UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Geociências CURSO DE GEOLOGIA DANTE DA SILVA PALMEIRA PETROGRAFIA DO SIENOGRANITO BROCO: EVIDÊNCIA DE FUSÃO CRUSTAL NO GREENSTONE BELT IBITIRA-UBIRAÇABA, IBIASSUCÊ, BAHIA ii Salvador-Ba 2010 DANTE DA SILVA PALMEIRA PETROGRAFIA DO SIENOGRANITO BROCO: EVIDÊNCIA DE FUSÃO CRUSTAL NO GREENSTONE BELT IBITIRA-UBIRAÇABA, IBIASSUCÊ, BAHIA Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientadora: Profª. Drª. Simone Cerqueira Pereira Cruz Co-Orientadora: Profª. Drª. Angela Beatriz Menezes Leal iii Salvador-Ba 2010 TERMO DE APROVAÇÃO DANTE DA SILVA PALMEIRA PETROGRAFIA DO SIENOGRANITO BROCO: EVIDÊNCIA DE FUSÃO CRUSTAL NO GREENSTONE BELT IBITIRAUBIRAÇABA, IBIASSUCÊ, BAHIA Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: BANCA EXAMINADORA SIMONE CERQUEIRA PEREIRA CRUZ - Orientadora Doutora em Geologia Estrutural / Tectônica Universidade Federal de Ouro Preto VIOLETA DE SOUZA MARTINS- Examinadora Mestre em Petrologia, Metalogênese e Exploração Mineral Universidade Federal da Bahia JOFRE DE OLIVEIRA BORGES- Examinador Geólogo Universidade Federal da Bahia iv “Nada é impossível para aquele que persiste” Alexandre o Grande v Dedico este trabalho aos meus pais Dourival de Oliveira Palmeira e Tânia Regina da Silva Palmeira e meu irmão Davi da Silva Palmeira vi AGRADECIMENTOS Momento tão importante para mim e foram muitos a que eu tenho a agradecer por eu terminar essa grande jornada. Primeiramente a Deus, que me deu forças e tranqüilidade para superar as adversidades que eu passei durante este período, depois minha família, meu pai Dourival de Oliveira Palmeira, minha mãe Tânia Regina da Silva Palmeira e meu irmão Davi da Silva Palmeira que contribuíram e sempre me apoiaram em tudo, desde o inicio até o fim, a vitoria não é minha é vocês também. Depois a minha namorada Débora, apesar do pouco tempo de convivência, ela tem sido muito especial em minha vida, obrigado. Agradeço também aos meus colegas de faculdade. Cleiton, Antonia, Ulisses, Cleison, Joel, Tati, Rodolfo, Dário, Erisson, Verônica, Anderson, Gisele, entre outros colegas, foram muitas à dificuldade mais que soubemos superar e também muitos momentos de alegria, obrigado meus amigos, que levo para o resto da vida. Aos funcionários do IGEO, principalmente aos da biblioteca, sempre me auxiliando no que era necessário, assim também como todos os professores, obrigado. A professora doutora Simone, obrigado pela paciência e compreensão e ajuda na elaboração deste trabalho. Agradeço também ao Geólogo Mestre, Mário Gonçalves, um grande profissional com quem aprendi grandes lições, tanto na geologia como na vida. A todos vocês eu agradeço, valeu muito obrigado. vii RESUMO A área de estudo localiza-se nas cercanias da cidade de Ibiassuçê, na região centro-oeste do Estado da Bahia. Do ponto de vista tectônico, posiciona-se no Bloco Gavião, na porção nordeste do Cráton do São Francisco tendo como rocha encaixantes rochas metapelíticas do Greenstone Belt Ibitira Ubiraçaba. Essas rochas estão truncadas pela zona de cisalhamento Iguatemi, que é uma das estruturas arqueanas que foram reativadas durante a evolução do Corredor do Paramirim. Nesta área foi encontrado granitóide tipo S nunca antes relatado na literatura, cujas relações de campo sugerem que se tratam de produtos da fusão de metassedimentos do greenstone citado, o qual foi denominado de Granitóide Broco. O mapeamento geológico deste corpo e de suas encaixantes imediatas, assim como a identificação da mineralogia, texturas e aspectos deformacionais presentes nele são os objetivos deste trabalho. Como método de trabalhou realizou-se o levantamento bibliográfico, visita de campo para aquisição de dados e contextualização do corpo, além de um estudo petrográfico e microestrutural para a identificação as suas características. O estudo feito determinou que o protólito deste corpo é um sienogranito e identificou duas tectonofácies: (i) baixa deformação, que é caracterizado pelo isotropismo e pela preservação das estruturas ígneas do protólito; (ii) média à alta deformação, que se caracteriza pela presença de foliação e pelo desenvolvimento expressivo de uma trama granoblástica, milonítica e porfiroclástica. Em ambas as tectonofácies, a substituição do k-feldspato por mica branca e do plagioclásio pela mica branca e epídoto sugerem a presença de reações retrometamórficas. A evolução deste corpo esteve ligado a um processo de fusão dos metapelitos, com a geração de uma rocha sienogranítica com granada e biotita que posteriormente foi submetida à deformação na fácies anfibolito e em seguida em fácies xisto verde (retrometamorfismo), neste caso marcado pela geração de mica branca e epídoto. Palavras-Chaves: Granitos tipo-S, kinzigito, zona de cisalhamento, greenstone belt, mapeamento, anatexia. viii ABSTRACT The study area situated around of the city of Ibiassuçê, in the region centerwest of the State of the Bahia, inside of the Block Gavião one of the four subdomain that compose the São Francisco Cráton, where this block is constituted by granites-gneiss and migmatites, as well as for sequences vulcano-sedimentary and metassedimentary. More specifically the study area meets in one of these sequences, greenstone Belt Ibitira Ubiraçaba, inside of the structural feature known zone of Iguatemi shear that is one of the structures that had been reactivated during the evolution of the Corredor do Paramirim. In this area they had been found granitoids type S never before told in the literature whose relations of field suggest that they are about products of the anatexis of metassediments of greenstone cited, which were called of granitoid Broco, where the geologic mapping of this body and its immediate enclosing, and the identification of mineralogy, deformational textures and aspects in it is the objective of this work. For the accomplishment of this work it was proceded following methodology, bibliographical survey, visit of field for acquisition of data and contextualization of the body, beyond a petrographic and microstructural study for the identification its characteristics. The study done it determined that the protholites of this body is a sienogranite and identified two facies one of low deformation that is characterized by the isiotrophism and microscopically by the preservation of the igneous structures of the protholites and facies of average to the high deformation that characterizes for the presence of foliation and microscopically for the presence of deformation structures and for the presence of retrometamorphism reactions. Finally the evolution of this body was on to a process of fusing of the metapelites, with the generation of a protholites, later being submitted to a deformation in facies amphibolite and finally suffering a process from retrometamorphism it represents for the metamorphic mineral generation. Key-Words: Granites type-S, kinzigite, shear zone, greenstone, mapping, anatexis. ix SUMÁRIO AGRADECIMENTOS............................................................................vi RESUMO............................................................................................. vii ABSTRACT……………………………………………………………….. viii SUMÁRIO............................................................................................. ix LISTA DE FIGURAS.............................................................................xi LISTA DE FOTOS.............................................................................. xiii LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS.....................................................xiv LISTA DE TABELAS..........................................................................xvi CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO............................................................. 16 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................................... 16 1.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA.................................................... 18 1.3. CONTEXTUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA.................... 18 1.4. OBJETIVOS.................................................................................................... 19 1.5. JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 19 1.6. MÉTODO DE TRABALHO ..............................................................................20 CAPITULO 2-GEOLOGIA REGIONAL ...............................................21 2.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................21 2.2. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS........................................................... 22 2.2.1. Embasamento............................................................................................. 22 2.2.2. A Suíte Intrusiva Lagoa Real..................................................................... 30 2.2.3. SuperGrupo Espinhaço.............................................................................. 31 2.2.4. Rochas Intrusivas Básicas........................................................................ 35 x 2.2.5. SuperGrupo São Francisco....................................................................... 35 2.3. GEOLOGIA ESTRUTURAL............................................................................ 37 2.4. EVOLUÇÃO TECTÔNICA...............................................................................38 CAPÍTULO 3 – ASPECTOS RELEVANTES SOBRE OS GRANITOS TIPO S................................................................................................. 45 3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS........................................................................ 45 3.2. MODELOS E CONTROLES ENVOLVIDOS NA GERAÇÃO DOS GRANITOS TIPO S.................................................................................................................... 48 CAPÍTULO 4- GEOLOGIA DO SIENOGRANITO BROCO.................50 4.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................50 4.2. ROCHAS ENCAIXANTES DO SIENOGRANITO BROCO............................. 50 4.2.1. Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba............................................................. 50 4.2.2. Suíte Intrusiva Lagoa Real......................................................................... 54 4.2.3. Coberturas Tércio-Quaternárias................................................................55 4.3. GEOLOGIA DO GRANITÓIDE BROCO......................................................... 55 4.3.1. Fácies de Baixa Intensidade de Deformação ...........................................57 4.3.2. Fácies de Média a Alta Intensidade de Deformação................................62 4.3.3. Geologia Estrutural e Tectônica do Sienogranito Broco ........................69 CAPÍTULO 5- CONCLUSÕES ............................................................71 REFERÊNCIAS ...................................................................................72 ANEXOS ............................................................................................79 xi LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Mapa esquemático mostrando os compartimentos geotectônicos do Cráton do São Francisco........................................................................................16 Figura 1.2-Mapa de localização da área de estudo...............................................18 Figura 2.1- Mapa geológico simplificado do Cráton do São Francisco..................21 Figura 2.2 – Mapa Geológico do Estado da Bahia simplificado, mostrando os principais terrenos Greenstone Belt e Seqüências Vulcanossedimentares...........24 Figura 2.3- Modelo evolutivo para o arqueano –paleoproterozóico do bloco Gavião.....................................................................................................................39 Figura 2.4- Modelo evolutivo da fase pré-rifte nas bacias do Espinhaço Oriental e Chapada Diamantina..............................................................................................42 Figura 2.5 - Modelo evolutivo proposto da fase sin-rifte nas bacias do Espinhaço Oriental e Chapada Diamantina..............................................................................43 Figura 2.6- Modelo evolutivo da Bacia Chapada Diamantina...............................44 Figura 2.7- Modelo evolutivo para a Inversão das bacias do Espinhaço e Chapada Diamantina..............................................................................................................44 Figura 3.1-Seção esquemática transversal do Himalaia mostrando a desidratação e fusão parcial de zonas que produzem os leucogranitos......................................48 Figura 4.1 - Mapa geológico com as unidades presentes na área de estudo e encaixantes do Granitóide Broco............................................................................51 Figura 4.2 – Detalhe do mapa geológico com as encaixantes do Granito Broco..52 Figura 4.3 – Detalhe do mapa geológico com as encaixantes do Granito Broco..52 Figura 4.4- Composição modal da fácies de baixa deformação............................62 Figura 4.5- Composição modal da fácies de média à alta deformação.................69 Figura 4.6-Modelo para explicar a formação do Sienogranito Broco.....................70 xii LISTA DE FOTOS Foto 4.1- Paragnaisses do Greenstone Ibitira-Ubiraçaba......................................53 Foto 4.2- Contato transicional entre o granito Broco e as rochas metapelíticas do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba...........................................................................56 Foto 4.3- Contato transicional entre o granito Broco e as rochas metapelíticas do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. Notar a presença de diques preenchidos pelo granitóide em foco..................................................................................................56 Foto 4.4- Vista do aspecto isotrópico do granito Broco com xenocristais de biotita e granada................................................................................................................57 Foto 4.5- Aspecto macroscópico da fácies de alta intensidade de deformação com foliação marcada pelo estiramento do quartzo e da biotita....................................63 xiii LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS Fotomicrografia 4.1- Microestrutura Mimerquita na fácies pouco deformada do granitóide Broco. ...................................................................................................58 Fotomicrografia 4.2 – Grãos de quartzo (Qtz) nos interstícios entre os grãos de K- feldspato (Kfs) e plagioclásio (Pl).......................................................................58 Fotomicrografia 4.3- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb).........................................................................................................................60 Fotomicrografia 4.4- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb).........................................................................................................................60 Fotomicrografia 4.5- Xenocristal de biotita (Bt) associado com feldspato (Kfs)...61 Fotomicrografia 4.6- Xenocristal de granada (Grt) fortemente fraturadoPlagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). ...............................62 Fotomicrografia 4.8 - Microestrutura granofiríca reliquiar. Qtz- Quartzo, Kfs- Kfeldspato.................................................................................................................65 Fotomicrografia 4.9 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz)...........................................................65 Fotomicrografia 4.10- Detalhe da moscovita (Ms) associada com a microclina (Mi)..........................................................................................................................65 Fotomicrografia 4.11 – Grão de moscovita (Ms) associado com K-feldspato (Kfs)........................................................................................................................65 Fotomicrografia 4.12 - Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz)...........................................................66 Fotomicrografia 4.13 – Microestrutura porfiroclástica, núcleo-manto e milonítica envolvendo porfiroclasto de quartzo (Qtz)..............................................................66 Fotomicrografia 4.14- Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de plagioclásio (Pl) e quartzo (Qtz).........................................................67 Fotomicrografia 4.15 - Agregado de xenocristais de biotita (Bt) em contato com K-feldspato (Kfs).)...................................................................................................67 Fotomicrografia 4.16- Detalhe da biotita (Bt) associada com o mineral opaco (Mo)........................................................................................................................67 xiv Fotomicrografia 4.17 - Grão de hornblenda (Hb) associado com biotita (Bt)..........................................................................................................................67 Fotomicrografia 4.18 - Xenocristal de biotita em contato com epídoto (Ep) e Kfeldspato (Kfs) sericitizado. Qtz- Quartzo...............................................................68 Fotomicrografia 4.19 - Grão de alanita (Al) associado com biotita (Bt)................68 xv LISTA DE TABELAS Tabela 3.1. Classificação das rochas granitóides baseados no cenário tectônico..................................................................................................................45 Tabela 3.2. Principais minerais presentes nos Granitos tipo S..............................46 Tabela 3.3. Composição química de alguns corpos graníticos do tipo S ao redor do mundo................................................................................................................47 Tabela 4.1. Composição mineralógica modal da fácies de baixa deformação do Granito Broco..........................................................................................................59 Tabela 4.2. Composição mineralógica modal da fácies de média à alta deformação do Granito Broco.................................................................................64 16 CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Estado da Bahia está totalmente inserido no Cratón do São Francisco e apresenta uma geologia bastante complexa, tendo litologias que variam desde do arqueano até idades recentes. O Cratón do São Francisco corresponde a um segmento crustal consolidado no Paleoproterozóico, cujo substrato mais velho que 1,8 Ga foi poupado de deformação e metamorfismo durante as colisões que culminaram com a aglutinação de Godwana Ocidental no Neoproterozóico (Almeida 1977). Esse cráton é a mais bem exposta e estudada unidade geotectônica da plataforma sul-americana (Barbosa et. al.2003) e no estado da Bahia podem ser individualizados quatro compartimentos geotectônicos: Bloco Gavião, Bloco Jequié, Bloco Serrinha e Bloco Itabuna- Salvador- Curaçá (Barbosa & Sabaté 2002) (Fig. 1.1). Figura. 