pesquisa escolar na web de notícias sobre questões ambientais

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PESQUISA ESCOLAR NA WEB DE NOTÍCIAS SOBRE QUESTÕES
AMBIENTAIS
Solange Reiguel Vieira 1 - SEED
Josmaria Lopes de Morais2 - UTFPR
Grupo de Trabalho - Educação e Meio Ambiente
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente trabalho relata uma prática pedagógica desenvolvida pela primeira autora com
alunos do ensino médio da rede pública estadual de Curitiba-PR, articulando a Geografia e a
Educação Ambiental, com objetivo de estimular a pesquisa escolar sobre as questões
ambientais. A ideia surgiu por dois motivos principais: Primeiro pelo fato da Geografia ser
uma área do conhecimento que estuda as relações estabelecidas no espaço geográfico, entre
sociedade e natureza, e segundo por utilizar a mídia web que faz parte do cotidiano dos
alunos. As pesquisas foram realizadas no período de 31 de março a 14 de abril de 2015, em
sites em busca de notícias sobre as questões ambientais e analisaram: a frequência das
notícias, os conteúdos veiculados e o papel da mídia na veiculação de cada notícia. Os
resultados foram socializados e debatidos com os colegas da sala de aula. Ao término do
debate foi realizada uma enquete com os alunos sobre sua principal fonte de informação, antes
da pesquisa. Para essa publicação, os resultados apresentados pelos alunos foram compilados
e categorizados em: site, conteúdo e papel da mídia, e fundamentados teoricamente em
pesquisadores na área. Essa prática pedagógica possibilitou a construção do conhecimento na
disciplina de Geografia, a reflexão crítica sobre as notícias veiculadas pela mídia e a tomada
de consciência das ações humanas no meio ambiente nas diversas escalas. Os resultados
evidenciam a importância da educação por meio da pesquisa escolar, principalmente na mídia
web. Entendeu-se que este tipo de atividade pode ser mais explorado nas aulas de Geografia
possibilitando a realização de uma leitura crítica de situações locais e globais a partir de um
olhar ambiental amplo.
Palavras-chave: Geografia. Dimensão socioambiental. Mídia. Educação ambiental.
1
Mestranda em Ciência e Tecnologia Ambiental, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),
Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA). Professora da Educação Básica da
Secretaria Estadual do Paraná (SEED). Email: [email protected].
2
Doutora em Química. Professora Colaboradora da UniversidadeTecnológica Federal do Paraná (UTFPR),
Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA.Email: [email protected].
ISSN 2176-1396
10368
Introdução
A contemporaneidade marcada por desafios educacionais e socioambientais amplia a
necessidade de conhecimento, informação, discussão, reflexão e ação a fim de contribuir para
o enfrentamento das mudanças ambientais globais.
De acordo com Demo (2011, p.5), “o que melhor distingue a educação escolar de
outros tipos e espaços educativos é o fazer-se e re-fazer na e pela pesquisa [...]” e a escola,
tem a pesquisa como propriedade específica. Nesse processo, a mídia constitui-se uma fonte
de pesquisa e tem como papel principal informar a população do acontece na sociedade e no
mundo, por meio dos diversos meios de comunicação. Por isso, a mídia vem sendo utilizada
nas atividades educativas como uma ferramenta para facilitar a comunicação (SANTOS,
2005).
Para Soares (2004) há um olhar especial para a relação entre a comunicação e
educação, que constitui um campo de pesquisas denominado educomunicação, e definido
como um conjunto das ações destinadas a integrar práticas educativas aos sistemas de
comunicação, a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços, e a melhorar o
coeficiente expressivo e comunicativo das ações educativas.
Por meio da tecnologia modificam-se as formas de “inter-relação com o mundo, da
percepção da realidade, da interação com o tempo e o espaço” (MORAN, 1995, p.25). Por
isso, estimula-se o uso de diferentes linguagens de educomunicação e recursos tecnológicos
na aprendizagem, considerando valores da sustentabilidade (BRASIL, 2013).
