Mirtilo = Arandano Selvagem (Gerês) Cultivado (EUA e Canadá Canadá) Vaccinium myrtillus (mirtilo selvagem europeu) • Ainda não estudado para cultivo; • Menores produções; Espécies principais: • Vaccinium corymbosum (highbush) • Pior adaptação transporte e conservação; •Vaccinium ashei (rabbiteye = olho coelho) • Excelente sabor; Híbridos: • Grande potencial em termos económicos, por ser selvagem há mercados que o valorizam. •Híbridos com mirtilo anão (V. angustifolium) e outros Mirtilo highbush (tipo mais comum) Raro o lowbush sem ser hibrido Norte (northern) Mirtilo rabbiteye – olho coelho Sul (southern) - Fruta diferente do highbush; - Adequado ao locais com - Requisitos de frio intermédios; - Adaptado ao frio invernal; Invernos temperados (Sul, junto ao mar e estufa); - Produção tardia (fim de Verão); - Floração e maturação mais tardia; - Exigência de vernalização (horas de frio); - Tem pequena, ou nenhuma, exigência de frio (vernalização); - Muito vigor. Podendo chegar a passar os 4 metros de altura. - Floresce e frutifica mais cedo; - Poda diferente; - Maior vigor; - Igualmente sensível à geada, se não estiver adaptado ao local; - Pode nem perder todas as folhas no inverno. Todas as variedades aguentam o frio do Inverno de Portugal Continental e o risco de queima por geada ocorre em todas as variedades em que a floração se dê muito cedo. (IMPORTANTE CONHECER DADOS METEOROLÓGICOS) Quando a exigência de horas de frio é pequena a planta “rebenta” muito cedo, podendo ser queimada. Se plantas com grandes requisitos de frio forem plantadas em zonas temperadas ou em estufa podem ter um abrolhamento irregular, redução de produção, e ser útil aplicar hormonas (como no kiwi) para que se quebre a dormência e o abrolhamento seja sincronizado. Características dos solos e parcela • Acidez ou alcalinidade: O pH ideal está compreendido entre 4,2 e 5,5. Acima de pH 5,0 deve-se controlar regularmente o pH e procurar acidificar, por exemplo na fertirega. • Matéria Orgânica: O teor em matéria orgânica deve ser > 3% (é o mínimo). Quanto maior o teor de matéria orgânica maior a tolerância a variações do pH e melhor uso de nutrientes. • Requisito ideal, à plantação de: - 150 ppm Potássio K - 150 ppm Fósforo P Adubar, antes da plantação, para atingir estes valores. Não interessa superar estes teores. A partir deste nível deve-se aplicar fertilizantes para reposição. Evitar solos pesados (argila) por não ter arejamento. Porém pode ser modificado com doses elevadas de matéria orgânica ou uma cultura em faixas com substrato. Clorose Férrica • • • • • A clorose férrica é um dos mais comuns acidentes fisiológicos do mirtilo. Sucede quando há falta ou indisponibilidade de ferro no solo (raro) em consequência do pH altos. Quando o pH é inferior a 4 a maioria dos nutrientes não pode ser absorvida. Como o mirtilo tem raízes pouco profundas, quase sem pêlos radiculares, e depende de fungos (micorrizas) para uma melhor nutrição, alguns nutrientes de difícil translocação, como o ferro, têm de ser facilmente assimiláveis. O mirtilo é muito sensível às variações de pH. A pH baixo ótima disponibilidade do ferro do solo. Deficiente disponibilidade, em formas de fácil absorção, dos restantes nutrientes. Fertilização Evitar Utilizar • • • Na fertilização do Mirtilo são de banir todos os fertilizantes que tenham cloro, caso do Cloreto de Potássio, pois são tóxicos para a cultura; Evitar todos os que têm nitratos na sua composição uma vez que a planta do mirtilo absorve mal os adubos em que o azoto está na forma nítrica. • • Os melhores são os que têm azoto amídico (Ureia) para solos excessivamente ácidos pH (4 a 4,2), pois tem algum poder alcalinizante. São de