1.1 - Mapa esquemático mostrando os compartimentos geotectônicos do Cráton do São Francisco. Modificado de (Barbosa Sabaté 2002) 17 Inserido no Cratón do São Francisco, tem-se o Bloco Gavião (Fig. 1.1) que é constituído por terrenos granitos-gnaisses e migmatitos, assim como por seqüências vulcanossedimentares e metassedimentares denominados de Umburanas, Licínio de Almeida, Urandi, Ibitira-Ubiraçaba, Boquira, Brumado Guajeru, Riacho de Santana-Urandi (Inda & Barbosa 1978, Soares et. al. 1990, Cunha et al, 1996, Bastos-Leal et al 1998, Silva & Cunha 1999, Arcanjo et. al. 2000),de idades inda incerta, entre o arqueano e o paleoproterozóico (Silva & Cunha 1999). Além disso, tem-se coberturas de idades meso a neoproterozóicas, dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco (Barbosa & Dominguez, 1996). As sequências vulcanossedimentares tais como Umburanas, Riacho de Santana, Ibitira-Ubiraçaba representam testemunhos de Greenstones Belts. Nestas sequências foram identificados os primeiros e mais espetaculares registros no território baiano, de derrames komatíiticos com texturas spinifex bem preservadas (Cunha & Fróes 1994, Cunha et. al.1996, Silva & Cunha 1999). Na região compreendida entre as cidades de Caetité e Brumado, tem-se o Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba, inserida no Complexo Ibitira Brumado, que é composta por rochas anfibolíticas de derivação basáltica e gabróica, intercaladas com metassedimentos químicos (formações ferríferas bandadas, mármores, rochas calcissilicáticas); rochas metaultrámaficas; metapelitos, quartzitos e vulcanitos félsicos milonitizados. Todas essas litologias formam intrudidas por corpos graníticos (Barbosa et. al. 1996). Esta sequência está inserida na feição estrutural que é a Zona de Cisalhamento Iguatemi (Sabaté 1996), que é uma das estruturas que foram reativadas durante a evolução do Corredor do Paramirim (Cruz 2004, Cruz & Alkmim 2006). De acordo com Cruz (2004), o seu traçado apresenta-se segundo NNE-SSW entre as cidades de Caculé e Ibitira. Nessa região, hospedados no Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba foram encontrados granitóides tipo S nunca antes relatados na literatura cujas relações de campo sugerem que se tratam de produtos da fusão dos metapelitos. O Presente trabalho visa contribuir com o entendimento da geologia do Bloco Gavião, especialmente com o estudo da granitogênese a ele associado. 18 1.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE PESQUISA A área de pesquisa localiza-se nas cercanias da cidade de Ibiassuçê, na região centro-oeste do Estado da Bahia, distante da cidade Salvador cerca de 625Km (Fig 1.2). Figura 1.2-Mapa de localização da área de estudo. 1.3. CONTEXTUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA A zona de cisalhamento Iguatemi é uma das estruturas que foram reativadas durante a evolução do Corredor do Paramirim (Cruz 2004, Cruz & Alkmim 2006) e está hospedada no Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. De acordo com Cruz (2004), o seu traçado apresenta-se segundo NNE-SSW entre as cidades de Caculé e Ibitira. A norte dessa cidade essa zona se bifurca em dois ramos principais, um que segue com a mesma direção e outro que inflexiona na direção ENE-WNW e que segue em direção à cidade de Ibitira. Entre o município de Ibitira e Iguatemi, a zona de cisalhamento em foco posiciona-se segundo 19 NNW/SSE. Ainda de acordo com aquela autora, a zona de cisalhamento apresenta uma largura média de 8 km e, em seu domínio mais a norte, trunca as rochas metassedimentares do Supergrupo Espinhaço, na Chapada Diamantina. A partir da análise estrutural multiescalar, Mesquita (2007) estudou a evolução estrutural na zona de cisalhamento de Iguatemi, entre as cidades de Caculé e Ibiassucê e identificou duas fases deformacionais. A primeira, de caráter sinistral reverso e a segunda de caráter destral reverso. Nas cercanias da cidade de Ibiassucê, a zona em foco corta rochas metapeliticas ricas em granada e biotita que foram fundidos e geraram um granito S denominado genericamente de Granitóide Broco. Em afloramento, é notável a relação de contato entre os granitóides e as unidades metapelíticas, que sugerem que a sua formação esteja relacionado com fusões de rochas metassedimentares. Neste sentido, surgem as seguintes questões: qual a constituição petrográfica do Granitóide Broco? Qual a sua expressão cartográfica? Responder a essas perguntas contribuirá para o estudo da evolução tectônica do Bloco Gavião. 1.4. OBJETIVOS O Presente trabalho tem como objetivo geral, desenvolver o estudo petrográfico do Granitóide Broco. Os objetivos específicos foram: a) Proceder ao mapeamento geológico do Granitóide Broco e de suas encaixantes imediatas. b) Identificar a mineralogia, microestruturas e aspectos deformacionais. 1.5. JUSTIFICATIVA Apesar de ser uma unidade bem estudada, ainda existem muitos questionamentos a respeito das litologias que compõem o Bloco Gavião, assim como com relação à sua evolução tectônica. Recentemente, o mapeamento geológico realizado por Cruz et. al. (2009) levou à identificação de um granitóide que é o produto da fusão de sedimentos do Greenstone Belt de Ibitira-Ubiraçaba na zonas de cisalhamento Iguatemi. A caracterização petrográfica do Granitóide 20 Broco é o primeiro passo para o entendimento do significado tectônico dessas rochas, que possivelmente são muito pouco conhecidas nesse setor da crosta baiana. 1.6. MÉTODO DE TRABALHO Para o desenvolvimento metodológico deste trabalho foram realizadas as seguintes atividades: a) Pesquisa bibliográfica, procurando informações, sobre a geologia do Bloco Gavião e as características relacionadas com granitóides do tipo S. b) Trabalho de campo, totalizando 8 dias, realizada no segundo semestre de 2008. Nessa atividade procedeu-se à contextualização do corpo, a verificação da sua relação com as encaixantes imediatas e a coleta de amostras para estudos os petrográficos. c) Estudo petrográfico e microestrutural com descrição macroscópica e microscópica das amostras coletadas na etapa de campo, visando a caracterização litológica, a identificação dos aspectos texturais e a determinação da mineralogia. d) Elaboração da Monografia com a integração de todos os dados e interpretações obtidas nas outras etapas do trabalho. 21 CAPITULO 2-GEOLOGIA REGIONAL 2.1. INTRODUÇÃO No Cratón do São Francisco distinguem-se duas áreas de exposição do embasamento, respectivamente, na porção nordeste e no extremo sul, bem como duas áreas de cobertura, a bacia do São Francisco e o Aulacógeno do Paramirim (Alkmim et. al. 2003) (Figura 2.1). Figura 2.1- Mapa geológico simplificado do Cráton do São Francisco (Modificado de Alkmim et. al. . 1993). Fonte Almeida 2004 22 Em suas margens foram edificadas cinco faixas orogênicas: Brasília, Rio Preto, Riacho do Pontal, Sergipana e Araçuaí que correspondem às porções externas do Sistema Orogênico Tocantins, da Província Borborema e do Orógeno Araçuaí (Campos-Neto 2000, Alkmim. et. al.2001). A área de estudo encontra-se inserida na porção sul do Bloco Gavião, uma entidade construída no arqueano e no paleoproterozóico (Marinho 1991, SantosPinto 1996, Basto-Leal 1998, Basto Leal et al. 1998, 2003) que compreende gnaisses, migmatitos, granitos e Sequências Metavulcanossedimentares mais antigas do que 1.8 Ga. O Bloco Gavião representa o embasamento do Aulacogéno do Paramirim (Pedrosa-Soares 2001), ou Aulacogéno do Espinhaço (Inda e Costa 1982), que corresponde a bacia no qual se depositaram os sedimentos do Supergrupo Espinhaço e São Francisco, de idades paleo/meso e neoproterozóicas, respectivamente. 2.2. UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS 2.2.1. Embasamento a) Gnaisses e Migmatitos Compreende ortognaisses e migmatitos de coloração, em geral, cinza, com idades que variam desde 3.4 a 2.6 Ga (Marinho 1991, Santos-Pinto 1996, BastoLeal 1998, Basto - Leal et. al. 1998, Arcanjo et. al. 2000, dentre outros) e composição variando entre tonalitos e granodioritos com eventuais granitos. São comuns os enclaves máficos (anfibolitos), que estão concordantes com o bandamento gnáissico (Arcanjo et. al. 2002). De acordo com esse autor, predomina uma paragênese mineral que inclui hornblenda e processos de migmatização indicativos de fácies anfibolito alto. Uma segunda paragênese na fácies anfibolito baixo e xisto-verde está relacionada a zonas de cisalhamento (Cruz 2004). O Bloco Gavião vem sendo alvo de estudos geocronológicos e geoquímicos, podendo ser citado o trabalho de Bastos-Leal (1998) e Bastos-Leal et al. (1998) que datou alguns dos corpos de maior expressão desse bloco, quais sejam, o Granitóide Lagoa de Macambira, nas imediações da cidade de Ibitira, e o Granodiorito Malhada das Pedras, situados na porção sudoeste do estado da Bahia, nas imediações da cidade homônima. De acordo com aquele autor, o granito Lagoa de Macambira 23 consiste em um corpo de forma oval, de coloração cinza clara e granulação fina, fracamente foliado. Apresenta enclaves de rochas máficas. Sua composição mineralógica é definida por plagioclásio, quartzo, microclina, biotita, muscovita, epídoto, zircão e apatita como acessórios. Quimicamente este corpo é caracterizado como de natureza calcio-alcalina, de baixo à médio K. Uma idade 207 Pb/206Pb de 3146 ± 24 obtida por aquele autor foi interpretada como sendo a associada com a cristalização do corpo. A idade modelo Sm/Nd T DM também obtida por aquele autor foi 3,34 Ga. De acordo com Bastos-Leal (1998) e Bastos-Leal et al. (1998), o Granodiorito Malhada das Pedras é um corpo de coloração cinza claro a rosa claro, com cristais de granulação de média a grossa, porfirítico, foliados e algumas vezes lineados, neste caso devido a presença de zonas de cisalhamento regionais. Enclaves de migmatitos, ortognaisses e rochas máficas são bastante comuns. A composição mineralógica consiste em plagioclásio, quartzo, biotita, microclina, com minerais opacos, apatita e zircão como acessórios. Quimicamente é caracterizado como de natureza calcio-alcalina de médio a alto K. Idades Rb/Sr obtidas por aqueles autores em 2840 ± 134 Ma foram interpretada como estando associada com a colocação do corpo na crosta. A idade Sm/Nd TDM encontrada foi 3,27 Ga. No Bloco Gavião predominam rochas metamorfizadas em fácies anfibolito. Entretanto, na porção oeste do bloco, na região de Guanambi, ele é constituído por gnaisses e migmatitos de fácies granulítica e anfibolítica, onde são comuns inclusões paleossomáticas de rochas anfibolíticas, básicas, ultrabásicas e veios ou bolsões neossomáticos de composição granítica e sienítica. Essas rochas foram agrupadas no Complexo Santa Isabel (Barbosa & Costa, 1973). Os ortognaisses granulíticos são cinza esverdeados, de granulação média e composição tonalítica a granodiorítica, localmente granítica, sempre com hiperstênio. Abrigam enclaves de anfibolitos, gabros/dioritos e noritos e, muito raramente, de rochas calcissilicáticas e ultrabásicas (Arcanjo et. a.l 2002). De acordo com esses autores, os migmatitos granulíticos apresentam a mesma composição dos ortognaisses de igual natureza. Resultados geocronológicos prévios nos ortognaisses e migmatitos granulíticos evidenciam idades Rb-Sr (isócronas de referência, em rocha total) de ca. 3,0 Ga e ca. 2,7 Ga (Mascarenhas & Garcia, 1989), e idade modelo Sm-Nd (TDM) de ca. 3,1 Ga. 24 b) Sequências Metavulcanossedimentares. As sequências metavulcanossedimentares do Bloco Gavião apresentam idades incertas e são agrupadas como unidades arqueanas à paleoproterozóicas (Silva & Cunha 1999). De acordo com esses autores, as unidades constituintes foram metamorfizadas em condições que variam de xisto verde a anfibolito. As principais sequências reconhecidas no Bloco Gavião são Licínio de Almeida, Urandi, Boquira, Ibitira-Ubiraçaba, Guajeru, Riacho de Santana, Brumado, Contendas Mirantes, Umburanas (Figura 2.2). Figura 2.2 – Mapa Geológico do Estado da Bahia simplificado, mostrando os principais terrenos Greenstone Belt e Seqüências Vulcanossedimentares. Fonte: Modificado de Silva & Cunha (1999). A Sequência Licínio de Almeida apresenta rochas anfibolíticas de derivação basáltica e gabróica, que estão intercaladas com metassedimentos químicos (BIFs, 25 mármores, rochas calcissilicáticas), rochas metaultramáficas, rochas carbonáticas, com predominância de calcita-mármores e mármores dolomíticos, formações ferríferas bandadas metamorfizadas na fácies anfibolito, quartzitos bandados e quartzito calcissilicáticos e vulcanitos félsicos milonitizados intrudidos por pequenos corpos graníticos (Cruz et. al. 2009). A Seqüência Urandi compreende metabasitos, metapelitos com quartzitos ferruginosos e com destaque para a presença de formações ferríferas e manganesíferas, cherts e mármores (Figueiredo 2009). O metamorfismo é da fácies anfibolito. Para a Sequência Boquira os trabalhos realizados por Rocha (1985) e Arcanjo et. al. (2002) constataram a ausência de rochas vulcânicas associadas e a sua natureza essencialmente metassedimentar. Estes autores descrevem como principais tipos litológicos desta seqüência, as formações ferríferas bandadas, das fácies óxido e silicato. A fácies óxido é composta por quartzo-hematita e quartzomagnetita, ao passo que nas fácies silicato são descritas quartzo-cummingtonitaantofilita-actnolita. Rocha (1985) interpreta a Seqüência de Boquira como decorrrente do preenchimento de uma bacia epicontinental de águas rasas, com presença de organismos anaeróbicos, interpretação esta utilizada pelo mesmo autor para as seqüências de Licínio de Almeida e Urandi (Barbosa et, al 1996) . A sequência Ibitira-Ubiraçaba compreende uma faixa contínua, em forma de ferradura, que bordeja uma estrutura dômica, constituída por ortognaisses migmatíticos (Arcanjo et. al. 2002). É composto por gnaisses bandados que alternam-se com níveis de biotita/hornblendagnaisses, gnaisses quartzo-feldspáticos e anfibolitos. Nessa seqüência são comuns intercalações de formações ferríferas bandadas, fácies silicato (grunerita/cummingtonita) e óxido (magnetita/hematita), que às vezes gradam para metacherts e para rochas calcissilicáticas localmente granadíferas (Arcanjo et. al. 2002). Ocorrem ainda níveis de talco-tremolita mármores, xistos ultramáficos, ricos em antofilita e quartzitos, localmente com fuchsita (Arcanjo et. al. 2002). Os biotita gnaisses bandados apresentam elevado percentual de biotita e quartzo, e localmente granada, diopsídio, actinolita-tremolita e hornblenda; ocorrem níveis subordinados de quartzitos, rochas calcissilicáticas e anfibolitos (Arcanjo et, al, 2002). A Sequência Guajeru segundo Bonfim (1982), é um conjunto em forma de arco de trend geral N-S, constituído na base, por rochas metabásicas e 26 metaultrabásicas xistificadas, metamorfizadas em baixo grau, com intercalações de quartzitos e metacarbonatos. Segundo este mesmo autor, a porção média/superior é constituída por rochas de natureza predominantemente metassedimentar, tais como formações ferríferas bandadas, quartzitos a fuchsita e metacarbonatos (Barbosa et, al, 1996). A Sequência Riacho de Santana é um greenstone belt composto por quartzitos a metacherts, formações ferríferas bandadas (fácies óxido e silicato), formações manganesíferas, rochas calcissilicáticas, anfibolitos, cloritas xistos e metaultramáficas, metamorfizadas nas fácies xisto verde a anfibolito baixo (Barbosa et. al. 1996). A Sequência Contendas-Mirantes é constituída predominantemente por rochas supracrustais metamorfizadas na fácies xisto verde (Marinho 1991). De acordo com Marinho (1991) é composto por três unidades litoestratigráficas: A unidade inferior é composta por metavulcanitos, máficos e félsicos com intercalações de metassedimentos químicos e siliciclásticos. A unidade intermediária é composta por sedimentos epiclásticos pelíticos e psamíticos, com vulcanitos máficos calci-alcalinos. A unidade superior é constituída essencialmente por sedimentos epiclátiscos de granulometria grossa (areias e conglomerados). A Sequência Umburunas de acordo com Cunha & Fróes (1994) é um greenstone belt composto por três unidades litoestratigráficas, que represetam três ciclos vulcânicos distintos. A unidade inferior é composta na base por komatiítos, rochas vulcânicas ultramáfica, acompanhadas por metabasaltos toleíticos e metadacitos representando o primeiro ciclo vulcânico. Eles são intercalados por quartzitos com conglomerados horizontais, metassedimentos quimicos-pelíticos (BIF´s, cherts, metacarbonatos e rochas calssicilicáticas e vulcanitos félsicos atribuídos ao segundo ciclo vulcânicos. De acordo com aqueles autores, a unidade intermediária é dominantemente composta por metavulcânicos félsicos do terceiro ciclo vulcânico e rochas vulcânicas epiclásticas. A unidade superior é constituída essencialmente por metacarbonatos. Esta sequência é dominantemente metamorfisada na facíes xisto verde. c) Granitóides Paleoproterozóicos A granitogênese paleoproterozóica no Bloco Gavião é representada por corpos intrusivos nos Greenstone Belts e terrenos gnáissico-migmáticos arqueanos. 27 Estes corpos de granitoídes apresentam formas diversas e dimensões variadas (Bastos Leal 1998, Basto-Leal et. al. 1998). Por vezes, os plútons apresentam-se lineados e/ou foliados segundo o trend das estruturas regionais, produto da atuação de zonas de cisalhamentos regionais brasilianas (Bastos Leal 1998). Dentre eles pode-se destacar o Batólito Monzo-sienitico de Guanambi, com maior expressão areal, além dos corpos de Caculé, Rio do Paulo, Espírito Santo, por exemplo. O Batólito granitóide de Guanambi-Urandi (BMSGU) (Rosa et. al., 1996a) é um corpo intrusivo monzossienítico com cerca de 6000 km 2. Rosa et. al. (1996) levando em conta as relações de campo (contatos e estruturas) e a distribuição faciológica, dividiu o BMSGU em dois domínios principais: o das intrusões múltiplas (Fácies Guanambi) e o das intrusões tardias, sendo que este último domínio foi subdividido em outras duas fácies: Cara Suja e Estreito. Segundo Rosa 1996, as rochas do Batólito de Guanambi, na Fácies Guanambi, são constituídas por corpos monzoniticos, monzodioritos, graníticos e sieníticos com mineralogia composta por ortoclásio, quartzo azul, hornblenda, micamarron e, subordinadamente, clinopiroxênio. A mineralogia acessória é constituída por apatita, zircão, óxidos de Fe-Ti, esfênio e sulfetos tardios. Segundo aquela mesma autora a fácies Cara Suja é composta por monzonitos, monzogranitos e alkali feldspato sienito que são rochas de coloração clara com mineralogia máfica composta por horblenda, biotita, mica, clinopiroxênio e mineralogia acessória composta por apatita, zircão, esfeno e óxidos Fe-Ti. A fácies Estreito é constituída essencialmente, por rochas leucocráticas, faneríticas média a grossa, com composições variando de sienitos, monzonitos e granitos (Rosa et al, 1996). Em todas as fácies, são freqüentes a presença de cristais de quartzo azul. As rochas mais máficas são representadas por sienitos mesocráticos porfiríticos com matriz mica-clinopiroxenítica (Rosa et, al, 1996). Do ponto de vista litogeoquímico, as rochas do Batólito de Guanambi-Urandi são metaluminosas, de filiação calcialcalina de alto K, resultantes da diferenciação de um magma híbrido, composto por um componente mantélico de natureza alcalina e por um produto da fusão parcial de uma crosta continental de composição possivelmente TTG (Teixeira, 2000). As idades disponíveis para o Batólito de Guanambi-Urandi indicam idades K/Ar e Rb/Sr de 2.0 Ga (Távora et. al., Jardim de Sá et. al., 1976., Mascarenhas & Garcia, 1987). Isócrona Rb/Sr para a fácies Cara Suja indicam idades 2, 1778±0, 103 (Rosa 28 et al 1996). Paim et., al. (1999) e Santos et. al. (1999) obtiveram, respectivamente, idades U-Pb em zircões de 2.053 + 3 Ma, para o maciço de Cara Suja e de 2.067 (7, +55) Ma, para o maciço de Estreito (Arcanjo et, al 2002). Essas idades citadas indicam o tempo de colocação das intrusões tardias. O maciço Espírito Santo é um corpo granitóide intrusivo nos terrenos TTG. Essa rocha possui aspecto homogêneo, cor róseo, mosqueado devido a presença de pequenos nódulos de biotita dispersos na rocha (Bastos Leal et. al. 2000). Possui granulação fina a média e estrutura levemente foliados, portando enclaves dos terrenos TTG arqueanos. Apresentam textura granoblástica, com palhetas disseminadas de biotita em meio a um mosaico irregular de microclina, plagioclásio e quartzo. Cristais de biotita e muscovita aparecem quase sempre associados. Apatita, monazita e zircão representam os principais minerais acessórios deste granitóide. Análises isotópicas 207 Pb/206Pb (zircão) forneceram idade de cristalização de 2012 ± 25 Ma. As idades modelo Sm/Nd T DM variam entre 3,05 e 3,09 Ga, enquanto o Nd(t) varia entre -11,0 e -12,0 (Bastos Leal et al. 2000). O maciço de Caculé possui composição homogênea, coloração variando de cinza a rósea, estrutura maciça, com discreta orientação dos componentes máficos (anfibólio e biotita) dispersos num mosaico formado por feldspato e quartzo (Bastos Leal et. al. 2000). Quando atingidas pela deformação, as rochas deste maciço apresentam forte foliação de cisalhamento, mostrando localmente aspecto milonítico, especialmente nas proximidades das zonas de cisalhamentos brasilianas, que compõe o lineamento Iguatemi (Bastos Leal et. al. 2000). São comuns a presença de xenólitos angulares de rochas gnáissicas paraderivadas e de granulitos máficos (Bastos Leal et. al. 2000). Quando preservadas das deformações brasilianas, as rochas do maciço de Caculé apresentam, textura granoblástica, com cristais de microclina, plagioclásio e quartzo reunidos em agregados poligonais, estando a biotita em palhetas irregulares associadas a cristais de hornblenda e allanita, minerais opacos, titanita, allanita e massas irregulares de apatita, intimamente associados a biotita e anfibólio, e finos cristais de apatita e zircão, freqüentemente inclusos nos feldspatos, compõem a mineralogia acessória (Bastos Leal et al. 2000). Análises isotópicas 207 Pb/ 206 Pb (zircão) revelaram idade de cristalização de 2019 ± 32 Ma. As idades modelo Sm/Nd variam entre 2,63 e 2,74 Ga e apresentam ƐNd(t) variando entre (-6,8 a -7,9), valores das razões isotópicas 87 Sr/ 86Sr variam entre 0,704-0,710 (Bastos Leal et al. 2000). 