fatores de risco para melanoma: uma revisão integrativa

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL – UNIJUÍ
LAÍSE CRISTINE SONDA
FATORES DE RISCO PARA MELANOMA: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA
IJUÍ – RS
2011
2
LAÍSE CRISTINE SONDA
FATORES DE RISCO PARA MELANOMA: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso de
Enfermagem do Departamento de Ciências da
Vida da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ,
apresentado como requisito parcial para
aquisição do título de enfermeiro.
Orientadora: Joseila Sonego Gomes
IJUÍ – RS
2011
3
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ....................................................................................................5
1. MÉTODO ..........................................................................................................7
2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................8
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................14
REFERÊNCIAS ANALISADAS .......................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................16
4
FATORES
DE
RISCO
PARA
MELANOMA:
UMA
REVISÃO
INTEGRATIVA1
Laíse Cristine Sonda2
Joseila Sonego Gomes3
RESUMO
Introdução: o melanoma é um câncer que se origina nas células produtoras de pigmento da
pele (melanócitos), apresentando elevado perfil de letalidade. Objetivo: analisar os fatores de
risco para o câncer de pele do tipo melanoma e vislumbrar estratégias para a sua prevenção.
Método: revisão integrativa da literatura com busca de artigos nas bases de dados LILACS e
SCIELO, utilizando os descritores “melanoma” and “fatores de risco” and “português”
(idioma). Dos artigos encontrados, 5 foram selecionados para a análise final. Descrição e
análise dos resultados: os artigos abordaram a temática fatores de risco para desenvolvimento
de melanoma enfatizando tanto os ambientais como os genéticos, sendo que a educação em
saúde aparece com a alternativa para o controle dessa doença. Considerações Finais: pode-se
inferir que existem importantes fatores de risco para o melanoma, sendo alguns controláveis
como a exposição solar e outros que não se tem controle como a genética.
Descritores: Enfermagem. Melanoma. Fatores de Risco
ABSTRACT
Introduction: the melanoma is a cancer that if it originates in the producing pigment cells of
the skin (melanócitos), presenting raised lethality profile. Objective: to analyze the factors of
risk for the cancer of skin of the melanoma type and glimpse strategies for its prevention.
Method: integrativa revision of literature with article search in the databases LILACS and
SCIELO, using the describers “melanoma” and “factors of
risk” and “Portuguese”
(language). Of found articles, 5 had been selected for the final analysis. Description and
analysis of the results: the articles
addressed the issue of risk factors for melanoma
development emphasizing both environmental and genetic factors , being that the education in
1
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem do Departamento de Ciências da Vida da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI) apresentado em forma de artigo
2
Acadêmica do 9° semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIJUI
³ Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do Curso de Enfermagem da UNIJUI. Orientadora do Trabalho
de Conclusão de Curso
5
health appears with the alternative for the control of this illness. Considerações final: it can be
inferred that important factors of risk for the melanoma , being some controlable ones as the
solar exposition and others who do not have control as the genetics.
Describers: Nursing. Melanoma. Factors of Risk.
INTRODUÇÃO
O câncer pode desenvolver-se em qualquer tecido, no interior de qualquer órgão. À
medida que as células cancerosas crescem e se multiplicam, formam uma massa que invade os
tecidos adjacentes e pode disseminar (produzir metástases) em diversas partes do corpo
(AKISKAL et al, 2010).
As células cancerosas desenvolvem-se a partir de células normais em um processo
complexo denominado transformação, primeira etapa é a iniciação, na qual uma alteração do
material genético da célula a instrui para tornar-se cancerosa. A alteração do material genético
é ocasionada por um agente denominado carcinógeno (p.ex., substâncias químicas, vírus,
radiação ou luz solar). No entanto, nem todas as células são igualmente suscetíveis aos
carcinógenos (AKISKAL et al, 2010).
Uma alteração genética na célula ou outro agente, denominado promotor, pode tornála mais suscetível. Mesmo a irritação física crônica pode tornar as células mais propensas a se
tornarem cancerosas. Na etapa seguinte, a promoção, uma célula que iniciou sua alteração
torna-se cancerosa. A promoção não tem efeito sobre as células não iniciadas. Portanto, para
ocorrer o câncer, são necessários vários fatores, freqüentemente a combinação de uma célula
suscetível e um carcinógeno (AKISKAL et al, 2010).
