes ao dia. - supositório - em retites hemorroidais. - resina - é a mucilagem após a secagem. Prepara-se deixando as folhas penduradas com a base cortada para baixo por 1 ou 2 dias, esse sumo é seco ao fogo ou ao sol,quando bem seco, pode ser transformado em pó dissolvido em água com açúcar, como laxante. - tintura - usam-se 50 g de folhas descascadas, trituradas com 250 ml de álcool e 250 ml de água, a tintura é coada em seguida. Deve ser utilizada sob a forma de compressas e massagens nas contusões, entorces e dores reumáticas. Toxicologia: não deve ser ingerida por mulheres durante a menstruação ou gravidez. Também deve ser evitada nos estados hemorroidários. Não usar internamente em crianças. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” BOLDO (Vernonia condensata Beker) Indicações: aperiente, colagogo, colerético, desintoxicante do fígado, diurético e antidiarrético. Usado popularmente para a ressaca alcoólica. Parte usada: folhas. Preparo e dosagem: - infusão - 5 folhas por litro d’água, tomar pela manhã (para o fígado) ou após as refeições (contra diarréia). - tintura - (aperiente) colocar 1 colher de folhas picadas para 1 xíc. de álcool neutro 70o GL, deixar macerar por 3 dias, tomar 1 colher dissolvida em água antes das refeições. - maceração - 5 folhas em um copo d’água, tomar 2 a 3 vezes ao dia (ressaca alcoólica), recomenda-se tomar antes e após ingestão de bebidas alcoólicas. Toxicologia: outras espécies do gênero Vernonia não apresentam nenhum efeito tóxico, exceto um glicosídeo cardiotônico encontrado nas raízes de uma das espécies na África. Não se aconselha o uso prolongado da planta. CAPIM-SANTO (Cymbopogon citratusz) Indicações: bactericida, antiespasmódico, calmante, analgésico suave, carminativo, estomáquico, diurético, sudorífico, hipotensor, anti-reumático. Mais utilizado em diarréias, dores estomacais e problemas renais. Parte usada: folhas Preparo e dosagem: - infusão - 4 xíc. de cafezinho de folhas picadas em 1 litro d’água, tomar 1 xíc. 2 a 3 vezes ao dias. Toxicologia: pode ser abortivo em doses concentradas. ERVA-CIDREIRA-DE-ARBUSTO (Lippia alba (Mill) N. E. Brown) Indicações: antiespasmódico, estomáquico, carminativo, calmante, digestivo e combate a insônia e asma. Parte usada: folhas. Preparo e dosagem: - infusão - 1 colher de sopa de folhas frescas para cada ½ litro d’água, tomar 4 a 6 xíc. de chá ao dia. Outros usos: planta melífera. Toxicologia: popularmente não se recomenda o uso por hipotensos (pressão baixa). 43 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico FALSO BOLDO (Coleus barbatus)* Indicações: tônico, digestivo, hipossecretor gástrico (para azia e dispepsia), carminativo, para afecções do fígado e para ressaca alcoólica. Parte usada: folhas frescas. Preparo e dosagem: - sumo - amassar duas folhas em 1 copo e completar com água, tomar 2 a 3 vezes ao dia. - tintura - 20 g de planta fresca em 100 ml de álcool, tomar 20 a 40 gotas no momento do incômodo, ou até 3 vezes ao dia. Toxicologia: em doses elevadas pode causar irritação gástrica. FOLHA-DA-FORTUNA (Bryophylum pinnatum Kurtz) Indicações: emoliente (para furúnculos), cicatrizantes (queimaduras) e antinflamatório local (uso externo). Refrescante intestinal, para coqueluche e demais infecções das vias respiratórias, usada também para úlceras e gastrites (uso interno). Parte usada: folhas. 44 Preparo e dosagem: - cataplasma - aquecer a folha e colocar sobre o local afetado (furúnculos), em queimaduras** ou outros ferimentos fazer uma pasta com a folha e colocar sobre a região machucada (cicatrizante). - suco - bater no liquidificador 1 folha com 1 xíc. de água, tomar 2 vezes ao dia, entre as refeições (úlceras e gastrites). GENGIBRE (Zingiber officinalis) Indicações: estimulante gastrintestinal, aperiente, combate os gases intestinais (carminativo), vômitos, rouquidão; tônico e expectorante. Externamente é revulsivo, utilizado em traumatismos e reumatismos. Parte usada: rizoma (“raiz”). Preparo e dosagem: - pulverizar o rizoma e ingerir contra vômitos. - decocção - preparar com 1 colher (chá) de raiz triturada em 1 xíc. de chá de água, tomar 4 xíc. de chá ao dia. - cataplasmas - preparar com gengibre bem moído ou ralado e amassado num pano, e deixar no local (para reumatismos e traumatismos na coluna vertebral e articulações). - rizoma fresco - mascar um pedaço (rouquidão). PROJETO “Horta Orgânica Escolar” - tintura - 100 g do rizoma moído em 0,5 l de álcool, fazer fricções para reumatismos. - xarope - pode ser ralado e adicionado a xaropes, juntamente com outras plantas. Toxicologia: o uso externo deve ser acompanhado, para evitar possíveis queimaduras. GUACO (Mikania glomerata Spreng.) Indicações: tem efeito broncodilatador, comprovado. É um antisséptico das vias respiratórias, expectorante, antiasmático, febrífugo, sudorífico, anti-reumático e cicatrizante. Parte usada: folhas ou planta florida. Preparo e dosagem: - infusão - 2 xíc. de cafezinho de folhas frescas em ½ l d’água 1 xíc. de chá 4 vezes ao dia (reumatismo e