Crescimento inicial do pinhão-manso sob condições de casa de vegetação Silvana Silva de Medeiros1, Vera Lúcia Antunes Lima2, Carlos Alberto Vieira de Azevedo2, Aaron de Sousa Alves3 e Anderson Santos Silva3 Engenheira agrícola. Doutoranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Email: [email protected] 2 Engenheira Agrícola, Profª Drª do Departamento de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais – CTRN, Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. [email protected] 3 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande – CTRN, UFCG. Av. Aprigio Veloso, nº 882. Bodocongó, Campina Grande – PB. E-mail: [email protected] Resumo - Este trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento inicial do pinhão-manso em função dos níveis de água residuária no solo e adubação fosfatada sob ambiente protegido. O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação no período de maio a dezembro de 2010. Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados em esquema de análise fatorial (4 x 5) + 1, cujos fatores foram quatro níveis de água residuária disponível no solo (50, 75, 100 e 125%) e cinco doses de fósforo (0, 100, 200, 300 e 400 kg de P2O5 ha-1) e uma testemunha absoluta com água de abastecimento 100% com adubação exclusiva só de N e K, com três repetições, perfazendo assim um total de 63 parcelas experimentais. O crescimento das plantas foi acompanhado mensalmente pela medição de altura e diâmetro caulinar. Houve resposta positiva das variáveis de crescimento às aplicações crescentes de doses de fósforo e de níveis de água disponível no solo. As maiores estimativas para as variáveis de crescimento (altura e diâmetro) foram obtidas na lâmina de 125% e dose de 400 kg de P2O5 ha-1 para altura e na lâmina de 100% e dose de 400 kg de P2O5 ha-1 para o diâmetro. Palavras-chave: altura, água residuária, Jatropha curcas Initial growth of Jatropha curcas under greenhouse conditions Abstract - This study aimed to evaluate the initial growth of Jatropha curcas L. in relation to levels of wastewater in soil and to phosphorus fertilization and under protected environment. The experiment was carried out in greenhouse conditions from May to December 2010. The adopted experimental design was of randomized block in factorial analysis (4 x 5) + 1, whose factors were four levels of available soil wastewater (50, 75, 100 and 125%) and five levels of phosphorus (0, 100, 200, 300 and 400 kg P2O5 ha-1) and an absolute control of water supply with 100% exclusive fertilization with only N and K, with three replicates, thus making a total of 63 experimental plots. Plant growth was monitored monthly by measuring height and stem diameter. There was a positive response of growth variables to increasing applications of phosphorus and levels of available soil water. The highest estimates for the growth variables (height and diameter) were obtained at 125% level with a dose of 400 kg P2O5 ha-1 for height and at 100% level with a dose of 400 kg P2O5 ha-1 for the diameter. Keywords: height, wastewater, Jatropha curcas Introdução O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) é uma planta pertencente à família Euphorbiaceae, de origem bastante duvidosa. É uma arvore de crescimento rápido, cuja altura normal é de dois a três metros, mas pode alcançar de seis a doze metros em condições especiais e diâmetro do tronco de aproximadamente 20 cm (Tominaga et al., 2007). Possui folhas alternadas e de pecíolo longo na forma de coração, as inflorescências são em forma de panículas cimeira definida com flores pequenas na cor amarelo-esverdeada, em um mesmo ramo pode ocorrer flores