Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque - WebEduc

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PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL – 3ª EDIÇÃO
ENSINO MÉDIO
PROJETO BRASILEIRINHO: Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque
I) Apresentação
O Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque é uma iniciativa da área de filosofia
do Colégio Estadual Vicente Jannuzzi que através do Projeto Brasileirinho- Os
Tons da Aquarela Cultural de nosso país, desde os anos de 2007 e 2008 vem
criando estratégias de ensino para incentivar o prazer pela aprendizagem na
ESCOLA, fazendo com que esta não se dissolva no contexto da família e
comunidade, mas ganhe relevo permitindo que o aluno a sinta na força de seus
próprios valores.
O ponto de partida para tal projeto surgiu no momento em que a professora de
filosofia percebeu um baixo rendimento dos alunos em sua disciplina filosofia,
acompanhado de um desinteresse pelo universo da escola; percebeu ainda
que a filosofia, como muitas disciplinas, era vista na escola de uma forma muito
conteudística, acadêmica, distante do interesse real dos alunos.
A professora pensou então em uma proposta pedagógica que pudesse
assegurar um tratamento interdisciplinar e contextualizado para os
conhecimentos de filosofia, tanto no plano de sua origem específica, quanto em
outros planos, como na vivência cotidiana do aluno, seu entorno sócio-cultural
e histórico.
Partindo dessa idéia a professora encontrou na Obra BRASILEIRINHO da
cantora Maria Bethânia os suportes necessários para articular os
conhecimentos filosóficos com diferentes conteúdos, de uma forma lúdica e
prazerosa na sala de aula. A estratégia para tal articulação passaria pelo
mundo da poesia, arte, música, teatro, etc – todos elementos contidos na Obra
numa linguagem rica e interessante. Era o momento de buscar o feitiço da arte
para o prazer de aprender!
“Vou aprender a ler pra ensinar meus camaradas”
Esse é um trecho de um samba de roda da Bahia, de domínio público, contido
na Obra Brasileirinho, muito cantado pelos nossos alunos e que acabou
traduzindo o espírito de nosso projeto: quem sabe ler, gosta de ler, é capaz de
aprender, criar , ensinar e transformar! Nossos “camaradas”, nossos alunos –
hoje, além de entusiasmados leitores, são também compositores, músicos,
artistas, atores, poetas e escritores!
II) Razões que explicam a realização do trabalho e o contexto para qual
ele se destina:
Nossa escola é de Ensino Médio da Rede Estadual do Rio de Janeiro. O
Colégio Vicente Jannuzzi se localiza na Zona Oeste, na Barra da Tijuca e
recebe alunos em sua maioria da comunidade carioca da CIDADE DE DEUS
muito conhecida pela violência e pelo tráfico de drogas. Temos na escola um
grupo heterogêneo de alunos – os que convivem diariamente com o crime e a
violência e trazem esse contexto para a escola e não conseguem vê-la como
fator de ascensão e cidadania; temos um outro grupo que apesar de conviver
com a violência e crime conseguem ver na escola a oportunidade de mudança
de vida, construção de valores e atitude cidadã. Temos alunos que têm muitas
dificuldades financeiras, como temos alunos que “trabalhando” para o crime
desfilam na escola com roupas de marca, tênis importados , dinheiro na
carteira, até automóveis e motocicletas.Existe ainda um grupo de alunos
remanescentes das escolas particulares que os reprovaram por diversas vezes
e os pais matriculam na escola pública “como castigo” para seus erros.
Diante desse contexto diversificado a professora percebeu em todos os grupos
duas características marcantes e comuns: um profundo desinteresse pela
escola e um profundo desconhecimento da cultura brasileira, seus poetas,
compositores populares, artistas, atores, escritores. Parecia que o que
interessava e fazia sentido para o aluno era o mundo do tráfico, do funk onde
se fala um mesmo vocabulário, se ouve um mesmo tipo de música
e se
tem acesso a uma cultura restrita. Precisava agora encontrar meios para trazer
o aluno para escola, fazê-lo interessar pelas aulas e acima de tudo despertá-lo
para a possibilidade de novos conhecimentos, novas formas de vida. E o
projeto Brasileirinho nasceu quando apostamos na arte ligada ao prazer de
aprender, quando apostamos na capacidade do nosso aluno de gostar daquilo
que não conhece. Construir a arte e a cultura na sala de aula era muito mais do
que educação, era a nossa redenção.
