GUIA PARA ESCREVER MELHOR Saiba que erros evitar para ter um bom desempenho na prova de redação GUIA PARA ESCREVER MELHOR Í N D I C E Capítulo 1 Não exagere nos adjetivos Capítulo 2 Evite o queísmo Capítulo 3 Não seja intrometido(a) Capítulo 4 Cuidado com a “atualidade” redundante Capítulo 5 Não exagere com o “ando”, “endo”, “indo” Capítulo 6 Fuja do lugar-comum, clichê ou frases feitas Capítulo 7 Não diga o óbvio Capítulo 8 Cuidado com a correlação entre tempos verbais Capítulo 9 Cuidado com o duplo sentido ou ambiguidade Capítulo 10 Cuidado com a interferência da fala no texto escrito GUIA PARA ESCREVER MELHOR 1- Dica # 01 Não exagere nos adjetivos Nos gêneros expositivos e jornalísticos, deve-se evitar o uso excessivo de adjetivos. O texto perde a objetividade, e você expõe de forma indelicada e/ou parcial seu ponto de vista, influenciando assim o julgamento do leitor. Lembre-se que os fatos apresentados devem falar por si mesmos. Veja o que NÃO deve ser feito no exemplo abaixo: Não se pode permitir que os políticos corruptos, mentirosos e displicentes se aproveitem de uma população pobre, ignorante de seus direitos e ingênua, sob pena que de nosso vasto e rico país se transforme numa nação atrasada, sem futuro e sem esperança. GUIA PARA ESCREVER MELHOR 2-Dica # 02 - Evite o queísmo Queísmo é o uso excessivo do pronome relativo e conjunção integrante “que”. A língua portuguesa oferece outras alternativas para evitar a repetição dessa palavra. Veja nos exemplos abaixo como o “que” foi substituído: Esta é uma meta que não pode ser atingida. Esta é uma meta inatingível Publicou-se uma notícia que denunciou mais um caso de corrupção na política brasileira Publicou-se uma notícia denunciando mais um caso de corrupção na política brasileira O bebê que tem olhos azuis O bebê cujos olhos são azuis GUIA PARA ESCREVER MELHOR 3- Dica # 03- Não seja intrometido(a) Não escreva “Eu acho que” ou “Em minha opinião”. Isso é intromissão, uma maneira direta de mostrar o que pensa e isso não deve acontecer nos gêneros dissertativos, expositivos e informativos, como artigos científicos, reportagens, notícias, etc. Desenvolva o assunto ou apresente um ponto de vista de maneira impessoal, sem usar marcas de 1ª pessoa, como os pronomes eu, minha, meu, e verbos como acho, penso, sei. GUIA PARA ESCREVER MELHOR 4- Dica # 04 - Cuidado com a “atualidade” redundante Não se empolgue com o “hoje” e o “atualmente” em seus textos dissertativos ou argumentativos. Às vezes, por distração, nos abusamos deles e exageramos na atualidade. Veja esse problema no exemplo abaixo: Hoje em dia, o acesso à tecnologia portátil está cada vez mais fácil e barato. Atualmente qualquer pessoa, mesmo de classes menos abastadas, hoje, tem um celular com acesso à internet, câmera potente e vários aplicativos. Vo GUIA PARA ESCREVER MELHOR 5-Dica # 05- Não exagere com o “ando”, “endo”, “indo” Você já ouviu falar no gerundismo? É o nome dado ao uso exagerado e fora de contexto da forma de gerúndio dos verbos. É o que ocorre em frases como : Vou estar lhe enviando uma nova amostra do produto. Você irá estar recebendo toda informação necessária. Esse uso incorreto do gerúndio vai contra o princípio de economia da língua, em que tende-se a reduzir sons, palavras e frases. Em vez de usar uma ou duas formas verbais, no gerundismo, utiliza-se três ou mais para expressar uma mesma ideia. O correto seria, simplesmente, dizer: Vou lhe enviar uma nova amostra e Você receberá toda informação, ´ pois trata-se de um evento que ocorrerá no futuro e não no momento presente. Não é proibido usar gerúndio; porém, deve-se usá-lo quando de fato se quiser expressar uma ação simultânea ou em curso, como por exemplo em: Enquanto eu estava trabalhando, ele ficava dormindo. O aluno parecia não estar entendendo nada do que dizia a professora. GUIA PARA ESCREVER MELHOR 6- Dica # 06 - Fuja do lugarcomum, clichê ou frases feitas Nos textos de gêneros argumentativos e expositivos, como editorial, carta, artigo de opinião etc, em que a construção de argumentos é desejável e indispensável, não use no desenvolvimento das ideias e defesa de seu ponto de vista frases feitas, chavões e clichês, pois estes empobrecem e enfraquecem a argumentação. Portanto, não