preferir os que têm azoto na forma amoniacal (NH4+), como sulfato de amónio. Os sulfatos, pela presença de enxofre (S), são adubos a preferir, pois, além do importante nutriente ajudam a manter o pH baixo. Necessidades nutricionais Na fertilização tem-se em consideração: 1 - Produção (quanto maior a extração maior a necessidade de nutrientes para compensar o que sai do campo); Nível de nutrientes extraídos nos frutos (10 toneladas) + ramos de poda / hectare / ano Total (kg/ha/ano) Azoto Fósforo Potássio Cálcio Magnésio 13 2,8 12 1,4 0,9 2 – Nutrientes da análise do solo; 3 - Teores de nutrientes das folhas (análises) Para ser bem conduzida não se pode poupar em análises foliares. Interpretação da análise foliar Defice Suficiente Excesso Azoto 1,7% 1,7-2,1% 2,3ppm Fósforo 0,08% 0,1-0,4% 0,6ppm Potássio 0,35% 0,4-0,65% 0,9ppm Cálcio 0,13% 0,3-0,8% 1ppm Magnésio 0,1% 0,15-0,3% 0,4ppm Enxofre - 0,12-0,2% - Boro 20ppm 30-70ppm 200ppm Cobre 5ppm 5-20ppm - Ferro 60ppm 60-200ppm 400ppm Manganês 25ppm 50-350ppm 450ppm Zinco 8ppm 8-30ppm 80ppm Pritts e Hancock , 1992 – Highbush Blueberry Production Guide Exposição Solar - O mirtilo é tolerante a certo ensombramento (naturalmente cresce em bosques). - Em regiões com hiperinsolação a redução da incidência solar é algo vantajoso. - Porém, a boa exposição garante fruta menos ácida e mais doce, com melhores aromas, bem como antecipação da colheita. - Só os ramos diretamente expostos ao Sol, pelo menos 30% do tempo, é que produzem gomos florais. - As redes anti pássaro reduzem a insolação em cerca de 15%. Tal pode ser crítico em zonas com muitas névoas e pouca insolação. - Nas zonas do Sul pode ser vantajoso providenciar sombra para reduzir stress hídrico e danos pelo Sol, e assim melhorar a produção. Nunca exceder 50% de sombra. As melhores redes sombra são brancas, cinzentas ou vermelhas. Cores escuras podem reduzir produção. - Não há benefício em sombrear acima do paralelo 41º (Porto). Alguns plásticos de estufa e a sombra permitem atrasar a maturação, o que tem interesse para quem quer vender fora de época. As raízes de mirtilo de absorção têm, aproximadamente, 0,4metros, encontrando-se algumas, que se pensa servirem apenas para suporte, até 1 metro de profundidade. É um sistema radicular relativamente fraco, superficial e muito localizado. O stress hídrico pode ocorrer em muito pouco tempo. E mesmo que as plantas resistam, as produções ressentem-se. Quando as plantas passam algum tempo em stress hídrico não se notam sintomas, mas se tal acontece quando a fruta está a crescer ou a amadurecer, quando se regar ou chover poderá acontecer o rachamento da fruta, pois a película não terá elasticidade suficiente. Quando o stress se prolonga as folhas podem ficar avermelhadas e inclusivamente cair. Nesta cultura prever um sistema de rega é fundamental. No ambiente natural, entre árvores, as perdas de água são menores e, em Portugal, estas plantas ocorrem naturalmente no Gerês, região da Europa com maior pluviometria e nos Estados Unidos por vezes nas orlas de pântanos. A rega pode ser feita por aspersão, ou rega localizada. Rega por Aspersão Vantagens • Dificilmente entope; • Fácil manutenção e deteção de avarias; • Permite reduzir a temperatura; • Pode prevenir os danos por geadas; • Eficiente; •Fácil instalação; • Menor manutenção dos filtros. Desvantagens • Não permite a fertirrega; • Não se deve regar quando se dá a floração; • Geralmente exige maiores caudais (idealmente regas mais frequentes); • Exige maior potência das bombas, com maior gasto de energia; • Exige maior reserva de água. Pomar de Mirtilo nos EUA a ser protegido da geada pela acção de aspersores de