Relatório Final Preparo de Perfil de Solo com

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FUNDAÇÃO DE APOIO A PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO INTEGRADO RIO VERDE
RESULTADOS DE PESQUISA 2005
PREPARO DE PERFIL DE SOLO COM EQUIPAMENTOS MECÂNICOS VISANDO
CULTIVO DO ALGODÃO SAFRINHA
CLAYTON GIANI BORTOLINI
Lucas do Rio Verde, Dezembro de 2005
SUMÁRIO
1 - RESUMO ...............................................................................................................3
2 - INTRODUÇÃO .......................................................................................................4
3 - REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................5
4 - METODOLOGIA ....................................................................................................6
5- RESULTADOS........................................................................................................9
6 – CONCLUSÕES ...................................................................................................17
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................18
2
1 - RESUMO
O cultivo do algodão safrinha no Mato Grosso é diretamente influenciado
pela disponibilidade de água à cultura, relacionada à precipitação pluvial e
aproveitamento das reservas hídricas do solo. Para maximizar o aproveitamento da
água, o sistema radicular das plantas deve explorar o maior volume de solo possível,
especialmente
em
camadas
mais
profundas.
Sistemas
mecânicos
podem
proporcionar formação de perfil em diferentes profundidades, com maior
aproveitamento desta porção do solo. Raízes mais profundas proporcionam maior
estabilidade produtiva do algodão safrinha, sendo esta de grande importância para o
cotonicultor e o sucesso da cultura. O preparo de solo com equipamentos mecânicos
e corretivos químicos em profundidade aumentou a produtividade do algodoeiro
safrinha no Médio Norte Matogrossense.
3
2 - INTRODUÇÃO
A segunda safra realizada na região Centro Norte Matogrossense, é
marcada, geralmente, pela baixa disponibilidade hídrica, afetando diretamente a
cultura do algodão cultivado nesse período.
Devido aos processos e fatores de formação dos solos da região, marcado
por períodos definidos de alta precipitação, originou teores de alumínio na faixa de
toxidez para as plantas, aliados ainda, a baixa disponibilidade de nutrientes
essenciais para o desenvolvimento do algodão.
A correção da fertilidade do solo é feita na camada de zero a 20 cm do
solo, o que em épocas de disponibilidade hídrica normal, é suficiente para as plantas
se desenvolverem. Porém, em épocas de deficiência hídrica onde se cultiva o
algodão de segunda safra, essa camada de solo não retém água suficiente para
suprir a demanda da planta, com isso a disponibilidade de nutrientes é reduzida,
bem como a produtividade da cultura.
Como alternativa a essa problemática, pode-se fazer a correção da
fertilidade do solo em profundidade, tendo como efeitos dessa prática, o aumento do
volume de solo explorado pelo sistema radicular. A estruturação física pode também
melhorar a proporção de macro e microporosidade desse solo, aumentando assim, a
capacidade de armazenagem e retenção de água. Com esses benefícios a cultura
do algodão é favorecida em períodos de baixa disponibilidade de água durante o seu
crescimento e desenvolvimento.
Para proporcionar essas melhores condições de solo para o algodão são
necessários equipamentos específicos, que são fatores essenciais para que a
operação seja executada com qualidade e atingir os objetivos determinados.
Diversas possibilidades de equipamentos mecânicos estão disponíveis para
utilização, cada qual com suas particularidades. O uso combinado destes com
corretivos químicos como gesso pode facilitar a correção do solo em profundidade, e
favorecer o desenvolvimento radicular do algodão, reduzindo os problemas de
deficiência hídrica ocorrido no final do ciclo produtivo da safrinha.
4
3 - REVISÃO DE LITERATURA
A cultura do algodão na região Centro Norte do Mato Grosso teve seu
auge de área cultivada na safra 2000-01, sendo nos anos seguintes reduzidas
devido à situação econômica desfavorável, especialmente pela competição com a
cultura da soja, a qual aumentou sua lucratividade para o agricultor regional
(Fundação Rio Verde, 2003).