masculinas, flores femininas e flores hermafroditas, possuem também uma floração descontinua com frutos da mesma inflorescência de idades diferentes. Os frutos são cápsulas de cor marrom escuro quando maduro com três sementes escuras e lisas dentro das quais se encontra a amêndoa branca, rica em óleo (Coelho et al., 2005). Segundo Castro Neto (2009), o pinhão-manso é uma planta caducifolia, as folhas caem em parte ou totalmente quando termina a estação chuvosa ou durante a estação fria do ano, quando a planta entra em um período de repouso vegetativo. Neste estado, a planta permanece ate o começo da primavera ou da estação chuvosa. O termino do repouso vegetativo é demonstrado com o rápido surgimento dos brotos no ápice dos galhos da planta. Na mesma ocasião do surgimento dos brotos surgem também as inflorescências. É uma planta oleaginosa rústica, perene, adaptável a diversos ambientes, cujas sementes são ricas em óleo e com potencialidades para para forrnecer matéria-prima para a síntese de biodiesel, conforme diversos autores (Saturnino et al., 2005; Drumond et al., 2010). Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.3, p.27-33, set. 2011 27 O Pinhão-manso é uma oleaginosa que pode ser usado tanto para extração de óleos para produção de Biodiesel como também o seu subproduto, a torta resultante do processo de extração do óleo da semente, que tem aproveitamento como fertilizante natural em virtude do alto teor de nutrientes (NPK) podendo ser aplicado na própria lavoura ou ate mesmo em outras culturas (Castro Neto, 2009). Recentemente, o pinhão manso está sendo considerada uma opção agrícola principalmente para a região Nordeste, por ser uma espécie nativa, exigente em insolação e com forte resistência à seca. Segundo Carnielli (2008) é uma planta oleaginosa viável para a obtenção do biodiesel, pois produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare, levando de três a quatro anos para atingir a idade produtiva, que se pode estender por mais de 40 anos. O pinhão manso, além de ser excelente fornecedor de óleo vegetal para o biodiesel, está sendo estudado para a recuperação de áreas degradadas, em áreas marginais e de baixa fertilidade, e em regiões de baixa precipitação, não e necessário mecanização da área a ser plantada (Tominaga et al., 2007). O nitrogênio, o fósforo e o potássio são os três elementos geralmente usados em maior escala na adubação. Analisando os tecidos vegetais verifica-se que a quantidade de fósforo é muito menor que as quantidades de nitrogênio e do potássio. Mesmo assim, quando se recomenda adubação desses 3 (três) elementos, verifica-se que a proporção de fósforo e, em geral, igual ou maior do que aquelas de N e K. Neste sentido, o pinhão manso é uma planta que responde a doses de potássio e fósforo, promovendo um crescimento inicial rápido (Santos et al., 2007). A água é fator de fundamental importância para produção de alimentos, especialmente sob condições irrigadas. A prática da irrigação, em muitas situações, é a única maneira de garantir a produção agrícola com segurança, principalmente em regiões tropicais de clima quente e seco, como é o caso do semiárido do Nordeste brasileiro, onde ocorre déficit hídrico para as plantas devido à taxa de evapotranspiração exceder a de precipitação durante a maior parte do ano. Para Ayers & Westcot (1999), na utilização de esgotos na agricultura, devem ser levado em consideração às características físico-químicas e biológicas das águas, que se refletem na produtividade e qualidade das culturas, na manutenção da fertilidade do solo e na proteção do homem e do meio ambiente. Nas regiões áridas e semiáridas, a