Neste contexto, se faz presente a contribuição da Geografia, definida por Garrido e
Costa (2006, p.79) como “[...] estudo da superfície da Terra ou estudo da relação do homem
com o meio [...]”. A ciência geográfica constitui uma área do conhecimento e disciplina da
educação básica, que tem como objeto de estudo o espaço geográfico considerado como “a
morada do Homem” (CORRÊA, 2008, p.44) e considerado por Milton Santos (2008, p.46)
como:
[...] algo dinâmico e unitário, onde se reúnem materialidade e ação humana. O
espaço seria o conjunto indissociável de sistemas de objetos, naturais ou fabricados,
e de sistemas de ações, deliberadas ou não. A cada época, novos objetos e novas
ações vêm juntar-se às outras, modificando o todo, tanto formal quanto
substancialmente.
Pela dinâmica do seu objeto de estudo, a Geografia está em plena mudança, para
Pontuschka e Oliveira (2006) os temas de pesquisas e as metodologias se ampliam e se
10369
transformam sob a ótica da modernidade e o processo de ensino e aprendizagem está nesse
movimento. Gomes (2010) corrobora que a Geografia apresenta uma imagem renovada de
mundo e procura integrar as interações entre natureza e cultura.
Nesse sentido, o processo de ensino e aprendizagem da Geografia também se
transforma e busca novas interpretações e análises. Segundo Cavalcanti (1998, p.16):
A Geografia defronta-se assim com a tarefa de entender o espaço geográfico num
contexto bastante complexo. O avanço das técnicas, a maior e mais acelerada
circulação de mercadorias, homens e ideias distanciam os homens do tempo da
natureza e provocam certo ‘encolhimento’ do espaço de relação entre eles. Na
sociedade moderna, baseada em princípios de circulação e racionalidade, há um
domínio do tempo e do espaço, mecanizados e padronizados, que se tornam fonte de
poder material e social numa sociedade que se constitui a base do industrialismo e
do capitalismo. O controle do tempo e do espaço liga-se estreitamente ao processo
produtivo e à vida social. O tempo ligado à disciplina e à regularidade no trabalho
como também ao giro do capital na produção. O espaço ligado a criação de um novo
mercado mundial e à redução de barreiras para a expansão do sistema produtivo. O
espaço foi perdendo, assim, sua significação absoluta no lugar para ganhá-la na
lógica do poder, da expansão capitalista. Da mesma forma, o tempo tomado como
linear e progressivo foi sendo substituído por um tempo cíclico e instável, em função
de que seu sentido passou a ser ligado ao próprio processo produtivo. Instalou-se
assim uma compressão e uma vivência de espaços e de tempos relativos.
De acordo com Mendonça (2004, p. 22-23) “[...] a Geografia é, sem sombra de
dúvidas, a única ciência que, desde a sua formação, se propôs ao estudo da relação entre os
homens e o meio natural do planeta – meio ambiente, atualmente, em voga é propalado na
perspectiva que engloba o meio natural e o social”.
Nesse sentido, a Geografia tem como subcampo a questão socioambiental. A
abordagem geográfica do conteúdo estruturante dimensão socioambiental do espaço
geográfico destaca que
o ambiente não se refere somente a envolver questões naturais. Ao entender
ambiente pelos aspectos sociais e econômicos, os problemas socioambientais
passam a compor, também, as questões da pobreza, da fome, do preconceito, das
diferenças culturais, materializadas no espaço geográfico (PARANÁ, 2008, p.73).
Há uma grande articulação da Geografia com a Educação ambiental, visto que esta
última trata da relação entre sociedade e ambiente e incide sobre os sujeitos por meio do
processo formativo.
A Educação Ambiental é uma das ferramentas fundamentais para adequar o homem a
seu espaço por meio de incentivos à análise crítica de sua realidade, usando a observação e
sensibilização do indivíduo e gerando nele a sensação de pertencimento (JACOBI, 2003).