rega. http://www.ces.ncsu.edu/depts/hort/hil/hil-201-e.html Rega Localizada Rega gotagota-a-gota Microaspersores • Em solos arenosos é necessário um • Maior diâmetro húmido; • Maior maior facilidade de deteção número de gotejadores, de eventualmente duas rampas por linha entupimentos; • Mais adaptado a solos arenosos; • Mais difícil de manter na posição • Manutenção correta; nomeadamente Não deve ser usado em plantações em problemas e de substituição. • plantada; que se aplica plástico. mais a deteção difícil, de Microaspersores Rega gotagota-a-gota As raízes procuram a zona húmida. Se o solo for arenoso, ou o gotejador muito afastado pode haver uma crescimento heterogéneo das raízes. Diferentes tipos de rega em diferentes tipos de solo. (em solos arenosos usar, preferentemente, aspersão, microaspersão, ou além de dois gotejadores duas linhas de gotejadores) No mirtilo o sistema radicular e a parte aérea não funcionam em total comunicação, de modo que se a água ou os nutrientes forem aplicados apenas de um lado as varas desse lado irão ter melhor desenvolvimento. Embora estejam ligadas à mesma coroa, as varas devem ser encaradas como tendo certa autonomia. Isto é importante na aplicação de água e nutrientes, mas também na poda. A quantidade de água gasta pelo mirtilo depende da região do país, em termos térmicos, do tipo de solo e do mulching utilizado. Além disso depende da idade das plantas e da fase fenológica. Há indicações de que cada planta consome, no pico do Verão e na fase de maturação, aproximadamente 4 a 6 litros de água por dia. Ou seja, aproximadamente 35 litros por planta por semana. Isto significa que, num hectare com 4.000 plantas é necessário aplicar, diariamente entre16 a 24m3 de água. Quanto mais repartida a rega ao longo do dia e dos dias, melhor os resultados, pois a planta terá menor dificuldade em obter água e nutrientes. Estado fenológico Kc Floração 0,22 Frutos vingados 0,32 Maturidade 0,4 Depois da colheita 0,25 Coeficientes culturais, segundo o INRA citado por Sylvie Tillard Naturalmente esta planta é muito tolerante ao alagamento e encharcamento, mas apenas até começar a rebentação. A partir de então a drenagem é muito importante, senão as raízes não respiram. Mulching – controlo de adventícias Como praticamente todas a plantas cultivadas, deve-se garantir a menor concorrência possível entre as plantas e as infestantes, seja por água, luz ou nutrientes. Idealmente não se deve permitir o aparecimento de ervas concorrentes na faixa que é ocupada pelas raízes dos arbustos de mirtilo. Em condições normais o raio das raízes, como na maioria das fruteiras, é geralmente semelhante ao raio da copa, caso esta não fosse podada. Portanto deve-se ter essa faixa livre de raízes de outras plantas. O controlo pode ser feito: 1 – Herbicidas; 2 – Capinadeiras (controlo pouco eficiente uma vez que reduz a concorrência mas não a elimina); 3 – Mulching (coberturas) que podem ser: A – com plásticos e telas; B – Com materiais orgânicos, como estilha de madeira (situação ideal), casca de pinheiro, ou palha. . . Enrrelvamento bem feito (EUA) (com herbicidas). Enrrelvamento “selva” -Sever do Vouga. Claramente existe concorrência. Densidade As plantações de mirtilo obedecem a compassos variáveis dependentes: - do grau de mecanização; -Variedade; - Uso de estufas (ou até plantação em contentores). O compasso mais frequente é 1m x 2,5m ou 1m x 3m. Mas também se recomendam compassos de 0,8 x 2m ou 2,5m para variedades de menor vigor (referida, por exemplo, para a Bluetta). E até 1m x 2m em algumas plantações em estufa. A maioria dos pomares tem uma densidade teórica de 3.300 plantas ou 4.000 plantas. Alta densidade Num interessante, e praticamente