Em busca de alternativa para continuidade da cultura e utilização de
estruturas já existentes, alguns cotonicultores iniciaram testes com algodão de
segunda safra, implantado após a soja colhida em janeiro. Bons resultados foram
obtidos nestas pesquisas informais, porém com instabilidade produtiva acentuada
(Fundação Rio Verde, 2004).
O fator limitante para o algodão pós-soja é a deficiência hídrica ocorrida no
final do ciclo da cultura, que coincide com a parada das chuvas (Fundação Rio
Verde, 2003). Para minimizar os riscos de perdas por deficiência hídrica,
procedimentos de preparo de solo visando melhor formação de seu perfil podem
favorecer a estabilidade produtiva, como observado em diversas lavouras da região.
A metodologia de preparo de solo pode ser agregada a aplicação de corretivos
químicos como o gesso, que de acordo com as propriedades químicas do solo
favorecerá a produtividade do algodão (Staut e Kurihara. 2001).
Do ponto de vista físico, o solo é um sistema trifásico, com uma fase sólida
relativamente estável e com as fases líquida e gasosa ocupando de forma
complementar o espaço poroso. Para manter o solo em condições das culturas
obterem altas produtividades é importante conservá-lo bem estruturado, o que se
consegue com manejo e preparo do solo adequado (Raij, 1991).
Em um solo bem estruturado as raízes apresentam sistemas radiculares
extensos e profundos, o que aumenta consideravelmente o volume de solo
explorado, possibilitando absorver maiores quantidade de água, principalmente em
períodos de déficit hídrico. Para que isso ocorra não podem existir impedimentos ao
aprofundamento radicular, tais como toxidez por alumínio, deficiência de cálcio ou
camadas compactadas que prejudicam o acesso à água do solo existente em
profundidade. Alumínio superior a 20% pode limitar o crescimento das raízes do
5
algodoeiro (Staut e Kurihara, 2001), reduzindo a disponibilidade hídrica para a planta
e conseqüentemente afetar a estabilidade do algodão safrinha (Fundação Rio Verde,
2005).
Um solo com impedimentos ao crescimento radicular do algodoeiro causa
perda considerável sobre a produtividade, como demonstrado por Rosolem et al.,
(1998), comprovando a sensibilidade do algodoeiro à compactação do solo. Os
autores supram mencionados verificaram que um aumento da resistência do solo à
penetração de até 20 kgf cm-2 reduz o crescimento radicular do algodoeiro a menos
de 5% do crescimento que ocorreria se não houvesse limitação.
Na região da Serra da Petrovina no estado do MT, foi realizado um
experimento para avaliar a resposta do algodão à adubação nitrogenada em dois
locais com diferentes proporções de resistência à penetração (Fundação MT, 2001).
Os autores verificaram maior resposta à adubação nitrogenada em um local de solo
com resistência à penetração até 20 kgf cm-2 na camada de 10 a 20 cm. A
explicação para esse fato é de que no período de maior utilização do nitrogênio pelo
algodoeiro
não
houve
déficit
hídrico,
o
que
gerou
um
efeito
vaso
e
consequentemente maior aproveitamento do nitrogênio, já que esse não foi perdido
por lixiviação para camadas mais profundas em função do maior adensamento do
solo. Porém os autores ressaltam de que se houvesse deficiência de água nesse
período, o local com menor resistência à penetração seria mais eficiente na
utilização do N aplicado.
A formação de perfil do solo profundo, obtida com auxilio de equipamentos
mecânicos, que podem ser combinados a corretivos químicos podem favorecer a
produtividade e especialmente a estabilidade do algodoeiro safrinha, de fundamental
importância para a região Centro Norte Matogrossense.
4 - METODOLOGIA
Este trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos da utilização de
diferentes sistemas de preparo mecânico de solo para formação de perfil profundo
para o cultivo do algodão safrinha.
O experimento foi conduzido no CETEF – Centro Tecnológico Fundação
Rio Verde, em Lucas do Rio Verde – MT na safra agrícola 2004-05.