10370
Para Leff (2008), a Educação Ambiental contribui estrategicamente na condução do
processo de transição para uma sociedade sustentável. Nas palavras de Loureiro (2006, p. 28):
A Educação Ambiental não atua somente no plano das ideias e na transmissão de
informações, mas no ato da existência, em que o processo de conscientização se
caracteriza pela ação com conhecimento, pela capacidade de fazermos opções, por
se ter compromisso com o outro e com a vida [...].
Estas questões motivaram o desenvolvimento de uma pesquisa nas aulas de Geografia
com alunos do ensino médio da rede pública estadual do Paraná. O objetivo desta prática
pedagógica foi estimular a pesquisa escolar sobre as questões ambientais. Portanto, esta
pesquisa teve uma leitura geográfica do ponto de vista ambiental, ao analisar a relação entre
sociedade e natureza com dimensão socioambiental presente nas notícias veiculadas na mídia
web.
Encaminhamentos Metodológicos
Partindo do pressuposto de que “a construção e reconstrução do conhecimento
geográfico pelo aluno ocorre na escola, mas também fora dela [...] e que podem ser
potencializados com práticas intencionais de intervenção pedagógica” (CAVALCANTI,
1998, p.12), o presente estudo foi realizado utilizando-se da pesquisa na internet (web). Para
Demo (2011) educar pela pesquisa é um desafiador encaminhamento metodológico. “A partir
daí entra em cena a urgência de promover o processo de pesquisa no aluno, que deixa de ser
objeto de ensino, para tornar-se parceiro de trabalho [...]” (DEMO, 2011, p.2) do professor, e
ambos passam a ter a pesquisa como uso no cotidiano.
Ao trabalhar os conteúdos industrialização e meio ambiente (básico) e a dimensão
socioambiental do espaço geográfico (estruturante), e conceitos das Ciências Ambientais de
meio ambiente, sustentabilidade e problemas ambientais (MILLER JR, 2011), a pesquisa foi
proposta aos alunos das 4 turmas do 2º ano do ensino médio do Colégio Estadual Ivo Leão, da
cidade de Curitiba, com 112 participantes.
Durante 15 dias (31 de março a 14 de abril de 2015) os alunos realizaram pesquisas de
forma individual, duplas ou em trios, totalizando 47 grupos, em sites em busca de notícias
sobre as questões ambientais em diferentes escalas: local, regional, nacional e global (em um
ou mais sites) e analisaram de forma crítica: a frequência das notícias, os conteúdos
veiculados, e a sua percepção do papel da mídia na veiculação de cada notícia classificando-as
em informativa, sensibilizadora, sensacionalista e divulgadora, conforme orientação docente.
10371
Os resultados da pesquisa foram socializados e debatidos com os colegas da sala de
aula. Ao término do debate foi realizada uma enquete com os alunos sobre principal fonte de
informação antes da pesquisa.
Para essa publicação, os resultados apresentados pelos alunos foram compilados e
categorizados (BARDIN, 2011) em: site, conteúdo e papel da mídia (Quadro 1) e discutidos
com base em bibliografias da temática abordada.
Quadro 1 - Compilação de dados da pesquisa na web por categorias de análise.
