Intervenções de Enfermagem junto à família na

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Artigo Original
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Intervenções de enfermagem junto à família na
prevenção da obesidade infantil
Ms. Eva de Fátima Rodrigues Paulino
Mestrado em Terapia Intensiva
Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Rosilene Miranda Silva
Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Ms. Fabiana Ferreira Koopmans
Mestrado em Ciências da Saúde
Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Ms. Regina Célia de Barros Sá
Mestrado em Educação
Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
RESUMO: A obesidade é uma doença e a nova epidemia do século XX e início do
XXI, considerada mais séria que a desnutrição no Brasil. É definida em vários estudos
epidemiológicos que tratam da questão como sendo o acúmulo excessivo de gordura
no organismo. As crianças criam hábitos alimentares assimilados de seus pais. É o
período em que começam a ter consciência e a agir, a tomar certas decisões por elas
mesmas. Tendo em vista esta discussão, temos como objeto de estudo os meios
pelos quais a enfermagem pode prestar assistência na prevenção da obesidade
infantil, com o seguinte objetivo: descrever as intervenções de enfermagem junto à
família na prevenção da obesidade infantil. Utilizou-se na metodologia a pesquisa
bibliográfica com base na abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, onde após o
levantamento bibliográfico realizou-se uma leitura do material encontrado e
posteriormente selecionado para a construção deste estudo. Conclui-se que o
enfermeiro deve focar para os pais que a prevenção da obesidade infantil continua
sendo o melhor caminho para uma vida adulta saudável.
Palavras-chave: Enfermagem, obesidade infantil, alimentação.
Nursing Intervention with the family in preventing childhood obesity
ABSTRACT: Obesity is a disease and the new epidemic of the twentieth and early
twenty-first century, considered more serious than malnutrition in Brazil. It is defined in
several epidemiological studies that address the issue as the excessive accumulation
of fat in the body. Children create habits assimilated from their parents. It is the period
when they begin to be aware and act, to take certain decisions for themselves. In view
of this discussion, we have as objective to study the means by which nurses can assist
in preventing childhood obesity, with the purpose to describe the nursing interventions
with the family in preventing childhood obesity. We used the methodology literature
based on a qualitative, descriptive and exploratory, where after the bibliographic held a
reading of the material found and subsequently selected for the construction of this
study. The results of this study showed that nurse’s focus on parents for the prevention
of childhood obesity continues to be the best path to healthy adulthood.
Corpus et Scientia, ano 7, vol. 7, n. 1, p. 14-20, maio 2011
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Keywords: Nursing, childhood obesity, food.
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa fez parte do trabalho de conclusão de curso de enfermagem da
UNISUAM, tendo como objeto de estudo as intervenções de enfermagem junto à
família na prevenção da obesidade infantil.
O interesse pelo tema em questão emergiu de minha própria experiência
familiar, ao presenciar, em diversas ocasiões, como minha sobrinha de três anos de
idade, que segue uma rotina alimentar pouco balanceada em função da própria
desinformação de seus pais, que são flagrados freqüentemente oferecendo-lhe
alimentos – além da quantidade ideal para sua idade e fora dos horários adequados –
de forma carinhosa, por meio de oferta de presentes ou, em alguns casos, por meio de
ameaças de sanções.
Segundo Bastos e Pereira (2008), “a obesidade é uma doença e a nova
epidemia do século XX e início do XXI, e considerada mais séria que a desnutrição no
Brasil. 40% da população está acima do seu peso”. A obesidade já é considerada uma
pandemia e problema de saúde pública, afetando mais de 300 milhões de pessoas em
todo mundo.
Segundo Damiani (2000), a etiologia da obesidade é nitidamente multifatorial,
caracterizada por um aumento exagerado do consumo de alimentos ricos em gordura
e com alto valor calórico, associados ao excessivo sedentarismo condicionado por
redução na prática de atividades físicas e incremento de hábitos que não geram gasto
calórico, como o ato de assistir TV, o uso prolongado de vídeo games e
computadores, entre outros. Enfim, faz-se necessária uma séria mudança no estilo de
vida.
Nesta ótica, os pais devem adequar a alimentação da criança, evitando
refrigerantes e servindo suco natural, não preparar molhos ricos em gordura, não
oferecer doces entre as refeições, sendo recomendável oferecer frutas. Os pais
devem estar atentos à compra do supermercado, mostrando e incentivando a
aquisição de verduras, frutas e legumes, proporcionando também alimentos
variados, com todos os nutrientes necessários, além de acompanharem o peso e a
altura da criança periodicamente, a fim de se observar o desenvolvimento dela.