6
Os tratamentos constaram de cinco sistemas de preparo de solo,
considerando a cada um seu preparo em fertilidade conforme realização em
lavouras de algodão da região.
Os procedimentos de preparo mecânico e aplicação de corretivos do solo
foram efetuados em setembro de 2004, sendo quatro meses antes da implantação
da lavoura do algodão safrinha, tempo este para estabilização ao menos parcial das
reações químicas inicias ocorridas entre nutrientes e o solo.
O experimento foi implantado a campo, em delineamento experimental
disposto em faixas. As parcelas apresentaram área de 1,0 ha, sendo a área total do
experimento de 5,0 ha. Estas parcelas foram conduzidas simulando a situação de
cada tratamento como se fossem lavouras comerciais da região. A semeadura assim
como os tratos culturais foi mecanizada.
Os preparos mecânicos foram realizados em setembro de 2004, antes da
semeadura da soja, como se observa nas lavouras da região. A semeadura do
algodão foi toda em sistema de plantio direto após o cultivo da soja. Os tratamentos
de preparo mecânico de solo e aplicação de fertilizantes antes do cultivo da soja
constaram de:
Tratamento
Preparo Mecânico 1
Equipamento utilizado e
profundidade de trabalho
1
-
2
-
3
Arado de Aiveca 25cm
4
Arado de Aiveca 40cm
5
Escarificador 40cm +
Arado de Aiveca 40cm
Fertilizantes
Corretivos
Kg/ha
700 kg Gesso +
1500 kg Calcário +
400 kg MAP
700 kg Gesso +
3000 kg Calcário +
400 kg MAP
700 kg Gesso +
3000 kg Calcário +
400 kg MAP
1400 kg Gesso +
3000 kg Calcário +
400 kg MAP
1400 kg Gesso +
3600 kg Calcário +
400 kg MAP
Preparo Mecânico 2
Equipamento utilizado e
profundidade de trabalho
Grade niveladora +
Dessecação química
Grade Aradora 15cm
Grade niveladora
Grade Aradora 15cm
Grade niveladora
Grade Aradora 20cm
Grade niveladora
Grade Aradora 20cm
Grade niveladora
O tratamento 1 foi realizado buscando-se simular o que acontece em
lavouras de cultivo em sistema de plantio direto. Os demais foram realizados
7
buscando profundidades de trabalho e preparo de solo maior, de acordo com cada
equipamento.
As
doses
de
corretivo
utilizadas
foram
calculadas
utilizando-se
recomendações para o cultivo do algodão, buscando um solo com nível de
fertilidade média-alta. Em situações de lavouras comerciais onde se aplicariam estes
preparos mecânicos, doses iguais ou semelhantes seriam utilizadas para preparo de
perfil de solo.
Após o preparo do solo foi implantada a cultura da soja, utilizando-se
cultivar de ciclo superprecoce, de modo a permitir a colheita no mês de janeiro.
Após a colheita da soja, foi implantado o algodão no dia 15 de janeiro de
2005, utilizando-se a cultivar Makina, com população de 122.000 plantas/ha, de
acordo com a recomendada para a cultivar utilizada. O espaçamento entre linhas foi
de 90cm, sendo o plantio realizado com semeadora de quatro linhas.
Como adubação de base (no sulco de semeadura) foram aplicados: N =
18 kg.ha-1, P2O5 = 81 kg.ha-1, e de K2O = 54 kg.ha-1 além de micronutrientes B=
2,0kg/ha, Mn=3,3kg/ha, Cu=2,25kg/ha e Zn 0,1,25kg/ha. Em adubação de cobertura
foi fornecido 386 kg/ha de sulfo – nitrato de amônio (ENTEC = 26% de N e 13% de
S), em uma aplicação aos 30 DAE do algodão.
O controle de pragas, doenças e plantas invasoras foi realizado
quimicamente, sendo que esta última recebeu também capina manual para retirada
de invasoras não controladas pelos herbicidas. Os produtos utilizados foram aqueles
com recomendação para a cultura do algodão, conforme legislação vigente.