Site
www.folha.uol.com.br
www.noticias.terra.com.br
http://g1.globo.com
www.ambientebrasil.com.br
www.uol.com.br
www.brasilescola.com
centinex.org
www.mundoeducacao.com
www.msn.com
www.portugues.rfi.fr
http://www.portaldomeioambiente.org.br
www.gazetadopovo.com.br
http://www.posgraduacaoredentor.com.br
www.tribuna.com.br
www.mamiraua.org.br/
http://www.redeceas.esalq.usp.br
http://www.oeco.org.br
http://www.brasilsustentavel.org.br
http://noticias.r7.com
www.meioambientetecnico.com.br
www.portoferreirahoje.com
www.ibama.gov
www.diariodoprofessor.com
Conteúdo
Desmatamento, reciclagem, tecnologias e
mudanças
ambientais
globais,
Greenpeace/desmatamento,
caça,
uso
de
bicicletas e exploração de petróleo (EUA)
Reflorestamento/tecnologia
Água, fauna (morte de peixes, fóssil), fogo,
fiscalização/legislação de meio ambiente, limpeza
pública, hotelaria ecológica, cadastro ambiental
rural, construção em APA, desmatamento na
Amazônia, dengue, agrotóxicos, radiação
Água e alimentos contaminados, desmatamento,
sacolas biodegradáveis, fauna marinha (morte)
Água, fauna (morte de peixes, tartaruga e animais
em extinção, cativeiros de animais), florestas,
mudanças ambientais no mundo, energia limpa,
preservação da Amazônia, tecnologias, plano de
combate de poluentes e redução de gases do
efeito estufa, pesca, eucalipto transgênico,
aquecimento global, tráfico de chifres,
desmatamento, mata ciliar
Água, biodiversidade, desmatamento, queimadas,
extrativismo vegetal e resíduos urbanos
Mudanças climáticas
Resíduos Sólidos
Fauna, tecnologia e mudanças climáticas
Mudanças climáticas, água e desmatamento
Água e fogo
Água, fogo (SP) e desmatamento (PR)
Água
Água, meio ambiente e resíduos sólidos
Meio ambiente
Água e residues sólidos
Fauna e vazamento de óleo no mar
Água e mobilidade sustentável (bicicletas)
Água
Transgênicos, agrotóxicos, meio ambiente
sustentável, energia, resíduos sólidos e
aquecimento global
Dengue
Sistema de controle ambiental
Fauna, meio ambiente, Educação Ambiental,
sacolas sustentáveis, resíduos sólidos
Papel da mídia
Divulgar,
informar,
e
sensibilizar
Divulgar e
informar
Divulgar
Informar
e
Divulgar
e
informar
Informar,
sensibilizar,
sensacionalista
Informar
sensibilizar
Informar
Informar
Informar
sensibilizar
Informar
Informar
Informar
Informar
Informar
Divulgar
Informar
Informar
Infomar
Informar
Informar
Informar
Informar
Informar
e
e
10372
www.ebc.com.br
www.brasil.gov.br
www.tomdamata.org.br
www.atribuna.com.br
www.acritica.uol.com.br
www.essetalmeioambiente.com.br
http://epoca.globo.com/
Água, biodiversidade
Defesa Flora/fauna, efeito estufa e madeira ilegal
Perda da biodiversidade da Mata Atlântica
Fogo (incêndio) e morte de peixes
Resíduos sólidos (lixões)
Resíduos sólidos (perigo)
Água, seca, Mata Atlântica, glaciares,
aquecimento global, cadastro rural
Informar
Informar
Informar
Informar
Informar
Sensibilizar
Informar
sensibilizar
e
Fonte: As autoras.
Resultados e Discussão
A pesquisa realizada pelos alunos resultou em um total de 298 notícias (sendo que
algumas se repetiram nas turmas). Estas foram pesquisadas nos 30 sites seguintes: G1 53%,
UOL 37%, Folha UOL SP 30%, Gazeta do Povo 13%, Portal do Meio Ambiente.org 10%,
Ambiente Brasil 10%, MSN 7%, Brasil.gov 7%, Tribuna 7%, Demais 3% cada (Terra,
Brasilescola,
Mamiraua.org,
Centinex.org,
Mundoeducacao,
Redeceas.esalq.usp,
Portugues.rfi.fr,
Oeco.org,
Posgraduacaoredentor,
Brasilsustentavel.org,
R7,
Meioambientetecnico, Portoferreirahoje, Ibama.gov, Diariodoprofessor, Ebc, Tomdamata.org,
atribuna, acritica.uol, essetalmeioambiente, epoca.globo).
Constatou-se um maior acesso a sites de notícias privados que possuem extensão à TV
(G1, 53%) e Serviços da Web (UOL, 37%) e um número reduzido vinculados à sites públicos
e institucionais. Em um estudo de caso realizado por Quadros e Costa (2014) nos editoriais
das Organizações Globo, disponibilizados no site do G1 constataram que muitas notícias são
atualizadas no mesmo horário da publicação.