29 O maciço do Rio do Paulo está alojado nos terrenos do Bloco Gavião e nas rochas metavulcanossedimentares do Complexo Ibitira- Brumado (Menezes Leal et. al. 2005). Este maciço é constituído por rochas relativamente homogêneas, com coloração variando de cinza claro a escuro, granulação grossa, composto essencialmente por biotita granitos e hornblenda, biotita granitos, fortemente foliados por uma tectônica de cisalhamento, que define por vezes estruturas em “augen” (Menezes Leal et. al. 2005). Apresentam textura milonítica com porfiroclastos de microclina (10%) e quartzo (20%) imersos em matriz fina de plagioclásio, quartzo e microclina (a matriz representa cerca de 35% do volume total da rocha). A biotita (≈20%) e hornblenda (≈15%) ocorrem de forma aleatória, enquanto que opacos, zircão, titanita, monazita e apatita constituem a mineralogia acessória (Menezes Leal et. al. 2005). Associados a estas rochas ocorrem e glomérulos máficos, além de enclaves dos terrenos TTG arqueanos (Fróes et. al. 1994; Bastos Leal 1998). Dados isotópicos indicam idades Rb-Sr de 1959 ± 50 Ma e razões iniciais 87 Sr/86Sr = 0,711 ± 0,002, além de idade modelo Sm/Nd T DM = 2,73 Ga e ƐNd(t) = - 6,1 (Bastos Leal et. al. 2000). O maciço Iguatemi também intrude as rochas vulcanossedimentares do Complexo Ibitira-Brumado e os terrenos TTG arqueanos. Estes granitóides, representados principalmente por biotita-granitos, apresentam coloração variando de cinza a cinza-róseo, granulação fina a média, composição homogênea e estrutura levemente foliada, com forte foliação nas porções marginais da intrusão, tipicamente relacionada aos estágios de evolução magmática (Menezes Leal et al. 2005). A presença de enclaves de rochas gnáissicas migmatíticas são freqüentes. As rochas apresentam textura porfirítica com megacristais de microclina (~8%) envolvidos por matriz fina formada por plagioclásio (≈60%), quartzo (≈20%), biotita (≈10%) e muscovita (≈2%) (Menezes Leal et al. 2005). A mineralogia acessória é representada por titanita, allanita, apatita, monazita e zircão. Dados isotópicos Rb-Sr forneceram idade de 2030 ± 75 Ma e razão inicial 87 Sr/86Sr = 0,704 ± 0,009. As idades modelo Sm/Nd TDM variam entre 2,9 e 3,7 Ga enquanto o Nd(t) varia entre -8,9 e -13,4 (Bastos Leal et. al. 2000). 30 2.2.2. A Suíte Intrusiva Lagoa Real A Suíte Intrusiva Lagoa Real (Arcanjo et. al. 2002) corresponde ao magmatismo plutônico do Aulacógeno do Paramirim e é constituída por rochas isotrópicas (granito São Timóteo) e gnáissicas (ortognaisses Lagoa Real). O granito São Timóteo é composto por sienitos a granitos isotrópicos, de coloração creme acinzentado, granulação média a grossa, localmente pegmatoidal e/ou porfirítica, por vezes com enclaves máficos microgranulares (Arcanjo et. al 2002). Têm como principal característica a presença de quartzo azul e feldspatos idiomórficos e, localmente, remanescentes de hiperstênio. Subordinadamente ocorre outra fácies isotrópica porfirítica, constituída de hiperstênio quartzossienito de cor castanha e matriz de granulação média a grossa, cuja característica principal é a presença de hiperstênio (Arcanjo et. al. 2002). Em ambas as fácies, a orientação dos minerais deve-se quase exclusivamente ao fluxo magmático. O granito São Timóteo grada lateralmente para os ortognaisses Lagoa Real por ação diferencial da deformação, que gera um gradiente na intensidade e densidade das foliações e propicia o aparecimento de granitóides com estruturas gnáissicas e augengnáissicas a fitadas que, localmente, encaixam corpos de albititos ( Arcanjo et, al 2002). Os ortognaisses, a litofácies mais abundante, tem granulação média a grossa e composição quartzossienítica a granítica, com hornblenda e/ou biotita (Arcanjo et, al 2002). Os augengnaisses são de granulação média/grossa a porfiroclástica e correspondem a biotita (hornblenda subordinada) quartzossienitos a granitos, que têm em comum porfiroclastos (augen) de K-feldspato (Arcanjo et. al. 2002). A Suíte Lagoa Real relaciona-se a um magma metaluminoso e calcialcalino de alto K, produzido essencialmente pela fusão parcial de uma crosta ígnea com provável contribuição sedimentar. Contudo, a assinatura geoquímica de alguns elementos-traço indica que também houve a participação de material mantélico alcalino na fonte do magma progenitor (Teixeira, 2000). Os estudos isotópicos referentes ao granito SãoTimóteo e aos ortognaisses Lagoa Real definem idades UPb (zircão) de 1.725 Ma (Turpin et al., 1988) e 1.746 Ma (Pimentel et al.,1994), PbPb de ca. 1.710 Ma e Rb-Sr de ca. 1.710 Ma (Cordani et al., 1992) e confirmam a cogeneticidade entre as diversas tectonofácies da suíte (Arcanjo et, al 2002). 31 2.2.3. Supergrupo Espinhaço Essa é a principal unidade que representa o preenchimento da feição morfotectônica conhecida como Aulacogéno do Paramirim (Pedrosa-Soares 2001), ou Aulacogéno do Espinhaço (Inda e Costa 1982). Segundo Barbosa e Dominguez (1996), o Supergrupo Espinhaço consiste de sedimentos essencialmente terrígenos com contribuição vulcânicas ácidas a intermediarias na sua base. Na Bahia esta unidade aflora na serra do Espinhaço Setentrional e na Chapada Diamantina. A divisão estratigráfica do Supergrupo Espinhaço é motivo de estudo de inúmeros autores, com os primeiros trabalhos sendo realizados no começo do século passado por Derby (1906) e Branner (1910), sendo a partir daí propostas outras correlações e empilhamentos estratigráficos por outros autores até o presente momento. Na serra do Espinhaço Setentrional Dominguez (1993) reconheceu três seqüências. A primeira, na base, denominada de Seqüência Deposicional Borda Leste, repousa diretamente sobre o embasamento arqueano e é composto na base por rochas efusivas ácidas (riolitos), seguido por quartzitos com estratificação cruzada de grande porte de origem eólica que passam para quartzitos e filitos interestratificados, depositados em ambiente marinho plataformal dominado por tempestades. A segunda, denominada de Seqüência Deposicional Espinhaço, repousa discordantemente sobre a sequência mencionada anteriormente, constituída na base por intercalações de camadas de quartzito com estratificação cruzada acanalada de origem fluvial que incluem seixos de diversas litologias e camadas de quartzito com laminação plano paralela de origem eólica. Estas intercalações passam em direção ao topo para quartzitos com estratificação cruzada do tipo hummocky e marcas de ondulação de granulação grossa depositados em ambiente litorâneo. Este por sua vez gradam verticalmente para filitos granadíferos, localmente grafitosos, depositados em ambiente relativamente profundo. Por fim, tem-se a Sequência Deposicional Gentio que repousa diretamente acima da Sequência Deposicional Espinhaço, sendo constituída por intercalações de camadas de quartzito médio a grosso e filito, interpretadas como lobos turbidíticos depositados por correntes de turbidez de alta densidade. Por sua vez, Dominguez & Barbosa (1996) dividiram o Espinhaço Setentrional em dois Grupos: o Grupo Borda Leste, com a mesma composição litológica da 32 Sequência Deposicional Borda Leste descrito anteriormente, e o Grupo Serra Geral com a mesma composição litológica das Sequências Deposicionais Espinhaço e Gentio. Neste último caso tem-se as seguintes formações: Formação Salto constituído por duas litofácies; S1 (quartzitos médios á finos por vezes conglomeráticos) e S2 (quartzitos finos a médios bem selecionados), Formação Sítio Novo constituído por três litofácies: T1 (quartzitos médios, sericíticos, com grande quantidade de estratificações cruzadas dos tipos acanaladas e espinha de peixe), T 2 (quartzito avermelhado de granulação fina, sericítico, com intercalações de filito grafitoso, com laminação plano paralela), T3 (quartzitos de granulação média á fino, com estratificação cruzada do tipo hummocky) e por fim a Formação Santo Onofre constituída por duas litofácies: G1 (filitos granadíferos, grafitosos com intercalações de quartzitos, com marcas onduladas), e a G2 (Quartzitos e filitos). Em uma outra concepção estratigráfica, Schobbenhaus (1996) dividiu o Espinhaço Setentrional em dois grupos: o Grupo Oliveira dos Brejinhos, composto, da base para o topo pelas formações: Pajeú (arcóseos, conglomerados, vulcanitos), Bom Retiro (quartzitos, conglomerados), Fazendinha (quartzitos, xistos) e Serra da Vereda (dumortierita e/ou cianita-quartzitos). Inda & Barbosa (1978), Costa & Silva (1980), Dominguez (1996) e Schobbenhaus (1996) sugerem que a bacia do Espinhaço pode ser interpretada como um rift de orientação meridiana que, na sua fase inicial, esteve condicionado a um vulcanismo félsico, em ambiente continental, associado a sistemas fluviais, de leques aluviais e eólicos. Em direção ao topo, a bacia grada para sistemas fluviodeltáico a marinho de águas rasas. Diferente das propostas apresentadas por Schobbenhaus (1996) e Barbosa & Dominguez (1996), Danderfer & Dardenne (2002), utilizando o conceito de aloestratigrafia dividiram o Espinhaço Setentrional em oito sintemas (unidades limitadas por discordâncias ou descontinuidades em uma bacia sedimentar). Os seguintes sintemas foram identificados por aqueles autores: (i) Sintema Algodão, unidade que apresenta uma espessa sucessão siliciclástica com ocorrências locais de rochas vulcânicas, que ocorre em contato discordante com o embasamento préespinhaço; (ii) Sintema São Simão, unidade sobreposta também ao embasamento pré-espinhaço, com seu contato não definido claramente. Consiste em rochas vulcânicas deformada em graus variados, predominando riolitos com riodacitos subordinado, e em áreas com deformação moderada a alta observa-se quartzo- 33 muscovita xisto com foliação milonítica; (iii) Sintema Sapiranga, unidade sobreposta ao Sintema Algodão por contato brusco, consistindo em conglomerado basal, arenitos feldspáticos, com estratificação cruzada acanalar e planar, arenitos puros a feldspáticos, finos a médios e com estratos cruzados de grande porte, pelitos e vulcânicas intermediárias; (iv) Sintema Pajéu unidade que segundo o autor é a sequência basal do Espinhaço Setentrional, composta predominantemente por conglomerados, arenitos e pelitos, estando assentada sobre o embasamento préespinhaço e o Sintema Sapiranga. Esta unidade apresenta três formações, a Riacho Fundo consistindo de conglomerados polimíticos maciços e gradacionais, arenitos feldspáticos com estratificação cruzada acanalada e tabular, formação Ipuçaba que compreende arenitos finos a muitos finos, interestratificados com pelitos e a formação Bomba que reúne rochas vulcânicas, vulcanoclásticas e epiclásticas félsicas a intermediárias; (v) Sintema Bom Retiro, composto por sequência de quartzo-arenito bem selecionado com estratificações de grande porte, assentandose discordantemente sobre o sintema Pajéu; (vi) Sintema São Marcos situada acima do Sintema Bom Retiro, apresentando as seguintes formações: Formação Riacho do Bento que compreende metarenitos muito finos a grossos, feldspáticos ou micáceos com estratificação cruzada e intercalações subordinadas de metapelito e Formação Fazendinha com constituição semelhante à unidade descrita anteriormente; (vii) Sintema Sítio Novo, situada logo acima do Sintema descrito anteriormente, constituída por conglomerados e microconglomerado na sua base, arenitos finos a muito grossos de natureza quartzítica a feldspática, além de mármores dolomíticos e calcíticos com estromatólitos; (viii) Sintema Santo Onofre, unidade mais nova, composta por metapelitos, predominantemente carbonosos, com o topo apresentando intercalações de arenito fino a médio, além de brechas sedimentares e, em menor volume, conglomerados com ocorrências de interestratificação com arenitos grossos a muito grossos. Assim como visto para o Espinhaço Setentrional, no caso da Chapada Diamantina também possui inúmeros estudos acerca de sua divisão estratigráfica, com os primeiros trabalhos ocorrendo no inicio do século passado. Dominguez (1993) definiu três sequências deposicionais: Sequência deposicional Paraguaçu Rio dos Remédios, que compreende quartzitos feldspáticos, siltitos, folhelhos e camadas descontínuas de conglomerados que exibem uma grande variabilidade lateral de fácies. Este autor afirma identificou ainda rochas efusivas ácidas (dacitos, 34 riolitos e tufos), além de conglomerados e quartzitos com estratificação cruzada de grande porte de origem eólica, siltitos e pelitos com marcas de ondulação, arenitos e conglomerados grossos com estratificação cruzada acanalar de origem fluvial. A segunda sequência deposicional definida por Dominguez (1993) foi a Tombador-Cabloco, que é constituída por arenitos grossos a muitos grossos arcoseanos, com estrato cruzado acanalados de origem fluvial, sedimentos de origem eólica, lamitos e arenitos finos depositados em plataforma marinha rasa. Por fim, a última sequência deposicional definida por aquele autor foi a Morro do Chapéu, que é composta por conglomerados e arenitos conglomeráticos com estratificação cruzada acanalada de origem fluvial, arenitos bem selecionados com estratificação cruzada de médio porte e lamitos com acamamento ondulado lenticular, de ambiente estuarino. Silva Pedreira (1994) definiu três grupos litoestratigráficos para o Espinhaço Oriental: Grupo Rio dos Remédios, Grupo Paraguaçu e Grupo Chapada Diamantina. Por sua vez, Dominguez e Barbosa (1996), baseado em Dominguez 1993, dividiram esse Supergrupo na Chapada Diamantina em dois grupos estratigráficos, denominados de Paraguaçu e Chapada Diamantina. O Grupo Paraguaçu, apresenta a mesma constituição litoestratigráfica da Sequência Deposicional Paraguaçu – Rio dos Remédios, a mesma situação ocorre com o Grupo Chapada Diamantina com seus constituintes apresentando a mesma composição das Sequências Deposicionais Tombador- Cabloco e Morro do Chapéu. Por fim, Guimarães et al, (2008), da base para o topo: Formação Serra da Gameleira, Grupo Rio dos Remédios, Grupo Paraguaçu e Grupo Chapada Diamantina, excluindo-se a Formação Morro do Chapéu desse conjunto. As primeiras datações, para se obter a idade de formação da Bacia que comporta os sedimentos do Supergrupo Espinhaço foram realizadas por Jardim de Sá et al (1976). Ele através do método Rb/Sr em rochas metavulcânicas da Chapada Diamantina obteve a idade mínima em torno de 1.175 ± 120Ma. Esse mesmo autor encontrou no Espinhaço Setentrional idade Rb/Sr em torno de 1.150 e 750 Ma, valores que marcariam rejuvenescimentos durante eventos metamórficos no Meso e Neoproterozóico. Por outro lado, Babinski et al. (1994), através do método U/Pb em rochas vulcânicas da formação Ouricuri do Ouro, obteve idade de 1.748 ± 1Ma, enquanto Schobbenhaus et al., (1994) também utilizando o método U/Pb, em rochas da formação Rio dos Remédios encontrou idades em torno de 35 1.752 Ma , valores estes interpretados como época do vulcanismo e início da formação do rifte Espinhaço. 2.2.4. Rochas Intrusivas Básicas São corpos intrusivos no Supergrupo Espinhaço ocorrendo na forma de sills e diques. Trata-se de gabros/diabásios e dioritos cinza-escuro a esverdeado, de granulação fina a média, que mostram quase sempre textura ofítica a subofítica (Arcanjo et. al. 2002). No geral são isotrópicos, embora foliações de fluxo magmático primário paralelas às paredes das intrusões não sejam raras, localmente pode ocorrer dobras e boudins. (Arcanjo et. al. 2002). Para Tanner-de-Oliveira & Corrêa-Gomes (1996) os corpos máficos que intrudem a Chapada Diamantina formam a maior províncias de diques do estado da Bahia, sendo resultado do magmatismo basáltico fissural que atingiu a Chapada Diamantina. Sua composição mineralógica é majoritariamente de plagioclásio do tipo labradorita e andesina e piroxênios do tipo augita-hiperstênio e augita-piegonita, encontrando-se também, cristais de quartzo e biotita. A mineralogia acessória é composta por magnetita, apatita. A partir de determinações geocronológicas K-Ar Sá et. al. (1976b) apontaram um intervalo entre 1.200 e 500 Ma para essas intrusões básicas. Babinski et. al. (1999) obtiveram idade U-Pb, em zircões de anfibólio-gabro intrusivo na Formação Mangabeira (Grupo Paraguaçu), de 1.514 Ma; enquanto Machado et al. (1989), através do mesmo método, dataram os metabasitos que atravessam o Supergrupo Espinhaço em 906 Ma ( Arcanjo et, al 2002). Danderfer et al (2009), através do método 207 Pb/206Pb encontrou uma idade de 854 Ma, em um zircão retirado de um dique máfico presente na Chapada Diamantina. Martins et al (2008) através do método U-Pb encontrou Idades 1496± 3.2 Ma, em zircão de um gabro presente na Chapada Diamantina. 