único, longo estudo de comparação de compassos de alta densidade, registou-se um aumento de 204% quando a plantação teve um entrelinhamento de 0,45m comparando com o 1,2m. No primeiro caso (0,45m), em 4 anos foram colhidas 76 ton/ha (ou seja 19 ton/ano) No segundo caso (1,2m), em 4 anos foram colhidas 37,4 ton/ha (ou seja, 9,4 ton/ano). Strik, B., G. Buller (2003) - Improving yield and machine harvest efficiency of 'Bluecrop' through high-density planting and trellising. Acta Hort. 574:227-231. Polinização Para haver fruto deve haver polinização. Esta espécie beneficia com a polinização cruzada. E para bem produzir devem ser plantadas, a par, 2 a 3 variedades diferentes de mirtilo, e providenciar boas condições para a polinização (abelhas ou abelhões) As variedades escolhidas, mesmo que não frutifiquem em simultâneo, têm de florir em simultâneo. Nem todas as variedades têm o mesmo comportamento (umas são mais auto-férteis) porém todas beneficiam com a polinização cruzada. Peso do Fruto Frutos vingados % Auto polinizado Pol. cruzada Diferença Auto polinizado Pol. cruzada Diferença Bluecrop 1,87 2,36 21% Duke 1,7 1,8 5% 76 85 10% Elliott 1,6 2,03 21% Legacy 1,59 1,89 19% 78 90 15% Ozarkblue 1,64 2,1 22% 90 91 0 Bluegold 1,15 1,31 14% 50 79 58% Sunrise 1,31 1,72 31% 61 89 31% Adaptado de Retamales, J. and J. Hancock (2012). Blueberries. Oxfordshire. Produção em abrigos (estufas) Em Espanha é vasta a área plantada em estufa ou túneis. Tratam-se de estruturas ligeiras, muitas vezes sem as paredes laterias, de baixo pé direito. Os tú túneis permitem: 1 – Antecipação da colheita em até 14 dias (dados no INIA – Fataca); o que se pode refletir em grandes diferenças em termos de preço; 2- Por vezes uma segunda colheita com algumas variedades, mas só no Sul; 3- Maior produção até mais 50%; 4- Menor número de anos até entrada nos anos de cruzeiro; 5- Menor risco de perda de colheita por granizo, chuva e ventos fortes e até pássaros; 6 – Menor risco de geada; 7 – Fruta com algumas características melhoradas (teores de açúcar); (existem modelos a partir de 4€/m2) Devem ser de abertura total no Inverno, para permitir a vernalização das plantas. Poda “Mais vale não podar do que podar mal” A planta de mirtilo, quando não podada sofre, nos primeiros anos, de excesso de produção. Quais são as consequências da sobre produç produção? O primeiro sinal de uma sobre produção é um rácio desequilibrado entre o número de folhas/frutos. Um excesso de frutos em relação ao número de folhas resulta numa insuficiente capacidade para, através da fotossíntese, garantir o crescimento vegetativo, a acumulação de reservas no lenho e ainda o crescimento de frutos e a nutrição das sementes. A sobre produção gera frutos de menor calibre, plantas com menor crescimento dos ramos e varas, redução de vigor e longevidade comprometida. É muito importante entender-se cada ramo como um indivíduo semi-autónomo, isto é, o rácio deve ser encontrado em cada ramo, e não no total da planta, ou seja, não é indiferente o local onde se encontram as folhas. De acordo com Retamales e Hanckoch (2012), o rácio ideal será a proporção 3:1, no mínimo 2:1. Em estudos em que se usou o rácio 1:2 (ou seja, 1 folha por cada 2 frutos) verificou-se uma redução de calibre, teor de sólidos solúveis, portanto qualidade. Quando o rácio era de 5:1 a fruta amadureceu mais cedo (3 dias), mais pesada (até 22% no caso da variedade Bluecrop), redução muito significativa da acidez titulável (0,58 contra 1,29 na mesma variedade). Obter um equilíbrio ideal entre superfície fotossintética (folhas) e frutos nem sempre se consegue, de forma eficiente, pelas podas (seja em seco, seja em verde), e forma de