Avaliações:
- Compactação do solo: realizada com auxilio de penetrômetro
computadorizado quando o algodão encontrava-se no estádio de início de abertura
de maçãs, com o solo ainda apresentando umidade adequada a avaliação, ou seja
em ponto de friabilidade.
- Profundidade e distribuição do sistema radicular no perfil de solo:
avaliada através da abertura de trincheiras e avaliação visual de distribuição de
raízes em cada faixa de profundidade do solo.
8
- Rendimento de algodão em caroço, avaliado através de 10 amostragens
aleatórias por tratamento, colhendo-se duas linhas de 5m de comprimento cada
(4,5m2).
- Rendimento de pluma, avaliado através do beneficiamento do algodão
em caroço utilizando-se descaroçadora de rolo para experimentos, e calculando-se o
percentual de pluma obtida em cada amostra beneficiada. Cada tratamento foi
avaliado através da coleta de 5 amostras com 30 capulhos por amostra, sendo estes
retirados da parte mediana da planta.
Os rendimentos de algodão em caroço e de pluma foram submetidos à
análise de variância, e se significativo comparadas as diferenças estatísticas pelo
teste de DMS ao nível de 5% de probabilidade.
- Análise química do solo em quatro profundidades (0-10cm, 11-20cm, 2140cm, e 40-60cm). A amostragem do solo foi coletada nos primeiras faixas de 0-10 e
11-20cm de solo com auxilio de furadeira amostradora de solo, enquanto que as
faixas de 21-40 e 41-60cm foram coletadas nas paredes das trincheiras de avaliação
de distribuição e profundidade de raízes. A coleta do solo foi realizada após a
colheita do algodão.
5- RESULTADOS
5.1 – Resistência do solo à Penetração (RSP)
Nas avaliações realizadas, foram verificados os níveis de adensamento
ou compactação do solo, medidos com auxilio do penetrômetro computadorizado.
Foi avaliada a resistência do solo à penetração (RSP), utilizando como unidade de
medida o Mega Pascal (MPa).
Este procedimento de verificação de RSP deve ser realizado com solo
apresentando teor de umidade em ponto de friabilidade, próximo à capacidade de
campo. Neste ponto de umidade, valores de até 2,5 MPa não apresentam problemas
de impedimento mecânico para o desenvolvimento de raízes do algodoeiro.
Em relação aos tratamentos de preparo de solo avaliados, observou-se
pequena variação entre os diferentes preparos mecânicos de solo (Figura 1). No
tratamento com Plantio Direto, ou seja, onde se utilizou somente grade niveladora
9
para incorporação dos corretivos, a compactação do solo apresentou-se superior
aos demais tratamentos na camada mais superficial de até 15 cm de profundidade,
Abaixo desta, os valores obtidos foram muito semelhantes aos demais tratamentos.
Profundidade do solo (cm)
0
1
RSP (MPa)
2
3
4
0
-5
-10
-15
-20
-25
-30
-35
-40
-45
-50
-55
Corr+Plantio Direto
Corr+Ar 15cm
Aiv25cm+Corr+Ar15cm+Niv
Aiv40cm+Corr+Ar20cm+Niv
Esc+Aiv40cm+Corr+Ar20cm+Niv
Figura 1 – Resistência do solo à penetração (RSP) em função de sistemas de
formação de perfil de solo com preparos mecânicos e aplicação de
corretivos, em solo com 30% de argila. Lucas do Rio Verde – MT, 2005
Quando o solo foi movimentado com grade aradora a profundidade de
15cm, a RSP apresentou-se ligeiramente superior aos demais tratamentos com
preparos em maior profundidade e com mais operações.
Até a profundidade de 15 a 20 cm todos os tratamentos apresentaram
aumento na RSP, ou seja, um maior adensamento do solo. Dos 20 aos 30 cm de
solo observou-se para todos os preparos mecânicos e também para o plantio direto
a redução na compactação do solo, com menores valores de RSP com o
aprofundamento do solo.