A escola funciona em três turnos com primeiras, segundas e terceiras séries do
Ensino Médio – em cada turno temos 18 turmas com aproximadamente 45
alunos. A faixa etária dos alunos é de 15 anos (na primeira série), 16 anos (na
segunda série) e 17 anos (na terceira série). O Projeto começou com os alunos
da professora Vânia que são do primeiro e segundo turno, em sua maioria
alunos da primeira série, depois se estendeu para outras séries e outros turnos.
Vale destacar que os alunos da primeira série quando chegam na escola
apresentam um grau de dificuldade de leitura e interpretação muito grande dificuldade essa oriunda de um déficit do Ensino Fundamental da Rede
Municipal que há mais de quatro anos criou um sistema de aprovação
automática o que vem contribuindo decisivamente na queda da aprendizagem
básica dos alunos.Em nossa escola não temos muito o problema da evasão
escolar justamente porque na Zona Oeste do Rio de Janeiro existem
pouquíssimas escolas de Ensino Médio – o que demanda uma procura por
matrícula muito expressiva em nossa escola. O que ocorre é justamente
problemas ligados à sala de aulas super- lotadas, falta de uma infra-estrutura
adequada o que acarreta alunos faltosos e desinteressados.
Portanto o projeto teria muito desafios pela frente, porém o desafio maior seria
fazer o aluno sentir a escola na força de seus próprios valores, entendendo
principalmente a sala de aula, como um lugar privilegiado da imaginação
criativa, logo de esperança e transformação.
III) Objetivos Gerais:
- Introduzir o aluno no mundo da escola usando a arte e a cultura como
estratégias.
- Conduzir pelas mãos da leitura, o aluno no saber filosófico que acompanha,
em surdina, as obras de arte, a música, a poesia, a cultura, enfim, a vida de
cada um.
- Pensar a escola como lugar de mudança e transformação, atitude que se
traduz na mudança de hábitos capazes de transformar o mundo que se vive.
- Levar o universo da cultura para além dos muros da escola, como família,
comunidade, bairros e praças.
- Criar monitorias na sala de aula ( programa reco-reco – reconhecimentorecompensa) para auxiliar os alunos com déficit de aprenidizagem do programa
Sucesso Escolar.
- Fazer do ato da leitura compartilhada na sala de aula e fora da sala de aula
como uma prática contínua e necessária para interação entre o visual e o
literal, a imagem e a escrita.
- Utilizar os recursos das novas tecnologias da comunicação (computadores,
notebooks, Ipod, MP3) como pontes e caminhos para interação do aluno com
os conteúdos curriculares. Importante nesse objetivo é não ver esses recursos
como “concorrentes”, mas como auxiliares na sala de aula dentro da proposta
do professor.
- Incentivar e estimular a participação dos alunos em concursos de redação,
olimpíadas, prêmios, para fomentar um ambiente saudável de competição na
escola.
- Ampliar a visão de mundo e inserir o aluno no conhecimento das raízes
populares da cultura brasileira.
- Possibilitar a vivência de emoções e o exercício da fantasia e da imaginação
através da poesia, pintura e música.
- Participar de debates sistemáticos ouvindo sempre a opinião do outro para
recompor ponto de vista e argumentos.
- Saber ler e entender seu entorno sócio histórico e cultural como um olhar
filosófico, ou seja, investigativo e questionador.
IV) Objetivos Específicos:
- Ler, de modo filosófico, as letras das músicas da Obra
Brasileirinho,contextualizando-as com diferentes estruturas e registros.
- Dispor dos conteúdos propostos na Obra e transferi-los para outras situações
cognitivas que sejam pertinentes.
- Reconhecer e valorizar as diversidades culturais brasileiras, respeitando-as
como resultantes de um processo histórico.
- Compreender a si mesmo como resultado da sociedade cultural a que
pertence.