mais rapidamente se atingir o rácio ideal é feita pela monda de frutos (de preferência este sobre a monda de flores), algo que se pode fazer manualmente. Antes de podar Antes de se desenhar a arquitetura das plantas há que conhecer o modo de crescimento das plantas de mirtilo. Este arbusto não tem um verdadeiro tronco, assemelha-se, em certa medida, ao das avelaneiras, em que a partir de uma “coroa” ao nível do solo partem várias VARAS, de diversas idades, que se vão renovando naturalmente ao longo das décadas, cada uma delas representando como que um pequeno tronco dotado de certa autonomia. Se deixado crescer sem qualquer controlo ficará excessivamente ramificado, com alta densidade de troncos e ramos, que além de competirem entre si por nutrientes e luz, dificultam o arejamento e a própria colheita. Nestas plantas as ramificações novas (do ano), quando é Inverno, e portanto a planta não tem folhas, reconhecem-se facilmente pela sua cor avermelhada (algumas variedades mantêm o tom esverdeado), que as distingue dos ramos mais velhos que tem uma coloração cinzento/prateada ou castanho claro. Aspeto muito importante a considerar na poda do mirtilo é o facto de a frutificação se dar nos raminhos que tiveram crescimento no ano anterior, assim, é destes ramos avermelhados que nós encontramos no Inverno que irão sair as flores e os frutos na Primavera seguinte. Tal como na maioria das fruteiras é possível, no Inverno, distinguir, nos ramos, os gomos ou gemas florais e vegetativos, ou seja, aqueles que vão dar origem a flores ou apenas a folhas. A distinção é feita pela sua forma, de modo que os gomos arredondados produzirão flores na Primavera seguinte, enquanto os gomos pontiagudos apenas folhas ou outros ramos. No Mirtilo os gomos florais estão na ponta dos ramos e varas. Portanto, nunca se cortam as pontas. Gomo de folhas (pontiagudo) Botão floral Monda de flores/frutos Jovem plantação Nos primeiros dois anos de vida da plantação (ou seja até ao 4º ano de vida da planta), devem ser eliminadas todas as frutas que vinguem nas jovens plantas, algo que deve ser feito o mais precocemente possível, de preferência eliminando as flores. A planta está ainda a estabelecer-se, tendo poucas reservas, o que que faz com que as folhas sejam incapazes de sustentar as necessidades que apresenta frutos, o que acaba comprometendo o crescimento vegetativo . Importa que a planta expanda o máximo possível as suas raízes e cresça (expandido o máximo possível os seus ramos), pois o fator determinante da produção é o número de ramos por arbusto e o número de frutos por ramo. Experiências indicam que não eliminar as flores implicou uma redução de 44, 24 e 19% nas colheitas do 3º ano nas variedades Elliot (tardia), Duke e Bluecrop, respetivamente. A médio prazo a redução de produção não é compensada pelos quilos de fruta que foram colhidos nos primeiros 2 anos. Poda de formação •Segundo alguns, logo após a plantação, deve ser removida a vara principal que as plantas apresentam nos vasos, promovendo, assim, o crescimento de novas varas a partir da base e que serão a estrutura base do início da plantação. •A maioria da bibliografia indica que não é necessária qualquer poda nos dois primeiros anos, além da “poda em verde” que consiste a remoção das flores e frutos. •Embora não se possa falar, nesta planta, de uma arquitetura em “vaso”, por não existir um tronco único, na verdade é essencial que se garanta um arejamento e abertura do centro da planta, pelo que se deve, a todo o custo, precaver que as primeiras varas originadas nas jovens plantas (e que, idealmente, vão permanecer produtivas por até 6 anos), assumam uma forma em taça. •Deste modo, varas