Abaixo dos 30 cm de profundidade, houve uma estabilização dos valores
de RSP para todos os tratamentos, variando entre 2,0 e 2,5 MPa. A estabilização da
RSP indica que a resistência natural do solo a penetração ou o nível de
compactação situa-se nesta faixa de 2 a 2,5 MPa, fato que não limitaria o
10
crescimento de raízes, estando esta possivelmente regulada por fatores químicos e
disponibilidade hídrica.
Quando avaliado a profundidade e distribuição do sistema radicular das
plantas do algodoeiro em função dos preparos mecânicos e da aplicação de
corretivos no solo, são verificadas diferenças significativas entre os tratamentos
(Figura 2).
profundidade da camada (Cm)
0
0
-10
-20
-30
-40
-50
-60
-70
-80
-90
-100
-110
-120
10
% de raizes na camada
20
30
40
Corr+Plantio Direto
Corr+Ar 15cm
Aiv25cm+Corr+Ar15cm+Niv
Aiv40cm+Corr+Ar20cm+Niv
Esc+Aiv40cm+Corr+Ar20cm+Niv
Figura 2 – Distribuição do sistema radicular de plantas de algodão no perfil do solo
em função de sistemas de formação de perfil de solo com preparos
mecânicos e aplicação de corretivos, em solo com 30% de argila. Lucas
do Rio Verde – MT, 2005
Quando o não foi realizado preparo mecânico do solo (Plantio Direto) e a
distribuição dos corretivos foi feita superficialmente, as raízes ficaram concentradas
na faixa de 10 a 20 cm de profundidade, estando mais de 80% presente na camada
de até 20cm de solo. A profundidade máxima observada foi até a camada de 4060cm, com aproximadamente 1% do volume total de raízes das plantas.
No tratamento com preparo de solo com utilização de grade aradora
operando na profundidade de 15cm, a distribuição de raízes também ficou
concentrada na profundidade de até 20cm, e presença até a faixa de 40-60cm, com
proporção de volume de raízes um pouco superior ao sistema com plantio direto.
11
O preparo do solo com arado de aivecas em profundiade de 25cm e grade
aradora a 15 cm para incorporação dos corretivos apresentou volume de raízes de
2% do total da planta na cama de 60 a 80cm.
As melhores distribuições de sistema radicular das plantas no perfil do
solo foram obtidas nos tratamentos com movimentação do solo até a profundidade
de 40 cm. A operação com escarificação adicional não diferenciou significativamente
da com aivecas a 40cm e aradora a 20 cm de profundidade.
Nos tratamentos com preparo aos 40cm a presença de raízes foi
observada até os 100 cm, com percentuais em torno de 2 a 3% do volume total de
raízes.
A diferença na profundidade e distribuição do sistema radicular das
plantas no solo indica não ser devido ao tipo de preparo mecânico, já que nas
avaliações de RSP, verifica-se a não existência de camadas compactadas no perfil
do solo que limitassem o crescimento de raízes. A limitação, portanto pode estar
ocorrendo devido a outros fatores de ordem nutricional ou limitações químicas.
O maior aprofundamento das raízes nos tratamentos com maior
movimentação do solo deve ser atribuído à questão química. Nos tratamentos 4 e 5,
além da movimentação a profundidade de 40cm, a dose de gesso aplicada foi de
1400 kg/ha, o dobro dos tratamentos anteriores.
A melhor distribuição dos corretivos no perfil do solo além do acréscimo do
gesso pode ter deslocado nutrientes para as camadas mais profundas, favorecendo
o crescimento de raízes da planta. O deslocamento do cálcio para camadas mais
profundas auxilia na complexação do alumínio tóxico às raízes, permitindo o
crescimento destas.
O aprofundamento das raízes do algodão safrinha é fundamental para o
sucesso do cultivo, pois maximiza o aproveitamento das reservas hídricas do solo
nas camadas mais profundas, reduzindo as perdas por deficiências de chuvas
ocorridas no final do ciclo do algodoeiro.