água tornou-se um fator limitante para o desenvolvimento urbano, industrial e agrícola. Órgãos de planejamento e entidades gestoras de recursos hídricos procuram continuamente novas fontes de recursos para complementar a pequena disponibilidade hídrica ainda disponível (Hespanhol, 2003). Dentre os principais sistemas de disposição de águas residuárias no solo (irrigação, infiltração/percolação e 28 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.4, n.1, p.00-00, mar. 2010 escoamento à superfície), a irrigação de culturas tem sido o método mais acessível e eficiente, particularmente, nos países em desenvolvimento onde não há uma política para o custo de tratamento das águas residuárias (Feigin et al., 1991). De acordo com Sousa & Leite (2003), os esgotos domésticos além de apresentar elementos contaminantes, possuem nutrientes suficientes para o desenvolvimento das culturas, apresentam altas concentrações de carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre, elementos indispensáveis às plantas. Diante do exposto, objetivou-se com esta pesquisa analisar o comportamento inicial da espécie Jatropha, irrigado com água residuária (esgoto doméstico) sob condições de ambiente protegido. Material e Métodos O experimento foi realizado em condições de ambiente protegido de casa de vegetação, na Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Departamento de Engenharia Agrícola, localizada na Zona Centro Oriental do Estado da Paraíba, no Planalto da Borborema, nas coordenadas geográficas de 7°13'11” S, 35°53'31” Gr. W a uma altitude 547,56 m, no período de maio a dezembro de 2011. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o município apresenta precipitação total anual de 802,7 mm, temperatura máxima de 27,5 °C, mínima de 19,2 °C e umidade relativa do ar de 70%. O transplantio definitivo nos lisímetros foi realizado aos 30 DAS (dias após o semeio), inicialmente o material do solo foi irrigado para atingir a capacidade de campo e posteriormente, foram realizadas irrigações com turno de rega de dois dias aplicando-se 2 L de água de abastecimento e aos 60 DAS iniciados os tratamentos com água residuária. O espaçamento adotado foi de 1,90 m x 2,00 m das parcelas experimentais dentro do bloco e 1,60 m entre blocos. Foram utilizados lisímetros de drenagem em um total de 63, com capacidade de 200 L (D = 0,58 m e h = 75 cm), o sistema de drenagem foi composto de tela de nylon, 5,0 cm de brita, 5,0 cm de areia, mangueira e dois recipientes coletores de 2 L. Em cada lisímetro foram colocados cerca de 230 kg de material de solo devidamente peneirado, adubado e corrigido, conforme resultados da análise química. Cada parcela experimental correspondeu a um lisímetro, todos foram perfurados em seu fundo para permitir a drenagem. Em cada lisímetro foi instalado um recipiente para fazer o monitoramento do conteúdo de água no solo e, consequentemente, o sistema de drenagem, com aplicação manual do volume de água. As variáveis analisadas foram: Altura de Planta (AP) e Diâmetro de Caule (DC). Foram realizadas 6 avaliações no decorrer da pesquisa, aos 40, 70, 100, 130, 160 e 190 dias após o transplantio (DAT). 160 140 Altura de plantas (cm) Para medição da altura da planta, foram consideradas as alturas desde o colo até a extremidade final da planta, a cada 30 dias com régua graduada. Contaram-se também o número de folhas por planta. A determinação da variável diâmetro caulinar das plantas de pinhão manso foi realizada nos mesmos períodos que a variável altura das plantas. As leituras (mm) foram realizadas no colo da planta a uma altura aproximada de 5 cm, utilizando um paquímetro. 