vigorosas que intercetem de um lado ao outro, o centro do arbusto devem ser amarradas de algum modo para contrariar esse comportamento ou simplesmente eliminadas próximo do solo. •Nesta fase deve eliminar-se os ramos que crescem prostrados (junto ao solo) bem como de ramos e varas (consideram-se varas os ramos que têm origem no solo) que rocem entre si. •Eliminar ramos danificados de algum modo ou mortos. •A maioria das variedades comerciais de mirtilo (exceção feita para as espécies tipo Rabbiteye) não cresce mais do que 2 metros, de modo que é rara a necessidade de realizar atarraques. •Quanto maior for o crescimento vegetativo nos primeiros 2 ou 3 anos de plantação mais forte e intenso será o arranque produtivo da plantação, de modo que idealmente se procura que se gerem, pelo menos, 2 novas varas por ano. Poda de plantas adultas De acordo com a maioria dos especialistas uma planta adulta e produtiva deve ter entre 15 a 20 varas em simultâneo de várias idades. Tal número depende, do local, da variedade, também do compasso entre plantas (com compassos de 0,75m x 2m é natural que se tenha que reduzir o número de varas por pé) e da sensibilidade do produtor e podador. As varas mais produtivas são as que têm entre 4 e 6 anos. Estas varas normalmente têm entre 2,5 e 3,5 cm, medidos na sua base. Para se manter o equilíbrio de produção é ideal que todos os anos se deixem 2 ou 3 varas novas, com bom vigor, sanidade e posição, que vão substituir 2 a 3 varas das mais velhas, ou seja, com mais de 6-8 anos, que se eliminarão. A proporção ideal numa planta adulta, produtiva e bem mantida, será de cerca de 15- 20% de varas com menos de 2,5 cm, 50-70% varas de idade média, as mais produtivas, (2,5 a 3,5 cm) e até 20% de varas com maior diâmetro. Com a poda pretende-se arejar o interior da copa do arbusto (tornando-o menos denso), proporcionar uma boa inserção de ramos, que facilite a apanha e eliminação de ramos e varas que estejam fracas e subprodutivos. Assim, a poda dos ramos deve ser feita em: 1 – Ramos baixos, próximos do solo; 2 – Ramos fracos, curtos, com pequenos entrenós; 3 – Ramos danificados ou doentes; 4 – Ramos que toquem outros ramos; 5 – Ramos ensombrados; 6 - Ramos não devidamente atempados (crescimentos do Verão). Todos os cortes devem ser feitos junto à vara, não esquecendo que as gomas florais se concentram na parte terminal do ramo. De notar que a poda ao nível dos ramos, embora mais trabalhosa, é a que tem maior impacto sobre o peso da fruta, isto porque, como se já viu, o balanço folha/fruta é avaliado em cada vara, e não no contexto global do arbusto, deste modo, a remoção de pequenos ramos, principalmente da base das varas e dos ramos principais vai fazer concentrar a energia nos ramos mais vigorosos e nos gomos da ponta dos ramos, que são, como se disse, os mais produtivos e férteis. A poda das varas respeitas os seguintes crité critérios: rios 1 – Eliminar varas do ano mal inseridas (muito no centro do arbusto, tortas, encostadas a outras); 2 – Manter entre 2 a 3 varas novas por ano; 3 – Eliminar proporção semelhante de varas mais velhas, com diâmetros acima de 3,5 cm ou mais de 6 a 8 anos, e todas as que mostrem suportar ramos débeis ou apenas com gomos vegetativos. O corte é feito próximo do solo, mas não abaixo deste. De notar que as cultivares das espécies do grupo rabbiteye e lowbush, por terem vigores e desenvolvimentos muito distintos também devem receber uma atenção diferenciada, pois o grande vigor das primeiras pode exigir podas de atarraque das varas, para que não atinjam um porte excessivo, atarraques que se fazem amputando o ramo ou a vara a seguir a um gomo cujo abrolhamento vamos estimular. Num