REVISÃO O papel da inflamação na carcinogênese induzida pelo HPV The role of inflammation in HPV carcinogenesis Ricardo Ney Oliveira Cobucci1 Ana Katherine da Silveira Gonçalves2 Thales Allyrio Araújo de Medeiros Fernandes3 Pollyana Carvalho de Souza4 Ricardo César Daniel Amorim de Sousa4 Josélio Maria Galvão de Araújo5 José Veríssimo Fernandes5 Palavras-chave Neoplasias Infecções por papillomavirus Inflamação Keywords Neoplasms Papillomavirus infections Inflammation Resumo A inflamação é uma estratégia de defesa inata que evoluiu nos organismos superiores, contra agentes invasores externos e moléculas nocivas. Estudos recentes mostram que a inflamação opera como um sistema muito mais complexo do que se imaginava antes, em termos moleculares, envolvendo diversos processos na sua iniciação, regulação e resolução. Na útima década, tornou-se evidente que a inflamação crônica está fortemente associada com câncer, desempenhando um papel importante na tumorigênese. Uma das causas de inflamação crônica são as infecções persistentes por agentes patogênicos virais, com destaque para o papilomavírus humano (HPV). A ligação entre a inflamação crônica decorrente da infecção persistente por agentes infecciosos e o câncer está atualmente sendo apontada como um dos mecanismos-chave para o controle do surgimento de novos casos de carcinomas. Por esse motivo, consultamos os bancos de dados eletrônicos PubMed/Medline, Lilacs, Embase e SciELO, sem restrição linguística, à procura de artigos que abordassem avanços recentes sobre os mecanismos envolvidos na inflamação, sua participação no processo de carcinogênese, com ênfase na correlação entre inflamação e o desenvolvimento do câncer associado ao HPV, os quais foram incluídos na presente revisão. Abstract Inflammation is an innate defense strategy that evolved in higher organisms against external invaders and harmful molecules. Recent studies show that inflammation operates as a much more complex system than imagined before, in molecular terms, involving many processes in its initiation, regulation and resolution. In the very last decade, it has become evident that chronic inflammation is strongly associated with cancer and plays an important role in tumorigenesis. One of the causes of chronic inflammation are persistent infections by viral pathogens, particularly human papillomavirus (HPV). The link between chronic inflammation resulting from persistent infection by infectious agents and cancer is currently being suggested as a key mechanism for controlling the appearance of new cases of carcinoma. Therefore, we consult electronic databases such as PubMed/Medline, Lilacs, Embase and SciELO, without language restriction, looking for papers discussing recent advances on the mechanisms involved in inflammation, their participation in the process of carcinogenesis, with emphasis on the correlation between inflammation and the development of cancer associated with HPV, which were included in this review . Estudo realizado no Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Natal (RN), Brasil. 1 Professor do curso de Medicina da Universidade Potiguar (UnP) – Natal (RN), Brasil. 2 Professora Doutora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFRN – Natal (RN), Brasil. 3 Professor Assistente da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) – Mossoró (RN), Brasil. 4 Acadêmicos do curso de Medicina da UnP – Natal (RN), Brasil. 5 Professor Doutor do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFRN – Natal (RN), Brasil. Endereço para correspondência: Ricardo Ney Oliveira Cobucci – Avenida Abel Cabral, 2.035, casa 105 – Nova Parnamirim – CEP: 59151-250 – Parnamirim (RN), Brasil – E-mail: [email protected] Conflito de interesses: não há. Cobucci RNO, Gonçalves AKS, Fernandes TAAM, Souza PC, Sousa RCDA, Araújo JMG, Fernandes JV Introdução Virchow, em 1863, sugeriu que o câncer se origina a partir de sítios de inflamação crônica, aliado a fatores que aumentam a proliferação celular1 (D). A manutenção dessa proliferação em um ambiente rico em células inflamatórias, fatores de crescimento e agentes promotores de alterações no DNA celular certamente promove ou potencializa as chances do surgimento de um câncer. Durante a inflamação normal, as células se multiplicam enquanto o tecido é regenerado, e a proliferação cessa quando o agente inflamatório é removido e o tecido reparado. No entanto, se as células em multiplicação contêm mutações em seu DNA, elas continuam a