5.2– Rendimento de algodão em caroço e rendimento de pluma
O rendimento de algodão em cultivo safrinha é diretamente proporcional
ao aproveitamento das condições de ambiente de cultivo, especialmente no que se
12
refere à disponibilidade hídrica. Esta por sua vez esta relacionada á precipitação
pluvial e à reserva hídrica do solo.
No experimento avaliado, a formação do perfil de solo diferenciado
proporciona diferente crescimento de raízes em volume e também em profundidade.
O rendimento do algodão seguiu os desenvolvimentos de raízes das plantas, sendo
incrementado quanto mais desenvolvido seu sistema radicular.
A produtividade mais baixa foi registrada no tratamento testemunha do
preparo de solo, ou seja, onde se executou o Plantio Direto, com produtividade de
156,3@/ha, considerado baixo para o potencial do algodão safrinha (Tabela 1).
Tabela 1 - Rendimento de algodão em caroço e rendimento de fibra em função de diferentes
preparo de solo mecânico e correção química visando formação d perfil de solo
profundo, em solo com 30 % de argila. Lucas do Rio Verde - MT, 2005
Tatamento
1
2
3
4
5
Preparo de solo
Equipamento e profundidade de trabalho*
Corr + Plantio Direto
Corr + Ar 15cm
Aiv25cm + Corr + Ar15cm + Niv
Aiv40cm + Corr + Ar20cm + Niv
Esc + Aiv40cm + Corr + Ar20cm + Niv
Rendimento de
algodão em caroço**
Rendimento
de fibra***
............@/ha........
..........%…..…..
156,3
182,1
215,7
229,7
234,0
d
c
b
a
a
40,5ns
41,4
41,9
42,4
42,1
* Equipamentos utilizados para preparo mecânico do solo e ordem de trabalho com aplicação de corretivos, sendo: Corr=
aplicação de corretivos do solo; Ar= Grade aradora; Niv= Grade niveladora; Aiv= Arado de aivecas; Esc= Escarificador.
** Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de DMS a 5% de significância.
*** % de fibra obtido em máquina de rolo, para rendimento industrial subtrair 3 unidades
Com a incorporação dos corretivos na camada de 15cm de solo,
(Tratamento 2), onde utilizou-se a grade aradora, a produtividade subiu 16,5% em
relação ao Plantio Direto.
No procedimento mecânico onde se utilizou arado de aivecas a 25cm de
profundidade, a produtividade foi ainda superior, sendo 38% superior ao tratamento
testemunha com Plantio Direto, mostrando o grande efeito de preparo do perfil de
solo, com correção química em maior profundidade.
Quando o preparo do solo foi executado com profundidade de 40cm
(tratamentos 4 e 5) obtiveram-se as maiores produtividades, sendo superiores à
testemunha em 73,4 e 77,7 @/ha de algodão em caroço, semelhante a 47 e 48% a
mais na produtividade.
O incremento na produtividade neste experimento pode ser relacionado
diretamente ao desenvolvimento do sistema radicular das plantas do algodoeiro,
onde quanto maior o volume de raízes e maior a profundidade de trabalho melhor o
13
desenvolvimento das plantas, o aproveitamento das reservas hídricas do solo e
conseqüentemente maior a produtividade.
Em relação ao rendimento de pluma obtido nos diferentes tratamentos,
não foi verificada diferença estatística significativa, mas numericamente observa-se
incremento no rendimento nos tratamentos com preparo de solo mais profundo, e
que apresentaram também maiores produtividades.
Assim como para a produtividade, as melhores condições de ambiente e
aproveitamento de água favoreceram o melhor desenvolvimento da fibra,
proporcionando 1,6% a mais no rendimento da fibra entre o tratamento com preparo
do solo a profundidade de 40cm em relação ao plantio direto.
Calculado a produtividade de pluma da área de plantio direto com a de
preparo a 40cm com escarificador + aivecas + aradora e niveladora, esta apresentou
produtividade de pluma de 55,6% superior ao Plantio Direto, ou seja, 35,2@/ha.