- Conhecer o folclore brasileiro, nossas músicas, arte, poesia, literatura,
cancioneiro, etc.
- Identificar elementos culturais que constituem o chamado sincretismo
religioso brasileiro.
- Investigar a identidade cultural do brasileiro, suas características e o que seria
o chamado descobrimento de nossa “brasilidade” citada na obra Brasileirinho.
V) Metodologia de Trabalho – Ano 2007.
I SARAU DE POESIA E FILOSOFIA NO BOSQUE:
De acordo com o planejamento anual de filosofia da escola no terceiro bimestre
se trabalha a unidade CULTURA. Pensando nesse ponto a professora resolveu
torná-lo mais do que um simples conteúdo curricular e dar-lhe um caráter
INTERDISCIPLINAR mediante a realidade que se apresentava como o
desinteresse dos alunos pela escola , pela disciplina filosofia, baixo rendimento
e principalmente desinteresse e desinformação a respeito das raízes populares
da cultura brasileira no que diz respeito as matrizes indígenas e africanas. Foi
justamente nos meses de maio e junho, no segundo bimestre, após o baixo
rendimento do primeiro bimestre que a professora planejou criar um método de
ensino, uma estratégia que pudesse tornar a filosofia mais viva e dinâmica para
os alunos – planejou trabalhar o tema cultura de uma forma interdisciplinar
através de um Cd que traduzisse a cultura brasileira desde o descobrimento
até os dias atuais numa linguagem rica, tipicamente brasileira e acima de tudo
numa linguagem que valoriza as diferenças, as diversidades que vê na cultura
um fator de inclusão e formação social.Quando a professora pensou na
possibilidade da música como estratégia inicial, ela considerou um fator: na
adolescência a música passa a ocupar um lugar muito forte na vida do aluno,
basta observar que no ônibus, em casa, em todos os lugares – inclusive muitas
vezes na sala de aula escondido do professor, o adolescente está sempre
ouvindo música. Parece que a adolescência tem “trilha sonora”. Então, haveria
que canalizar esse grande interesse para algo que fosse construtivo na
aprendizagem do aluno.
MAIO/2007 –
Primeira Semana
Com 12 turmas de filosofia e 12 músicas no CD, em um primeiro
momento, a professora se propôs digitar todas as letras das músicas, xerocálas e levá-las para a sala de aula. Separou uma música do CD para cada
turma. A primeira semana de visitas às turmas a receptividade foi excelente – o
fato da professora chegar com um rádio na sala de aula já animou a turma.
Todos queriam saber qual o “pancadão” que a professora iria tocar. Então a
professora disse que iriam aprender os conteúdos de filosofia através da
música popular brasileira na voz de uma grande intérprete e cantora chamada
Maria Bethânia. A princípio os alunos estranharam a escolha, muitos não
conheciam a cantora, muito menos o repertório – mas aceitaram a proposta da
música como alternativa diferenciada de aula Antes de tocar a música, a
professora fez uma leitura compartilhada da letra, propôs uma interpretação e
somente depois executou a música no rádio. Os alunos gostaram, pediram
para repetir a música, cantaram e alguns sugeriram outras músicas de Cds que
saíram de suas mochilas – o que no futuro iria se tornar um feedback da
proposta inicial do projeto.
Segunda Semana
Após ouvirem o CD a professora encaminhou os alunos até a sala de vídeo da
escola onde eles iriam assistir o DVD do Show Brasileirinho, onde numa
linguagem mais completa e abrangente os alunos puderam entender em que
consiste um trabalho de interpretação de um artista, de contato e carisma com
o público, de cantar o que se acredita, entender a linguagem do cenário, a
diferença entre letra e música, a proposta autoral da cantora contida na Obra,
os temas sugeridos, os poemas recitados e a grande reverência ao Brasil. Vale
destacar que nesse dia os alunos puderam perceber todo sentimento que na
Obra provoca na professora de filosofia e que em vários momentos esse
sentimento foram transmitidos a eles quando se sabe que na “arte de ensinar é
que de repente se aprende”.