proliferar em ambientes propícios, facilitados por fatores de crescimento que dão suporte ao seu desenvolvimento2 (D). A inflamação crônica de longa duração é uma das causas potenciais para o desenvolvimento de câncer, com as infecções persistentes causadas por determinados agentes patogênicos, entre eles o papilomavírus humano (HPV)3 (D). Entre os mediadores induzidos pela inflamação, incluem-se espécies reativas de oxigênio enitrogênio, citocinas, quimiocinas, fatores de crecimento celular, enzimas como ciclo-oxigenase (COX), metaloproteinase, além de prostaglandinas e micro-RNAs específicos4 (D). A atividade coletiva desses mediadores é a grande responsável pela ativação tanto da resposta inflamatória antitumorigênica quanto da resposta inflamatória protumorigênica, por meio da indução de alterações nos processos de proliferação, senescência e morte celular, bem como de metilação e mutação do DNA e angiogênese. Essa complexa cascata de eventos desencadeados principalmente pela inflamação crônica pode resultar em carcinogêse4 (D). Nesse contexto, a infecção persistente por HPV pode resultar no desenvolvimento do câncer de colo uterino (CCU), uma vez que ocorre a integração do genoma viral ao DNA da célula, o que leva a uma superexpressão dos oncogenes virais cujos produtos interagem com diversas proteínas celulares, ativando mecanismos que contribuem para o processo de carcinogênese, entre estes a inflamação5 (D). Diante da importância de se conhecer os mecanismos pelos quais o HPV induz o surgimento do CCU para melhorar a prevenção e o tratamento dessa neoplasia, neste artigo os autores tiveram como objetivo revisar o papel da inflamação na carcinogênese induzida pelo HPV. Metodologia Realizou-se pesquisa de artigos científicos nos bancos de dados PubMed, LILACS/SciELO e EMBASE usando os seguin- 62 FEMINA | Março/Abril 2014 | vol 42 | nº 2 tes descritores do MeSH: “Neoplasms”, “Inflammation” e“Uterine Cervical Neoplasms”, sendo a última busca em 15 de dezembro de 2013.Como filtros, utilizaram-se estudos do tipo revisão e estudos observacionais ou experimentais realizados em animais e em humanos nos últimos 15 anos sobre inflamação, HPV e câncer cervical, sem restrições de idiomas. Com esses descritores, obtivemos um total de 491 títulos, dos quais foram selecionados 146 resumos que foram lidos minuciosamente por todos os autores e, quando confirmava-se que a revisão ou estudo tratavam do tema pesquisado, buscava-se o artigo completo. Dessa forma, 63 artigos completos foram selecionados e lidos de forma independente por dois pesquisadores que, baseados na classificação da Associação Médica Brasileira para grau de recomendação e força de evidência, selecionaram os artigos mais relevantes sobre o tema da presente revisão. Inflamação crônica, HPV e câncer cervical Hoje, está muito bem estabelecido que a infecção persistente da cérvice uterina causada por HPV de alto risco (hr-HPV) é a causa necessária para o desenvolvimento de neoplasia intraepitelial cervical (NIC), seja de baixo grau (NIC I) ou de alto grau (NIC II/III) e do CCU. No entanto, muitas mulheres são infectadas com hr-HPV, mas a maioria delas nunca irá desenvolver doença, sugerindo que outros fatores devem contribuir para o desenvolvimento de lesões e transformação neoplásica6 (D). Há algum tempo, estudos relatam uma associaçãoentre inflamação da cérvice uterina e ocorrência de NIC ou CCU7,8 (B). Foi demonstrado que em mulheres infectadas com hr-HPV, a presença de NIC estava associada com níveis crescentes de inflamação, em que o maior nível da inflamação aumentou até duas vezes o risco desse tipo de lesão. Isso reforça a ideia de que a inflamação pode ser um cofator importante no desenvolvimento de lesões da cérvice uterina infectada pelo HPV9,10 (B). A análise histológica de biópsias da cérvice uterina de mulheres infectadas com hr-HPV mostrou maior grau de inflamação com infiltração de linfócitos e neutrófilos no epitélio, quando comparadas àquelas não infectadas. Associação entre persistência, tipo específico do HPV e progressão de lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL) para lesão intraepitelial de alto grau (HSIL) foi menor nas mulheres com inflamação moderada no estroma ou dentro do epitélio. Nas mulheres infectadas com HPV de baixo risco, a inflamação tendeu a envolver apenas a camada superficial do epitélio em vez de a camada basal ou toda a espessura do epitélio. Isso sugere que a inflamação da cérvice uterina varia