Os custos de preparo de solo são elevados, e tendem a subir cada vez
mais, porém a diferença obtida entre os tratamentos cobre as diferenças de insumos
aplicados e dos preparos mecânicos. É de grande importância lembrar que este
procedimento após executado, apresenta seu efeito residual por muitos anos, e se
realizada manutenção dos corretivos, não será mais necessário o revolvimento do
solo. Deste modo é recomendável e necessário o preparo do perfil de solo para
cultivo do algodão safrinha no Centro Norte Matogrossense, especialmente por
garantir melhor tolerância à deficiência hídrica que ocorre no final do ciclo do
algodoeiro.
5.3 – Análise de solo
Com o objetivo de avaliar possíveis diferenças de teores nutricionais no
perfil do solo, foram coletadas amostras estratificando o solo em camadas, de 010cm, 11-20cm, 21-40cm e 41-60cm. Estas amostras foram coletadas em 10 pontos
em cada tratamento para as profundidades de 0-10 e 11-20cm e 20-40. Para a faixa
de profundidade de 40-60cm, a amostra de solo foi retirada das paredes das
trincheiras utilizadas para avaliação de raízes. Isto ocorreu devido à incapacidade
dos equipamentos em coletar amostra de solo em profundidade superior à 40cm.
14
Todos os elementos macronutrientes foram analisados, porém os que
apresentam potencial maior de deslocamento no perfil de solo, os de carga positiva
como Cálcio, Magnésio e potássio estão descritos na tabela 2. A saturação por
alumínio também é demonstrada, afim de observações sobre possibilidade de
redução nos teores deste elemento em maiores profundidades.
Tabela 2 – Teores nutricionais de solo em diferentes profundidades em função de
tratamentos de preparo mecânico de solo e correção química visando
formação de perfil de solo profundo. Lucas do Rio Verde – Mt, 2005
Trat
1
1
1
1
2
2
2
2
3
3
3
3
4
4
4
4
5
5
5
5
Prof
pH
(cm)
(H2O)
0-10
11-20
21-40
41-60
0-10
11-20
21-40
41-60
0-10
11-20
21-40
41-60
0-10
11-20
21-40
41-60
0-10
11-20
21-40
41-60
6,3
5,9
5,2
5,0
6,2
5,9
5,0
5,0
6,1
6,2
5,0
4,9
6,1
5,9
5,0
4,9
6,0
5,9
5,1
5,0
K
Ca
Mg
3
Cmolc/dm
0,11
0,10
0,06
0,06
0,12
0,12
0,03
0,04
0,11
0,12
0,05
0,02
0,17
0,16
0,04
0,03
0,09
0,11
0,04
0,07
4,3
3,0
0,3
0,3
3,3
3,1
0,3
0,2
3,1
3,6
0,3
0,2
4,3
3,5
0,4
0,2
3,4
3,3
0,4
0,3
1,3
1,1
0,1
0,1
1,5
1,3
0,1
0,1
1,3
1,3
0,1
0,1
1,0
1,0
0,2
0,1
1,2
1,1
0,2
0,1
Saturação por Elemento %
Ca
Al
50,0
36,6
8,3
7,1
39,8
36,5
8,8
7,7
41,9
45,6
10,3
9,5
44,8
39,8
10,3
9,4
44,2
41,3
13,8
12,0
0,0
0,0
5,6
3,0
0,0
0,0
3,9
0,0
0,0
0,0
4,4
0,0
0,0
0,0
4,7
3,7
0,0
0,0
3,4
4,0
V%
66,3
51,2
13,9
15,2
59,0
52,9
14,8
11,5
60,8
63,3
17,2
14,3
57,3
53,4
19,4
14,1
61,0
56,3
22,7
20,0
Quanto ao pH do solo, os maiores valores foram observados nas
camadas mais superficiais, a qual variou de 6,0 a 6,3, sendo este maior valor
observado na camada de 0-10 cm no solo em plantio direto, que recebeu somente
grade niveladora como processo mecânico. Na camada mais profunda o pH ficou
entre 4,9 e 5,0, índice este que não permite o bom desenvolvimento do algodão.