No Brasil, as estimativas para o ano de 2012 serão válidas também para o ano de 2013
e apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer, incluindo os
casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país. Sem os
casos de câncer da pele não melanoma, estima-se um total de 385 mil casos novos. Os tipos
mais incidentes serão os cânceres de pele não melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto e
estômago para o sexo masculino; e os cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero,
cólon e reto e glândula tireóide para o sexo feminino (INCA, 2011).
6
São esperados um total de 257.870 casos novos para o sexo masculino e 260.640 para
o sexo feminino. Confirma-se a estimativa que o câncer da pele do tipo não melanoma (134
mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de
próstata (60 mil), mama feminina (53 mil), cólon e reto (30 mil), pulmão (27 mil), estômago
(20 mil) e colo do útero (18 mil) (INCA, 2011).
Os 5 tumores mais incidentes para o sexo masculino (Tabela 1) serão o câncer de pele
não melanoma (63 mil casos novos), próstata (60 mil), pulmão (17 mil), cólon e reto (14 mil)
e estômago (13 mil). Para o sexo feminino, destacam-se, entre os 5 mais incidentes, os
tumores de pele não melanoma (71 mil casos novos), mama (53 mil), colo do útero (18 mil),
cólon e reto (16 mil) e pulmão (10 mil) (INCA, 2011).
A distribuição dos casos novos de câncer segundo o tipo de tumor e segundo as cinco
regiões do país, para o sexo masculino, mostra-se heterogênea entre Estados e capitais do
país, o que fica em evidência ao se observar a representação espacial das diferentes taxas
brutas de incidência. As regiões Sul e Sudeste, de maneira geral, apresentam as maiores taxas,
enquanto as regiões Norte e Nordeste, as menores. As taxas da região Centro-Oeste
apresentam um padrão intermediário (INCA, 2011).
O carcinoma basocelular é o tipo mais freqüente, representando 70% dos casos. É
mais comum após os 40 anos, em pessoas de pele clara. Seu surgimento está diretamente
ligado à exposição solar acumulada durante a vida. Apesar de não causar metástase, pode
destruir os tecidos à sua volta, atingindo até cartilagens e ossos (Sociedade Brasileira de
Dermatologia, 2011).
O carcinoma espinocelular é segundo tipo mais comum de câncer da pele e pode se
disseminar por meio de gânglios e provocar metástase. Entre suas causas, está a exposição
prolongada ao sol, principalmente sem a proteção adequada, tabagismo, exposição a
substâncias químicas com arsênio e alcatrão e alterações na imunidade (Sociedade Brasileira
de Dermatologia, 2011).
Quanto ao melanoma, outro tipo de câncer de pele, sua letalidade é elevada; porém sua
incidência é baixa (2.960 casos novos em homens e 2.970 casos novos em mulheres). As
maiores taxas estimadas em homens e mulheres encontram-se na Região Sul (INCA, 2009).
O prognóstico do melanoma pode ser considerado bom se detectado nos estádios
iniciais. Nos últimos anos, houve uma grande melhora na sobrevida dos pacientes com esse
7
tipo de câncer, principalmente devido à detecção precoce do mesmo. Nos países
desenvolvidos, a sobrevida média estimada em cinco anos é de 73%, enquanto que, para os
países em desenvolvimento, a sobrevida média é de 56%. A média mundial estimada é de
69% (INCA, 2009).
O melanoma é um câncer que se origina nas células produtoras de pigmento da pele
(melanócitos). O melanoma pode iniciar como um pequeno tumor cutâneo pigmentado sobre
a pele normal, mais freqüentemente em áreas expostas ao sol, mas quase metade dos casos
ocorre a partir de nevos pigmentados pré-existentes. Ao contrário de outras formas de câncer
de pele, o melanoma dissemina-se (produz metástases) rapidamente para partes distantes do
corpo, onde continua a crescer e destruir tecidos. Quanto menos o melanoma crescer na pele,
maior a possibilidade de cura (AKISKAL et al, 2010).
A partir das considerações realizadas entende-se que o melanoma é a forma mais grave
de câncer de pele e a principal causa de mortalidade por esse tipo de câncer, tento maior
incidência na região sul do país, e que os fatores de risco para sua ocorrência podem ser
atribuídos também aos tipos de cânceres não melanoma. Dessa forma, buscou- se responder a
seguinte questão de pesquisa: quais fatores de risco para o desenvolvimento de melanoma? E
para tanto se estabeleceu como objetivo analisar os fatores de risco para o câncer de pele tipo
melanoma e vislumbrar estratégias para sua prevenção.
1. MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a qual segundo Mendes, Silveira e
Galvão (2008) inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de
decisão e a melhoria da prática clínica, também possibilitam a síntese do estado do
conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que
precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Este método de pesquisa permite
a súmula de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma
particular área de estudo. É um método valioso para a enfermagem, pois muitas vezes os
profissionais não têm tempo para realizar a leitura de todo o conhecimento científico
disponível devido ao volume alto, além da dificuldade para realizar a análise crítica dos
mesmos.
Para tanto, foi realizada busca bibliográfica na base de dados Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library
Online (SCIELO), utilizando os descritores “melanoma” and “fatores de risco” and
8
“português” (idioma), artigos publicados entre os anos de 1999 à 2011, a qual resultou um
total de dezessete documentos (dez no LILACS e 7 no SCIELO). Desses, dez foram excluídos
por não estarem dentro do período de tempo estipulado nesse estudo (1999-2011); o ano de
1999 foi utilizado como início por ser o ano da Primeira Campanha Nacional de Prevenção de
Câncer de Pele e ano em que foi lançado o primeiro Programa Nacional de Controle ao
Câncer de Pele, criado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em parceria com o
Instituto Nacional de Câncer (Inca). E 2 foram excluídos porque não possuíam temática
relevante para esse estudo.
A partir da leitura prévia dos títulos e resumos, foram selecionados 5 artigos da área da
saúde, os quais contemplaram texto completo disponível em suporte eletrônico. Quando o
texto completo não esteve disponível diretamente na base de dados LILACS e SCIELO, foi
desenvolvida a busca no portal do periódico em que o artigo foi publicado (homepage da
revista), no portal CAPES na seção periódicos, ou por meio do buscador Google acadêmico.
Para a caracterização das produções científicas, utilizou-se uma ficha constituída das
variáveis: ano de publicação; tipo de estudo; objetivo; abordagem metodológica (quantitativa
e qualitativa); método; cenário; sujeitos; resultados.
Para fins de caracterização dos artigos selecionados para a análise final, esses serão
apresentados com a letra A (artigo), logo após o autor e ano de publicação, seguida do número
conforme o artigo aparece na análise, por exemplo, A1, A2, A3, A4 e A5.
A análise dos dados deu-se a partir da análise de conteúdo do tipo temática, que conta
com três etapas: pré-análise; exploração do material e interpretação dos resultados
(MINAYO, 2010).
2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os artigos analisados tiveram sua publicação entre os anos de 2004 e 2011 (2 em 2004; 1
em 2010 e 2 em 2011). Foram escritos: A1 (Acadêmica de medicina, Professora de Educação
Física e Doutor em Saúde Pública); A2 (Acadêmicos de Medicina, Professor de
Dermatologia, Professor de Genética Médica e Professora de Genética e Biologia Molecular);
A3 (Médico e Médica formados e Mestre); A4 (Médica formada e Professora de
Dermatologia) ; A5 (Médico residente em Dermatologia, Doutor em Dermatologia e
Professor, Médico Dermatologista, Médico Patologista, Doutora e Médica Oncologista).
As pesquisas tiveram com abordagem tanto a qualitativa (2) quanto à quantitativa (2),
sendo que um artigo utilizou a abordagem quali-quantitativa. Quanto aos objetivos das
9
pesquisas analisadas, destaca-se a identificação de hábitos relacionados à fotoexposição e
fotoproteção (de professores, universitários e jovens), como também o conhecimento de
populações em relação aos fatores de risco para o câncer de pele. Também foi objetivo dos
artigos caracterizarem pacientes com melanoma quanto à prevalência de fatores sugestivos de
suscetibilidade hereditária a doença e descrever características histopatológicas do melanoma
cutâneo.
Após leitura exaustiva dos artigos selecionados emergiu uma categoria de análise.