Terceira Semana
Na sala de aula novamente a professora dividiu os alunos em grupo e cada
grupo iria discutir uma proposta criativa para apresentar a turma sua
interpretação da música selecionada – o que mais lhe chamou atenção, o que
mais lhe emocionou, o que mais caracteriza o povo brasileiro em todas as suas
dimensões. A professora sugeriu que os alunos fizessem pesquisas com os
temas sugeridos nas músicas para auxiliar no andamento dos trabalhos.
Quarta Semana
Alguns alunos nessa semana foram para a Biblioteca e outros foram para a
Sala de Informática atrás de subsídios que pudessem auxiliar nos trabalhos.
Foi nessa semana, após conversa com alunos sobre andamento dos trabalhos
que surgiu a idéia de que fizéssemos na escola um Sarau de Poesia e Filosofia
baseado na Obra Brasileirinho como culminância de todos os trabalhos das 12
turmas. Como haviam muitos alunos escrevendo crônicas, depoimentos e
poesias , a professora sugeriu que se publicasse um livro pela escola e que
esse livro fosse lançado em uma tarde de autógrafos como programação do
Sarau. A idéia agradou a todos e a professora saiu atrás de patrocínio para o
livro.
Observação – Logo na primeira semana de trabalho, durante a leitura
compartilhada das letras das músicas na escola, a professora detectou os
alunos com déficit de leitura e os acompanhou no programa Sucesso Escolar
para sanar as dificuldades.Esse programa consiste em aulas auxiliares de
língua portuguesa, redação, criado pelo Estado em parceria com alunos
monitores da escola.
JUNHO/2007
Durante o mês de junho, reunidos em grupos, na sala de aula, os alunos
começaram a organizar e estruturar os trabalhos. Algumas turmas optaram por
fazer teatro sobre temas ligados a religiosidade do povo brasileiro – a obra
Brasileirinho aborda a tradição das festas juninas brasileiras em homenagens a
Santo Antônio e São João e São Pedro. Alguns alunos ensaiavam peças nesse
sentido, outros resolveram montar uma quadrilha para São João na escola e
convidaram alunos de outras séries; outros criaram pinturas, desenhos e
maquetes para os Santos. A sala de aula se tornou um palco de teatro, um
ateliê de pintura e também um estúdio de música – porque nesses intervalos a
professora descobriu vários alunos na escola que tocam instrumentos musicais
diversos (e que mesmo não sendo alunos de sua disciplina) resolveram ajudar
os colegas na criação dos trabalhos. A Bachiana Brasileira de Villa Lobos
número 05, foi executada por um aluno no cavaquinho – que nunca tinha
ouvido falar de Villa-Lobos, mas que passou a conhecê-lo quando sua turma,
através da música Melodia Sentimental, estudou o Grande Compositor
Brasileiro. O Lundu da Marquesa de Santos, também de Villa-Lobos, foi
ensaiado por um aluno da primeira série que estava aprendendo a tocar
saxfone e resolveu ajudar nesta empreitada.
Tivemos um grupo dedicado ao estudo da cultura africana que através de um
lindo CORDEL contou como era feita a viagem do negro da África para o Brasil
– chamou-se Cordel de Yayá Massemba. Uma outra turma resolveu criar
poesia para a Cabocla Jurema – contextualizando-a no imaginário brasileiro,
antiga e contemporânea, a Cabocla Jurema está presente na cultura indígena e
africana. Esse grupo solicitou auxílio à professora de literatura que na época
emprestou livros de José de Alencar – Iracema – que retrata bem os jardins e
os encantos da Jurema. As poesias ficaram lindas e a professora aproveitou a
oportunidade para contextualizar a mitologia grega – que mostra a origem da
filosofia, na tentativa de explicação racional para fatos e fenômenos, com a
mitologia africana e brasileira – que também têm mitos riquíssimos, poucos
conhecidos e valorizados entre nós.