120 100 80 Y = 100,98 + 0,2008X 2 R = 0,975 p<0,01 60 100 DAT 40 20 Resultados e Discussão 0 50 Altura de plantas 100 125 160 Altura de plantas (cm) 140 120 100 80 60 Y = 123,86 + 0,1829X 2 R = 0,9416 p<0,01 40 130 DAT 20 0 50 75 100 125 160 Altura de plantas (cm) 140 120 100 80 Y = 128,86 + 0,2186X 2 R = 0,9721 p<0,01 60 160 DAT 40 20 0 50 75 100 125 160 140 Altura de plantas (cm) Não houve interação significativa entre os fatores estudados em nenhuma época de avaliação para todas as variáveis mensuradas. Pela análise estatística, aos 40 e 70 dias após o transplantio (DAT), não houve efeito significativo da aplicação da água residuária nas diferentes taxas de reposição da evapotranspiração da cultura sobre a altura de plantas, cujos valores médios foram de 41,89 e 79,02 cm, respectivamente. Na Figura 1, encontram-se as equações de regressão para altura de plantas de pinhão-manso em função de diferentes reposições da evapotranspiração da cultura (Etc), aos 100, 130, 160 e 190 dias após o transplantio (DAT). Dos 100 DAT até o final do experimento (190 DAT), o modelo de regressão linear foi significativo (p<0,01) em todas as avaliações, indicando que a altura de plantas aumentou à medida que se aumentava a reposição da Etc.. Com o aumento unitário da reposição da ETc, Os incrementos em altura de plantas foram à razão de 0,2008, 0,1829, 0,2186 e 0,1933 cm para cada aumento unitário da reposição da Etc, aos 100, 130, 160 e 190 DAT. Com a aplicação de 125% da ETc encontrou-se a maior altura de plantas, sendo esse valor no final do experimento da ordem de 164,82 cm. Na reposição de 100% da ETc de 159,99 cm, a máxima taxa de aplicação de água foi superior em 2,93% em comparação ao tratamento que recebeu 100% da Etc. Na Figura 2, estão apresentadas as equações de regressão para altura de plantas de pinhão-manso em função de doses de fósforo, aos 40, 160 e 190 dias após o transplantio (DAT), respectivamente. No início do experimento, aos 40 DAT, o modelo de regressão polinomial quadrático foi significativo (p<0,05), sendo a maior altura de plantas estimada de 39,50 -1 cm atingida com a aplicação de 270 kg.ha de P2O5 (Figura 2). Na mesma Figura tem-se que nas avaliações dos 70, 100 e 130 DAT os dados não se ajustaram em nenhum modelo de regressão polinomial, com médias em altura de plantas de 79,01, 118,55 e 139,86 cm, respectivamente. Aos 160 DAT o modelo de regressão que melhor descreveu o comportamento da altura de plantas de pinhãomanso em função das doses de P2O5 foi o linear (p<0,05). -1 Verifica-se no modelo que a cada 1 kg.ha de P2O5 aplicado ao solo as plantas aumentam 0,0302 cm. Na ausência da 75 Y = 140,66 + 0,1933X R2 = 0,9436 p<0,01 120 190 DAT 100 80 60 40 20 0 50 75 100 125 Reposição da Etc (%) Figura 1. Altura de plantas de pinhão-manso em função de reposições da evapotranspiração da cultura (Etc), aos 100, 130, 160 e 190 dias após o transplantio. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.3, p.27-33, set. 2011 29 adubação fosfatada a altura de plantas foi de 141,95 cm e -1 aplicando a máxima dose testada (400 kg.ha de P2O5) o valor encontrado foi 154,03 cm, sendo a superioridade de 7,84% quando comparado ao tratamento onde as plantas não foram adubadas. Freire et al. (2011) estudando o crescimento do pinhão manso, encontraram aos 150 dias após a emergência, altura máxima de planta de 31,03 cm. Enquanto isto Drumond et al. (2010) avaliando dez genótipos de pinhão manso, em Santa Maria da Boa Vista, PE, 40 DAT Altura de plantas (cm) 50 40 Diâmetro do caule 30 2 Y = 37,207 + 0,054X - 0,0001X R2 = 0,9615 p<0,01 20 10 0 0 100 Altura de plantas (cm) 200 300 400 160 DAT 160 150 Y = 141,95 + 0,0302X R2 = 0,593 p<0,05 140 130 0 100 200 300 400 190 DAT Altura de plantas (cm) 170 160 150 2 Y = 145,25 + 0,1330X - 0,0002X R2 = 0,9859 p<0,01 140 130 0 100 200 300 Doses de P2O5 (kg.ha-1) 400 Figura 2. Altura de plantas de pinhão-manso em função de doses de fósforo, aos 40, 160 e 190 dias após o transplantio, respectivamente. 