Durante o período de pesquisa, os alunos perceberam que não houve publicação de
muitas notícias sobre as questões ambientais. Para Cardinalli (2013, p. 8) “este fato ocorre
devido ao pouco espaço destinado às matérias ambientais, ao enfoque dado às notícias e às
poucas fontes de informação, entre outros”.
Segundo apresentação dos alunos, a maioria dos temas e conteúdos veiculados são
problemas ou desastres ambientais provocados pela ação humana, sendo que nas notícias
pesquisadas, relacionava-se principalmente à problemática da falta de água em São Paulo, ao
desmatamento da Amazônia e ao incêndio no porto de Santos, que aconteceram no período da
pesquisa ou, ainda, mudanças climáticas, que é um tema que vem gerando debates no cenário
mundial.
No debate na sala de aula, foi unânime a percepção de que as questões ambientais são
noticiadas na web de maneira geral, quando tem repercussão internacional e estão
10373
relacionados aos desastres ecológicos. De acordo com Cardinalli (2013, p. 4) “[...] Essas
informações, apesar de provocar certa revolta em parte da população e cobrar atitudes de
autoridades, são pouco reflexivas, pois acabam por não se aprofundar nas causas e alternativas
para os problemas apresentados”.
Segundo a classificação dos alunos sobre o papel da mídia nas notícias veiculadas, a
maioria visava informar os fatos, e uma minoria de sensibilizar o leitor, informar e
sensacionalizar os assuntos abordados. No debate em sala, chegamos a duas hipóteses, a
primeira que o tempo dos acontecimentos e de noticiar é muito curto então dá tempo de
refletir ou aprofundar os assuntos; e a segunda é que existe uma falta de preparo e de
conhecimento por parte dos jornalistas e/ou profissionais da comunicação para tratar das
questões ambientais, o que acaba simplesmente por informar superficialmente (vagas) ou
acaba sensacionalizando ou omitindo informação.
Ao buscar embasamento teórico, encontramos dois autores que nos ajudam a refletir
sobre as hipóteses levantadas: Com relação à hipótese 1, Campos (2012, p.18) afirma que é
dever dos profissionais da comunicação informar corretamente o receptor “[...] sobre o meio
ambiente, privilegiando a preservação da vida, o que, muitas vezes, recomenda uma cobertura
continuada e sóbria, ao invés do ímpeto sensacionalista voltado apenas para a ampliação da
audiência [...]”. Na hipótese 2, de acordo com Alves (2002, p.9) “a principal dificuldade na
cobertura ambiental é encontrar, em nossos veículos, profissionais especializados ou
preparados para cobrir tal área. [...]”. Na atualidade, a questão envolve temas muito mais
complexos e, além de conhecer muito bem o meio em que vive, o jornalista precisa estar
sempre se especializando.
Isso reforça a necessidade de informações corretas e bem fundamentadas e embasadas,
pois a aprendizagem também ocorre por uma boa comunicação e poderá interferir nos hábitos
cotidianos do receptor, conforme apresenta Santos (2005, p.437):
Na prática, a passagem de saberes e informações, fundamentados ou não na tarefa de
ensinar, só se concretizam quando estes são comunicados. Por sua vez, a
comunicação engloba os conceitos de emissão e recepção da informação que está
sendo veiculada. A aprendizagem só acontece quando existe a recepção da
mensagem e seu posterior aproveitamento e incorporação ao universo conceitual
e/ou comportamental do indivíduo.
Apesar de não ser o foco deste trabalho, encontramos uma pesquisa sobre papel da
mídia na difusão de conhecimentos científicos em revistas de Sulaiman (2011, p.657)
reafirma “[...] além do caráter informativo, a divulgação científica apresenta uma função
10374
educativa, na formação de opinião pública qualificada, assumindo os contornos de uma
prática fundamentalmente comunicativa de vulgarização e mediação”. A autora citada fala do
novo mercado de produção de revistas educativas que tematizam a formação científica e
ambiental dos professores. Isso evidencia um progressivo interesse de divulgar informações
especializadas e educativas.
