Problemas Resolvidos e Propostos (Dimensões e Unidades) Dimensões e unidades fundamentais dos Sistemas de Unidades SI (MLT: kg, m, s), Gravítico (FLT: kg, m, s) e CGS (MLT: g, cm, s) Problema 1.01 (Dimensões e Unidades) Qual é a massa que pesa 1 kg em cada um dos sistemas e qual é o peso de uma massa de 1kg em cada um dos sistemas? Problema 1.02 (Dimensões e Unidades) Calcular a pressão atmosférica normal (760 mmHg) em bar, kg/cm2 e psi. Problema 1.03 (Lei de Newton, massa e aceleração) Um carro de 800 kg deslocava-se a uma velocidade de 120 km/h e percorreu uma distância de 100 metros até ser imobilizado por uma força constante. a) b) c) d) Calcule o valor dessa força. Calcule o tempo de paragem. Calcule a força a que ficou sujeito o condutor. Repita os cálculos supondo agora que o carro se imobilizou contra uma parede, tendo a frente do carro ficado mais curta 80 cm. e) A partir das dimensões que características de um cinto de segurança, estime a pressão a que o peito do condutor ficaria sujeito, se toda a força fosse feita pelo cinto. f) Qual o carro mais conveniente para chocar numa parede? (pesado ou deformável?) e para chocar noutro carro? Resolução Pela lei de Newton conclui-se que o trabalho de uma força (ou da resultante das forças) aplicada a um corpo de massa “m” é igual à variação da sua energia cinética (conservação da energia): l2 v2 v 2 dv dv dl F m F m F .dl mv .dv F .dl md WF 1 m v22 v12 2 dt dl dt 2 l1 v1 Teríamos chegado à mesma conclusão usando a definição de trabalho: Força interna do deslocamento e usando esse conceito na lei de Newton e integrando: v2 e 2 dv e 2 dv e1 Fde e1 m dt de e1 m dt vdt v1mvdv 12 V22 V12 e2 Conhecido o deslocamento e a variação da energia cinética, o cálculo da força é imediato. Do mesmo modo, sendo o deslocamento rectilíneo, e a força constante, obtém-se: t2 v2 dv F m F .dt mdv F .dt mdv Ft mv dt t1 v1 O mesmo valor seria obtido partindo do conhecimento de que o movimento é uniformemente retardado (força constante implica aceleração constante) e que a velocidade evolui linearmente entre a velocidade inicial e zero, o que implica que a velocidade média seja metade da inicial. O condutor, se estiver amarrado ao carro (com cinto), fica sujeito à aceleração do carro e por isso a uma força que é a sua massa vezes a aceleração do carro. Se não levar cinto o condutor só parará quando bater em alguma coisa (e.g. no vidro) e por isso ficará sujeito a uma aceleração muito superior. No caso de o carro se imobilizar contra uma parede (indeformável) e a frente se deformar de 0.8 m, a aceleração será muito superior, pois o espaço percorrido é só 0.8 m. Neste caso a resolução precisa de hipóteses sobre a força (deformadora) que imobiliza o carro. Se a força fosse constante, a resolução seria semelhante à da alínea anterior. Usando as equações da alínea anterior, com a hipótese de que o movimento é rectilíneo e a força é constante e que a velocidade final é nula, obtém-se: Fl v 2l l 1 v 2 t 2 t v A força a que o cinto fica sujeito é a massa do condutor vezes a aceleração. A pressão é esta força a dividir pela área do cinto. Conclusão: é melhor não chocarem numa parede a 120 km/h. Problema 1.04 (Lei de Newton, massa e aceleração) Um martelo de 200g bate num prego com uma velocidade inicial de 1m/s. O prego penetra na madeira 1cm. a) Calcule a força a que o prego fica sujeito, admitindo que a aceleração foi constante. b) Explique porque razão é mais fácil pregar pregos previamente lubrificados. c) Porque razão se usa martelos de borracha para encaixar peças de madeira? Resolução A resolução deste problema é idêntica à do problema anterior. No caso deste problema poderemos usar o impulso para responder à pergunta “a”. O prego e o martelo ficam