Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Avaliação de Diferentes tipos de Variedades de Feijão Caupi no Cerrado Igor Pereira Costa¹; Patrícia Mayumi Okita¹; Nei Peixoto²; ¹Graduandos do curso de Agronomia, UnU Ipameri, UEG; ²Orientador docente dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal, Unu Ipameri, UEG Universidade Estadual de Goiás – 75780-000 [email protected], [email protected] PALAVRA-CHAVE : Vigna unguiculata; feijão-de-corda;cultivares. 1 INTRODUÇÃO O feijão caupi (Vigna unguiculata), pertence à classe dicotiledônea, ordem Rosales, família Leguminosae, subfamília Papilionoideae, É também conhecido como feijão-fradinho, feijão-de-corda feijão-macassar. Possui origem controvertida, porém aceita-se atualmente como sendo originado da África. No Brasil a produção de feijão caupi concentra-se na região Nordeste e Norte do País, no entanto a cultura está ganhando espaço na região Centro-Oeste, em razão do desenvolvimento de cultivares com características que favorecem o cultivo mecanizado. O feijão caupi contribui com 35,6% da área plantada e 15% da produção de feijão total quue inclui o feijão caupi e o feijão comum (Dasmaceno e Silva, 2009). É uma rica fonte de proteínas (23-25% em média), apresentando todos os aminoácidos essenciais, além de carboidratos (62% em média),vitaminas e minerais, além de possuir uma grande quantidade de fibras dietéticas, baixa quantidade de gordura e não contém colesterol. Pelo seu alto valor nutritivo o feijão caupi é cultivado principalmente para a produção de grãos secos ou verdes, visando seu consumo in natura. Além disso, é também utilizado como forragem verde, feno, ensilagem, adubação verde e ainda proteção do solo (EMBRAPA, 2003). De acordo com Araújo, et. al (1984), o sistema radicular do feijão caupi é formado por uma raiz principal pivotante, com ramificações laterais. O seu caule é caracterizado por uma haste lateral, do qual se originam os ramos. As folhas secundárias são trifolioladas e surgem alternadamente. A inflorescência é axilar, constituída de um pedúnculo, no qual se inserem as flores na extremidade. As flores podem ser brancas, amarelas, violetas, de diferentes tonalidades. As vagens variam em forma, cor, tamanho e número de sementes. O feijão caupi é adaptado ao clima tropical, ao contrário do feijão comum. Pode ser cultivado tanto no seco do Nordeste, como no clima úmido do Norte, abrangendo as latitudes de 5º N a 18º S. A temperatura do ar fica entre 20ºC a 35ºC, a temperatura influência no desenvolvimento vegetativa, atividade do rizobium e a nodulação. As temperaturas inferiores a 18ºC desestimulam o início da floração, aumentando assim o ciclo da cultura (Rios, et.al, 1984). O feijão caupi pode ser cultivado em vários tipos de solo, principalmente os latossolos amarelos, latossolos vermelho-amarelo, neossolos flúvicos. Desenvolvem-se em solos com regular teor de matéria orgânica, soltos, leves e profundos, arejados e dotados de média a alta fertilidade (Embrapa, 2003). Dentre os principais fatores que afetam a produção do feijão caupi no Brasil, encontram-se os insetos, nematoides e doenças, que prejudicam a qualidade e quantidade de sementes causadas por agentes patogênicos, como fungos, vírus e bactérias, sendo que os vírus e fungos agrupam o maior número de espécies nocivas a essa cultura (Fernandes, 2005). A colheita é uma das etapas mais importantes, sendo ela bem feita e na época certa, definirá a qualidade do feijão. A colheita deve ser iniciada quando a lavoura atinja o ponto de maturidade adequado, no estágio R5 (Campos, et.al, 200). O atraso na colheita implica na qualidade do produto. É importante que se faça o expurgo do material no armazém para controlar as pragas associadas às sementes, principalmente o caruncho (Callosobruchus maculatus Febr.), que causa grandes perdas físicas e de qualidade em feijão caupi ( Embrapa, 2003). O experimento desenvolvido teve o objetivo de verificar qual genótipo de feijão caupi melhor se adaptou as condições do cerrado e obteve maior produtividade no campo. 2 MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ipameri, Goiás, implantado em solo classificado em latossolo vermelho distrófico, coordenadas S 17o 43 e W 48o 08, no bioma cerrado. O experimento iniciou-se com o preparo convencional do solo, por meio de aração e gradagem, e posteriormente, sulcamento para o plantio. A semeadura foi realizada no dia 3 de dezembro de 2009. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com quatro repetições e cinco tratamentos, UEG 01, UEG 02, UEG 03, UEG 04 E UEG 05, tendo cada parcela o comprimento de três metros, e com espaçamento de 0,80m entre linhas e 0,10m entre plantas, sendo as linhas úteis as duas linhas centrais. Os tratamentos utilizados possuíam as seguintes características: UEG 01, coloração branca com hilo marrom; UEG 02, “Quebra Cadeira”, coloração branca com hilo marrom; UEG 03, coloração branco com hilo marrom; UEG 04, coloração marrom claro com hilo preto; UEG 05, coloração vermelho, com formato da semente arredondado. A adubação foi realizada com base na análise química do solo, utilizou-se como adubação de plantio 600Kg/ha do formulado 05-25-15, além de adubação em cobertura quinze dias após a semeadura, com 150Kg/ha de ureia. No controle de pragas foi feito o combate de formigas, espalhando iscas granuladas na área do experimento junto ao plantio. A área foi mantida sem a invasão de plantas daninhas através de capinas manuais. As cinco cultivares implantadas eram prostradas, de crescimento indeterminado, exceto UEG 05, ereta, tendo os tratamentos UEG 01, UEG 02 e UEG 03 flores com a coloração branca e os tratamentos UEG 04 e UEG 05 flores com a coloração roxa. Foram avaliadas pós colheita o seu crescimento, altura inicial e final, número de sementes por vagem, peso de sementes, peso em gramas por parcela de sementes de feijão Caupi, comprimento de vagem em centímetros e o stand total. Os resultados obtidos foram sujeitos as a análise de variância, utilizando-se o aplicativo ESTAT e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Houve diferença significativa entre os tratamentos quanto à produtividade de sementes e número de sementes por vagem (Tabela 1). A população UEG 03, de sementes arredondadas, de coloração branca com hilo marrom, foi a mais produtiva se igualando com o UEG 05, arredondada de coloração vermelha, e UEG 01, alongado de coloração branca com hilo marrom. A cultivar UEG 04 foi a menos produtiva. Em relação ao ciclo das cultivares, pode-se afirmar que os tratamentos UEG 01 e UEG 05 foram os mais precoces, tendo um ciclo médio de noventa dias, já os tratamentos UEG 02, UEG 03 e UEG 04 obtiveram ciclos médios de cento e vinte dias. Segundo Freire Filho (1998), nas regiões Norte e Nordeste o rendimento médio é de 300 a 400 Kg ha -¹, tendo portanto o cerrado um grande potencial de produtividade, sendo atingido no experimento produtividade de até 1.531 Kg ha - ¹. Para a correta escolha do feijão caupi, deve ser levado em conta as características de grão e de vagem, para que atenda as exigências dos comerciantes e consumidores. Alguns aspectos importantes são: ciclo, arquitetura da planta, reação a doenças e tipo de produção. Há uma grande preferência dos consumidores na compra dos grãos frescos (imaturos) do feijão caupi, ampliando o seu mercado, principalmente ao redor da região dos centros urbanos do Nordeste, Sudeste e Centro Oeste. Entre os tipos de coloração, o tratamento UEG 05 de cor vermelha arredondado e UEG 04 de cor marrom possui um maior aceitação em relação ao mercado goiano, já os tratamentos UEG 01, UEG 02 e UEG 03, que possuem cores mais claras, têm um mercado consumidor maior nas regiões Nordeste e Norte do Brasil. 4 CONCLUSÃO O feijão caupi é uma importante fonte de alimento nas regiões Norte e Nordeste do país, sendo pouco consumido na região do cerrado. Poderá ser uma alternativa de produção, principalmente por agricultores familiares, em Goiás, pois a produtividade e qualidade dos grãos nas condições do cerrado goiano podem ser superiores aquelas encontradas nas regiões em que predomina seu cultivo. Tabela 1- Produtividade de sementes e número de sementes por vagem de feijão Caupi. Ipameri 2010. Tratamento Produtividade Kg ha -¹ UEG 01 UEG 02 UEG 03 UEG 04 UEG 05 CV% 946 abc 624 bc 1531 a 416 c 1258 ab 30,49 Nº de sementes por vagem 14,76 a 10,72 b 15,91 a 14,38 a 13,05 ab 9,46 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, J.P.P.; RIOS, G.P., et.al. Cultura do Caupi, Vigna unguculata (L.) Walp, Descrição e Recomendações Técnica de Cultivo. 1984. Nº18. 7p a 20p. Cultivo de Feijão Caupi: Importância econômica. Embrapa. 2003. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/FeijaoCaupi/impo rtancia.htm> Acesso em: 19 de outubro de 2010. FERNANDES, C.F.; Principais Doenças e Pragas do Feijão–de–Corda. Embrapa/ CPAFRO. Disponível em:<http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php? id=294, Cléberson de Freitas Fernandes>. Acesso em : 20 de outubro de 2010. DAMSCENO E SILVA,K.J.; Estatística de Produção do Feijão caupi. Embrapa Meio Norte. Disponível em:< http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=34241 >. Acesso em: 20 de outubro de 2010. ROCHA,M.M. O feijão caupi para consumo na forma de grãos frescos. Embrapa Meio – Norte. 2009. Disponível em:< http://www.agrosoft.org.br/agropag/212374.htm>. Acesso em: 22 de outubro de 2010. Cultivo de feijão caupi: cultivares. Embrapa. 2003. Disponível em:< http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/FeijaoCaupi/cultiv ares.htm.>. Acesso em: 22 de outubro de 2010. FREIRE FILHO, F, R. RIBEIRO, V, Q.; BARRETO, P, D. E SANTOS, C, A. Melhoramento genético do caupi [ Vigna unguiculata(L.) Walp.] na região do Nordeste. In: workshop, Petrolina, 1998, [S.i], Embrapa Semi Árido. 1998.