Durante a infância, o ganho ponderal é rápido e importante. Uma medida de
peso isolada não diz muito, porém sua mensuração rotineira nos permite construir uma
curva de peso, essencial para a avaliação da criança. (WONG, 1999). Por isso, é
importante que os pais tenham informações corretas e precisas da equipe de saúde a
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respeito da alimentação adequada para os seus filhos, pois só assim obterão a
necessária tranqüilidade para lidar melhor com uma situação tão delicada e indesejada
por eles.
A obesidade na infância está relacionada a várias complicações, como também
a uma maior taxa de mortalidade. E quanto maior o tempo em que o indivíduo se
mantém obeso, maior é a chance de ocorrerem complicações (MELLO et alli., 2004).
Várias complicações podem ocorrer na saúde de uma criança com sobrepeso. A
obesidade infantil pode acarretar elevação das triglicérides e do colesterol, alterações
ortopédicas, problemas respiratórios, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial,
entre outros distúrbios. Além disso, uma criança obesa aumenta a probabilidade de se
tornar um adulto obeso, o que pode gerar uma gama de problemas de saúde tendo
como conseqüência até a diminuição da expectativa de vida (CORSO et alli., 2003).
O objetivo geral da pesquisa foi descrever os meios pelos quais o profissional
de enfermagem pode atuar nas intervenções de enfermagem junto à família na
prevenção da obesidade infantil.
O estudo em questão se torna relevante para a sociedade pela atualização da
temática e pela importância de sua problemática, tornando-se possível esse tipo de
informação. No âmbito da saúde pública, a obesidade tem sido foco amplo de estudos
devido ao conhecimento desta patologia em crianças em nível mundial. Para o meio
acadêmico, sua relevância está em trazer a elaboração de uma série de práticas que
têm sido utilizadas pelos profissionais de enfermagem visando a reduzir os riscos da
obesidade na população infantil, trabalhando hábitos alimentares saudáveis,
pertinentes ao desenvolvimento da criança, em parceria com a equipe multidisciplinar.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, e para dar conta deste estudo
escolhemos como caminho metodológico uma abordagem qualitativa de caráter
descritivo e exploratório.
INTERVENÇÕES BASEADAS NOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM
De acordo com Nanda (2001), o processo de enfermagem se baseia na
utilização de uma linguagem padronizada, a classificação dos diagnósticos de
enfermagem, dentro da estrutura teórica das necessidades humanas básicas de Horta.
O diagnóstico enfatiza os problemas fisiológicos e psicossociais que as enfermeiras
podem diariamente diagnosticar e tratar com independência. Através de um cuidado
sistematizado, doravante, todos os diagnósticos serão descritos em sua relação.
Nessa linha, se faz necessário planejarmos o cuidado, seguindo a teoria de metas de
curto, médio e longo prazo.
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Identificando o diagnóstico de enfermagem, iniciamos com a adaptação
prejudicada: pela incapacidade de modificar o estilo de vida ou comportamento
compatível com o estado de saúde alterado. Relacionado com a incapacidade ao
estado nutricional incluindo-se modificações da dieta e alterações do peso.
Intervenção em curto prazo: ensinar a criança e a seus cuidadores as habilidades
necessárias ao seu tratamento adequado, visando a estimular a complacência e
adaptação às condições ideais de bem-estar. Intervenção em médio prazo: discutir os
problemas de saúde e suas implicações com a família para estimular sua participação
na assistência prestada à criança e promover uma relação de confiança. Intervenção
em longo prazo: orientar os familiares quanto à importância de uma reeducação
alimentar e quanto à necessidade de realização de atividade física.
O diagnóstico de ansiedade está relacionado a um sentimento de ameaça ou
perigo pessoal, ocasionado pelo medo da morte ou da incapacidade, relacionada com
uma crise circunstancial incluindo o padrão habitual de exercícios, ingestão alimentar
diária típica, deficiências nutricionais, obesidade ou caquexia, anorexia, bulimia, ganho
ou perda de peso, náuseas e vômitos, desmaio, palidez, irritabilidades. Intervenção em
curto prazo: oferecer refeições nutritivas a intervalos regulares, para promover padrões
alimentares saudáveis e evitar deficiências nutricionais que agravam ainda mais a
doença da criança. Intervenção em médio prazo: envolver a família no planejamento
conjunto e no processo de decisão com o paciente, para promover a confiança entre a
criança e sua família. Intervenção em longo prazo: oferecer apoio nos programas e
práticas de integração com vista a alcançar mudanças no estilo de vida, não bastando
atuar somente com a criança e sim junto com os seus familiares.