2.2.5. Supergrupo São Francisco Segundo Dominguez & Barbosa (1996), o Supergrupo São Francisco, unidade sobreposta ao Supergrupo Espinhaço, compreende um conjunto de rochas terrígenas e carbonáticas depositadas em ambiente marinho com influencia 36 glaciogênica. Assim como visto no Supergrupo Espinhaço, esta unidade pode ser dividida em duas contrapartes, ocidental, na Bacia do São Francisco, e oriental, na Chapada Diamantina. O domínio ocidental (Bacia do São Francisco) é composto pelos Grupos Macaúbas e Bambuí. O Grupo Macaúbas é constituído por diamictitos e outros sedimentos glaciogênicos de pouca espessura (Barbosa et. al. 1996), sendo sobreposto por rochas siliciclásticas e calcários interestratificados do Grupo Bambuí, que é subdividido das formações Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré e Serra da Saudade (Barbosa et. al. 1996). A respeito da idade do Grupo Macaúbas pode-se citar uma isócrona Rb-Sr obtida de metagrauvacas do conglomerado polimítico aflorante na estrada entre as cidades de Sebastião Laranjeiras e Palmas de Monte Alto, com a idade de 550 Ma por Mascarenhas & Garcia (1987). Esses dados, associados aos obtidos para a sedimentação do Grupo Bambuí, levam vários autores a admitir que a sedimentação do Grupo Macaúbas teria ocorrido no intervalo de 950 a 600 Ma (Arno 1993). Para o Grupo Bambuí diversas datações foram feitas, obtendo-se idades variadas. Amaral & Kawashita (1967) foram os responsáveis pelas primeiras datações geocronológicas, obtendo pelo método Rb/Sr em rocha total uma isócrona de 600 Ma. Marchese (1974) descreve em Minas Gerais estromatólitos Gymnosolenides, atribuindo-lhes uma idade entre 600 e 950 Ma (Arno 1993). Oliveira (1989) comenta que as datações K/Ar, Rb/Sr e Pb/Pb de rochas Bambuí, bem como estudos feitos sobre estromatólitos, revelam uma maior incidência de valores entre 900 e 600 Ma, admitindo que a sedimentação do Grupo Bambuí deva ter se dado nesse intervalo (Arno 1993). A parte oriental é representada pelo Grupo Una que é composta pela Formação Bebedouro, na base, sendo constituída predominantemente por diamictitos de origem glacial. Essa unidade é sobreposta pela Formação Salitre, que é constituída por várias litofácies carbonáticas depositadas em ambiente marinho raso com constante agitação de ondas, e em ambiente de do tipo planície de maré (Barbosa et, al 1996). Uma isócrona Rb/Sr de 900 Ma sobre frações finas da Formação Bebedouro (equivalente oriental do grupo citado) foi obtida por Cordani & Brito Neves, (1978). Para o Grupo Una, Macedo (1982) através do método Rb/Sr em pelitos da formação Bebedouro, indicou idade de deposição de 932 Ma. Já Misi et. al. (1996) através de isótopos de carbono e oxigênio, combinados com o método 37 Sr87/Sr86 , sugere uma idade de 550 Ma, que deve estar relacionada com as deformações dessa unidade, no Neoproterozóico. 2.3. GEOLOGIA ESTRUTURAL O Bloco Gavião é marcado por um conjunto complexo de estruturas que muito pouco vem sendo estudado ao longo dos últimos anos por pesquisadores baianos e nacionais. Estruturas dômicas são noticiadas na região de Brumado por SantosPinto (1996) que acomodam o Domo de Aracatu. Recentemente, Cruz et. al. (2009) identificaram o Domo de Lagoa da Macambira, na região de Ibitira. Estudo recentes sugerem a existência de outros domos na região entre as cidades de Ibitira e Vitória da Conquista (Cruz et al. 2009). Contornando esses domos, e de acordo com esses autores, uma série de zonas de cisalhamento podem ser identificadas, com idade ainda complexa. Em especial, a zona de cisalhamento Iguatemi apresenta uma orientação geral NNW-SSE com inflexão para ENE-WSW e NW-SE (Cruz 2004, Cruz et. al. 2009). Essas zonas foram reativadas durante a formação do Aulacógeno do Paramirim corresponde a um par de riftes que se sucederam no Paleo/meso e no Neoproterozóico (Schobenhaus 1996). Segundo Danderfer (2000), duas fases principais relativas à abertura do Aulacógeno do Paramirim podem ser identificadas. A primeira seria frontal e a segunda Obliqua. A porção invertida do Aulacógeno do Paramirim é o Corredor do Paramirim, que foi definido e delimitado por Alkmim et. al. (1993). Esse corredor compreende o Espinhaço Setentrional a oeste, os Vales do Paramirim e São Francisco no centro, e a borda ocidental da Chapada Diamantina a leste e é limitado na parte norte pelas faixas Rio Preto e Riacho do Pontal e a sul pela faixa Araçuaí. Para Alkmim et. al. (1993) o Corredor do Paramirim corresponde a uma faixa de deformação com orientação geral NNW/SSE e representaria uma zona de inversão máxima do aulacógeno citado. De acordo com Cruz (2004) , a arquitetura regional do Corredor do Paramirim é dominada por um sistema de falhas e dobras de orientação NNWSSE, que interagem com o embasamento. Para Cruz (2004) e Guimarães et. al. (2008), na Chapada Diamantina a trama regional é composta por dois conjuntos de estruturas: O primeiro composto por arranjo de expressivas sinclinais com duplo caimento suave, normais ou localmente invertidas, articuladas por antiformes estreitas, muitas vezes com a zona de 38 fechamento rompida por cisalhamento. As dobras se dispõem ao longo do trend regional NNW-SSE e apresentam vergência geral para nordeste. O segundo por conjunto de estruturas, materializado por um feixe de zonas de cisalhamento dúctil a dúctil-rúpteis com identidade comum e uma flagrante continuidade através do embasamento e da cobertura. Estas zonas de cisalhamento desenvolvem um padrão conjugado com as dobras, com as quais mantém uma relação de interdependência e controlam a geometria final destas estruturas. De acordo com Lagoeiro (1990), no extremo Setentrional do Corredor do Paramirim as estruturas dominantes estão afetadas por uma segunda família de estruturas compressionais, de orientação geral E-W. No setor da Chapada Diamantina tem sido identificado um conjunto de zonas de cisalhamento, dobras e um sistema de duplex vergente para sul. Essas estruturas estariam associadas ao desenvolvimento das faixas orogênicas Riacho do Pontal e Rio Preto durante o Neoproterozóico. Para a parte extremo Meridional da Chapada Diamantina segundo Cruz (2004) e Cruz & Alkmim (2006), as estruturas dominantes de orientação NNW/SSE se superpõem a um conjunto de estruturas de orientação E-W e vergentes para norte. 2.4. EVOLUÇÃO TECTÔNICA Para o Arqueano-Paleoproterozóico, Arcanjo et. al. (2002) sugere que a evolução tectônica da área teria iniciado por volta de 3.300 Ma, com a formação de uma crosta siálica primitiva constituída por protólitos do Complexo GnáissicoMigmatítico. Posteriormente, entre 3.300 e 3.200 Ma, ocorreu a fragmentação da crosta siálica primitivas com a deposição de associações vulcanossedimentares (protólitos dos complexos Ibitira-Ubiraçaba, Ibiajara, Boquira e Riacho de Santana). Entre 3.000 e 2.700 Ma ocorre um processo orogenético devido a subducção de uma placa oceânica sobre outra placa oceânica primitiva, com a primeira sofrendo fusão parcial, tendo por consequência a geração de plútons TTG‟s (protólitos do embasamento pré-espinhaço e do Complexo Santa Isabel). Nesse período houve a construção de um prisma acrescionário, além de deformação tangencial e metamorfismo nas fácies xisto verde e anfibolito. (Fig.2.3). Ainda de acordo com Arcanjo et. al. (2002) entre 2.400 e 2.300 Ma ocorreu novo processo orogenético, com uma deformação tangencial e o metamorfismo atingindo a fácies granulito (consolidação do complexo Santa Isabel). Por fim, entre 39 2.200 a 2.000Ma, ainda de acordo com aqueles autores, ocorreu intenso espessamento crustal promovendo a fusão parcial da porção inferior da crosta siálica gerando retrabalhamento (migmatização) de litologias existentes. Posteriormente ocorre o período de relaxamento pós-compressional do orógeno com geração de magmatismo híbrido (componente mantélica de natureza alcalina com produto da fusão parcial de crosta TTG), produzindo intrusões granitóides (batólito de Guanambi e granitos de Boquira e Veredinha) (Fig 2.3). Figura 2.3- Modelo evolutivo proposto por Arcanjo et. al. (2002), para o arqueano-paleoproterozóico do bloco Gavião. 40 Para Delgado et. al. (2004), a evolução tectônica dos terrenos TTG‟s do bloco Gavião é marcada por diversos episódios magmáticos. Os dados isotópicos e químicos indicam que os componentes mais antigos dessas suítes foram cristalizados a partir de magmas juvenis de derivação mantélica, enquanto os mais jovens apresentam variados graus de contaminação por material crustal (Delgado et. al. 2004). As idades U-Pb de cristalização magmática dessas rochas mostram a existência de sucessivos episódios de acresção ocorridos entre 3,4 e 3,0 Ga, coerente com as idades-modelo TDM, distribuídas no intervalo de 3,1 a 3,6 Ga. No intervalo 3,17–3,15 Ga, intrudem no Bloco Gavião, granodioritos porfiríticos de tendência calcialcalina intrusivos nos ortognaisses TTG paleoarqueanos do domo de Sete Volta (Martins et. al. 1991, 1997). Para as sequências metavulcanossedimentares, Barbosa et. al. (2003), defende que estes foram gerados com a produção inicial de rochas vulcânicas continentais com idades em torno de 3,3 Ga (Sub-Vulcânicas ácidas do ContendasMirante). Estes vulcanitos, após a separação das bordas das bacias intracratônicas e “oceanização”, foram superpostos por komatiitos basais, basaltos toleiíticos com pillow-lavas, rochas piroclásticas e sedimentos químico-exalativos com idade da ordem de 3,2 Ga (Formações Ferríferas Bandadas). Em seguida as supracrustais foram soterradas por sedimentos detríticos com idades mínimas de 3,0-2,8 Ga (Sedimentos Detríticos dos Greenstone Belts de Umburanas e de Guajerú) (Barbosa et al 2003). Ainda de acordo com Barbosa et. al. (2003), a crosta granítica/granodiorítica/migmatítica, predominante no Bloco Gavião, está equilibrada na fácies anfibolito e exibe idades de 3,4 a 2,7 Ga (Ex: Granito Malhada de Pedra). As idades mais jovens são interpretadas como produto da fusão parcial da crosta continental antiga, TTG (Santos-Pinto 1996) durante o fechamento das bacias intracratônicas antes referidas. A evolução das bacias que comportam o Supergrupo Espinhaço é motivo de controvérsia entre vários autores. Para Costa & Inda (1982), a área onde está instalada o Supergrupo Espinhaço é interpretada como um aulacógeno. Segundo este autor a evolução deste aulacógeno estaria marcada por uma alternância entre períodos de soerguimento e subsidência, acompanhados ou seguidos de deformação, metamorfismo e erosão das unidades já depositadas. Inicialmente em 1.750Ma ocorre a individualização da fossa aulacogênica com a formação de um par 41 antéclise-sinéclise, cujo limite é marcado por uma zona de ruptura que representa o eixo do aulacógeno. Nesta fase a sedimentação ocorreu majoritariamente na região de sinéclise, com a região da antéclise permanecendo soerguida neste estágio. Entre 1.700Ma e 1.400Ma ocorre à deposição da parte inferior do Supergrupo Espinhaço, representado por sedimentação vulcanogênica. O fim deste episódio foi marcado por levantamento de blocos, deformações e erosão, tendo do espinhaço inferior como de unidades do embasamento. Já entre 1400Ma e 1000Ma ocorre a deposição das unidades do Espinhaço Médio em um novo processo de subsidência onde ocorre um alargamento do sítio sedimentar para leste, o qual engloba parte da área da sinéclise adjacente. O final desta fase estaria marcado por uma nova tectogênese e metamorfismo, sendo seguida por intrusões fissurais pós-orogênicas de rochas básicas na forma de sills, lacólitos e diques, com idades em torno de 1.100Ma e 1.000Ma. Esse metamorfismo teria sido o responsável pela a xistificação das unidades do Grupo Rio dos Remédios. Após um período de erosão das unidades antigas ocorre a deposição dos sedimentos que formaram as unidades do Espinhaço Superior. Nesta fase ocorre um alargamento do sitio deposicional na direção leste e oeste. Posteriormente ocorre uma nova fase de metamorfismo e deformação afetando todas as unidades constituintes do Supergrupo Espinhaço. Para em seguida ocorrer a deposição dos sedimentos do Supergrupo São Francisco. Para Shobbenhaus (1996), a partir de dados de integração regionais e de dados geocronológicos a evolução do Supergrupo Espinhaço se deu a partir do desenvolvimento de duas tafrogênese superpostas, seguidas por fases de subsidência flexural. O primeiro processo de tafrogênese ocorreu entre 1750Ma e o segundo a 1000Ma. A fase inicial deste rifteamento é marcada por um vulcanismo essencialmente félsico associado a uma sedimentação detrítica continental, ainda nesta fase ocorreu à geração de granitos (Suíte Lagoa Real) que intrudiu o embasamento pré-espinhaço. Ainda de acordo com Shobbenhaus (1996) entre 1000 Ma e 900Ma ocorreu outro processo de rifteamento, (Rifteamento Macaúbas) onde o arqueamento crustal devido a fase extensional, levou ao levantamento e erosão parcial da cadeia do Espinhaço, sendo que em algumas áreas o nível de exumação alcançou as unidades basais ou provocou a sua erosão total. Nesta fase também ocorre à intrusão de rochas básicas no Supergrupo Espinhaço e no embasamento. De 42 acordo com esse autor, as deformações que afetaram as rochas dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco seriam neoproterozóicas, diferente do que foi proposto por Costa & Inda (1982). De acordo com Dominguez (1996) a evolução do Supergrupo Espinhaço estaria associado a uma bacia poli-histórica do tipo sucessora. Segundo este autor a evolução do Supergrupo Espinhaço se inicia por volta de 1,7 Ga, com uma fase de estiramento crustal, onde foram gerados rochas efusivas e seus correspondentes plutônicos no andar inferior do Supergrupo São Francisco, associado a uma sedimentação que formariam os depósitos dos grupos Borda Leste e Paraguaçu. O fim desta fase é marcada por um soerguimento gerando uma discordância de caráter regional que afetou toda a bacia. Após esse episódio de soerguimento ocorreu um novo processo de subsidência gerando a sedimentação dos depósitos dos grupos Serra Geral e Chapada Diamantina. Por fim após inúmeros processos de variações do nível do mar ocorre uma glaciação que formou os depósitos do Supergrupo São Francisco. Para Guimarães et. al. (2008) o Supergrupo Espinhaço também se desenvolveu a partir de duas bacias superpostas durante o paleo e mesoproterozóico, denominadas de bacias do Espinhaço Setentrional e da Chapada Diamantina. Segundo este autor no paleoproterozóico, durante a tafrogênese estateriana, ocorreu adelgaçamento da crosta continental da região (embasamento pré-Espinhaço) e formação de uma bacia flexural, sendo que em seguida há deposição de sedimentos continentais eólicos cujas relações de contato com as unidades Pré- Espinhaço e sinrifte são de caráter discordante erosivo e angular (Fig. 2.4). Figura 2.4- Modelo evolutivo proposto por Guimarães et. al. (2008), da fase pré-rifte nas bacias do Espinhaço Oriental e Chapada Diamantina. 43 Em resposta ao prosseguimento das condições do regime extensional sobre a crosta arqueano-paleoproterozóica ocorria à formação da fase inicial do rifte, Essa extensão da crosta reativou lineamentos estruturais já existentes e gerou fraturamentos nas direções NNW-SSE e WNW-ESE. Posteriormente ocorreu fusão parcial da crosta dando origem a um magmatismo anorogênico, alcalino potássico, documentado por representantes plutônicos metaluminosos (Suíte Intrusiva Lagoa Real) e vulcânicos/subvulcânicos (no domínio do Espinhaço Setentrional e na Bacia Espinhaço Oriental) (Guimarães et. al. 2008) (Fig 2.5). Figura 2.5 - Modelo evolutivo proposto por Guimarães et. al. (2008), da fase sin-rifte nas bacias do Espinhaço Oriental e Chapada Diamantina. Ainda segundo Guimarães et. al. (2008), no Mesoproterozóico ocorreu a instalação de uma sinéclise alongada na direção N-S, gerando uma nova fase extensional, controlada por subsidência flexural da crosta. Nessa bacia foram armazenados sedimentos siliciclásticos e carbonáticos, depositados sobre superfície discordante erosiva, em ambientes continental costeiro eólico-fluvial e marinho plataformal (Superseqüência Tombador/Caboclo). A passagem das unidades marinhas para as unidades continentais é gradacional (Fig 2.6). 44 Figura 2.6- Modelo evolutivo proposto por Guimarães et. al. (2008), para a Bacia da Chapada Diamantina. Posteriormente ocorre geração e intrusão, no pacote vulcanossedimentar, de diques e sills máficos, de filiação toleítica continental, cujas idades situam-se em torno de 1.500Ma (Guimarães et. al. 2008) (Fig 2.7). No Neoproterozóico Danderfer (1990, 2000), Cruz (2004), Cruz & Alkmim (2006) e Guimarães et. al. (2008) sugerem que houve o fechamento do Oceano Macaúbas (ca 620Ma, Pedrosa Soares,) com geração da Faixa Araçuaí, parte brasileira do orógeno Araçuaí Oeste Congo, situada no limite sudeste do Cráton do São Francisco. Nesse episódio houve a inversão parcial do Aulacógeno do Paramirim. A essa fase associa-se a estruturação dobras e zonas de cisalhamentos que afetam os terrenos arqueanopaleoproterozóicos do embasamento. Figura 2.7- Modelo evolutivo proposto por Guimarães et. al. (2008), para à inversão das bacias do Espinhaço e Chapada Diamantina no Neoproterozóico. 45 CAPÍTULO 3 – ASPECTOS RELEVANTES SOBRE OS GRANITOS TIPO S 3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS As rochas graníticas ocorrem em praticamente todos ambientes tectônicos conhecidos (Tab. 3.1). Em estando presente em vários ambientes, as rochas graníticas apresentam uma diversidade, de composição mineralógica e química e significado tectônico. Diversos trabalhos foram publicados na literatura internacional sobre granitos tipo S, podendo ser destacados; Pitcher (1997), White & Chappell (1974, 1978, 2001), Barbarin 1990, London 1987 entre outros. Tabela 3.1. Classificação das rochas granitóides baseados no cenário tectônico de acordo com Winter (2001). 46 Granitos tipo S são corpos intrusivos bastante comuns em regiões de crosta continental madura (Hess 1989) e provém da fusão parcial de fontes sedimentares e metassedimentares (Supracrustais), processo conhecido como anatexia ou ultrametamorfismo (Chappell & White 1974, 2001). Segundo Winter (2001), a primeira menção para este tipo de granito foi definido pelos petrólogos australianos Chappell & White em 1973, ao estudarem plútons graníticos na região de Lachlan no sudeste da Austrália. O estudo destes autores, junto com outros, definiram as características gerais dos granitos tipo S. Mineralogicamente este tipo de rocha é definido por quartzo, feldspato, plagioclásio (Clarke 1981), além de cristais de biotita, muscovita, granada, cordierita, minerais aluminossilicatos, estaurolita, turmalina e topázio sendo muito comum a presença de granada e cordierita na forma de xenocristal (Chappell & White 1974, 2001). Os minerais acessórios mais comuns são monazita, ilmenita e zircão. A presença dos minerais biotita e muscovita definem este tipo de rocha como granito duas micas (Tabela 3.2). Tabela 3.2- Principais minerais presentes nos Granitos tipo S (Clarke 1981). 47 Para as características químicas, de acordo com Chappell &White (1974, 2001) nessas rochas encontra-se um alto valor para a razão K/Na, ou seja altos valores de potássio e baixo valores de sódio e cálcio. São rochas peraluminosas com valores da razão Al2O3/(Na2O +K2O+CaO) acima de 1.1, refletindo o alto valor de alumínio em sua composição. A tabela 3.3 resume a composição química de alguns corpos graníticos do tipo S estudados ao redor do mundo. Tabela 3.3 - Composição química de alguns corpos graníticos do tipo S ao redor do mundo. (1-2) cordierita-bearing (rolamento) granito (Phillips et al.,1981); (3) leucogranito duas micas e (4) moscovita-granada leucogranito (Currie and Pajari, 1981); (5) leucogranito de granulação fina (Goad and Cerny, 1981); (6) granito duas micas (Lee et al., 1981); e (7) biotita granito (Collins et al., 1982). Fonte: Hess, (1989). Óxidos (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) SiO2 72.2 74.6 73.8 75.6 75.9 71.8 77.0 TiO2 0.3 0.09 0.2 0.03 0.01 0.2 0.2 Al2O3 14.6 13.7 14.8 13.8 13.5 15.3 11.8 FeO 2.4 1.1 1.1 0.9 0.6 1.5 1.4 MgO 1.0 0.6 0.2 0.07 0.03 0.4 0.04 CaO 1.7 1.3 0.9 0.4 0.3 1.8 0.6 Na2O 2.9 2.9 4.2 4.1 3.7 3.3 3.1 K2O 4.5 4.9 4.5 4.7 5.4 3.9 5.0 Al2O3/ (K2O+Na2O+CaO) 1.15 1.10 1.10 1.18 1.08 1.18 1.04 Em relação as propriedades isótopicas os granitos tipo S, apresentam uma relação alta para a razão Sr87/Sr86 com valores iniciais acima de 0.708 e baixos valores para a razão 143 Nd/144Nd (Hess 1989). Também apresenta valores altos para o isótopo de oxigênio, com valores de 18 O com valores acima de 9%. Para o ambiente tectônico, de acordo com Hess (1987), Pitcher (1997), Villaros (2010), os granitos tipo S são característicos de regiões de crosta continental madura. Os plutóns são colocados durante ou tardiamente aos períodos de deformação e metamorfismo regional, estando frequentemente posicionados concordante com corpos gnáissicos. 