sujeitos à mesma força (é o prego que aplica a força no martelo). Se desprezarmos a força associada à aceleração do prego (a velocidade e a massa do prego são baixas), conclui-se que a força de resistência ao avanço do prego é a força necessário para que este abra o furo e para vencer a resistência de atrito. Minimizando o atrito fica disponível mais força para abrir o buraco requerido pela penetração do prego. Os martelos de borracha são deformáveis, o que tem duas vantagens para não deformar a madeira: (i) são deformáveis e por isso reduzem a aceleração e por isso a força; (ii) como são deformáveis a superfície de contacto com a madeira é sempre a secção do martelo, não havendo consequências por usar o martelo “de lado”. Problema 1.05 (Lei de Newton, massa e aceleração) Considere uma massa de fluido m, deformável, que em cada instante ocupa um volume V. Utilizando o princípio da conservação da massa (dM/dt = 0), o conceito de massa volúmica e a noção de divergência da velocidade, escreva uma equação de evolução para a massa volúmica. Escreva a equação nos referenciais euleriano e lagrangeano. Resolução dM d dt dt dV ddt dV .v dV O segundo termo representa a taxa de aumento do volume, uma vez que a divergência é a taxa de aumento de volume por unidade de volume. Admitindo um volume suficientemente pequeno para que as propriedades possam ser consideradas uniformes no seu interior e referindo à unidade de volume vem: d .v 0 dt ou, num referencial euleriano: v . .v t Problema 1.06 (Lei de Newton, massa e aceleração) Suponha um escoamento de um fluido com uma velocidade v, através de uma superfície de área A. a) Qual a altura do paralelepípedo ocupado pelo fluído que passou pela área A, durante um segundo? b) Qual o caudal volúmico que passa pela área A? c) Qual o caudal que passaria por uma área oblíqua em relação à velocidade? d) Escreva uma expressão para o caudal, no caso de a velocidade não ser uniforme. e) Escreva a expressão geral do fluxo de uma propriedade genérica que atravessa essa área. f) Escreva a expressão da resultante daqueles fluxos para uma superfície fechada (mas permeável). g) Relacione o fluxo através de uma superfície fechada com a divergência do vector fluxo por unidade de área. Resolução a) É igual à velocidade. b) O caudal volúmico é o volume que passa por unidade de tempo. O volume que passa por unidade de tempo é o paralelepípedo da alínea anterior e por isso o volume é a velocidade perpendicular à área, vezes a área. c) Respondida na alínea anterior. d) Se a velocidade não fosse uniforme seria necessário dividi-la em partes onde a velocidade fosse uniforme e, em cada uma delas, considerar o produto da componente da velocidade normal à área, pela área. O caudal seria a soma das contribuições de cada uma das áreas. No caso de as áreas serem infinitesimais, o caudal será: Q v.n dA A e) No caso de uma propriedade qualquer, aplica-se o mesmo raciocínio. O resultado obtém-se tendo em conta que o fluxo de P por unidade de tempo é igual ao produto do valor de P por unidade de volume, vezes o volume por unidade de tempo: P v.n dA Volume A P f) No caso de uma superfície fechada, a expressão é igual. No entanto, nessa superfície, quando o produto interno da velocidade pela normal exterior é positivo, o fluxo sai do volume delimitado pela superfície, enquanto que no caso de o produto interno ser negativo, o fluxo entra. Assim, o integral do fluxo numa superfície fechada é igual ao que sai, menos o que entra. g) A divergência define-se como o que sai, menos o que entra por unidade de volume. Assim, o integral do fluxo sobre uma superfície fechada é igual ao integral da divergência nesse volume. No caso de a divergência ser nula, o que entra no volume é igual ao que sai.