Além de discutir sobre os temas e o papel da mídia, também foi refletido sobre o
sistema econômico vigente (Capitalismo), bem como a busca da sustentabilidade por meio do
desenvolvimento sustentável, as ações individuais e coletivas, e a importância da Educação
Ambiental nesse processo. Tozoni-Reis (2004, p.12) argumenta que “a educação ambiental é
também compreendida como contribuição na construção de uma alternativa civilizatória e
societária para a relação sociedade-natureza [...]” e na busca de novos conhecimentos e
saberes, articulados com compromissos, responsabilidades e atitudes relacionadas ao
ambiente.
Na enquete realizada com os alunos sobre a principal fonte de informação, antes deste
trabalho, constatou-se que 17% informaram que acessam a web para se informar, 40 %
relataram ver as notícias pela TV. Dos participantes da enquete 43% afirmaram acessar redes
sociais (Facebook, Watsapp e Instagram) com frequência diária pela facilidade de conexão
móbile (via celular).
Essa situação também foi encontrada na Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (BRASIL,
2014, p.50) referente às redes sociais e os programas de trocas de mensagens instantâneas
mais usadas em 1º, 2º e 3º lugares estão: “[...] o Facebook (83%), o Whatsapp (58%), o
Youtube (17%), o Instagram (12%) e o Google+ (8%). O Twitter, popular entre as elites
políticas e formadores de opinião, foi mencionado apenas por 5% dos entrevistados”.
Sastre (2015, p.11) que também fez uso das informações da pesquisa de Brasil (2014)
diz que “esse paradigma remete à reflexão sobre a formação ou elo entre os integrantes do
grupo, ou seja, é necessário considerar o perfil dos usuários da internet que produzem e
acessam os diferentes canais e plataformas que disponibilizam informações e notícias”.
Essa cultura contemporânea do uso de tecnologias digitais é conhecida como
cibercultura que se inserem também às redes educativas. De acordo com Santos (2011, p.5)
“[...] Atualmente, a cibercultura vem se caracterizando pela emergência da Web 2.0 com seus
softwares e redes sociais mediadas pelas interfaces digitais em rede, pela mobilidade e
convergência de mídias, dos computadores e dispositivos portáteis e da telefonia móvel”.
10375
Isso é um indicador da popularização da internet e que necessita de uma consciência
crítica no processamento das informações que acessam.
[...] Por outro lado, notamos que o desenvolvimento de conteúdo e estrutura dos
canais digitais e plataformas não acompanham esse crescimento no que se refere aos
mecanismos e estratégias de interatividade, o que contribui para a compreensão da
percepção distorcida do público em relação ao tema e, principalmente, a
credibilidade dos conteúdos (SASTRE, 2015, p.12).
Nesse sentido a educação escolar precisa explorar mais o potencial dessas tecnologias
com criticidade.
[...] compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos,
dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante
educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias,
que facilitem a evolução dos indivíduos (MORAN, 2006, p.36).
Considerações Finais
Essa prática pedagógica possibilitou a construção do conhecimento na disciplina de
Geografia, a reflexão crítica sobre as notícias veiculadas pela mídia e a tomada de consciência
das ações humanas no meio ambiente nas diversas escalas. Na perspectiva transformadora da
Educação Ambiental, a consciência crítica é uma atividade permanente que pressupõe a
capacidade de refletir e conhecer a realidade e as relações entre humanidade-natureza
(LOUREIRO, 2006).
Também evidenciou a importância de utilizar as mídias para pesquisa escolar,
principalmente a web, pois apesar dos alunos estarem conectados praticamente 24 horas, no
mundo da cibercultura (MORAN, 2006), acaba ficando mais na comunicação eletrônica,
interação com os amigos (virtuais) e no entretenimento (ouvir músicas e videoclipes) do que
para se atualizar e ficar por dentro do que está acontecendo no mundo.
Nesse sentido, a pesquisa escolar se apresenta com um instrumento desafiador de
educar pela pesquisa e formar sujeitos participativos (DEMO, 2011), e que pode ser mais
explorado, principalmente no ensino da Geografia, que possibilita uma leitura crítica do
mundo com olhar ambiental amplo e a viver de forma mais sustentável.
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