48 3.2. MODELOS E CONTROLES ENVOLVIDOS NA GERAÇÃO DOS GRANITOS TIPO S É consenso entre os autores, que os granitos do tipo S provêm do processo de fusão parcial (anatexia) de fontes sedimentares e metassedimentares da crosta continental. Em relação aos modelos tectônicos, no que concerne a geração desses corpos plutônicos a maioria associa à ambientes de colisão continental (Fig 3.1) sendo que as idades disponíveis para os granitos (pico térmico) marcariam então a (s) fase(s) de colisão (Machado & Dehler 2002). Assim, para Machado & Dehler (2002) as idades obtidas nos granitos tipo S devem ser consideradas como idades mínimas de um evento de espessamento crustal (colisão). Porém, outros autores têm discutido a possibilidade de fusões crustais expressivas em períodos tardios ao de espessamento crustal, período este que pode ser muito variável, alcançando dezenas de milhões de anos. O incremento da fusão parcial pode também ser dado pela decompression melting devido a taxas suficientemente elevadas de denudação tectônica (Hollister 1993, Inger 1994, Machado & Dehler 2002). Fig 3.1-Seção esquemática transversal do Himalaia mostrando a desidratação e fusão parcial de zonas que produzem os leucogranitos. Fonte: Winter (2001). A formação dos granitos tipo S pode ser resumida em quatro estágios: fusão parcial das fontes sedimentares e metassedimentares, segregação do magma com o resíduo da fonte, transporte e cristalização do magma. Durante estes quatros estágios a composição do magma pode ser alterada (devido ao transporte do material de origem ou cristalização fracionada) ou mudada (mistura de magma ou contaminação crustal) (Villaros 2010). De acordo com aquele autor, a condição de formação dos granitos tipo S depende da composição da fonte e condições da fusão 49 parcial (P-T-a(H2O)). Para muitos autores a presença ou ausência de fluido também interefere na formação dos corpos graníticos. Barbarin (1996) divide os granitos peraluminosos em dois grupos: um contendo moscovita e outro cordierita. A origem destes granitos é atribuída à fusão parcial de rochas crustais envolvendo anatexia crustal sob condições „úmidas‟ (primeiro grupo) ou „secas‟ (segundo grupo). De acordo com aquele autor, os granitos com muscovita são gerados em ambientes tectônicos sob condições de crosta espessada e afetada por empurrões ou por grandes cisalhamentos crustais, enquanto os granitos com cordierita são gerados em regiões submetidas à underplating ou injetadas por magmas do manto. Para alguns autores, o processo de geração de leucogranitos peraluminosos é inteiramente crustal e não envolve influxo de material do manto (Patiño Douce 1999, Machado & Dehler 2002). Para Sylvester (1998), os granitos fortemente peraluminosos são formados em vários tipos de orógenos como o resultado de processos pós-colisionais. Aquele autor distingue os granitóides formados sob condições de alta pressão (espessamento crustal = 50 km) e de alta temperatura (espessamento = 50 km). Os primeiros evoluem em dois estágios: (i) estágio de aquecimento radiogênico in situ, sincolisional e, (ii) estágio de fusão por descompressão pós-colisional. Os últimos envolvem uma fonte de calor originada no manto, com a temperatura sendo igual ou superior a 875°C. Ainda segundo o autor, nos orógenos de alta temperatura, a anatexia crustal é produzida pela delaminação pós-colisional e ascensão da astenosfera quente. Por fim, Barbarin (1999) considera que estes granitos são gerados no momento de „clímax‟ da orogênese, com seus magmas sendo formados durante a fase tectônica compressiva. A sua colocação ocorre somente em condições distensiva ao longo de zonas de cisalhamento ou sob condições de relaxamento local (Machado & Dehler 2002). 50 CAPÍTULO 4- GEOLOGIA DO SIENOGRANITO BROCO 4.1- INTRODUÇÃO Em torno da região de Ibiassucê, hospedados no Greenstone Belt IbitiraUbiraçaba, foram encontrados granitóides tipo S nunca antes relatados na literatura. Em afloramento é notável a relação de contato entre os granitóides e as unidades metapelíticas, que sugerem que a sua formação esteja relacionado com fusões de rochas metassedimentares. 4.2- ROCHAS ENCAIXANTES DO SIENOGRANITO BROCO A área de estudo se localiza na parte sudoeste do estado da Bahia, nas imediaçõe da cidade de Ibiassuçê e inseridas no Bloco Gavião (Sensu Barbosa & Sabaté 2002). As litologias encaixantes do granitoide Broco são o Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba e a Suíte Intrusiva Lagoa Real (Fig. 4.1). Essas unidades são cortadas pela zona de cisalhamento Iguatemi (Fig. 4.1). Nessa seção será realizada a descrição dessas unidades. 4.2.1. Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba Unidade presente nas porções centro ocidental da área de estudo, ocupa uma extensa faixa de direção N-S (Figs. 4.1, 4.2 e 4.3), de acordo com Cruz et. al. (2009) é constituído por três conjuntos de rochas com variadas características. O primeiro conjunto, com maior área de ocorrencia, compreende paragnaisses indiferenciados constituídos por metarenitos impuros, metapelitos, quartzitos e migmatitos intercalados com anfibolitos, metagabros e metabasaltos, conjunto este que forma a maior parte do complexo. 51 Figura 4.1 - Mapa geológico com as unidades presentes na área de estudo e encaixantes do Granitóide Broco. Modificado de Cruz et. al. (2009). 52 Figura 4.2 – Detalhe do mapa geológico com as encaixantes do Granito Broco. Modificado de Cruz et. al. (2009). Figura 4.3 – Detalhe do mapa geológico com as encaixantes do Granito Broco. Modificado de Cruz et. al. (2009). 53 Os paragnaisses (Foto 4.1) são as rochas encaixantes imediatas do Granitóide Broco e constituem a maior parte deste conjunto de rochas, sendo caracterizados por sua diversidade de composição litológica, tendo sido encontrado intercalações milimétricas de níveis ricos em quartzo e biotita que se alternam com níveis ricos em quartzo, níveis de metarenitos impuros e níveis metapelíticos ricos em granada e biotita. Encontram-se também feições que sugerem processos de migmatização nas rochas constituintes deste conjunto, especialmente na faixa rica em xistos granatíferos. Nelas é que se hospeda o granitóide Broco, foco dessa monografia. Foto 4.1- Paragnaisses do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. Ponto TB-08 (8418636/798167). Vista em perfil. De acordo com Cruz et. al. (2009), para as rochas máficas podem ser diferenciados dois grupos: (i) rochas anfibolitizadas anisotrópicas sem preservação das estruturas ígneas, sendo constituídas predominantemente por proporções variadas de hornblenda, plagioclásio, k-feldspato, clinopiroxênio, ortopiroxênio e actinolita; (ii) rochas máficas que ainda preservam estruturas do protólito ígneo, sendo constituída por proporções variadas de hornblenda, biotita, plagioclásio, quartzo, clinopiroxênio e actinolita. O segundo conjunto rochas que compõem o greenstone é formado por xistos indiferenciados com intercalações subordinadas de mármores, anfibolitos, plutônica máficas e metabasaltos (Cruz et al. 2009). De acordo com aqueles autores, os xistos 54 compõem a maior parte deste conjunto e se apresentam como quartzo-biotita xisto, tremolita xistos e estaurolita-granada biotita xisto. Já os mármores apresentariam uma composição calcítica. Os anfibolitos, por sua vez, seriam anisotrópicos e fortemente foliados, composto majoritariamente por hornblenda, diopsídio, plagioclásio, actinolita, clinopiroxênio. As plutônicas máficas e os metabasaltos são constituídos por ortopiroxênio, hornblenda, clinopiroxênio e plagioclásio. O terceiro grupo de rochas compreende por quartzitos que estão associados aos xistos granatíferos. Em geral essas rochas são anisotrópicas e constituídas predominantemente por quartzo e um pouco de mica branca (Cruz et. al. 2009). 4.2.2. Suíte Intrusiva Lagoa Real Como pode-se notar na fig 4.1 esta unidade ocupa uma extensa porção mais a oeste da área de estudo, formando uma faixa de direção N-S e sendo constituída por um conjunto de rochas granitícas e sienogranitícas que foram deformadas e gnaissificadas em zonas de cisalhamento (Cruz et. al. 2009). Quando deformadas, essa unidade foi denominada de ortognaisses Lagoa Real, sendo caracterizada pela presença de um bandamento composicional que é bem desenvolvido e marcado pela alternância de níveis ricos em biotita e anfibólio e níveis ricos em quartzo e feldspatos. Esse bandamento associa-se a uma foliação milonítica, sendo assinalada pela orientação preferencial da biotita, do anfibólio e do quartzo estirado. De acordo com Cruz et. al. (2009), mineralogicamente esta rocha é constituída por quartzo, feldspato e plagioclásio, como acessórios tem biotita, hornblenda, epídoto, zircão e apatita. Datações em zircões, feita pelo método U-Pb (Laser AblationICPMS) indicaram idade de cristalização em 1764±19 Ma. Rochas granulíticas ocorrem associadas com essa suíte na forma de lajedos e em contato tectônico com os ortognaisses Lagoa Real e com os paragnaisses indiferenciados do Greenstone Belt Ibitira – Ubiraçaba Cruz et al. (2009). Os afloramentos ocorrem em planícies, mas são escassos e de difícil acesso. Os solos gerados são arenosos, pouco espessos. Em intempericamente, geral, essas com coloração rochas apresentam-se esverdeada, exibindo pouco alteradas foliação finamente espaçada, mas penetrativa, marcada pela orientação da biotita e do ortopiroxênio. 55 4.2.3. Coberturas Tércio-Quaternárias Unidade encontrada em na parte sudoeste e sudeste da área de estudo (Fig 4.1) e consiste de sedimentos colúvio- aluvionares, onde o primeiro é formado a partir do deslizamento de solos e rochas de zonas mais elevadas e o segundo constituidos por sedimentos arenosos finos a argilosos encontrados principalmente nas planícies de drenagens. 4.3. GEOLOGIA DO SIENOGRANITO BROCO O Granitóide Broco está localizado nas imediações da cidade de Ibiassucê. O nome do corpo advém do fato que os seus principais e mais belos afloramentos foram encontrados na localidade denominada de Fazenda Broco. Durante o mapeamento geológico realizado por Cruz et. al. (2009) foram levantados quatro corpos de extensão mediana, que ocorrem alongados segundo uma direção N-S e estão alinhados com a zona de cisalhamento Iguatemi. Nesses corpos e nas suas encaixantes imediatas (Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba e Suíte Lagoa Real), a foliação existente apresenta uma orientação preferencial segundo N-S. O Sienogranito Broco está hospedado na unidade denominada por Cruz et. al. (2009), paragnaisses indiferenciados do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba especialmente associado com rochas metapelíticas foliadas ricas em granada. Em campo observase que o contato entre essas unidades é transicional podendo ser notado uma passagem gradativa dos metapelitos foliados para o Sienogranito Broco (Foto 4.2), sugerindo processos de fusão crustal em condições de fácies anfibolito (Burcher & Frey 2002). Nesse processo, a granada e a biotita vão sendo progressivamente incorporadas à rocha ígnea. Essas feições são muito bem observadas no ponto TB05 (8418388/796533), no qual observou-se feições sugestivas de anatexia (fusão parcial). Sendo assim, sugere-se que esta rocha é pertence ao grupo dos granitos de fusão crustal (tipo S). A fusão acontece em condições dúcteis, mas elevadas pressões de fluidos podem ter favorecido ao desenvolvimento de fraturas que hospedam diques do Granitóide Broco (Foto 4.4). De acordo com Cruz et al. (em preparação), as fusões relacionadas com a fusão dos metassedimentos do Greenstone Belt IbitiraUbiraçaba ocorreu durante o Paleoproterozóico, com idade zircão U-Pb (Laser 56 Ablation-ICPMS) em torno de 2.04 Ga. Um segundo evento metamórfico teria ocorrido a 560 Ma ( com idade Monazita, U-Pb Laser Ablation-ICPMS). Rochas metapelítica Granitóide Broco Foto 4.2- Contato transicional entre o Granitóide Broco e as rochas metapelítica do Greenstone Belt Ibitira-Ubira çaba. Ponto TB-05 (8418388/796533), visada em perfil. Granitóide Broco Rochas metapelítica Foto 4.3- Contato transicional entre o Granitóide Broco e as rochas metapelítica do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba. Notar a presença de diques preenchidos pelo granitóide em foco. Ponto TB-05 (8418388/796533), visada em perfil. O Granitóide Broco exibe coloração cinza clara quando preservada do intemperismo e bege quanto alterado. Em geral, os afloramentos ocorrem sob a 57 forma de lajedos ou em pedreiras abandonadas e os solos associados exibem uma coloração avermelhada. Esse corpo está inserido na zona de cisalhamento Iguatemi e em campo esta rocha apresenta-se em geral deformada, anisotrópica, mas domínios de baixa deformação, com rocha isotrópica, são encontrados isolados como poods de deformação. Em escala mesoscópica, a granulometria, em geral, varia de média a grossa, mas domínios com granulometria mais fina podem ser encontrados. Além disso, é comum a presença de xenocristais de biotita e granada. Em função da intensidade de deformação, duas tectonofácies foram identificadas: (i) fácies com baixa intensidade de deformação; (ii) fácies com alta intensidade de deformação. Na seção seguinte essas Tecnofácies serão descritas. 4.3.1. Fácies com Baixa Intensidade de Deformação Essa fácies foi encontrada pontos TB-03 (Amostra TB-03A) e TB-05 (Amostra TB-05B), ambos localizados nas proximidades da fazenda Broco. Os afloramentos encontrados estão sob forma de lajedos, com um grau de intemperismo de baixa intesidade associada a um solo de coloração bege. Em geral, essa fácies ocorre como domínios isolados pouco ou nada deformados que são contornados por zonas de cisalhamentos que levaram à deformação da rocha. No afloramento TB-03 (8416716/811293) essa relação pode ser observada. Em escala macroscópica as rochas dessa são isotrópica, não apresentam foliação e a granulação é de média a grossa (Foto 4.4). Foto 4.4- Vista do aspecto isotrópico do Granitóide Broco com xenocristais de biotita e granada. Ponto TB-03 (8416716/811293). 58 Na escala microscópica a rocha apresenta microestruturas ígneas bem preservadas, tais como holocristalinas, inequigranular, isotrópica, granofírica (intercrescimento entre o K-feldspato e quartzo), mimerquítica (Fotomicrografia 4.1) e poiquilítica (apatita inclusa em K-feldspato). Microestrutura de reação metamórfica pode ser observada pela transformação do K-feldspato em mica branca e do plagioclásio em mica branca e epídoto. Kfs Kfs Pl Qtz Pl 0-1,0mm 0-0,5mm Fotomicrografia 4.1- Microestrutura mimerquita na fácies pouco deformada do granitóide Broco. Nicóis cruzados. Fotomicrografia 4.2 – Grãos de quartzo (Qtz) nos interstícios entre os grãos de K- feldspato (Kfs) e plagioclásio (Pl). Nicóis cruzados. Há predominância de grãos subedrais (subidiomórficos) e uma minoria de cristais anedrais (idiomórficos), com os contatos entre os minerais predominantemente irregulares. Duas amostras foram analisadas e nelas a mineralogia principal é constituída por quartzo, K-feldspato, plagioclásio e em menor parte por apatita, granada e biotita. A mineralogia acessória é composta por apatita e minerais opacos. Como mineralogia metamórfica tem-se epídoto e moscovita (Tabela 4.1). As microestruturas de recristalização por deformação são limitadas, ocorrendo de forma isolada e pouco representativas. Todas as características ação sugere que trata-se de um domínio em que a deformação praticamente não se desenvolveu. 59 Tabela 4.1 - Composição mineralógica modal da fácies de baixa deformação do Granitóide Broco. Amostra TB-03A TB-05B Coordenadas 8416716/811293 8418388/796533 K-feldspato Quartzo Plagioclásio Biotita Granada Moscovita Epídoto Apatita Minerais Opacos Total Nome da rocha 43 41 05 04 03 02 01 01 01 100 Sienogranito 42 40 05 04 04 03 01 01 01 100 Sienogranito K-Feldspato- ocorre como grãos tabulares, subedrais, com granulação variando entre 0,04 e 20,0 mm (Fotomicrografia 4.1). O contato com outros exemplares de K-feldspato é interlobado a reto, mas é interlobado freqüentemente com o quartzo e com o plagioclásio. Por outro lado, com a biotita o contato é reto. Apresenta estruturas do tipo pertita e em alguns cristais, a geminação da periclinica, típica da microclina, pode ser encontrada. A extinção é fraca a moderadamente ondulante. Além disso, de forma muito restrita, feições de recristalização tectônica pode ser encontrada e revelada pela presença de grãos poligonais envolvendo o porfiroclasto. Em alguns casos é possível observar a sua transformação para a mica branca (processo de sericitização). Esse mineral apresenta inclusão de apatita. Quartzo- ocorre granular, anedral (xenomórfico), com granulometria variando entre 0,04 e 15 mm. O contato com K- feldspato e plagioclásio é interlobado e com a biotita é reto. O mineral apresenta extinção moderadamente à fortemente ondulante. Pode ocorrer recristalizado formando grãos poligonais, que podem alojar-se na borda de porfiroclastos (Fotomicrografia 4.2). Pode ocorrer também associado com as microestruturas mimerquitícas e granofírica. Plagioclásio- Apresenta-se tabular, com grãos que variam entre subedrais a anedrais. A granulação, por sua vez, varia entre 0,01-10,0 mm. Esse mineral faz contato amebóide a interlobado com outros grãos da mesma espécime, mas o contato é interlobado com o quartzo e com o plagioclásio. A geminação típica é a da albita, que pode ocorrer fracamente deformada, além de formar microestrutura mimerquitíca (Fotomicrografia 4.1). Devido ao grau de alteração deste mineral não 60 foi possível determinar o tipo de plagioclásio pelo método de Michel-Levy. Há alteração de cristais de plagioclásio para mica branca e epídoto, sugerindo processo de saussuritização (Fotomicrografias 4.3 e 4.4). Mb Mb Pl Pl 0-0,8mm Fotomicrografia 4.3- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). Nicóis cruzados. 0-0,5mm Fotomicrografia 4.4- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). Nicóis cruzados. Biotita- ocorre placóide, com pleocóismo variando de castanho claro a castanho escuro. Os grãos são subedrais (subidiomórficos), com tamanho entre 0,08 e 12,0 mm. Esse mineral faz contato reto a interlobado com o K-feldspato (Fotomicrografia 4.5), quartzo, plagioclásio e contato interlobado com a granada. Em alguns casos é possível verificar contatos amebóides que sugerem a substituição da granada pela biotita. Possivelmente, há uma geração que é um xenocristal herdado da rocha encaixante, mas os contatos interlobados com a granada sugerem que uma geração pode ter sido formada durante a fusão que resultou na formação do granitóide. Bt Grt Kfs Bt 0---1,0mm Fotomicrografia 4.5- Xenocristal de biotita (Bt) associado com K-feldspato (Kfs) Nicóis cruzados. 0---0,8mm Fotomicrografia 4.6- Xenocristal de granada (Grt) fortemente fraturado. Luz plana 61 Granada- apresenta-se granular, incolor, bastante fragmentada (faturado) (Fotomicrografia 4.6). Em geral, associa-se com a biotita, com a qual faz contatos interlobados. Possivelmente, trata-se de um xenocristal herdado da rocha encaixante (Fotomicrografia 4.6). Moscovita- Mineral incolor, placóide, xenoblástico, ocorre associado aos grãos de plagioclásio, K-Feldspato e biotita e substituindo os cristais de K-feldspato e plagioclásio em suas lamelas da geminação. Neste caso, possivelmente é o produto da alteração destes minerais em processo de hidratação da rocha. Epídoto- Mineral de cor verde pálida e incolor, granular que ocorre associado aos cristais de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em processo de saussuritização. Além disso, ocorre preenchendo fraturas em K-feldspato (Fotomicrografia 4.7). Apatita- Mineral de alto relevo, incolor, aparecendo como acessório na rocha. Tem forma prismática e está incluso nos grãos de quartzo e K-feldspato. Minerais opacos- Ocorrem como grãos xenoblástico nas bordas da biotita, sugerindo um possível processo de alteração. Ep Kfs 0-0,8mm Fotomicrografia 4.7- Cristal de Epídoto (Ep) associado a cristal de K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados. A partir da determinação da composição modal e utilizando o diagrama QAP de Streckeisen (1976), as amostras estudadas foram Sienogranitos (Figura 4.4). classificadas como 62 Figura 4.4- Composição modal da fácies de baixa deformação. Campos e nomenclatura segundo Streckeisen (1976). 