FATORES AMBIENTAIS E GENÉTICOS CONTRIBUINDO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE MELANOMA
Oliveira, Glauss e Palma (2011 – A1) descreve que a maior parte dos raios Ultra
Violeta (UV) que alcança a superfície da terra é o UVA (Ultra Violeta A). Porém, em
decorrência da destruição contínua da camada de ozônio, os raios UVB (Ultra Violeta B) têm
elevado sua incidência sobre a terra. Esses raios estão intrinsecamente associados à ocorrência
do câncer de pele. Os autores acrescentam que até o presente momento, acredita-se que os
raios UVC (Ultra Violeta C), que são mais potencialmente cancerígenos dos que os UVB,
sejam bloqueados pela camada de ozônio, embora se possa admitir que esteja ocorrendo um
aumento de sua incidência.
A pele, por sua vez, protege o resto do corpo contra a ação dos raios solares, uma fonte
de radiação ultravioleta que pode lesar as células. A exposição excessiva, ainda que de curta
duração, produz queimaduras solares. Com a exposição prolongada à luz solar, a camada
superior da pele (epiderme) torna-se mais espessa e as células cutâneas produtoras de
pigmento (melanócitos) aumentam a produção do mesmo (melanina), o qual provê à pele a
sua cor. A melanina, uma substância protetora natural, absorve a energia dos raios ultravioleta
e impede que eles penetrem mais profundamente nos tecidos. A sensibilidade à luz solar varia
de acordo com a raça, a exposição prévia e a cor da pele, mas todo mundo é vulnerável em
certo grau. Como os indivíduos de pele escura possuem mais melanina, eles possuem uma
maior resistência aos efeitos nocivos do sol, como queimaduras, envelhecimento prematuro da
pele e câncer de pele (AKISKAL et al, 2010).
A intensidade da radiação solar varia em função de fatores como a localização
geográfica (latitude), hora do dia, estação do ano e condição climática, entre outros. O Índice
Ultravioleta (IUV) é uma medida dessa intensidade e é apresentado para uma condição de céu
10
claro na ausência de nuvens, representando máxima intensidade de radiação. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) classifica esse índice em cinco categorias, de acordo com a
intensidade (INCA, 2008).
Como é de conhecimento geral, a camada de ozônio que protege seres humanos,
plantas e animais contra a ação dos raios ultravioletas está sendo destruída por substâncias
químicas, o que é chamado de aquecimento global, tal problema ambiental, contribui e muito
para o risco de melanoma, pois sem a camada de ozônio a população está mais suscetíveis ao
câncer de pele.
Os raios UVA independem da camada de ozônio e podem provocar casos de câncer de
pele em indivíduos que se expõem a eles regularmente, por espaço de tempo prolongado, em
horários de elevada incidência e ao longo de vários anos (OLIVEIRA; GLAUSS; PALMA,
2011 – A1).
Carvalho et al (2004 – A2), por sua vez, destaca que ao longo de muitos anos, diversos
estudos epidemiológicos têm apontado a exposição solar, particularmente durante a infância,
como a principal causa ambiental de melanoma. Estima-se que até 65% dos casos de
melanoma possam estar relacionados à exposição solar. Assim, corroborando com a
afirmação de Oliveira, Glauss e Palma (2011 – A1).
Bonfá et al (2011 – A5) destaca que no Brasil, a população do Rio Grande do Sul, em
particular, tem maior propensão ao desenvolvimento do melanoma cutâneo, devido à maior
proporção de indivíduos de pele clara em relação a outros Estados, além da alta concentração
de UVA ambiental decorrente da localização geográfica e de hábitos culturais, como a
exposição solar nas praias durante o verão.
Embora as pessoas de pele mais clara estejam mais propensas aos danos do sol, por se
queimarem mais facilmente, as pessoas de pele escura também podem ser afetadas, sendo
que, nesse grupo, freqüentemente o câncer de pele é detectado em estágios mais avançados.
As queimaduras de Sol aumentam o risco de câncer de pele, principalmente melanoma. Mas a
exposição aos raios UV pode elevar o risco de câncer de pele, mesmo sem causar
queimaduras (INCA, 2008).
Segundo Azevedo e Mendonça (1992) o trabalho rural, como também os hábitos de
lazer e de atividades esportivas ao ar livre favorecem enormemente a exposição solar no
Brasil. Por outro lado, a grande miscigenação de etnias no país dilui, em parte, o risco de ter
11
pele clara, originária da raça branca. No entanto, há no país populações de maior risco para o
câncer de pele, em geral, representadas por descendentes de europeus.