O diagnóstico de crescimento e desenvolvimento alterado que está relacionado
ao retardo ou interrupção do desempenho das tarefas do desenvolvimento normal de
uma criança, devido a uma doença crônica ou à incapacidade física congênita ou
adquirida; incluindo no estado psicológico, o desenvolvimento infantil, padrões
habituais de sono e nutrição, marcos referenciais do desenvolvimento, personalidade e
temperamento, adaptação à escola, habilidades de socialização, qualidades das
relações, e atividade de lazer, comportamento antissocial, hiperatividade, alterações
dos hábitos alimentares, escala do desenvolvimento infantil de bayley. A intervenção
em curto prazo seria orientar a seguir o protocolo médico para assegurar condições
ideais de saúde à criança e garantir sua segurança. Na intervenção em médio prazo:
ensinar aos pais as técnicas que estimulam o progresso do filho na aquisição das
habilidades necessárias aos cuidados pessoais. É importante registrar os progressos
da criança em uma tabela ou gráfico colocando-o em posição bem evidente no quarto
da criança, para oferecer reforços positivos aos pais e também à criança. Intervenção
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em longo prazo: mostrar aos pais como registrar os dados no gráfico de progressos da
criança. Em casa, esse gráfico estimula os esforços de ensino dos pais e os esforços
da criança para dominar as habilidades desejadas.
Para o diagnóstico de Déficit de lazer e restrição ou redução da capacidade de
o paciente usar seu tempo livre em seu próprio beneficio ou satisfação. Relacionada à
imobilização,
hospitalizações
freqüentes,
restrições
do
tratamento,
fadiga
e
indisposição no estado mental, se incluída a aparência. Intervenção em curto prazo:
incentivar e prover condições para realização de atividades lúdicas (conforme a
preferência e condição clínica da criança), como leituras, trabalhos manuais, musica e
outros. Intervenção em médio prazo: esquematizar as horas do dia para que a criança
possa realizar atividades de lazer; pedir a criança que se sente a uma escrivaninha e
comece a pintar, fazer números e escrever. Intervenção em longo prazo: trabalhar com
a criança e sua família no sentido de descobrir formas de realizar atividades
desejadas. Usar a imaginação e a criatividade. Por exemplo, pedindo à família que
brinque com a criança com um antigo pião.
Para o diagnóstico de Distúrbio da imagem corporal: É o estado em que o
indivíduo passa a perceber de forma negativa a sua própria imagem corporal. Fatores
relacionados: mudança na aparência física, percepções irrealísticas da aparência,
obesidade e imobilização. Intervenção em curto prazo: enquanto estiver ajudando a
criança nas atividades de autocuidado conversar com ela e avaliar seus padrões de
enfrentamento e seu nível de auto-estima. Intervenção em médio prazo: ajudar a
criança a identificar os aspectos positivos de sua aparência para promover uma autoimagem positiva. Intervenção em longo prazo: ensinar e promover estratégias
saudáveis de enfrentamento, para ajudar a criança a superar um comportamento
improdutivo.
Para o diagnóstico: de Distúrbio do padrão do sono: É o estado em que o
indivíduo experimenta descontinuidade no período de sono noturno, causando-lhe
desconforto ou interferindo no seu estilo de vida. Relacionado ao estado nutricional,
hábitos alimentares, restrições dietéticas, deficiências nutricionais, obesidade.
Intervenção em curto prazo: planejar as atividades que exigem que a criança fique
acordada para um horário apropriado e para que ela fique fora da cama durante o dia.
Intervenção em médio prazo: orientar os pais a dar banho morno na criança antes de
dormir (o banho morno proporciona relaxamento). Procurar fazer com que a criança
faça exercícios físicos, como natação, judô, balé e atividades de recreação.
Intervenção em longo prazo: estimular a criança a manter regularidade nos horários de
se deitar e levantar.