4.3.2. Fácies de Média a Alta Intensidade de Deformação Essa Fácies é a de maior área de ocorrência tendo sido amostrados afloramentos nos pontos TB-03 (Amostras TB-03B, TB-03C), TB- 04 (Amostras TB04A e TB-04B) e TD-12 (Amostras TD-12A e TD-12B). Os afloramentos encontrados estão sob forma de lajedos, com um grau de intemperismo de baixa intensidade associada a um solo de coloração bege. Em escala mesoscópica a rocha apresenta uma coloração esbranquiçada e nota-se a presença de uma proeminente foliação marcada pela presença de grãos estirados de feldspatos e quartzo e pela orientação da biotita (Foto 4.5). Apesar de predominar a facies de média a alta intensidade de deformação, nota-se também que em um mesmo ponto existe a coexistência da fácies com baixa e com média a alta intensidade de deformação, ou seja, domínios de menor intensidade de deformação podem ocorrer isolados e contornados por domínios onde a foliação é muito bem desenvolvida, formando Poods de deformação. Essa particularidade indica que a deformação foi progressiva, particionada e heterogênea. 63 S1 Foto 4.5- Aspecto macroscópico da fácies de alta intensidade de deformação com foliação marcada pelo estiramento do quartzo e da biotita. Vista de planta ponto TC-18 (8415468/799718) O estudo microscópico dessa fácies demonstrou a presença de texturas ígneas reliquiares do protólito ígneo tais como: porfirítica (revelada pela presença de fenocristais de feldspato alcalino), poiquilitica (presença de inclusões de xenocristais de biotita e de grãos de apatita em quartzo e feldspato), granofírica (presença inclusões de grãos vermiformes de quartzo no k-feldspato (Fotomicrografia 4.8) e mimerquítica). Entretanto, nas amostras analisadas predominam as texturas deformacionais (Fotomicrografia 4.9), tais como inequigranular bimodal; granoblástica (revelada pela presença de agregados poligonais de feldspatos e quartzo); porfiroclástica, milonítica e núcleo manto, marcadas pela presença de agregados poligonais de quartzo e feldspatos em torno de porfiroclastos; lepidoblástica (evidenciada pela orientação de biotita e muscovita); reações (sugeridas pela transformação do K-feldspato em mica branca e do plagioclásio em mica branca e epídoto). Ribbons de quartzo foram encontrados (Fotomicrografia 4.10). A presença de agregados poligonais em torno de porfiroclastos indica a presença de processo de recristalização sintectônica à formação da foliação da rocha. (Fotomicrografias 4.9 e 4.11) Em geral, os grãos são subidioblásticos, com os contatos entre os minerais predominantemente curvos, interlobados a suturados. A análise modal revelou a presença de quartzo, K-feldspato, plagioclásio, biotita, hornblenda, epídoto, apatita, muscovita e opacos (Tabela 4.2). 64 Tabela 4.2-Composição mineralógica modal da fácies de média à alta deformação do granito Broco Amostra TB- 03B TB-03C TB-04A TB-04B TD-12A TD-12B Coordenadas 8416716/ 811293 8416716/ 811293 8415070/ 796215 8415070/ 796215 8404020/ 797016 8404020/ 797016 K-feldspato Quartzo Plagioclásio Biotita Granada Moscovita Epídoto Apatita Minerais Opacos Hornblenda Total Nome da rocha 38% 34% 15% 06 0% 04% 02% 01% 0% 42% 40% 05% 05% 0% 04% 02% 01% 01% 35% 25% 08% 05% 08% 05% 04% 02% 01% 40% 35% 05% 10% 0% 05% 03% 01% 01% 40% 30% 05% 20% 0% 0% 03% 02% 0% 32% 28% 05% 08% 0% 0% 08% 01% 02% 0% 100% 0% 100% 0% 100% 0% 100% 0% 100% 13% 100% Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito K-Feldspato- Apresenta-se tabular, subidioblástico, formando porfiroclastos e agregados de grãos poligonais, denotando uma textura inequigranular bimodal. Nos porfiroclastos a granulometria atinge 22,0 mm ao passo que nos agregados poligonais varia entre 0,04 e 0,8 mm. Em geral, o contato entre os minerais de Kfeldspato é curvo a interlobado, podendo ser suturado. Com o quartzo e com o plagioclásio o contato é interlobado a reto, ao passo que com biotita é reto. Os grãos apresentam extinção normal à levemente ondulante. Em virtude da microestrutura granoblástica há uma diminuição do tamanho dos grãos por processos relacionados com recristalização tectônica (Fotomicrografia 4.9). Notou-se a presença de geminação Albita-Periclina, sugerindo que tratarem-se de microclina. A substituição desse mineral para a mica branca sugere feição de alteração metamórfica (Fotomicrografias 4.10 e 4.11). 65 Qtz Mi Kfs Qtz 0-1,0mm 0-0,8mm Fotomicrografia 4.8 - Microestrutura granofiríca reliquiar. Qtz- Quartzo, Kfs- K-feldspato. Nicóis cruzados. Fotomicrografia 4.9 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. Kfs Mi Ms Ms Ms 0-0,5mm 0-0,8mm Fotomicrografia 4.10 - Detalhe da moscovita (Ms) associada com a microclina (Mi). Nicóis cruzados. Fotomicrografia 4.11 - Grão de moscovita (Ms) associado com K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados. Quartzo- Ocorre como porfiroclastos e como grãos poligonais, em geral, granulares (Fotomicrografias 4.12 e 4.13). Os grãos são subidioblásticos, de granulometria atingindo valores de 24 mm, para os porfiroclastos e 0,04 a 1,6 mm para os grãos poligonais. O contato quartzo-quartzo é predominantemente suturado a interlobado, com alguns casos amebóides, com outros minerais são predominantemente curvos a interlobados. Com a biotita é reto. O quartzo ocorre em associação com K-feldspato, plagioclásio e biotita, em agregados poligonais ou como grãos vermiformes hospedados em plagioclásio. Apresenta extinção de leve à fortemente ondulante. Observaram-se inclusões de cristais de biotita e apatita. 66 Qtz Mi Qtz 0-0,5mm Fotomicrografia 4.12– Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Notar a presença de ribbons de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. 0-0,5mm Fotomicrografia 4.13 – Microestrutura pórfiroclástica, núcleo-manto e milonítica envolvendo porfiroclasto de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. Plagioclásio- Ocorre tabular, subidioblásticos, com granulometria variando entre 0,05-35mm. Os minerais apresentam-se como porfiroclastos ou como agregados de grãos poligonais na matriz, nesse caso associado com o quartzo e com o K-feldspato (Fotomicrografia 4.14). O seu contato com os outros minerais é curvos a interlobado, a exceção da biotita, com a qual faz contato reto. Em geral, apresentam extinção normal à moderadamente ondulante. Os grãos apresentam geminação do tipo albita, mas devido ao grau de alteração deste mineral e deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pela metodologia de Michel Levy. Em alguns exemplares é possível verificar a sua transformação para mica branca e epídoto, sugerindo processo de saussuritização. Bt Pl Kfs Qtz Qt 0-0,8mm Fotomicrografia 4.14 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de plagioclásio (Pl) e quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. 0-1,0mm Fotomicrografia 4.15.- Agregado de xenocristais de biotita (Bt) em contato com K-feldspato (Kfs). Luz plana. 67 Biotita- Ocorre placóide, com o pleocroísmo variando do castanho claro ao castanho escuro, avermelhado. Apresenta-se isolada na matriz ou formando agregados com a granada (Fotomicrografia 4.15). Seus grãos são de idioblásticos a subidioblásticos, com granulometria variando entre 0,04 e 2,2 mm. Em geral, o seu contato com os demais minerais é reto. Pode ocorrer associada a grãos de epídoto, moscovita e minerais opacos (Fotomicrografia 4.16). A extinção moderadamente ondulante e pode ocorrer fraturada. Hb Bt Mo Bt 0-0,8mm Fotomicrografia 4.16 - Detalhe da biotita (Bt) associada com o mineral opaco (Mo) Luz plana. 0-0,8mm Fotomicrografia 4.17- Grão de hornblenda (Hb) associado com biotita (Bt). Luz plana. Hornblenda- Ocorre tabular, com pleocroísmo, variando do verde claro ao escuro (Fotomicrografia 4.17). Mineral subidioblástico, sem orientação preferencial, com granulometria variando entre 0,05 a 15 mm. O contato com outros minerais ocorre de forma reta, estando associado a grãos de biotita, epídoto e K-feldspato. Apresenta extinção normal. Moscovita- Mineral placóide com uma alta birrefringência, associado aos grãos de biotita. Em geral, em lamelas de geminação dos grãos de K-feldspato e plagioclásio. Nesse caso possivelmente é o produto da alteração destes minerais em processo de hidratação (Fotomicrografia 4.10 e 4.11). Epídoto- Ocorre incolor ou com cor verde pálido, com alta birrefrigência, granular e associado aos cristais de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em processo de saussuritização. Uma variedade, a alanita, ocorre coloração acastanhada e forma granular foi encontra. (Fotomicrografias 4.18 e 4.19) 68 Kfs Bt Al Ep Bt 0-0,8mm Fotomicrografia 4.18 - Xenocristal de biotita em contato com epídoto (Ep) e K-feldspato (Kfs) sericitizado. Qtz- Quartzo. Nicóis cruzados. 0-0,8mm Fotomicrografia 4.19 - Grão de alanita (Al) associado com biotita (Bt). Nicóis cruzados. Apatita- Mineral de alto relevo, aparecendo como acessório, junto com o epídoto e moscovita. Tem forma prismática e ocorre na matriz ou está incluso nos grãos de K-feldspato. Minerais opacos- Ocorre formando grãos associados aos grãos de biotita, como inclusões ou nas bordas daquele mineral. Em geral são granulares, com tamanho variando entre (Fotomicrografias 4.16 e 4.17). Segundo o Diagrama QAP de Streckeisen (1976), o protólito das rochas pode ser classificado como biotita sienogranito com epídoto e hornblenda (Fig. 4.5). A partir das observações de lâmina, no que tange a presença de feições de recristalização sintectônica, e considerando o protólito, a rocha foi classificada como Meta biotita sienogranito milonítico com epídoto e hornblenda. 69 Figura 4.5- Composição modal da fácies de média à alta deformação. Campos e nomenclatura segundo Streckeisen (1976). 4.3.3. Geologia Estrutural e Tectônica do Sienogranito Broco A área de estudo está no contexto do Corredor do Paramirim, estrutura que se formou no Neoproterozóico devido à interação entre o Aulacogéno do Paramirim e o Orogéno Araçuaí. A estruturação dessa feição gerou uma serie de zonas de cisalhamentos e entre elas encontra-se a zona de cisalhamento Iguatemi. Esta zona contornam domínios dômicos e se instalou nas unidades do Greenstone Belt IbitiraUbiraçaba. De acordo com Mesquita (2007) e Cruz et. al. (2009), essa zona de cisalhamento é marcada por estruturas compressionais com dois movimentos distintos, reverso sinistral, mais antigo, e reverso destral, mais novo. A idade de formação do granito Broco, de acordo com Cruz et. al. (2009), é em torno de 2.01 Ga e marca o pico do metamorfismo nessas rochas. De acordo com esta autora um segundo evento metamórfico é marcado pelas idades U-Pb em monazita, em torno de 560 Ma. Esse metamorfismo possivelmente está associada com as reativações reverso destral das zonas de cisalhamento. Nesse contexto estrutural é que se instalou o Granito Broco. Esse corpo é cortado pela zona de cisalhamento Iguatemi, que levou à formação da foliação milonitíca nessas rochas, que é representada pela diminuição do tamanho dos grãos por processo de recristalização tectônica. Além 70 disso, é revelada pelo estiramento do quartzo, feldspatos e pela orientação preferencial da biotita. Em virtude da deformação heterogênea, particionada, o Granito Broco apresenta domínios de média a alta deformação e de baixa deformação. O domínio de baixa deformação é caracterizado pelo isotropismo da rocha e pela preservação das estruturas ígneas que foram observadas na escala de lâmina. Para a fácies de deformação observa-se estiramento dos cristais de quartzo e orientação da biotita. Além disso, na escala microscópica tem-se a presença de texturas deformacionais como granoblástica, revelada pela presença de agregados poligonais de feldspatos e quartzo; porfiroclástica, milonítica e núcleo manto, marcadas pela presença de agregados poligonais de quartzo e feldspatos em torno de porfiroclastos. A presença dessas microestruturas sugere que os minerais ígneos foram deformados e reequilibrados na fácies anfibolito. Feições de reação metamórficas regressivas ou retrógradas são sugeridas pela transformação do K-feldspato em mica branca e do plagioclásio em mica branca e epídoto. A partir dessas informações, pode-se sugerir que a evolução do sienogranito Broco inicia-se com a fusão (migmatização) de material metapelitico do Greenstone Belt Ibitira Ubiraçaba e durante esse processo a granada e biotita foram incorporados à rocha ígnea, ou neossoma (Figura 4.6). A deformação dessas rochas no neoproterozóico levou ao desenvolvimento de uma trama de fácies anfibolito com recristalização sintectônica dos feldspatos e do quartzo e geração de texturas núcleo manto e granoblástica. Por fim ocorre processo de metamorfismo retrogrado em que há geração de epídoto e mica branca. Figura 4.6-Modelo para explicar a formação do Sienogranito Broco. 71 CAPÍTULO 5- CONCLUSÕES A partir do que foi apresentado e discutido, concluiu-se que: a) O Granitóide Broco possui composição modal compatível com uma rocha sienogranítica com granada, biotita e moscovita, e foi deformado em zona de cisalhamento. b) Em função da intensidade de deformação, no sienogranito Broco podem ser reconhecidas duas tectonofácies: (i) Fácies com baixa intensidade de deformação; (ii) fácies com alta intensidade de deformação. c) A fácies de baixa intesidade é caracterizada pelo isotropismo da rocha em escala macroscópica e pela preservação de microestruturas ígneas em escala microscópica, tais como holocristalinas, inequigranular, isotrópica, granofírica (intercrescimento entre o K-feldspato e quartzo), mimerquítica e poiquilítica (minerais de K-feldspato incluem cristais de apatita). d) A fácies com média a alta intensidade de deformação é caracterizada pela presença de uma proeminente foliação marcada pela presença de grãos estirados de feldspatos e quartzo e pela orientação da biotita em escala mesoscópica. Em escala microscópica tem-se a predominância de texturas deformacionais e presença de agregados poligonais em torno de porfiroclastos, que indica a presença de processo de recristalização sintectônica à formação da foliação da rocha. e) em ambas as fácies foi observada uma mineralogia compatível com retrometamorfismo em fácies xisto verde marcada pela presença de mica branca e epídoto. f) A evolução do Sienogranito Broco está ligada a processos de fusão (migmatização) do material metapelitico do Greenstone Belt Ibitira Ubiraçaba, com a incorporação de biotita e granada (xenocristais) do protólito. Posteriormente, essa rocha foi submetida a um metarmofismo na fácies anfibolito em que ocorrem processos de recristalização sintectônica dos feldspatos e do quartzo com geração de estruturas núcleo manto e textura granoblástica. Por fim ocorre processo de metamorfismo retrogrado em que há geração de epídoto e mica branca. g) Recomenda-se um estudo mais detalhado determinando as características químicas, que somando-se aos resultados já encontrado contribuirá para melhor compreensão da evolução deste corpo. 72 REFERÊNCIAS ALKMIM, F. O que faz de um Cráton um Cráton? O Cráton do São Francisco e as revelações Almeidianas ao delimitá-lo. In: Mantesso-Neto et al. (eds) Geologia do Continente Sul-Americano. Evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. Becca, pp.: 17-35. 2004. ALKMIM F. F. & Martins-Neto M. A Bacia intracratônica do São Francisco: Arcabouço estrutural e cenários evolutivos. In: Pinto C. P. & Martins-Neto M. A. (ed) Bacia do São Francisco: Geologia e Recursos Naturais. SBG/MG, Belo Horizonte, pp. 9-30. 2001. ALKMIM et al. Sobre A Evolução Tectônica Do Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental. Geonomos. 2007. ALMEIDA, F.F. 1977. O Cráton do São Francisco. 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A mineralogia é constituída por feldspato, quartzo biotita e granada, com os três primeiros constituindo a matriz, e os dois últimos sendo xenocristais herdados da matriz. 3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS A rocha apresenta texturas ígneas bem preservadas, tais como holocristalina, inequigranular, isotrópica, granofírica (intercrescimento entre o K-feldspato e quartzo), poiquilítica (minerais de K-feldspato hospedam cristais de apatita) e mimerquítica (intercrescimento de plagioclásio e quartzo) e porfirítica (fenocristais de plagioclásio imersos em matriz mais fina). Microestrutura de reação metamórfica pode ser observada pela transformação do K-feldspato em mica branca (sericitização) e do plagioclásio em mica branca e epídoto (saussuritização). A granulação da rocha é média a grossa, com predominância de cristais subedrais e uma minoria de cristais anedrais, com os contatos entre os minerais predominantemente irregulares. A mineralogia principal é composta por quartzo, K-feldspato, plagioclásio e em menor parte por granada, biotita, epídoto e moscovita. A mineralogia acessória é composta por apatita e minerais opacos. Nessa rocha predomina a trama primária, ígnea, e deformação é pouco proeminente e limitada às porções descontínuas da rocha. 4 - ANÁLISE MODAL MINERAIS K-feldspato Quartzo Plagioclásio Granada Biotita % 43 41 05 03 03 MINERAIS Moscovita Apatita Epídoto Minerais Opacos % 02 01 01 01 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS K-Feldspato- mineral em maior quantidade (43%) ocorre tabular, em grãos subedrais. A granulação varia entre 0,04-4,8 mm. O contato K-feldspato-K-feldspato é reto a interlobado, assim como com quartzo, plagioclásio biotita e granada. Alguns grãos apresentam extinção fortemente ondulante, a presença de pertita, da geminação periclinica, típica da microclina. Em poucos casos, grãos poligonais foram gerados a partir da recristalização tectônica dos feldspatos e do quartzo, mas esse processo é pouco desenvolvido na rocha. Os cristais alteram-se para moscovita (processo de sericitização). Eles possuem inclusões primárias de apatita. Quartzo-mineral em segunda maior quantidade (41%), ocorre granular. Os grãos são anedrais, com granulometria fina a grossa variando entre 0,04-15 mm. Esse mineral ocorre sem orientação preferencial. O contato com o feldspato e com o plagioclásio é interlobados e com a biotita é reto. Por sua vez, o contato quartzo-quartzo pode ser interlobado a amebóide. O mineral apresenta extinção moderadamente à fracamente ondulante, indicador de deformação intracristalina. Plagioclásio- ocorre tabular, com grãos variando entre subedrais ao anedrais. A granulação varia entre 0,05 – 0,57 mm. O contato plagioclásio-plagioclásio, assim como com o K-feldspato e com o quartzo é interlobado. Ele ocorre como pórfiros ou formando pertitas, neste caso hospedados no K-feldspato. A extinção é fracamente ondulante a normal. A geminação típica é a da albita. Devido ao grau de alteração deste mineral não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pelo método de Michel-Levy. Há alteração de grãos de plagioclásio para mica branca, bem como para epídoto. Granada- apresenta-se incolor, predominantemente granular. O mineral ocorre bastante fragmentado (faturado) e pode ser encontrado em contato com a biotita, formando aglomerados, ou isolado na matriz das rochas, ou ainda em contato com quartzo e Kfeldspato. Possivelmente, trata-se de um xenocristal proveniente da rocha encaixante. Biotita- possui forma placóide, com o pleocóismo variando do castanho claro ao castanho escuro. Os grãos são subedrais (subidiomórficos). Apresenta contatos predominantemente retos com os feldspatos e com o quartzo. Esse mineral pode ocorrer isolado na matriz ou formando aglomerados com a granada. Possivelmente, também é um possível xenocristal da rocha encaixante. Ocorre associado com a mica branca. 