com o tipo de HPV10 (B). O papel da inflamação na carcinogênese induzida pelo HPV A quantidade de macrófagos presentes no epitélio da cérvice uterina de mulheres normais, com LSIL, HSIL e CCU, foi avaliada por Hammes et al.9 (B), que constataram um aumento linear da quantidade dessas células com a progressão das lesões, sendo observada uma migração crescente de macrófagos para o epitélio com o agravamento da lesão, havendo uma relação direta entre as quantidades de macrófagos presentes no epitélio e a progressão de lesão pré-maligna para maligna. A intensidade da reação inflamatória também se mostrou intimamente associada com o grau da lesão. A migração de macrófagos do estroma para o epitélio foi influenciada não apenas pela inflamação mas também pela presença de células displásicas. Esses dados revelam quemacrófagos CD68+ estão associados à carcinogênese cervical, promovendo a progressão delesões intraepiteliais para estágios invasivos9 (B). Avaliando os níveis sistêmicos de citocinas proinflamatórias em mulheres com infecção persistente por HPV, Kemp et al.11 (B) encontraram níveis significativamente elevados decitocinas (IL-6, IL-8, TNF-α, MIP-1α, GM-CSF, IL-1α e IL-1β) no plasma de mulheres com a infecção persistente pelo HPV quando comparados àquelas não infectadas. Eles também observaram que a elevação dos níveis sistêmicos dessas citocinas foi acompanhada de uma redução da resposta linfoproliferativa. Isso representa um fato novo e um tanto inesperado, uma vez que existe pouca evidência de uma reação inflamatória sistêmica induzida pelo HPV. No entanto, neste estudo foi observado que a presença de citocinas proinflamatórias no sangue periférico foi associada com persistência viral e fraca resposta linfoproliferativa11 (B). Em um estudo de coorte multiétnico recente, conduzido por Scott et al.12 (B), foi feito o acompanhamento de mulheres por um longo prazo para avaliar a expressão na mucosa da cérvice uterina de citocinas candidatas a desempenhar ação antiviral como: IFN-α2, IFN-ϒ e IL-12, bem como das citocinas proinflamatórias (IL-1α, IL1β, IL-6, IL-8 e TNFα) induzidas após o estabelecimento da infecção por HPV. Foram comparados os perfis de citocinas nas mulheres que tiveram eliminação rápida do HPV e nas que tiveram infecção estabelecida de longo prazo. A maioria das mulheres apresentou um aumento da expressão de algumas citocinas e a redução de outras após a infecção. Foi constatada uma associação entre níveis elevados de IL-10, IL-12, MIP-1α e TNFα na mucosa e reduzida probabilidade de eliminação de qualquer tipo de HPV. Para hr-HPV, a tendência de não ocorrer eliminação do vírus foi significativamente maior na presença de níveis elevados de IL-12 e TNFα. Padrões semelhantes foram observados na infecção por HPV de baixo risco, embora a tendência de não curar tenha sido significativa apenas para IL-10. A eliminação de hr-HPV foi associada com baixos níveis de expressão de MIP-1α e IL-8 no grupo de mulheres que teve cura rápida, mas não no grupo com infecção prolongada. Aumento nos níveis de citocinas proinflamatórias, como MIP-1α e TNFα, IL-12, com a citocina reguladora IL-10, foi associado com a redução da probabilidade de eliminação do vírus no grupo com infecção de longo prazo12 (B). A relação entre inflamação, angiogênese e lesão induzida pelo HPV foi avaliada por Mazibrada et al.13 (B) em amostras obtidas de mulheres com citologia normal, com NIC, ou com CCU. Com base na densidade de células pan-endoteliais presentes no local, identificadas pelo marcador CD31, foi observado um aumento progressivo de microvasos proporcional ao aumento da gravidade da lesão. A infiltração de macrófagos foi associada com neovascularização tanto em NIC quanto no CCU, existindo uma forte correlação positiva entre o número de macrófagos infiltrados no tumor e sua vascularização. Foi observado um aumento de macrófagos nos microvasos, em paralelo à progressão neoplásica, sendo ainda mais elevadas no CCU 13(B). Heller et al.14 (B) demonstraram que os macrófagos são um importante componente do estroma de tecidos neoplásicos, incluindo carcinomas de células escamosas da cérvice uterina. Os macrófagos, no microambiente tumoral, têm a capacidade de afetar o tecido neoplásico em diferentes aspectos. Sugere-se que o macrófago poderia favorecer ou inibir o crescimento tumoral, de acordo com seu estado de ativação. Os macrófagos podem atuar como células fagocitárias inespecíficas ou induzir a morte de células neoplásicas