30 encontraram média de altura de planta de 2,59 m, aos 12 meses de idade e de 1,3 m, aos três meses de idade. Aos 190 DAT os dados se ajustaram ao modelo de regressão quadrática onde a estimativa de altura de plantas máxima foi de 167,36 cm, ocorreu com aplicação de 332,50 kg.ha-1 de P2O5 ha-1 (Figura 2). Os resultados encontrados no presente estudo suplantaram os obtidos por Santos et al. (2010), os quais observaram que o pinhão-manso apresentou média de 30 cm de altura aos seis meses de idade, atingindo, com 21 meses de idade, altura média de 147 cm. Ginwal et al. (2004); Rao et al. (2008) e Gohil & Pandya (2009) também observaram resultados semelhantes para altura em diferentes genótipos de pinhão-manso. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.4, n.1, p.00-00, mar. 2010 De acordo com os resultados da análise dos dados do diâmetro do caule do pinhão manso, as diferentes quantidades de água aplicadas não exerceram influência significativa sobre esta variável, aos 40 e 70 DAT, cujos valores médios foram de 20,32 mm e 31,46 mm, respectivamente. Na Figura 3, observam-se as linhas de regressão e as equações pra Diâmetro do caule de plantas de pinhão-manso em função de diferentes taxas de reposição da evapotranspiração da cultura, aos 100, 130, 160 e 190 dias após o transplantio (DAT). Aos 100 DAT o modelo que melhor descreveu o diâmetro do caule das plantas irrigadas com água residuária foi o linear, nessa avaliação as plantas que receberam 50% da ETc possuíam diâmetro em torno de 111,02 mm, enquanto as irrigadas com 125% da ETc o valor do diâmetro do caule foi de 196,08 mm. Em se comparando os valores do diâmetro do caule, nessa época de avaliação, as plantas irrigadas com a maior reposição da ETc foram 43,38% superior em relação as que receberam 50% da Etc. Aos 130 DAT a cultura teve uma reposta quadrática em relação as diferentes quantidades de irrigação com água residuária, fazendo que a aplicação de 113,18% da ETc resultasse em um diâmetro do caule máximo de 57,03 mm. Na avaliação feita aos 160 DAT, observa-se que a altura de plantas aumentou linearmente à medida que se aumentava a reposição de Etc, à razão de 0,05386 mm no diâmetro do caule a cada aumento unitário da reposição da Etc. Ao final da pesquisa (190 DAT) o maior valor do diâmetro do caule de 65,39 mm foi alcançado com 117,41% da ETc (Figura 3). Os resultados obtidos no presente estudo foram semelhantes aos obtidos por outros autores. Drumond et al. (2010) avaliando dez genótipos de pinhão manso, aos 12 meses de idade, em Santa Maria da Boa Vista, PE, encontraram média de diâmetro do caule de 5,8 cm. Freire et al. (2011) estudando o crescimento do pinhão manso, encontraram, aos 150 dias após a emergência, diâmetro do caule de 25,80 mm. Santos et al. (2010) obtiveram média de 23 mm de diâmetro do caule de pinhão manso, seis meses de idade, atingindo com 21 meses de idade, diâmetro do caule de 80 mm. Ginwal et al. (2004); Rao et al. (2008) e Gohil & Pandya (2009) também observaram resultados semelhantes para diâmetro do caule em diferentes genótipos de pinhãomanso. Apesar de a espécie ser considerada perene, os caracteres altura de plantas e diâmetro do caule podem ser considerados de importância secundária quando comparados com espécies de importância madeireira, em que a altura de