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Para o diagnóstico de nutrição alterada ingestão acima das necessidades
corporais. É o estado em que o individuo está apresentando uma ingestão de
nutrientes maior do que as necessidades metabólicas diárias. Fatores relacionados ao
estado nutricional, incluindo-se estatura, peso, consumo calórico basal, medidas
antropométricas, exame do abdome, uso de suplementos de ferro e outros sais
minerais, polivitamínicos, vitamina B12 ou outros suplementos nutricionais, ganho de
peso. Intervenção em curto prazo: trabalhar com os pais no sentido de estabelecer
uma meta de peso realista. Orientar os pais sobre como registrar o índice de massa
corporal (IMC). Intervenção em médio prazo: estimular o consumo de alimentos
pobres em calorias e gordura e ricos em carboidratos complexos e fibras. Pedir aos
pais que conversem com um nutricionista para planejar suas refeições. Intervenção
em longo prazo: recomendar aos pais que examinem as terapias dietéticas em grupos,
tais como vigilantes do peso.
Para o diagnóstico de Perfusão tissular prejudicada (cardiopulmonar), redução
da nutrição e da respiração celulares, devidas à diminuição do fluxo sanguínea capilar.
Relacionada a história de saúde, incluindo o nível elevado do colesterol, hipertensão,
história familiar de doença cardíaca e obesidade. Intervenção em curto prazo:
monitorar a cor e a temperatura da pele a cada duas horas. Avaliar sinais de lesão da
pele. Se a criança estiver com a pele fria, pálida e manchada e cianótica pode indicar
redução da perfusão tissular. Intervenção em médio prazo: monitorar e documentar os
sinais vitais (freqüência cardíaca, pressão arterial) de hora em hora, até que estejam
estabilizados em seguida a cada duas horas. Notificar quaisquer alterações fora dos
limites estabelecidos. Intervenção em longo prazo: encaminhar a criança aos órgãos e
grupos de apoio que podem ajudá-la a modificar o seu estilo de vida (programas e
atividades estruturados podem facilitar as alterações, que seriam difíceis de conseguir
sem ajuda).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste estudo permitiu ampliar nosso conhecimento e reconhecer
que a obesidade infantil vem crescendo a cada dia no Brasil e no mundo, devido a
alguns fatores facilitadores como a modernização que vem se destacando a cada
momento. O nível sócio-econômico faz parte desta modernização que está
relacionada diretamente aos alimentos de fácil acesso que, em muitos casos, são
alimentos de maior valor calórico e de maior quantidade de gorduras.
A obesidade deve ser considerada uma doença crônica de difícil manejo. Para
mudar esse quadro, o enfermeiro deve orientar os familiares, juntamente com as
crianças, sobre os perigos de uma vida sedentária e da obesidade, por meio de
Corpus et Scientia, ano 7, vol. 7, n. 1, p. 14-20, maio 2011
ISSN: 1981-6855 (http://www.unisuam.edu.br/corpus)
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processos de enfermagem, oferecendo-lhes palestras educativas que esclareçam
sobre
as
conseqüências
da
doença.
Além
disso,
fazem-se
necessários
esclarecimentos acerca do que tais conseqüências poderão trazer para o futuro da
criança e das vantagens de uma mudança nos hábitos alimentares, cujos benefícios
resultarão, posteriormente, numa melhor qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
BASTOS, M. V.; PEREIRA, M. A. M. Obesidade Infantil. 2008 [on-line]. Disponível em
<http://www.webartigo.com/articles/10247/1/obesidade-infantil/pagina>. Acesso em: 11
set. 2009.
CORSO, A.C.T. Sobrepeso em crianças menores de 6 anos de idade em
Florianópolis, SC. Revista de Nutrição, Campinas, v. 16, n. 1, mar., 2003.
DAMIANI, D. Obesidade na infância e adolescência: um extraordinário desafio!
Arquivo Brasileiro de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, v. 44, n. 5, p. 363-365,
out. 2000.
MELO, E. D. Obesidade Infantil: Como podemos ser Eficazes? Jornal de Pediatria. Rio
de Janeiro, v. 80, n. 3, p.173-182, jan., 2004
WONG, D.L. Enfermagem Pediátrica: Elementos essenciais a intervenção efetiva. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
Recebido: 12 de novembro de 2010
Aprovado: 7 de março de 2011
Endereço para correspondência
Eva de Fátima Rodrigues Paulino
E-mail: [email protected]
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