Abaixo de 5,2, o desenvolvimento do algodão fica muito limitado, surgindo vários
problemas de deficiências nutricionais, com limitação no crescimento da planta
(Staut e Kurihara, 2001).
Em relação ao cálcio, magnésio e potássio observam-se valores
semelhantes em relação aos tratamentos de perfil de solo, com pequeno incremento
nos teores nas camadas mais profundas de preparo de solo que envolveu
15
escarificação, aração e niveladora (tratamento 5). As diferenças são pequenas
numericamente, as quais podem aumentar no segundo ano de cultivo, visto ao
tempo entre aplicação avaliação, o qual pode apresentar reações por mais anos.
Para a saturação por elementos, verifica-se que o cálcio aumentou nas
camadas mais profundas no tratamento 5. O alumínio, com efeito contrário, nos
tratamentos 2 e 3 não se apresentou nas maiores profundidades, fato este que pode
ser atribuído à alguma variação de analise de solo, pois haveria tendência de
ocorrência.
A saturação de bases (V%), nas maiores profundidades, aumentou com o
maior preparo do solo, sendo a mais elevada no tratamento com escarificação.
Os resultados obtidos nas analises de solos realizadas indicam
deslocamento de nutrientes como cálcio nas maiores profundidades, podendo ser
atribuído ao aumento do preparo mecânico do solo, aliado ao aumento da dose de
gesso aplicado ao solo no momento da correção de fertilidade.
Segundo Staut e Kurihara (2001), a utilização de gesso é recomendada
quando a saturação de alumínio nas camadas mais profundas é superior a 20%, ou
a de cálcio inferior a 60%. Neste caso, a aplicação do gesso seria prática
recomendável,
como
foi
realizada,
com
objetivo
de
possibilitar
melhor
desenvolvimento radicular das plantas, para melhor aproveitamento da reserva
hídrica do solo.
Em anos de disponibilidade hídrica adequada ao algodoeiro, as
diferenças entre os preparos de solo tendem a ser menores que as observadas
nesta safrinha, a qual apresentou deficiência hídrica acentuada na fase de formação
final de maçãs.
Nas áreas de formação de perfil em profundidade, se trabalhado em
sistemas de rotação de culturas com utilização de espécies de grande formação de
cobertura vegetal e raízes como as gramíneas, o potencial produtivo deste solo será
muito superior em relação a solos com perfis baixos, como ocorre na maioria das
lavouras da região. A estruturação do solo em profundidade possibilita a obtenção
de resultados produtivos em safrinha expressivos, com grande retorno econômico,
seja para o algodão safrinha ou para outras culturas.
16
A estabilidade produtiva do algodão safrinha é muito maior em locais
onde se prepara um perfil de solo em maior profundidade, como verificado neste
experimento.
A continuidade deste trabalho será executada de modo a observar o
comportamento produtivo nas próximas safrinhas, com cultivo do algodão,
verificando os efeitos residuais dos tratamentos executados.
6 – CONCLUSÕES
- A resistência do solo à penetração, não apresentou diferença
significativa entre os tratamentos com revolvimento do solo, sendo nestes o solo
ligeiramente menos compactado que no Plantio Direto na camada de até 15cm de
solo.
- O solo avaliado não apresentava nível de compactação capaz de
comprometer o desenvolvimento das raízes do algodoeiro em nenhuma camada do
solo.
- O maior desenvolvimento de raízes de algodoeiro em profundidade foi
observado nos tratamentos com preparo mecânico do solo até os 40cm de
profundidade, e que receberam também maiores doses de gesso.
- A melhor distribuição dos corretivos no perfil do solo obtida nos preparos
mais profundos proporciona melhor distribuição do sistema radicular do algodão, o
que proporciona melhor aproveitamento de água, favorecendo a produtividade do
algodoeiro safrinha.
- A formação de perfil do solo profundo, sem camadas compactadas e
com níveis de nutrientes adequados, proporciona expressivo incremento na
produtividade do algodoeiro safrinha, especialmente e solos menor capacidade de
retenção de água.
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7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Agropecuária Oeste. Algodão: Tecnologia de Produção. Dourados, 2001.
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