Poema Sem Nome - Hugo Scabello

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Poema Sem Nome (I)
Somente por cima de ti
tenho certeza
piamente acredito em minha
abstrata existencia
sinto o urgir de tamanha
capacidade e potencia
fora de ti sou pura inconstancia
um passivo ator
ora emulo a paulistana arrogancia
ora a geminiana insegurança
ora a sagrada e santista rebeldia
ora tão só niilista covardia
mas não, não, não
não diga nunca
não, não, não
nem diga agora
pois mesmo muito embora
tu não sendo minha senhora
não se vá!
nunca vá embora!
pois além de tanto querer-ti
tanto de ti, sou dependente
dependente
viciado
escravo
destes suspiros e sussurros em sua nuca
destes beijos e mordidas de sua boca
deste ir e vir de sua cintura
deste tremer de tanto gemer
deste não mais poder
nem querer!
o grito segurar
deste amar amar amar...
por favor, então,
com ingenuidade suplico-te:
não não diga nunca
não nem diga agora
esqueça
essa
pressa
dilatemos esta dionisica dança, ao máximo!
assim como se dilatam as minhas pupilas
ao desbravarem sua graça
voltemos
para
grecia
estendamos esta festa
pois na síntese
do instantaneo com o infinito
habita a espença!
ou pelo menos gatinha
não se esqueça
que somente por cima de ti
tenho certeza
somente dentro de teu mundo
sei quem e o que sou
sei que insisto e existo
desbravo a geografia donde resido
e intuio o inventado calendário
Somente dentro de teu mundo
sei sem hesitar que vivo
por isto mia senhora:
não diga nunca
nem mesmo agora
não ouse ficar
muito menos ir embora!
não se abra assim
nem me deixe de fora
façamos então
deste nosso momento nostro
a fusão do eterno
com o agora
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