JULHO/ 2007
O mês de julho na escola é dedicado às avaliações bimestrais e recesso
semestral. A professora utilizou vários mecanismos de avaliação dos alunos –
entre eles: envolvimento nas atividades propostas, engajamento, pontualidade,
assiduidade, criatividade, interação com o grupo, domínio dos conteúdos e
compromisso com o projeto. Dedicou um momento também para que os alunos
se auto-avaliassem e pudessem questionar o que poderia ser melhorado para
continuidade dos trabalhos.Nessa auto-avaliação os alunos ponderaram que a
estrutura física da escola não estava ajudando no andamento das atividades
(desde 2005 nossa escola está em obra e temos em nosso meio muita poeira,
muitos tijolos, areia, cimento, pedras, paredes danificadas, portas quebradas e
principalmente muito barulho de obra na escola – como maquitas, serras
elétricas, picaretas, etc). Diante desse fator, os alunos acharam melhor que
procurássemos outro local para fazer a culminância do projeto que seria o I
SARAU DE POESIA E FILOSOFIA da escola. Surgiu a idéia de que
procurássemos um parque municipal que fica ao lado da escola, solicitássemos
o espaço para o evento que seria no meio do verde e das águas, ao ar livre! A
idéia foi aprovada, a direção do parque autorizou o evento e agendamos o
Sarau para o dia 04/09/2007.
AGOSTO/ 2007
O mês de agosto foi dedicado aos preparativos do Sarau – cada grupo já com
seus trabalhos organizados apresentou-os primeiramente à professora na sala
de aula . Durante uma semana a professora assistiu a apresentação de 12
turmas, na segunda semana agendou os grupos para um ensaio no local da
apresentação. Os trabalhos artísticos ficaram guardados na escola, pois no dia
do Sarau teríamos também apresentação de desenho e pintura. Entramos em
contato com uma marcernaria para construção do palco para o evento,
buscamos patrocínio, entramos em contato com pessoal de som e filmagem e
também conseguimos patrocínio. Montaríamos o palco na beira de um lago. A
professora conseguiu também um patrocínio para confecção de bonés para os
alunos usarem no dia do evento – pois como o evento era ao ar livre, o sol
carioca poderia desgastar. Os meninos usaram bonés brancos com azul e as
meninas bonés brancos com rosa – nos bonés estava escrito o nome da escola
e do projeto.Nossa diretora também nos ajudou na confecção dos convites
para o evento, todos os pais, responsáveis, membros da Secretaria de
Educação e Cultura e também o entorno da comunidade foram convidados. A
cantora Maria Bethânia também foi convidada, não pode comparecer ao evento
por problema de saúde, mas fez questão de gravar uma mensagem para os
alunos do Sarau. A gravação da cantora está junto com a gravação do
evento.Foi um motivo de orgulho e alegria para todos da escola.
SETEMBRO/ 2007
No dia 04 de setembro de 2007 foi realizado o I Sarau de Poesia e Filosofia no
Bosque com a participação dos alunos da escola, professores, pais,
responsáveis, comunidade, profissionais da Secretaria de Educação e direção
da escola. No dia do evento tivemos:
- Recital de Poesia
- Teatro
- Mostra de Desenho e Pintura
- Tarde de Autógrafos
- Crônicas, depoimentos
- Música erudita e popular
- Roda de Viola
Todas as programações foram registradas em vídeo e foto. Os alunos ficaram
muito felizes com o evento e os pais também! No mesmo dia já foi comentado
que o evento se tornaria uma prática anual da escola, que a estratégia de
ensino modificou consideravelmente a rotina da escola, a rigidez dos
conteúdos curriculares e principalmente a forma tradicional de avaliação
baseada em testes e provas.
VI) Metodologia de Trabalho – Ano 2008
O ano de 2008 já começou com um novo programa curricular de filosofia, uma
nova estratégia de ensino mostrando seu foco interdisciplinar e contextualizado
no diálogo com outras disciplinas. Na primeira semana de aula, a professora
deu boas vindas aos alunos usando uma pequena maneira de entrosamento
através de algumas frases que ela espalhou nos murais da escola –
justamente para chamar atenção dos alunos novos que estão chegando e não
sabem o que é filosofia. Exemplos de frases espalhadas pelos murais da
escola: “ MORA NA FILOSOFIA’. FILOSOFAR É PRECISO! PARA QUE
SERVE A FILOSOFIA? O QUE É FILOSOFIA?
MARÇO/ 2008.