problemas das vias respiratórias). - xarope - fazer a decocção com 15-20 folhas de guaco em 100 ml de água, adicionar folhas de poejo ou assa-peixe e gengibre ralado ( 1 colher de chá), cobrir e deixar esfriar, juntar 150 a 200 g de açúcar ou rapadura e dissolver. Tomar 1 a 2 colheres de sopa 2 a 3 vezes ao dia, para crianças fornecer a metade da dose (crises de tosse). Outros usos: é utilizada contra picada de cobras e insetos. Toxicologia: pode causar vômitos e diarréia quando usado em excesso. HORTELÃ-COMUM (Mentha X villosa) Indicações: digestivo, estimulante e tônico geral, carminativo, antiespasmódico, estomáquico, expectorante, antisséptico, colerético e colagogo, vermífugo (giardia/ameba e lombrigas). Parte usada: folhas frescas ou secas. Preparo e dosagem: - bala - tomar 800 g de açúcar, ¼ litros de água filtrada e o sumo da hortelã. Coloque a água e o açúcar para ferver até atingir o ponto de bala. Adicione o sumo e a bala está pronta (vermífugo e expectornte). - infusão - 5 ou 10 g de folhas picadas, secas ou frescas respectivamente, em 1 l d’água, tomar 1 xíc. de chá 3 vezes ao dia (uso interno, exceto como vermífugo). - folhas frescas - ingerir 10 a 16 folhas por dia, em 3 doses junto às refeições, por 5 a 10 dias (vermífugo). 45 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico - pó - triturar folhas secas e peneirar, misturar uma colher de café do pó com mel, e tomar 3 vezes ao dia, por 7 dias. Para crianças utiliza-se a metade da dose (vermífugo). - vermífugo com alho - amassar 3 a 4 folhas frescas com um dente de alho, colocar numa xícara, acrescentar água fervente, tampar e deixar esfriar, coar e servir a uma criança 1 vez por dia, 1/2 hora antes do café da manhã, durante 5 dias. Toxicologia: pode causar insônia, se tomado antes de dormir, ou em uso prolongado. MACAÉ (Leonurus sibiricus) Indicações: estomáquico, febrífugo, anti-reumático, eupépico, contra vômitos e gastrinterite. As flores são usadas para bronquite e coqueluche. Parte usada: folhas e flores. Preparo e dosagem: - infusão - 20 g de folhas ou flores secas em ½ litro d’água, tomar 3 vezes ao dia. 46 - uso externo - friccionar as folhas sobre as partes afetadas (anti-reumático). - xarope - colocar um punhado das folhas e flores picadas em 1 xíc. de cafezinho de água fervente, abafar, coar, adicionar 2 xíc. (café) de açúcar, homogeneizar. Para adultos fornecer uma colher (sopa), 3 vezes por dia, crianças devem tomar uma colher de chá 3 vezes ao dia. - tintura - misturar duas xíc. (café) de álcool de cereais e 1 xíc. (café) de água com um punhado da erva picada, deixar em maceração por 7 dias, agitar sempre, coar, armazenar em vidro escuro. Tomar 1 colher (chá) diluída em água. Pode ser aplicada em articulações inflamadas. Outros usos: insetífugo MARACUJÁ (Passiflora edulis) Indicações: é utillizada contra inquietações nervosa, irritação frequente e contra insônia. Parte usada: folhas. Preparo e dosagem: - infusão - na dose de 4 a 6 xíc. de chá, toma-se 1 a 2 xícaras à noite. PROJETO “Horta Orgânica Escolar” TANCHAGEM (Plantago sp.) Indicações: expectorante, antidiarréico (folha), cicatrizante, adistrigente, emoliente e depurativo. Usada no tratamento da inflamações bucofaringeanas, dérmicas, gastrintestinais e das vias urinárias. As sementes são laxativas. Parte usada: toda a planta. Preparo e dosagem: - infusão - 1 xíc. de cafezinho de folhas frescas picadas em 1/2 l d’água, tomar 1 xíc. de chá a cada 6 horas para infecções bucofaringeanas e 1 xíc. a cada 8 horas para problemas gastrintestinais. - gargarejo - acrescentar à infusão 1 colher de sopa de sal comum, gargarejar 3 vezes ao dia. - infusão - utilizar 1 colher (sopa) de sementes em 1 copo de água fervente. Deixar uma noite em maceração. No dias seguinte, em jejum, tomar o copo (laxante suave). - cataplasma - colocar as folhas frescas amassadas sobre feridas, para favorecer a cicatrização. Toxicologia: sem referências bibliográficas. 47 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Livro Técnico Referência s Referências Bibli ográfic as Bibliográfic ográfica Herri Lorenzi, Plantas medicinais do Brasil Exóticas e nativas “Faça o seu minhocário” Cartilha T.A./ FASE Manual de hortas para escolas- UNB, departamento de nutrição Cartilha Agroecológica, Instituto Giramundo Apostila da escola carioca de agricultura familiar, Prefeitura do Rio de Janeiro Sites http://www.emater.pr.gov.br http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html#observa http://diocese.pelotas.tche.br/agroecol.htm http://www.planetaorganico.com.br/composto2.htm http://www.cnpab.embrapa.br/educacao/baby/solo.html 48 http://www.aspta.org.br/programa-parana/BAF%20-%20Sementes%20de%20Horta%20%20Maria%20Tulio.pdf/view Coo per ativ ad e Tr abalhado res em ooper pera tiva de Trabalhado abalhadores Agro ec ologia Flo real Agroec eco Floreal Endereço: APAC Associação de Produtores Autônomos do Campo e da Cidade Rua Cacilda 1535, Coelho da Rocha - São João de Meriti - RJ CEP 25550-150 - Tel: 2751-5438 email: [email protected]