plantas e o diâmetro exercem influência direta no volume de madeira, o que não é de interesse neste estudo, concordando com diversos autores (Drumond et al., 2010). Entretanto, estas características têm influência no crescimento e desenvolvimento do pinhão manso e na sua produtividade. O pinhão-manso é um arbusto de crescimento rápido alcançando altura de três a cinco metros, mas pode atingir um altura de 8 metros em condições favoráveis (Tominaga et al., 2007; Divakara et al., 2010), as folhas são decíduas, a primeira inflorescência é cimeira; a planta apresenta abscisão foliar na estação seca, as quais ressurgem logo após as primeiras chuvas (Saturnino et al., 2005). Os frutos maduros apresentam o epicarpo com coloração externa marrom-escura e os frutos secos apresentam o epicarpo de coloração preta (Nunes et al., 2008).Apenas aos 130 DAT os dados de diâmetro do caule foram significativos (p<0,01) em -1 função das doses de P2O5 ha , se ajustando ao modelo de regressão linear negativa, mas este resultado é de pouca importância prática, uma vez que o diâmetro do caule continuou crescendo ao longo do tempo. Entretanto, nas demais avaliações a adubação fosfatada não surtiu efeito significativo sob o diâmetro do caule com valores médios de 20,31, 31,46, 118,55, 61,03 e 62,58 mm, respectivamente, aos 40, 70, 100, 160 e 190 DAT (Figura 4). 100 DAT 130 DAT 128 Y = 100,98 +0,2008X R2 = 0,9750 p<0,01 Diâmetro do caule (cm) Diâmetro do caule (cm) 126 124 122 120 118 116 114 112 110 50 75 100 Reposição Etc (%) 125 58 57 57 56 56 55 55 54 54 53 53 52 50 Y = 42,94 +0,2490X - 0,0011X2 R2 = 0,7715 p<0,05 75 100 Reposição Etc (%) 190 DAT 160 DAT 66 64 Y = 56,32 + 0,05386X R2 = 0,4746 p<0,05 63 65 Diâmetro do caule (cm) Diâmetro do caule (cm) 125 62 61 60 59 64 63 62 61 60 Y = 42,236 +0,3945X - 0,00168X2 R2 = 0,7844 p<0,05 59 58 58 57 50 75 100 Reposição Etc (%) 125 50 75 100 125 Reposição Etc (%) Figura 3. Diâmetro do caule de plantas de pinhão-manso irrigadas em fun ção de taxas de reposição da evapotranspiração da cultura, aos 100, 130, 160 e 190 dias após o transplantio. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.3, p.27-33, set. 2011 31 130 DAT Diâmetro do caule (cm) 60 COELHO FILHO, M.A.; ANGELOCCI, L.R.; VASCONCELOS, M.R.B.; COELHO, E.F. Estimativa da área foliar de plantas de Lima Acida 'Tahiti' usando métodos não-destrutivos. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, SP, v. 27, n. 1, p. 163-167, abr. 2005. 45 30 Y = 56,516 - 0,0084X R2 = 0,685 p<0,01 15 0 0 100 200 300 400 -1 Doses de P2O5 (kg.ha ) Figura 4. Diâmetro do caule de plantas de pinhão-manso em função de doses de fósforo, aos130 dias após o transplantio. Conclusões 1. O uso da água residuária no inicio do desenvolvimento da cultura não influenciou em relação ao seu crescimento. Apresentando apenas resultados significativos após 100 DAT. Já com relação às doses de P2O5 ha-1, podemos observar que as doses aplicadas só influenciaram a partir de 160 DAT para altura e 130 DAT para o diâmetro. 2. Com relação à altura das plantas podemos observar que dos 100 DAT até o final do experimento (190 DAT) o uso da água residuária influenciou em todas as avaliações e com relação às doses de P2O5 ha-1, aos 160 DAT verificou-se no modelo que a cada 1 kg.ha-1 de P2O5 ha-1 aplicado ao solo às plantas, o valor encontrado foi 154,03 cm, sendo a superioridade de 7,84% quando comparado ao tratamento onde as plantas não foram adubadas. 3. Com relação ao diâmetro do caule das plantas podemos observar que apenas aos 130 DAT foram que os dados do diâmetro do caule foram significativos, as doses de P2O5 ha-1, não surtindo efeito nos outros períodos das avaliações. Referências AYERS, R.S.; WESTCOT, D.W. A qualidade de água na agricultura. 