Nas regiões sudeste e sul, onde é mais intensa a concentração de imigrantes da Europa
Central, existem comunidades que, por razões geográficas, sociais e culturais sofreram pouca
ou quase nenhuma miscigenação racial. Conseqüentemente, estas comunidades expressam
risco importante, por suas características raciais, para o desenvolvimento de câncer de pele
(AZEVEDO E MENDONÇA, 1992). Os autores, já falavam da exposição solar como fator de
risco para o melanoma em 1992 e hoje temos estudos mais avançados e outros autores que
reafirmam que a exposição solar é um dos principais fatores de risco para o melanoma.
Uma informação importante sobre a exposição ao sol e o melanoma é que a exposição
cumulativa e excessiva nos primeiros 10 a 20 anos de vida aumenta muito o risco de
desenvolvimento de câncer de pele, mostrando ser a infância uma fase particularmente
vulnerável aos efeitos nocivos do Sol (INCA, 2008).
Também os fatores genéticos são apontados pelos autores como decisivos para o
aparecimento do melanoma, nessa perspectiva, Castilho, Sousa e Leite (2010 – A3) enfatizam
que entre os fatores de risco que contribuem para gênese das lesões de pele, os fatores
genéticos e a história familiar de câncer da pele já estão bem definidos, tanto quanto a
radiação ultravioleta (UV). Ressaltam que no caso do melanoma, a história pessoal ou
familiar dessa neoplasia representa o maior fator de risco.
Castilho, Sousa e Leite, (2010 – A3) contribuem afirmando que as neoplasias da pele,
em particular, o melanoma, podem ser consideradas enfermidades poligênicas multifatoriais.
Estima-se que 14% dos pacientes que recebem o diagnóstico de melanoma apresentem
história familiar positiva para essa neoplasia.
O INPE/DGE (2009) descreve que as radiações UV alteram o DNA, código genético,
causando mutações nos seres vivos e que cada organismo tem sistemas para corrigir o defeito,
mas quando o organismo não consegue consertar o defeito e a célula não morre, pode ser o
início de um câncer. Essa afirmação confirma a relação entre os fatores ambientais (radiações
solares) e alterações genéticas, enfatizadas pelos autores, para o surgimento do melanoma.
Também nessa perspectiva, segundo o Inca (2008) fatores de risco para câncer de pele
melanoma e não-melanoma envolvem tanto as características individuais quanto fatores
ambientais, incluindo o tipo de pele e fenótipo, propensão a queimaduras e inabilidade para
12
bronzear, história familiar de câncer de pele, nível de exposição intermitente e cumulativa ao
longo da vida (INCA, 2008).
Nessa perspectiva, Carvalho et al, (2004 – A2) comenta que para que ocorra o
melanoma são conhecidos diversos fatores de risco, que se relacionam basicamente com
características cutâneas e pigmentares, como presença de numerosos nevos, nevos atípicos,
sardas, cabelos ruivos, incapacidade de bronzeamento e propensão a queimaduras.
Análises genéticas formais realizadas na década de 1980 identificaram um padrão de
herança autossômico dominante em algumas famílias com múltiplos casos de melanoma.
Atualmente, acredita-se que a maioria dos casos dessa neoplasia resulte da interação de
fatores de risco genéticos e ambientais, constituindo um modelo de doença multifatorial. Um
exemplo dessa interação é demonstrado pela influência da variação geográfica na penetrância
de mutações no gene CDKN2A, ou seja, a penetrância aumenta de acordo com o grau de
exposição solar a que a população é submetida, inferido pela latitude (CARVALHO et al,
2004 – A2).
Carvalho et al (2004 – A2) constataram que em indivíduos com alto risco para
melanoma hereditário a média de idade ao diagnóstico antecipa-se para 36 anos em homens e
29 anos em mulheres. Além da idade mais precoce ao diagnóstico, os pacientes com
melanoma familiar têm maior incidência de múltiplos melanomas primários. Nesse contexto,
os autores pontuam que a identificação de indivíduos geneticamente predispostos ao
melanoma pode ser importante para direcionar intervenções de vigilância, diagnóstico precoce
e tratamento nesse grupo de pacientes de alto risco, na expectativa de diminuir
significativamente a morbimortalidade da doença.