utilize, por exemplo: • "Subir os degraus da glória”, "fazer das tripas coração", "encerrar com chave de ouro", “a nível de", "a grosso modo”, “colocar os pingos nos is", “sair com as mãos abanando", "fazer fé em", “em todos os cantos do mundo”, “com a voz embargada pela emoção", “pedra sobre pedra", "dos males o menor", "encher os bolsos", "agora ou nunca", "contorcendo-se em dores”, "chorando copiosamente", “uma vergonha", “a minha pessoa”, “é oito ou oitenta”, “O Brasil é o país do futuro”, “As crianças de hoje são o futuro de amanhã”. GUIA PARA ESCREVER MELHOR 7-Dica # 07 - Não diga o óbvio As mesmas observações feitas no item anterior se aplicam também ao caso dos truísmos, isto é, informações e conhecimentos cristalizados, “já batidos”. Seu texto ficará pobre do ponto de vista argumentativo e persuasivo, perdendo credibilidade. Veja exemplos de verdades evidentes ou truísmos: Todos os homens são mortais. São Paulo, o maior centro industrial da América Latina. Pelé considerado rei do futebol. A criança de hoje será o adulto de amanhã. Os idosos são pessoas que viveram mais que os jovens. A água é indispensável à vida, pois ninguém vive sem água. Sem o Sol a vida na terra seria impossível. GUIA PARA ESCREVER MELHOR 8- Dica # 08 - Cuidado com a correlação entre tempos verbai Em todos os gêneros textuais deve-se tomar cuidado quando se necessita expressar ações em diferentes tempos, em um mesmo período. Se o namorado tivesse coragem, ele falava para ela toda a verdade, e ela, com certeza, ia ficar muito magoada. O que há de errado nesse período? O tempo verbal de “tivesse”, “falava” e “ia” não estão em sincronia, isto é, estão sem correlação. Isso porque quando utilizo um determinado tempo, como o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo – tivesse – o verbo da oração seguinte deverá estar no Futuro do Pretérito do Indicativo. O período, então, deveria ser escrito assim: Se o namorado tivesse coragem, ele falaria para ela toda a verdade, e ela, com certeza, iria ficar muito magoada. GUIA PARA ESCREVER MELHOR Correlação entre tempos verbais E no período abaixo? Como está a correlação entre os verbos? O vendedor disse que só entrega a mercadoria quando o rapaz trazer o dinheiro que ficou devendo. Como a entrega ainda não ocorreu, mas será realizada no futuro, então o verbo entregar deve ir para o Futuro do Presente. O verbo trazer para manter a correlação com o verbo entregar, deverá ir para o Futuro do Subjuntivo. Veja como deveria ser escrito o trecho: O vendedor disse que só entregará a mercadoria quando o rapaz trouxer o dinheiro que ficou devendo. GUIA PARA ESCREVER MELHOR Cuidado com a correlação entre pessoa verbal e o pronome correspondente No estado de São Paulo, grande parte dos habitantes das cidades, na língua falada, utilizam a forma verbal do imperativo de forma a não corresponder ao pronome pessoal ou de tratamento utilizado. Usam pronomes (seu/sua) de 3ª pessoa (ele/ela/você) e a forma verbal para 2ª pessoa do singular (tu). Veja isso acontecendo nos exemplos a seguir: Chega mais perto para eu pentear seu cabelo. Neste caso, “chega” é imperativo de 2ª pessoa – tu – e o pronome “seu” deveria ser substituído por “teu”, para manter a correlação. Ou então pode-se mudar a forma verbal para “Chegue”, mantendo a correlação com o pronome correspondente “seu”. O período corrigido ficaria assim: Chegue mais perto para eu pentear seu cabelo OU Chega mais perto para eu pentear teu cabelo Vem pra Caixa você também. Slogan tão antigo quanto nossos avós, retrata a falta de correlação entre o Imperativo do verbo ir e o pronome. “Vem” é Imperativo para 2ª pessoa, portanto no lugar de “você” deveria haver um “tu”. Ou então, mantendo-se o “você”, a forma verbal deveria ser “Venha”, resultando em: Venha pra Caixa você também. GUIA PARA ESCREVER MELHOR Cuidado com a uniformidade no uso dos pronomes Além da falta de correlação entre verbos e pronomes, a confusão ocorre também entre pronomes de 3ª e 2ª pessoa. Como na região Sudeste do Brasil, por exemplo, não usamos o pronome pessoal de 2ª pessoa – tu –, mas usamos o “você”, muitos esquecem ou não percebem que este pronome requer verbos em 3ª pessoa, como você pode ver em: Roberto (ele) vai ao cinema hoje./ Você vai ao cinema