2. ed. Campina Grande: UFPB, 1999, 153p. FAO. Estudos Irrigação e Drenagem, 29 revisado. CARNIELLI, F. O combustível do futuro. 2003. Disponível em: <HTTP://www.ufmg.br/boletim/bul 1413>. Disponível em: CASTRO NETO, M. Pinhão-Manso: características botânicas. 2007. Disponível em http://brasilbio.blogspot. 32 com/2007/11/caracteristicas-botanicas.html. Acesso em: 11/11/2009 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.4, n.1, p.00-00, mar. 2010 DIVAKARA, B.N. et al. Biology and genetic improvement of Jatropha curcas L.: a review. Applied Energy, v. 87, n. 3, p. 732-742, 2010. DRUMOND, M.A.; SANTOS, C A.F.; OLIVEIRA, V.R. de; MARTINS, J.C.; ANJOS, J.B. dos; EVANGELISTA, M.R.V. Desempenho agronômico de genótipos de pinhão manso no Semiárido pernambucano. Ciência Rural, v.40, n.1 jan./fev. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?pid=S0103-84782009005000229&script =sci_arttext>. Acesso em: 11 jan. 2012. FEIGIN, A.; RAVINA, I.; SHALHEVET, J. Irrigation with treated sewage effluent: management for environmental protection. Berlin: Springer-Verlag, 1991. 224p. FREIRE, E. de A.; NASCIMENTO, N.V. do; LIMA, V.L.A. de. Crescimento inicial do pinhão manso submetido à adubação fosfatada. Tecnologia & Ciência Agropecuária, João Pessoa, v.5, n.1, p.21-24, mar. 2011. Disponível em:< http://www.emepa.org.br/revista/sumario51a.php>. Acesso em: 11 jan. 2012. GINWAL, H.S.; RAWAT, P.S.; SRIVASTAVA, R.L. Seed source variation in growth performance and oil yield of Jatropha curcas Linn. in Central India. Silvae Genetica, v. 53, n. 4, p. 186-192, 2004. GOHIL, R.H.; PANDYA, J.B. Genetic evaluation of jatropha (Jatropha curcas Linn.) genotypes. Journal of Agricultural Research, Lahore, Paquistan, v. 47, n. 3, p. 221-228, 2009. HESPANHOL, I. Potencial de reúso de água no Brasil agricultura, indústria, municípios e recarga de aqüíferos. In: MANCUSO, P.C.S.; SANTOS, H.F. (eds). Reúso de água. Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, Núcleo de Informações em Saúde Ambiental. SP: Manole, 2003. cap.3, p.37-95. NUNES, C.F. et al. Diferentes suplementos no cultivo in vitro de embriões de pinhão-manso. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 43, n. 1, p. 9-14, 2008. RAO, G.R. et al. Genetic associations, variability and diversity in seed characters, growth, reproductive phenology and yield in Jatropha curcas (L.) accessions. Trees, v. 22, n. 5, p. 697-709, 2008. SANTOS, C.M. dos; ENDRES, L.; WANDERLEY FILHO, H.C. de L.; ROLIM, E.V.; FERREIRA, V.M. Fenologia e crescimento do pinhão-manso cultivado na zona da Mata do Estado de Alagoas, Brasil. Scientia Agraria, Curitiba, v.11, n.3, p.201-209, maio/jun. 2010. SANTOS, S.; FERREIRA Jr., E.J.; PIRES, B.; NETTO, A.P.C. Efeito de diferentes adubações no desenvolvimento inicial de mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.) In: C O N G R E S S O B R A S I L E I R O D E P L A N TA S OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 4., Varginha, 2007. Anais... Lavras, Universidade Federal de Lavras, 2007. p.547-554 SARTUNINO, M.H. et al. Produção de oleaginosas para biodiesel. Informe Agropecuário, v. 26, n. 229, p. 44-78, 2005. SOUSA, J.T.; LEITE, V.D. Tratamento e utilização de esgotos domésticos na agricultura. 2. ed. Campina Grande: EDUEP, 2003. 135p. TOMINAGA, N.; KAKIDA, J.; YASUDA, E.K.; SOUSA, L.A.S.; RESENDE, P.L.; SILVA, N.D. Cultivo do pinhão manso para produção de biodiesel. Viçosa, MG: Centro de Produções Técnicas - CPT, 2007. 220p. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.3, p.27-33, set. 2011 33