interessante estudo plurianual foi concluído que, no caso das variedades bluecrop e berkeley, a produção foi mais alta quando as plantas não eram podadas (durante 5 anos), no entanto o calibre da fruta era 27% maior no caso das plantas podadas de forma convencional. Outro dado de extrema relevância, que se soma à média de 5 dias de antecipação da data de maturaç maturação é a velocidade de colheita, que duplicava no caso das plantas podadas, em virtude da maior concentração da fruta, melhor acesso, e maior peso individual dos frutos. Poda de Verão A poda de Verão pode ser tão subtil como a simples passagem pelo pomar com eliminação de ramos ladrões, crescimentos anómalos e mal inseridos, ou tão severa como a passagem de uma máquina “cortasebes” em todo o pomar. Em alguns pomares onde estão instaladas variedades Sul (Southern), os produtores, depois da colheita procedem a uma poda com corta-sebes. Esta prática tem como objetivo reduzir o tamanho do arbusto, diminuir o consumo de água (ao reduzir a superfície foliar) e controlar o vigor. Neste caso a sebe é formada a cerca de 1m a 1,3m, quer com o topo plano quer com uma inclinação. Um outro tipo de poda de Verão, feita em qualquer variedade, consiste no atarraque em cerca de 20 a 30 cm de ramos principais, com o objetivo de que se estimule a rebentação de gomos laterais e assim ter-se uma maior quantidade de ramos produtivos na Primavera seguinte. Esta poda de Verão deve ser feita logo a seguir à colheita, para permitir o atempamento das varas antes do Inverno. Porém, esta prática não deve ser feita sem que o produtor realize ensaios durante anos consecutivos, pois os resultados podem até ser contrários ao desejado, dependendo da variedade e do local. Por outro lado uma primeira escolha das varas de renovação pode ser feita no Verão, mantendo as principais candidatas para seleção na poda de Inverno, procedendo, assim, a uma economia de energia da planta. Poda de renovação Apesar de se indicar, que a esperança de vida económica é de aproximadamente 20 a 25 anos, na verdade uma correta condução da poda, e a excussão de algumas podas de renovação, a plantação pode perpetuar-se por muitas mais décadas, sempre em excelentes condições de produção. As podas de renovação fazem-se em pomares que não foram corretamente podados ou em que se verificou um abrandamento da renovação anual de varas e do seu vigor. Nestes casos pode-se fazer um corte severo, com redução do número de todas as varas com mais de 2 ou 3 anos, procurando-se estimular, assim, a rebentação. Inclusivamente alguns autores referem que uma poda total, ou seja, a remoção de toda a parte aérea e sacrifício de um ano de produção, pode compensar quer pela rápida resposta, e por uma superprodução no segundo ano (Retamales and Hancock 2012). Poda para mecanização Quando se conduz um pomar para nele trabalharem máquinas e equipamentos de colheita, deve-se, em primeiro lugar, escolher variedades que tenham, por natureza, qualidades para este tipo de colheita. Por outro lado, para que as perdas sejam minimizadas, deve-se procurar que a coroa de produção seja mais estreita, ou seja, a ideia da condução em que se procura formar uma taça é abandonada neste tipo de produção, procurando que os arbustos tenham menos varas e estas mais concentradas no centro. Estes arbustos, normalmente, são conduzidos de forma a terem uma forma piramidal ou cilíndrica, procurando que o máximo de frutos se forme no mesmo plano. 1 2 Podado como uma macieira : 1 – Varas amputadas, eliminados os gomos da ponta. Só um ramo do ano anterior foi deixado, sem ser eliminados todos os gomos florais. 