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS- Continuação Moscovita- mineral incolor, com uma alta birrefringência, associado aos grãos de plagioclásio, K-Feldspato e biotita ou substituindo os cristais de K-feldspato e plagioclásio em suas lamelas da geminação. Neste caso possivelmente é o produto da alteração dos feldspatos em processo de hidratação da rocha. Epídoto- mineral de cor verde pálida e incolor, com alta birrefrigência, forma granular que ocorre associado aos cristais de biotita e plagioclásio. Apatita- mineral de alto relevo, incolor, aparecendo como acessório na rocha. Tem forma prismática e está incluso nos cristais de quartzo e K-feldspato. 6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde 7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K-feldspato, quartzo, plagioclásio, biotita, apatita 8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA Epídoto, mica branca e quartzo 9 - NOME DA ROCHA E CONSIDERAÇÕES PETROGENÉTICAS. Segundo o diagrama QAP a rocha é classificada como Metasienogranito com granada e biotita 10 – FOTOS Kfs Qtz Pl 0-1,0mm Fotomicrografia 1- Grão de quartzo (Qtz) na fácies pouco deformada. 0-0,5mm Fotomicrografia 2- Microestrutura Mimerquita na fácies pouco deformada do granitóide Broco. Nicóis cruzados. Pl- Plagioclásio, Kfs- K-feldspato. 10 – FOTOS- Continuação Mb Mb Pl Pl 0-0,5mm 0-0,8mm Fotomicrografia 3- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). Nicóis cruzados. Ep Fotomicrografia 4- Plagioclásio (Pl) geminado alterado para mica branca (Mb). Nicóis cruzados. Grt Kfs 0-0,5mm Fotomicrografia 5- Grão de Epídoto (Ep) associado de K-Feldspato(Kfs) Nicóis cruzados. Bt Kfs 0-1,0mm Bt Fotomicrografia 7- Xenocristal de biotita (Bt) com K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados . 0-0,8mm Fotomicrografia 6- Xenocristal de granada (Grt) fortemente fraturado. Luz plana Ficha de Descrição PETROGRÁFICA 1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO No de Campo TB-03B Nº do Ponto Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica 8416716 811293 Folha Caetité Referências do Ponto TB-03B Tipo Litológico Nome do Corpo Granitóide Granitóide Broco 2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS Rocha leucocrática, anisotrópica, com cor cinza esbranquiçada, grãos inequigranulares, com granulometria média a grossa. Apresenta foliação marcada pela presença de quartzo e feldspato estirado. Como mesoestrutura ígnea tem-se a presença de pórfiros de K-feldspato e plagioclásio. Mineralogicamente é composto por K-Feldspato, Quartzo, Plagioclásio e xenocristais de Biotita e Granada. Trata-se de uma das amostras da fácies deformada do Granito Broco. 3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS A textura ígnea reliquiar é a porfirítica, revelada pela presença de fenocristais de feldspato alcalino, e poiquilítica, pela presença de inclusões de xenocristais de biotita em quartzo e de apatita em K-feldspato. Além disso, granofírica, com intercrescimento entre K-feldspato e quartzo. Em geral, predominam as texturas deformacionais, tais como inequigranular bimodal; granoblástica, revelada pela presença de agregados poligonais de feldspatos e quartzo; porfiroclástica, milonítica e núcleo-manto marcadas pela presença de agregados poligonais de quartzo e feldspatos em torno de porfiroclastos. Feições de reação metamórficas são sugeridas pela transformação do K-feldspato em mica branca (sericitização) e do plagioclásio em mica branca e epídoto (Saussuritização). Apesar da visível orientação em campo, em escala de lamina a feição predominante é a isotrópica. Em geral, os grãos são subidioblásticos, com os contatos entre os minerais predominantemente curvos, interlobados a suturados. 4 - ANÁLISE MODAL MINERAIS K-Feldspato Quartzo Plagioclásio Biotita % 38 34 15 06 MINERAIS Muscovita Epídoto Apatita % 04 02 01 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS K-Feldspato- apresenta-se tabular, formando porfiroclastos e grãos poligonais; subidioblástico. Nos porfiroclastos a granulometria atinge 6,4 mm ao passo que nos agregados poligonais varia entre 0,04 e 2,4 mm. Em geral, o contato K-feldspato-Kfeldspato é curvo a interlobado, assim como o contato desse mineral com quartzo e plagioclásio. Por outro lado, o seu contato com a biotita é reto. Os grãos apresentam extinção moderada e fortemente ondulante. A geminação é a Albita-Periclina, sendo, portanto, classificado como microclina. A transformação desse mineral para a mica branca sugere feição de alteração metamórfica. Quartzo- ocorre como porfiroclastos e como grãos poligonais. Os grãos são subidioblásticos, com granulometria atingindo valores de 4,76 mm para os porfiroclastos e 0,04 a 1,92 mm para os grãos poligonais. Os contatos com outros minerais são predominantemente curvos a interlobados. Quando na matriz pode estar em associação com grãos de feldspato, plagioclásio e biotita. A extinção é moderada a fortemente ondulante nos porfiroclastos e moderada a fracamente ondulante nos grãos poligonais. Possui inclusões de biotita e de um acessório que, em virtude da sua granulometria, não foi possível identificar. Plagioclásio- ocorre tabular, subidioblástico, com granulometria média a grossa (0,051,1mm), sem orientação preferencial. Os minerais apresentam como porfiroclastos ou como agregados de grãos poligonais na matriz, nesse caso associado com o quartzo e com o K-feldspato. O seu contato com os outros minerais é curvos a interlobado, a exceção da biotita, com a qual faz contato reto. Em geral, apresentam extinção normal a ondulante. Os grãos apresentam geminação do tipo albita, mas devido ao grau de alteração deste mineral e deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pela metodologia de Michel Levy. Em alguns exemplares é possível verificar a sua transformação para mica branca e epídoto, sugerindo processo de saussuritização. Biotita- ocorre placóide, com o pleocóismo variando do castanho claro ao castanho escuro, avermelhado. Apresenta-se isolada na matriz ou formando agregados com a granada. Seus grãos variam de idioblásticos a subidioblásticos, com granulometria variando entre 0,04 e 1,4 mm. Em geral, o seu contato com os demais minerais é reto. Pode ocorrer associada a grãos de epídoto e moscovita. A extinção moderadamente ondulante e pode ocorrer fraturada. 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS- continuação Moscovita- ocorre placoíde subidioblástica, associada aos grãos de biotita e preenche lamelas de geminação dos cristais de K-feldspato e plagioclásio, sendo possível produto da alteração destes minerais em processo de hidratação. Epídoto- ocorre incolor a verde pálido, com alta birrefrigência, forma granular e associado aos grãos de biotita e plagioclásio, sendo neste último o produto da alteração hidrotermal em processo de saussaritização. Apatita- mineral de alto relevo, aparecendo como acessório, junto com o epídoto e moscovita. Tem forma prismática e está incluso nos grãos de quartzo e K-feldspato. 6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde 7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K-Feldspato, quartzo, plagioclásio, apatita 8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA moscovita, epídoto, quartzo 9 - NOME DA ROCHA A partir das observações de lâmina e considerando o protólito, a rocha é identificada como Meta-Biotita sienogranito milonítico 10 – FOTOSQtz Qtz Kfs 0-0,8mm 0-0,5mm Fotomicrografia 1 - Microestrutura porfiroclástica, núcleo-manto e milonítica envolvendo porfiroclasto de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. Fotomicrografia 2 - Microestrutura granofirica reliquiar. Qtz- Quartzo, K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados. Qtz Kfs Bt Pl Ep 0-0,8mm Fotomicrografia 3 - Xenocristal de biotita em contato com epídoto (Ep) e K-feldspato (Kfs) sericitizado. Qtz- Quartzo. Nicóis cruzados. 0-0,8mm Fotomicrografia 4 - Microestrutura porfiroclástica, núcleo-manto e milonítica envolvendo porfiroclasto de plagioclásio (Pl). Nicóis cruzados. 10 – FOTOS- Continuação Kfs Bt Pl 0-0,8mm Fotomicrografia 5 – Fenocristal de plagioclásio com geminação pontiaguda (Pl). Nicóis cruzados. 0-1,0mm Fotomicrografia 6 - Agregado de xenocristais de biotita (Bt) em contato com K-feldspato (Kfs). Luz plana. Ficha de Descrição PETROGRÁFICA 1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO No de Campo TB-03C Nº do Ponto Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica 8416716 811293 Folha Caetité Referências do Ponto TB-03C Tipo Litológico Granitóide Nome do Corpo Granitóide Broco 2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS Rocha Leucocrática, anisotrópica, com cor cinza esbranquiçada, grãos inequigranulares, fanerítico médio a grosso. Apresenta pórfiros de feldspato alcalino. Mineralogicamente é composta por K-feldspato, quartzo, plagioclásio e xenocristais de biotita e granada. A rocha apresenta foliação e representa uma das amostras da fácies deformada do Granitóide Broco. 3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS As texturas ígneas reliquiares encontradas foram: poiquilítica (presença inclusões de grãos de apatita em K-feldspato), granofírica (presença inclusões de grãos vermiformes de quartzo em K-feldspato) e mimerquítica. Entretanto, predominam as texturas deformacionais, quais sejam: inequigranular bimodal; granoblástica, revelada pela presença de agregados poligonais de feldspatos e quartzo; porfiroclástica, núcleo-manto e milonítica, reveladas pela presença de grãos poligonais recristalizados bordejando porfiroclasto; lepidoblástica, marcada pela orientação preferencial da moscovita. Em escala de lâmina a rocha é isotrópica. 4 - ANÁLISE MODAL MINERAIS K-Feldspato Quartzo Plagioclásio Biotita % 42 40 05 05 MINERAIS Moscovita Epídoto Apatita Minerais Opacos % 04 02 01 01 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS K-Feldspato- ocorre tabular, subidioblásticos, como porfiroclastos e como grãos poligonais. Os porfiroclastos apresentam granulação de até 5 mm, ao passo que os grãos poligonais entre 0,04 e 2,2 mm. Em geral, o contato entre os minerais de K-feldspato é curvo a interlobado, podendo ser suturado. Com o quartzo e com o plagioclásio o contato é interlobado a reto, ao passo que com biotita é reto. Os grãos apresentam extinção 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS- Continuação normal à levemente ondulante e têm seu tamanho diminuído devido a processos de recristalização tectônica e reorientação do eixo c desses cristais. Notou-se a presença de geminação Albita-Periclina, sugerindo que trata-se de microclina. Alguns grãos apresentam alteração para moscovita. Quartzo- ocorre granular, em grãos subidioblásticos, como porfiroclasto ou formando agregados de grãos poligonais. A granulometria dos porfiroclastos atinge 4,46 mm e entre os grãos poligonais entre 0,04 e 1,8 mm. O contato quartzoquartzo é predominantemente suturado a interlobado, com alguns casos amebóides, assim como com os feldspatos. Plagioclásio- ocorre tabular, em grãos subidioblásticos, com granulometria média a grossa (0,05-3,5 mm). Os minerais apresentam contatos na sua maioria curvos, estando em contato com minerais de quartzo, K-feldspato, biotita. Os grãos apresentam extinção normal à levemente ondulante. Tambem apresentam geminação do tipo albita, mas devido ao grau de alteração deste mineral e deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pela metodologia de Michel Levy. Há alteração de grãos de plagioclásio para moscovita e epídoto, sugerindo processo de saussuritização. Biotita- ocorre placóide, com o pleocóismo variando do castanho claro a castanho escuro. Os grãos são desde idioblásticos a subidioblásticos, com granulometria variando entre 0,16 e 1,48 mm. Em geral, o contato com os demais minerais da rocha é reto. Pode ocorrer associada a cristais de epídoto, moscovita e opacos. A extinção é fraca a moderadamente ondulante. Moscovita- mineral incolor, placóide, com uma alta birrefringência, associado aos grãos de biotita e preenche lamelas de geminação dos cristais de K-feldspato e plagioclásio, sendo possível produto da alteração destes minerais em processo de muscotivização. Epídoto- mineral incolor a verde pálido, granular, com alta birrefrigência. Pode ser encontrado associado aos cristais de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em processo de saussuritização. Apatita- mineral incolor, prismático, com alto relevo, aparecendo como acessório incluso nos grãos de K-feldspato. Minerais opacos- ocorrem xenoblástico, granulares como inclusões ou nas bordas da biotita, sugerindo um possível processo de alteração. 6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde 7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K- Feldspato, Quartzo, Plagioclásio, Apatita 8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA Moscovita, Epídoto, Quartzo, Minerais opacos 9 - NOME DA ROCHA A partir das observações de lamina e considerando o protólito, a rocha é identificada como Meta-Biotita sienogranito milonítico 10 – FOTOS Kfs Ms Pl 0-0,8mm Fotomicrografia 1 - Grão de moscovita (Ms) associado com K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados. Nicóis cruzados 0-0,8mm Fotomicrografia 2 Porfiroclasto de plagioclásio (Pl) parcialmente recristalizado formando agregado de grãos poligonais, constituindo a microestruturas porfiroclástica, milonítica e núcleo-manto. Notar a sua alteração para moscovita (Ms). Nicóis cruzados Pl Mi Ms Pl Pl Mi 0-0,8mm Fotomicrografia 3 - Grão de moscovita (Ms) associado com microclina (Mi) e plagioclásio (Pl). Notar a sua alteração para moscovita (Ms). Pl- Plagioclásio. Nicóis cruzados 0-1,0mm Fotomicrografia 4 - Grão de biotita (Bt) associado com microclina (Mi) e plagioclásio (Pl). Notar a sua alteração para moscovita (Ms). Pl- Plagioclásio. Nicóis cruzados 10 – FOTOS-Continuação Qtz Kfs Mi Qtz 0-1,0mm 0-0,8mm Fotomicrografia 5 - Microestrutura granofírica reliquiar com associação de quartzo e Kfeldspato (Kfs). Nicóis cruzados Pl Fotomicrografia 6 - Microestrutura granofírica reliquiar com associação de quartzo e Microclina (Mi). Pl-Plagioclásio. Nicóis cruzados Ficha de Descrição PETROGRÁFICA 1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO No de Campo TB-04A Nº do Ponto Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica 8415070 796215 Folha Caetité Referências do Ponto TB-04A Tipo Litológico Nome do Corpo Granitóide Granitóide Broco 2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS Rocha leucocrática, anisotrópica, com cor cinza esbranquiçada e grãos inequigranulares; fanerítica fina a grossa. Mineralogicamente é composto por KFeldspato, quartzo, plagioclásio e xenocristais de Biotita. A rocha apresenta foliação marcada pela orientação do quartzo e dos feldspatos. Trata-se de uma fácies deformada do Granito Broco. 3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS Nessa lâmina predominam as microestruturas associadas com a deformação, tais como: inequigranular bimodal, granoblástica granular, marcada pela presença de agregados poligonais de quartzo, K-feldspato e plagioclásio; lepidoblástica, pela orientação preferencial da biotita, porfiroclástica, núcleo manto e milonítica, reveladas pela presença de agregados poligonais no entorno de porfiroclastos de feldspatos e quartzo. A microestrutura decussada é revelada pela disposição do anfibólio sem orientação preferência. Além disso, de reação, marcada pela transformação do plagioclásio em mica branca. A inclusão de quartzo e apatita em K-feldspato sugere a presença de textura poiquilítica reliquiar. Nessa rocha predominam grãos subidioblásticos com os contatos variando de reto, curvos, embaiados e suturado. A foliação é revelada pela orientação preferencial da biotita. Nessa escala, a rocha é isotrópica. 4 - ANÁLISE MODAL MINERAIS K-Feldspato Quartzo Granada Plagioclásio % 35 25 15 08 MINERAIS Biotita Moscovita Epídoto Minerais opacos Apatita % 05 05 04 02 01 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS K-feldspato- ocorre granular, como porfiroclastos e como grãos poligonais, sem orientação preferencial. Os contatos com outros minerais em sua maioria são retos, com uma minoria curva e interlobada. A granulação dos porfiroclastos atinge valor máximo de 3,6 mm, ao passo que dos grãos poligonais varia entre 0,08 e 1,4 mm. A extinção é moderada a fortemente ondulante. A geminação da albita-periclina foi observada, sugerindo que trata-se de microclina. Apresenta inclusões de quartzo e apatita. Quartzo- ocorre granular, inequigranular bimodal, formando porfiroclastos e grãos poligonais, subidioblástico, sem orientação preferencial. A granulometria dessa rocha varia de 0,12 e 1,2mm. O contato quartzo-quartzo varia entre reto, interlobado e suturado, ao passo que com os demais minerais da rocha é interlobado a suturado. O mineral apresenta extinção moderadamente ondulante. Plagioclásio- ocorre como grãos poligonais ou como porfiroclastos, gerando um padrão inequigranular bimodal. Em geral, é subidioblástico, sem orientação preferencial. Os contatos com outros minerais em sua maioria são retos, podendo ser interlobado a suturado. O tamanho dos grãos varia entre 0,08 e 0,6 mm. O mineral apresenta extinção normal. Constatou-se a presença de geminação albita em alguns cristais e a sua alteração para moscovita (processo de sericitização). Granada- ocorre incolor, com alguns grãos apresentando cor rosa pálido. Além disso, é xenoblástica, em geral, sem orientação preferencial, mas em alguns casos pode ser observada uma fraca orientação preferencial. Ocorre associada com a biotita e com minerais opacos, mas também pode ocorrer associado com o epídoto. O mineral está bastante fraturado. Possivelmente, é um mineral reliquiar do protólito. Biotita- Apresenta-se placóide, com coloração castanha variando do claro ao escuro. Ocorre subidioblástica, orientada segundo a foliação da rocha. A granulação varia de 0,08 a 0,4 mm. Esse mineral ocorrer isolado ou está associado com a granada, minerais opacos e com o epídoto. A extinção é leve a moderadamente ondulante. Moscovita- ocorre placóide, com uma alta birrefringência, associado aos grãos de biotita. Ocorre também como produto da alteração do plagioclásio, em especial nas lamelas de geminação, assim como do K-feldspato. Epídoto- Apresenta-se incolor a verde pálido, com alta birrefrigência, granular. Ocorre 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS – continuação associado com grãos de biotita e de plagioclásio, sendo este último alterado por processo de saussaritização. Minerais Opacos- apresenta-se granular como inclusões ou nas margens da biotita e da granada. Além disso, ocorre como lamelas inclusas na biotita. Apatita- mineral incolor, de alto relevo, prismática e está inclusa nos grãos de quartzo e Kfeldspato. 6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde 7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K- Feldspato, quartzo, plagioclásio 8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA muscovita+ epídoto +quartzo, minerais opacos 9 - NOME DA ROCHA A partir das observações de lâmina e considerando o protólito, a rocha é identificada como Meta-Biotita sienogranito milonítico. 