Adolescentes em conflito com a lei assistem a ensaio aberto

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Adolescentes em conflito com a lei assistem
a ensaio aberto de peça de teatro
29 de Junho de 2015 , 18:03
Atualizado em 29 de Junho de 2015 , 18:16
Quinze adolescentes do Centro de Internação Sanção (CIS), de Belo Horizonte, pertencente ao
Sistema Socioeducativo da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), assistiram nesta
segunda-feira, 29.06, ao primeiro ensaio aberto da peça Hamlet e Eu, um monólogo que mistura
comédia e drama e é encenado pelo ator Humberto Câmara.
A iniciativa faz parte do projeto EnCena criado por Andreza Caetano, professora de Literatura Andreza
Caetano, da Escola Estadual Jovem Protagonista, que funciona no CIS. O objetivo é levar aos jovens
mais informações sobre o teatro, incentivar a leitura, o espírito crítico e a apropriação de um
vocabulário mais rico, além de poder trabalhar valores e resgatar a autoestima dos adolescentes.
A ideia de levar o espetáculo para dentro da unidade partiu de Andreza, que também é produtora da
peça. “Quando eu assisti à apresentação pela primeira vez, falei para o Humberto que todos
precisavam vê-la, por ela ser tão critica e política. Ai como eu já estava trabalhando esse gênero com
os meninos, pensei então que seria ótimo encaixar isso dentro do projeto e ainda mais trazer para a
unidade assim de uma forma inédita” afirma Andreza.
Para muitos meninos, a apresentação foi uma novidade. Alguns nunca tinham ido a um teatro, como
o adolescente F.S. “Gostei muito da peça, principalmente desta questão que o ator tentou mostrar, o
de ser ou não ser, já tínhamos lido o livro na sala com a professora, o que nos fez compreender mais
sobre Hamlet e essa questão da existência”, diz.
A peça foi escrita e criada por Humberto Câmara, e traz ao público o célebre questionamento do
personagem Hamlet aplicado nos dias atuais. A história do espetáculo se passa num ensaio para a
peça de Shakespeare, em que o intérprete questiona a existência do ser humano. Ele traça um
paralelo com a atualidade, abordando questões como a sociedade brasileira, a condição da mulher, a
corrupção politica, a violência e entre outros temas do presente.
Essa não foi a primeira experiência do ator numa unidade socioeducativa. Humberto deu aulas de
teatro em uma instituição do mesmo tipo no Rio de Janeiro. Segundo ele, o mais importante da
apresentação para os meninos é levar a eles essa reflexão dos problemas atuais. “Hamlet busca esse
questionamento de entender a vida e seu propósito. Além disso, tentei trazer para eles essa questão
do social, do comportamento, de conscientizá-los de que vivem num todo, em uma sociedade
complexa”, observa o ator.
Além de levar a peça para a unidade, o projeto também trouxe para os adolescentes do CIS um
conhecimento mais amplo do gênero teatral. De acordo com Andreza, a ação deve se estender até o
fim do ano, tendo como próximo o passo a encenação pelos próprios adolescentes de uma tragédia
grega.
Por Fernanda de Paula
Crédito fotos: Omar Freire
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