Sobre os fatores de risco, INCA (2009) conclui que a maioria dos cânceres de pele
ocorre devido à exposição excessiva ao sol. A Sociedade Americana de Câncer estimou que,
em 2007, mais de um milhão de casos de basocelulares e células escamosas, e cerca de 60 mil
casos de melanoma, estariam associados à radiação ultravioleta (UV). Em geral, para o
melanoma, um maior risco inclui história pessoal ou familiar desse tipo de câncer. Outros
fatores de risco para todos os tipos de câncer de pele incluem: sensibilidade da pele ao sol,
história de exposição solar excessiva, doenças imunossupressoras e exposição ocupacional.
Além disso, os pacientes imunocomprometidos (como os transplantados renais) têm um maior
risco para o desenvolvimento do câncer de pele não melanoma.
A prevenção do câncer de pele, inclusive o melanoma, inclui ações de prevenção
primária, por meio de proteção contra luz solar, que são efetivas e de baixo custo. O autoexame também contribui para o diagnóstico precoce. Na presença de manchas/sinais novos ou
13
mudança em alguns, o indivíduo deve procurar o profissional de saúde. A educação em saúde,
tanto para profissionais quanto para a população em geral, no sentido de alertar para a
possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele e de possibilitar o reconhecimento de
alterações precoces sugestivas de malignidade, é outra estratégia internacionalmente aceita
(INCA, 2009).
Para Bonfá et al (2011 – A5) a melhoria dos prognósticos do melanoma aconteceu
possivelmente pelas campanhas de prevenção institucionais e de divulgações jornalísticas,
além da melhoria do acesso ao sistema público de saúde. No Brasil, desde 1999, a Sociedade
Brasileira de Dermatologia realiza anualmente uma Campanha Contra o Câncer de Pele, com
caráter nacional, que visa à prevenção secundária, orientação terapêutica à população, assim
como educação da população para o reconhecimento de lesões suspeitas, determinando a
busca precoce pelo dermatologista.
Os indivíduos albinos, por sua vez, não possuem melanina na pele, não bronzeiam e
queimam-se gravemente mesmo com uma breve exposição ao sol. A não ser que os albinos se
protejam do sol, eles desenvolvem câncer de pele prematuramente. Os indivíduos com vitiligo
apresentam áreas da pele que não produzem melanina e, por essa razão, podem apresentar
queimaduras solares graves (AKISKAL et al, 2010). Destaca-se a importância de que esses
indivíduos sejam priorizados em campanhas contra o câncer de pele, ou seja, essa população,
por ser mais atingida, precisa ser cuidada de forma mais intensa e perene.
A utilização de fotoprotetores como forma efetiva de proteção tem sido amplamente
discutida na literatura, sendo recomendada para prevenção de todas as neoplasias da pele,
incluindo o melanoma, afirmam Castilho, Sousa e Leite (2010 – A3). Dessa forma, conclui-se
que o comportamento das pessoas ao se exporem ao sol é fundamental na prevenção do
câncer de pele (INCA, 2008).
Costa e Weber (2004 – A4), por sua vez, contribuem com a discussão na medida que
informam que a prevenção do câncer de pele, no adolescente e no adulto jovem, é importante
por ser nessa faixa etária que os indivíduos permanecem grande parte do tempo ao ar livre.
Grandes esforços estão sendo empreendidos para melhorar o comportamento das crianças em
relação à exposição solar, mas poucos programas de prevenção do câncer de pele são
dirigidos aos adolescentes. Também é importante trazer a idéia de que a influência da moda e
da indústria de cosméticos pode influenciar a percepção dos jovens a respeito dos riscos da
14
exposição solar desprotegida e excessiva. É importante educar os jovens, e isso deveria
começar pelo modelo parental de proteção solar desde a infância (Costa e Weber, 2004 – A4).
Apesar de as campanhas de prevenção dar ênfase aos riscos da exposição solar, os
dados da literatura demonstram que 50% dos adolescentes bronzeiam-se intencionalmente e,
quando ao sol, poucos aplicam o filtro solar ou usam chapéu e camisa, ficando assim expostos
excessivamente à radiação durante o verão (Costa e Weber, 2004 – A4).
Educação em saúde é a base para que haja uma melhor conscientização da população
sobre a prevenção de doenças. Todos têm direito a receber informação sobre saúde e doença.