10 – FOTOS Bt Bt Grt Grt 0-1,0mm Fotomicrografia 1 - Aspecto geral da rocha mostrando a matriz clara constituída por Kfeldspato, plagioclásio e quartzo e os xenocristais de granada (Grt) e biotita (Bt). Luz plana 0-1,0mm Fotomicrografia 2 – Outra visão do aspecto geral da rocha. Nicóis cruzados 10 – FOTOS- Continuação Mo 0-0,8mm Grt 0-0,8mm Bt Fotomicrografia 3 – Agregado de granada (Grt), minerais opacos (Mo) e biotita (Bt). Luz plana Fotomicrografia 4 – Microestrutura decussada de agregado de anfibólio. Nicóis cruzados Qtz Pl Kfs 0-0,8mm Fotomicrografia 5 – Agregado poligonal de plagioclásio (Pl) e K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados 0-0,8mm Fotomicrografia 6 - Porfiroclasto de quartzo (Qtz) com grãos poligonais. Nicóis cruzados Ficha de Descrição PETROGRÁFICA 1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO No de Campo TB-04B Nº do Ponto Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica 8415070 811293 Folha Caetité Referências do Ponto TB-04B Tipo Litológico Nome do Corpo Granitóide Granitóide Broco 2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS Rocha leucocrática, com cor cinza esbranquiçada, anisotrópica, com grãos inequigranulares, fanerítica média a grossa. Mineralogicamente é composto por grãos de K-Feldspato, quartzo, plagioclásio e biotita. A rocha apresenta foliação, representando uma amostra da fácies deformada do granitóide Broco. 3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS Nesta lâmina a textura ígnea reliquiar é marcada pela inclusão de biotita em quartzo e da apatita em K-feldspato. Além disso, tem-se granofírica reliquiar (presença inclusões de grãos vermiformes de quartzo em k-feldspato) e mimerquítica reliquiar. Como texturas deformacionais foram observadas a granoblástica, revelada pela presença de agregados poligonais de quartzo e feldspatos, e porfiroclástica, milonítica e núcleo manto, pela presença de porfiroclastos de quartzo, feldspatos envoltos por agregados de grãos poligonais. Textura de reação é revelada pela transformação do K-feldspato em mica branca e do plagioclásio pela mica branca e pelo epídoto. Em escala de lamina a rocha é isotrópica. 4 - ANÁLISE MODAL MINERAIS K-Feldspato Quartzo Biotita Plagioclásio % 40 35 10 05 MINERAIS Moscovita Epídoto Apatita Minerais opacos % 05 03 01 01 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS K-Feldspato- ocorre tabular, como porfiroclastos e como grãos poligonais. Os porfiroclastos possuem granulometria máxima de 5,6 mm, ao passo que nos grãos 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS- Continuação poligonais a granulometria varia entre 0,2-1,4 mm. Os minerais apresentam contatos na sua maioria curvos a interlobados com o quartzo e com o plagioclásio e reto com a biotita. Os grãos apresentam extinção moderada a fortemente ondulante. Notou-se a presença de geminação Albita-Periclina, sugerindo que trata-se da periclina. Em alguns exemplares pode ocorrer alterado para a mica branca. Quartzo- ocorre granular, subidioblástico, com granulometria variando entre 0,041,0 mm. O contato quartzo-quartzo é interlobado a suturado, mas contatos retos são comuns. Por outro lado, com os demais minerais predominam os limites curvos, com alguns apresentando contatos interlobados. O quartzo ocorre associado a Kfeldspato, plagioclásio e biotita. A extinção é fortemente ondulante. Observaram-se inclusões de cristais de biotita e acessórios, cuja granulometria para este ultimo não permitiu a sua identificação. Biotita- apresenta-se placóide, com o pleocóismo variando entre tons de castanho claro a castanho escuro, avermelhado. Os grãos variam entre idioblásticos e subidioblásticos e a granulometria entre 0,08-1,3 mm. Os contatos variam do reto ao curvo, estando associada a grãos de epídoto e moscovita. A extinção é moderadamente a fortemente ondulante. Plagioclásio- ocorre predominantemente tabular, em grãos subidioblásticos, com granulometria entre 0,2 e 1,4mm. Os minerais apresentam contatos na sua maioria curvos, interlobados a suturados com o quartzo, com o K-feldspato e com outros exemplares de plagioclásio. Com a biotita o contato é reto. Alguns grãos apresentam geminação do tipo albita, mas devido ao grau de alteração deste mineral e deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pela metodologia de Michel Levy. Há alteração de cristais de plagioclásio para moscovita e epídoto, sugerindo processo de saussuritização. Moscovita- mineral placóide com uma alta birrefringência, associado aos grãos de biotita. Em geral, ocorre ao longo das lamelas de geminação dos grãos de Kfeldspato e plagioclásio, sendo possivelmente o produto da alteração destes minerais em processo de hidratação. Epídoto- ocorre incolor ou com cor verde pálido, com alta birrefrigência, granular e associado aos grãos de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em processo de saussuritização. 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS-Continuação Apatita- Mineral de alto relevo, aparecendo como acessório, junto com o epídoto e muscovita. Tem forma prismática e está incluso nos grãos de quartzo e Kfeldspato. Minerais opacos- 0corre formando grãos associados à biotita. Os minerais opacos se apresentam como inclusões e margeando os grãos de biotita, inferido-se um possível processo de alteração metamórfica. 6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde 7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K- Feldspato, Quartzo, Plagioclásio, Apatita 8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA Muscovita, Epídoto, Quartzo, Minerais Opacos 9 - NOME DA ROCHA A partir das observações de lâmina e considerando o protólito, a rocha é identificada como Meta-Biotita sienogranito milonítico. 10 – FOTOS Pl Mi Bt Qtz 0-0,8mm Fotomicrografia 1 - Detalhe do plagioclásio (Pl) com geminação albita associado com quartzo granular (Qtz) na matriz. Nicóis cruzados. 0-0,8mm Fotomicrografia 2 - Biotita (Bt) associada com a microclina (Mi). Nicóis cruzados. Qtz Ep Mi Ms 0-0,5mm Fotomicrografia 3 - Moscovita (Mi) associada com a microclina (Mi). Nicóis cruzados 0-0,5mm Fotomicrografia 4- Grão de epídoto (Ep) associado com o quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. 10 – FOTOS-Continuação Mo Bt 0-0,8mm Fotomicrografia 5 - Biotita (Bt) associada com o mineral opaco (Mo) Luz plana. Ficha de Descrição PETROGRÁFICA 1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO No de Campo TB-05B Nº do Ponto Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica 8418388 796533 Folha Caetité Referências do Ponto TB-05B Tipo Litológico Nome do Corpo Granitóide Granitóide Broco 2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS Rocha leucocrática, isotrópica, com coloração cinza esbranquiçada, fanerítica média a grossa. A mineralogia é constituída por feldspato, quartzo biotita e granada, com os três primeiros constituindo a matriz, e os dois últimos sendo xenocristais herdados do protólito sedimentar. 3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS A rocha apresenta texturas ígneas bem preservadas, tais como holocristalina e inequigranular, com granulação média a grossa e predominância de grãos subedrais (subidiomórficos) e uma minoria de grãos anedrais (idiomórficos). Os contatos entre os minerais são predominantemente irregulares. Além disso, foram descritas as microestruturas porfirítica, revelada pela presença de pórfiros de K-feldspato e poiquilítica. Texturas de reação metamórfica é revelada pela transformação do Kfeldspato em mica branca e de plagioclásio para moscovita e epídoto. 4 - ANÁLISE MODAL MINERAIS K-Feldspato Quartzo Plagioclásio Biotita MINERAIS % 42 40 05 04 Granada Moscovita Epídoto Apatita % 04 03 01 01 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS K-Feldspato- ocorre como grãos tabulares, subedrais com granulação variando entre 0,04 e 5,52 mm. O contato com outros exemplares de K-feldspato é interlobado a reto, mas é interlobado freqüentemente com o quartzo e com o plagioclásio. Por outro lado, com a biotita o contato é reto. A extinção é fortemente ondulante. Esse mineral ocorre formando 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS-Continuação os pórfiros ou na matriz. Apresenta estruturas do tipo pertita e em alguns cristais, a geminação da periclinica, típica da microclina, pode ser encontrada. A extinção é fraca a moderadamente ondulante. Subordinadamente, feições de recristalização tectônica pode ser encontrada e revelada pela presença de grãos poligonais envolvendo o porfiroclasto. Em alguns casos é possível observar a sua transformação para a mica branca (processo de sericitização). Esse mineral apresenta inclusão de apatita. Quartzo- ocorre nos interstícios entre os grãos de feldspatos, como forma granular, subedral (subidiomórfico), com granulometria variando entre 0,04 e 9,48 mm. Pode ocorrer também associado com as microestruturas mimerquitícas e granofírica. O contato com K- feldspato e plagioclásio é interlobado e com a biotita é reto. O mineral apresenta extinção moderadamente à fortemente ondulante. Pode ocorrer recristalizado formando grãos poligonais, que podem estar na borda dos porfiroclastos. Plagioclásio- apresenta-se tabular, com grãos que variam entre subedrais ao anedrais. A granulação, por sua vez, varia entre 0,01-0,65 mm. Esse mineral faz contato amebóide a interlobado com outros grãos da mesma espécime, mas o contato é interlobado com o quartzo e com o plagioclásio. A geminação típica é a da albita, que pode ocorrer fracamente deformada. Devido ao grau de alteração deste mineral não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pelo método de MichelLevy. Há alteração de grãos de plagioclásio para mica branca e epídoto, sugerindo processo de saussuritização. Além disso, feições amebóides entre a granada e a biotita podem sugerir uma textura de reação. Biotita- ocorre placóide, com pleocóismo variando de castanho claro a castanho escuro. Os grãos são subedrais (subidiomórficos), com tamanho entre 0,08 e 2,0 mm. Esse mineral faz contato reto com o K-feldspato, quartzo, plagioclásio e contato interlobado com a granada. Em alguns casos é possível verificar feições que sugerem a substituição da granada pela biotita. Possivelmente, há uma geração que é um xenocristal herdado da rocha encaixante, mas os contatos interlobados com a granada sugerem que uma geração pode ter sido formada durante a fusão que resultou na formação do granitóide. Granada- apresenta-se granular, incolor, bastante fragmentado (faturado). Em 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS-Continuação geral, associa-se com a biotita, com a qual faz contatos interlobados. Possivelmente, trata-se de um xenocristal herdado da rocha encaixante. Moscovita- mineral com uma alta birrefringência, associado aos grãos de biotita e preenche lamelas de geminação nos grãos K-feldspato e plagioclásio, sendo possível produto da alteração destes minerais em processo de hidratação. Epídoto- mineral de alta birrefrigência, com forma granular e associado aos grãos de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em processo de saussuritização. Apatita- mineral de alto relevo, prismático, que ocorre incluso nos grãos de quartzo e K-feldspato. 6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde. 7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K- Feldspato, Quartzo, Plagioclásio, Apatita 8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA Moscovita, Epídoto, Quartzo 9 - NOME DA ROCHA Segundo o diagrama QAP a rocha é classificada como Meta sienogranito com granada e moscovita. 10 – FOTOS Mi Pl Qtz Kfs 0-0,5mm Fotomicrografia 1 - Microestrutura mimerquitíca ígnea reliquiar. Pl- Plagioclásio, Mi- Microclina. Nicóis cruzados Pl 0-1,0mm Fotomicrografia 2 – Grãos de quartzo (Qtz) nos interstícios entre os grãos de K- feldspato (Kfs) e plagioclásio (Pl). Nicóis cruzados 10 – FOTOS- Continuação Pl 0-1,0mm Fotomicrografia 3 - Fenocristal de plagioclásio (Pl) com moscovita. 0-1,0mm Fotomicrografia 4 - Xenocristal de granada (Grt) associado com a biotita (Bt). Ficha de Descrição PETROGRÁFICA 1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO No de Campo TD-12A Nº do Ponto Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica 8404020 797016 Folha Caetité Referências do Ponto TD-12A Tipo Litológico Nome do Corpo Granitóide Granitóide Broco 2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS Rocha leucocrática, anisotrópica com coloração cinza esbranquiçada, contendo grãos equigranular. A granulação varia de média a fina. Foram identificados os seguintes minerais: K-Feldspato, Quartzo, Plagioclásio e Biotita. 3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS A rocha apresenta microestrutura granoblástica, revelada pela presença de agregados poligonais de quartzo, plagioclásio e K-feldspato; milonítica, núcleo-manto e porfiroblástica, reveladas pela presença de agregados poligonais de quartzo, plagioclásio e K-feldspato em torno de porfiroclastos. Ribbons de quartzo também podem ser observados. 4 - ANÁLISE MODAL MINERAIS K-Feldspato Quartzo Biotita Plagioclásio ‘ % 40 30 20 05 Epídoto Apatita % 03 02 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS K-Feldspato- Apresenta-se tabular, subidioblástico, como porfiroclasto ou como grãos poligonais, denotando uma textura inequigranular bimodal. Apresenta uma granulação que varia entre 0,2 e 3,2 mm e em geral, não apresentam orientação preferencial. O contato entre os grãos de K-feldspato é reto e curvo, Os cristais apresentam extinção moderadamente ondulante, alguns apresentam geminação da albita-periclina, sugerindo tratar-se de microclina. Quartzo- Ocorre granular, subidioblástico, como grãos poligonais, com o tamanho variando entre 0,2 e 4,8 mm. Em geral, não apresentam orientação preferencial. O mineral apresenta extinção fraca à moderadamente ondulante. 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS – continuação Plagioclásio- apresenta-se tabular, formando grãos poligonais, subidioblástico, sem orientação preferencial. Os contatos com outros minerais em sua maioria são retos, com uma minoria curva a interlobada. A granulação varia de 0,05 a 0,7 mm. O mineral apresenta extinção normal. Constatou-se a presença de geminação albita em alguns grãos. Biotita- apresenta-se placóide, com pleocroísmo variando em tons de castanho claro a escuro. Os grãos são idioblásticos e a granulometria varia entre 0,1 a 1,9 mm. Em geral apresenta contatos retos com os outros minerais. A extinção é fracamente ondulante a contínua. Epídoto- ocorre granular, com cor verde pálido. Está associada à biotita e feldspatos, podendo ser encontrado em fraturas de quartzo Apatita- Mineral de alto relevo, prismático e ocorre na matriz das rochas ou inclusa nos grãos de quartzo e feldspato. 6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde 7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K-feldspato, quartzo, plagioclásio, biotita, apatita 8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA epídoto, quartzo 9 - NOME DA ROCHA A partir das observações de lâmina e considerando o protólito, a rocha é identificada como Meta-Biotita sienogranito milonítico com epídoto. 10 – FOTOS Mi Pl Mi Qtz Qtz 0-1,0mm Fotomicrografia 1 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. 0-0,5mm Fotomicrografia 2 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Notar a presença de ribbons de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. Qtz Qt Qtz Pl Bt Pl 0-0,8mm Fotomicrografia 3 – Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de plagioclásio (Pl) e quartzo (Qtz). 0-0,8mm Fotomicrografia 4 – Xenocristais de biotita (Bt) Microestruturas granoblástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Nicóis cruzados. Ficha de Descrição PETROGRÁFICA 1 - DADOS SOBRE O AFLORAMENTO No de Campo TD-12B Nº do Ponto Latitude Longitude Nome da Folha Geográfica 8404020 797016 Folha Caetité Referências do Ponto TD-12B Tipo Litológico Nome do Corpo Granitóide Granitóide Broco 2 - CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS Rocha mesocrática, com bandas claras e acinzentadas, anisotrópica, com minerais inequigranulares e porfiróides, com granulação fanerítica média. A rocha apresenta foliação e xenocristais de biotita. É composta por K-feldspato, quartzo, biotita. 3 - CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS As microestruturas observadas foram a granoblástica formada pelos agregados de grãos recristalizados de quartzo, plagioclásio e K-feldspato; porfiroclástica representada pelos grãos relíctos de quartzo e K-feldspato imerso em uma matriz de grãos poligonais da mesma composição. Os porfiroclastos são inequigranulares, bimodais sem orientação preferencial. A associação entre o epídoto e o plagioclásio sugere a presença de microestrutura relacionada com reação metamórfica. 4 - ANÁLISE MODAL MINERAIS K-Feldspato Quartzo Hornblenda Biotita Epídoto % 32 28 13 08 08 MINERAIS Plagioclásio Minerais opacos Apatita % 05 02 01 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS K-feldspato- apresenta-se tabular, subidioblástico, formando porfiroclastos e agregados de grãos poligonais, denotando uma textura inequigranular bimodal. Os porfiroclastos apresentam uma granulometria máxima de 1,6 mm, ao passo que nos agregados de grãos poligonais a granulação varia entre 0,2 e 0,8 mm. Em geral, não apresentam orientação preferencial. O contato entre os grãos de K-feldspato é reto e curvo, ao passo que o contato com outros minerais varia de reto a curvos. Esse mineral ocorre associado aos cristais de quartzo e plagioclásio. Os grãos apresentam extinção moderadamente 5 - DESCRIÇÃO DOS MINERAIS – continuação ondulante, alguns apresentam geminação da Albita-Periclinica típica da microclina. Quartzo- ocorre granular, subidioblástico, como porfiroclastos e como agregados de grãos poligonais. Para os porfiroclastos, o tamanho máximo é de 4,8 mm, ao passo que entre os grãos poligonais o tamanho varia entre 0,2 e 1,6mm. Em geral, não apresentam orientação preferencial. Os contatos com outros minerais variam de retos a curvos, estando associadas aos cristais de K-feldspato. Os grãos apresentam extinção fraca à fortemente ondulante. Hornblenda- ocorre tabular, pleocróico, variando do verde claro ao escuro. Mineral subidioblástico, sem orientação preferencial, com granulometria variando entre 0,05 a 1,5 mm. O contato com outros minerais ocorre de forma reta, estando associado a grãos de biotita, epídoto e K-feldspato. Apresenta extinção normal. Biotita- apresenta-se placóide, com pleocroísmo variando em tons de castanho claro a escuro. Os grãos são idioblásticos e a granulometria varia entre 0,1 a 2mm. Em geral apresenta contatos retos com os outros minerais. A extinção é fracamente ondulante a contínua. Epídoto- mineral incolor, com alta birrefrigência. Ele ocorre substituindo o plagioclásio. Uma variedade, a alanita, ocorre coloração acastanhada e forma granular foi encontra. Plagioclásio- apresenta-se granular, formando grãos poligonais, subidioblástico, sem orientação preferencial. Os contatos com outros minerais em sua maioria são retos, com uma minoria curva a interlobada. A granulação varia de 0,05 a 0,7 mm. O mineral apresenta extinção normal. Constatou-se a presença de geminação albita em alguns grãos e forma textura granoblástica. Apatita- mineral de alto relevo, aparecendo como acessório. Tem forma prismática e está incluso nos grãos de quartzo e K-feldspato. Minerais opacos- ocorre formando grãos associados à biotita. Os minerais opacos se apresentam como inclusões e margeando os grãos de biotita, inferido-se um possível processo de alteração metamórfica. 6 – GRAU METAMÓRFICO/FÁCIES METAMÓRFICA Grau de médio, Fácies anfibolito com retrometamorfismo para fácies xisto verde 7– PARAGÊNESE ÍGNEA RE-EQUILIBRADA NO METAMORFISMO PROGRESSIVO K-feldspato, quartzo, plagioclásio, hornblenda 8 – PARAGÊNESE METAMÓRFICA REGRESSIVA Epídoto, quartzo 9 - NOME DA ROCHA Meta-Biotita sienogranito milonítico com anfibólio 10 – FOTOS Mi Bt 0-1,0mm 0-1,0mm Qtz Fotomicrografia 1 – Grão de biotita (Bt) sem orientação preferencial. Luz plana Fotomicrografia 2- Porfiroclasto de microclina e matriz granoblástica de plagioclásio. Nicóis cruzados Bt Al Bt Hb 0-0,8mm 0-0,8mm Fotomicrografia 3- Grão de alanita associado com biotita (Bt). Luz plana (Al) Fotomicrografia 4- Grão de horblenda (Hb) associado com biotita (Bt). Luz plana