De acordo com a programação tradicional da disciplina filosofia, o professor
começa seu planejamento explicando a origem grega da filosofia e faz a
passagem do pensamento mítico(que justificava uma realidade não
compreendida pela razão) para o pensamento filosófico – quando o homem,
pelo uso da razão contesta a veracidade dos mitos e impõe um pensamento
mais racional, investigativo e questionador.Sempre nessa época se estuda os
mitos gregos com os alunos até chegar ao Mito da Caverna de Platão onde o
homem descobre a verdade, o conhecimento, a realidade perfeita.
Mudando um pouco essa linha de abordagem a professora buscou na mitologia
brasileira – mitos que explicavam aos nossos antepassados, índios tupis
guaranis, carajás, como o mundo era feito, os fatos e os fenômenos, etc.
Sugeriu que os alunos fizessem essa busca também em casa, com seus avós,
bisavós, sobre história contadas por eles que explicam a tradição mítica de
nossa sociedade. O resultado foi surpreendente – principalmente os alunos de
tradição nordestina, muito presentes na Zona Oeste do Rio de Janeiro,
trouxeram mitos interessantes, contaram para a turma e foi uma troca de
informações muito prazerosa. A professora descobriu que não precisa se referir
à uma Grécia distante do século Va.C para explicar o que é mito para os
alunos. Eles mesmos o conhecem na força da tradição dos seus
antepassados.Todo esse material sugerido pelos alunos facilitou a introdução
dos conteúdos da história da filosofia, onde a filosofia onde a mesma deve
auxiliar o aluno a tornar temático o que está implícito e questionar o que parece
óbvio. Sendo evidente que a filosofia não se produz no vácuo, mas se
desenvolve a partir de conteúdos concretos, vale dizer sobre que, na
importância de textos e conteúdos concretos, uma primeira escolha se impõe:
não é possível pretender que o aluno construa uma competência de leitura
filosófica sem que ele se familiarize com o universo específico em que essa
atividade se desenvolve, sem que ele se aproprie de temas, problemas e
métodos elaborados a partir da própria tradição filosófica. Por essas razões é
que a professora passou a conjugar uma parte histórica com uma parte
temática que seja consoante com os interesses dos alunos.O método deu certo
e a já serviu de incentivo à inúmeros eventos que vem acontecendo na escola
desde então em diversas áreas do conhecimento.
ABRIL/ 2008-
SOLARATA VICENTINA
Como preparativo para o II Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque – a
professora de filosofia sugeriu aos alunos que tomassem contato com autores
de filosofia e poesia que pudessem auxiliá-los nos trabalhos futuros. Surgiu a
idéia de que fizéssemos uma roda de leitura desses autores – porém
estaríamos ainda com aquele velho problema da obra e do barulho da escola.
Então ficou decido que as turmas iriam fazer essa roda de leitura no Bosque
Municipal ao lado da escola, de uma maneira mais tranqüila e saudável. A idéia
era pegar os livros na biblioteca, levar para o bosque, cada um escolher um
livro, ler primeiramente individualmente num local especialmente escolhido e
depois de um determinado tempo, todos se reuniriam novamente para partilhar
a leitura feita. Assim fizemos com as turmas e como tudo no Rio de Janeiro
termina em festa, no final de cada evento programamos um piquenique,
acompanhado de boa música, seja no rádio ou no violão. Denominamos esse
evento de SOLARATA VICENTINA! Os alunos que participaram desse evento
são da primeira série do Ensino Médio, ou seja, alunos novos que estão
chegando e conhecendo a escola.
MAIO/ 2008
Após o contato dos alunos com os autores a professora começou prepará-los
para o evento do Sarau. Nesse meio tempo tivemos eleição do grêmio
estudantil da escola, o que veio auxiliar o projeto com a implantação provisória
(em parte – por causa da obra) de uma rádio na escola. Uma das diretoras do
Grêmio é uma aluna que se destacou muito no Sarau em 2007 onde escreveu
poesias lindíssimas. Com essa parceria do Grêmio a professora pôde no mês
de maio agendar com os alunos uma visita à Academia Brasileira de Letras
onde eles iriam aprender fazer leitura dramatizada e também conhecer autores,
concertos, etc. O passeio aconteceu e os alunos voltaram de lá animados em
escrever. Muitos alunos nesse dia conheceram pela primeira vez o Cristo
Redentor – mesmo morando no Rio, não tinham visto de tão perto.Esse grêmio
tem feito um bom trabalho também com a comunidade local e com os pais dos
alunos, conseguiram eventos como olimpíadas, debate sobre eleições
municipais, reuniões com representantes de turma, etc.