Para que se institua a educação em saúde como medida eficaz de intervenção no processo de
saúde doença e para estabelecimento de uma prática educativa satisfatória, é imprescindível o
conhecimento acerca da realidade dos indivíduos com as quais se deseja realizar uma ação
educativa bem como suas potencialidades e suscetibilidades avaliadas em um âmbito
holístico. Nesse contexto podemos observar que as populações mais vulneráveis ao
desenvolvimento do melanoma são crianças e adolescentes, em razão dos efeitos cumulativos
do sol; a população albina também é suscetível ao câncer de pele devido aos fatores genéticos
associado à exposição solar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados do presente estudo são importantes para identificar e analisar os fatores
de risco para o câncer de pele do tipo melanoma e determinar estratégias para a sua
prevenção. Assim com essas estratégias podendo atingir as populações mais vulneráveis para
o desenvolvimento do melanoma.
O estudo mostra o fator genético como o fator ambiental tem grande influência para o
desenvolvimento do melanoma. Conclui-se que a exposição solar é o fator ambiental mais
citado, sendo a genética citada também como causadora do melanoma associada à exposição
solar cumulativa que provoca mutações genéticas.
A exposição solar sem proteção, desde a infância até a idade adulta, pode ser um dos
causadores do melanoma, já que, como mostrado pelos estudos, a fotoexposição tem efeito
cumulativo nas células. Dessa forma, as crianças e adolescentes precisam ser incluídos nas
15
campanhas de prevenção de forma mais intensa, já que essa parcela da população pode ser
considerada como prioritárias nas questões relacionadas ao câncer de pele.
Ressaltam os autores analisados que no caso do melanoma, a história pessoal ou
familiar dessa neoplasia representa o maior fator de risco, ou seja, quem tem historia familiar
de melanoma, tem maior propensão ao desenvolvimento deste tipo de câncer. Também,
pessoas com certas características físicas, como pele e olhos claros também estão mais
sujeitos a desenvolver o melanoma.
A prevenção é a alternativa utilizada para o diagnóstico precoce do melanoma. As
campanhas de prevenção vêm sendo utilizadas para divulgar o uso de fotoprotetores, tanto
físicos (chapéus, bonés) como químicos (protetores e bloqueadores solares). Mas nem sempre
essas campanhas atingem a totalidade de público, pois os jovens ainda são resistentes a aceitar
que se deve prevenir hoje para não tratar amanhã.
Os profissionais da área da saúde devem fazer educação em saúde e podem ajudar na
propagação da informação sobre o melanoma e advertir sobre sua letalidade e incidência,
ajudando assim na prevenção e promoção da saúde da população, lembrando das crianças e
adolescentes, que precisam ser focos de discussão, levantando estratégias de conscientização
para a prevenção do melanoma.
REFERÊNCIAS ANALISADAS
A1. OLIVEIRA, L.M.C, GLAUS N, PALMA A., Hábitos relacionados à exposição solar
dos professores de Educação Física que trabalham com atividades aquáticas, An Bras
Dermatol., Rio de Janeiro , 2011.
A2. CARVALHO et al, Melanoma hereditário: prevalência de fatores de risco em um
grupo de pacientes no Sul do Brasil, An Bras Dermatol., Rio de Janeiro 2004.
A3. CASTILHO IG, SOUSA MAA, LEITE RMS. Fotoexposição e fatores de risco para
câncer da pele: uma avaliação de hábitos e conhecimentos entre estudantes
universitários. An Bras Dermatol., Rio de Janeiro; 85(2):173-8, 2010.
A4. COSTA FB, WEBER MB. Avaliação dos hábitos de exposição ao sol e de
fotoproteção dos universitários da Região Metropolitana de Porto Alegre, An bras
Dermatol, Rio de Janeiro, 79(2):149-155, mar./abr. 2004.
16
A5. BONFÁ et al. A precocidade diagnóstica do melanoma cutâneo: uma observação no
sul do Brasil, An Bras Dermatol, Rio de Janeiro; 86(2):215-212011.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
AKISKAL et al., Merch - Saúde para a Família, Seção 18 – Doenças da Pele,
Capítulo 208 e Capitulo 205, Seção 15-Câncer, Rio de Janeiro, MSD, 2010. Disponível em
<http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_00/sumario.html#bloco16>. Acesso em: 15 out.2011
2.
AZEVEDO G, MENDONÇA S., Risco crescente de melanoma de pele no Brasil.
Revista Saúde Pública, São Paulo 26 (4): 290 – 4, 1992.
3.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA/
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