2 – Varas bifurcadas da base - muita vegetação e pouca fruta (Sever do Vouga) Estimativa de Custos de uma plantação base de Mirtilo (1 hectare e 4.000 plantas de densidade). Quantidade (unidades; kg; m2) Análises elementares. Adubo orgânico Prc unitário (€) 2 24 1300 3510 Adubo fundo 40 816 Aplicação de fertilizantes 1 200 Preparação do solo 2 400 Rasgos 1 250 Mão de obra 1 600 Plantas mirtilo 1m x 2,5 Rega (inclui Bombas) Telas Cinturões, baldes de apanha, tesouras Custo Total 4000 11200 1 6.000 6000 2100 30 420 25.520 € Não inclui, furo de água, depósito, rede anti pássaro, vedações, construções, baixada elétrica, estufa nem desmatamento. Cenário 1 Produção média no pico de 10.000 kg/ha Preços por kg: 3,5€ Sem considerar ajudas PRODER Cenário de elevado interesse quer para agricultura empresarial (investimento) quer para agricultura familiar. 1º anos balanço (-) explicado pela amortização do investimento inicial (não é perceptível em caso de apoio PRODER) Oportunidades: 1 - Aumentar produção 2 – Melhores preços/época 2º A mão de obra do empresário agrícola (auto-salário) imputado como custo “mão de obra”. Cenário 2 Produção média no pico de 5.000 kg/ha Preços por kg: 3,5€ Sem considerar ajudas PRODER Cenário em que a cultura é feita no “vermelho”, Apenas de interesse para Agricultura Familiar. Há que aumentar produtividade 1º anos balanço explicado pela amortização do investimento inicial 2º A mão de obra do empresário agrícola (auto-salário) imputado como custo “mão de obra”. Demonstração de Resultados Previsional 2012 Vendas Gastos de Manutenção Gastos com o pessoal Resultado Operacional Depreciação e amortização RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS Imposto sobre o rendimento do período RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO 2013 0 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 0 10.733 21.000 26.133 36.400 42.000 42.000 42.000 36.400 36.400 36.400 31.267 31.267 31.267 26.133 26.133 26.133 21.000 21.000 0 1.730 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 4.373 8.149 10.020 13.888 16.248 16.403 16.558 14.558 14.693 14.828 12.932 13.050 13.167 11.198 11.297 11.396 9.354 9.435 3.930 10.421 13.683 20.082 23.322 23.167 23.012 19.412 19.277 19.142 15.904 15.787 15.670 12.505 12.406 12.307 9.216 9.135 6.198 6.198 6.198 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 5.888 -6.497 -8.431 -2.267 4.224 7.486 13.885 17.124 16.969 16.814 13.215 13.390 13.254 10.017 9.900 9.782 6.618 6.519 6.420 3.328 3.247 1.871 299 504 299 2.234 6.198 6.198 0 0 0 0 -6.497 -8.431 -2.267 4.224 Pressuposto 10.000 kg/ha/ano Preço venda fresco, médio, 3,5€/kg 2.430 2.430 6.198 3.471 2.430 6.198 4.281 2.430 6.198 4.242 2.430 6.198 4.204 5.614 10.414 12.843 12.727 12.611 2.430 6.198 3.304 2.430 5.888 2.430 5.888 2.430 2.430 2.430 2.430 2.430 3.347 3.314 2.504 2.475 2.446 1.654 1.630 1.605 832 812 9.911 10.042 9.941 7.513 7.425 7.337 4.963 4.889 4.815 2.496 2.436 Metas e Exemplos • Há quem produza 30 toneladas por hectare ano; • Algumas grandes explorações chegam a passar a média dos 15 ton/há; • As médias a nível nacional estão inferiores a 6 ton/ha. Há que fazer bem. Com estudo, bom senso, e interinter-ajuda. Serviç Serviços prestados pela Conta Mais Projectos PRODER – INSTALAÇÃO JOVENS AGRCIULTORES 1 – Elaboração de projectos de Investimento – Candidatura PRODER 500€ + 200€/dia dedicado ao projecto. Aprox até 1.500€/projecto (mirtilo). 2- Contabilidade (organizada) incluída nos honorários do projecto, de acordo negociação. 3- Assistência em Engenharia Agronómica, em regime de avença, desde 50€/consulta na exploração. e r p m Se is d à ! o ã ç i s po contamaisconsultoria.wordpress.com 258 488 341 968 271 730 contamaisconsultoria.wordpress.com Lurdes Gonçalves