JUNHO/ 2008No mês de junho de 2008 a professora de filosofia começou com os alunos da
primeira série todas aquelas etapas previstas de acordo com o projeto de
filosofia, onde separaria 12 turmas para 12 músicas do CD. Xerocou as letras
das músicas e começou todo método de trabalho como em 2007.
JULHO/2008
Continuação das etapas como em 2007 – seguindo a seqüência – sala de aula,
sala de vídeo, biblioteca e laboratório de informática . Segunda semana –
recesso escolar.
AGOSTO/2008
Em sala de aula a professora começou a estruturar os novos trabalhos – nesse
ano também será editado um segundo livro de autoria dos alunos contendo
poesias, crônicas e depoimentos sobre a cultura Brasileira. Surgiu um grupo de
trabalho que propôs uma discussão sobre a nossa “brasilidade” , perguntando:
Quem é o Brasileiro? Qual sua identidade cultural? As respostas estão
aparecendo em forma de crônicas, artigos de opinião , desenhos e teatro.
Nesse mês também a professora dedicou uma parte do planejamento curricular
de filosofia para os Estudos de Estética e Arte na Escola com a seguinte
proposta: “A Arte de Pensar a Arte” – destacou temas como:
- O senso e sensível
- A verdade na Arte
- Utilidade da Arte
- O Efeito Purificador
- O Fim da Estética
- Beleza é fundamental?
- Para além do Belo e do Feio
O propósito do estudo destes temas filosóficos é justamente dar um
embasamento filosófico aos trabalhos do Sarau a respeito da Cultura Brasileira
enfocada na Obra Brasileirinho de Maria Bethânia.
SETEMBRO
No mês de setembro os alunos continuam estudando os temas de filosofia de
forma contextualizada com o repertório do Brasileirinho; estão esquematizando
o II Sarau de Poesia e Filosofia que acontecerá no dia 12/11 às 13:00 horas no
Bosque Municipal da Barra da Tijuca – Zona Oeste da cidade do Rio de
Janeiro. No dia 25 de setembro os alunos foram convidados pela cantora Maria
Bethânia para irem até o Theatro Municipal da cidade do Rio de Janeiro para
assistirem o show BRASILEIRINHO. A cantora fez um show beneficente em
prol do Hospital da Criança pró-Cardiáca. Na véspera do evento, no dia 24 de
setembro, a cantora deu uma entrevista para o Jornal O Globo e falou sobre o
trabalho da professora da Cidade de Deus que com seus alunos fez um lindo
projeto na escola baseado em sua Obra, falou inclusive que conheceu os
alunos e que eles chegaram até ela falando um português lindo! Portanto no
dia 25 de setembro a professora Vânia levou um grupo de alunos para o show
da cantora Maria Bethânia que pela primeira vez se apresentava no Theatro
Municipal justamente com o show e repertório conhecidíssimo pelos alunos.
Eles adoraram, tiraram fotos do teatro, com a cantora e isso vai ficar para
sempre guardado em seus corações.
OUTUBRO
Projeto em andamento, temos apresentações de alunos agendadas até o dia
04 de novembro e a partir dessa data montaremos um cronograma de
apresentação para o II Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque do Colégio
Estadual Vicente Jannuzzi.