por meio da produção de mediadores, IFN-γ, IL-2 e IL-12, que estimulam o sistema imune ou por mecanismos como citotoxicidade e apoptose, inibindo ou reduzindo o crescimento tumoral. Em contrapartida, podem também promover o crescimento do tumor por intermédio da produção de fatores de crescimento do endotélio vascular (VEGF) e citocinas responsáveis pela angiogênese tumoral14 (B). Estudo de biópsias de tumores associados ao HPV15 (C) mostra níveis de expressão significativamente elevados tanto de COX-1, quanto de COX-2 em células epiteliais neoplásicas e células endoteliais dos vasos de todos os graus e estágios do CCU. Isso sugere um papel de destaque para as duas isoformas de COX na patologia da doença. Além disso, foi demonstrado que a indução da expressão de COX-1 em células HeLa, uma linhagem positiva para HPV18, causou elevação rápida e sustentada da expressão de COX-2 e de síntese terminal de prostaglandina, resultando na síntese de PGE2. Além disso, a PGE2 foi produzida tanto por COX-1 quanto por COX-2, indicando que eles podem contribuir de igual modo, ou atuarem em sinergia, para promover CCU15 (C). FEMINA | Março/Abril 2014 | vol 42 | nº 2 63 Cobucci RNO, Gonçalves AKS, Fernandes TAAM, Souza PC, Sousa RCDA, Araújo JMG, Fernandes JV Em um estudo, a expressão da COX-2 foi identificada como aumentada em carcinoma cervical quando comparado a NIC, mas a expressão em NIC foi igual à expressão em casos benignos inflamatórios16 (C). Outro estudo incluiu separadamente casos normais, com lesões de baixo e de alto grau, encontrando associação de COX-2 e gravidade das lesões17 (B). Outros autores também evidenciaram positividade para COX-2 em 12 de 13 casos de CCU testados, enquanto controles normais eram negativos18 (B). Usando um modelo de camundongo transgênico expressando genes do HPV16, de Visser et al.19 (B) analisaram a interação entre imunidade inata e imunidade adaptativa na progressão de tumor induzido por esse vírus. Esses autores criaram uma linhagem de camundongo expressando genes do HPV16 e com deficiência para a produção de linfócitos T e B, fazendo o cruzamento da linhagem de camundogo transgênico para HPV 16 com uma linhagem de camundongos deficiente para a produção dos dois tipos de célula da resposta imune adaptativa, os linfócitos TeB. A eliminação genética da resposta imune adaptativa bloqueou o recrutamento de células da resposta imune inata, a remodelação do tecido e a angiogênese. O processo de carciongênese foi, portanto, estacionado nesses animais. Quando células B obtidas dos animais transgênicos para HPV16 foram transferidas para animais deficientes de células T e B, expres- sando genes do HPV16, a resposta inflamatória e a progressão do câncer foram restauradas, mostrando que células B foram as responsáveis por esse fenômeno19 (B). Diferentes estudos demonstraram que um aumento da infiltração de células inflamatórias está correlacionado com lesões de alto grau associadas ao HPV9,13,20 (B). A contribuição específica de cada uma das populações de células presentes no ambiente tumoral para a evolução da doença, em particular, macrófagos associados a tumores e as células mielóides imaturas, é assunto ainda controverso a ser comprovado em futuras pesquisas20 (B). Conclusão Embora a infecção por HPV não provoque a lise celular e danos nos tecidos como outras infecções, evidências acumuladas mostram que a inflamação desempenha um papel na carcinogênese induzida pelo papilomavírus. As respostas celulares, inata e adaptativa, em que várias citocinas são secretadas, desempenham um papel na progressão da doença associada ao HPV. Compreender a orquestração da interferência do vírus em diferentes vias de inflamação, como apresentado nesta revisão, deve contribuir, finalmente, para o desenvolvimento de novas estratégias para tratar lesões de HPV antes de progredirem para tumores invasivos. Leituras suplementares 1. Balkwill F, Mantovani A. Inflammation and cancer: back to Virchow? Lancet. 2001;357(9255):539-45. 2. Coussens LM, Werb Z. Inflammation and cancer. Nature. 2002;420(6917):860-7. 3. Medzhitov R. Origin and physiological roles of inflammation. Nature. 2008;454(7203):428-35. 4. Schottenfeld D, Beebe-Dimmer J. Chronic inflammation: a common and important factor in the pathogenesis of neoplasia. CA Cancer J Clin.2006;56(2):69-83. 5. Muñoz N, Castellsagué X, de González AB, Gissmann L. Chapter 1: HPV in the etiology of human cancer. 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