hoje? A forma verbal é a mesma para “ele” e para “você” Não só a flexão dos verbos é de 3ª pessoa. Os pronomes de 3ª pessoa também devem acompanhar o “você”. Erros como estes a seguir, por exemplo, ocorrem principalmente na língua falada: “Eu te avisei que se você se atrasasse para a entrevista, iria perder tua vaga”. No exemplo, ocorreu a mistura de pronomes relativos ao tu e ao você. Corrigindo, teríamos: “Eu o avisei de que se você se atrasasse para a entrevista, perderia sua vaga”. Ou ainda, se optássemos pela concordância com a 2ª pessoa (tu), teríamos: “Eu te avisei de que se tu te atrasasses para a entrevista, perderias tua vaga”. GUIA PARA ESCREVER MELHOR 9- Dica # 09 - Cuidado com o duplo sentido ou ambiguidade Em gêneros narrativos como piadas, ou poéticos como poesias, músicas, ou ainda jornalísticos, como propagandas, é comum a ocorrência intencional de frases e expressões ambíguas, isto é, que apresentam mais de um sentido. No entanto, em gêneros informativos e argumentativos, por exemplo, esse recurso da língua deve ser evitado. A ambiguidade - propriedade de certas frases que apresentam vários sentidos – pode ser causada pelo léxico, isto é, por uma palavra, como “companhia” no exemplo abaixo: Ele estava em minha companhia. Companhia pode significar “empresa” ou “ao lado de alguém, com alguém” Ela pode se originar também do fato de a frase ter uma estrutura sintática suscetível de várias interpretações, como na frase a seguir: O juiz julga as crianças culpadas 1º sentido: O juiz julga que as crianças são culpadas. Isto é, o juiz atribui culpa às crianças. 2º sentido: O juiz julga as crianças que são culpadas. Isto é, as crianças, de fato, são culpadas, antes mesmo de serem julgadas pelo juiz. GUIA PARA ESCREVER MELHOR A máxima da matemática “a ordem dos fatores não altera o produto” não se aplica à nossa língua, pois a ordem das palavras também altera o sentido da frase, causando ambiguidade. Veja um exemplo desse problema a seguir: Yoko Ono falará de seu marido que foi morto em uma entrevista com Jô Soares. Nosso conhecimento de mundo nos alerta de que há alguma coisa errada nessa frase. O marido de Yoko Ono, John Lenon, ex-integrante da mais famosa banda inglesa Beatles, foi assassinado em 1980, e não em entrevista a Jô Soares, como sugere a construção do trecho. O problema poderia ser resolvido simplesmente mudando-se a ordem: Yoko Ono, em uma entrevista com Jô Soares, falará de seu marido que foi morto. Veja outro exemplo semelhante: O preço para a esterilização de um cachorro é cinquenta reais. Para cachorros de aposentados que ainda não foram esterilizados o preço é dez reais. Nesse caso, os não esterilizados são os cachorros ou os aposentados? Para sanar a ambiguidade, a reescrita ficaria assim: O preço para a esterilização de um cachorro é cinquenta reais. Para cachorros ainda não esterilizados, de aposentados, o preço é dez reais. GUIA PARA ESCREVER MELHOR 10- Dica # 10 - Cuidado com a interferência da fala no texto escrito Esse problema chamado de projeção da linguagem oral ou oralidade é a causa de uma diminuição significativa da nota de redação, mais que problemas de ortografia ou concordância. Apesar de a língua escrita tomar como base a fala, ambas são modalidades distintas e dependem do contexto e seus falantes. Nos gêneros escritos formais, você deve evitar expressões comuns na língua falada, tais como “aí”, “você”, formas contraídas como “pra”, “tá”, “cê”, e gírias. Veja como se dá a oralidade nos exemplos seguintes, retirados de textos de alunos do Ensino Médio: “Quando a pessoa coloca na cabeça que está feia”. “Estamos aqui para curtir”. “Nunca foi tão chegado assim em seios fartos”. “Eu acredito que é uma maravilha”. “Quer ganhar muito dinheiro em cima de nós brasileiros”. GUIA PARA ESCREVER MELHOR Relembrando as 10 dicas... Ao escrever sua redação, lembre-se de: Não exagerar nos adjetivos Não abusar no uso do “que” Não ser intrometido Não exagerar no “atualmente”, do “hoje em dia” e assemelhados Não usar indevidamente o gerúndio Não utilizar frases feitas Não dizer o óbvio Não perder de vista a correlação entre verbos, entre verbos e pronomes Não ser ambíguo Não escrever como se estivesse falando. www.ensinoexpress.com www.ensinoexpress.com