VII) Resultados Obtidos - Avaliação
A avaliação do projeto é positiva uma vez que desde sua implantação ele vem
crescendo e ocupando maior espaço na escola. A proposta de incentivar a
aprendizagem e o interesse do aluno pela escola, pelas mãos da arte e da
música, começou timidamente e hoje tem uma dimensão maior quando, pelo
projeto, formamos alunos leitores, escritores, artistas, poetas e principalmente
assíduos, interessados em conhecer e desvendar possibilidade de vida e futuro
com a escola e por causa da escola. Hoje além do Brasileirinho, existem vários
projetos em andamento na escola – fato que antes não acontecia. Quem chega
até nós com dificuldades básicas de leitura e interpretação é recebido com
programas de inclusão e alfabetização. Os talentos promissores são
desvelados e incentivados de forma pública, festiva e comemorativa. É um
projeto de sucesso que nasceu em uma escola onde a palavra sucesso não
existia. Apenas se ouvia falar de violência, drogas e crimes. Positivo também
foi o apoio da cantora Maria Bethânia – que ao saber do projeto – quando os
alunos a informaram em seu site na sala de informática da escola – se dispôs a
conhecer a escola, os alunos e a professora. Além disso, temos ainda o fato
de que a cantora convidou a professora para participar do PROGRAMA SEM
CENSURA da TVE onde num programa em sua homenagem estariam
presentes na mesa debatedora pessoas que passaram pela vida da cantora e
deram um contribuição positiva – entre os convidados estavam Haroldo Costa,
Kati Braga, Bibi Ferreira, Miúcha, Renata Sorrah, Professor Júlio Diniz e a
professora Vânia da Escola Pública falando aos telespectadores em que
momento seu caminho como educadora cruzou o caminho de uma cantora que
por sua generosidade compreendeu a dimensão social de seu trabalho como
artista e como cidadã brasileira .Após esse programa a escola pôde contar com
o apoio de um jornalista do RS que criou em seu site Brasileirinho um espaço
para a escola e divulga todos os trabalhos dos alunos que recebem elogios do
mundo todo. No início desse ano tivemos a visita de uma professora Chilena na
escola, que veio conhecer o projeto para implantá-lo no Chile. Tudo isto elevou
a auto-estima dos alunos e dos professores, criando um ambiente de alegria e
otimismo na escola.
Outros fatores importantes da avaliação dizem respeito ao aproveitamento dos
alunos: as notas bimestrais aumentaram consideravelmente, conseguimos um
maior índice de aprovação, acompanhado de um maior índice na qualidade do
Ensino. Em 2007 ainda, a professora Vânia inscreveu o Projeto Brasileirinho no
PRÊMIO CULTURA VIVA do MinC – na categoria Escola Pública de Ensino
Médio – e a escola recebeu uma premiação configurando o terceiro lugar no
território nacional. Isso também foi motivo de muito orgulho para todos da
escola. Atualmente a professora continua envolvida com o projeto e ficou feliz
ao saber pela direção da escola que o MEC tinha um programa específico para
o reconhecimento e valorização do trabalho de educadores que acreditam que
possam fazer muito mais pelos seus alunos e pelo seu país, quando confiaram
à si mesmos a missão de educar.
SUMÁRIO
I)
APRESENTAÇÃO
II)
RAZÕES QUE EXPLICAM A REALIZAÇÃO DO TRABALHO E O
CONTEXTO PARA QUAL ELE SE DESTINA
III)
OBJETIVOS GERAIS
IV)
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
V)
METODOLOGIA DE TRABALHO – ANO 2007
VI)
METODOLOGIA DE TRABALHO _ ANO 2008
VII)
RESULTADOS OBTIDOS – AVALIAÇÃO
COLÉGIO ESTADUAL VICENTE JANNUZZI
Rio de Janeiro – RJ
PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL – 3ª EDIÇÃO
ENSINO MÉDIO
Projeto BRASILEIRINHO: Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque
Área: Filosofia
Professora Vânia Aparecida Silva Corrêa Pinto
PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL - Terceira Edição
Projeto BRASILEIRINHO: Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque.
Rio de Janeiro – RJ
PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL – 3ª Edição
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
DIRETORIA DE CONCEPÇÕES E ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA
EDUCAÇÃO BÁSICA.
ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS, BLOCO L, EDIFÍCIO SEDE,
4º ANDAR – SALA 419
BRASÍLIA – DF
CEP: 70047-900
Remetente: Professora Vânia Aparecida Silva Corrêa Pinto
Estrada do Rio Grande, 3600 – casa 1903- Jacarepaguá
Cep; 22.723.001 – Rio de janeiro - RJ
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